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MODELOS MATEMÁTICOS DE APRENDIZAGEM COM EMBALAGENS NAS

ESCOLAS RIBEIRINHAS DE BELÉM DO PARÁ

Jorge Ney Pinheiro Dias


Universidade Federal do Pará – Belém/PA
jneyds@gmail.com

Cirene Ferreira de Moura Neta


Universidade Federal do Pará – Belém/PA
mouracissa46@gmail.com

Osvaldo dos Santos Barros


Universidade Federal do Pará – Cametá/PA
o.barros@yahoo.com.br

Resumo
Apresentamos nesse texto, um relato de experiência de atividades de ensino-aprendizagem
realizadas com alunos das escolas ribeirinhas de Belém do Pará, a partir do Projeto
Alfabetização Matemática na Amazônia Ribeirinha: condições e proposições/AMAR. Para
realizar as atividades propostas, utilizamos embalagens de produtos que fazem parte do
dia-a-dia dos alunos com o objetivo de compreender e representar as formas geométricas e
operações aritméticas a partir de princípios da modelagem na educação matemática como
tendências de ensino e aprendizagem, o uso de materiais manipuláveis no ensino, além de
promover discussões sobre as questões ambientais e reciclagem de materiais. Utilizamos
como materiais manipuláveis de apoio didático, além das embalagens, tampinhas de
refrigerantes e o material dourado, para discutir conceitos e desenvolver exercícios dos
conceitos de: proporção, operações aritméticas e formas geométricas planas e espaciais.

Palavras chave: Educação Ribeirinha; Modelagem matemática no ensino; Ensino de


Geometria; Ensino de Aritmética.

1 - Introdução
As dinâmicas de ensino-aprendizagem na escolarização do Ensino Fundamental
ainda apresentam-se centradas em ações tradicionais que revelam as dificuldades
enfrentadas pelos profissionais da educação quando tentam propor novos métodos de
trabalho com que venham viabilizar um aprendizado significativo aos alunos, superando a
educação bancária na qual o professor apresenta aos alunos uma única via de
conhecimento, sem lhes dar a oportunidades de descobertas e construções de conceitos
(FREIRE, 1989). A superação das dificuldades de formação de novos profissionais da
educação passa pela renovação dos processos formativos, visto que ainda é muito comum
ao cotidiano de sala de aula, a prática de um professor mal preparado que não consegue
fazer com que seus alunos acompanhem os conteúdos ou realizem exercícios e avalições,
efetivando o processo de aprendizagem escolar.
As dificuldades de ensino e aprendizagem não fazem parte de um momento ou
fenômeno específico que surgem no fundamental maior (6º ao 9º anos), mas sim, como
resultado de eventos anteriores nos quais o aluno encontra dificuldades de compreensão
dos conceitos fundamentais o que gerou um acúmulo de insucessos por metas não
alcançadas no decorrer dos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º anos) e o
professor de matemática, que passou por um processo falho de formação pedagógica, não
teve e/ou não buscou melhores alternativas de formação à sua prática docente, tornando-se
um jovem profissional de práticas ultrapassadas. A esse respeito D’Ambrosio (1996)
afirma que o problema mais grave que a educação matemática enfrenta “é a maneira
deficiente como se forma o professor”.
Evidenciamos em nosso trabalho a modelagem no ensino da matemática e para
isso trazemos visão de Machado Jr. (2005) que afirma a Modelagem Matemática ser
bastante adequada à introdução de conceitos, pois pode ser um dos caminhos “que levam
os alunos a despertar maior interesse, ampliar o conhecimento e auxiliar na estruturação de
sua maneira de pensar e agir” (BASSANEZI, 2002), além de redefinir o “papel do
professor no momento em que perde o caráter de detentor e transmissor de saber para ser
entendido como aquele que está na condução das atividades, numa posição de partícipe”
(BARBOSA, 1999, p.7).
Neste contexto ao nos depararmos com tal situação na qual o professor, além de
ter que dominar o conteúdo disciplinar, necessita observar se o aluno consegue
acompanhá-lo na sua didática e tem sucesso na realização de atividades, desenvolvendo
sua autonomia como permanente aprendente. Tal situação nos motivou a optar por uma
intervenção em nossa própria formação enquanto estudantes do curso de Licenciatura
Plena em Matemática pela Universidade Federal do Pará/ UFPA, com vinculo no Instituto
de Ciências Exatas Naturais- ICEN. Compreendemos que o processo de formação
profissional pelo qual passamos, não nos capacita suficientemente para desenvolvermos
um ensino de qualidade. Assim, buscamos novos caminhos metodológicos e
epistemológicos necessários ao nosso desenvolvimento profissional, além de exercitarmos
situações de aprendizagem nas quais possamos contribuir com a melhoria da qualidade de
aprendizagem e ampliação dos conhecimentos dos alunos.
Um dos caminhos que pretendemos traçar é o da pesquisa das práticas de ensino-
aprendizagem e sobre a pesquisa na formação e prática docente, André afirma que:
[...] a pesquisa é um elementos essencial na formação profissional do professor.
Existe também uma ideia, que vem sendo definida nos últimos anos, de que a
pesquisa deve ser parte integrante do trabalho do professor, ou seja, que o
professor deve desenvolver projetos de pesquisa-ação nas escolas ou salas de
aula. (ANDRÉ, 2004, P.35)

Atualmente participamos do Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação


Matemática e Cultura Amazônica- GEMAZ que através do Programa de Pós Graduação
em Educação em Ciências e Matemáticas reuni estudantes: de graduação, de pós-
graduação, além de professores da educação básica, que participam do Projeto
Alfabetização Matemática da Amazônia Ribeirinha: condições e proposições- AMAR. O
grupo GEMAZ, sediado no Instituto de Educação Matemática e Cientifica- IEMCI/UFPA
desenvolve propostas com base na Educação Matemática, contextualizadas à educação
ribeirinha, nosso público docente no projeto AMAR.
O projeto atua visando às séries iniciais das ilhas insulares de Belém- PA, este
possui um curso de especialização no ensino de matemática voltado aos anos iniciais das
escolas ribeirinhas. O curso acontece na UFPA- IEMCI duas vezes ao mês onde os
professores das ilhas ausentam-se de suas respectivas salas de aula para vir até o IEMCI
onde os estudantes de mestrado e doutorado lhes favorecem com um curso de
especialização. Nesse mesmo período os estagiários, voluntários e bolsistas do projeto
AMAR, assumem a regência das turmas dos professores em formação, nas quais
desenvolvemos ações de ensino e pesquisa, dentre essas ações os conhecimentos e
materiais trabalhados são de diversas modalidades, correspondestes às tendências ao
ensino da matemática: ETNOMATEMÁTICA, MODELAGEM NA EDUCAÇÃO
MATEMÁTICA, HISTÓRIA DA MATEMÁTICA e JOGOS DIDÁTICOS.
Os estagiários, antes de assumir turmas de séries iniciais no Projeto AMAR, são
previamente preparados por meio de minicursos e orientações oferecidas pelos professores
e pós-graduandos do grupo em reuniões quinzenais.
Durante uma dessas substituições desenvolvemos uma ação que será apresentada
neste artigo, como atividade baseada na tendência de modelagem na educação matemática.
Trata-se de reaproveitar embalagens de produtos industriais presentes no cotidiano dos
alunos, que seriam descartados e muitas vezes de forma inadequada. As embalagens foram
utilizadas para representar um modelo matemático a partir da identificação e diferenciação
das suas propriedades matemáticas, além de promover orientações aos alunos sobre
conscientização ambiental e destinação correta ao lixo industrial nas ilhas de Belém.
Desenvolvemos essa proposta de ensino-aprendizagem, primeiramente na
Unidade Pedagógica Nossa Senhora dos Navegantes, na comunidade da Várzea, com
alunos das séries iniciais Ciclo II 2º ano, pois apesar de serem ribeirinhos, as embalagens
encontram-se no cotidiano desses alunos, não somente ao comprarem ou mesmo
utilizarem, mas também como uma problemática ambiental, uma vez que às margens dos
rios e igarapés onde encontram-se suas casas, muitas vezes são tomadas por garrafas,
sacolas plásticas, latas e outros produtos trazidos pela maré e que não fazem parte do
contraste social de sua comunidade.

2 - Metodologia
Utilizamos como proposta metodológica a utilização de materiais concretos em
sala de aula, o que torna a aula mais dinâmica, fugindo do regime tradicional da educação
bancária (FEIRE, 1989), viabilizando a aquisição do conhecimento para além dos
conteúdos da matemática escolar e tornando mais fácil a construção significativa de
conceitos e deixando o aluno à vontade para utilizar sua autonomia de pensamento, pois
muitas vezes se tratam de atividades que já realizam em seu dia-a-dia.
O uso materiais didáticos no ensino da matemática escolar é sempre um desafio
visto que sua utilização deve produzir efeitos significativos à aprendizagem e não somente
uma alegoria didática. Sobre os cuidados quanto ao uso de materiais alternativos,
Fiorentini e Miorim (1990) comenta que “O professor não pode subjugar sua metodologia
de ensino a algum tipo de material porque ele é atraente ou lúdico. Nenhum material é
válido por si só. Os materiais e seu emprego sempre devem estar em segundo plano. A
simples introdução de jogos ou atividades no ensino da matemática não garante uma
melhor aprendizagem dessa disciplina1”.
Assim, nossa proposta metodológica centra foco não só no uso de materiais
concretos e/ou alternativos, mas também, no exercício do discurso e prática docente que
contribuam para que os alunos e a comunidade compreendam que o mesmo material
despejado como lixo nos rios e igarapés e que causam danos ambientais podem ser
reaproveitados como objeto de estudo e materiais didáticos ao ensino da matemática e
outros conhecimentos escolares, em aulas dinâmicas e criativas a partir de construções
artesanais como alternativas de aprendizagem e geração de renda.
Sobre as relações entre o ensino da Matemática e Meio Ambiente, os PCN’s
indicam que:
A compreensão das questões ambientais pressupõem um trabalho interdisciplinar
em que a matemática está inserida. A quantificação de aspectos envolvidos em
problemas ambientais favorece uma visão mais clara deles, ajudando na tomada
de decisões e permitindo intervenções necessárias (reciclagem e
reaproveitamento de materiais, por exemplo). (BRASIL, 1997. vl.7, p. 33).

Para desenvolvermos nossa proposta, incentivamos os alunos a saírem de suas


cadeiras, fazendo-lhe levantar, caminhar e observar o espaço escolar, para iniciarem as
compreensões dos conceitos de espaço e formas geométricas que pouco são trabalhados
como experimentações neste nível de ensino, apesar de constarem como conhecimentos
necessários nas séries iniciais do Ensino Fundamental, segundo os PCN’s(1997).

O trabalho com Espaço e Forma centra-se, ainda, na realização de atividades


exploratórias do espaço. Assim, deslocando-se no espaço, observando o
deslocamento de outras pessoas, antecipando seus próprios deslocamentos,
observando e manipulando formas, os alunos percebem as relações dos objetos
no espaço e utilizam o vocabulário correspondente (em cima, embaixo, ao lado,
atrás, entre, esquerda, direita, no mesmo sentido, em direção contrária). Quanto
às formas, o professor estimula a observação de características das figuras
tridimensionais e bidimensionais, o que lhes permite identificar propriedades e,
desse modo, estabelecer algumas classificações. (BRASIL. Parâmetros
Curriculares Nacionais. 1997. p.57-58).

1Uma reflexão sobre o uso de materiais concretos e jogos no ensino da Matemática - Texto extraído do
Boletim da SBEM-SP, n. 7, de julho-agosto de 1990.
No uso das embalagens, além de trabalharmos conceitos geométricos, utilizamos
o material dourado2 para apresentar conjuntos numéricos e suas propriedades e assim
realizar operações aritméticas como aquelas realizadas em situação do cotidiano dos
alunos. Nessa proposta, optamos por tentar desenvolver uma atividade que leve o aluno às
construções geométricas, a partir das estruturas das embalagens desenvolvendo não
somente sua coordenação motora, mas, além disso, sua capacidade cognitiva e o seu grau
de assimilação dos conceitos e de percepção das semelhanças entre objetos e construções e
as formas geométrica ou mesmo a conexão de duas ou mais formas, o que se pode
exercitar com o uso de uma única embalagem ou da conjunção de duas ou mais.
A ideia de trabalhar embalagens de produtos industrializados tem como propósito
o reaproveitamento de materiais que seriam descartados e muitas vezes sem um destino
correto que ocasionariam em poluição ambiental, sendo assim, não poderíamos deixar de
desenvolver nossas propostas sem levantar questões de ética e cidadania, pois mesmo em
se tratando de crianças, quando ensinadas corretamente, aprendem que suas ações
cometidas no presente farão grandes diferenças em seus futuros.
A manipulação de materiais concretos no aprendizado sempre é uma ótima
ferramenta para atrair a atenção e facilitar a visualização do educando, mas é preciso que
não nos esqueçamos de fundamentar os conceitos inseridos nos materiais para que os
alunos possam interagir e absorver a atividade muito além do que somente “fazer por
fazer”.
Santos (2010) afirma que a “utilização de materiais concretos no ensino
fundamental de 1º Grau deve ser organizada de modo a propiciar a cada aluno situações de
experiências físicas bem como situações de experiências lógico-matemáticas, nas quais ele
possa realizar tanto abstrações empíricas quanto abstrações reflexivas” e para fundamentar
suas afirmações utiliza os apontamentos de Gabba (1975) que propõe o seguinte esquema
para utilização de material concreto nas aulas de matemática: Manipulação de objetos
concretos, Ações realizadas com objetos, Obtenção de relações Interiorização dessas
relações, Aquisição e formulação do conceito, Integração do conceito a conceitos
anteriores (estruturação) e Aplicação ou reconhecimento da estrutura em novas situações.

2
Material Dourado faz parte de um conjunto de materiais idealizados pela médica e educadora italiana Maria
Montessori (1870-1952) Mendes(2011).
Nos momentos de regências nas turmas das escolas sediadas nas ilhas de Belém, o
material dourado foi de grande apoio no ensino dos conceitos de: números decimais,
sequências numéricas e também nas operações fundamentais. As embalagens de diversos
produtos industrializados, muitas vezes conhecidos pelos alunos, também foram de grande
importância na identificação e representação de conceitos geométricos e separados em
grupos, de acordo com o conjunto de conceitos matemáticos que possibilitariam abordar.
A proposta de atividades formativas que desenvolvemos junto aos alunos de
escolas das ilhas de Belém aconteceu em três etapas assim discriminadas: Relação de nome
e valor das embalagens, Compra de produtos com orçamento limitado e Representação
geométrica das formas das embalagens. Em cada etapa, trabalhamos primeiramente os
conceitos matemáticos e depois orientamos as atividades e a interação com as questões
ambientais.

3 - A ação em prática
Realizarmos nossa proposta de ensino da matemática por meio de uso de materiais
recicláveis na unidade escolar Nossa Senhora dos Navegantes, sediada na comunidade
ribeirinha Várzea, que se encontra na região das ilhas de Belém-PA, unidade da qual os
professores fazem parte das formações do projeto AMAR. Porém, as atividades didáticas
que promovem atitudes audaciosas e dinâmicas em sala de aula, ainda foram aplicadas, de
forma experimental, por duas vezes no Centro Educacional de Icoaraci, escola da rede
privada, localizada no distrito de Icoaraci, em de Belém-PA, gerando excelentes resultados
quanto ao desempenho dos alunos.

3.1 - 1ª Etapa.
Inicialmente abordamos os números naturais e seus subconjuntos com o auxílio
do material dourado e das embalagens de produtos industrializados. Começamos pela
apresentação das formas das peças do material dourado: sua forma, estrutura, medidas e
suas relações internas, assim como as operações aritméticas fundamentais que podem ser
realizadas com a utilização desse material didático.
Posteriormente apresentamos os números decimais a partir de uma definição de
unidade de medida: o cubo menor, para então, chegar ao objetivo secundário que seria
relacionar o material dourado com o nosso sistema monetário a partir dos números
decimais. Também para efeito de auxilio, na atividade, ainda fizemos a relação entre
tampas de garrafas pet (plásticas) para as representações das moedas utilizando uma cor
para cada valor específico.

Relação: Material dourado com dinheiro. DIAS - Belém. 2013.

Com as embalagens de produtos industrializados, conseguimos relacionar os


preços dos produtos, não somente ao seu valor em real como já era conhecido pelos alunos,
mas também à representação desses valores com as peças (cubos) do material dourado.
Novamente fizemos a apresentação dos números decimais, sendo que dessa vez, com a
intenção de verificar a presença desses números no dia-a-dia dos alunos, pois
consideramos que uma das dificuldades de aprendizagem enfrentadas pelos alunos está na
memorização e representação dos conceitos matemáticos em seu cotidiano e a falta de
exercício das relações matemática e cotidiano, além de causar conflitos de aprendizado
torna o ensino da matemática uma mera reprodução sem um devido fim.
A partir da definição dos preços relacionados aos nomes dos produtos, as
embalagens foram distribuídas em prateleiras e utilizando os conceitos numéricos que
foram estudados, os alunos formaram grupos de compradores, com R$ 50,00 (cinquenta
reais) cada grupo e de posse de uma lista com o nome dos produtos e seus respectivos
valores, fizeram compras de até 12 produtos. Sendo que só se poderia pegar até duas
embalagens por produto.
Após a compra dos produtos os alunos deveriam: enfileirar seus produtos,
representar seus valores com o “dinheiro” em papel impresso e com as “moedas” (tampas),
além de usar o material dourado e calcular quanto custou sua compra, pra assim saber se os
R$ 50,00 do orçamento de cada grupo foram gastos em sua totalidade ou se teve troco. Na
figura é possível verificar como ficou a atividade realizada por um dos grupos.

Atividade 1 - DIAS - Belém. 2013

3.2 - 2ª Etapa
Seguindo as mesmas orientações da 1ª etapa, foram apresentadas representações
de formas geométricas que podem ser encontrada nas estruturas que compõe as
embalagens desde sua face até sua forma completa. Além disso, estudamos como as
formas geométricas se combinam para formar outras novas, quantas formas são necessárias
para representar-se e construir a embalagem e se são sempre às mesmas ou se em uma
única embalagem podem ser encontradas mais de uma forma geométrica.
Nunca esquecendo que nosso público eram alunos das séries iniciais, procuramos
adequar a linguagem para representar as formas geométricas discutindo e orientando sobre
os conceitos de: proporção, medidas de segmento, áreas e volumes. Centramos na
identificação e representações das formas geométricas percebidas nas embalagens. A partir
desse processo de identificação e diferenciação das figuras geométricas das embalagens
podemos analisar o desenvolvimento da aprendizagem dos alunos e sua capacidade de
perceber em estruturas concretas as conceituações geométricas abstratas, o que ainda é
pouco trabalhado nos anos iniciais de escolarização.
A partir da nomenclatura e propriedades das formas geométricas apresentadas
aos alunos, eles deveriam visualizar e identificar as formas geométricas nas embalagens
como mostra na figura a baixo.
Representação de formas geométricas. DIAS. 2013

3.3 - 3ª Etapa

A partir do tema: Poluição, abordamos com os alunos as causas e consequências


da degradação do meio ambiente feita por ações inconsequentes dos seres humanos. Ações
como o desmatamento e queimadas, jogar lixo e componentes químicos nos mares, rios,
lagos e córregos, não fazer a coleta do lixo adequadamente.
Discutimos, ainda, que esse processo de degradação do ambiente vem causando
um sério desequilíbrio na cadeia alimentar biológica, além do efeito estufa (uma reação
causada pela combinação dos elementos químicos das fumaças de queimadas, entre outros,
com elementos químicos encontrados na atmosfera causando chuva acida), enchentes e a
morte dos animais marinhos, proliferação de animais e insetos transmissores.
Com o intuito de discutir o reaproveitamento de embalagens e conscientização
ambiental apresentamos aos alunos métodos de reciclagem como forma de ensinar que é
possível reaproveitar embalagens para não ter que jogar nos rios e igarapés, tornando o
planeta mais saudável. A ideia é levar ao aluno o entendimento de que aquela pessoa que
joga embalagens no meio ambiente precisa desenvolver consciência do tempo estimado de
desintegração desse produto na natureza, o que em alguns casos pode levar muitos anos e
até séculos. Então, elaboramos uma tabela cronológica com os produtos e seu tempo
específico de permanência no planeta.
Com base nas orientações sobre os processos de reciclagem e reutilização,
solicitamos aos alunos que construíssem, usando sua criatividade, representações
geométricas com no mínimo duas embalagens. Alguns apenas reproduziram as imagens
que trabalhamos, mas outros desenvolveram a atividades com figuras que vinham em sua
lembrança. Abaixo temos algumas representações que os alunos montaram.
Estruturas com embalagens. DIAS. Belém. 2013.

4 - Reflexões sobre a atividade


Um modelo matemático desenvolvido por engenheiros, físicos, arquitetos e outros
profissionais de suas respectivas áreas trata-se de um modelo que lhe viabilizará seu tempo
além de dar credibilidade ao seu trabalho, na educação um modelo matemático tem a
mesma finalidade, desenvolver um modelo que venha a eliminar ou mesmo amenizar uma
problemática dos alunos e da sociedade em geral, por isso, considero este um modelo,
matemático, pois atende ao objetivo de amenizar e viabilizar o processo de aprendizagem
do aluno de series iniciais.
Refletindo sobre as atividades realizadas com os alunos da Unidade Pedagógica
Nossa Senhora dos Navegantes, concluímos positivamente as dinâmicas sobre o processo
de reconhecimento das formas geométricas e de cálculos aritméticos com o auxilio de
embalagens utilizando como suporte o material dourado e as locomoções dos alunos pelos
espaços escolares, para assimilação de conceitos de espaço bem como na segunda etapa
consideramos de bons resultados a identificação e representação de formas geométricas,
sendo que nesta alguns alunos superaram as expectativas fazendo suas próprias
observações.
Enquanto apresentávamos a forma de um retângulo em uma das faces de um cubo
por uma caixa de leite, e a eles foi perguntado que forma conseguiam enxergar? Um dos
alunos fez a seguinte observação: “Um círculo, em cima da caixa” este círculo ao qual ele
se referiu se tratava da tampa da caixa de leite. O que nos leva a perceber que eles
realmente conseguiram entender que deveriam não apenas ser receptores de informação,
mas que poderiam analisar e compor suas próprias impressões, além de compartilhar suas
observações.

Percebemos também, que a introdução de questões ambientais é muito importante


para o aluno das séries iniciais compreender que a formação para sua cidadania precisa ser
iniciada e orientada com projetos que o envolva nesse meio, como por exemplo, a
conscientização ambiental utilizando o reaproveitamento de embalagens que além de ser
uma prática educativa torna a criança consciente e capaz de interagir com o planeta sem
degrada-lo.

5 – Referências:
ANDRÉ, Marli (org). O papel da pesquisa na formação e na prática dos professores.
Campinas: Papirus, 2004.
BARBOSA, Jonei Cerqueira. O que pensam os professores sobre a modelagem
matemática? Zetetiké, Campinas, v. 7, n. 11, p. 67-85, 1999.
BASSANEZI, Rodney Carlos. Ensino-aprendizagem com modelagem matemática. São
Paulo: Editora Contexto, 2002.
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Vl. 3
Matemática. Brasília: MEC/SEF,1997.
FIORENTINI, Dario. MIORIM, Maria Ângela. Uma reflexão sobre o uso de materiais
concretos e jogos no ensino da Matemática. São Paulo. Boletim SBEM, 1990.
FREIRE, Paulo Reglus Neves. Educação como Prática da Liberdade. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1989.
GABBA, Pablo. Matemática para Maestros. Buenos Aires, Ed. Marymar, 1975.
MACHADO Jr. Arthur Gonçalves. Modelagem matemática no ensino-aprendizagem e
resultados. Dissertação (Mestrado), Orientador: Adilson Oliveira do Espírito Santo.
Universidade Federal do Pará, Núcleo de Apoio ao Desenvolvimento Científico, 2005.
SANTOS, Paulo Cesar Alves dos. Uso do material concreto: um fator facilitador da
ensinagem de frações com alunos de 5ª série. Dissertação (Mestrado Profissionalizante em
Ensino de Física e Matemática) – Centro Universitário Franciscano. Orientação Silvia
Maria de Aguiar Isaia. – Santa Maria, 2010.

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