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Memórias da plantação

Capítulo II
- Segundo Spivak subalterna faz com que o indivíduo não possa falar por não ser ouvido
nem entendido dentro do regime repressivo do colonialismo e do racismo. Pág. 47
- Porém, Patrícia Hill Collins afirma que esse ponto, se visto como uma afirmação
absoluta é problemático porque afirma que os oprimidos não podem falar em seu
próprio nome e entender que sofrem opressão. Além disso, alega que esses grupos são
menos humanos. Pág. 48
- A erudição e a ciência estão ligados ao poder e à autoridade racial. Na academia, os
negros são silenciados e os brancos constroem discursos nos quais somos os outros,
inferiores a eles. Pág. 50
- Na academia, somos objetos e nunca sujeitos dos estudos. Nós não temos acesso a
representação e nossos discursos são invalidados, classificados como não científicos por
serem “muito emocionais, enquanto pessoas brancas tornam-se especialistas na nossa
cultura e vivência, colocando seus discursos no centro e os nossos nas margens. Pág. 51
- Negros produzem conhecimento independente, mas sem recursos necessários para
implementar as próprias vozes. A articulação de nossas perspectivas com os brancos
torna-se muito difícil e as produções negras ficam fora do corpo acadêmico. Pág. 52
- “É urgente descolonizar a ordem eurocêntrica do conhecimento” pois, o colonialismo
também impôs autoridade ocidental sobre todos os aspectos dos saberes, línguas e
culturas indígenas. A ciência é a reprodução de relações raciais de poder, pois ditam
qual conhecimento é válido. O que foge da ordem eurocêntrica é desvalidado, pois a
perspectiva branca é considerada universal. Pág. 53
- A epistemologia define que questões devem ser colocadas (temas), como analisar e
explicar um fenômeno (paradigmas) e como conduzir pesquisas para conduzir
conhecimento (métodos). Assim, define o que é conhecimento e em quem acreditar.
Mas quem define isso? Pessoas negras tem experiências diferentes na produção de
conhecimento devido ao racismo e são invalidadas. Pág. 54
- O ato de invalidar a produção negra reafirma para o branco seu lugar de poder sobre
um grupo que ele julga “menos inteligente”. Quando uma mulher branca diz que uma
mulher negra está “interpretando demais” quer dizer que ela está revelando algo que
deveria permanecer escondido. Mulheres brancas também oprimem homens e mulheres
negros. Pág. 55 – 56
- Existe uma hierarquia do conhecimento em que corpos negros estão fora desse lugar e
não podem pertencer, logo, existe uma ideia de superioridade dos brancos e que os
corpos brancos estão dentro e pertentem a todo lugar. Pág. 56
-Falar de um lugar marginalizado causa dor, decepção e raiva. Pág. 57
- Os discursos não são neutros, pois cada pessoa fala de um lugar e tempo específicos e
quando branco afirmam isso eles não reconhecem que falam de um lugar específico que
é dominante. Grada fala que seus escritos têm subjetividade e emoção porque, indo de
encontro ao academicismo tradicional, intelectuais negros se nomeiam bem como seus
locais de fala e escrita, com um novo discurso e nova linguagem. Pág. 58
- Grada escreve da periferia, não do centro, pois os discursos então dentro de sua
realidade. Os discursos dos intelectuais negros surgem como um discurso lírico e
teórico, o que transgride a linguagem do academicismo clássico. Os teóricos negros
transformam as configurações do conhecimento e poder ao se moverem entre a margem
e o centro. Ao escrever, o negro incorpora palavras de dor e opressão. Pág. 59
- “As relações de poder desiguais de raça são então rearticuladas nas relações de poder
desiguais entre os espaços (Mohanram, 1999,p.3)”.Pág. 61
- Corpos negros não lidos como corpos acadêmicos. “a negritude vem coincidir não
apenas com o fora, mas também a imobilidade. Estou imobilizada porque, como mulher
negra, sou vista como fora do lugar”. Pág. 62
- “tais escritos pessoais são uma crítica persistente e (des)construtiva à teoria” um
debate sobre a impossibilidade do corpo e as construções racistas sobre ele escaparem
dentro da “máquina de ensino”. Pág. 63
- “colonizados” são ensinados a falar e escrever a partir da perspectiva do colonizador.
Grupos oprimidos só são ouvidos se enquadrarem suas ideias na linguagem confortável
para o grupo dominante (Collins, 200, p. vii). Pág. 65
- “Temo escrever, pois mal sei se as palavras eu estou usando são minha salvação ou
minha desonra. Parece que tudo ao meu redor era, e ainda é, colonialismo” Pág. 66
- Para Bell Hookes: estar na margem é ser parte do todo, mas fora do corpo principal e
negros(as) desenvolvem uma maneira particular de ver a realidade: de fora para dentro e
de dentro para fora. Pág. 67
- A margem deve ser vista também como centro de resistência e possibilidade. É na
margem que opressões são questionadas, desafiadas e desconstruídas. É lugar de
criatividade para imaginar, sem romantizar, novos mundos e discursos. Pág. 68
- “É o entendimento e o estudo da própria marginalidade que criam a possibilidade de
servir como um novo sujeito.” Pág. 69

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