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Formação em Psicologia, Demandas Sociais Contemporâneas e Ética: uma

Perspectiva
Autor: Marcia Ferreira Amendola
É formada em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP), Pós-graduada em
Psicologia Hospitalar pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), onde
também fez mestrado e doutorado em Psicologia Social. Também atuou como
Conselheira no Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro, presidindo a
Comissão de Orientação e Ética na gestão 2013-2016. É autora de vários artigos
científicos, capítulos de livros e do livro Crianças no Labirinto das Acusações – falsas
alegações de abuso sexual pela editora Juruá. Divulga seu trabalho no site CanalPSI e
pelas redes sociais Instagram e Linkedin
Falar sobre a obra: 11 páginas, se dividide em tal partes
RESUMO: O artigo aborda a importância da formação do Psicólogo frente as
demandas socias atuais e da ética profissional. A autora fala que a sociedade
comtemporânea apresenta diversas demandas que cabe á Psicologia prestar auxilio.
Daí a importância de uma formção em Psicologia ir além dos conhecimentos teóricos e
técnicos e passar a abranger a dimensão ética. É de fundamental importância que as
práticas psicológicas sejam baseadas em evidencias cientificas para que os
psicólogos possam oferecer técnicas eficazes e embasadas para seus pacientes.
Além disso a autora ressalta a relevância do compromisso social do psicólogo,
destacando a importância de compreender o contexto socioeconômico e cultural em
que os indivíduos estão inseridos, para melhor atendelos. Ela analisa alguns
momentos históricos da psicologia no Brasil, isso porque muitas das demandas que
existem direcionadas aos psicólogos tiveram origen tiveram origem antes mesmo da
regulamentação da profissão no país.
Em conclusão, o texto destaca que a formação em psicologia deve comtemplar não
apenas o conhecimento teórico e técnico, mas também a ética profissional, a
atualização cientifica e o compromisso social, para que o psicólogo possa atuar de
forma eficiente em atender ás demandas sociais comtemporâneas.

RESENHA CRÍTICA:

 Primeiro ela inicia falando que pra poder entender as demandas atuais
direcionadas ao curso de psicologia, é preciso analisar alguns momentos de sua
história. Isso porque muitas das demandas que existem hoje direcionadas aos
psicólogos, são demandas que tiveram origem antes mesmo da regulamentação
no pais e estão baseadas no modo em que a sociedade percebia e criava as
demandas para os profissionais na área da saúde mental, de organização do
trabalho e de educação.

 Pontos históricos abordados:


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1. Final do século XIX e inicio do XX – Ressalta a forte influencia da Psicologia
funcional aplicada, cujo propósito era servir ao projeto brasileiro de
industrialização e modernização.

2. Nova ordem social: com as condições de trabalho geradas pela sociedade


industrial capitalista, e a migração de milhões de bilhões de trabalhadoresmdo
setor agropastoril para as cidades, as empresas passaram a exigir certos tipos
de profissionais (aptidões e traços) para garantir sua eficiência. Dada a
necessidade de selecionar e treinar o contingente de trabalhadores
interessados em um emprego nas indústrias, foi requisitado um um profissional
que atendesse tais demanda. Devido a psicologia ainda não ser
regulamentada como ciencie e profissão muitos cursos e estágios foram oferecidos
a profissionais graduados em Medicina, Filosofia e Pedagogia com a finalidade de
treinar especialistas para a prática psicológica. A figura do psicólogo, então, se
edificava a no país era de um profissional voltado à avaliação, seleção e adaptação dos
sujeitos a um meio sociotécnico com vistas a manter o funcionamento adequado da
sociedade capitalista-industrial em expansão. Como a demanda era alta, inúmeros
campos voltados á psicologia aplicada no país foram criadas sem que houvesse
qualquer tipo qualquer tipo de controle da qualificação dos profissionais responsáveis.
Isso gerou a necessidade da criação de medidas para viabilizar a profissão, seja para
proteger a sociedade ou para proteger a imagem da profissão que se consolidava. O
projeto da Psicologia como ciência e profissão, deu se então a ideia de atender as
demandas sociais vigentes no pais e com a necessidade de controlar e disciplinar as
práticas psicológicas.

3. Regulamentando a profissão: No ano de 1962 foi sancionada a lei n°4.119 que


regulamentação a profissão de Psicologia no Brasil, essa lei garantia a
emancipação da profissão e a garantia ao psicólogo a exclusividade o uso de
métodos e técnicas psicológicos. A autora ressalta o contexto em que que a
profissão foi regulamentada: em meio a uma ditadura militar, e isso é
importante porque ela exerceu forte influência na profissão. A preocupação
com a formação do profissional estava baseada em uma visão tecnicismo que
visava em obter resultados por meio da aplicação de técnicas e instrumentos
psicológicos. A autora fala como a Reforma Universitária (que ocorreu á
sombra do Ai -5 ) reestruturou o sistema de ensino superior que passou a se
estruturar como empresas educacionais com foco no lucro e na rápida resposta
às demandas do mercado educacional. Esse novo padrão transformou o
ensino superior em um serviço voltado para o consumidor, subvertendo a
concepção anterior que buscava a articulação entre ensino e pesquisa, a
autonomia do docente e o compromisso com o interesse público. Essas
transformações no ensino superior foram influenciadas pelas alterações no
modo de produção capitalista, que passou a guiar a educação nacional por
critérios de produtividade e de custo-benefício. Os cursos universitários,
incluindo a Psicologia, passaram a focar no treinamento de técnicas
desvinculadas da realidade social. Essa mudança abriu espaço para a
serialização e massificação do ensino superior, com aumento no número de
alunos e redução de custos através da dispensa de professores mais
qualificados, resultando em uma queda considerável na qualidade do ensino.
4. A mercantilização do ensino e a demanda social contemporânea: esse viés
mercadologico que as instituições de ensino adotaram converteu a formação
profissional em técnicas e práticas que são desimplicadas com os interesses
dos interesses da população e a compreensão do mundo social e histórico.
Durante as décadas de 70 e 80 o contexto brasileiro sofria de grandes
mudanças como o fortalecimento dos movimentos de oposição à ditadura e a
vinda de refugiados da Argentina, apesar da mudança no panorama da
Psicologia o currículo Mínimo obrigatório permaneceu o mesmo. No entanto,
algumas universidades modificaram suas grades curriculares, destacando
abordagens clínicas, como a Psicanálise, para atrair alunos interessados em
oportunidades de trabalho no mercado em expansão. Essas mudanças
incluíram a implantação de novas propostas curriculares, mudanças na
duração do curso e na carga horária e semestre em que as disciplinas eram
oferecidas. Essas reformulações visavam melhorar a formação oferecida e
adequá-la à demanda da ssociedade. No decorrer da década de 1980 houve
uma ampliação do campo de trabalho do psicólogo que agora privilegiava
intervenções de cunho preventivo, educacional e social. As práticas
psicológicas, época denominadas emergentes foram: Psicólogia hospitalar,
Psicologia ambiental, psicologia forense, etc. A transposição da área clínica
para as instituições públicas não foi um processo fácil de realizar, e ao invés de
inovar suas práticas os profissionais permaneceram fazendo atividades que
podem ser encaixadas na tripatite classica: PSICOLOGIA clínica, aplicada e do
trabalho. A mobilização profissional levou a medidas de mudança na formação
de psicólogos, como encontros de coordenadores de curso e publicações do
Conselho Federal de Psicologia. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, em 1996, convocou as instituições de ensino superior a
apresentarem propostas para reformulações curriculares. Isso substituiu os
currículos mínimos fixos por um modelo mais aberto. Diretrizes Curriculares
Nacionais para cursos de Psicologia foram aprovadas em 2004 e revogadas
em 2011, estabelecendo normas para a formação de professores. O objetivo é
melhorar a qualidade e profissionalização do curso, com ênfase na formação
do Psicólogo, pesquisa e ensino de Psicologia. A formação deve abranger
diversos referenciais, reconhecer a diversidade de perspectivas e compreender
fenômenos sociais, econômicos, culturais e políticos A mercantilização do
saber levou a formação de profissionais sem capacidade crítica, resultando em
serviços de má qualidade, principalmente na área de psicologia. Isso se reflete
no aumento de denúncias e processos éticos contra psicólogos que produzem
avaliações psicológicas inadequadas.

5. Formação, demanda e Ética em perspectiva: A autora Frizzo (2004) destaca


Isso se deve ao aumento de denúncias contra psicólogos que não estão agindo
de acordo com o Código de Ética. que a falta de qualificação adequada para
realizar a elaboração de documentos psicológicos, como para o campo jurídico,
seleção de emprego, concurso público, porte de arma e procedimentos
cirúrgicos, como a cirurgia bariátrica, é um dos motivos de preocupação tanto
para docentes e pesquisadores quanto para o Conselho Federal de Psicologia
(CFP). Ela diz que a culpa não recai sobre as Instituições formadoras por isso
muitos profissionais investem em uma formação continuada com a esperança
de se qualificarem mais, porém tais cursos se aproveitam das oportunidades
de mercado. Essa formação visa apenas ensinar o conhecimento teórico e
torna o anulou incompetente para fazer análise da própria prática e dos efeitos
decorrentes desta. A autora ressalta que a formação do psicólogo tem que ser
mais do que uma formação técnico-científica, que busca oprimir, adestrw ou
normalizar o exercício da profissão, a formação deve ser questionadora, uma
maneira ética e política de intervir sobre o mundo, o psicólogo deve
transcender a dimensão técnica. O texto destaca a importância dos cursos de
formação em promover a transformação dos alunos em indivíduos intelectuais
e humanos capazes de enfrentar desafios, construir teorias, discutir hipóteses
e confrontá-las com a realidade. Além disso, ressalta a importância de uma
postura crítica, reflexiva, criativa e ético-política desde a formação,
principalmente no que diz respeito ao acolhimento de demandas profissionais.
O profissional deve proceder a uma escuta crítica e redefinir a demanda
quando necessário, não respondendo apenas nos termos em que é formulada.

6. Considerações finais: Ao findar o texto, a autora reflete que embora os campos


de atuação profissional do psicólogo tenha mudado ao longo do tempo, suas
demandas permanecem as mesmas da ocasião da Regulamentação da
Psicologia no Brasil, assim como o modo de atuar dos profissionais frente a
ela. O texto destaca que a formação em Psicologia deve privilegiar a
articulação teórico-prática, proporcionando uma base sólida para a reflexão e
atuação diante dos desafios da profissão. As instituições de ensino devem ir
além do treinamento de habilidades técnicas e envolver os alunos no processo
de construção e reconstrução do conhecimento. Além disso, é importante que
a formação escape de uma perspectiva utilitarista e valorize o desenvolvimento
intelectual dos alunos, preparando-os para lidar com os desafios do dia a dia
profissional.

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