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Resumo: Por mais que o período medieval tenha se passado, dando uma resposta definitiva a
tudo aquilo que se propôs na época, é necessário retomar alguns pontos a contemporaneidade,
e uma das temáticas do medievo que deve ser trazido à tona são as questões que circundam a
alma, pois indagações a respeito da alma pairam no universo filosófico, e o Aquinate buscou
traçar uma linha de pensamento para essas indagações ainda no período da renascença. Nesse
sentido, o artigo em questão tem como objetivo propor uma análise daquilo que disse Santo
Tomás de Aquino sobre como se dá a formação da alma no corpo humano e aquilo que
acontece após a morte do corpo, trabalhando a temática da Imortalidade da Alma, utilizando
como texto principal a Suma Contra os Gentios, com base no método da pesquisa
bibliográfica, através de artigos como por exemplo do escritor Carlos Nougué (2021) e de
obras secundárias, tais como o De Anima de Aristóteles, com a finalidade de expor as alusões
do Doutor Angélico a respeito da alma em sua potência e ato.
Palavras-chave: Alma intelectiva. Imortalidade. Metafísica. Suma Contra os Gentios.
Formação da Alma.
1 Introdução
3
A ideia de alma eterna é descrita por Platão no livro Fédon. Nessa perspectiva platônica, a alma não tem um
início ou fim. Diferente do que pensa Santo Tomás, que a alma é imortal, já que tem um início, mas não tem fim.
A etimologia da palavra alma, no ideal do sânscrito grego (psyché), que aparece como
um deverbal do verbo, significa o sopro, a respiração, a força vital, a vida como um sopro.
Além disso, tem o sentido de individualidade (cada ser detém a sua alma), de imaterialidade e
imortalidade.
Os escritos de Santo Tomás de Aquino estão inteiramente ligados aos escritos de
Aristóteles, com relação à alma. Aquele fará menção, na maioria das vezes, a obra De anima,
de autoria de Aristóteles.
Nesse sentido, quando buscamos o conceito de alma, recorremos a Aristóteles, o qual
argumenta que a alma é o princípio vital de todo ser vivo, animal ou planta, ou seja, é o
princípio que anima os corpos dos seres vivos. Em outras palavras, Aristóteles pauta a alma
como o princípio da vida. E conclui seu pensamento sobre a Psykhe, mencionando que: “Ora,
a alma é ‘aquilo mediante o que vivemos, sentimos e pensamos’ enquanto princípio
primordial, do que se concluí que deve ser noção e forma, e não matéria e substrato” (De
anima, 414a10, p. 77).
4 Considerações finais
Conforme o que foi mencionado acerca da formação da alma no corpo, como também
acerca da imortalidade da alma, podemos evidenciar que o Doutor Angélico, em seus
argumentos, é enfático em relação à posição daquilo que é a verdade no âmbito da metafísica.
Vale ressaltar que tudo aquilo que é apresentado no decorrer deste texto também reflete a
posição da Igreja. Com isso, Santo Tomás consegue mostrar aos averroístas aquilo que reflete
a posição da filosofia primeira e do magistério da Igreja, mostrando que ambos os campos
(filosófico e religioso) se ladeiam, para buscarem a verdade.
No referido artigo, foi exposto, em primeira instância, o conceito de alma,
fundamentado no texto De Anima, de Aristóteles, como também a formação da alma no
corpo, trazendo à tona o fato de que a alma intelectiva se torna superior às demais almas, dado
que sua origem antecede até mesmo o corpo. Com isso, não se torna necessário à existência
de um corpo, para que a alma intelectiva exista.
O artigo se propôs a responder, mesmo que indiretamente, a questão de “como
surgimos e para onde vamos”. Após a exposição realizada em dois tópicos, resta pensar que a
questão foi respondida com base naquilo que propôs Santo Tomás dentro da sua obra, que foi
usada como base deste estudo, a Suma Contra os Gentios, fazendo uso da figura de
Aristóteles como um pensador, sendo a base para os pensamentos de Aquino.
Por fim, podemos identificar que o alvo das refutações, por parte de Santo Tomás, os
averroístas, tiveram suas teses respondidas e, consequentemente, refutadas, pois Averróis se
propõe a idealizar uma interpretação do racionalismo aristotélico, mencionando, inclusive,
que não apenas a alma intelectiva era imortal, mas, sim, todos os tipos de alma. Com isso,
Santo Tomás, com a devida permissão dos seus superiores, refuta-o, com base no próprio
Aristóteles, expondo todos os argumentos, acima mencionados, a respeito da alma e que eram
tidos como verdadeiros até então.
Referências
ARISTÓTELES. Da Alma: De Anima. Tradução de Edson Bini. v. 1. São Paulo: Edipro,
2011.
TOMÁS DE AQUINO. Suma Contra os Gentios. 2. ed. v.1. Campinas: Ecclesiae, 2017.