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CONFIDENCIAL

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FLUXO DO PROCESSO
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FRAÇÃO RESPONSÁVEL

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OBSERVAÇÕES E INSTRUÇÕES ADICIONAIS

CONFIDENCIAL FM-148
CONF.DtNCIAL QQgg Qfftf

EXCLUSÃO DO USO E DO PORTE DE DROGAS DO CONCEITO DE


CRIMINALIDADE - SEMINÁRIO EM CANELA/RS - 18 A 23 JAN 93.

Antecedendo o Seminário "PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO - PLANO


NACIONAL PARA PREVENÇÃO DO ABUSO DE DROGAS", em CANELA/RS, no
período de 18 a 23 Jan 93, foi desencadeada uma polemica
nacional, a partir de denúncia do Jornal do Brasil - edição de 15
Jan 93 - que colocou sob suspeição de envolvimento em uso e
tráfico de drogas a Presidente do CONSELHO FEDERAI. DE
ENTORPECENTES jCONFEN), ESTHER KOSOVSKI, e de alguns membros
desse órgão. Derivadas dessa" situação,"surgiram evidencias de que
o CONFEN estaria preparando proposta de anteprojeto
liberalizante, visando a excluir da criminalidade o uso e o porte
de tais substancias. A proposta seria debatida e colocada A
aprovação durante a realização daquele Seminário.
Em razão disso, o assunto passou a ser explorado,
notadamente pela imprensa, haja vista que o encontro contaria com
representantes da ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS ÍDEAJ. das
NAÇÕES UNIDAS para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), de
membros do CONFEN, dos Conselhos Estaduais de Entorpecentes, de
funcionários dos Ministérios da Justiça, da Educação, da Saúde e
da Previdência Social.
A proposta modificaria a Lei 6368, sobre entorpecentes,
colocando um fim ás sanções penais impostas aos dependentes d*
drogas e substituindo-as por punições mais brandas, como o
pagamento de multas e a prestação de serviço» á comunidade.
No Estado do RIO GRANDE DO SUL, o encontro caracterizado
como "fechado", surpreendeu até mesmo a Secretaria Estadual da
Justiça, ao Conselho Estadual de Entorpecentes e à
Superintendência da Polícia Federal, que só tomaram conhecimento
da sua realização apartir da divulgação da polemica, pela
imprensa. Nem mesmo o local do evento - Grande Hotel de CANELA
er» do conhecimento das autoridades locais.

Um dos integrantes do Conselho Estadual de Entorpecentes/RS,


Delegado IVAIR HAYNART (Diretor de Investigações d» Policia Civil
do RS), declinou que, sequer, foi convidado oficialmente para o
Seminário. Entretanto, opinou que a proposta do CONFEN "é
irresponsável", acrescentando que, se a matéria for aprovada sem
outros mecanismos de controle "é melhor entregar o mercado cias
drogas direto para os traficantes".

Autoridades da Polícia Feúeral no RS também opõem-se á


proposição e vêem nela um risco de aumento do consumo de tóxicos
no País, pois os traficantes, normalmente, utilizam-se da tática
de portarem pequena quantidade do "material", ex tamente para
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descaracterizar o comércio e serem, no máximo, enquadrados como


"consumidores". Não fosse inso, a iniciativa é comparada a
situaçOes ocorridas em outros países, como a SUIÇA, que teriam
buscado, através de idêntica linha de ação, resolver a
problemática das drogas, mas que sô conseguiram intensificar o
Índice de criminalidade nessa àr&a.
Por outro lado, não acreditam que essa idéia frutifique na
área governamental, principalmente em função das restrições que
sofre por parte do Ministério da Justiça, ao qual o CONPEN está
subordinado. Entretanto, não é descartada a hipótese de que a
premissa de sua rejeição faça parte de uma estratégia articulada
pelos seus propositores, como inicio de uma campanha urdida para
barganhar mudanças que atenuem e amenizem as penas hoje
existentes para o crime organizado na área de entorpecentes.

Dentro dessa concepção, a atual proposição nato seria


descartada, nem mesmo como parte integrante de uma ação
orquestrada, visando a instruir procedimentos voltados para a
área politica, quando da revisão constitucional, eis que, já
devidamente amadurecida - mediante debates conduzidos - junto á
opinião pública, poderia sensibilizá-la, cem a participação da
imprensa» induzindo o segmento parlamentar a aprovar lei com
penas mais brandas - talvez próximas á atual concepção - o que
seria uma vitória parcial. Para canto, seriam enfocados, entre
outros: o ambien e dos presídios e, dai derivadas, as sentenças
judiciais que se vôm verificando, considerando aqueles locais
como nocivos á reeducação social dos apenados; a superlotação dos
espaços carcerários, em constante expansão; um novo enfoque de
modernidade jurídica e de respeito aos direitos humanos dos
infratores de baixa periculosidade, no caso os dependentes de
drogas.

O quadro que se delinea apresenta-se fértil a explorações


facciosas, em face dos fortes apelos sociais que envolve,
voltados para o campo dos direitos humanos, e á crescente
expansão do numero de usuários de drogas no Pais, criando
condições a que, devidamente manipulados, os mecanismos jurídicos
e policiais hoje responsáveis pela sua inibição sejam
caracterizados como os responsáveis pela marginalização dos
dependentes, sem oferecer—lhes alternativas de recuperação e
conseqüente retorno ao convívio social.

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2] DF IANF.TR O DE 1993.
DROGAS

Confen apresenta proposta polêmica fotos FernantioGtinw*'

DA descriminalização do PENAS — A exemplo de Menega- servindo para elaborar estratégias


uso e porte de drogas le, os representantes dos Conens de combate ao abuso de drogas nos
também rechaçaram a proposta de- próximos cinco anos. "Não esta
colocou em confronto, em fendida pelo Confen. "Somos con- mos tratando de uma política na-
Canela, as autoridades e trários a descriminalização do uso cional sobre drogas", esquivou-se.
especialistas em drogas de drogas", afirmou o presidente do No entanto, sustentou que o Con-
Conen da Paraíba e porta-voz dos feri mantém a sua posição favorá-
Conselhos da região Nordeste, vel à decriminalização das drogas e
JOÃO CARLOS RODRIGUES Carlos Pessoa de Aquino. "O que que deverá encaminhá-la ao Con-
defendemos é a implantação de pe- gresso Nacional. "A proposta foi
nas alternativas, como prestação colocada em debate para receber
Canela - O I " Seminário de de serviços à comunidade, para os subsídios", observou.
Planejamento Estratégico — Pla- usuários de tóxicos", completou. A defesa da descriminalização
no Nacional do Brasil para a Pre- A proposta, que já absorveu boa do uso de drogas poderá levar à
yençüo do Abuso de Drogas colo- parte das discussões do seminário, destituição da diretoria do Confen,
cou em rota de colisão o Conselho com encerramento previsto para apesar de o secretário do Ministério
Federal de Entorpecentes (Con- sábado, não é benéfica aos usuários da Justiça para Estudos Legislati-
fen), os Conselhos Estaduais de de drogas. O presidente do Conen vos garantir o contrário. "A situa-
Entorpecentes (Conens) e o Minis- de São Paulo, jornalista Percival de ção da direção do Confen é muito
tério da Justiça. Enquanto o Con- Souza, alerta que o Confen quer difícil, pois o órgão é subordinado
fen defende a descriminalização do substituir a sanção penal ao viciado ao ministro Maurício Corrêa, que
uso de drogras no Brasil, a maioria por penalidades administrativas. não aprova a sugestão", destacou o
dos participantes do encontro é "Ao deixar de ser enquadrado no presidente do Conen de São Paulo.
contrária à proposta. "Essa suges- Direito Penal, o usuário estaria su- Conforme Percival de Souza, o pal-
tão não será acolhida por nós", jeito a ter sua carteira de motorista co final da discussão, no entanto,
garantiu, ontem, o secretário do e o porte de arma apreendidos. No será o Congresso Nacional. "E lá a
Ministério da Justiça para Estudos caso dos viciados estrangeiros, eles proposta do Confen não será apro-
Legislativos, Galba Menegale. poderiam ficar proibidos de entrar vada", antecipou.
A posição do ministrada Justiça, no País", explicou.
Maurício Corrêa, é a mesma defen-
dida pelo secretário. Segundo Me- ESTRATÉGIA - Alguns membros
negale, o Ministério não pode dar do Confen preferem não entrar na
guarida a uma sugestão que não discussão com os representantes
dos Conens. O psicanalista carioca
encontra consenso entre os espe- Carlos Castelar, membro do Con-
cialistas na questão das drogas.
"Além disso, essa experiência não /en, sublinhou que o seminário está,
deu certo em outros países, como a
Holanda, Suíça e Inglaterra, que
estão revendo a liberalização do DESTINATÁRIO : CO-5
consumo de tóxicos", assinalou.
Menegale assegurou, entretanto, REMETENTE GE-l/CPA
que a divergência não implica na
destituição da diretoria do Confen.
"O órgão apenas fez estudos para
estimular o debate sobre a suspen-
são da pena privativa de liberdade
para viciados", minimizou.
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