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Heloisa Vilas Boas Araujo da Silva 2024

VIGILÂNCIA EM SAÚDE DE SÍNDROMES GRIPAIS

Existem vários tipos de vírus respiratórios (influenza, SARS-CoV-2, vírus sincicial respiratório,
rinovírus, adenovírus, parainfluenza, metapneumovírus, etc). Devido a alta transmissibilidade e
potencial de hospitalização, é de interesse nacional a vigilância das infecções causadas pelo vírus
Influeza, porém, devido a semelhança clínica com outras infecções respiratórias virais agudas,
agrupam-se os casos suspeitos em “síndromes gripais”. Considera-se como caso suspeito de síndrome
gripal por influenza indivíduos que apresentem febre, mesmo que referida, acompanhada de tosse ou
dor de garganta e com início dos sintomas nos últimos sete dias. Devido a pandemia, a vigilância do
Covid-19 também passou a ser de interesse nacional, devendo ser notificada quando caso suspeito.
Se em jovens ou adultos, define-se como quadro respiratório agudo, com pelo menos dois dos
seguintes sinais e sintomas:

- Febre (mesmo que referida);


- Calafrios;
- Dor de garganta;
- Dor de cabeça;
- Tosse;
- Coriza;
- Distúrbios olfativos;
- Distúrbios gustativos;

Se em crianças, acrescenta-se também obstrução nasal como critério clínico diagnóstico e, se


em idosos, pode ocorrer, além dos descritos, sincope, confusão mental, sonolência excessiva,
irritabilidade e inapetência. Caso alguma dessas infecções respiratórias virais agudas evolua com
quaisquer dos seguintes sintomas abaixo, trata-se de uma Síndrome Respiratória Aguda Grave,
também devendo ser notificada:

- Dispneia (desconforto respiratório);


- Pressão persistente no tórax;
- Saturação de O2 ≤94% em ar ambiente;
- Cianose em lábios ou rosto.

Dentro da vigilância para as infecções respiratórias virais agudas existem duas linhas de
coordenação: a Rede de Vigilância Sentinela de Síndrome Gripal (SG) e, quanto aos casos
hospitalizados ou óbitos, a Vigilância de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Com a reunião
dos dados por meio da digitalização das notificações no Sistema de Informação da Vigilância
Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe), é possível que profissionais e gestores da saúde tomem melhor
conhecimento quanto aos períodos de maior circulação viral, possíveis padrões sazonais,
patogenicidade, virulência, fatores de risco e identificação de grupos mais suscetíveis, permitindo
assim a adoção de medidas de prevenção específicas, e adequação de protocolos de tratamento e
manejo clínico.

Também fazem parte da vigilância sanitária das síndromes gripais o estabelecimento de


procedimentos para investigação laboratorial dos vírus de interesse, o isolamento de espécimes virais
e respectivo envio oportuno ao Centro Colaborador de referência para as Américas e para a
Organização Mundial da Saúde, a contribuição com a composição da vacina contra influenza, a
detecção e oferta de resposta rápida à circulação de novos subtipos virais de influenza, o estudo da
resistência dos vírus influenza e do SARS-CoV-2 aos antivirais disponíveis, e o rastreamento e
monitoramento de contatos de casos de covid-19.

Instituições que contam com serviços específicos de vigilância sanitária (unidades sentinelas)
das síndromes gripais devem seguir metas estabelecidas para o correto monitoramento das infecções
virais agudas. Dentre estas, está a coleta de ao menos 20 amostras semanais para análise laboratorial
e identificação etiológica, além da notificação individual e registro no Sivep-Gripe (TABELA 1).

Os critérios diagnósticos de inclusão para análise em termos de vigilância epidemiológica das


Síndromes gripais são os atendimentos cuja hipóteses diagnósticas foram gripe, síndrome gripal,
influenza (com ou sem identificação viral), resfriado, faringite, laringite, laringotraqueíte aguda,
nasofaringite aguda (resfriado comum), amigdalite, traqueíte, infecção das vias aéreas superiores, dor
de garganta ou rinorreia.

É importante que o profissional da saúde saiba identificar suspeita de surto de síndrome


gripal, pois, diante deste cenário, todos os casos devem ser testados para Covid-19 e ao menos 3
amostras randomizadas devem ser testadas para influenza via RT-PCR no momento imediato da
testagem, em todos os ambientes de detecção de surto, que forem fechados ou restritos. Logo,
conforme a 6ª edição do Guia de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, trata-se de surto de
síndrome gripal suspeito para influenza “a ocorrência de pelo menos três casos de síndrome gripal em
ambientes fechados/restritos, com intervalo de até 7 dias entre as datas de início de sintomas dos
casos” entendendo-se como ambientes fechados/restritos “os asilos e as clínicas de repouso, creches,
unidades prisionais ou correcionais, população albergada, dormitórios coletivos, bases militares, uma
mesma unidade de produção de empresa ou indústria, o mesmo setor de um hospital, entre outros”.
Basta uma amostra positiva para a confirmação do surto, devendo-se então prosseguir com a
identificação dos demais integrantes da cadeia de transmissão.

No fluxograma abaixo é possível entender melhor como funciona a vigilância epidemiológica


das síndromes gripais, incluindo 3 diferentes contextos: caso de síndrome gripal, caso de síndrome
respiratória aguda grave, e caso de surto de síndrome gripal (FIGURA 1).
FIGURA 1.

No Paraná, a vigilância epidemiológica das síndromes gripais conta com uma rede de 34
serviços sentinelas de saúde, distribuídos em 22 Regionais de Saúde, em 28 municípios do estado.
Preconiza-se a coleta de ao menos 5 amostras semanais por unidade sentinela para a obtenção de um
bom indicador de monitoramento. Na tabela abaixo, há um exemplo dos dados obtidos com a
vigilância sentinela no estado do Paraná durante as semanas epidemiológicas 1 a 9 (ou seja, do período
corresponde de 31/12/2023 a 02/03/2024, sendo inclusos os casos cujo início dos sintomas
corresponda a alguma data dentro deste período).

TABELA 2.

Referências:
1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. Guia de vigilância em saúde: volume 1, 6. Ed,
Brasília, 2023.

2. Secretaria da Saúde do Paraná. Boletim Influenza. 2024. https://www.saude.pr.gov.br/Pagina/Influenza-Gripe.

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