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"O sábio enxerga as coisas em seu contexto total, a um só tempo em sua relatividade e
em sua transparência metafísica. (...) vê os fenômenos sub specie aeternitatis e,
portanto, em um tipo de simultaneidade. A isso se soma amiúde, por força das coisas,
intuições sobre as modalidades praticamente imperceptíveis. O sábio enxerga as causas
nos efeitos e os efeitos nas causas, ele vê Deus em tudo e tudo em Deus."
FRITHJOF SCHUON, Regards sur les mondes anciens, p. 144 (tradução minha do
original francês)
Lao Tzu ( ⽼ ⼦ ) é o mais importante dos três sábios principais do taoísmo, junto com
Chuang Tzu e Lieh Tzu. A ele são atribuídos os clássicos Tao Te Ching (道德經), base do
taoísmo, e o livro de Wen Tzu (⽂⼦). Neste último, Lao Tzu discorre sobre a natureza do
sábio e do Tao.
A sabedoria nada tem a ver com governar os outros, mas sim com ordenar a si mesmo.
Nobreza nada tem a ver com poder e posição social, mas com a auto-realização.
Atingindo a auto-realização, o mundo inteiro se encontra no eu. Felicidade nada tem a
ver com riquezas e posição social, mas é questão de harmonia.
Aqueles que sabem o suficiente para considerar o espírito importante e o mundo leve
estão próximos da Via (道). Então, eu disse: 'Alcançando o extremo do vazio, mantendo a
quietude, como miríades de seres agem em concerto, deste modo observo o retorno.'
O Tao (a Via) molda miríades de seres, mas é perpetuamente sem forma. Silente e
imóvel, compreende inteiramente o desconhecido indiferenciado. Nenhuma vastidão é
grande o suficiente para estar fora dele, nada é tão diminuto o suficiente para estar
dentro dele. Não possui moradia, mas dá nascimento a todos os nomes dos existentes e
dos inexistentes.
Pessoas reais incorporam isso por meio da vacuidade aberta, da uniforme indiferença,
clara pureza e completa simplicidade, não se imiscuindo com as coisas. Sua retidão
perfeita é o Tao do Céu e da Terra, por isso são chamadas de pessoas reais.
O Tao é o fundamento ontológico último de todas as coisas, a regra que dá forma a todas
as regras. Estando acima de todas as coisas como seu fundamento, não possui as
limitações das coisas. É imóvel e silencioso em si mesmo, desconhecido e
indiferenciado. As diferenciações pertencem aos entes e não ao Princípio. Não possui
moradia, isto é, não está em nenhum lugar, mas sim em todos simultaneamente, dado
que dá origem a tudo o que existe e também ao que não existe.
Vazio significa que não há fardo no interior. Equanimidade significa que o espírito está
desobstruído. Quando os desejos usuais não o incomodam, essa é a consumação do
vazio. Quando não há desejos ou aversões, essa é a consumação da equanimidade.
Quando está íntegro e imutável, essa é a consumação da quietude. Quando não está
misturado com as coisas, essa é a consumação da pureza. Quando não lamenta nem
exulta, essa é a consumação da retidão.
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Leia também: Νεκροµαντεῖον: taoísmo (oleniski.blogspot.com)
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