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"Quando as pessoas perdem sua natureza essencial por causa dos desejos, suas ações
nunca são corretas. Governar uma nação dessa forma resulta em caos, governar a si
mesmo dessa forma resulta em corrupção."
Lao Tzu (⽼⼦) ensina que os desejos afastam os homens de sua verdadeira natureza, o
Tao (道). Os desejos pelas coisas turvam a mente e perturbam a mansidão originária do
Princípio Supremo. Quando o homem deseja algo, não vê as coisas tais como elas são
em sua inteireza, mas somente tem olhos para o que lhe é útil ou apetecível.
O sábio, por outro lado, vive na natureza essencial, no Tao, e não usa seu saber para
explorar as coisas ou deixa que os desejos perturbem a harmonia. Ele está seguro e
centrado em qualquer situação. Porém, poucos são capazes de o imitar por conta dos
apegos às coisas do mundo.
Há somente cinco notas musicais, mas as variações são tantas que está para além de
nossa capacidade ouvi-las. Há somente cinco sabores, mas as variações são tantas que
está para além de nossa capacidade de degustá-las. Há somente cinco cores, mas as
variações são tantas que está para além de nossa capacidade de enxergá-las.
Quando a primeira nota é estabelecida, as cinco notas são definidas. Quando a doçura é
estabelecida, os cinco sabores são definidos. Quando o branco é estabelecido, as cinco
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cores são definidas. Em termos do Tao, quando o Uno é estabelecido, todas as coisas
nascem. O Uno se aplica a tudo. Ele é profundo como o oceano, vasto como as nuvens.
Parece com o nada, porém existe. Parece estar ausente, mas está presente.
Os desejos não permitem que as coisas sejam o que são, enxergam tudo pela ótica da
utilidade. O sábio vive no Tao e, portanto, no origem equânime de todas as coisas. Deixa
as coisas serem o que são, não interfere no seu curso natural. Sua ação é não-ação, "wu
wei" (無為).
Lao Tzu, no Livro de Wen-Tzu,8,diz que "a totalidade de todos os seres passa por uma
única abertura. As raízes de todas as coisas emergem de um único portão." Uma vez
estabelecida a unicidade, toda a vastidão dos entes torna-se real. O Uno é a realidade
primordial presente em tudo e que dá origem a tudo.
O não-ser dá origem ao ser. O vazio não é a ausência absoluta, mas sim a plenitude que
a tudo abarca na qualidade de Princípio de tudo. É informe, pois é ontologicamente
anterior à toda e qualquer forma, anterior às dez mil coisas. O olhar do sábio vê os seres
todos a partir dessa unicidade originária que estabelece todos os entes.
Por isso, seu olhar é equânime, sem exaltações, seguro e sereno em quaisquer
situações. Ele nunca perde sua natureza essencial em nome dos desejos, dos apegos ou
das aversões. Para ele tudo é reunido em uma interioridade singular, sem começo e sem
fim.
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4 comentários:
Grata!
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Abraços
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