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Conversas

Prof. Sales
Profeduc 2020
23/03/2020
• Movimento fenomenológico
• Edmund Husserl
• Maurice Merleau-Ponty
• Joel Martins
• Maria Aparecida Viggiani Bicudo
O MUNDO PERCEBIDO E O MUNDO DA
CIÊNCIA
• Ele está criticando o que está posto, que
devemos buscar as informações nos outros,
nos que supostamente sabem sobre o
assunto. E diz na p.13.
O mundo verdadeiro não são essas luzes,
essas cores, esse espetáculo sensorial que
meus olhos me fornecem, o mundo são as
ondas e os corpúsculos dos quais a ciência
me fala e que ela encontra por trás dessas
fantasias sensíveis. (p.13) ( crítica)
• Embora seja importante saber o que os
cientistas dizem porque é com base nessas
informações que a tecnologia progride e a
ciência avança. Ele vai dizer que a luz não é
apenas isso que vejo, a cera não é apenas o
que vejo ou sinto.
O limão não é uma frutinha azeda apenas. Ele
tem vitamina C, é rico em outras
propriedades, tira o cheiro de peixe da mão, é
anti-inflamatório, tem um sumo que serve
para dar sabor a alguma coisa.
• Pode inclusive produzir alergia em outros.
O limão é mais do que aquilo que se vê e do
que falam dele e você só conhece
verdadeiramente o limão usando ele e não
lendo em livros sobre ele.
Ele não está dizendo que o que falam dele
está errado ou que não se deve buscar
essas informações. Ele está dizendo que o que
falam do limão, para você, não é tudo. O
limão é mais do que aquilo que lhe dizem.
Relâmpago para um físico é uma descarga
elétrica.
• Para quem teve um parente ou
presenciou alguém morrendo por um raio,
relâmpago ainda é descarga elétrica, mas é
algo mais. Ele é a foice da morte.
• Portanto, o conhecimento válido não é
somente o da ciência. A experiência também é
importante.
• Aprendemos não somente nos livros, mas
também com vida.
• As ações de um professor comprometido
podem não ser científicas, mas também
resolvem problemas.
Cap II
• Defende a não separação das coisas.
• Eu estou no mundo e o mundo está em mim.
• Porque ele não tem uma visão física das
coisas, mas uma visão social e emocional.

• É nesse sentido que ele difere de Descartes,


de Marx e de Comte.
• Ele fala da pintura clássica, com a perspectiva,
o olhar posto no horizonte. Ele fala que a arte
é mais do que isso, é mais do que a técnica, é
mais do que a perspectiva. Ela é esse todo.

• Hoje dança-se com o “meu corpo”, antes se


adequava ao corpo do outro.
• Cap. II
• “Torna-se impossível distinguir rigorosamente
o espaço das coisas no espaço, a ideia pura do
espaço do espetáculo concreto que nossos
sentidos nos oferecem.”
• “O espaço da pintura moderna, dizia
recentemente Jean Paulhan, é ‘o espaço
sensível ao coração’, onde também estamos
situados, próximos de nós, organicamente
ligados a nós.”
• A arte é como a pessoa sente o mundo, não
representa o que o mundo é.
• A arte não é ciência, ela não explica o mundo,
mas nem por isso é menos importante.
• A geometria não é aquela figura, é o que eu
vejo na figura.
• “O homem não é um espírito e um corpo, mas
um espírito com um corpo, que só alcança a
verdade das coisas porque seu corpo está
como que cravado nelas.”
• Também não há um órgão do amor e outro do
ódio. Quando se ama, ama-se de corpo todo.
• Isso tem consequência na medicina. Antes
você ia ao médico com um problema na unha,
ele olhava só a sua unha.
• Hoje ele já sabe que aquela unha pode estar
atrapalhando você ir numa festa e sugere um
sapato ou adia a cirurgia. Dá um remédio para
estabilizar e esperar uns dias.
Cap III
• Defende a não fragmentação dos objetos.
• A psicologia clássica separa os atributos do
objetos: cor é uma coisa que não tem nada a
ver com o sabor, a sua aparência física não
nada a ver com o seu ser interior, a cor dos
seus cabelos não reflete o seu pensamento.
Nós avaliamos o outro considerando a sua maneira de sorrir, os seus
gestos, o seu tamanho, entre outras coisas, fazendo com que esse
conjunto de ideias forme uma “figura moral”, segundo o autor, desse
ser.
• Ele defende a psicologia moderna que
entende ( ou a psicologia moderna é
fenomenológica) que a cor influencia no
sabor, porque ela influencia os meus
sentimentos sobre a fruta. Ao ver a cor eu
sinto ou avalio o sabor.
• Quando vemos uma manga verde a gente
pensa: azeda. Se vemos uma manga
amarelada, dizemos: já está saborosa.
• Para ele o sabor é sabor para alguém, a
consciência é consciência de alguma coisa.
• Por isso o fenômeno não é a soma das partes,
é o todo. Vemos por partes, sentimos por
partes, avaliamos por partes, mas
entendemos o todo.
A Metáfora da Água
• A água é disforme, ela não tem forma própria.
• Mas ela possui uma qualidade que todos os
objetos têm: ela não sobe sozinha.
• Ela se apresenta como algo desequilibrado.
• Mas ela é agua exatamente por isso, quando
ela adquire forma não é mais água é gelo.
• Ela é água porque não tem forma, é água
porque não sobe sozinha (seria vapor).
• Cap III
• “A unidade da coisa não se encontra por trás de cada
uma de suas qualidades: ela é reafirmada por cada
uma delas, cada uma delas é a coisa inteira”.
• “As coisas não são, portanto, simples objetos neutros
que contemplaríamos diante de nós; cada uma delas
simboliza e evoca para nós uma certa conduta, provoca
de nossa parte reações favoráveis ou desfavoráveis, e é
por isso que os gostos de um homem, seu caráter, a
atitude que assumiu em relação ao mundo e ao ser
exterior são lidos nos objetos que ele escolheu para ter
à sua volta, nas cores que prefere, nos lugares onde
aprecia passear.”
• “O homem está investido nas coisas, e as
coisas estão investidas nele.”
• “Líquido é por definição o que prefere
obedecer ao peso a manter sua forma, o que
recusa toda forma obedecer a seu peso. E que
perde toda compostura por causa dessa ideia
fixa, desse escrúpulo doentio [...]” – Francis
Ponge
Cap IV
• Para Descartes somente o homem adulto
conhecia porque pensava. Todos os animais
eram mecânicos, seguiam instintos. Os loucos
também eram sub-humanos porque não
tinham o domínio da razão. De igual modo as
crianças, por serem heterônomas, não terem
o autocontrole não tinham direitos, não
sabiam o que queriam. Criança não sabe o
que quer me disseram muitas vezes.
• Para Merleau-Ponty há imperfeição em todos
os níveis, inlusive nos homens chamados
normais. A incompletude está presente, logo o
adulto tem pouco a se considerar superior aos
animais.
• Se os animais não tem razão plenamente
desenvolvida, eles têm sentimentos. Os loucos
pensam e sentem, as crianças pensam e
sentem. O pensamento dos loucos e das
crianças tem algumas imperfeições do nosso
ponto de vista, mas é devido as suas
condições de vida.
• Foi essa visão de fenomenologia que provocou
essa mudança que estamos vivendo hoje:
respeito ao deficiente, respeito à criança,
respeito aos animais.
• Essa visão de que eles não são inferiores, estão
sob outras condições não escolhidas,
desencadeou esse processo de respeito que
estamos vivendo hoje (atrasados, mas tudo bem).
Foi a fenomenologia que provocou.
• Ele fala da Igreja Católica, porque ela e as
religiões de forma geral, coloca o homem no
topo. Inclusive o masculino ( o gênero homem)
superior à mulher
• Que a fenomenologia vai se opor dizendo que
não há superioridade, há condições de vida
diferentes.
• Esse superior tem que ser justificado. Tem que
ser dito em que aspecto.

• Para a fenomenologia cada um percebe uma


parte, mas o todo é outra coisa, é o conjunto
de fatores. É o conjunto de fatores
interligados.
• Descartes separou o homem em razão e
emoçao, espírito e corpo, Marleau-Ponty disse
que o homem é as duas coisas interagindo
entre si.

• Para Merleau-Ponty o ser é ser social. Olhar o


animal biologicamente é uma coisa, olhar
socialmente é outra coisa.
• O olhar biológico é redutor. O animal é coisa, é
alimento, é enfeite. O olhar social é outra
coisa; o animal sente, tem afeto, é senciente.
Cap IV
• Ele fala de voltar a atenção para o mundo,
para as coisas quer acontecem.

• Que as casas, as ruas, as cidades refletem as


condutas humanas. Ela não são abstratas.
• O pensamento clássico abandona as crianças,
despreza os loucos e os animais.
• Para o pensamento clássico a razão é um
direito divino e não produto da experiência.
• Por isso o adulto que pensa, que sabe, é
normal e o outro é anormal. Não se leva em
conta as oportunidades sociais de um e de
outro.
• Os animais também resolvem problemas,
próprio do mundo deles.
• Um cachorro não abre um cadeado com um
chave não porque lhe falta inteligência, mas
porque não tem mão para segurar a chave.
Cap V
• Nós nos conhecemos não pela cor dos cabelos, mas
também por ela; não pela altura, mas também por ela;
não pelo nome, mas também por ele.

• Não existe, pois, um espírito puro, e é por isso que


deve ser ressaltada a reflexão sobre como se dá a
relação entre os homens, e mais, de como ela é
necessária. E não só ela, como o julgamento, a
convivência, a crítica, que também se apresentam
necessárias aos homens, já que esses possuem um
destino único.
• Ele não está discuitindo o ser biológico, mas o
ser social.
• Cap V
• “Só sentimos que existimos depois de já ter
entrado em contato com os outros, e nossa
reflexão é sempre um retorno a nós mesmos
que, aliás, deve muito à nossa frequentação
do outro.”
• “Nosso contato conosco sempre se faz por
meio de uma cultura, pelo menos por meio de
uma linguagem que recebemos de fora e que
nos orienta para o conhecimento de nós
mesmos.”
Cap VI A ARTE E O MUNDO PERCEBIDO

• Ele fala do mundo percebido pelo artista.


Para o artista que pinta uma casinha de sapé
no sopé de um monte ao lado de um
lago cristalino aquilo contém a essência do
mundo (para ele), mundo sentido. O sentido
que ele dá para o mundo. Cavalos galopando
representam a essência da liberdade, o vigor
da juventude, que é o mundo percebido
(desejado) pelo artista.
• Viver no mundo para ele é dar asas à
imaginação, é sentar ao lado de um lago, é
viver na simplicidade de um casebre.
• Ele fala que perceber não é definir. Logo o
artista não diz que o mundo é daquele
jeito, diz como ele percebe. A arte não é livre
ela é escrava da percepção do artista.
A arte não representa o objeto, representa a
percepção do artista.
Veja “ La Guernica” de Picasso. Como ele viu a
ação dos homens na guerra.
• Uma teoria é como o teórico vê o mundo:
marxismo é uma forma de ver o mundo,
positivismo é uma forma de ver o mundo,
estruturalismo é um a forma de ver o mundo,
mas o mundo não é só isso.
Lembra a alegoria dos 6 cegos e o elefante?
O artista escolhe episódios, o teórico escolhe
a visão que ele quer olhar a
sociedade, a educação. Você escolhe como
quer ver a educação, uma escolha
condicionada ao seu mundo-vida.
• A arte revela como o artista vê o mundo, o
discurso revela como o sujeito vê o
mundo (às vezes com olhos dos outros).
Cap. VII
O MUNDO CLÁSSICO E O MUNDO MODERNO

• Enquanto os clássicos viam o mundo como


sendo perene, constante, coerente, em
progresso linear, os modernos veem o mundo
em ruptura, truncamentos, cada fato
sendo suplantado pelo outro, cada paradigma
como transitório, como ambíguo
• “Efetivamente, é preciso reconhecer que os
modernos (de uma vez por todas,
desculpo-me pelo que há de vago nesse tipo
de expressão) não têm nem o dogmatismo
nem a segurança dos clássicos, quer se trate
da arte, quer do conhecimento, quer da
ação. O pensamento moderno oferece um
caráter duplo de incompletude e de
ambiguidade que permite falar, se quisermos,
de declínio ou de decadência.
• Concebemos todas as obras da ciência como
provisórias e aproximativas, enquanto
Descartes acreditava poder deduzir de uma
vez por todas as leis do choque dos corpos a
partir dos atributos de Deus. Os museus estão
repletos de obras às quais parece que
nada pode ser acrescentado, enquanto nossos
pintores levam ao público obras que
parecem, por vezes, ser meros esboços. E
essas mesmas obras são tema de
intermináveis comentários, porque seu
sentido não é unívoco”
• As obras de Michelângelo foram feitas para
serem insuperáveis, educava-se para
vida toda, formava-se um profissional para
vida, tornava-se um monarca para toda uma
geração, hoje um presidente fica um tempo
limitado, os profissionais precisam estar em
constante atualização, as artes são feitas para
serem substituídas, educa-se para se educar.
• Aqui ele mostra o anacronismo das ditaduras.
Mas a fenomenologia entende que o mundo é
mais do que isso, a educação é mais
do que isso.
Quando você pesquisa norteado por outro
paradigma você vai ver a educação, ou a
práxis, ou o ensino da matemática ou da
história, na perspectiva aquele paradigma.

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