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Ásia Central e Meridional

A literatura indiana contém inúmeras referências às forças de cavalaria dos nómadas


da Ásia Central, como os Sacas, os Tocarianos, os cambojas, os javanas, Paalavas e
os Paradas. Numerosos textos purânicos referem-se a uma antiga invasão da Índia,
no século XVI a.C., pelas forças de cavalaria de cinco nações, chamadas as "Cinco
Hordas" (Pañca Ganah) ou as "Hordas de Xátria" (Kśatriya Ganah), que capturaram o
trono de Ayodhya, ao destronarem o rei védico Bahu.
O Maabárata, o Ramayana, numerosos puranas e algumas fontes estrangeiras atestam
que o serviço da cavalaria dos cambojas era frequentemente solicitado nas guerras
antigas. O Maabárata fala, em 950 a.C., de uma estimada cavalaria de cambojas, Sacas,
javanas e Tocarianos, dos quais, todos eles participaram na Guerra de Kurukshetra, sob o
comando supremo do governante Sudakshina Camboja.

Cavaleiros tártaros
A importância do cavalo (ashya) como ponto fulcral na cultura dos Kambojas, tornou-os,
popularmente, conhecidos como "Ashvakas" (cavaleiros) e a sua terra como "Terra dos
Cavalos". Os Assakenoi (que se pensam ser tribos dos Ashvakas) enfrentaram Alexandre
o Grande com 30 000 soldados de infantaria, 20 000 de cavalaria e 30 elefantes de
combate. Estas tribos ofereceram uma tenaz resistência contra Alexandre, nas suas
campanhas nos vales de Cabul, de Kunar e de Swat, ganhando a admiração dos próprios
macedónios.
Os Kambojas organizaram-se em corporações militares (sanghas e srenis) para
administrarem os seus assuntos políticos e militares. As referências indicam que os
Kambojas formavam, pois, uma nação em armas, inclusive fornecendo serviços militares a
nações estrangeiras. Inclusive, existem numerosas referências ao recrutamento da
cavalaria dos Kambojas por outros povos.
Os Hunos, os Tártaros, os Tujue, os Ávaros, os quipchacos, os Mongóis, os Cossacos e
os diversos povos turcos também são exemplos de povos equestres que conseguiram
obter bastantes sucessos em conflitos militares com povos agrícolas sedentários e com
sociedades urbanas, devido à sua mobilidade tática e estratégica. Alguns destes povos
foram recrutados, como cavalaria, por diversos estados europeus, sendo, normalmente
usados como exploradores e incursores. O exemplo mais conhecido, de um emprego
continuado dessa cavalaria, foram os regimentos a cavalo de Cossacos usados,
pela Rússia, até ao século XX.
Extremo Oriente
Imperador Qianlong equipado como cavaleiro
couraçado chinês
A história militar da China relata uma longa troca de experiências entre as forças de
infantaria chinesas do Sul e os "bárbaros" montados do Norte. Em 307 a.C., o rei Wuling
de Zhao, ordenou aos seus comandantes militares e às suas tropas, que
adotassem calças como os nómadas, bem como que praticassem o seu sistema de tiro
com arco a cavalo. Depressa, as táticas de cavalaria adotadas pelo reino de Zhao
forçaram os seus inimigos dos outros reinos combatentes a adotar as mesmas técnicas.
A adoção da cavalaria de massas na China, também quebrou a tradição do uso em
combate, do carro puxado a cavalos pela aristocracia chinesa, que existia desde cerca
de 1 600 a.C., durante a Dinastia Shang. Por esta altura os grandes exércitos chineses
com de 100 000 a 200 000 soldados de infantaria, passaram a ser apoiados por várias
centenas de soldados a cavalo.
Em muitas ocasiões, os Chineses estudaram as táticas de cavalaria nómadas e aplicaram-
nas na criação das suas próprias forças poderosas de cavalaria. As táticas chinesas de
cavalaria foram reforçadas pela invenção dos estribos presos à sela, ocorrida já pelo
menos no século IV, como mostram as evidências.
A cavalaria foi introduzida na Coreia, pela primeira vez, durante o período Gojoseon. Os
antigos japoneses também adotaram a cavalaria e a criação de cavalos, por volta
do século V a.C..
Europa medieval
Ver artigo principal: Cavalaria medieval
Cavaleiros medievais europeus

Cavaleiros cristãos e muçulmanos


da Reconquista da Península Ibérica
Apesar da cavalaria romana não usar estribos, as selas usadas permitiam boas
estabilidade e flexibilidade. No entanto a adoção dos estribos e de selas mais
aperfeiçoadas permitiram uma maior eficiência no combate a cavalo, durante a Idade
Média. Os estribos e as novas selas permitiam que mais peso, tanto do homem como da
sua sua armadura, pudessem ser suportados em cima do cavalo. Em particular, uma carga
com a lança presa nas axilas já não se iria transformar num "salto com vara", permitindo
um enorme aumento do impacto da carga a cavalo. Por último, mas não menos
importante, a introdução das esporas veio permitir um melhor controlo da montada durante
a carga de cavalaria a todo o galope. Na Europa Ocidental emergiu o que é considerado o
expoente máximo da cavalaria pesada: o cavaleiro ou homem-de-armas medieval. Os
cavaleiros carregavam em formação cerrada, trocando a flexibilidade por uma primeira
carga massiva e irresistível.
Os homens-de-armas a cavalo, depressa, se tornaram numa importante força nas táticas
da Europa Ocidental, devendo, no entanto, observar-se que a doutrina militar medieval
definia que os mesmos deveriam ser empregues como parte de uma força de armas
combinadas, juntamente com os vários tipos de tropas a pé. No entanto, os cronistas
medievais tendiam a dar uma indevida atenção aos nobres cavaleiros, em detrimento da
infantaria (forças apeadas), compostas por membros das classes mais baixas. Isto poder
dar a impressão que a cavalaria era a única força a ter em conta nas batalhas medievais
europeias, o que está longe da realidade.
Formações massivas de arqueiros ingleses venceram a cavalaria francesa nas batalhas
de Crécy, Poitiers e de Agincourt. Nas batalhas de Bannockburn, de Lupen e
de Aljubarrota, os soldados a pé escoceses, suíços e portugueses, respetivamente,
provaram ser quase invulneráveis às cargas de cavalaria, desde que mantivessem a
formação. No entanto, a ascensão da infantaria como a principal arma teria que esperar
até aos Suíços transformarem seus quadrados de piques, numa formação ofensiva, em
vez de, apenas, defensiva. Esta nova doutrina agressiva deu, à Suíça, vitórias sobre uma
série de adversários, levando os seus inimigos a descobrir que a única maneira de os
derrotar seria através do uso de uma doutrina de armas combinadas ainda mais
abrangente, como veio a acontecer na Batalha de Marignano, onde os Franceses
e Venezianos conseguiram derrotar os Suíços. O desenvolvimento de armas de projeção,
mais potentes, como o arco longo, a besta e os canhões de mão, também ajudaram a
mudar a focalização nas elites de cavalaria para as massas de infantaria económica,
equipada com armas operáveis com uma fácil aprendizagem. Estas armas tiveram
bastante sucesso nas Guerras Hussitas, em conjunto com a utilização dos fortes de
carroças.
A ascensão gradual do domínio da infantaria levou à adopção de táticas de combate
desmontado. Desde os tempos mais remotos, que os homens-de-armas a cavalo, tinham,
frequentemente, que desmontar para lidar com inimigos com os quais não podiam lidar em
cima do cavalo. A partir da segunda metade do século XVI essa tática tornou-se bastante
mais importante, com os homens-de-armas a desmontarem e a combaterem como uma
infantaria superpesada, usando montantes e achas-de-armas, seguras com as duas mãos.
De qualquer modo, a guerra, na Idade Média, tendia a ser dominada mais por incursões e
cercos do que por batalhas campais, não aos homens-de-armas outra escolha que não a
desmontar para assaltar fortificações.

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