A análise de alguns nomes com que Deus é chamado na
Bíblia serve como revelação adicional do caráter de Deus. Além disso, o uso do “nome do Senhor” sempre foi visto com muita reverência. Invocar o nome do Senhor era o mesmo que adorá-lo ( Gn 21.33). Usar seu nome em vão era desonrá-lo ( Ex 20.7). Assim, percebemos que podemos aprender sobre o caráter e sobre o relacionamento com Deus por meio do estudo de nomes aplicados a ele nas Escrituras. A) ELOHIM O termo hebraico Elohim é utilizado para se referir à divindade geral e significa que Deus é o forte, o líder poderoso, a divindade suprema. Geralmente é traduzido na nossa Bíblia como Deus. É interessante notar que Elohim é empregado na forma plural. A terminação “im” é usada para indicar o plural em hebraico assim como a letra “s” na língua portuguesa. Existem várias possíveis razões para isso, mas a mais provável é que o plural, nesse caso, tenha a intenção de enaltecer o poder de Deus. Isso é conhecido como “plural de majestade”. Esse uso fica claro ao notar-se que os verbos, adjetivos e pronomes ligados a Elohim no AT aparecem na forma singular evidenciando não se tratar de vários deuses e sim de um Deus Todo-poderoso. Algumas implicações surgem do uso do nome Elohim aplicado a Deus: a) A soberania de Deus ( Dt 10.17; Jr 32.27); b) A ação de Deus como o criador ( Gn 1.1; Is 45.18; Jn 1.9); c) O juízo de Deus ( Sl 50.6; 58.11). d) As obras poderosas de Deus em favor de Israel ( Sl 68.7-8). Algumas derivações desse nome também servem para nos revelar mais um pouco de Deus: a) El Shaddai – Traz a ideia do Deus Todo-poderoso assentado sobre uma montanha. Assim Deus se apresentou aos patriarcas ( Gn 17.1; Ex 6.3; Sl 91.1-2); b) El Elyon – Significa Deus altíssimo e enfatiza a força, a soberania e a supremacia de Deus ( Gn 14.19); c) El Olam – Significa Deus eterno e aponta para a imutabilidade de Deus ( Gn 21.33); d) El Roi – Significa Deus que se vê ( Gn 16.13-14). Agar o chamou assim quando Deus falou com ela antes do nascimento de Ismael. B) YAHWEH Esse nome também é conhecido por Jeová. Na nossa Bíblia geralmente aparece no AT como Senhor em letras de caixa alta para diferenciarmos esse nome de outros que têm a mesma tradução (SENHOR). É também traduzido como EU SOU e significa que Deus é autoexistente. Apesar de várias pessoas no início do AT tratarem Deus por esse nome, somente a Moisés foi dado conhecer seu sentido mais profundo quando Deus se apresentou como “EU SOU O QUE EU SOU” ( Ex 3.14). Yahweh era o nome pessoal de Deus pelo qual era conhecido por Israel. Depois do exílio, foi considerado um nome sagrado e não era mais pronunciado. Em lugar dele era usado Adonai. Algumas implicações surgem do uso do nome Yahweh: a) A autoexistência imutável de Deus ( ver Jo 8.58 conforme Ex 3.14); b) A presença constante de Deus entre seu povo ( Ex 3.12 cf. v.14); c) O poder de Deus para agir em benefício do seu povo e para manter sua aliança com ele ( Ex 6.6). Algumas derivações desse nome também servem para nos apontar vários tipos de atuação de Deus para com a criação e para com seu povo: a) Yahweh Jireh – Significa “o SENHOR proverá” ( Gn 22.14). b) Yahweh Nissi – Significa “o SENHOR é minha bandeira” ( Ex 17.15); c) Yahweh Shalom – Significa “o SENHOR é paz” ( Jz 6.24); d) Yahweh Sabbaoth – Significa “o SENHOR dos exércitos” ( 1 Sm 1.3); e) Yahweh Maccadeshkem – Significa “o SENHOR que vos santifica” ( Ex 31.13); f) Yahweh Raah – Significa “o SENHOR é meu pastor” ( Sl 23.1); g) Yahweh Tsidkenu – Significa “SENHOR, justiça nossa” ( Jr 23.6); h) Yahweh Shammah – Significa “o SENHOR está ali” ( Ez 48.35); i) Yahweh Elohim Israel – Significa “o SENHOR, Deus de Israel” ( Jz 5.3; Is 17.6). C) ADONAI Adonai, assim como Elohim, é um plural de majestade. Aparece na nossa Bíblia como “Senhor” (em letras normais) e significa senhor, mestre, proprietário ( vejam esses sentidos sendo aplicados genericamente, não em relação a Deus, em Gn 19.2 ; 40.1 ; 1Sm 1.15 ). Traz a ideia de que Deus tem autoridade absoluta sobre o homem. Josué reconheceu a autoridade do príncipe do exército do Senhor ( Js 5.14) e Isaías submeteu-se à autoridade do Senhor, seu mestre ( Is 6.8-11). O termo equivalente no NT é kyrios (Senhor). D) DEUS (THEOS) Theos é a mais frequente designação para Deus no NT. É usado para se referir a Deus, mas há também textos em que theos aponta para deuses pagãos ( At 12.22, 1Co 8.5), para o diabo ( 2Co 4.4) e para a sensualidade ( Fp 3.19). O mais importante é que Jesus é chamado de theos ( Rm 9.5; Jo 1.1,18, 20.28, Tt 2.13). Algumas implicações são: a) Ele é o único Deus verdadeiro ( Mt 23.9; Rm 3.30; 1Tm 2.5); b) Ele é inigualável ( 1Tm 1.17; Mt 6.24); c) Ele é transcendente ( At 17.24; Hb 3.4; Ap 10.6); d) Ele é o Salvador ( 1Tm 1.1; 2.3; 4.10). E) SENHOR (KYRIOS) Das 717 vezes em que kyrios aparece no NT, 210 vezes aparece nos escritos de Lucas e 275 nos de Paulo (67,7%). Kyrios enfatiza autoridade e supremacia. Pode significar: a) Senhor ( Jo 4.11); b) Dono ( Lc 19.33); c) Mestre ( Cl 3.22); d) Ídolos ( 1Co 8.5); e) Maridos ( 1Pe 3.6). Quando aplicado a Deus, expressa especialmente sua condição de criador, seu poder e domínio justo sobre o universo. Jesus foi chamado de kyrios no sentido de “rabi” ou “Senhor” ( Mt 8.6). Quando Tomé o chamou de “Senhor meu e Deus meu”, atribuiu a ele divindade absoluta ( Jo 20.28). A ordem de Rm 10.9 significa reconhecer Jesus com a natureza e os atributos que pertencem somente a Deus. Assim, a essência do cristianismo é reconhecer que Jesus é o yahweh do AT. F) MESTRE (DESPOTES) Despotes dá a ideia de propriedade, enquanto kyrios dá ideia de autoridade. Deus é chamado várias vezes de despotes ( Lc 2.29; At 4.24, Ap 6.10). Jesus é chamado de despotes duas vezes ( 2Pe 2.1; Jd 4). G) PAI Deus é apresentado no NT como Pai. No AT o nome Pai designa Deus 15 vezes. No NT isso acontece 245 vezes. As atuações de Deus ressaltadas pelo nome Pai demonstram que ele dá: a) Graça e paz ( Ef 1.2; 1Ts 1.1); b) Boas dádivas ( Tg 1.7); c) Mandamentos ( 2Jo 4); d) Respostas de oração ( Ef 2.18; 1Ts 3.11).