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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


COLEGIADO DE MEDICINA

CLARA MOUCHREK GRANHA


HANNA SANTOS MARQUES
JOÃO VICTOR AMORIM CORDEIRO
JORDANA BRANDÃO DE SOUZA
MARIANA OLIVEIRA SALAMARGO
VALÉRIA BRUNA SOUSA BATISTA

PROJETO DE INTERVENÇÃO: panfleto informativo para pacientes com


suspeita de dengue

VITÓRIA DA CONQUISTA
2024
CLARA MOUCHREK GRANHA
HANNA SANTOS MARQUES
JOÃO VICTOR AMORIM CORDEIRO
JORDANA BRANDÃO DE SOUZA
MARIANA OLIVEIRA SALAMARGO
VALÉRIA BRUNA SOUSA BATISTA

PROJETO DE INTERVENÇÃO: panfleto informativo para pacientes com


suspeita de dengue

Proposta de intervenção realizada pelos


discentes do grupo C do Internato de
Atenção Básica, a partir da experiência
na unidade de saúde da família Urbis V, e
entregue à coordenação da disciplina
como requisito parcial para obtenção de
grau de Bacharel em Medicina pela
Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia, campus de Vitória da Conquista.
Orientador (a): Dr. Antônio Xavier.

VITÓRIA DA CONQUISTA
2024
1 INTRODUÇÃO

Arboviroses são doenças virais, geralmente transmitidas por mosquitos, que


representam causas importantes de agravos à saúde em países tropicais e
subtropicais devido, principalmente, à grande dificuldade de controle vetorial e à falta
de imunização e terapia antiviral eficiente. Entre as arboviroses mais relevantes nos
meios urbanos atualmente destacam-se aquelas transmitidas pelo mosquito Aedes
aegypti: dengue, zika e chikungunya.
A dengue é a arbovirose urbana mais comum no mundo e de eminente
importância nas Américas, responsável por epidemias de alto impacto
socioeconômico, implicando, dessa forma, em um relevante problema de saúde
pública. No Brasil, a dengue continua sendo a doença arboviral de maior incidência,
mesmo após a identificação da chikungunya e da zika. A maioria dos casos se
apresenta de forma oligossintomática ou mesmo assintomática, uma pequena
parcela deles evoluem com doença febril miálgica autolimitada, e numa proporção
muito menor, pode apresentar complicações graves, como desidratação severa,
disfunção hepática, plaquetopenia, hemorragia e choque, podendo, assim, levar ao
óbito, geralmente em grupos de maior vulnerabilidade.
Nos últimos anos, junto à intensificação das alterações climáticas,
observou-se um aumento expressivo das arboviroses. Isso, de acordo com o
InfoDengue (Fundação Oswaldo Cruz), se dá pois a elevação da temperatura média
global, as alterações no regime pluviométrico e a crescente ocorrência de desastres
ambientais influenciam diretamente no ciclo das arboviroses, favorecendo o
aumento da população vetorial, a multiplicação viral e o contato do homem com o
vetor.
No contexto nacional atual, de acordo com especialistas ouvidos pela Agência
Senado, o calor intenso e alta densidade pluviométrica desde o fim do ano passado,
a circulação simultânea de todos os quatro sorotipos do vírus da dengue e o
crescimento das cidades estão entre as razões mais evidentes da ascensão da
doença em 2024. Foram registrados 524 mil casos, cerca de 12 mil infecções por
dia, no primeiro mês e meio do ano, número quatro vezes maior que o do ano
anterior, podendo representar a pior epidemia de dengue da história do país.
Na atenção primária, o aumento expressivo da demanda por atendimento
médico em razão de síndrome febril tem gerado sobrecarga da equipe de saúde e
esgotamento de recursos materiais, como foi observado pelo grupo de internato de
Medicina da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) durante período
de prática na Unidade de Saúde da Família (USF) Urbis V em Vitória da
Conquista/BA entre 05 de fevereiro e 22 de março de 2024. Notou-se que a
problemática é potencializada pela busca equivocada do serviço por falta de
compreensão da população acerca dos sintomas que são esperados na dengue e a
duração destes em detrimento dos sinais de alarme. Esse fato resulta em consultas
desnecessárias e um direcionamento inadequado de atenção e recursos, o que
compromete, ainda mais, o acesso aos serviços por aqueles que mais necessitam
no momento ou que ainda não passaram por atendimento médico.
Diante disso, a intervenção proposta para a situação identificada consiste na
elaboração de um panfleto digital, baseado em informações e dados fornecidos pelo
Ministério da Saúde, informando aos usuários da USF Urbis V a respeito do tempo
necessário para remissão dos sintomas, orientações detalhadas para a hidratação
oral, a necessidade de direcionar os recursos da unidade para os pacientes que
precisam ser priorizados, instruções para combate do Aedes aegypti na
comunidade, sinais de alarme na presença dos quais deve-se buscar atendimento
imediato, medicamentos contraindicados e importância de não realizar
automedicação.
O grupo propõe que o panfleto digital seja disponibilizado aos médicos da
unidade de saúde para ser impresso e entregue aos pacientes na suspeita de
dengue durante a primeira consulta, com a finalidade de facilitar a orientação
adequada ao paciente, bem como evitar retornos desnecessários, diante da evidente
sobrecarga do serviço.
2 JUSTIFICATIVA

Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), a incidência


global da dengue aumentou de forma considerável nas últimas duas décadas
globalmente, sendo que a Região das Américas concentra cerca de 80% dos casos
mundiais. No Brasil, essa realidade não é diferente. De acordo com dados da OPAS,
o número de casos registrados nas primeiras cinco semanas epidemiológicas de
2024 foi de 455.525, representando um aumento de 218% em comparação com a
média dos últimos 5 anos para o mesmo período no país.
Em concordância com os dados referentes ao cenário nacional, a situação
epidemiológica da Bahia também é preocupante. Conforme dados da Diretoria de
Vigilância Epidemiológica (Divep) da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia
(Sesab), até o dia 23 de março de 2024, foram notificados 81.428 casos prováveis
da doença em todo o estado, registrando um Coeficiente de Incidência (CI) de 575,8
casos/100.000 habitantes. No mesmo período de 2023, foram notificados 13.854
casos possíveis, o que representa um aumento de 487,8%. Além disso, são 285 os
municípios baianos que encontram-se em epidemia de dengue, sendo que Vitória da
Conquista, Salvador e Feira de Santana lideram o ranking de municípios com maior
número de casos prováveis de dengue neste ano.
A cidade de Vitória da Conquista, segundo dados da Sesab, apresenta, até o
momento atual, 11.627 casos prováveis de dengue, o que representa 134,3% a mais
de agravos notificados quando comparados com Salvador, segunda cidade com
maior número de casos suspeitos desta arbovirose na Bahia, que conta com 4.962.
Diante da situação epidemiológica citada, observa-se, em Vitória da
Conquista, uma procura crescente por atendimento médico por pacientes com
síndrome febril aguda. Na tentativa de suprir tal demanda, o Governo Municipal
designou quatro unidades Sentinelas, que funcionam em horário estendido, onde
mais de 5 mil pacientes já foram atendidos nas últimas cinco semanas. No entanto,
a criação das unidades Sentinelas não foi suficiente para abarcar a necessidade
crescente de atendimento médico por parte da população. O presente grupo pôde
observar, durante o período vivenciado na USF Urbis V, em especial no mês de
março, um aumento significativo na busca por consulta por usuários com sinais e
sintomas de dengue. Este fato, tem provocado importante sobrecarga da equipe de
saúde, bem como esgotamento de recursos materiais e humanos da unidade.
Além disso, durante o acompanhamento dos atendimentos médicos e dos
serviços de triagem, foi constatado pelo grupo que muitos dos usuários que buscam
a demanda espontânea da USF Urbis V já passaram por consulta e já tiveram seu
caso conduzido, mas retornam ao serviço com dúvidas acerca da história natural da
doença. O regresso, como foi observado muitas vezes, ocorre devido a presença
considerada prolongada pelo usuário de sintomas clássicos da dengue, na ausência
sinais de alarme e gravidade e dentro do período esperado de evolução da doença.
Perante o exposto, propõe-se a criação de panfleto informativo sobre a
dengue, uma vez que, ao salientar os sintomas, o período esperado de evolução
dessa patologia e seu caráter autolimitado, bem como ao reafirmar as orientações
de tratamento e sinais de alarme, é possível promover educação em saúde para a
população atendida, de modo a direcionar a procura por atendimento médico
àqueles que ainda não foram atendidos, que fazem parte do grupo B, C e D ou que
apresentam sinais de alarme.
3 METODOLOGIA

Foi elaborado um panfleto informativo na plataforma de design gráfico Canva,


priorizando a exposição de tópicos de maneira didática, organizada e em linguagem
clara e acessível ao público geral. Foram incluídas informações julgadas pelo grupo
como indispensáveis a todos os pacientes com suspeita ou diagnóstico de dengue:
1. Tempo necessário para remissão dos sintomas;
2. Orientações detalhadas em relação à hidratação oral (fórmulas para cálculo
do volume de líquido total a ser ingerido, quais tipos de líquidos ingerir e em
qual proporção);
3. Necessidade de priorizar os recursos da unidade para os pacientes que mais
precisam de atendimento, dada a situação epidemiológica atípica;
4. Orientações para combate do Aedes aegypti na comunidade;
5. Sinais de alarme na presença dos quais deve-se buscar atendimento
imediato;
6. Medicamentos contraindicados em caso de suspeita/confirmação de dengue;
7. Importância de não realizar automedicação;
As informações incluídas no panfleto foram baseadas no Fluxograma de
Manejo à Dengue do Ministério da Saúde e no conteúdo relacionado à doença
disponível no site do Ministério da Saúde.
4 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Propõe-se que seja entregue pelos médicos e enfermeiros da unidade uma


cópia do panfleto para cada paciente com suspeita ou diagnóstico de dengue.
O grupo entende que ao possuir uma cópia impressa das orientações, os
pacientes tendem a apresentar melhor compreensão, absorção das informações e
adesão às orientações, do que nos casos em que o conteúdo é transmitido apenas
de forma oral.
Além disso, dada a grande demanda dos usuários em relação à unidade na
atual situação epidemiológica municipal, faz-se importante otimizar o trabalho dos
profissionais que, de outra maneira, precisariam despender mais tempo fornecendo
tais orientações de forma falada a cada paciente atendido.
O panfleto informativo foi anexado nas páginas a seguir.
Panfleto informativo (frente)
Panfleto informativo (verso)
REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Prevenção e controle da dengue, chikungunya e


zika. Ministério da Saúde. [s. l.], 2024. Disponível em:
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/aedes-aegypti. Acesso em
20 mar 2024.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente.


Departamento de Doenças Transmissíveis. Fluxograma do Manejo Clínico da
Dengue [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em
Saúde e Ambiente, Departamento de Doenças Transmissíveis. Brasília, 2024.

CONQUISTA, Salvador e Feira lideram casos prováveis de Dengue na Bahia.


Governo do Estado da Bahia, 2024. Disponível em:
https://www.saude.ba.gov.br/2024/03/26/conquista-salvador-e-feira-lideram-casos-pr
ovaveis-de-dengue-na-bahia/#:~:text=26%2F03%2F2024%2014%3A57&text=Ao%2
0todo%2C%20na%20Bahia%2C%20foram,aumento%20de%20487%2C8%25.
Acesso em 25 mar 2024.

DENGUE: clima, água parada e falhas do poder público causaram explosão de


casos. Agência senado, 2024. Disponível em:
https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2024/02/dengue-clima-agua-parad
a-e-falhas-do-poder-publico-causaram-explosao-de-casos. Acesso em 25 mar 2024.

Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde. Alerta


Epidemiológico: Dengue na Região das Américas. 16 de fevereiro de 2024.
Washington, D.C. OPAS/OMS. 2024. Disponível em:
file:///D:/Downloads/2024-fev-16-phe-alerta-dengue-port.pdf. Acesso em 20 mar
2024.

PREFEITURA de Vitória da Conquista atua na prevenção e enfrentamento à dengue


com diversas ações pelo município. Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista,
2024. Disponivel em:
https://www.pmvc.ba.gov.br/prefeitura-de-vitoria-da-conquista-atua-na-prevencao-e-e
nfrentamento-a-dengue-com-diversas-acoes-pelo-municipio/. Acesso em: 26 mar
2024.

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