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CURSO DE EDUCAÇÃO TECNOLOGICA DO AMAZONAS – CETAM

CURSO TÉCNICO EM VIGILÂNCIA EM SAÚDE

RESUMO: A ORGANIZAÇÃO E A PRÁTICA DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE


EM MUNICÍPIOS DE PEQUENO PORTE

BOA VISTA DO RAMOS – AM


2021
HELLEN KASSIANA DA SILVA DOS SANTOS

RESUMO: A ORGANIZAÇÃO E A PRÁTICA DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE


EM MUNICÍPIOS DE PEQUENO PORTE

Resumo apresentado a Profª. Marcilene Neves Rodrigues, do


Curso Técnico em Vigilância em Saúde, como requisito parcial
para obtenção de nota na disciplina de Organização dos
Processos de Trabalho da Vigilância em Saúde.

BOA VISTA DO RAMOS – AM


2021
RECKTENWALDT, MICHELI; JUNGES, JOSÉ ROQUE. A ORGANIZAÇÃO E A
PRÁTICA DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE EM MUNICÍPIOS DE PEQUENO PORTE.
IN. SAÚDE SOC. SÃO PAULO, V.26, N.2, P.367-381, 2017

Entende-se que a vigilância atua mediante ações específicas organizadas por meio da
Vigilância Sanitária (Visa), Vigilância Epidemiológica (VE), Vigilância Ambiental em Saúde
(VAS) e da Vigilância em Saúde do Trabalhador (VST). Essas ações visam à integralidade do
cuidado de problemas de saúde tanto individual quanto coletivo (Brasil, 2011).
Diante disso, é importante o papel da Vigilância de observar e analisar permanentemente
a situação de saúde da população de dado território para propor e articular um conjunto de ações
que visam à integralidade da atenção. Essa integração exige uma articulação com a atenção
primária, viabilizando uma reorientação dos processos de trabalho que inclua o território como
foco de atenção, agregando ações de prevenção e promoção àquelas assistenciais curativas e
reabilitadoras.
Este artigo tem o objetivo discutir as consequências da prática administrativa da
sobreposição de atribuições sobre o desempenho das funções da vigilância em pequenos
municípios, tendo presente o funcionamento da vigilância em saúde em quatro pequenos
municípios do Vale do Rio Caí (RS).
Entre os vários municípios, foram escolhidos quatro, com uma população inferior a 5
mil habitantes. Os participantes do estudo foram os profissionais das diferentes vigilâncias
epidemiológica, ambiental, sanitária e de saúde do trabalhador e os secretários de saúde dos
quatro municípios. Sendo assim, o ponto de partida para a análise foi a questão principal de
pesquisa: as consequências da concomitância de atribuições e tarefas de profissionais da
vigilância em outros serviços municipais sobre a organização e a atuação da vigilância em saúde
em municípios de pequeno porte do Vale do Caí.
A análise dos dados fez emergir duas categorias analíticas para entender a realidade da
vigilância nos municípios estudados: desvalorização da vigilância; falta de planejamento na
vigilância.
A desvalorização da vigilância se apresenta nas falas dos gestores dos municípios
pesquisados mediante aos recursos financeiros repassados, pois para a vigilância são
insuficientes para arcar com profissionais específicos de diferentes atribuições. Nessa
conjuntura, os municípios são obrigados a colocar recursos próprios para manter as equipes de
vigilância, e os gestores são levados a defender que esses profissionais não podem ser
exclusivos da vigilância, mas devem atuar também na atenção básica ou em outras áreas do
serviço público municipal.
A sobreposição de atribuições, resulta na falta de tempo, acaba fazendo com que o
serviço da vigilância fique em segundo plano. Quando os profissionais não conseguem exercer
plenamente suas funções, não alcançando as metas e não desenvolvendo o trabalho da maneira
adequada, eles relatam sentimentos negativos de sobrecarga. Esse cenário levanta uma série de
questionamentos sobre o que representa a vigilância na organização da saúde dos municípios
de pequeno porte.
Nesse contexto de particularidades e desafios, a vigilância necessita desenvolver
estratégias de atuação para dar conta das dificuldades e conseguir desenvolver suas ações,
mesmo com limitações. Observa-se, assim, que as diferentes vigilâncias apresentam
especificidades na sua organização e atuação, o qual lembra que o processo de descentralização
de responsabilidades e recursos da vigilância parece não ter oportunizado aos municípios o
preparo necessário para que pudessem dar conta das demandas que passaram a ser de sua
competência.
Tendo em vista o perfil da gestão municipal sobre a influência na forma em que a
vigilância se organiza sabendo que existem documentos de gestão que servem como
instrumentos específicos para basear o gestor no planejamento, monitoramento e avaliação das
ações em saúde, torna-se importante entender como as informações geradas pela vigilância são
utilizadas na construção desses instrumentos, já que eles devem contemplar também essa
importante área da atenção à saúde.
No que diz respeito da falta de planejamento na vigilância, avaliou-se os profissionais
dos municípios estudados, isto é, se conhecem os documentos e se, de alguma maneira,
participam da sua elaboração.
Em apreciação preliminar, os documentos de gestão não são discutidos em reunião de
equipe, na opinião da maioria dos profissionais. Dessa forma, o que se identificou entre as
equipes de vigilância estudadas é que vários profissionais desempenham também funções na
APS, com o apoio das equipes de ESF sobretudo dos agentes comunitários de saúde (ACS) que
auxiliam na veiculação de informações da vigilância. Diante desse cenário o que se percebe é
uma desvalorização e fragilização da vigilância, ocasionadas pelo tipo de gestão implementada
nos pequenos municípios que, por sua vez, depende das concepções do que seja atendimento à
saúde da população.
Mudar práticas institucionais e/ou profissionais não é tarefa fácil e requer prioridades
de investimento por parte dos gestores e desenvolvimento de atitudes profissionais que
ultrapassem o cunho de procedimentos curativos e que sejam enriquecidas por ações de
prevenção e de promoção de saúde. Desse modo, a transformação de um modelo de atenção
exige a definição de novos propósitos, superando a atenção centrada na demanda espontânea e
no atendimento ao doente, como fica evidenciado nos resultados desse estudo.
Nos municípios de pequeno porte pesquisados, o potencial da vigilância não é
desenvolvido, como um instrumento de mudança de práticas, ou seja, essa vigilância está
condicionada às medidas de controle e notificação, não conseguindo exercer o seu papel com
integralidade, quanto à prevenção de doenças e promoção da saúde. Nos resultados
apresentados percebe-se que o modelo biomédico de atenção à saúde parece ser reforçado
constantemente pelos gestores mediante a demonstração daquilo que eles consideram
prioridade em saúde e, consequentemente, pelos profissionais que tendem a se adequar ao que
é cobrado pela gestão.
Se a vigilância não é valorizada, pouco se investe em educação e capacitação
profissional com equipes que se dizem despreparadas para dar conta de desafios tão complexos,
considerando a vigilância como um adendo ao lado de outras funções, não se compreendendo
como agentes de vigilância.
Sendo assim faz-se necessário que as capacitações e as atividades de educação incluam
também os secretários municipais de saúde e até mesmo os prefeitos, para que eles também
façam parte do processo de formação de recursos humanos, principalmente devido à
rotatividade desses profissionais com cargo comissionado e eletivo.
Quando a vigilância não é pautada pela integralidade da atenção, como princípio do
SUS, não consegue desempenhar seu potencial de transformação das práticas das equipes As
dificuldades identificadas têm a ver com os modelos de gestão e de atenção à saúde que são
indissociáveis, influenciando diretamente na distribuição dos recursos, na determinação das
prioridades nas ações em saúde e consequentemente nas práticas das equipes de vigilância.

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