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Os direitos humanos e o Governo Ernesto Geisel (1974-1979)

As mobilizações no Brasil ganharam maior visibilidade a partir dos atos estudantis


de 1977. Esse foi um momento que a radicalização do discurso pelos direitos
humanos, onde foi adotada pelos movimentos estudantis. A luta pela
redemocratização envolveu um amplo leque de indivíduos e entidades, entre essas
personagens, as militantes do MFPA (Movimento Feminino pela Anistia), os
exilados, as entidades estudantis e, finalmente, a partir de 1978, os ativistas do CBA
(Comitê Brasileiro pela Anistia), como Líderes das manifestações em defesa da
Anistia. (FAGUNDES, 2019, p.303)

O governo Ernesto Geisel (1974-1979) assimilava as reivindicações internas e


externas quanto à Violação dos Direitos Humanos, em um contexto marcado pela
manutenção da Violência política contra diversos setores da oposição, o retorno
gradual à Democracia e a orientação da política externa dos Estados Unidos, exercida
pelo governo Jimmy Carter (1977-1981) a favor dos direitos humanos.

Em 1974, O Congresso dos Estados Unidos aprovou uma legislação a favor dos
direitos humanos como condição especial para a assistência econômica e militar aos
Países estrangeiros. A partir da criação de comitês de Anistia no exterior, os grupos
de exilados, sob a influência de diversos grupos e organizações internacionais,
incorporaram as demandas pelos direitos humanos em seus discursos. A essa
ampliação da pauta denominamos de paradigma da “Anistia como Conquista dos
direitos humanos”. Nesse sentido, essa mudança de Paradigma radicalizou o escopo
das demandas e permitiu que, entre outros temas, fossem incorporados na agenda
dos movimentos, por exemplo, Denúncias contra o aparato repressivo, o fim das
torturas e mortes e, a condenação de crimes cometidos pelos agentes do Estado.
(2019, p. 303)

O caso Vladimir Herzog (1937-1975)

Um marco importante na rearticulação interna na luta pelos Direitos Humanos


foram as mobilizações em torno do caso Vladimir Herzog (1937-1975).
Ao se apresentar voluntariamente, após ser intimado, foi preso e no dia seguinte foi
declarado morto após ter cometido suicídio. Naquele momento houve uma
Mobilização contra a versão oficial apresentada pelos militares, pois o jornalista foi
morto sob tortura no Destacamento de Operações de Informação.

Na Universidade de São Paulo (USP) houve uma greve com duração de três dias e a
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Sindicato dos Jornalistas pressionaram
pela apuração dos fatos. A Igreja Católica através de quarenta e dois bispos assinou
um manifesto repudiando e denunciando a violência do governo. O Cardeal Evaristo
Arns (1921-2016), realizou um serviço fúnebre ecumênico para Vladimir Herzog
(1937-1975). Na catedral de São Paulo, e contou com a participação de dois rabinos,
um pastor Protestante e a presença do presidente Ernesto Geisel (1907-1996).

Vladimir Herzog foi um jornalista brasileiro nascido em 1937 e falecido em


circunstâncias controversas em 1975. Ele era de origem iugoslava e naturalizado
brasileiro. Herzog ficou conhecido por sua atuação como diretor de jornalismo da TV
Cultura e também por seu envolvimento com o jornalismo investigativo e crítico
durante o período da ditadura militar no Brasil. Sua morte, em outubro de 1975, em
uma cela do DOI-CODI em São Paulo, foi oficialmente registrada como um suicídio,
mas evidências sugerem que ele tenha sido torturado até a morte. O caso Herzog é
um dos mais emblemáticos símbolos da violação dos direitos humanos durante o
regime militar no Brasil. Após a redemocratização, seu nome foi dado a diversas
instituições e prêmios dedicados à liberdade de imprensa e aos direitos humanos.

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