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HUMANA
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar as características anatômicas e funcionais
do cérebro e do diencéfalo. O cérebro, maior parte do encéfalo, é dividido
em dois hemisférios cerebrais e é responsável pelo processamento cons-
ciente do pensamento e de funções intelectuais, pelo armazenamento
e pela recuperação da memória e pelos padrões motores complexos. O
diencéfalo corresponde ao centro de processamento e retransmissão de
informação sensitiva, centro do controle das emoções, funções autonô-
micas e produção hormonal.
Telencéfalo
O telencéfalo é composto pelo córtex cerebral (uma camada externa de
substância cinzenta), pela substância branca (que são fibras nervosas mie-
linizadas e amielinizadas) e núcleos profundos de substância cinzenta no
interior da substância branca. O telencéfalo é formatado em dois hemisférios,
os hemisférios cerebrais (Figura 1), que são separados de forma incompleta
pela fissura longitudinal, cujo assoalho é formado por uma faixa de fibras
comissurais, chamada de corpo caloso, que é a principal forma de conexão
entre os hemisférios. Os hemisférios possuem cavidades, os ventrículos
laterais direito e esquerdo.
É no telencéfalo que ocorrem as funções cognitivas do ser humano, como
aprendizado, memória, vários tipos de comportamentos e raciocínios, a capa-
cidade de falar, ler, escrever, compreender tons musicais, planejar antecipada-
mente as ações, enfim, inúmeros processos da vida de relação do ser humano.
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Córtex cerebral
O córtex cerebral é uma camada que se dobra sobre si mesma várias vezes,
formando pregas chamadas de giros. Os sulcos profundos entre essas pregas
são as fissuras. O sulco central separa o lobo frontal do lobo parietal e é uma
importante referência anatômica. Cada giro tem um nome e uma ou várias
funções (Figura 2). De grande relevância clínica, existem os giros pré-central
e pós-central. Anterior ao sulco central, o giro pré-central possui a área mo-
tora primária. Já o giro pós central, posterior ao sulco central, contém a área
somatossensitiva primária.
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Figura 2. Vista superior do encéfalo e seus lobos, giros e sulcos. Em detalhe, um giro parietal
com a organização em córtex cerebral, formado por substância cinzenta e a camada de
substância branca.
Fonte: Tortora e Derrickson (2012).
Cada hemisfério cerebral possui quatro lobos que são nomeados conforme
os ossos que os cobrem: frontal, parietal, temporal e occipital. Além destes,
existe o lobo insular, que não pode ser visualizado na superfície do encéfalo,
pois está situado profundamente aos lobos parietal, frontal e temporal, no
interior do sulco cerebral lateral (Figura 3).
Figura 3. Vista lateral esquerda do encéfalo com espaçadores afastando os lobos frontal,
parte do parietal e o temporal para que o lobo insular possa ser visualizado.
Fonte: Martini, Timmons e Tallitsch (2009).
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A seguir, você vai conhecer as funções gerais dos lobos cerebrais. Lembre-
-se que novas descobertas são feitas continuamente sobre o sistema nervoso,
e você deve pesquisar sempre, para permanecer atualizado! As funções já
descobertas e estudadas de cada lobo são:
laterais. A cápsula interna possui a maioria das fibras que saem ou entram
no córtex cerebral e que formam um feixe compacto que separa o núcleo
lentiforme, situado lateralmente, do núcleo caudado e tálamo, situados me-
dialmente. Quando estão acima do nível destes núcleos, as fibras da cápsula
interna constituem a coroa radiada.
As fibras de associação são divididas em intra e inter-hemisféricas. Existem
vários conjuntos de fibras, chamados de fascículos. Você pode estudar todos
eles, mas os considerados mais importantes são: fascículo do cíngulo (une o
lobo frontal e o temporal), fascículo longitudinal superior (une os lobos frontal,
parietal e occipital), fascículo longitudinal inferior (une o lobo occipital e
temporal) e fascículo unciforme (une o lobo frontal e o temporal).
Figura 4. Encéfalo em vista lateral (a) e anterior (b) com representação das fibras e dos
fascículos da substância branca.
Fonte: Martini, Timmons e Tallitsch (2009).
Núcleos da base
Tálamo
O tálamo é uma região que tem forma oval e é par, constituída de substância
cinzenta e organizada em núcleos, com tratos de substância branca em seu
interior (Figura 6). As porções direita e esquerda do tálamo são conectadas
por uma massa intermediária, a aderência intertalâmica. A região talâmica é
uma estação de distribuição de impulsos sensitivos provenientes da medula
espinal e do tronco encefálico para o córtex cerebral, mas também tem envol-
vimento com ações motoras, pois transmite impulsos nervosos do cerebelo
e núcleos da base para as áreas motoras do córtex cerebral. Além disso, tem
papel importante na manutenção da consciência e distribuição de informações
nervosas ente áreas telencefálicas.
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Hipotálamo
Situado anterior e inferiormente ao tálamo, o hipotálamo faz parte do diencéfalo
e se localiza nas paredes do terceiro ventrículo, inferior ao sulco hipotalâmico,
que separa o tálamo. Apesar do tamanho relativamente pequeno, o hipotálamo
é responsável por funções importantes do sistema nervoso:
O hipotálamo tem vários núcleos e regiões (Figura 7). A seguir, suas funções:
Epitálamo
O epitálamo forma o teto do terceiro ventrículo. Sua porção posterior contém
a glândula pineal, uma neuroglândula que secreta o hormônio melatonina,
envolvida na regulação do ciclo sono-vigília, por induzir o sono.
Subtálamo
O subtálamo é a zona de transição entre o diencéfalo e o tegumento do me-
sencéfalo. Apresenta-se em formações de substância cinzenta e substância
branca e está relacionado a funções motoras.
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Meninges encefálicas
As meninges são membranas que envolvem o encéfalo e a medula espinal. Elas
atuam protegendo o tecido nervoso, através do amortecimento da energia, dos
impactos por choques ou traumas ou até mesmo por movimentos muito fortes
ou bruscos da cabeça e do corpo. Revestem de tal forma o tecido que criam um
envoltório físico que evita o contato brusco com o interior da cavidade craniana
e da cavidade vertebral. Entre as meninges aracnoide e pia-máter, circula o
líquido cerebrospinal (LCS), que acaba também amortecendo a energia dos
impactos. As meninges encefálicas se continuam com as meninges espinais,
mas apresentam características diferentes.
São, ao todo, três meninges que envolvem o sistema nervoso central (Figura 8):
Dura-máter: é a meninge mais externa e que faz contato com a parte interna
dos ossos do neurocrânio e da cavidade vertebral. No encéfalo, a dura-máter
possui dois folhetos ou extratos. Em certos locais, estes folhetos se separam
e formam os seios durais, preenchidos por sangue venoso.
Aracnoide-máter: é a membrana intermediária. É mais fina do que a
dura-máter e possui projeções chamadas de trabéculas. Entre a aracnoide
e a membrana mais interna, a pia-máter, circula o LCS. O espaço entre
estas duas membranas é chamado de espaço subaracnóideo.
Pia-máter: está em contato direto com o tecido encefálico e medular,
adentrando e revestindo cada sulco e reentrância do encéfalo. É muito
delgada, mas bastante vascularizada. Está aderida à superfície do en-
céfalo por prolongamentos dos astrócitos.
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Líquido cerebrospinal
Você sabia que existem cavidades no interior do encéfalo? Estas cavidades,
chamadas de ventrículos encefálicos (Figura 9), são preenchidas por um
líquido chamado de líquido cerebrospinal (antigamente chamado de líquor)
e revestidas por células ependimais. Existem, ao todo, quatro ventrículos no
encéfalo: dois ventrículos laterais em cada um dos hemisférios, um terceiro no
diencéfalo e um quarto localizado entre a ponte e o cerebelo. No interior destes
ventrículos, existem estruturas chamadas de plexos coroides que produzem
diariamente um certo volume de LCS, que banha os ventrículos e depois ex-
travasa para o espaço subaracnóideo entre a meninges aracnoide e pia-máter,
levando nutrientes e oxigênio para o sistema nervoso central. Os nutrientes
e o oxigênio também chegam pela circulação e se misturam ao LCS. Porém,
graças à barreira hematoencefálica, composta pelas células epedimais que
revestem os ventrículos, somente se juntam ao LCS elementos não nocivos
ao tecido nervoso, vindos da circulação comum através das artérias cerebrais.
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Figura 9. Vista lateral esquerda do encéfalo, com representação dos ventrículos internamente.
Fonte: Martini, Timmons e Tallitsch (2009).
Leitura recomendada
OLULADE, O. A. et al. Neuroanatomical profiles of deafness in the context of native lan-
guage experience. The Journal of neuroscience, Washington, DC, v. 34, n.16, p. 5613–5620,
Apr. 2014. Disponível em: <http://www.jneurosci.org/content/jneuro/34/16/5613.full.
pdf>. Acesso em: 02 out. 2017.