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Resumo: Trabalho que dispõe sobre o tratamento fiscal aplicável ao produtor rural.
Origem: SP
Número: 06/2024
Produtor Rural
SUMÁRIO
1. Introdução
2. Produtor Rural
7. Obrigações Acessórias
7.5. DIPAMA
1. INTRODUÇÃO
Nesta oportunidade, comentaremos sobre o tratamento fiscal aplicável ao produtor rural, com fundamento nos dispositivos do RICMSSP,
aprovado pelo Decreto nº 45.490/2000 e no Anexo III da Portaria CAT nº 92/1998.
2. PRODUTOR RURAL
O produtor rural deverá inscrever seu estabelecimento no Cadastro de Contribuintes do ICMS do Estado de São Paulo, devendo cumprir
as obrigações fiscais previstas na legislação do imposto antes do início de suas atividades (art. 32 do RICMSSP na redação dada pelo Decreto
nº 68.178/2023 e art. 7º do Anexo III da Portaria CAT nº 92/1998).
Considerase produtor rural, o empresário rural, pessoa natural, não equiparado a comerciante ou industrial, que realize profissionalmente
atividade agropecuária, de extração e exploração vegetal ou animal, de pesca ou de armador de pesca.
O disposto neste subtópico aplicase igualmente à sociedade em comum de produtor rural, assim considerada a sociedade que,
cumulativamente:
3) realize profissionalmente atividade agropecuária, de extração e/ou exploração vegetal ou animal, de pesca ou de
armador de pesca.
Não estão abrangidos pelas disposições do art. 32 do RICMSSP, a pessoa ou sociedade que:
2) explore o imóvel rural exclusivamente com atividades cuja produção seja destinada ao próprio consumo;
4) promova a compra e venda de bovino ou bufalino, desde que os animais permaneçam em seu poder por prazo inferior
a 52 dias, quando em regime de confinamento, ou 138 dias, nos demais casos.
1) que promova a compra e a venda de até 10 cabeças de gado bovino ou bufalino, em prazo inferior aos previstos no
item 4 do § 3º do art. 32 do RICMSSP, no período de 01/01 a 31/12 de cada ano;
Ao pescador ou armador de pesca será concedido a inscrição em função da localidade de sua residência, quando situada na orla marítima
ou fluvial, e, nos demais casos, da localidade da Capitania dos Portos ou do órgão subordinado em que estiver inscrita a embarcação.
Para solicitar inscrição de novo estabelecimento no Cadastro de Contribuintes do ICMS, o produtor rural deverá selecionar as opções
"Documentos", "Novo", "Produtor Rural" e "Inscrição" no "PGD", preencher os campos dos formulários e transmitir a solicitação, sem
necessidade de senha de acesso (art. 8º do Anexo III da Portaria CAT nº 92/1998).
Para as demais solicitações e consultas cadastrais, deverá ser observado, no que couber, o procedimento estabelecido no art. 2º do Anexo
III da Portaria CAT nº 92/1998.
Se o estabelecimento estiver em imóvel situado no território de mais de um município, a inscrição será concedida em função da localidade
da sede ou, na falta desta, do município onde se localizar a maior parte de sua área.
Quando o estabelecimento não estiver localizado em zona rural ou nas outras hipóteses em que não seja exigido o Número do Imóvel na
Receita Federal (NIRF), o interessado deverá preencher o campo "NIRF" com o número "00000000", sendo que a regularidade dessa
informação poderá ser verificada pelo Posto Fiscal a que estiver vinculado o contribuinte.
Conforme o art. 33 do RICMSSP, o produtor rural poderá manter um depósito fechado, exclusivamente, para armazenagem de mercadoria
de sua produção, desde que no município onde estiver inscrito seu estabelecimento rural que se sujeitará às disposições desta seção e, no que
couber, ao disposto nos arts 1º e 2º do Anexo VII do RICMSSP podendo ser dispensada a manutenção de livros fiscais, nos termos do
subtópico 7.4.
O produtor rural deverá inscreverse na Receita Federal, por meio do Programa Gerador de Documentos (PGD), obtendo Inscrição
Estadual para a realização de operações de circulação de mercadorias com intuito comercial e CNPJ apenas para fins cadastrais na Receita
Federal.
O Comunicado CAT nº 45/2008 esclarece que a obtenção do número de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas do
Ministério da Fazenda (CNPJ/MF), em razão do cadastro sincronizado, não descaracteriza a condição de "pessoa física" do produtor rural ou da
sociedade em comum de produtor rural, não inscrita no "Registro Público de Empresas Mercantis" (Junta Comercial), exceto se exercer a
faculdade prevista no art. 971 do Código Civil.
Na hipótese de o produtor rural exercer a atividade em propriedade alheia (propriedade de terceiro) deverá apresentar, à Secretaria da
Fazenda, após o envio do PGD, o contrato ou a declaração relativa à permissão de uso do imóvel para a realização de atividade rural, firmada
pelo proprietário ou possuidor do imóvel ou, ainda, por seu representante legal, mencionando o período de exploração, a área cedida e a forma
de pagamento e os documentos, conforme o caso, indicado no art. 4º do Anexo III da Portaria CAT nº 92/1998 (art. 9º do Anexo III da Portaria
CAT nº 92/1998).
O produtor rural deverá solicitar baixa da inscrição de seu estabelecimento utilizando o PGD na hipótese de (art. 10 do Anexo III da Portaria
CAT nº 92/1998):
II término do contrato entre o proprietário ou possuidor do imóvel e o produtor rural, na hipótese de não ocorrer a sua
renovação;
Após o envio da solicitação de baixa de sua inscrição, sem prejuízo de verificação fiscal posterior, o Produtor Rural deverá observar o
disposto no art. 6º do Anexo III da Portaria CAT nº 92/1998.
Para fins de aplicação da legislação do ICMS e equiparação do estabelecimento de produtor rural, será considerado (art. 17, II e III, do
RICMSSP):
I comercial o local fora do estabelecimento rural de produtor em que o titular deste comercializar seus produtos;
b) que estiver autorizado pelo Fisco à observância das disposições a que se sujeitarem os estabelecimentos de
comerciantes ou de industriais; ou
Nesse caso, esses estabelecimentos não estão sujeitos ao tratamento fiscal de produtor rural, e sim às regras aplicáveis ao contribuinte
comum.
Salvo disposição em contrário, na saída promovida por produtor situado em território paulista com destino a comerciante, industrial,
cooperativa ou qualquer outro contribuinte, exceto produtor, o imposto será arrecadado e pago pelo destinatário deste Estado quando
devidamente indicado na documentação correspondente, no período em que a mercadoria entrar no estabelecimento, por lançamento em conta
gráfica, previsto no art. 116 do RICMSSP (art. 260 do RICMSSP).
Nessa modalidade de diferimento do ICMS, a responsabilidade pelo recolhimento do imposto devido pela saída da mercadoria do
estabelecimento do produtor rural fica atribuída ao estabelecimento adquirente.
Importa observar que as saídas promovidas por estabelecimento de produtor, geralmente, são de produtos em estado natural, para os
quais a legislação estadual prevê benefícios fiscais, tais como, os produtos hortifrutigranjeiros relacionados no art. 36 do Anexo I do RICMSSP,
entre outros.
Nos casos em que não seja possível a aplicação do diferimento do imposto em operação realizada pelo produtor rural em razão de não
estar atribuída a responsabilidade pelo recolhimento do imposto ao destinatário e não sendo a operação isenta de ICMS, caberá ao próprio
produtor rural a obrigação do recolhimento do imposto.
Consequentemente, o recolhimento será efetuado pelo próprio produtor rural mediante guia de recolhimento especial até os momentos
adiante indicados (art. 115, II, do RICMSSP):
I no momento da saída de mercadoria com destino a outro Estado, ao exterior ou à pessoa de direito público ou
privado não inscrita no Cadastro de Contribuintes do ICMS;
IV na saída de mercadoria com destino a consumidor ou a outro produtor, relativamente às saídas efetuadas no mês,
até o dia 15 do mês seguinte.
O produtor rural paulista que promover saída interna de produção própria com não incidência ou isenção do ICMS, a partir de 11/03/2024,
poderá optar pelo crédito, para fins de transferência ao adquirente, do valor correspondente a (art. 49 do Anexo III acrescentado pelo Decreto nº
68.178/2023, em vigor em 90 dias a contar do mencionado Decreto, ou seja, 11/03/2024):
1) implicará a vedação ao aproveitamento de quaisquer outros créditos relativos às mercadorias cujas operações
estejam beneficiadas com o mencionado crédito outorgado;
2) condicionase ao efetivo ressarcimento ao produtor rural, por parte do adquirente, nos termos da disciplina
estabelecida na Portaria SRE nº 3/2024.
1) deverá ser declarada em termo no Livro Registro de Utilização de Documentos Fiscais e Termos de Ocorrências
(RUDFTO), modelo 6;
2) produzirá efeitos a partir do primeiro dia do mês subsequente ao da lavratura do correspondente termo.
Para a transferência do crédito outorgado, pelo produtor rural, deverá ser observada a disciplina estabelecida pela Secretaria da Fazenda
e Planejamento, por meio da Portaria SRE nº 3/2024.
Importa destacar que até 30/06/2024, os valores existentes ou disponibilizados em conta corrente do Sistema eCredRural ainda poderão
ser utilizados pelos contribuintes credenciados, devendo o sistema ser descontinuado a partir de 01/07/2024.
A Portaria CAT nº 153/2011, que instituiu Sistema eCredRural, será revogada pela Portaria SRE nº 03/2024, a partir de 01/07/2024,
quando então, passa a ser aplicada as novas regras para transferência de crédito pelo produtor rural. Nesse ponto, recomendamos leitura da
matéria sob o título: "ICMS Produtor Rural Transferência de Crédito", disponível no "Portal Cenofisco, "Procedimentos, ICMS e Outros,
Sudeste, SP".
7. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS
O estabelecimento rural de produtor emitirá Nota Fiscal de Produtor, modelo 4 (art. 139 do RICMSSP):
III sempre que, no estabelecimento, entrarem bens ou mercadorias, real ou simbolicamente, nas hipóteses previstas
no inciso I do art. 136 do RICMSSP;
Fica dispensada a emissão da Nota Fiscal de Produtor, modelo 4, no transporte manual de produto da agricultura ou da criação ou seus
derivados, excluída a condução de rebanho.
Poderá a Secretaria da Fazenda estender a dispensa da emissão da Nota Fiscal de Produtor a outras hipóteses.
Nas operações internas, a Nota Fiscal de Produtor Rural, modelo 4, deverá ser emitida em, no mínimo, três vias, com a seguinte
destinação (art. 141 do RICMSSP):
3) a 3ª via acompanhará a mercadoria, podendo ser retida pelo Fisco do Estado de São Paulo mediante visto na primeira
via.
O destinatário dos produtos remetidos pelo produtor rural, deverá emitir Nota Fiscal de Entrada, nos termos dos arts. 136, I, "a", 138 e 141,
§ 1º, do RICMSSP, além de cumprir as demais obrigações previstas na legislação.
Após a emissão da Nota Fiscal de Entrada, o contribuinte paulista que recebeu mercadoria de produtor rural deverá enviar ou entregar ao
produtor rural a 1ª e a 3ª vias até 15 dias da data do recebimento da mercadoria, em atendimento ao disposto no art. 138, inciso I, "a", do
RICMSSP.
No caso da NFe de entrada, modelo 55, substituir as 1º e 3ª vias da nota fiscal, mencionadas no parágrafo anterior, por vias adicionais do
DANFE correspondente.
Convém esclarecer que a Nota Fiscal de Produtor, modelo 4, não poderá ser emitida por estabelecimento de produtor rural equiparado a
industrial ou comerciante, visto que estes são contribuintes normais do imposto, estando sujeitos à emissão de Nota Fiscal Eletrônica (NFe),
modelo 55.
A Consultoria Tributária da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, por meio da Resposta à Consulta nº 5.196/2015, orientou o
contribuinte paulista no sentido de que a Nota Fiscal de Entrada deve ser emitida ainda que o produtor rural seja emitente de Nota Fiscal
Eletrônica (NFe), Modelo 55.
Em substituição à Nota Fiscal de Produtor, modelo 4, o contribuinte cadastrado como produto rural poderá emitir Nota Fiscal Eletrônica
(NFe), mediante credenciamento voluntário, na forma mencionada no art. 3º da Portaria CAT nº 162/2008.
Na hipótese de credenciamento voluntário, nos termos do § 4º do art. 3º da Portaria CAT nº 162/2008, a NFe, modelo 55 deverá ser
emitida em substituição à Nota Fiscal de Produtor, modelo 4, em todas as operações, inclusive nas operações em que o destinatário esteja
localizado em outra Unidade Federada, ficando vedada a emissão da Nota Fiscal de Produtor, modelo 4, a partir do primeiro dia do terceiro mês
subsequente ao mês de seu credenciamento voluntário.
Se o produtor não possuir credenciamento voluntário, deverá ser emitida Nota Fiscal de Produtor, modelo 4, em todas as operações,
inclusive nas operações com destino a outro Estado, conforme orientação da SEFAZSP, por meio da Resposta a Consulta nº 16.097/2017.
Deverá ser observado ainda, que a transferência do crédito outorgado previsto no tópico 6 fica condicionado à emissão, pelo produtor
rural, de Nota Fiscal Eletrônica (NFe), modelo 55, para acobertar a saída da mercadoria, na qual, além dos demais requisitos previstos na
legislação, deverá constar no quadro "Dados Adicionais", campo "Informações Adicionais de Interesse do Fisco", o valor do crédito transferido e
a expressão "Crédito de ICMS transferido de Produtor Rural art. 49 do Anexo III do RICMSSP" (art. 2º, I, da Portaria SRE nº 03/2024).
O estabelecimento de produtor rural está dispensado da adoção de livros fiscais previstos na legislação do ICMS, com exceção somente
dos seguintes livros fiscais (art. 213, § 12, do RICMSSP na redação dada pelo Decreto nº 68.178/2023):
1) livro Registro de Entradas, em hipótese e forma estabelecidas pela Secretaria da Fazenda e Planejamento;
2) livro Registro de Utilização de Documentos Fiscais e Termos de Ocorrências (RUDFTO), modelo 6, na hipótese de
opção do produtor rural pelo crédito outorgado previsto no art. 49 do Anexo III do RICMSSP.
7.5. DIPAMA
Os índices de participação dos municípios paulistas no produto da arrecadação do ICMS serão apurados anualmente na forma
estabelecida na Portaria SRE nº 94/2022, para aplicação no exercício seguinte.
A Declaração para o Índice de Participação dos Municípios, conhecida como DIPAMA, deverá ser apresentada pelos produtores
agropecuários, inclusive hortifrutigranjeiros, pescadores, faiscadores, garimpeiros e extratores, não equiparados a comerciantes ou a industriais.
A DIPAMA deverá ser transmitida até 31/03 de cada exercício, conforme orientação constante no "Manual de Normas da DIPAMA", em
sistema próprio disponível no Portal da SEFAZSP, pelos contribuintes que, durante o exercício anterior, estiveram inscritos no Cadastro de
Contribuintes do ICMS como produtores agropecuários, inclusive hortifrutigranjeiros, pescadores, faiscadores, garimpeiros e extratores, não
equiparados a comerciantes ou a industriais, observado a disciplina estabelecida na Portaria SRE nº 94/2022.
Está disponível no Portal da Secretaria da Fazenda e Planejamento o "Manual de Normas da DIPAMA", no endereço:
https://portal.fazenda.sp.gov.br/servicos/dipam/Paginas/Downloads.aspx, com regras de preenchimento, cômputo e demais normativas relativas
ao Valor Adicionado extraídos da DIPAMA.