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SALÁRIO-EDUCAÇÃO PRODUTOR RURAL

Salário-educação para produtor rural – o produtor rural pessoa física (empregador), sem
inscrição no CNPJ, é contribuinte do salário-educação?

• A tese sustentada pela RFB e defendida pela União é na linha de que haveria uma
equiparação entre o produtor rural pessoa física à figura da empresa de modo a
legitimar a cobrança.
• Isso porque, além de outras articulações, o produtor rural empregador, nos moldes
da Lei da Seguridade Social, é concebido como autônomo e, sendo assim,
aplicável a regra do art. 15, §único, do mesmo diploma legal, que considera
empresa os autônomos em relação a quem lhe presta serviços.

Na hipótese de produtor rural (empregador) sem CNPJ, por não ser equiparável a empresa,
não lhe é exigido o pagamento da contribuição social, autorizando, assim, a restituição do
pagamento indevido nos últimos cinco anos (prazo prescricional).

• Em 16/08/2022, o STJ decidiu que essa regra tem uma exceção: o empregador rural
pessoa física, mesmo sem estar inscrito no CNPJ, será devedor da contribuição ao
salário-educação se restar factualmente (“na prática”) caracterizado como
empresa, nos termos do art. 1º, §3º, da Lei nº 9.766/98, sendo ilícito o item do
Anexo IV, da Instrução Normativa RFB nº 971/2009, ao estabelecer que o produtor
rural pessoa física está sujeito ao recolhimento da contribuição ao FNDE, incidente
sobre a folha de salários.
• Não é a condição de pessoa física que coloca o produtor rural na situação de
contribuinte, mas a condição de organizar-se factualmente como empresa.
• Jurisprudência do STJ tem entendido que o produtor rural pessoa física inscrito no
CNPJ é devedor da contribuição ao salário-educação, já o produtor rural pessoa
física não inscrito no CNPJ não é contribuinte, salvo se as provas constantes dos
autos demonstrarem se tratar de produtor que desenvolve atividade empresarial.

Parecer SEI nº 5899/2022/ME aprovado em 16/10/2023, concluiu que o tema relativo à


sujeição passiva do empregador rural pessoa física sem inscrição no CNPJ encontra-se
pacificado na jurisprudência do STJ, sendo inviável reversão de entendimento desfavorável
à União, no sentido de que o produtor rural pessoa física sem inscrição no CNPJ não é
sujeito passivo da contribuição do salário-educação.

• O entendimento da Corte se estabilizou no sentido de que, para fins de incidência


da contribuição do salário-educação, importa aferir se o produtor rural pessoa
física encontra-se cadastrado ou não no CNPJ.
• Isso porque, na visão do STJ, o produtor rural pessoa física, que não esteja
registrado no CNPJ, não se enquadra no conceito de empresa, de que trata o art. 15
da Lei nº 9.424/1996, para fins de incidência do salário-educação, enquanto o
empregador pessoa física inscrito, sujeita-se à exação.
• Tema enquadrado na dispensa de apresentação de contestação, o oferecimento de
contrarrazões, a interposição de recursos e a desistência dos já interpostos.

Art. 96 da Instrução Normativa RFB nº 2.110/2022, §3º (incluído pela Instrução Normativa
RFB nº 2185/2024:
• Art. 96. A contribuição social do salário-educação é devida pelas empresas em
geral e equiparados, vinculados ao RGPS, assim considerados o empresário
individual, a sociedade empresária, a sociedade de economia mista e a empresa
pública, ressalvado o disposto no art. 82. (Constituição Federal, art. 212, § 5º; Lei
nº 9.424, de 1996, art. 15; e Decreto nº 6.003, de 28 de dezembro de 2006, art. 2º)
• § 3º O produtor rural pessoa física sem inscrição no CNPJ não é sujeito passivo da
contribuição para o salário-educação. (Parecer SEI nº 5899/2022/ME, aprovado por
despacho do Procurador-Geral da Fazenda Nacional, de 16/10/2023; Parecer SEI nº
4090/2023/MF) (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 2185, de 05 de
abril de 2024)

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