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Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.
Roteiro
1. Introdução
2. Obrigatoriedade
3. Data para Pagamento
4. Incidências
5. GFIP
6. eSocial
7. Cláusulas Condicionantes do Pagamento
8. Cálculo
8.1. Salário Fixo
8.2. Salário Variável
8.3. Salário Fixo ou Variável com Adicionais
9. Habitualidade
10. Distinção com o PIS e o PLR
11. Inaplicabilidade aos Profissionais Autônomos
12. Funcionalismo Público e Multinacionais
13. Décimo Quarto Pago pelo INSS
1. Introdução
O décimo quarto salário é algo questionado recorrentemente pelos empregadores. A referida verba não possui previsão na legislação trabalhista, logo o que
muito se pergunta é a possibilidade de pagamento e se irá integrar ao salário do empregado ou não.
Dessa maneira, esta matéria tem o objetivo de esclarecer alguns pontos, como incidências, obrigatoriedade do pagamento e até mesmo o conceito dessa
verba.
2. Obrigatoriedade
Para o ordenamento jurídico não há uma previsão de conceito sobre o décimo quarto; mas, na prática, trata-se de um mero adicional, ou uma remuneração a
mais, paga aos empregados por mera liberalidade do empregador ou até mesmo por previsão em norma coletiva.
Cabe esclarecer que na legislação trabalhista e previdenciária não há qualquer previsão sobre o décimo quarto salário, tão pouco sobre sua obrigatoriedade.
Logo, fica a critério do empregador conceder ou não tal pagamento.
Sendo assim, caso o empregador decida fazer o pagamento do 14° salário, este poderá ser entendido como uma gratificação ajustada entre as partes, nos
termos do artigo 2° da
CLT.
Importante esclarecer que pode haver previsão em convenção ou acordo coletivo de trabalho, desse modo o empregador deve observar o instrumento
coletivo a fim de beneficiar os empregados, visto que esse documento terá força de lei, conforme o artigo 611, § 1°, e artigo 611-A da
CLT.
De modo preventivo, caso seja adotado esse pagamento, orienta-se que sempre ocorra na mesma data/prazo, a ser definida pelo empregador. Se houver
previsão em CCT/ACT, a presente norma definirá quando será pago.
Considerando a razoabilidade e a natureza de pagamento ser comparada a gratificações ajustadas, aconselha-se que o empregador utilize o mês de
dezembro para o pagamento do 14° salário.
4. Incidências
O 14° salário não é diferente das demais gratificações pagas por mera liberalidade do empregador ou por força de norma coletiva.
DIREITO DO TRABALHO
Boletim Trabalhista n° 14 - 2ª Quinzena. Publicado em: 28/07/2022
Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.
Como não se trata de uma gratificação legalmente prevista, existem dois entendimentos doutrinários a respeito do tema.
O primeiro entendimento aponta que qualquer gratificação paga ao empregado, a título de reconhecimento ou recompensa pelo serviço prestado ao
empregador, é considerada verba salarial, isso é, as gratificações ajustadas – não consideradas legais – concedidas de modo espontâneo pelo empregador,
irão integrar o salário do empregado e, por isso, haverá incidência de INSS e FGTS.
Já o segundo entendimento, trazido pela legislação trabalhista, define que as gratificações ajustadas não irão incorporar no salário do empregado pelo fato
de não estarem previstas no artigo 457, § 1°, da
CLT, dessa forma não haverá incidência de INSS e FGTS.
Assim, se houver pagamento de 14° salário pago a título de gratificação ajustada, cabe ao empregador analisar o caráter do pagamento e adotar uma das
correntes determinadas pelo entendimento doutrinário. Ainda, aconselha-se o empregador a consultar o posicionamento do sindicato representativo da
categoria, pois esse pode definir entendimento próprio e determinar o posicionamento ao caso.
Incidências
Rubricas
INSS FGTS
Sim
Sim
Gratificação Legal
Artigo 28 da
Lei n° 8.212/91 e
artigo 457, § 1°, da
CLT Artigo 15 da
Lei n° 8.036/90
Não/Sim (*)
Não/Sim (*)
Gratificação Ajustada
Artigo 28, § 9°, da
Lei n° 8.212/91 e
artigo 457, § 1°, da CLT Artigo 15 da
Lei n° 8.036/90
(*) Como visto acima, o tema é divergente e a tributação ou não da parcela dependerá do posicionamento que o empregador resolver adotar, conforme será
visto no item 6 desta matéria.
5. GFIP
No que tange à GFIP, cabe esclarecer que, com a substituição da DCTFWeb para as contribuições previdenciárias, conforme o artigo 19 da
IN n° 2.005/2021,
a GFIP só será informada quando houver fatos geradores para FGTS.
Sendo assim, considerando que o 14° salário não possui respaldo jurídico, tão pouco regulamentação no Manual da GFIP/SEFIP, o entendimento é que o
empregador pode somar o valor dessa gratificação para fins de tributação de FGTS e fazer o lançamento em SEFIP.
Lembrando que o recolhimento ao FGTS é até o dia 07 do mês seguinte, no entanto, se o empregador decidir realizar o pagamento no final do ano
(competência dezembro), será até dia 07 de janeiro do ano seguinte, nos termos do artigo 15 da
Lei n° 8.036/1990.
Ademais, recomenda-se que a CAIXA seja consultada para mais esclarecimentos, tendo em vista que o Manual e a legislação não possuem previsão.
6. eSocial
Para o eSocial, considerando a omissão legislativa, pode-se entender que o 14° salário pode ser motivo de ajuste entre as partes, portanto ser uma
gratificação que o empregador concede aos empregados, ou até mesmo por força de convenção ou acordo coletivo.
Gratificações 1211
Cabe informar que ambas as rubricas podem ser classificadas com incidências, tanto de INSS quanto de FGTS, como sem incidências, a depender da
corrente de entendimento que a empresa adotar.
Se considerar como uma verba de natureza salarial, será incorporada no salário dos empregados para todos os fins, visto que o 14° salário é pago
anualmente, então pode ser considerado habitual e, assim, deve se cadastrar a rubrica com as incidências de INSS e FGTS.
Sim 11 - Mensal
DIREITO DO TRABALHO
Boletim Trabalhista n° 14 - 2ª Quinzena. Publicado em: 28/07/2022
Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.
Já no entendimento contrário, considerando que gratificações são ajustadas e não possuem natureza salarial, cabe classificar como sem incidência para
INSS e FGTS.
Portanto, caso haja o pagamento habitual do 14° salário, terá incidências, as quais serão recolhidas por meio de DARF através da rubrica informada ao
eSocial e vinculada à DCTFWeb mensal.
Assim, cabe ao empregador regulamentar os requisitos necessários ao pagamento, por exemplo, produtividade, assiduidade etc. Dessa forma, o empregador
deve estipular quais são as cláusulas condicionantes ao pagamento (artigo 2° da
CLT).
8. Cálculo
A seguir serão analisadas quais as possíveis formas de calcular o 14° salário.
Art. 77. A gratificação de Natal para os empregados que recebem salário variável, a qualquer título, será calculada na base de um onze avos da
soma dos valores variáveis devidos nos meses trabalhados até novembro de cada ano e será adicionada àquela que corresponder à parte do
salário contratual fixo, quando houver.
Além disso, ressaltamos que a convenção ou o acordo coletivo de trabalho podem trazer um cálculo específico, caso esteja previsto o pagamento de 14°
salário para a categoria.
Boletim N° 21/2020
Beneficiários, Proporcionalidade, Prazo, Cálculos, Afastamentos, eSocial, Coronavírus
Boletim N° 21/2020
Prazo, Cálculos, eSocial, Auxílio Doença, Salário Maternidade, DCTFWeb, COVID-19
Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.
9. Habitualidade
A habitualidade não é definida pela legislação trabalhista ou previdenciária, logo não se têm um conceito exato do que seria.
No entanto, pode-se entender, com base na razoabilidade, que é o valor pago todos os anos aos empregados e que fará parte integrante da remuneração, ou
seja, é incorporado ao contrato de trabalho, inclusive não podendo ser retirado depois, conforme o artigo 468 da
CLT.
SÚMULA N° 207: As gratificações habituais, inclusive a de natal, consideram-se tacitamente convencionadas, integrando o salário.
Já a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) trata-se da participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de
integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do artigo 7°, inciso XI, da
Constituição Federal. Dessa maneira, promove
a participação dos empregados nos lucros da empresa por meio de legislação própria.
Portanto, não se deve confundir o 14° salário com esses dois institutos, haja visto que, além de não possuírem previsão em lei, têm conceitos e formas de
pagamentos diferentes.
Para saber mais sobre tais institutos, indica-se a leitura das matérias abaixo:
Boletim N° 04/2022
Conceitos, Negociação, Acordo, Periodicidade, Incidências, Penalidades, eSocial
Boletim N° 01/2022
Requisitos, Beneficiários, Cálculo, RAIS, eSocial, Saque, Perda, Falecimento
Importante frisar que os contribuintes individuais não possuem qualquer vínculo empregatício, logo inexistindo a prerrogativa de pagamento de 14° Salário.
Na prática é bem comum que dentro do contrato de prestação de serviços com os autônomos haja cláusula sobre o pagamento dessa remuneração
adicional. Cabe lembrar que não se deve denominar como 13° ou 14° salário, visto que tais valores são pagos somente para empregados.
Portanto, caso haja essa remuneração adicional, deverá haver previsão em contrato de prestação de serviços, conforme os artigos 593 e
594 da
Lei n°
10.406/2002 (Código Civil).
No entanto, diferente do âmbito público, as empresas multinacionais, que são do setor privado, normalmente proporcionam o pagamento do 14° salário
mesmo que não haja regulamentação na lei para os empregados. Essas empresas possuem a matriz em um determinado país, mas atuam em outros por
meio das filiais.
Sendo assim, têm-se a discussão da legalidade do pagamento dessa gratificação, uma vez que proporciona um ambiente de privilégios desiguais entre os
empregados do setor privado.
Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.
Vale destacar que, até o momento, há projetos de lei em trâmite, mas que ainda não foram publicados, não havendo, assim, regulamento em lei que institua
esse pagamento de responsabilidade do INSS.
Ao longo dos anos foram apresentados vários projetos de lei com essa temática, mas sem sucesso. Portanto, ainda não há previsão de pagamento de 14°
salário perante o INSS.
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que trata o artigo 184 do Código Penal.