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04/09/2009

MEI - Microempreendedor Individual - Aspectos Previdenciários


Neste comentário veremos os aspectos previdenciários do Sistema de Recolhimento em Valores
Fixos Mensais dos Tributos abrangidos pelo Simples Nacional - SIMEI e demais peculiaridades sobre
o Microempr

INTRODUÇÃO

A Lei Complementar nº 128/2008 alterou a Lei Complementar nº 123/2006 e instituiu a figura do


Microempreendedor Individual - MEI, que poderá optar pelo recolhimento dos impostos e
contribuições abrangidos pelo Simples Nacional em valores fixos mensais. Essa forma de
recolhimento foi regulamentada pelo Comitê Gestor do Simples Nacional, por intermédio da
Resolução CGSN nº 58/2009 . Neste comentário veremos os aspectos previdenciários do Sistema
de Recolhimento em Valores Fixos Mensais dos Tributos abrangidos pelo Simples Nacional - SIMEI e
demais peculiaridades sobre o Microempreendedor Individual.

1. CONCEITOS

1.1. MEI - Microempreendedor Individual

Considera-se Microempreendedor Individual o empresário individual a que se refere o art. 966 do


Código Civil, que atenda cumulativamente às seguintes condições:

a) Tenha auferido receita bruta acumulada, no ano-calendário anterior, de até R$ 36 mil (trinta e
seis mil reais).

b) Seja optante pelo Simples Nacional.

c) Exerça tão-somente atividades constantes do Anexo Único da Resolução CGSN nº 58/2009.

d) Possua um único estabelecimento.

e) Não participe de outra empresa como titular, sócio ou administrador.

f) Não contrate mais de um empregado, conforme veremos adiante.

Art. 18-A da LC nº 123/2006 e art. 1º, § 1º, da Resolução CGSN nº 58/2009

No caso de início de atividades no ano-calendário, o limite citado na letra a acima será de R$ 3 mil
multiplicados pelo número de meses compreendidos entre o início da atividade e o final do
respectivo ano-calendário (consideradas as frações de meses como um mês inteiro).

Por exemplo: MEI que tenha iniciado as atividades em 25.05.2008. O limite da receita bruta será
de R$ 24 mil (R$ 3.000,00 x 8 meses).

1.1.1. Empresário Individual

Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a


produção ou circulação de bens ou serviços.

Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou
artística, ainda que com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da
profissão constituir elemento de empresa.

Art. 966 do Código Civil

1.2. Sistema de Recolhimento em Valores Fixos Mensais dos Tributos Abrangidos pelo
Simples Nacional - SIMEI

O SIMEI é o sistema pelo qual o MEI poderá optar para fazer o recolhimento dos tributos
abrangidos pelo Simples Nacional, independente da receita bruta por ele auferida no mês.

Art. 1º da Resolução CGSN nº 58/2009


2. OBRIGAÇÕES NÃO APLICADAS AO MEI NA VIGÊNCIA DO SIMEI

Na vigência da opção pelo SIMEI, não se aplicam ao Microempreendedor Individual:

a) valores fixos para recolhimento de ICMS ou ISS que tenham sido estabelecidos por Estado,
Município ou Distrito Federal na forma do disposto no § 18 do artigo 18 da LC nº 123/2006;

b) reduções de ICMS ou ISS previstas no § 20 do artigo 18 da LC nº 123/2006 ou qualquer


dedução na base de cálculo;

c) isenções específicas para as microempresas e empresas de pequeno porte concedidas pelo


Estado, Município ou Distrito Federal a partir de 1º.07.2007, que abranjam integralmente a faixa de
receita bruta anual de até R$ 36 mil;

d) retenções de ISS sobre os serviços prestados;

e) atribuições da qualidade de substituto tributário.

Art. 1º, § 3º, da Resolução CGSN nº 58/2009

3. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DO MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL

O empresário individual que optar pelo SIMEI irá, simultaneamente, ser considerado contribuinte
individual e terá sua contribuição pessoal efetuada, obrigatoriamente, na forma do Sistema
Simplificado de Previdência, com alíquota de 11% sobre o valor mínimo do salário-de-contribuição
da Previdência Social.

Art. 1º, § 4º, da Resolução CGSN nº 58/2009

Essa contribuição será paga por meio do DAS - Documento de Arrecadação do Simples Nacional,
conforme item 4 abaixo.

Com base no art. 21, § 2º, da Lei nº 8.212/1991, entendemos que o MEI deverá trabalhar por
conta própria, sem relação de trabalho com empresa ou equiparado.

3.1. Aposentadoria do Microempreendedor Individual

Optando pela contribuição de 11% sobre o valor mínimo do salário-de-contribuição, o


Microempreendedor Individual terá excluído seu direito à aposentadoria por tempo de contribuição,
ou seja, será concedida apenas a aposentadoria por idade.

O MEI que pretende contar o tempo de contribuição correspondente ao SIMEI, para fins de
obtenção da aposentadoria por tempo de contribuição, deve complementar a contribuição mensal
mediante o recolhimento de mais 9%, acrescidos de juros. O recolhimento da complementação
será disciplinado pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.

Art. 21, § 2º, da Lei nº 8.212/1991 e art. 1º, §§ 11 e 12, da Resolução CGSN nº 58/2009

4. CONTRIBUIÇÃO DO MEI POR MEIO DO DAS - DOCUMENTO DE ARRECADAÇÃO DO SIMPLES


NACIONAL

O optante pelo SIMEI recolherá, por intermédio do DAS, valor fixo mensal correspondente à soma
das seguintes parcelas:

a) R$ 51,15 a título de contribuição para a Seguridade Social, relativa à pessoa do empresário, na


qualidade de contribuinte individual (mínimo salário-de-contribuição (atualmente em R$ 465,00) x
11% = R$ 51,15);

b) R$ 1,00 (um real), a título de ICMS, caso seja contribuinte desse imposto;

c) R$ 5,00 (cinco reais), a título de ISS, caso seja contribuinte desse imposto.

Art. 1º, § 5º, da Resolução CGSN nº 58/2009

O Documento de Arrecadação do Simples Nacional será gerado pela internet, no endereço


www.portaldoempreendedor.gov.br. É possível gerar, de uma só vez, os DAS do ano inteiro e ir
pagando mês a mês. O pagamento será feito na rede bancária e nas casas lotéricas, até o dia 20
de cada mês. A impressão do DAS estará disponível a partir do início do ano-calendário ou do início
das atividades do MEI.

Art. 4º da Resolução CGSN nº 58/2009


5. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA PATRONAL

Entre outros tributos federais, o optante pelo SIMEI não está sujeito à contribuição previdenciária
patronal de que trata o art. 22 da Lei nº 8.212/1991, incidente sobre a remuneração do
empregado ou sobre sua própria remuneração.

Art. 1º, § 9º, da Resolução CGSN nº 58/2009

Assim, o Microempreendedor Individual está isento das seguintes contribuições patronais


previdenciárias:

a) 20% sobre a remuneração dos empregados e contribuintes individuais;

b) 1%, 2% ou 3% de contribuição para o RAT - Risco Acidente do Trabalho;

c) até 5,8% destinados a “outras entidades” ou “terceiros”.

d) 15% sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, relativamente a
serviços que lhe são prestados por cooperados, por intermédio de cooperativas de trabalho.

Quando houver contratação de empregado, o MEI contribuirá sobre a remuneração deste de


acordo com o item 6 abaixo.

6. CONTRATAÇÃO DE EMPREGADO E CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE A


REMUNERAÇÃO

O Microempreendedor Individual poderá contratar um único empregado, o qual receba,


exclusivamente, um salário mínimo ou o piso salarial da categoria profissional.

Art. 5º, caput, da Resolução CGSN nº 58/2009

Lembramos que nos estados que possuem salário mínimo regional fixado em seus territórios, este
deverá ser respeitado quando não houver piso salarial fixado em convenção coletiva, conforme a
Lei Complementar nº 103/2000.

No caso de contratação de empregado, o MEI terá as seguintes obrigações:

a) Deverá reter e recolher a contribuição previdenciária relativa ao segurado a seu serviço.

b) Ficará obrigado a prestar informações relativas ao segurado a seu serviço por meio da GFIP.

c) Recolhimento da contribuição previdenciária patronal calculada à alíquota de 3% (três por


cento) sobre o salário mínimo ou o piso salarial da categoria profissional.

Art. 5º da Resolução CGSN nº 58/2009

7. GFIP - GUIA DE RECOLHIMENTO DO FGTS E INFORMAÇÕES À PREVIDÊNCIA SOCIAL

O optante pelo SIMEI está dispensado da entrega da GFIP, no que se refere à remuneração paga
ou creditada decorrente de seu próprio trabalho, conforme o artigo 1º, § 13, da Resolução CGSN
nº 58/2009.

Caso o Microempreendedor Individual contrate empregado (conforme analisamos no item 6),


deverá declarar na GFIP a remuneração que lhe está sendo paga. Aguardamos regulamentação
relativa aos códigos e às demais informações que devem constar da GFIP entregue pelo MEI.

Art. 5º, parágrafo único, II, da Resolução CGSN nº 58/2009

7.1. Preenchimento da GFIP

O Ato Declaratório Executivo CODAC nº 49/2009 dispõe sobre o preenchimento da GFIP pelo MEI
que possui um único empregado, o qual receba exclusivamente um salário mínimo ou o piso salarial
da categoria profissional.

Nesse caso, o Microempreendedor Individual deve declarar, no SEFIP, as informações relativas ao


empregado, devendo preencher os campos abaixo relacionados da seguinte forma:

a) no campo Simples: “não optante”.

b) no campo Outras Entidades: “0000”; e


c) no campo Alíquota RAT: “0,0”.

Art. 1º, caput, do Ato Declaratório Executivo CODAC nº 49/2009

Na geração do arquivo a ser utilizado para a importação da folha de pagamento, deverá ser
informado o código “2100” no campo Cód. Pagamento GPS.

Art. 1º, § 1º, do Ato Declaratório Executivo CODAC nº 49/2009

A diferença de 20% para 3% (contribuição que analisamos no item 6 desta matéria), relativa à
Contribuição Patronal Previdenciária calculada sobre a remuneração paga ao empregado, deverá
ser informada no campo Compensação, para efeitos da geração correta de valores devidos em
Guia da Previdência Social (GPS).

Art. 1º, § 2º, do Ato Declaratório Executivo CODAC nº 49/2009

Caso o valor da compensação exceda ao limite de 30% (trinta por cento) demonstrado pelo SEFIP,
esse valor deverá ser confirmado utilizando-se a opção “SIM”.

Art. 1º, § 4º, do Ato Declaratório Executivo CODAC nº 49/2009

Os campos Período Início e Período Fim deverão ser preenchidos com a mesma competência da
GFIP/SEFIP.

Art. 1º, § 3º, do Ato Declaratório Executivo CODAC nº 49/2009

As contribuições deverão ser recolhidas em GPS, com os códigos de pagamento e os valores


apurados pelo SEFIP.

7.1.1. GFIP Sem Movimento

Quando da inexistência de recolhimento ao FGTS e de informações à Previdência Social, o MEI


somente deverá entregar a GFIP com indicativo de ausência de fato gerador (sem movimento)
para a competência subsequente àquela para a qual entregou GFIP com fatos geradores.

A apresentação de GFIP com indicativo de ausência de fato gerador deverá observar as


orientações contidas no Manual da GFIP/SEFIP.

Art. 2º do Ato Declaratório Executivo CODAC nº 49/2009

8. DESENQUADRAMENTO DO SIMEI

As situações que levam ao desenquadramento do SIMEI estão elencadas no art. 3º da Resolução


CGSN nº 58/2009.

O contribuinte desenquadrado do SIMEI passará a recolher os tributos devidos pela regra geral do
Simples Nacional a partir da data de início dos efeitos do desenquadramento.

Art. 3º, § 4º, da Resolução CGSN nº 58/2009

O contribuinte desenquadrado do SIMEI e excluído do Simples Nacional passará a recolher os


tributos devidos de acordo com as respectivas legislações de regência.

Art. 3º, § 5º, da Resolução CGSN nº 58/2009

9. CESSÃO OU LOCAÇÃO DE MÃO-DE-OBRA

O Microempreendedor Individual não poderá realizar cessão ou locação de mão-de-obra.

Art. 6º da Resolução CGSN nº 58/2009

Cessão ou locação de mão-de-obra é a colocação, à disposição da empresa contratante, em suas


dependências ou nas de terceiros, de trabalhadores, inclusive o MEI, que realizem serviços
contínuos relacionados ou não com sua atividade-fim, quaisquer que sejam a natureza e a forma
de contratação.

Art. 6º, § 1º, da Resolução CGSN nº 58/2009

Dependências de terceiros são aquelas indicadas pela empresa contratante, que não sejam as
suas próprias e não pertençam à empresa prestadora dos serviços.
Art. 6º, § 2º, da Resolução CGSN nº 58/2009

Serviços contínuos são aqueles que constituem necessidade permanente da contratante, que se
repetem periódica ou sistematicamente, ligados ou não a sua atividade-fim, ainda que sua
execução seja realizada de forma intermitente ou por diferentes trabalhadores.

Art. 6º, § 3º, da Resolução CGSN nº 58/2009

Por colocação à disposição da empresa contratante entende-se a cessão do trabalhador em


caráter não eventual, respeitados os limites do contrato.

Art. 6º, § 4º, da Resolução CGSN nº 58/2009

9.1. Serviços em que Será Permitida a Cessão ou a Locação de Mão-de-Obra

Não há vedação para a prestação de serviços de hidráulica, eletricidade, pintura, alvenaria,


carpintaria e de manutenção ou reparo de veículos pelo Microempreendedor Individual.

Art. 6º, § 5º, da Resolução CGSN nº 58/2009

9.2. Obrigações da Empresa Contratante do MEI em Caso de Serviços de Hidráulica,


Pintura, Alvenaria, Carpintaria e de Manutenção ou Reparos de Veículos

A empresa contratante de serviços de hidráulica, pintura, alvenaria, carpintaria e de manutenção


ou reparos de veículos executados por intermédio de MEI deverá, com relação à contratação:

a) recolher a contribuição previdenciária patronal com alíquota de 20% sobre um salário mínimo ou
o piso salarial da categoria profissional;

b) recolher a contribuição previdenciária patronal com alíquota adicional de 2,5% (total de 22,5%)
sobre um salário mínimo ou o piso salarial da categoria profissional, em caso de instituições
financeiras;

c) arrecadar a contribuição do MEI na qualidade de segurado contribuinte individual a seu serviço


(alíquota de 11%), descontando-a da respectiva remuneração, e recolher o valor arrecadado
juntamente com a contribuição a seu cargo (contribuição patronal);

d) prestar as informações em GFIP, de forma a ser definida pela Caixa;

e) cumprir as demais obrigações acessórias relativas à contratação de contribuinte individual, tais


como incluí-lo em folha de pagamento.

Art. 6º, § 6º, da Resolução CGSN nº 58/2009

9.3. Serviços Realizados por Meio de Empreitada

As orientações previstas no item anterior aplicam-se a qualquer tipo de contratação, inclusive por
empreitada.

Art. 6º, § 7º, da Resolução CGSN nº 58/2009

Entende-se por empreitada a execução de tarefa, obra ou serviço contratualmente estabelecida,


relacionada ou não com a atividade-fim da empresa contratante, nas suas dependências, nas da
contratada ou nas de terceiros, tendo como objeto um fim específico ou resultado pretendido.

Art. 144 da Instrução Normativa SRP nº 3/2005

10. VIGÊNCIA

O SIMEI entrou em vigor em 1º.07.2009.

Art. 11 da Resolução CGSN nº 58/2009

Previdência

Ana Paula de Mesquita Maia Santos

Editora Contadez

Trabalho e Previdência
Rita Viegas

Consultora Contadez

Trabalho e Previdência

Conta Dez

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