Você está na página 1de 8

ASSUNTOS DIVERSOS

Boletim Imposto de Renda n° 15 - 1ª Quinzena. Publicado em: 09/08/2023

 Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

ATIVIDADE RURAL NA PESSOA JURÍDICA


Encerramento do exercício social

Roteiro 

1. INTRODUÇÃO
2. CONCEITO DE EMPRESA RURAL
3. EXPLORAÇÃO DA ATIVIDADE RURAL
3.1. Natureza Jurídica
3.2. Escrituração Contábil na Atividade Rural
4. EXERCÍCIO SOCIAL
4.1. Orientações Para Empresas em Geral
4.2. Orientações Para Atividades Agrícolas e Zootécnicas
5. EVIDENCIAÇÃO DO EXERCÍCIO SOCIAL NOS LIVROS CONTÁBEIS
5.1. Termos de Abertura e de Encerramento
5.2. ECD
5.2.1. Assinatura da ECD
6. ENCERRAMENTO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
6.1. Erros ECD em Decorrência da Diferença do Período Societário/Contábil
7. REFLEXOS E ERROS NA ECF EM DECORRÊNCIA DA DIFERENÇA DO PERÍODO
SOCIETÁRIO/CONTÁBIL

1. INTRODUÇÃO
O objetivo desta matéria é apresentar informações sobre o exercício social e o ano agrícola, bem como os seus reflexos nas obrigações acessórias ECD e
ECF, com base na Resolução CFC n° 1.330/2011; artigo 175 da Lei n° 6.404/76; Instrução Normativa DREI n° 082/2021 e artigos 1.179 a 1.195 do Código
Civil.

2. CONCEITO DE EMPRESA RURAL


Preambularmente, antes das particularidades envolvendo o exercício social, em relação às empresas rurais, convém esclarecer que elas são compreendidas
como pessoas que exploram a capacidade produtiva do solo por meio do cultivo da terra, da criação e até mesmo da transformação de produtos agrícolas.
(MARION, J. C. Contabilidade Rural: agrícola, pecuária e imposto de renda, 2020)

Seguindo a doutrina pesquisada, as empresas rurais podem se dividir da seguinte forma:

a) atividade agrícola: compreende a exploração vegetal, envolvendo por exemplo o cultivo de cereais, flores, hortaliças, vinhedos, florestamento etc.;

b) atividade zootécnica: compreende a produção/criação animal, na qual estão contidas a pecuária, piscicultura, avicultura, apicultura, dentre outros;

c) atividade agroindustrial: abrange as indústrias rurais responsáveis pelo beneficiamento de produtos agrícolas, bem como pela transformação destes ou de
produtos zootécnicos.

Desta forma, as referências contábeis de empresas rurais estão em concordância com a própria disposição tributária para a atividade rural que podem ser
observadas no artigo 249 da Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017 e passarão a ser explicadas no tópico seguinte.

3. EXPLORAÇÃO DA ATIVIDADE RURAL


Neste tópico, vamos discorrer sobre as possibilidades da exploração da atividade rural, seja como pessoa física, equiparada à pessoa jurídica quando
explorar outra profissão ou como pessoa jurídica de fato, e também a respeito da escrituração contábil para a atividade rural.

3.1. Natureza Jurídica


Do ponto de vista tributário, a atividade rural pode ser exercida tanto por pessoa física quanto jurídica, sendo importante atender aos conceitos e limites
vinculados nas normativas. (Instrução Normativa SRF n° 83/2001, artigos 1° e 2° e Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 249)
Ctrl+M 
a) pessoa física:
ASSUNTOS DIVERSOS
Boletim Imposto de Renda n° 15 - 1ª Quinzena. Publicado em: 09/08/2023

 Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

A exploração da atividade rural, quando exercida na pessoa física por opção, não necessita de registro empresarial na Junta Comercial, tampouco de
inscrição no CNPJ. (Instrução Normativa RFB n° 2.119/2022, artigos 3° e 4°)

No entanto, a disposição legal voltada ao CNPJ em seu Anexo I, inciso XXI, menciona que são obrigadas a se inscrever as outras entidades, no interesse da
Receita Federal do Brasil (RFB), ou seja, quando qualquer órgão público exigir a inscrição, a pessoa física deverá cumpri-la, como ocorre, por exemplo, no
Estado de São Paulo. (Portaria CAT n° 092/98, artigos 7° a 13) Cabe ressaltar que o Comunicado CAT n° 01/2017 disponibiliza uma lista com nomes de
Delegacia Regional Tributária (DRT) para os sujeitos passivos que se encontram fora do território paulista para o deferimento do pedido inicial.

Para estes casos, a natureza jurídica constante no CNPJ será a 412-0 - Produtor Rural Pessoa Física, considerado então como produtor rural autônomo.
(Instrução Normativa RFB n° 2.119/2022, Anexo V)

b) pessoa física equiparada à pessoa jurídica:

Pelo artigo 971 da Lei n° 10.406/2002 (Código Civil), a pessoa física, que tenha como principal profissão a atividade rural, poderá requerer a inscrição como
Empresário Individual (EI) na Junta Comercial após observar os requisitos do artigo 968 do Código Civil, hipótese em que ficará equiparado, para todos os
efeitos, à empresa para fins tributários, conforme artigo 162 do Decreto n° 9.580/2018 (RIR/2018).

Nesse cenário, o EI ficará obrigado à inscrição em CNPJ com a natureza jurídica 213-5 - Empresário Individual. (Instrução Normativa RFB n° 2.119/2022,
Anexo V)

c) sociedade empresária:

Caso tenha interesse em formalizar uma pessoa jurídica de fato para explorar a atividade rural, poderá considerar as naturezas jurídicas abaixo indicadas,
sendo primordial buscar informações na legislação societária quanto à constituição do quadro de sócios, capital social, responsabilidade societária, entre
outros. (Lei n° 10.406/2002, artigo 44; Instrução Normativa DREI n° 81/2020)

Natureza Jurídica Descrição

204-6 Sociedade Anônima Aberta

205-4 Sociedade Anônima Fechada

206-2 Sociedade Empresária Limitada

230-5 Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (Eireli) extinguida pela (SLU) pela Lei n° 14.195/2022, artigo 41

3.2. Escrituração Contábil na Atividade Rural


A escrituração contábil regular é exigida perante o Código Civil, artigos 1.179 a 1.195, para todas as pessoas jurídicas, com exceção do Microempresário
Individual (MEI).

Desta forma, quando exercida a atividade rural na pessoa física, não cabe a escrituração contábil mediante livros contábeis, somente utilizará o livro-caixa ou
livro-caixa digital, obrigatório caso o faturamento seja superior a R$ 4.800.000,00 (Instrução Normativa SRF n° 083/2001, artigo 23-A). Contudo, o produtor
rural pessoa física poderá adotar uma escrituração contábil para fins gerenciais, controlando assim as receitas, despesas, custos e obrigações com
terceiros, essa escrituração é opcional e não obrigatória para pessoa física.

Para mais detalhes em relação às formalidades do livro na pessoa física perante a legislação do imposto de renda, indicamos os seguintes boletins:

LIVRO CAIXA DIGITAL DO PRODUTOR RURAL (LCDPR) Boletim N°


Considerações gerais 19/2019

ATIVIDADE RURAL Boletim N°


Considerações, apuração, livro caixa 24/2018

No caso de ser constituída como pessoa jurídica, a escrituração contábil será obrigatória, exceto se for MEI, devendo contabilizar pelo regime de
competência as receitas, custos e despesas, conforme o exercício social adotado em decorrência da atividade.

A referida pessoa jurídica deve utilizar o sistema de contabilidade com base na escrituração uniforme de seus livros, conforme a documentação, utilizando
livros e papéis adequados de acordo com regime de competência. (RIR/2018, artigo 272; Lei n° 6.404/76, artigo 177)

As demonstrações contábeis devem ser úteis aos usuários para avaliações e tomada de decisões econômicas e possuem como objetivo a apresentação de
informações quanto à situação patrimonial, financeira e desempenho da empresa.
Ctrl+M 
ASSUNTOS DIVERSOS
Boletim Imposto de Renda n° 15 - 1ª Quinzena. Publicado em: 09/08/2023

 Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

Ainda cumpre ressaltar que as referidas demonstrações contábeis devem ser complementadas pelas notas explicativas, quando se julgar necessário maior
detalhamento das demonstrações. (Lei n° 6.404/76, artigo 176, § 4°)

4. EXERCÍCIO SOCIAL
De modo geral, as pessoas jurídicas possuem receitas e despesas contínuas no decorrer dos meses, logo, é possível a identificação do mês para
encerramento do exercício social que representará o resultado equivalente para os 12 meses. (MARION, J. C. Contabilidade Rural: agrícola, pecuária e
imposto de renda, 2020)

Porém, também há a opção pelo encerramento no mês de dezembro por conta do ano civil utilizado.

Conforme o artigo 18 da Lei n° 7.450/85 e os artigos 217 e 218 do RIR/2018, o exercício fiscal corresponde ao ano-calendário, com isto, o exercício social
citado em estatuto/contrato é considerado societário e pode ser diferente do exercício fiscal, como por exemplo, na atividade rural, o fim de cada safra.

4.1. Orientações Para Empresas em Geral


Com base no artigo 175 da Lei n° 6.404/76, o exercício social tem duração de um ano e a data do término será conforme a previsão estatutária/contratual,
não havendo a necessidade de que o exercício corresponda ao ano civil (01.01 a 31.12).

Portanto, a norma societária e até mesmo a contábil permitem as empresas em geral estabelecer em seus atos constitutivos o correspondente prazo de
término do exercício financeiro, sendo que por ocasião dessa data serão encerradas as contas de resultado e elaboradas as demonstrações financeiras.
(Código Civil, artigos 1.065 e 1.179)

Quanto a essa escrituração, cabe destacar que fica a cargo da empresa e do contador analisar qual o exercício social da empresa por suas particularidades e
necessidade de escrituração, de acordo com seu nível de detalhamento nas escriturações. (Resolução CFC n° 1.330/2011 - Aprova a ITG 2000 (R1) -
Escrituração Contábil, item 12)

No entanto, para fins do imposto de renda, a Receita Federal não considera o prazo adotado pela contabilidade, mas exige do responsável técnico a
elaboração do balanço patrimonial e demonstração do resultado do exercício ao término do período de apuração do IR, conforme disposto no artigo 286 do
RIR/2018.

Ou seja, como exemplo, uma indústria aeronáutica estabelece o término do seu exercício social em março do ano X1, mas embora realize as demonstrações
neste período, fica responsabilizada também por promover a escrituração do Balanço e Demonstração de Resultado em 31.12.X1, tendo em vista que se
apura o imposto de renda com base no Lucro Real anual.

4.2. Orientações Para Atividades Agrícolas e Zootécnicas


Já para as atividades agrícolas e zootécnicas, pelo fato de estarem atreladas à colheita e ao nascimento do gado (mais especificamente voltada à atividade
pecuária), que se concentram em determinados períodos no decorrer do ano, é comum que o encerramento do período seja diferente de 31.12 ou com o
término do exercício social, tendo em vista que a opção por um período que não corresponda ao término da atividade pode distorcer as demonstrações e
dificultar a mensuração dos ativos. (MARION, J. C. Contabilidade Rural: agrícola, pecuária e imposto de renda, 2020)

Portanto, a definição da data de encerramento está diretamente ligada ao fato de se conhecer o negócio e a sua sazonalidade, de maneira que quando o
assunto é atividade agrícola, a doutrina orienta que o melhor momento para se medir o resultado neste caso seria após a colheita e comercialização do
produto agrícola, tendo em vista que o encerramento em momento posterior, ou até mesmo anterior a este, não apresenta aos usuários da contabilidade uma
mensuração precisa sobre o desempenho da atividade rural e ainda prejudica na avaliação dos ativos, fato que no lapso do tempo poderá ocorrer perda
devido a fatores que não possam ser controlados.

Considerando o exposto acima, tem na tabela abaixo a organização de eventos e datas para auxiliar na compreensão quanto à definição do ano agrícola:

Produto Plantio Colheita Comercialização Exercício Social

Aveia Abril Setembro Novembro X2 Dezembro de 20X1 a novembro de 20X2

Café Setembro Maio Julho X2 Agosto de 20X1 a julho de 20X2

Arroz Fevereiro Julho Setembro Outubro de 20X1 a setembro de 20X2

Embora haja particularidades relacionadas às empresas rurais, incentiva-se do mesmo modo o encerramento do exercício social para as atividades
pecuárias que serão estabelecidas a partir do produto final, que, neste caso, pode ser visto na tabela abaixo:

Produto Nascimento Desmame/ Comercialização Exercício Social


Ctrl+M 
Bezerro Maio Julho Agosto de 20X1 a julho de 20X2
ASSUNTOS DIVERSOS
Boletim Imposto de Renda n° 15 - 1ª Quinzena. Publicado em: 09/08/2023

 Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

Reses Maio Agosto Setembro de 20X1 a agosto de 20X2

Por fim, quando a atividade agrícola tiver mais de um produto sendo cultivado e, da mesma forma, na atividade pecuária tiver, por exemplo, o nascimento dos
animais em diferentes meses, recomenda-se realizar o encerramento do exercício com base no produto com maior impacto econômico ou que indique a
maior quantidade de animais nascidos.

5. EVIDENCIAÇÃO DO EXERCÍCIO SOCIAL NOS LIVROS CONTÁBEIS


A seguir, abordaremos os aspectos contábeis, mais precisamente quanto aos livros contábeis, como termos de abertura e encerramento, e a respeito da
Escrituração Contábil Digital (ECD).

5.1. Termos de Abertura e de Encerramento


Os instrumentos de escrituração, incluindo os livros ou fichas do Diário, deverão conter termos de Abertura e de Encerramento, conforme veremos a seguir, e
ser apresentado para autenticação no órgão competente do Registro do Comércio, ou se tratando de sociedade civil, no Registro Civil de Pessoas Jurídicas
ou no Cartório de Registro de Títulos e Documentos. (RIR/2018, artigo 273, § 4°; Decreto n° 1.800/96, artigo 32, inciso III e artigo 7°, inciso I, alínea “d” e
Instrução Normativa DREI n° 082/2021,artigo 5°)

Cumpre ainda salientar que os termos de Abertura e de Encerramento deverão ser datados e assinados pelo empresário, administrador de sociedade
empresária ou procurador e pelo contabilista legalmente habilitado com o número da inscrição no Conselho Regional de Contabilidade (CRC) e dos nomes
completos dos signatários e das respectivas funções. (Instrução Normativa DREI n° 082/2021, artigo 6°)

No entanto, caso não se tenha contabilista habilitado na localidade da sede da pessoa jurídica, os termos de Abertura e de Encerramento serão assinados,
somente pela pessoa que couber conforme citado anteriormente. Compete aos CRCs de informar às Juntas Comerciais as localidades onde não haja
profissional habilitado. (Instrução Normativa DREI n° 082/2021, artigo 10, §§ 2° e 3°)

Quanto aos termos de Abertura e Encerramento para o livro digital, devem ser assinados por contabilista legalmente habilitado e pelo empresário individual,
sociedade limitada unipessoal, sociedade empresária, cooperativa, consórcio ou grupo de sociedade, com qualquer certificado digital emitido por entidade
credenciada pela Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil) ou qualquer outro meio de comprovação da autoria e integridade de documentos
em forma eletrônica, antes da autenticação pelas Juntas Comerciais, sendo dispensada a apresentação de procuração arquivada na Junta Comercial.
(Instrução Normativa DREI n° 082/2021, artigo 4°)

5.2. ECD
A Escrituração Contábil Digital (ECD) faz parte do projeto Sped, com objetivo de substituir a escrituração em papel pela escrituração digital, que
compreenderá os livros de acordo com o Manual de Orientação ECD Leiaute 9, página 9, item 1.6;

• Livro G - Diário geral


• Livro R - Diário com escrituração resumida (vinculado ao livro auxiliar)
• Livro Z - Razão auxiliar
• Livro B - Livro de balancetes diários e balanços

Outro ponto a destacar é em relação à regra de convivência dos livros na ECD para não gerar erro, orientação dada pelo Manual de Orientação da ECD Leiaute
9, página 9, item 1.7.

A escrituração G (Diário Geral) não pode conviver com nenhuma outra escrituração principal no mesmo período, ou seja, as escriturações principais (G, R ou
B) não podem coexistir.

A escrituração G não possui livros auxiliares A ou Z, e, consequentemente, não pode conviver com esses tipos de escrituração.

A escrituração resumida R pode conviver com os livros auxiliares (A ou Z). Nesta situação, os livros auxiliares devem ser transmitidos antes do livro principal
e o hash dos livros auxiliares transmitidos será informado no Registro I012 do livro principal.

O livro de balancetes e balanços diários B pode conviver com os livros auxiliares (A ou Z). Ressalta-se que a escrituração B é somente para instituições
financeiras.

Caso utilize livros auxiliares (A ou Z), o livro principal deve ser do tipo "R" (livro diário com escrituração resumida), exceto para instituições financeiras, que
utilizam o livro principal “B” (livro de balancetes diários e balanços). Além disso, os livros auxiliares devem ser transmitidos antes do livro principal, pois será
necessário informar o hash dos livros auxiliares no registro I012 do livro principal.

O Decreto n° 8.683, de 25 de fevereiro de 2016 e o Decreto n° 9.555, de 6 de novembro de 2018, vêm corroborar uma das premissas básicas do Sistema
Público de Escrituração Digital (Sped), que é a simplificação das obrigações acessórias.

Ctrl+M
O Decreto n° 8.683/2016 altera a redação do artigo 78-A do Decreto n° 1.800, de 30 de janeiro de 1996, e estabelece que a autenticação dos livros contábeis

das empresas poderá ser feita por meio do Sped, mediante a apresentação, ou seja, com a transmissão da Escrituração Contábil Digital (ECD).
ASSUNTOS DIVERSOS
Boletim Imposto de Renda n° 15 - 1ª Quinzena. Publicado em: 09/08/2023

 Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

O termo de autenticação da ECD transmitida via Sped será o próprio recibo de entrega que o programa gera no momento da transmissão.

Outro ponto importante do decreto é que a autenticação por meio do Sped dispensa a autenticação de livros em papel, constante no artigo 39-A da Lei n°
8.934, de 18 de novembro de 1994, reproduzido a seguir: “A autenticação dos documentos de empresas de qualquer porte realizada por meio de sistemas
públicos eletrônicos dispensa qualquer outra”. Ainda, conforme o item 17 da ITG 2000 (R1) - Escrituração Contábil e item 1.9 - Impressão dos Livros da
página 9 do Manual de Orientação da ECD, são formas opcionais de escrituração a realização em papel, em fichas ou digital quando da entrega da ECD,
conforme a aba “O que é” do Portal Sped – ECD.

Desta forma, as maneiras de escrituração anteriormente mencionadas não podem coexistir para o mesmo período, ou seja, não podem existir, ao mesmo
tempo, dois livros diários em relação ao mesmo período, sendo um digital e outro impresso.

Portanto, se a entrega da ECD foi realizada, não haverá a necessidade de imprimir e encadernar em forma de livro, devendo manter o arquivo magnético
autenticado pelo Sped.

Acerca das informações de início e fim de período a serem prestadas na ECD, serão tratadas no próximo tópico desta matéria.

5.2.1. Assinatura da ECD


Para o envio da ECD, são necessárias assinaturas, duas específicas, a do contador/contabilista e a do responsável pela assinatura, sendo esse último
indicado pelo próprio declarante utilizando campo específico.

Com relação à assinatura do contabilista, será pelo e-CPF do contador.

Quanto ao responsável pela assinatura, poderá ser por um e-CNPJ que coincida com o CNPJ do declarante, sendo essa opção utilizada caso mostre alguma
situação problemática no ponto de vista operacional (por exemplo, o declarante não tem e-CNPJ e não consegue providenciar em tempo hábil para a entrega
da ECD).

Poderá ser por um e-CNPJ que não coincida com o CNPJ do declarante (CNPJ básico, oito primeiras posições). Nesse caso, o CNPJ será validado nos
sistemas da RFB e deverá corresponder ao procurador eletrônico do declarante perante a RFB.

Poderá ser também por um e-CPF. Nesse caso, o CPF será validado nos sistemas da RFB e deverá corresponder ao representante legal ou ao procurador
eletrônico do declarante perante a RFB.

A assinatura digital por e-CNPJ não é obrigatória, mas caso ocorra, poderá ser feita apenas uma vez, essas orientações estão descritas no Manual de
Orientação da ECD Leiaute 9, item 1.13.

6. ENCERRAMENTO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS


Neste tópico, serão apresentadas informações a respeito dos possíveis erros gerados na ECD pela diferença do encerramento do exercício societário.

6.1. Erros ECD em Decorrência da Diferença do Período Societário/Contábil


Conforme as orientações do item 1.21 – Período Societário Diferente do Período Fiscal – da página 23 do Manual da ECD, as pessoas jurídicas que possuam
período societário diferente do período fiscal podem entregar a ECD correspondente ao período societário.

Pelo fato de a diferença de períodos gerar erro na Escrituração Contábil Fiscal (ECF) em decorrência do período fiscal ser diferente do contábil, os ajustes
serão realizados na própria ECF após a recuperação dos dados da ECD.

Tomemos, como exemplo, uma pessoa jurídica optante pelo Lucro Presumido do regime de competência, que realiza o plantio de arroz e fez a colheita em
setembro, realizando, nesse momento, o encerramento do exercício social (outubro de 2018 a setembro de 2019), desta forma, a empresa poderá entregar
um arquivo de janeiro/2019 a setembro/2019, com encerramento do exercício em setembro/2019 e o segundo arquivo de outubro/2019 a dezembro/2019.

Com base no exemplo acima, no Registro 0000 - Abertura do Arquivo Digital e Identificação do Empresário ou da Sociedade Empresária, no campo 03 - Data
inicial das informações contidas no arquivo e no campo 04 - Data final das informações contidas no arquivo, devem corresponder ao mesmo ano o período
das informações do bloco I: (Manual da ECD, páginas 59 a 82)

Ctrl+M 
ASSUNTOS DIVERSOS
Boletim Imposto de Renda n° 15 - 1ª Quinzena. Publicado em: 09/08/2023

 Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

Já no Registro I030, o “campo 12 - Data de encerramento do exercício social” é de preenchimento obrigatório, nele deve conter 8 (oito) dígitos
correspondentes a dia, mês e ano sem a separação com barra, caso não seja informado, gerará erro.

Desta forma, com base no exemplo anterior, no campo 12, deverá informar a data de 31.10.2019: (Manual da ECD, página 94)

Ainda na ECD, outro registro que requer atenção quanto aos períodos é o J900 - Termo de Encerramento, nos campos “07 - Data de início da escrituração” e o
“08 - data de término da escrituração”, esses são de caráter obrigatório. (Manual da ECD, páginas 190 e 192)

O campo 07 do Registro J900 deve ser igual ao informado no campo 03 do Registro 0000, que corresponde à data inicial das informações contidas no
arquivo, caso contrário o PGE do Sped Contábil gera um erro:

Ainda, o campo 08, do Registro J900, deve corresponder à informação prestada no campo 04 do Registro 0000, que se refere à data final das informações
contidas no arquivo, se forem informações diferentes, o PGE do Sped Contábil gera um erro:

Ctrl+M 
ASSUNTOS DIVERSOS
Boletim Imposto de Renda n° 15 - 1ª Quinzena. Publicado em: 09/08/2023

 Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

7. REFLEXOS E ERROS NA ECF EM DECORRÊNCIA DA DIFERENÇA DO PERÍODO SOCIETÁRIO/CONTÁBIL


Pelo artigo 16 da Lei n° 7.450/85, a apuração do imposto de renda das pessoas jurídicas terá como exercício 1° de janeiro de cada ano-calendário até 31 de
dezembro, diferente do exercício contábil, que corresponde à atividade exercida e ao ciclo operacional, para fins fiscais deve corresponder ao ano civil.

Desta forma, conforme vimos anteriormente, sobre o exercício para fins contábeis e neste tópico para fins fiscais, provavelmente terá diferença no
encerramento do período, gerando possíveis erros na ECF.

Na ECF, para a pessoa jurídica que exerça a atividade rural, deve constar tal informação no campo 10 do Registro 0020 - Parâmetros Complementares.
(Manual da ECF, página 73)

Com relação à diferença dos períodos, tal situação pode gerar erro em decorrência da recuperação da ECD com encerramento do exercício diferente dos
encerramentos da ECF, em que poderá constar mensagem com o valor da diferença entre os saldos finais credores e os saldos iniciais credores. A pessoa
jurídica pode, então, ajustar os saldos por meio de alteração nos Registros K155 e K355 no período em que gerar o erro em decorrência da diferença entre
saldos. (Manual da ECF, páginas 136 e 141)

Para o exemplo apresentado nesta matéria, considerando que apresente erro em decorrência do encerramento contábil no terceiro trimestre, os referidos
ajustes no K155 e K355 devem ocorrer nesse momento.

Ainda ressaltamos que, para a atividade rural, atuando somente nesse ramo, deve-se utilizar o plano de contas referencial específico.

Autor: Equipe Técnica Econet Editora

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

Nos termos da Lei n° 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula os direitos autorais, é proibida a reprodução total ou parcial, bem como a produção de
apostilas com base nesta obra, por qualquer forma, meio eletrônico ou mecânico, inclusive por meio de processos reprográficos, fotocópias ou gravações
sem a permissão por escrito dos autores. A reprodução não autorizada, além das sanções civis (apreensão e indenização), está sujeita às penalidades de
que trata o artigo 184 do Código Penal.

Ctrl+M 
ASSUNTOS DIVERSOS
Boletim Imposto de Renda n° 15 - 1ª Quinzena. Publicado em: 09/08/2023

 Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

Essa informação foi útil?

Deixe um comentário sobre esse boletim


O seu endereço de e-mail não será divulgado. Campos obrigatórios são mercados com *

Nome *
Seu comentário
Seu nome

Email *

Seu email

Enviar Comentário

Ctrl+M 

Você também pode gostar