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FACULDADE DE AGRICULTURA
POR
MASSIMO OLMI
CUAMBA 2011
1
Ficha Técnica
ISBN:
2
ÍNDICE
Introdução 5
Capítulo 1: os Insectos 8
Tegumento 10
Cabeça 12
Tórax 42
Abdómen 61
Sistema circulatório 71
Sistema respiratório 73
Sistema reprodutor 74
Luta biológica 88
Luta agronómica 95
Luta física 96
3
Fitotoxicidade 115
4
INTRODUÇÃO
Segundo cálculos do Banco Mundial cada ano a humanidade deve
prover às necessidades alimentares de cerca de 100 milhões de
pessoas a mais, das quais 80 milhões só na Ásia e na África. Para
ir ao encontro às necessidades alimentares, no período 1975 - 1990
a superfície agrícola mundial utilizada passou de 1.394.000 ha à
1.440.000 ha, com um aumento médio do 0.24% (1.24% na América
latina). Este processo continua ainda hoje sobretudo à custa da
superfície florestal, que está a diminuir sempre mais. Assim de
seguida, calcula-se que dentro do 2025 outros 242 milhões de
hectares de florestas desaparecerão.
Neste contexto, calcula-se que cada ano o 42.1% dos produtos
agrícolas seja perdido antes da colheita por causa dos ataques de
pragas (animais danosos: insectos, ácaros, nemátodos, aves,
roedores, lesmas e caracóis; 15.6%), agentes bióticos de doenças
(fungos, bactérias, fitoplasmas, vírus; 13.3%) e plantas
infestantes (13.2%). Os continentes mais interessados por estas
perdas são África (48.9% de perdas) e Ásia (47.1% de perdas); o
continente menos danificado é a Europa (28.2% de perdas), que
supera América do Norte (31.2% de perdas). Calculou-se também que
sem controlo a citada perda global de 42.1% poderia subir até
69.8%.
Os cálculos precedentes todavia não têm conta que 10-30% dos
produtos agrícolas são perdidos nos armazéns durante a fase da
pós-colheita, com perdas máximas de 50% no caso de produtos mais
perecíveis. Portanto se pode concluir que pelo menos o 50% da
produção agrícola mundial seja perdida antes de chegar ao
consumidor final.
No contexto precedente, os danos causados às plantas
cultivadas no mundo só pelos insectos são em média de 10%.
Os insectos de Moçambique podem ser considerados pouco
conhecidos, sobretudo em comparação com o nivel de conhecimento da
fauna da Africa do Sul. O primeiro pesquisador que estudou os
insectos de Moçambique foi um Italiano, Giuseppe Bertoloni, que
ensinava na Universidade de Bologna e que imprimiu no 1849 a mais
antiga publicação sobre os insectos moçambicanos (Bertoloni,
1849). Bertoloni nunca visitou Moçambique, mas recebia
regularmente insectos capturados em Moçambique por um botânico
italiano, Carlo Antonio Fornasini, que naquela altura morava em
Inhambane, onde descobriu uma das plantas mais raras de
Moçambique, o Encephalartos ferox (Cycadaceae), describida em 1851
pelo mesmo Giuseppe Bertoloni
Este livro serve para o melhoramento dos conhecimentos em
Zoologia agrícola dos futuros agrónomos, cujo trabalho contribuirá
ao aumento da produção agrícola nacional de Moçambique. A Zoologia
agrícola de facto se ocupa de todas as pragas das plantas
cultivadas, incluindo insectos (tratados pela Entomologia
agrícola), ácaros (Acarologia agrícola), nemátodos (Nematologia
agrícola), aves (Ornitologia agrícola), roedores (Rodentologia
agrícola), lesmas e caracóis.
5
6
PARTE I
ENTOMOLOGIA GERAL
7
CAPÍTULO 1
OS INSECTOS
8
CAPÍTULO 2
MORFOLOGIA DOS INSECTOS
O corpo dos insectos é segmentado (Figs 1-2). Os segmentos
estão reunidos em três regiões: cabeça, tórax e abdómen (Fig. 2).
9
Fig. 2. Corpo de insecto. A: antenas; AD: abdómen; AL: asas; AN: anus; C:
clipeo; CC: cercos; CX: coxa; FE: fémur; GON: apêndices sexuais; L: labro; LI:
lábio; M: mandíbula; MA: metatórax; ME: mesotórax; MS: maxila; O: olho composto;
OC: ocelos; PL: mesopleuras; PR: pronoto; ST: estigmas; TA: tarso; TE: cabeça;
TI: tíbia; TR: trocanter; US: uroesternítos; UT: urotergítos; Z: patas; 1-9:
segmentos abdominais.
TEGUMENTO
10
A superficie do corpo do insecto consiste em numerosas placas
endurecidas chamadas escleritos, onde a esclerosação é muito
elevada. Os escleritos estão separados por linhas chamadas
suturas. As suturas podem ser linhas de cutícula menos endurecida
Fig. 3. Tegumento de insecto. CT: celula tricógena (que forma um pêlo); EN:
endocutícula; EP: epicutícula; EPI: epiderme; EX: exocutícula; GL: glândula; MU:
músculos; PR: processos do tegumento; SE: cerda; TR: traquéia.
11
vezes de membrana basal, epiderme e cutícula. Os processos
internos podem ser saliências ou espinhos. Estes reforçam a parede
do corpo e são lugares de inserção de músculos.
Os processos internos podem ser muito longos e penetrar
profundamente dentro do corpo: eles constituem uma armação de
suporte e de inserção de músculos denominada endoesquéleto.
O tegumento externo do corpo também é denominado
exoesquéleto.
CABEÇA
12
Fig. 5. Cabeça dum insecto com os principais escleritos, suturas, apêndices e
órgãos: antenna = antena; ocelli frontali = ocelos frontais; occhio composto =
olho composto; labbro superiore = labro; mandibola = mandíbula; mascella =
maxila; labbro inferiore = lábio; palpi mascellari = palpos maxilares; palpi
labiali = palpos labiais; occipite = occipicio; guancia = gena; vertice =
vértice; clipeo = clípeo.
13
Fig. 6. Olho de insecto composto de muitos omatídios.
Ocelos (ou olhos simples)(Fig. 5). São geralmente três. São órgãos
perceptores. Cada ocelo é marcado externamente por uma área
circular chamada faceta. Os ocelos estão localizados na parte
dorsal da cabeça entre os olhos composto.
14
Antenas. São duas. São órgãos sensitivos (com função tactil,
olfativa, etc.) que variam grandemente em tamanho e forma. Cada
antena é constituída por um número variável de segmentos. A forma
da antena é muito importante para a classificação dos insectos,
porque cada grupo de insectos tem a sua forma particular de
antena.
São as seguintes as formas de antenas mais comuns:
15
Fig. 8. Organização geral das antenas: antenna = antena; antennomeri = segmentos
da antena; flagello = flagelo; pedicello = pedicelo; scapo = escapo; clavato =
clavado; genicolata = geniculada; articolazione a ginocchio = articulação com
cotovelo; sensilli = órgãos sensitivos; pelo = pêlo; setola = cerda;
articolazione = articulação.
16
Fig. 9. Diferenças nas antenas de grupos sistemáticos e sexos diferentes:
differenze fra gruppi sistematici nei Ditteri = diferenças entre grupos
sistemáticos nos Diptera; antenna verticillata = antena verticilada; antenna
aristata = antena aristada; pedicello = pedicelo; scapo = escapo; differenze fra
i sessi nei Lepidotteri = diferenças entre os sexos nos Lepidoptera; antenna
bipettinata = antena bipectinada; antenna moniliforme = antena moniliforme; in
alto = em cima; in basso = em baixo.
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Fig. 10. Tipos de antenas: antenna setiforme = antena setácea; antenna pettinata
= antena pectinada; antenna lamellata = antena lamelada; lamelle aperte e in
posizione di riposo = lamelas abertas e fechadas; antenna clavata = antena
clavada; antenna verticillata = antena verticilada; antenna piumosa = antena
plumosa.
18
Fig. 11. Antena filiforme de Esperança (Orthoptera Ensifera).
19
Fig. 12. Antena clavada de Besouro (Coleoptera).
20
Fig. 14. Antena capitada de Besouro (Coleoptera).
21
Fig. 15. Antenas clavadas de borboleta (Lepidoptera).
22
Fig. 17. Órgãos sensitivos duma antena bipectinada dum macho de mariposa
(Lepidoptera).
23
10) Antena plumosa (Fig. 10): antena na qual a maioria dos
segmentos tem em volta muitos pêlos longos (a antena parece-se
24
Fig. 20. Antenas geniculadas de gorgulho (Coleoptera Curculionidae).
25
Fig. 22. Antenas pectinadas e geniculadas de besouro (Coleoptera Lucanidae).
26
Fig. 23. Cabeça prognata de besouro predador (Coleoptera Carabidae).
Peças bucais (Fig. 5). As peças bucais dos insectos são os órgãos
que permitem captar os alimentos e, através da boca, introduzir-
los na cavidade bucal. Por vezes as peças bucais são dirigidas
para frente: neste caso a cabeça é chamada prognata (Fig. 23). Em
outros casos as peças bucais são dirigidas para baixo
27
Fig. 25. Cabeça metagnata de Gafanhoto (Orthoptera Caelifera).
1) um labro;
2) duas mandíbulas;
3) duas maxilas;
4) um lábio;
5) uma hipofaringe.
28
Fig. 26. Peças bucais de tipo mastigador de Gafanhoto (Orthoptera Caelifera):
palpo mascellare = palpo maxilar; palpi labiali = palpos labiais; mandibola =
mandíbula; labbro superiore = labro; labbro inferiore = lábio; mascella =
maxila; cardine = cardo; stipite = estipe; postmento = pós-mento; premento =
pré-mento; glosse = glossas; paraglosse = paraglossas; ipofaringe = hipofaringe.
29
Fig. 27. Insecto ectognato: fêmea de Esperança (Orthoptera Ensifera) que mostra
os palpos maxilares e labiais na cabeça.
31
Fig. 28. Peças bucais de tipo mastigador – lambedor de Vespa (Hymenoptera):
palpo mascellare = palpo maxilar; palpo labiale = palpo labial; mandibola =
mandíbula; labbro superiore = labro; labbro inferiore = lábio; mascella =
maxila; cardine = cardo; stipite = estipe; postmento = pós-mento; premento =
pré-mento; glosse = glossas; paraglosse = paraglossas.
32
Fig. 29. Peças bucais de tipo lambedor – sugador de Abelha obreira
(Hymenoptera): palpo mascellare = palpo maxilar; palpo labiale = palpo labial;
mandibola = mandíbula; labbro superiore = labro; labbro inferiore = lábio;
mascella = maxila; cardine = cardo; stipite = estipe; postmento = pós-mento;
premento = pré-mento; glosse = glossas; paraglosse = paraglossas.
33
é muito pelosa e serve para lamber os líquidos, que depois serão
sugados para dentro do canal da probóscide.
Fig. 30. Peças bucais de tipo lambedor – sugador de Mosca (Diptera): capo =
cabeça; proboscide di profilo = probóscide de perfil; palpo mascellare = palpo
maxilar; palpo labiale = palpo labial; mandibola = mandíbula; labbro superiore =
labro; labbro inferiore = lábio; mascella = maxila; labelli = labelas;
ipofaringe = hipofaringe.
34
Na Mosca doméstica e nas Moscas da fruta as mandíbulas e as
maxilas estão atrofiadas. Existem sómente os palpos maxilares e
sobretudo o labro e o lábio. Labro e lábio são contíguos e formam
uma probóscide. Distalmente o lábio tem dois lobos ovais e moles
chamados labelas (Fig. 30). A superfície inferior das labelas
Fig. 31. Adulto de Mosca da fruta (Diptera) no momento em que chupa uma gota de
líquido açucarado sobre a epiderme dum fruto.
35
Fig. 32. Peças bucais de tipo sugador de Borboleta (Lepidoptera): capo = cabeça;
palpo mascellare = palpo maxilar; palpo labiale = palpo labial; mandibola =
mandíbula; labbro superiore = labro; labbro inferiore = lábio; mascella =
maxila; cardine = cardo; stipite = estipe; galee = galeas; spirotromba =
probóscide.
36
Lepidoptera (quer dizer nas Borboletas e Mariposas) e de alguns
Diptera.
Nas Borboletas as mandíbulas são atrofiadas. Labro e lábio
são reduzidos. As maxilas têm lacinias atrofiadas e gáleas muito
longas e contíguas a formar uma probóscide, que contem o canal
alimentar. A probóscide fica enrolada: quando é usada para sugar
líquidos é desenrolada pela pressão sanguínea.
37
Fig. 33. Peças bucais de tipo perfurador-sugador de Hemiptera: comportamento del
labbro inferiore durante la penetrazione degli stiletti = comportamento do lábio
durante a penetração dos estiletes bucais; labbro inferiore piegato a ginocchio
= lábio dobrado formando um joelho; labbro inferiore con articoli introflessi a
canocchiale = lábio com segmentos reentrantes telescopicamente; dettaglio della
modalità di penetrazione degli stiletti: quelli mandibolari esplicano l’azione
pungente = modalidade de penetração dos estiletes: os estiletes mandibulares
exercem a actividade perfuradora; mascellari = maxilares; modalità di nutrizione
in un Rincoto fitomizo = modalidade de alimentação dum Hemíptero fitomizo.
38
Genas: que são as partes laterais da cabeça entre os olhos
compostos e as mandíbulas.
Fig. 34. Percevejo sobre um fruto: em posição de repouso o seu rostro está
dobrado sob a cabeça.
39
Fig. 35. Percevejo sobre um ramo: durante a actividade de alimentação o seu
lábio está dobrado formando um joelho, enquanto os estiletes penetram dentro dos
tecidos vegetais.
40
Fig. 36. Peças bucais de tipo cefálico - faríngeo das larvas dos Diptera
Brachycera: capo visto subventralmente = cabeça vista subventralmente; uncini
boccali = ganchos bucais; apertura boccale = boca; apparato cefalo – faringeo =
aparelho cefálico – faríngeo; funzione dilaniante degli uncini boccali = função
despedaçante dos ganchos bucais.
41
TÓRAX
Fig. 37. Constituição geral do tôrax dum insecto: torace e sue appendici: zampe
= tórax e os seus apêndices: patas; protorace = protórax; mesotorace =
mesotórax; metatorace = metatórax; segmento toracico e sue parti = segmento
torácico e as suas partes; pleure = pleuras; stigma = estigma; zampa = pata.
42
Fig. 38. Modificação do tôrax dum insecto em relação ao desenvolvimento das
asas: torace ed estroflessioni paranotali: ali = tórax e as extroflexões ao lado
do noto: asas; protorace = protórax; torace alifero = tórax com asas; ali
mesotoraciche = asas mesotorácicas; ali metatoraciche = asas metatorácicas;
segmento del torace alifero ed articolazione delle ali = segmento do tórax com
asas e articulação das asas; pleure = pleuras; stigma = estigma.
Patas (Fig. 44). As patas dos insectos são seis (três pares). Cada
pata é constituída pelos segmentos seguintes:
43
Fig. 39. Diferente desenvolvimento do tórax nos insectos em relação ao
desenvolvimento das asas: protorace = protórax; mesotorace = mesotórax;
metatorace = metatórax; Blattodeo Blattidae = Blattodea Blattidae; Rincoto
Scutelleride = Percevejo Scutellerinae; scutello mesotoracico = escutelo
mesotorácico; ali mesotoraciche = asas mesotorácicas; addome = abdómen;
Coleottero Scarabeide = Besouro Scarabaeidae; Rincoto Ligeide = Percevejo
Lygaeidae; Dittero Muscide = Mosca; Imenottero Sfecide = Hymenoptera Sphecidae.
44
Fig. 40. Tórax de Libélula (Odonata): o mesotórax e o metatórax são mais ou
menos iguais, porque as 4 asas têm a mesma extensão.
45
Fig. 42. Tórax de Besouro (Coleoptera): dorsalmente só o protórax e o escutelo
são visiveis, porque o resto do tórax está escondido sob os élitros.
46
Fig. 44. Constituição geral das patas: zampa di larva = pata de larva;
trocantere = trocanter; femore = fémur; unghia del pretarso = garra do pretarso;
zampa di adulto = pata de adulto; formazioni del pretarso = formações do
pretarso; ultimo tarsomero = último segmento do tarso; pulvillo = pulvilo;
empodio = empódio; unghie = garras; arolio = arólio.
47
Fig. 45. Patas adaptadas para a locomoção: zampe deambulatorie = patas
deambulatórias; trocantere = trocanter; femore = fémur; Coccinellide =
Coccinellidae; Coleottero = Besouro; zampe cursorie = patas adaptadas para
correr; zampe per pattinare sulla superficie dell’acqua = patas adaptadas para
patinar sobre a superfície da água; Rincoto = Hemiptera.
48
Fig. 46. Patas adaptadads para escavar: zampa fossoria con tíbia adatta allo
scavo e tarso ridotto = pata com tíbia idónea para escavar e tarso reduzido;
trocantere = trocanter; femore = fémur; unghia = garra; Grillotalpa = Ralo;
Ortottero = Orthoptera; zampa fossoria con tíbia adatta allo scavo e tarso
scomparso = pata com tíbia idónea para escavar e tarso desaparecido; Scarabeo
sacro = Escaravelho sacro; Coleottero = Besouro.
49
Fig. 47. Patas adaptadas para saltar: zampa saltatoria tipo femoro - tíbiale =
pata para saltar dos Gafanhotos, com fémur muito grande; Cavalletta = Gafanhoto;
Ortottero = Orthoptera; trocantere = trocanter; femore = fémur.
Fig. 48. Patas posteriores duma Esperança adaptadas para saltar (Orthoptera
Ensifera).
50
Nas patas natatorias (que servem para nadar) os segmentos são
geralmente longos e muito pelosos para aumentar a superfície que
bate na água (por exemplo nos Dytiscidae).
As patas podem não existir completamente (como em muitas
larvas) ou podem estar mais ou menos atrofiadas.
51
Asas (Fig. 49). As asas dos insectos são geralmente quatro (dois
pares) e se encontram sómente nos adultos. Elas são laminas chatas
e membranosas. Dado que são evaginações da parede do corpo do
mesotórax e do metatórax (Fig. 49), as asas têm uma parede externa
igual à parede externa do corpo do insecto, quer dizer que é
constituída pela membrana basal, epiderme e cutícula (Fig. 49).
O tegumento superior das asas é sobreposto ao inferior sem
Fig. 50. Asas anteriores e posteriores membranosas: ali simili con scarse
nervature = asas parecidas com poucas nervuras; Isottero = Isoptera; ali
subsimili con numerose nervature = asas subparecidas com muitas nervuras;
Neurottero Crisopide = Neuroptera Chrysopidae; ali diverse con numerosissime
nervature = asas diferentes com numerosissimas nervuras; Odonato (Libellula) =
Odonata (Libélula); ali diverse con ridottissime nervature = asas diferentes com
nervuras muito reduzidas; nervature = nervuras; Imenottero Calcidoideo =
Hymenoptera Chalcidoidea.
52
espaço intermédio. Entre os dois tegumentos sobrepostos penetram
mais ou menos numerosos vasos chamados nervuras (Fig. 49). Cada
nervura é um tubo que contem o líquido vital do insecto (chamado
hemolinfa), um pequeno tubo chamado traquéia (que faz parte do
sistema respiratório e serve para permitir as trocas gasosas nas
asas) e um nervo.
Cada nervura tem o seu nome (por exemplo nervura costa ou
costa, nervura radial, nervura marginal, etc.).
Entre as nervuras há um espaço chamado célula. A forma e o
número das células, assim como a direção e o número das nervuras,
é muito variável nos insectos e é uma característica muito
importante para identificar as ordens e as famílias.
Nas asas de muitos insectos uma parte da nervura costal (que
é a nervura situada ao longo da margem anterior das asas) pode ser
muito engrossada: esta parte chama-se pterostigma (Fig. 50).
53
Fig. 52. Imenóptero (Hymenoptera) com asas anteriores e posteriores membranosas.
54
Fig. 54. Gafanhoto (Orthoptera Caelifera) com asas anteriores transformadas em
tégminas.
55
Fig. 55. Asas anteriores e posteriores membranosas com características formações
do tegumento: ali con lunghe cilia marginali= asas com pêlos compridos
marginais; Tisanottero = Thysanoptera; ali ricoperte di peli = asas cobertas de
pêlos; Tricottero = Trichoptera; ali integralmente ricoperte di squame
(in alto) e parzialmente (in basso) = asas completamente (em cima) e
parcialmente (em baixo) cobertas de escamas; squame = escamas; nervatura =
nervura; Lepidottero (regola generale) = Lepidoptera (regra geral); Lepidottero
Egeriide (eccezione) = Lepidoptera Sesiidae (excepção).
56
Fig. 56. Adulto de Diptera, com asas anteriores membranosas e asas posteriores
transformadas em halteres.
57
Fig. 57. Modificações das asas anteriores com função protectora: ali
prossimalmente sclerificate e distalmente membranacee = asas proximalmente
esclerosadas e distalmente membranosas; emielitra = hemélitro; parte
sclerificata = parte esclerosada; Rincoto Eterottero = Percevejo; ali
integralmente sclerificate = asas completamente esclerosadas; tegmina debolmente
sclerificata (con nervature evidenti) = tégmina debilmente esclerosada (com
nervuras evidentes); Ortottero (Cavalletta) = Orthoptera (Esperança); elitra
fortemente sclerificata (senza nervature evidenti) = élitro muito esclerosado
(com nervuras não evidentes); Dermattero = Dermaptera; elitra fortemente
sclerificata (con rilievi, solchi e sculture varie) = élitro muito esclerosado
(com saliencias e estrias); rilievi = saliencias; Coleottero = Coleoptera.
58
Fig. 58. Mariposa (Lepidoptera) com asas cobertas completamente de escamas.
59
anteriores (que servem igualmente para voar) estão divididas em
duas regiões: a região basal (que é levemente esclerosada) e a
região distal (que é membranosa). As asas anteriores dos
Percevejos chamam-se hemélitros (Figs 57, 59).
Nos machos dos Grilos e das Esperanças (Orthoptera Ensifera)
as asas anteriores (que são tégminas) têm uma área basal
membranosa, chamada área estridulatória, que serve para cantar. Os
Grilos e as Esperanças produzem sons esfregando uma sobre a outra
as áreas estridulatórias das duas asas anteriores (porque estas
possuem quinas aguçadas e elevações estriadas, que esfregam uma
60
sobre a outra). Durante o canto as asas anteriores levantam-se e
movimentam-se num vai-e-vem, produzindo os sons.
As asas são uma característica dos insectos adultos (nos
jovens são ausentes ou muito reduzidas e não funcionantes);
todavia em muitos adultos as asas são completamente ausentes (Figs
60-61)(adultos ápteros) ou reduzidas (adultos micrópteros ou
brachípteros).
ABDÓMEN
61
Collembola têm um número de segmentos abdominais diferente (6 nos
Collembola; 12 nos adultos dos Protura).
Fig. 63. Constituição geral do abdómen: diverso sviluppo degli uroterghi e degli
urosterni in differenti gruppi sistematici = diferente desenvolvimento dos
urotergítos e urosternítos em diferentes grupos sistemáticos; urosterno =
urosterníto; urotergo = urotergíto; Ortotteri = Orthoptera; Rincoti Eterotteri =
Hemiptera Heteroptera; Odonati = Odonata; Coleotteri = Coleoptera; Ditteri
Muscidi = Diptera Muscidae; Imenotteri = Hymenoptera; addome sessile (a
sinistra) e peduncolato (a destra) negli Imenotteri = abdómen não pedunculato (à
esquerda) e pedunculato (à direita) nos Himenópteros; Imenottero Sinfito =
Hymenoptera Symphyta; Imenottero Apocrito = Hymenoptera Apocrita; addome =
abdómen; 1° e 3° urite larghi circa quanto il metatorace = 1° e 3° segmento
abdominal largos quase como o metatórax; peduncolo = pecíolo ou pedúnculo; uriti
= segmentos abdominais; gastro = gaster.
62
Cada segmento abdominal esteriormente consiste em dois
esclerites, um dorsal (chamado urotergíto) e um ventral (chamado
uroesterníto)(Fig. 63). Não existem esclerites laterais (como as
pleuras do tórax).
No abdómen dos Hymenoptera Apocrita existe uma região muito
estreita, chamada pecíolo ou pedúnculo (Fig. 63), que não è
presente nos Hymenoptera Symphyta.
63
O abdómen possue apêndices. Os apêndices mais comuns são os
seguintes:
Fig. 65. Macho de Orthoptera Ensifera com dois cercos à extremidade do abdómen.
64
Fig. 66. Fêmea de Esperança (Orthoptera Ensifera) com um curto ovipositor à
extremidade do abdómen.
66
Fig. 69. Aparelho genital externo de macho em algumas ordens de insectos:
Ortotteri = Orthoptera; Coleotteri = Coleoptera; Lepidotteri = Lepidoptera;
Imenotteri = Hymenoptera; eiaculatore = ducto ejaculatorio; fallo = pénis;
edeago = pénis.
68
CAPÍTULO 3
ANATOMIA E FISIOLOGIA DOS INSECTOS
1) Sistema digestivo e escretor
Estomodeu
69
Mesêntero
70
O alimento atravessa depois também as células epiteliais e
chega à hemolinfa. Quando todo o alimento foi absorvido, as
células epiteliais absorvem também a membrana peritrófica.
O alimento que não pode ser digerido fica inicialmente no
mesêntero, mas depois entra no proctodeu para ser expelido como
excremento.
Proctodeu
2) Sistema circulatório
71
A hemolinfa (que é o líquido vital dos insectos,
correspondente ao sangue dos Vertebratos) enche simplesmente a
cavidade interna do corpo (o tegumento externo dos insectos cerca
uma grande cavidade interna, chamada celoma). É um líquido que não
serve para transportar o oxigênio e o dióxido de carbono, porque a
função respiratória é desenvolvida pelo sistema respiratório. A
hemolinfa serve para transportar os alimentos digeridos e os
produtos de excreção.
72
aorta. Sómente nas patas, asas e antenas há órgãos especiais,
chamados órgãos pulsáteis (Fig. 73), que facilitam a circulação da
hemolinfa em órgãos periféricos e subtis. Os órgãos pulsateis são
pequenos corações constituídos por uma só câmara e com óstios nas
paredes. Com uma série alternada de sístole e diástole a hemolinfa
é impelida profondamente dentro dos órgãos periféricos do corpo.
3) Sistema respiratório
73
O oxigênio entra nas traquéias através dos estigmas e chega
às traquéolas e às células. Em direcção contrária o dióxido de
carbono sai das células e através das traquéolas e das traquéias
chega aos estigmas.
O movimento do oxigênio e do dióxido de carbono é causado
pelas contracções dos músculos abdominais que fazem inspirar e
expirar alternadamente. Quando o insecto inspira, o ar entra nas
traquéias através dos estigmas. Logo depois os estigmas fecham-se
para permitir que o ar chegue às células. Quando todo o ar está em
proximidade das células, começa a expiração. Os estigmas abrem-se
e o dióxido de carbono sai.
4) Sistema reprodutor
74
Fig. 76. Em cima: órgãos genitais masculinos; em baixo: órgãos genitais
femininos. CE = ducto ejaculatório; ED = pénis; GA = glândulas acessórias; ODC =
oviducto comum; ODL = oviductos laterais; OV = ovários; SP = espermateca; TE =
testículos; VD = ductos deferentes.
75
CAPÍTULO 4
DESENVOLVIMENTO E METAMORFOSE DOS
INSECTOS
A parede externa do corpo dos insectos é muito esclerosada e
pouco elástica. Portanto, quando o insecto cresce, durante o
desenvolvimento juvenil, a parede externa não é suficientemente
elástica para se dilatar e conter o corpo engrossado do insecto. O
insecto portanto deve trocar a velha parede externa pouco capaz
substituindo-a por uma nova parede. O insecto não troca toda a
parede externa, mas sómente a cutícula. Dado que as traquéias, o
estomodeu e o proctodeu são invaginações da parede externa, o
insecto troca também a cutícula destes órgãos. Este processo
chama-se muda.
A velha cutícula eliminada chama-se exúvia.
No inicio da muda as células da epiderme segregam um líquido,
chamado líquido de muda, que separa a velha cutícula da epiderme.
A velha cutícula portanto separa-se. Simultaneamente a epiderme
segrega a nova cutícula mais capaz. Geralmente aparece uma fenda
da velha cutícula ao longo da linha mediana dorsal do tórax. A
fenda cresce e o insecto sai da cutícula velha através da fenda.
Durante o desenvolvimento juvenil do insecto realiza-se um
número de mudas variável (geralmente 4-20 mudas). O adulto não
muda.
O intervalo entre uma muda e a muda seguinte chama-se estádio
ou idade. O primeiro estádio é entre a eclosão do ovo e a primeira
muda; o segundo estádio é entre a primeira e a segunda muda; e
assim por diante. Diz-se jovem de primeiro estádio, de segundo
estádio, etc.
As mudas são causadas pela actividade de duas hormonas, a
hormona juvenil ou neotenina (segregada por glândulas chamadas
corpora allata (singular corpus allatum), que se encontram na
cabeça) e a hormona da muda ou ecdisone (segregada pela glândula
protorácica, que se encontra no protórax)(Fig. 77).
A neotenina inibe a muda e conserva as características
juvenis. A hormona da muda promove as mudas.
Quando o jovem nasce do ovo, produz uma quantidade de
neotenina muito grande e uma pequena quantidade de hormona da
muda. Durante o desenvolvimento a quantidade de neotenina torna-se
cada vez menor. No fim do desenvolvimento há pouca neotenina e
muita hormona da muda. Portanto a neotenina não pode mais inibir a
muda final e a transformação em adulto.
Durante o desenvolvimento a forma do insecto pode mudar
muito: o completo das transformações, que acontecem durante o
desenvolvimento, chama-se metamorfose.
76
Fig. 77. Interacção das hormonas durante o desenvolvimento dum insecto: cellule
neurosecretrici = células neurosecretórias; cervello = cérebro; ghiandola
protoracica = glândula protorácica; ecdisone = hormona da muda; ormone giovanile
= neotenina; cromosomi = cromossomas; sintesi proteica = síntese proteica;
strutture larvali = corpo da larva; strutture pupali = corpo da pupa; strutture
dell’adulto = corpo do adulto; cuticola = cutícula.
77
Fig. 78. Esquemas de desenvolvimento pós-embrionário. À esquerda,
pseudoametabolía de Piolhos (Anoplura); no meio, eterometabolía de Baratas
(Blattodea); à direita, olometabolía de Gorgulhos (Coleoptera Curculionidae).
78
Nos insectos há dois tipos de metamorfose: metamorfose
simples e completa.
Na metamorfose simples o jovem (chamado ninfa (Fig. 78:
linhas à esquerda e no meio)) é muito semelhante ao adulto, as
asas desenvolvem-se externamente e geralmente não há um estádio de
repouso prolongado antes da última muda.
Na metamorfose completa o jovem (chamado larva (Fig. 78:
linha à direita; fig. 79)) é muito diferente do adulto, as asas
desenvolvem-se internamente e há um estádio de repouso prolongado
antes da última muda.
Por exemplo nos Orthoptera há uma metamorfose simples; nos
Lepidoptera há uma metamorfose completa.
O estádio de repouso prolongado que existe na metamorfose
completa é chamado pupa (Fig. 82).
Se conhecem diferentes tipos de metamorfose simples e
completa; os principais são os seguintes:
1) Metamorfose simples
2) Metamorfose completa
79
a) Olometabolía (Fig. 78: linha à direita): alternam-se os
seguintes estádios de desenvolvimento: ovo – larva (alguns
estádios) – pupa (1 estádio) – adulto (com ou sem asas).
A pupa (Fig. 82) é um estádio de repouso prolongado antes da
última muda, no qual se realizam as complexas transformações da
larva em adulto.
As principais ordens olometabólicos são as seguintes:
Lepidoptera, Siphonaptera, Diptera, Neuroptera, Hymenoptera e a
maioria dos Coleoptera.
80
Fig. 79. Tipos de larvas. Em cima, de esquerda para direita, Platygaster sp.
(Hymenoptera; larva de parasitoide), Vespa (Hymenoptera; larva ápode alongada),
Ceratitis capitata (Diptera; larva ápode alongada), Gorgulho (Coleoptera; larva
ápode cirtosomática), Notiophilus sp. (Coleoptera; larva oligópode
campodeiforme); em meio, de esquerda para direita, Chrysomela sp. (Coleoptera;
larva oligópode), Escaravelho (Coleoptera; larva oligópode cirtosomática); em
baixo, de esquerda para direita, Lepidoptera (larva eruciforme), Coleoptera
Cerambycidae (larva ápode alongada).
81
Fig. 80. Larva eruciforme de Lepidoptera.
82
c) Larva oligópode cirtosomática ou escarabeiforme (Fig. 79):
larva curva (em forma de C), com patas torácicas, sem falsas
patas. Nos Coleoptera Scarabaeidae.
83
Fig. 83. Pupa obtecta de Lepidoptera.
b) Pupa exarata (Fig. 82): pupa com apêndices livres, não colados
ao corpo. Nos Coleoptera, Hymenoptera, Siphonaptera, Neuroptera.
84
invólucro chamado pupário. A pupa coarctata é presente nas moscas
(Diptera Brachycera).
85
86
PARTE II
TÉCNICAS DE CONTROLO DE PRAGAS NA
AGRICULTURA
87
CAPÍTULO 1
LUTA CONTRA OS INSECTOS
1) Luta biológica
2) Luta agronómica
3) Luta física
4) Luta mecânica
5) Luta química
1) LUTA BIOLÓGICA
a) clássica;
b) moderna (ou artificial).
88
alimentarem. O insecto atacado pelo parasita chama-se hospedeiro.
Por exemplo a Pulga do homem vive sobre a pele do homem e portanto
é um ectoparasita; ao contrário, o Plasmódio, que causa a Malária,
vive dentro do sangue do homem e portanto é um endoparasita.
Os parasitas podem matar o hospedeiro no fim da sua vida
(parasitoides) ou podem deixar com vida o hospedeiro (parasitas
verdadeiros). Por exemplo a Pulga do homem e o Piolho do homem são
verdadeiros parasitas, porque sugam o sangue e não matam o
hospedeiro. Pelo contrário, o micróbio que provoca a cólera é um
parasitoide, porque pode matar o hospedeiro. Na luta biológica são
utilizados sómente os parasitoides, porque matam os insectos
hospedeiros (que são sempre insectos fitófagos, quer dizer
insectos que comem as plantas).
a) Insectos
b) Bactéria
c) Virus
d) Nemátodos
e) Fungos
a) Insectos
Hymenoptera
Diptera
Coleoptera
Neuroptera
89
entomófago e depois difundí-lo em Moçambique. Se a luta biológica
tem êxito, o equilíbrio biológico é reconstituido.
Por exemplo contra a Cochonilha da Mandioca (Phenacoccus
manihoti Matile-Ferrero), que chegou da America do Sul, foi
distribuido em toda a África (incluindo Moçambique) um
parasitoide, Apoanagyrus lopezi De Santis (Hymenoptera
Encyrtidae), que foi trazido da America do Sul.
Os métodos de distribuição dos entomófagos são os seguintes:
b) Bactéria
90
O Bacillus thuringiensis é eficaz sómente contra larvas
recém-nascidas de primeiro estádio. Contra larvas mais grandes não
é muito eficaz.
Portanto, para utilizar eficazmente o Bacillus thuringiensis
é preciso conhecer quando nascem as larvas do fitófago.
Recentemente foram comercializadas plantas transgénicas de
tabaco, tomateiro, batata reno, etc., em que foram transferidos
genes que codificam a toxina do Bacillus thuringiensis kurstacki.
Estas plantas são tóxicas para as larvas de Lepidoptera e portanto
são plantas resistentes. Esta toxina não é perigosa para o homem;
ela é tóxica sómente para os insectos fitófagos.
c) Virus
d) Nemátodos
91
Antes do emprego as esponjas têm que ser imergidas em 5-6
litros de água morna (20-30°C de temperatura). Os Nemátodos assim
saem fora das esponjas. Depois de 1 hora se tiram as esponjas e se
espremem na água para favorecer a saida dos últimos Nemátodos.
Afinal se junta mais água para obter a suspensão necessária. Se
ajunta também um molhante (por exemplo sabão). É preciso agitar
bem a suspensão e aplicar depois dum turno de irrigação, porque as
plantas são molhadas e os Nemátodos podem mover-se (os Nemátodos
movem-se sómente na água). É melhor também aplicar à tarde, de
modo que a humidade nocturna favoreça o movimento dos Nemátodos.
De facto se as plantas secam, os Nemátodos morrem.
O produto tem que ser sempre distribuido sozinho (quer dizer
não misturado com outros produtos). Evitar também a aplicação de
produtos químicos nos campos nos 5 dias sucessivos à distribuição
dos Nemátodos.
Antes da aplicação os formulados que contêm Nemátodos têm que
ser conservados na geleira a 4°C. A conservação na geleira não
deve superar 9 meses no caso de Neoaplectana ou 3 meses no caso de
Heterorhabditis.
e) Fungos
Beauveria bassiana;
Beauveria brongnartii;
Verticillium lecanii;
Metarhizium anisopliae;
Aschersonia aleyrodis.
Streptomyces avermitilis;
Streptomyces antibioticus.
92
Na agricultura as Avermectinas são utilizadas sobretudo
contra larvas de insectos mineiros e contra insectos plasmomizos,
porque são translaminares (quer dizer são absorvidas pelas folhas
e portanto são úteis contra insectos que têm peças bucais de tipo
perfurador-sugador e contra insectos mineiros).
1) Resistência verdadeira;
2) Antibiosis;
3) Tolerância.
93
A luta biológica moderna (ou artificial) consiste no uso de
produtos naturais, sobretudo hormonas, para lutar contra os
fitófagos.
As principais hormonas utilizadas na luta biológica são as
seguintes:
b) Ferhormonas sexuais
94
fitófago; todas estas armadilhas capturam muitos machos, que portanto morrem e
não podem fecundar as fêmeas.
Outras substâncias químicas usadas na luta contra as pragas são as
Paraferomonas, que são substâncias não ferhormónicas de diferente origem (por
exemplo cheiros vegetais) que atraem os machos de insectos (por exemplo o
methyl-eugenolo atrai os machos de algumas espécies de Bactrocera).
2) LUTA AGRONÓMICA
1) Lavoura
Com a lavoura os insectos que vivem no solo são trazidos à
superfície do solo (e mortos pelo sol e chuva, ou porque comidos
pelas aves) ou são enterrados mais profundamente (e morrem por
asfixia).
2) Sementeira
3) Adubação
4) Rotação
6) Consociação
95
A consociação pode ser feita com plantas che têm um cheiro
que mascara o cheiro da planta hospedeira duma praga; portanto a
praga não consegue encontrar a sua própria planta hospedeira. Em
outros casos as plantas consociadas são repelentes; portanto a
praga fica longe. Se conhecem também casos de consociação com
plantas que atraem as pragas, que portanto evitam de danificar as
plantas cultivadas.
3) LUTA FÍSICA
a) Calor
b) Radiações
c) Luz
d) Atmosfera sem oxigênio
a) Calor
O calor é utilizado sobretudo para matar insectos que causam prejuizos aos
produtos alimentícios e à madeira.
Pode ser utilizado o calor seco (com uma percentagem de humidade muito
baixa) ou o calor húmido (com uma percentagem de humidade muito alta).
O calor pode ser conseguido utilizzando micro-ondas.
As temperaturas usadas são geralmente de 50-60°C para o calor seco
(utilizado sobretudo para produtos alimentícios) e de 45°C para o calor húmido
(utilizado sobretudo para sementes e bolbos).
b) Radiações
96
Fig. 86. Dromedário com uma vasta ferida causada pela Mosca assassina
(Cochliomyia hominivorax). Libia 1990 (de Shell Agriculture, 1992).
Fig. 87. Gráfico que mostra o curso dos ataques da Mosca assassina (Cochliomyia
hominivorax) em Libia entre 1989 e 1991. Os ataques chegaram ao máximo no
Setembro-Outubro 1990, mas logo depois baixaram muito rapidamente por efeito da
luta autocida. Ao inicio do 1991 já não se registávam ataques (de Shell
Agriculture, 1992).
97
Fig. 88. Dados estatísticos sobre o projecto de luta autocida contra a Mosca
assassina (Cochliomyia hominivorax; screwworm) realizado em Libia (de Shell
Agriculture, 1992).
Fig. 89. Uma das muitas caixas de pupas de Mosca assassina (Cochliomyia
hominivorax) utilizadas em Libia durante o projecto de luta autocida (de Shell
Agriculture, 1992).
98
criados em insectários especiais e difundidos nos campos, onde
entram em concorrência com os machos normais. A população do
Diptero assím diminue, porque uma grande parte dos ovos é estéril.
O mais grande insectário, onde se criam machos estéreis de
Ceratitis capitata, é situado no México e serve para a
distribuição de machos estéris sobretudo nos Estados Unidos da
America. Outros insectários para a produção de machos estéreis de
Ceratitis capitata foram instituidos no Brazil e Guatemala.
c) Luz
99
pouco. Para evitar prejuizos à saúde humana, nos armazens mais
modernos já não se usam insecticidas (que são sempre mais ou menos
tóxicos) e se prefere usar uma atmosfera de dióxido de carbono,
geralmente à percentagem de 80%. Em muitos países do mundo nos
armazens é proibido usar insecticidas; deve-se utilizar o dióxido
de carbono.
4) LUTA MECÂNICA
5) LUTA QUÍMICA
100
Formulado comercial
101
São os seguintes os tipos de formulados para aplicações
secas:
1) Pós secos
2) Grânulos
3) Pellets (ou pastilhas)
4) Iscas
5) Microcápsulas
2) Grânulos (abreviação G)
102
quilos duma solução dum insecticida em água. Depois junta-se
açucar, continuando a misturar.
As iscas são aplicadas sobre a superfície do solo (40-80 Kg
de iscas/ha). São comidas pelos organismos nocivos (insectos,
ratos, etc.) como os pellets e as pastilhas. São usadas contra
Orthoptera e larvas de Agrotis (Lepidoptera Noctuidae).
Por vezes são usadas iscas açucaradas para atrair as
formigas. Neste caso não são adicionados insecticidas, mas
substâncias esterilizantes (por exemplo compostos aziridínicos
como Apholate, Metepa, etc.). As formigas obreiras transportam as
iscas para o seu ninho e alimentam com elas a rainha, que se torna
estéril.
Por vezes são usadas contra as Baratas (Blattodea) iscas
feitas com farinha de aveia, misturada com ácido bórico em pó em
iguais quantidades.
São usadas também iscas líquidas. Elas são tratadas no
103
capítulo dedicado aos formulados comerciais para aplicações
líquidas.
5) Microcápsulas
1) Iscas líquidas
2) Pós misturáveis com água (ou pós molhaveis)
3) Suspensões concentradas
4) Emulsões concentradas
5) Soluções concentradas
Os pós molhaveis são como os pós secos, mas devem ser usados
misturados com água (formando geralmente suspensões). As caldas
são aplicadas com pulverizadores.
104
São suspensões dum pesticida com água, mais um suspensivo. As
suspensões concentradas devem ser misturadas com água e aplicadas
com pulverizadores.
105
Fig. 91. Carro utilizado para injectar pesticidas sob pressão dentro de ramos e
troncos de plantas lenhosas.
106
Fig. 93. Injecção de pesticidas. Tubos utilizados para ligar as bombas do carro
aos furos do tronco.
Fig. 94. Injecção de pesticidas. Furo aberto num tronco para injectar
pesticidas.
107
Fig. 95. Injecção de pesticidas. Depois dalguns anos o furo representado na
figura 94 fica completamente cicatrizado.
2) Lacas insecticidas
108
Na luta contra os organismos nocivos prescreve-se o uso dum
certo pesticida numa certa quantidade por hectare ou por
hectolitro de água (por exemplo aconselha-se o uso de 2 Kg/ha de
Aldrin; ou 100 g/hl de TEPP). É muito importante que o camponês
respeite esta quantidade, não sómente para não gastar o produto,
mas sobretudo porque uma quantidade menor daquela aconselhada não
é eficaz contra as pragas, enquanto uma quantidade maior pode ser
tóxica para as plantas. Portanto é preciso respeitar as indicações
do rótulo.
O cálculo que o camponês tem que fazer é o seguinte: supomos
que temos que lutar contra un insecto que vive no solo e come
raizes. Queremos aplicar o Aldrin para disinfestar o solo. No
rótulo da lata de Aldrin (ou nas instruções) lemos que é preciso
aplicar 2 Kg/ha de Aldrin. É preciso lembrar que esta é a
quantidade de princípio activo, não é a quantidade de formulado
comercial. Se temos uma lata de 1 Kg de peso e o Aldrin é presente
na percentagem de 10%, isto significa que em cada lata são
presentes 100 g de princípio activo. Se precisamos de 2 Kg/ha de
Aldrin, temos que utilizar 20 latas de 1 Kg por hectare para obter
a quantidade correcta.
No exemplo precedente, em caso de aplicação seca, as 20 latas
aplicam-se directamente no solo. Ao contrário, em caso de
aplicação líquida, as 20 latas têm que ser misturadas com água
formando uma calda. A pergunta é a seguinte: com quanta água temos
que misturar as 20 latas ? a resposta a esta pergunta depende do
tipo de pulverizador utilizado. A quantidade varia em relação ao
pulverizador utilizado, porque a quantidade de calda que sai fora
dos bicos do pulverizador depende do diámetro dos bicos e da
velocidade de saida da calda. Portanto o camponês, antes de fazer
a aplicação de pesticida, tem que fazer uma operação chamada
calibração.
A calibração consiste no cálculo da quantidade de calda
necessária por hectare. Para fazer a calibração o camponês deve
preencher com água pura o tanque do pulverizador e aplicar a água
no campo onde tem que aplicar a calda. Supomos que o tanque contem
50 litros de água e que o camponês gaste 10 tanques para tratar 1
hectare. Isto significa que com aquele tipo de pulverizador são
necessarios 500 litros de água para tratar 1 hectare. Portanto o
camponês tem que misturar as 20 latas de Aldrin com 500 litros de
água (2 latas de 1 Kg por tanque).
Naturalmente a calibração depende do tipo de pulverizador e
do tipo de cultura. Portanto se o pulverizador e a cultura são
sempre iguais não é preciso repetir os cálculos. Os cálculos têm
que ser repetidos sómente se mudamos o pulverizador ou se tratamos
culturas diferentes.
O mesmo cálculo deve-se fazer no caso em que a quantidade
aconselhada se refere a um hectolitro (Hl) e não a um hectare.
Supomos que no rótulo ou nas instruções lemos que é preciso
aplicar 100 g/Hl de TEPP. Nos temos latas de TEPP de 1 Kg de peso,
em que o princípio activo é contido na percentagem de 20%. Isto
significa que em cada lata são presentes 200 g de princípio
109
activo. Portanto num hectolitro de água temos que adicionar
sómente metade da lata.
No caso de aplicações ao solo a quantidade de princípio
activo necessária é geralmente constante. A quantidade pode variar
no caso de aplicações às plantas dependendo do tipo de plantas. É
claro de facto que se as plantas são pequenas a quantidade de
calda necessária será menor que no caso de plantas grandes. É por
isso que nos rótulos e nas instruções a quantidade de princípio
activo varia em relação à cultura.
Em muitos casos, sobretudo nos países em desenvolvimento,
onde os agricultores têm conhecimentos técnicos insuficientes, no
rótulo é indicada uma quantidade de pesticida por hectare ou por
Hl de água referida ao formulado comercial e não ao princípio
activo. Neste caso os cálculos são muito mais simples, mas sempre
é necessario fazer a calibração.
110
com peças bucais de tipo mastigador, que comem toda a folha ou
partes da folha e portanto ingerem também o insecticida.
Fig. 96. Ofionomios causados por larvas de Diptera Agromyzidae numa folha de
feijão.
111
b) galerias em forma de praça ou stigmatonomios: galerias largas e
curtas;
Fig. 97. Stigmatonomio causado por uma larva de Diptera Agromyzidae numa folha
de feijão.
112
Fig. 98. Folha com manchas brancas causadas pelas picadas de ácaros plasmomizos
da família Tetranychidae.
113
tempo, por exemplo de contacto, de ingestão, de inalação e
sistémicos; ou de contacto e citotrópicos.
Portanto os modernos insecticidas podem perturbar gravemente
os equilíbrios biológicos, porque matam indiferentemente insectos
fitófagos e fauna útil.
O problema da destruição dos equilíbrios biológicos pelos
insecticidas é muito grave, porque um equilíbrio biológico pode
ser reconstituido sómente depois de muito trabalho e com grandes
dificuldades, sempre que seja possivel reconstituí-lo.
Para evitar ou reduzir a perturbação dos equilibrios
biológicos nos países mais desenvolvidos são utilizados na
agricultura os métodos de luta chamados luta guiada e luta
integrada.
A luta guiada é um tipo de luta química feita de maneira a
evitar graves perturbações aos equilíbrios biológicos. Significa
que o agricultor deve usar os insecticidas sómente se
efectivamente no campo há insectos fitófagos que podem causar
prejuizos. Portanto o agricultor, antes de usar os insecticidas,
deve verificar se o fitófago está presente no campo e se a sua
população é suficientemente grande para poder causar prejuizos.
Na luta guiada, para além disso, o agricultor não deve usar
insecticidas nos períodos nos quais a fauna útil é mais sensível
aos insecticidas.
A luta integrada (chamada IPM na lingua inglesa, quer dizer
Integrated Pest Management) é um tipo de luta que consiste no uso
de todos os métodos de luta (biológica, agronómica, física,
mecânica, química, guiada) para proteger as plantas. Para evitar
perturbações aos equilíbrios biológicos o agricultor deve usar
todos os métodos de luta e não sómente a luta mais comum e mais
facilmente perturbadora. Na luta integrada o agricultor deve
preferir os métodos que não perturbam os equilíbrios biológicos.
A luta guiada e a luta integrada foram ideadas porque o tipo
de luta mais difundido no mundo se tinha tornado a luta química
por calendário. É um tipo de luta muito facil, porque se baseia no
calendário: o camponês sabe, olhando o calendário, que deve usar
um certo insecticida na primeira quinzena de abril contra uma
particular praga; que deve usar um outro insecticida, por exemplo
em julho, para lutar contra uma outra praga, etc. Quer dizer o
agricultor não verifica se as pragas são presentes na sua machamba
e se a população das pragas é assim numerosa que elas constituem
uma ameaça para as plantas; o agricultor, ao contrário, sómente
olha o calendário e faz as aplicações químicas. Portanto a luta
por calendário é um tipo de luta que causa graves perturbações aos
equilíbrios biológicos.
114
ao DDT (que é um insecticida clorato). Depois daquele caso o
número de espécies que manifestaram resistência contra
insecticidas aumentou muito. Hoje se conhecem mais de 500 espécies
que podem manifestar resistência contra insecticidas.
A resistência é um fenómeno de selecção natural. Numa
população duma espécie de insectos pulverizada com um certo
princípio activo pode acontecer que alguns individuos (poucos ou
muitos) não sejam mortos pelo insecticida. Isto acontece sobretudo
porque naqueles individuos há genes que causam a resistência.
Trata-se quase sempre de genes que causam a detoxificação da
molécula do insecticida (quer dizer que o insecto transforma a
molécula insecticida numa molécula não tóxica).
Se continuamos a pulverizar uma população de insectos na qual
alguns individuos manifestaram resistência e não morreram, aqueles
individuos transmitem os seus genes de resistência a sua prole e
na geração seguinte o número de individuos resistentes vai ser
mais numeroso. Nas gerações que seguem a situação vai piorar
sempre mais, porque o número de individuos resistentes vai sempre
aumentando. Depois de um certo número de gerações (em media 10)
toda a população daquela espécie de insectos fica resistente a
aquele princípio activo.
Algun insectos têm uma grande facilidade em ficar resistentes
aos insecticidas: por exemplo as Moscas brancas (Hemiptera
Aleyrodoidea). Por isso, sempre se aconselha de não pulverizar
sempre com o mesmo princípio activo, mas de variar, sobretudo se
trata-se de insectos que facilmente ficam resistentes. No caso das
Moscas brancas por exemplo aconselha-se de mudar 4 vezes de
seguida o princípio activo e só depois de voltar para o primeiro
utilizado precedentemente.
A manifestação de resistência contra um insecticida acontece
mais frequentemente nos países onde não há grande variedade de
insecticidas no mercado local. Portanto os camponeses têm uma
grande dificuldade em mudar tipo de princípio activo.
Fitotoxicidade
115
Fitotoxicidade aguda. Pode ser extrínseca ou intrínseca. É
extrínseca se é determinada por causas externas à planta; é
intrínseca se é determinada por causas internas à planta.
116
Fig. 99. Uma parte duma tábua da compatibilidade. A cor verde indica que os
produtos podem-se misturar; a cor vermelha que não se podem misturar; a cor
amarela que os produtos podem-se misturar com precauções. A quadra branca indica
que os produtos não se misturam, porque a mistura não é interessante.
Insetticidi = insecticidas; carbammati = carbammatos; fosforganici = fosforatos;
clorurati = cloratos; dinitrocresoli = dinitrocresolos.
117
cutânea, ou intravenosa. Os resultados dos cálculos são
considerados válidos também para o homem.
Para medir a toxicidade dum pesticida, calcula-se um valor
chamado Dose Letal ou DL50 (há uma DL50 oral, uma cutânea, uma
intravenosa, em relação à maneira de subministração aos ratos dos
pesticidas: oral, se os ratos ingerem o pesticida; cutânea, se o
pesticida é absorvido através da pele; intravenosa, se o pesticida
é injectado nos ratos).
A DL50 é a quantidade de pesticida que mata 50% da população
de ratos aos quais o pesticida foi subministrado.
O cálculo faz-se em mg por Kg de peso vivo dos ratos ou em
partes por milhão (ppm). Por exemplo foram calculadas as seguintes
DL50 orais (que são os valores mais utilizados):
118
pesticidas (mas sobretudo os insecticidas) podem causar diferentes
efeitos no organismo humano: cancro, mutações, alterações do
desenvolvimento embrionário, neuropatias, alergias, etc. Estes são
todos efeitos possiveis da toxicidade crónica dos pesticidas.
Para evitar estes efeitos a Organização Mundial da Saúde
(OMS) decreta quais são as doses diárias aceitáveis (ADI, ou
Acceptable Daily Intake), quer dizer as doses diárias de pesticida
que o consumidor pode ingerir sem riscos de toxicidade crónica.
Por exemplo a ADI dos insecticidas compostos de cloro é de 0.05
mg/Kg/dia. Isto significa que um homem pode ingerir cada dia até
0.05 mg de compostos de cloro por Kg de peso vivo sem correr
riscos para a sua saúde.
Avaliando a DL50 e a ADI dum pesticida podem-se calcular,
para cada pesticida, os limites de tolerância, que são os resíduos
máximos aceitáveis que podem persistir nos alimentos sem riscos de
toxicidade para o homem. Os limites de tolerância são
estabelecidos pelos Ministérios da Saúde dos vários países.
Portanto eles variam de país para país.
Em Moçambique os limites máximos de residuos tolerados em
alimentos são fixados por lei (Diploma Ministerial n. 88/87 dos
Ministérios da Saúde e da Agricultura). Eles dependem não sómente
da DL50 e ADI, mas também da velocidade de degradação do produto
no alimento (cada substância química muda a sua molécula e se
trasforma numa outra substância; isto acontece num tempo que varia
em relação ao tipo de alimento e ao tipo de produto). Por exemplo
a lei fixa para o BHC um limite máximo de residuos tolerados na
carne de 0.2 mg/Kg, de 0.1 no leite, de 0.2 nos ovos. No caso do
Alacloro o limite é de 0.05 mg/Kg na semente de algodão, de 0.01
mg/Kg na Cana-de-açucar.
119
a) pesticidas pouco persistentes: com persistência inferior a 5
dias;
b) pesticidas medianamente persistentes: com persistência de 5-10
dias;
c) pesticidas muito persistentes: com persistência superior a 10
dias.
Alacloro 13 dias
Alfametrina 4 dias
Azinfós-etílico 30 dias
Carbofurão 60 dias
Endosulfan 15 dias
Malatião 7 dias
PRINCIPAIS INSECTICIDAS
1) insecticidas inorgánicos;
2) insecticidas orgánicos.
120
1) Insecticidas inorgánicos
a) Compostos de enxofre
b) Composto de arsênico
c) Compostos de fluor
d) Compostos de zinco
e) Compostos de boro
121
2) Insecticidas orgánicos
Piretrinas.
Nicotina
122
experimentar antes a calda sobre algumas plantas, antes de tratar
todo o campo. Em caso de fitotoxicidade, é preciso diminuir o
número de folhas em infusão ou o número de dias de duração da
infusão.
Rotenona
Quassinas
Margosa (= Azadiractinas)
123
c) Insecticidas orgánicos de origem mineral
1) Dinitrocresolo;
2) Compostos de cloro (ou clorados);
3) Compostos de fósforo (ou fosforados);
4) Composto de ácido carbámico (ou carbamados);
5) Piretroides;
6) Compostos de azoto (ou azotados).
7) Sabões
1) Dinitrocresolo
124
2) Compostos de cloro (ou clorados)
125
aves que comem organismos marinhos porque na água do mar os
clorados decompõem-se mais lentamente. De facto, por exemplo a
quantidade de DDT utilizado no mundo é de cerca 150 000 toneladas.
Uma parte mínima é ingerida pelos consumidores: 100 toneladas. A
restante parte fica no solo e nas águas. No solo a decomposição é
lenta. Uma quantidade de DDT leva 10 anos para se reduzir a
metade. Contudo, na água já demora 500 anos para se reduzir a
metade. Por isto as aves marinhas estão em paior perigo em relação
às outras aves.
126
g) Chlorpiriphos: insecticida de contacto, inalação e ingestão;
útil contra um grande número de insectos. Utilizado também para
aplicações no solo. Intervalo de segurança: 21 dias (tomateiro),
30 dias (milho, couve), 60 dias (citrinos). DL50 oral: 135 mg/Kg.
5) Piretroides
127
b) Cyfluthrin: insecticida de contacto e ingestão; útil contra um
grande número de insectos. Intervalo de segurança: 28 dias
(milho), 35 dias (batata reno), 3 dias (outras culturas). DL50
oral: 500 mg/Kg.
7) Sabões
128
só com água, nas outras parcelas se avalia a eficacia da
substância natural mais sabão e não da só substância natural.
A LUTA CONTRA OS INSECTOS NOS ARMAZENS
129
Na luta nos armazens devem-se sempre ter presentes as
seguintes prescrições:
130
o tecido nervoso portanto é destruido. Além disso eles produzem
toxinas que alteram o mecanismo de transmissão dos impulsos
nervosos.
A nicotina é também um insecticida nervoso, com uma acção
contra as sinapses, mas o mecanismo de acção é diferente. O ião da
nicotina tem um tamanho igual ao ião da acetilcolina (é o ião da
acetilcolina que transporta o impulso nervoso através da sinapse)
e portanto pode transportar também ele o impulso nervoso, mesmo
que a acetilcolina seja degradada pela colinesterase. Portanto o
ião da nicotina substitue o ião da acetilcolina e causa a continua
transmissão dos impulsos nervosos.
Pulverizadores
Pulverizadores mecânicos
131
Os pulverizadores mecânicos podem ser de dois tipos: a
pressão de jacto projectado e a pressão de jacto transportado.
132
Fig. 101. Pulverizador a pressão de jacto projectado do tipo manual.
133
Fig. 103. Pulverizador a pressão de jacto projectado do tipo de dorso.
134
Fig. 105. Pulverizador a pressão de jacto projectado do tipo acoplado ao
motocultivador.
135
Fig. 107. Pulverizador a pressão de jacto projectado do tipo suspenso nos três
pontos do tractor.
136
Fig. 109. Pulverizador a pressão de jacto projectado do tipo de dorso animal.
137
Os pulverizadores a pressão de jacto projectado a motor são
chamados também máquinas a alto volume, porque podem aplicar até
3000 l/Ha de calda em gotas de 200-400 milésimos de mm de
diámetro. Estas máquinas são chamadas “a alto volume” porque
aplicam grandes volumes de água.
138
Fig. 112. Pulverizador a pressão de jacto transportado rebocado por
motocultivador.
Fig. 113. Pulverizador a pressão de jacto projectado do tipo suspenso nos três
pontos do tractor.
139
Fig. 114. Pulverizador a pressão de jacto projectado do tipo rebocado por
tractor.
Pulverizadores pneumáticos
140
Fig. 115. Esquema de pulverizador pneumático (ou atomizador).
141
Fig. 117. Esquema de pulverizador pneumático (ou atomizador) suspenso nos três
pontos do tractor.
142
Fig. 118. Aplicação de pesticidas ULV por helicóptero.
Polvilhadores
143
Fig. 119. Esquema de polvilhador pneumático.
144
Os tipos manuais e de dorso têm uma manivela ou um folo para
criar a corrente de ar, que impele fora os pós. No tipo suspenso
145
polvilhação húmida, que consiste em lançar um jacto de água à
saida dos pós (pós que são chamados pós húmidos). Sempre para
aumentar a adesão dos pós às plantas nalguns modelos pode-se
adoptar como acessório uma grade metálica con tensão eléctrica de
6 volts: os pós carregam-se positivamente e a adesão deles
aumenta.
Distribuidores de grânulos
146
Fig. 125. Distribuidor de grânulos montado em semeador.
147
Fig. 127. Distribuidor de grânulos suspenso nos três pontos do tractor.
a) montados em semeador;
b) suspensos nos três pontos do tractor (Fig. 127);
c) rebocados por tractor.
148
Nalguns casos é necessário fazer-se a distribuição dos
grânulos de cima para baixo: neste caso os distribuidores são
montados sobre pés de madeira.
149
1) Os aplicadores de pesticidas devem usar equipamentos de
protecção (máscara, óculos, fato macaco, luvas, chapéu, botas)
durante o manuseamento, preparação e aplicação dos pesticidas
(Fig. 129).
150
13) Guardar os pesticidas sempre separadamente dos géneros
alimentícios e outras mercadorias (sementes, adubos, etc.) de
forma não haver possibilidade de contaminação nem troca com outros
produtos. Pequenas quantidades de pesticidas devem ser guardadas
em armários fechados com cadeados. Grandes quantidades devem ser
guardadas em armazens fechados, de tal maneira que sejam
inacessíveis a crianças e pessoas não autorizadas.
Fig. 130. O agricultor deve sempre consultar um técnico agrónomo anter de tomar
decisões a respeito da identificação e do controlo de pragas.
151
Fig. 131. O técnico agrónomo deve ensinar aos trabalhadores agrícolos o uso
correcto dos pesticidas.
152
Fig. 133. Durante o transporte de pesticidas é aconselhável que os pesticidas
sejam afastados dos outros produtos, sobretudo alimentícios (para evitar que o
pesticida saia para fora dum embalagem danificado e contamine os outros
produtos).
153
Fig. 135. Durante o transporte de pesticidas por meio dum camião pode acontecer
uma perda de material duma embalagem danificada; neste caso é aconselhável
absorver o pesticida com serradura e lavar a área contaminada.
154
Fig. 137. Durante a preparação da calda o agricultor deve usar equipamentos de
protecção e manter longe as pessoas estranhas.
155
Fig. 139. Depois do uso de pesticidas, os recipientes devem ser lavados; o
agricultor deve manusear um pesticida com cuidado, quando deve deitá-lo dentro
dum tanque.
Fig. 140. O agricultor deve controlar com muito cuidado que não hajam perdas de
pesticida do pulverizador.
156
Fig. 141. Os pesticidas não devem ser manuseados por crianças.
157
Fig. 143. Não se deve pulverizar se há risco de chuva.
Fig. 144. Cuidado que o vento não transporte a calda para uma casa e que os
pesticidas não poluam a água.
158
Fig. 145. Os pesticidas devem ser manuseados com cuidado para evitar que eles
sejam absorvidos pela pele.
Fig. 146. Depois duma pulverização e antes duma refeição é aconselhável lavar
bem a cara e os mãos (para eliminar eventuais gotas de pesticida).
159
Fig. 147. Para desentupir o bico dum pulverizador é aconselhável usar uma
palhinha (não usar um prego, que pode estragar o bico; não usar a boca, que pode
contaminar-se). Evite que os equipamentos usados para pulverizar sejam
manuseados por crianças.
160
Fig. 149. Depois duma pulverização é aconselhável por no campo cartazes que
avisam os estranhos que o cultivo está envenenado.
161
Fig. 151. Na machamba é aconselhável escolher um lugar onde por todos os manuais
técnicos de protecção de plantas (melhor se o lugar é situado perto dos
pulverizadores).
Fig. 152. Na machamba os pesticidas devem estar fechados longe das crianças.
162
Fig. 153. Na machamba os pesticidas devem estar fechados longe das crianças.
163
Fig. 155. É aconselhável evitar de pôr os pesticidas líquidos dentro das
garrafas de bebidas. As embalagens vazias de pesticidas devem ser enterradas ou
queimadas.
164
Fig. 157. Em caso de contaminação por um pesticida, poderia ser importante a
respiração artificial.
165
Fig. 159. Em caso de contaminação por um pesticida, é aconselhável consultar
imediatamente um médico e mostrá-lhe o rótulo do pesticida que causou a
contaminação (porque em relação ao tipo de pesticida o médico pode escolher o
antídoto).
166
Ingestão. A ingestão de pesticidas não é muito frequente, mas é
muito perigosa. É muitas vezes acompanhada de vómitos, dores
abdominais e diarrea. As pessoas que tenham ingeridos pesticidas
devem ser rapidamente tratadas por um médico.
Tratamentos de urgência.
a) no caso de inalação de pesticidas. É preciso afastar o doente
do local de intoxicação para o ar livre e abrir a roupa à volta da
garganta e do peito.
b) no caso de contacto pela pele. É preciso despir imediatamente
as roupas contaminadas e lavar as partes do corpo atingidas. Se
alguma zona da pele apresentar feridas aplicar pomada analgésica.
c) no caso de contacto ocular. É preciso lavar os olhos
abundantemente com água fresca e limpa durante pelo menos dez
minutos.
d) no caso de ingestão. É preciso provocar o vómito, mas sómente
no caso em que a pessoa estiver consciente.
200 4
40 3
30 2
10 1
20 0
P = Σ (N · V) . 100
(n – 1) NT
167
No exemplo precedente esta fórmula dá o seguinte resultado:
P = 990 . 100
1200
P = 99000 = 82.5
1200
1 30 68 q/Ha
2 40 45 q/Ha
3 50 23 q/Ha
4 20 90 q/Ha
5 20 90 q/Ha
168
a luta) a produção deveria ser de cerca de 134 q/Ha. Conhecendo
estes dados podemos estimar nos anos seguintes a perda de produção
correspondente à percentagem de ataque calculada. Esta perda de
produção tem um valor que deve ser comparado com o custo da luta.
Se o custo da luta é menor do que o valor da perda de produção, a
luta é conveniente.
169
CAPÍTULO 2
LUTA CONTRA OS ÁCAROS
Os principais métodos de luta contra os ácaros são biológicos
e químicos.
LUTA BIOLÓGICA CONTRA OS ÁCAROS
1) Bromopropilate
2) Propargite
3) Óleo mineral
170
É um acaricida de contacto e asfíxia eficaz contra os ovos de
ácaros. Utilizado nos citrinos. DL50 oral: 4300 mg/Kg.
171
CAPÍTULO 3
LUTA CONTRA OS NEMÁTODOS
A luta contra os Nemátodos é muito dificil. Geralmente são
utilizados métodos agronómicos de luta (sobretudo a rotação e a
interrupção da cultura).
A luta contra os Nemátodos é muito dificil em qualquer país
do mundo, mas em Moçambique é mais dificil porque não há
nematocidas registados (os nematocidas são produtos químicos
utilizados na luta contra os nemátodos).
O produto químico mais eficaz contra os Nemátodos é o Brometo
de metilo, utilizado para aplicações gasosas no solo, mas também
nos armazéns (ver a luta química contra as pragas dos armazéns).
Todavia, na maioria dos países do mundo o uso do Brometo de metilo
já foi proibido.
Outra informação sobre a luta contra os Nemátodos se pode
encontrar no capítulo acerca dos Nemátodos no volume 3.
172
CAPÍTULO 4
LUTA CONTRA AS AVES
A única ave que em Moçambique é considerada uma praga é o
Pardal de bico vermelho (Quelea quelea), que causa prejuizos
sobretudo nos campos de arroz.
173
5) Se possível utilizar chapas reluzentes de alumínio ou lata de
50 cm X 6 cm, à altura de 35 cm (penduradas em paus), as quais
oscilando com o vento lançam reflexos por todo o campo (10 chapas
por hectare).
174
CAPÍTULO 5
LUTA CONTRA OS ROEDORES
Os principais roedores que são considerados pragas em
Moçambique são os ratos.
Existem dois tipos de ratos, os Ratos do campo e os Ratos
domésticos (Segeren, 1985)
5) Eliminação dos grandes diques com muitas ervas, que dão bons
abrigos (pequenos diques limpos são menos favoráveis).
175
A campanha de combate faz-se sobretudo com meios químicos,
utilizando produtos químicos chamados raticidas.
Há 3 tipos de raticidas:
176
c) 10 Kg de batata doce em pedaços de 1 cm³ (no caso de usar aquí
um anticoagulante, é necessario secar os bocados de batata doce
durante um dia ao sol); 500 g de anticoagulante.
177
chouriço ou de gordura; para o rato dos telhados fruta seca. O
manuseamento das iscas e das ratoeiras deve ser feito com mãos
lavadas, para se evitar a transmissão do cheiro da transpiração
humana, facilmente perceptível pelos ratos. As ratoeiras devem ser
bem limpas com água quente, operação que se repetirá sempre que um
rato tenha caido na ratoeira.
178
ÍNDICE ALFABÉTICO DOS NOMES CIENTÍFICOS
Actinomicetes 92 Antibiosis 93
180
Carabidae 15, 27 Cicadidae 5
Cefálico-faríngeo 37 Coccoidea 79
181
Compostos de zinco 121 Diplura 31
Deuteromicetes 92 Ecdisone 76
Diplopoda 8 Empódio 49
182
Emulsivos 101 Escutelo 42
Encyrtidae 90 Espermateca 74
Endocutícula 10 Espinho 11
Endoesquéleto 12 Estádio 76
Endoparasita 88 Estipe 31
183
Fitomizo 37 Fumágina 37
Fosfina 129 GV 91
Fronte 37 Hemélitro 60
184
Hemiptera 24, 37, 38, 46, 48, Insecta 8
59, 60, 62, 64, 79, 80, 93,
115, 170 Insectário 99
185
Intestino médio 70 Lavoura 95
186
Luta contra os ratos
domésticos 177 Mastigador 30
187
Metarhizium anisopliae 92 Nereistossina 123
Muda 76 Noto 42
Muscidae 62 NPV 91
188
Olho composto 12 Parasita 88, 89
Olometabolía 80 Parasitoide 89
Paraferomonas 95 Pedúnculo 63
Parámero 67 Pénis 67
189
Pentaclorofenol 129 Poder abatente 122
190
Prosterno 42 Quelea quelea 173
Protórax 42 Quitina 10
191
Selectividade 90
Suspensões concentradas 104
Sementeira 95
Sutura 11
Sesiidae 56
Symphyta 62, 63, 64, 80, 91,
Silex 101 99
Silvanidae 15 Synphyla 8
Sodio-diottil-sulfosuccinato Testículo 74
128
Tetranychidae 113, 170
Soluções concentradas 105
Thysanoptera 37, 54, 56, 64,
Sphecidae 44 79, 99, 121
Sterno 42 Tíbia 43
192
Traquéola 73 Verdadeiras galerias 111
Trocanter 43 Virus 91
Uroesterníto 63 WP 104
Verdadeira resistência 93
193