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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE AGRICULTURA

PRAGAS DAS PLANTAS CULTIVADAS EM


MOÇAMBIQUE

POR

MASSIMO OLMI

CUAMBA 2011

1
Ficha Técnica

Título: Pragas de importância económica em Moçambique

Autor: Massimo Olmi

Paginação: Massimo Vollaro

Revisão da lingua portuguesa: Eng.° Vernito Gonga

Impressão: Universidade Católica de Moçambique

1° Edição: Pragas das plantas cultivadas em Moçambique. Impressão:


Immagina S.r.l., Viterbo, Italia. Março 2006.

2° Edição revisada e corrigida: Pragas das plantas cultivadas em


Moçambique. Impressão: Immagina S.r.l., Viterbo, Italia. Julho
2006.

3° Edição revisada e corrigida: Pragas das plantas cultivadas em


Moçambique. Maio 2011.

© Universidade Católica de Moçambique 2011. Direitos reservados


quanto à divulgação por meio de filme, rádio e televisão. Assim
como fotocópias e reprodução parcial para fins comerciais.

ISBN:

2
ÍNDICE

Introdução 5

Parte I: Entomologia geral 7

Capítulo 1: os Insectos 8

Capítulo 2: morfologia dos Insectos 9

Tegumento 10

Cabeça 12

Tórax 42

Abdómen 61

Capítulo 3: anatomia e fisiologia dos Insectos 69

Sistema digestivo e escretor 69

Sistema circulatório 71

Sistema respiratório 73

Sistema reprodutor 74

Capítulo 4: desenvolvimento e metamorfose dos Insectos 76

Parte II: técnicas de controlo de pragas na agricultura 87

Capítulo 1: luta contra os Insectos 88

Luta biológica 88

Luta agronómica 95

Luta física 96

Luta mecânica 100

Luta química 100

Utilização prática dum pesticida 108

Acção dos insecticidas 110

Resistência dos insectos aos insecticidas 114

Toxicidade dos pesticidas 115

3
Fitotoxicidade 115

Toxicidade para o homem e os vertebratos 117

Metabolismo dos pesticidas 119

Principais insecticidas 120

A luta contra os insectos nos armazens 129

Mecanismo de acção dos insecticidas 130

Máquinas para a aplicação dos pesticidas 131

Precauções no uso dos pesticidas 149

Avaliação dos danos e ataques de pragas e doenças no campo 167

Monitoria para aplicação de insecticidas 169

Capítulo 2: luta contra os Ácaros 170

Capítulo 3: luta contra os Nemátodos 172


Capítulo 4: luta contra as Aves 173

Capítulo 5: luta contra os Roedores 175

Índice alfabético dos nomes científicos 179

4
INTRODUÇÃO
Segundo cálculos do Banco Mundial cada ano a humanidade deve
prover às necessidades alimentares de cerca de 100 milhões de
pessoas a mais, das quais 80 milhões só na Ásia e na África. Para
ir ao encontro às necessidades alimentares, no período 1975 - 1990
a superfície agrícola mundial utilizada passou de 1.394.000 ha à
1.440.000 ha, com um aumento médio do 0.24% (1.24% na América
latina). Este processo continua ainda hoje sobretudo à custa da
superfície florestal, que está a diminuir sempre mais. Assim de
seguida, calcula-se que dentro do 2025 outros 242 milhões de
hectares de florestas desaparecerão.
Neste contexto, calcula-se que cada ano o 42.1% dos produtos
agrícolas seja perdido antes da colheita por causa dos ataques de
pragas (animais danosos: insectos, ácaros, nemátodos, aves,
roedores, lesmas e caracóis; 15.6%), agentes bióticos de doenças
(fungos, bactérias, fitoplasmas, vírus; 13.3%) e plantas
infestantes (13.2%). Os continentes mais interessados por estas
perdas são África (48.9% de perdas) e Ásia (47.1% de perdas); o
continente menos danificado é a Europa (28.2% de perdas), que
supera América do Norte (31.2% de perdas). Calculou-se também que
sem controlo a citada perda global de 42.1% poderia subir até
69.8%.
Os cálculos precedentes todavia não têm conta que 10-30% dos
produtos agrícolas são perdidos nos armazéns durante a fase da
pós-colheita, com perdas máximas de 50% no caso de produtos mais
perecíveis. Portanto se pode concluir que pelo menos o 50% da
produção agrícola mundial seja perdida antes de chegar ao
consumidor final.
No contexto precedente, os danos causados às plantas
cultivadas no mundo só pelos insectos são em média de 10%.
Os insectos de Moçambique podem ser considerados pouco
conhecidos, sobretudo em comparação com o nivel de conhecimento da
fauna da Africa do Sul. O primeiro pesquisador que estudou os
insectos de Moçambique foi um Italiano, Giuseppe Bertoloni, que
ensinava na Universidade de Bologna e que imprimiu no 1849 a mais
antiga publicação sobre os insectos moçambicanos (Bertoloni,
1849). Bertoloni nunca visitou Moçambique, mas recebia
regularmente insectos capturados em Moçambique por um botânico
italiano, Carlo Antonio Fornasini, que naquela altura morava em
Inhambane, onde descobriu uma das plantas mais raras de
Moçambique, o Encephalartos ferox (Cycadaceae), describida em 1851
pelo mesmo Giuseppe Bertoloni
Este livro serve para o melhoramento dos conhecimentos em
Zoologia agrícola dos futuros agrónomos, cujo trabalho contribuirá
ao aumento da produção agrícola nacional de Moçambique. A Zoologia
agrícola de facto se ocupa de todas as pragas das plantas
cultivadas, incluindo insectos (tratados pela Entomologia
agrícola), ácaros (Acarologia agrícola), nemátodos (Nematologia
agrícola), aves (Ornitologia agrícola), roedores (Rodentologia
agrícola), lesmas e caracóis.

5
6
PARTE I
ENTOMOLOGIA GERAL

7
CAPÍTULO 1
OS INSECTOS

Os insectos constituem uma classe (Insecta) que pertence ao


filo Artrópodos (Arthropoda).
Os Artrópodos compreendem:

1) Subphylum Chelicerata (com as classes Xiphosura, Pantopoda,


Arachnida);

2) Subphylum Mandibolata (com as classe Chilopoda, Diplopoda,


Crustacea, Pauropoda, Synphyla, Insecta)

São as seguintes as principais características dos


Artrópodos:

1) Corpo segmentado (quer dizer dividido em segmentos)(Figs 1-2);

2) Apêndices pares segmentados;

3) Existéncia dum exoesqueleto (quer dizer duma parede externa do


corpo endurecida).

Animais muito antigos, os primeiros insectos existiram na era


paleozóica (há mais de 250 milhões de anos).
Actualmente os insectos são o grupo de animais mais numeroso
e constituem a maioria entre os animais do mundo. São mais de um
milhão as espécies de insectos conhecidas. Calcula-se todavia que,
por falta de conhecimentos, o número de espécies realmente
existentes seja pelo menos 4-5 vezes maior.
Entre as varias classes de Artrópodos os insectos geralmente
podem ser identificados facilmente sobretudo pelo número de patas.
Os insectos têm geralmente 6 patas (ou nenhuma, como acontece
sobretudo nos jovens). Os outros Artrópodos têm um número de patas
maior que 6. Sómente os Ácaros (que estão incluidos nos Arachnida)
podem ser por vezes confundidos (também porque podem danificar as
culturas tal como os insectos), mas os ácaros geralmente têm 8
patas (ou poucas vezes 4).

8
CAPÍTULO 2
MORFOLOGIA DOS INSECTOS
O corpo dos insectos é segmentado (Figs 1-2). Os segmentos
estão reunidos em três regiões: cabeça, tórax e abdómen (Fig. 2).

Fig. 1. Fêmea sem asas de Esperança (Orthoptera Ensifera): o corpo mostra


claramente a divisão em segmentos (corpo segmentado).

A parede externa do corpo reveste completamente o insecto:


ela é chamada tegumento (ou exoesquéleto)(Fig. 3).

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Fig. 2. Corpo de insecto. A: antenas; AD: abdómen; AL: asas; AN: anus; C:
clipeo; CC: cercos; CX: coxa; FE: fémur; GON: apêndices sexuais; L: labro; LI:
lábio; M: mandíbula; MA: metatórax; ME: mesotórax; MS: maxila; O: olho composto;
OC: ocelos; PL: mesopleuras; PR: pronoto; ST: estigmas; TA: tarso; TE: cabeça;
TI: tíbia; TR: trocanter; US: uroesternítos; UT: urotergítos; Z: patas; 1-9:
segmentos abdominais.

TEGUMENTO

O tegumento não é só o rivestimento externo do corpo, mas


também uma estrutura de suporte: de facto os músculos estão presos
ao tegumento.
O tegumento é composto de três camadas (Fig. 3): a cutícula
(que é externa), a epiderme e a membrana basal.
A membrana basal é a camada mais interna; não é composta de
células e é muito fina.
A epiderme é a camada intermédia, composta de células que
segregam (quer dizer produzem) a cutícula.
A cutícula é a camada mais espessa. Ela é constituída por
três camadas: epicutícula (externa), exocutícula (intermédia) e
endocutícula (interna). A epicutícula é uma camada fina, com cerca
de 1-5 milésimos de mm de espessura. A exocutícula e a
endocutícula são mais espessas e mais duras. Elas contêm pigmentos
e algumas substâncias orgânicas, como quitina e sclerotina. Estas
substâncias são responsáveis pela dureza da cutícula. O
endurecimento da cutícula é chamado esclerosação. Uma parte do
corpo muito endurecida diz-se esclerosada.

10
A superficie do corpo do insecto consiste em numerosas placas
endurecidas chamadas escleritos, onde a esclerosação é muito
elevada. Os escleritos estão separados por linhas chamadas
suturas. As suturas podem ser linhas de cutícula menos endurecida

Fig. 3. Tegumento de insecto. CT: celula tricógena (que forma um pêlo); EN:
endocutícula; EP: epicutícula; EPI: epiderme; EX: exocutícula; GL: glândula; MU:
músculos; PR: processos do tegumento; SE: cerda; TR: traquéia.

ou podem marcar uma dobra para dentro da parede do corpo. As


suturas além disso permitem o movimento das varias partes do
corpo.
A parede do corpo do insecto pode conter numerosos processos
externos e internos. Os processos podem ser cerdas, espinhos,
escamas, etc. Eles são constituídos sómente de cutícula ou por

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vezes de membrana basal, epiderme e cutícula. Os processos
internos podem ser saliências ou espinhos. Estes reforçam a parede
do corpo e são lugares de inserção de músculos.
Os processos internos podem ser muito longos e penetrar
profundamente dentro do corpo: eles constituem uma armação de
suporte e de inserção de músculos denominada endoesquéleto.
O tegumento externo do corpo também é denominado
exoesquéleto.

CABEÇA

A cabeça é a região anterior do corpo (Fig. 4). Ela contem


olhos compostos, ocelos, antenas e peças bucais.

Fig. 4. Região anterior do corpo duma Esperança (Orthoptera Ensifera), com


cabeça, tórax e uma parte do abdómen.

Olhos compostos (Fig. 6-7). São dois. Eles são constituídos de


numerosas unidades visuais chamadas omatídios. Cada omatídio é
marcado externamente por uma área hexagonal chamada faceta. A
superficie de cada olho é dividida em numerosas facetas.

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Fig. 5. Cabeça dum insecto com os principais escleritos, suturas, apêndices e
órgãos: antenna = antena; ocelli frontali = ocelos frontais; occhio composto =
olho composto; labbro superiore = labro; mandibola = mandíbula; mascella =
maxila; labbro inferiore = lábio; palpi mascellari = palpos maxilares; palpi
labiali = palpos labiais; occipite = occipicio; guancia = gena; vertice =
vértice; clipeo = clípeo.

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Fig. 6. Olho de insecto composto de muitos omatídios.

Fig. 7. Libélula (Odonata) com olhos compostos muito grandes.

Ocelos (ou olhos simples)(Fig. 5). São geralmente três. São órgãos
perceptores. Cada ocelo é marcado externamente por uma área
circular chamada faceta. Os ocelos estão localizados na parte
dorsal da cabeça entre os olhos composto.

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Antenas. São duas. São órgãos sensitivos (com função tactil,
olfativa, etc.) que variam grandemente em tamanho e forma. Cada
antena é constituída por um número variável de segmentos. A forma
da antena é muito importante para a classificação dos insectos,
porque cada grupo de insectos tem a sua forma particular de
antena.
São as seguintes as formas de antenas mais comuns:

1) Antena aristada (Figs 9, 18): antena curta, constituída de três


segmentos; o último segmento é dilatado e com uma cerda dorsal
muito longa chamada arista. Esta forma de antena é típica da maior
parte dos Diptera da subordem Brachycera.

2) Antena capitada (Fig. 14): antena cujos segmentos terminais são


repentinamente alargados (a parte distal alargada é chamada
clava); esta forma de antena é típica de muitas famílias,
sobretudo de Coleoptera (por exemplo Coccinellidae).

3) Antena clavada (Figs 10, 12, 15): antena cujos segmentos


aumentam gradualmente em diámetro distalmente (a parte distal
alargada é chamada clava); esta forma de antena é típica de muitas
famílias e ordens: por exemplo muitas famílias de Lepidoptera (por
exemplo Papilionidae) e Coleoptera (por exemplo Tenebrionidae,
Silvanidae).

4) Antena filiforme (Fig. 11): antena longa em forma de fio,


constituída por segmentos de tamanho aproximadamente uniformes e
geralmente cilíndricos; esta forma de antena é típica de algumas
familias, sobretudo de Coleoptera (por exemplo Carabidae).

5) Antena geniculada (Figs 8, 22): antena constituída por um


primeiro segmento longo (chamado escapo), um segundo segmento
pequeno (chamado pedicelo) e alguns segmentos distais (que
constituem uma parte terminal chamada flagelo); entre o escapo e o
pedicelo a antena forma um cotovelo; esta forma de antena é típica
de algumas famílias de Coleoptera (por exemplo Curculionidae,
Lucanidae) e superfamílias de Hymenoptera (por exemplo Apidae,
Formigas).

6) Antena lamelada (Fig. 10-13): antena cujos segmentos aumentam


em diámetro distalmente (a parte distal alargada é chamada clava);
cada segmento terminal estende-se lateralmente formando um lobo
arredondado ou oval em forma de folha; esta forma de antena é
típica de algumas famílias, sobretudo de Coleoptera (por exemplo
os Escaravelhos (Scarabaeidae)).

7) Antena moniliforme (Fig. 9): antena constituída por segmentos


todos de forma mais ou menos esférica (como pérolas); esta forma
de antena é típica de algumas famílias, sobretudo de Coleoptera
(por exemplo Chrysomelidae).

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Fig. 8. Organização geral das antenas: antenna = antena; antennomeri = segmentos
da antena; flagello = flagelo; pedicello = pedicelo; scapo = escapo; clavato =
clavado; genicolata = geniculada; articolazione a ginocchio = articulação com
cotovelo; sensilli = órgãos sensitivos; pelo = pêlo; setola = cerda;
articolazione = articulação.

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Fig. 9. Diferenças nas antenas de grupos sistemáticos e sexos diferentes:
differenze fra gruppi sistematici nei Ditteri = diferenças entre grupos
sistemáticos nos Diptera; antenna verticillata = antena verticilada; antenna
aristata = antena aristada; pedicello = pedicelo; scapo = escapo; differenze fra
i sessi nei Lepidotteri = diferenças entre os sexos nos Lepidoptera; antenna
bipettinata = antena bipectinada; antenna moniliforme = antena moniliforme; in
alto = em cima; in basso = em baixo.

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Fig. 10. Tipos de antenas: antenna setiforme = antena setácea; antenna pettinata
= antena pectinada; antenna lamellata = antena lamelada; lamelle aperte e in
posizione di riposo = lamelas abertas e fechadas; antenna clavata = antena
clavada; antenna verticillata = antena verticilada; antenna piumosa = antena
plumosa.

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Fig. 11. Antena filiforme de Esperança (Orthoptera Ensifera).

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Fig. 12. Antena clavada de Besouro (Coleoptera).

Fig. 13. Antena lamelada de Coleoptera Scarabaeidae.

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Fig. 14. Antena capitada de Besouro (Coleoptera).

8) Antena pectinada (Figs 10, 21, 22): antena na qual a maioria


dos segmentos se estendem lateralmente formando um processo
lateral longo e subtil (em forma de pente); esta forma de antena é
típica de algumas famílias, sobretudo de Coleoptera (por exemplo
alguns Elateridae) e Lepidoptera (sobretudo machos).

9) Antena bipectinada (Figs 9, 16, 17): como a antena pectinada,


mas a maioria dos segmentos tem lateralmente dois processos
laterais opostos; esta forma de antena é típica de muitos machos
de Lepidoptera e Hymenoptera.

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Fig. 15. Antenas clavadas de borboleta (Lepidoptera).

Fig. 16. Antenas bipectinadas de macho de mariposa (Lepidoptera).

22
Fig. 17. Órgãos sensitivos duma antena bipectinada dum macho de mariposa
(Lepidoptera).

Fig. 18. Antenas aristadas de mosca da fruta (Diptera Tephritidae).

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10) Antena plumosa (Fig. 10): antena na qual a maioria dos
segmentos tem em volta muitos pêlos longos (a antena parece-se

Fig. 19. Antenas moniliformes de Besouro (Coleoptera Chrysomelidae).

como uma pluma); esta forma de antena é típica de muitos machos de


Diptera Nematocera.

11) Antena serrilhada: antena na qual os segmentos da metade


distal ou dos dois-terços distais da antena são mais ou menos
triangulares (em forma de serra); esta forma de antena é típica de
algumas famílias de Coleoptera (por exemplo a maioria dos
Elateridae).

12) Antena setácea (Fig. 10): antena cujos segmentos tornam-se


mais finos distalmente (em forma de cerda); esta forma de antena é
típica de algumas famílias de Hemiptera (por exemplo
Cicadellidae).

13) Antena verticilada (Fig. 9-10): antena na qual a maioria dos


segmentos tem em volta poucos pêlos longos; esta forma de antena é
típica de muitas fêmeas de Diptera Nematocera.

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Fig. 20. Antenas geniculadas de gorgulho (Coleoptera Curculionidae).

Fig. 21. Antena pectinada de besouro (Coleoptera Lucanidae).

25
Fig. 22. Antenas pectinadas e geniculadas de besouro (Coleoptera Lucanidae).

26
Fig. 23. Cabeça prognata de besouro predador (Coleoptera Carabidae).

Peças bucais (Fig. 5). As peças bucais dos insectos são os órgãos
que permitem captar os alimentos e, através da boca, introduzir-
los na cavidade bucal. Por vezes as peças bucais são dirigidas
para frente: neste caso a cabeça é chamada prognata (Fig. 23). Em
outros casos as peças bucais são dirigidas para baixo

Fig. 24. Cabeça hipognata de Esperança (Orthoptera Ensifera).

27
Fig. 25. Cabeça metagnata de Gafanhoto (Orthoptera Caelifera).

perpendicularmente (cabeça chamada hipognata; fig. 24) ou


obliquamente (cabeça metagnata; fig. 25). Num quarto caso (muito
raro) as peças bucais são dirigidas para o alto (cabeça epignata).
Geralmente os insectos predadores têm uma cabeça prognata (ou
raramente epignata); os insectos fitófagos por outro lado têm
geralmente uma cabeça hipognata ou metagnata (lembre-se que
predadores são os insectos que caçam outros bichos para os comer;
fitófagos são os insectos que comem parte de plantas).
As peças bucais dos insectos são constituídas pelos órgãos
seguintes:

1) um labro;
2) duas mandíbulas;
3) duas maxilas;
4) um lábio;
5) uma hipofaringe.

Estes órgãos têm forma e tamanho diferentes nos vários grupos


de insectos. O tipo de peças bucais dum insecto determina como ele
se alimenta. O conhecimento dos diferentes tipos de peças bucais
determina o tipo de prejuizo que o insecto ocasiona (a maioria dos
insectos danifica as culturas alimentando-se) e portanto o tipo de
insecticida mais apropriado.
Por exemplo se um insecto tem peças bucais de tipo mastigador
e come folhas, isto significa que este insecto come parcialmente
ou completamente as folhas. Se um agricultor aplica um insecticida
por ingestão (que não é absorvido pelas folhas, mas fica sómente
sobre a superfície), o insecto, enquanto come as folhas, come
também o insecticida e morre.

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Fig. 26. Peças bucais de tipo mastigador de Gafanhoto (Orthoptera Caelifera):
palpo mascellare = palpo maxilar; palpi labiali = palpos labiais; mandibola =
mandíbula; labbro superiore = labro; labbro inferiore = lábio; mascella =
maxila; cardine = cardo; stipite = estipe; postmento = pós-mento; premento =
pré-mento; glosse = glossas; paraglosse = paraglossas; ipofaringe = hipofaringe.

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Fig. 27. Insecto ectognato: fêmea de Esperança (Orthoptera Ensifera) que mostra
os palpos maxilares e labiais na cabeça.

Por outro lado, se um insecto tem peças bucais de tipo


perfurador-sugador significa que este insecto perfura os tecidos
da planta com as suas peças bucais para alcançar os vasos
linfáticos ou as células e suga a seiva ou o protoplasma celular.
Neste caso, se um agricultor aplica o mesmo insecticida do exemplo
precedente, que não é absorvido pelas folhas, mas fica apenas
sobre a superfície, os insectos não morrem. Eles de facto não
comem a folha e o insecticida, mas superam a camada de insecticida
para alcançar os vasos e células que não estão enevenenados. Se o
agricultor quer matar os insectos com peças bucais de tipo
perfurador-sugador deve aplicar insecticidas especiais que são
absorvidos pela planta e permanecem na seiva ou no protoplasma
celular (ou utilizar insecticidas de contacto, que não são
absorvidos pela planta, mas que matam os insectos simplesmente por
contacto).
Portanto é muito importante conhecer o tipo de peças bucais,
se o agricultor quer lutar racionalmente contra os insectos
prejudiciais.
Conhecem-se os seguintes tipos principais de peças bucais:

1) Tipo mastigador (Figs 26-27). É um tipo que ocorre por exemplo


nas seguintes principais ordens: adultos e jovens de Dermaptera,
Orthoptera, Blattodea, Mantodea, Mallophaga, Neuroptera,
Coleoptera; larvas de Lepidoptera, Siphonaptera e Hymenoptera;
muitos adultos de Hymenoptera. Há maiores ou menores diferenças
entre as peças bucais destas ordens, que se distinguem dumas para
outras, mas o tipo geral é sempre o clássico dos Orthoptera.
As peças bucais de tipo mastigador dos Orthoptera são as
seguintes: um labro, duas mandíbulas, duas maxilas, um lábio e uma
hipofaringe.
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O labro (Fig. 26), que é um lobo largo situado no lado dorsal
ou anterior da cabeça, limita dorsalmente ou anteriormente a boca.
Ele não toma parte activa na captação e mastigação dos alimentos e
na sua introdução na cavidade bucal.
As duas mandíbulas (Fig. 26), muito esclerosadas e não
segmentadas, estão situadas nos lados da boca imediatamente abaixo
ou atrás do labro. Elas geralmente têm um ou mais dentes que
servem para quebrar os alimentos. As mandíbulas tomam parte activa
na mastigação quebrando os alimentos.
As duas maxilas (Fig. 26) estão situadas nos lados da boca
imediatamente abaixo ou atrás das mandíbulas. Eles são segmentadas
e constituídas pelos seguintes lobos:
a) um cardo (por cada maxila), que é o segmento basal;
b) um estipe (por cada maxila), que é o segmento distal.
Ao estipe está articulado internamente um lobo chamado
lacinia e externamente um outro lobo chamado gálea. Lateralmente
está articulado ao estipe um outro órgão segmentado chamado palpo
maxilar (constituído por um número variável de segmentos). O palpo
maxilar serve para introduzir os alimentos na boca.
O lábio (Fig. 26) é uma estrutura impar provavelmente
evoluida de duas outras maxilas fundidas ao longo da linha
mediana. O lábio é constituído por duas porções, uma basal chamada
pós-mento e uma distal chamada pré-mento. O pós-mento pode ser
dividido em duas partes, uma basal chamada submento e uma distal
chamada mento. Ao pré-mento estão articulados distalmente dois
lobos medianos chamados glossas e dois lobos laterais chamados
paraglossas. Ao pré-mento estão articulados externamente também
dois órgãos segmentados chamados palpos labiais (constituídos por
um número de segmentos variável).
A hipofaringe (Fig. 26) é um lobo curto, em forma de língua,
situado na parte interna da cavidade bucal. Na hipofaringe ou
perto dela abrem-se os ductos das glândulas salivares.
Em Odonata, Blattodea, Mantodea, Phasmodea, Isoptera,
Dermaptera, Orthoptera, Mallophaga as peças bucais de tipo
mastigador estão mais ou menos situadas exteriormente, fora da
cabeça. Por isso estes insectos são chamados ectognatos.
Em poucos ordens (Collembola, Diplura) as peças bucais de
tipo mastigador estão retraidas na cabeça. Por isso estes insectos
são chamados entognatos.

2) Tipo mastigador-lambedor (Fig. 28). É um tipo que ocorre em


alguns adultos de Hymenoptera (por exemplo nas Vespas). É
constituído pelos mesmos órgãos do tipo mastigador: a única
diferença é que glossas, paraglossas, gáleas e lacinias são mais
longas e muito pelosas, pelo que o insecto pode lamber os
líquidos. As mandíbulas são utilizadas para mastigar, como no tipo
mastigador.

3) Tipo lambedor-sugador ou lambedor-chupador (Figs 29-31). É um


tipo que ocorre em alguns adultos de Hymenoptera (por exemplo em
muitas Abelhas) e Diptera (por exemplo na Mosca doméstica e nas
Moscas da fruta).

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Fig. 28. Peças bucais de tipo mastigador – lambedor de Vespa (Hymenoptera):
palpo mascellare = palpo maxilar; palpo labiale = palpo labial; mandibola =
mandíbula; labbro superiore = labro; labbro inferiore = lábio; mascella =
maxila; cardine = cardo; stipite = estipe; postmento = pós-mento; premento =
pré-mento; glosse = glossas; paraglosse = paraglossas.

32
Fig. 29. Peças bucais de tipo lambedor – sugador de Abelha obreira
(Hymenoptera): palpo mascellare = palpo maxilar; palpo labiale = palpo labial;
mandibola = mandíbula; labbro superiore = labro; labbro inferiore = lábio;
mascella = maxila; cardine = cardo; stipite = estipe; postmento = pós-mento;
premento = pré-mento; glosse = glossas; paraglosse = paraglossas.

Em muitas Abelhas as gáleas são contiguas e formam uma probóscide.


A probóscide contem um canal no qual estão os palpos labiais
(muito longos) e as glossas. As glossas são muito longas e estão
fundidas formando um lobo impar chamado lígula (Fig. 29). A lígula

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é muito pelosa e serve para lamber os líquidos, que depois serão
sugados para dentro do canal da probóscide.

Fig. 30. Peças bucais de tipo lambedor – sugador de Mosca (Diptera): capo =
cabeça; proboscide di profilo = probóscide de perfil; palpo mascellare = palpo
maxilar; palpo labiale = palpo labial; mandibola = mandíbula; labbro superiore =
labro; labbro inferiore = lábio; mascella = maxila; labelli = labelas;
ipofaringe = hipofaringe.

34
Na Mosca doméstica e nas Moscas da fruta as mandíbulas e as
maxilas estão atrofiadas. Existem sómente os palpos maxilares e
sobretudo o labro e o lábio. Labro e lábio são contíguos e formam
uma probóscide. Distalmente o lábio tem dois lobos ovais e moles
chamados labelas (Fig. 30). A superfície inferior das labelas

Fig. 31. Adulto de Mosca da fruta (Diptera) no momento em que chupa uma gota de
líquido açucarado sobre a epiderme dum fruto.

contem numerosos sulcos transversais, que servem como canais


alimentares. Eles apanham os líquidos (Fig. 31), que são depois
sugados pelo canal interno da probóscide. Neste canal há também a
hipofaringe, que é muito longa e subtil. Ela contem o canal
salivar.

4) Tipo sugador (Fig. 32). É um tipo que ocorre nos adultos de

35
Fig. 32. Peças bucais de tipo sugador de Borboleta (Lepidoptera): capo = cabeça;
palpo mascellare = palpo maxilar; palpo labiale = palpo labial; mandibola =
mandíbula; labbro superiore = labro; labbro inferiore = lábio; mascella =
maxila; cardine = cardo; stipite = estipe; galee = galeas; spirotromba =
probóscide.

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Lepidoptera (quer dizer nas Borboletas e Mariposas) e de alguns
Diptera.
Nas Borboletas as mandíbulas são atrofiadas. Labro e lábio
são reduzidos. As maxilas têm lacinias atrofiadas e gáleas muito
longas e contíguas a formar uma probóscide, que contem o canal
alimentar. A probóscide fica enrolada: quando é usada para sugar
líquidos é desenrolada pela pressão sanguínea.

5) Tipo perfurador-sugador ou perfurador-chupador (Fig. 33). É um


tipo que ocorre nos jovens e adultos de Hemiptera, Thysanoptera e
Anoplura, assim como nos adultos de Siphonaptera e de muitos
Diptera (Mosquitos e Mutucas).
Nos Hemiptera o labro é muito pequeno. O lábio tem forma de
bainha: ele encerra quatro estiletes picadores (as duas mandíbulas
e as duas maxilas, todas muito longas e subtis). Lábio, mandíbulas
e maxilas constituem um órgão chamado rostro. O lábio não perfura,
mas serve como pontalete quando os estiletes perfuram os tecidos.
Os estiletes, dentro do rostro, ajustam-se entre si de tal modo
que formam dois canais, um canal alimentar e um canal salivar.
Nos Thysanoptera os estiletes perfuradores são três, a mandíbula
esquerda e as duas maxilas. O rostro é constituído pelo labro
(dorsalmente), o lábio (ventralmente) e os estipes das maxilas
(lateralmente). Dentro do rostro ficam os estiletes perfuradores.
Os insectos que têm peças bucais de tipo perfurador-sugador e
picam as plantas são chamados fitomizos. Os prejuizos causados
pelos fitomizos são os seguintes:

a) lesão aos tecidos vegetais causada pela ferida mecánica


determinada pela introdução das peças bucais;
b) subtracção de seiva ou protoplasma vegetal;
c) introdução na planta com a saliva de toxinas ou enzimas, que
causam necroses ou multiplicação anormal das células vegetais
(jovens folhas e rebentos crescem torcidos);
d) transmissão à planta de virus ou micoplasmas, que causam
doenças à planta;
e) emissão do anus de gotas de excrementos líquidos açucarados,
que se depositam sobre a superfície dos órgãos verdes; nesta
camada líquida, que seca, desenvolvem-se fungos, que formam um
mofo preto chamado fumágina. A fumágina cobre os órgãos verdes e
impede fortemente a fotossíntese.

6) Tipo cefálico-faríngeo (Fig. 36). É um tipo que ocorre nas


larvas dos Diptera Brachycera. É constituído por dois ganchos, que
laceram os tecidos dos hospedeiros vegetais ou animais.

Escleritos da cabeça. Os escleritos da cabeça são numerosos. Os


principais são os seguintes (Fig. 5):

Fronte: situada anteriormente entre os olhos compostos;


Clípeo: situado anteriormente entre a fronte e o labro;
Vértice: que é a parte dorsal da cabeça;
Occipicio: que é a parte posterior da cabeça;

37
Fig. 33. Peças bucais de tipo perfurador-sugador de Hemiptera: comportamento del
labbro inferiore durante la penetrazione degli stiletti = comportamento do lábio
durante a penetração dos estiletes bucais; labbro inferiore piegato a ginocchio
= lábio dobrado formando um joelho; labbro inferiore con articoli introflessi a
canocchiale = lábio com segmentos reentrantes telescopicamente; dettaglio della
modalità di penetrazione degli stiletti: quelli mandibolari esplicano l’azione
pungente = modalidade de penetração dos estiletes: os estiletes mandibulares
exercem a actividade perfuradora; mascellari = maxilares; modalità di nutrizione
in un Rincoto fitomizo = modalidade de alimentação dum Hemíptero fitomizo.

38
Genas: que são as partes laterais da cabeça entre os olhos
compostos e as mandíbulas.

Fig. 34. Percevejo sobre um fruto: em posição de repouso o seu rostro está
dobrado sob a cabeça.

39
Fig. 35. Percevejo sobre um ramo: durante a actividade de alimentação o seu
lábio está dobrado formando um joelho, enquanto os estiletes penetram dentro dos
tecidos vegetais.

40
Fig. 36. Peças bucais de tipo cefálico - faríngeo das larvas dos Diptera
Brachycera: capo visto subventralmente = cabeça vista subventralmente; uncini
boccali = ganchos bucais; apertura boccale = boca; apparato cefalo – faringeo =
aparelho cefálico – faríngeo; funzione dilaniante degli uncini boccali = função
despedaçante dos ganchos bucais.

41
TÓRAX

O tórax (Fig. 37) é a região média do corpo. Está dividido


em três segmentos: protórax (o segmento anterior, situado atrás da
cabeça), mesotórax (o segmento médio) e metatórax (o segmento
posterior).
Cada segmento é composto de pelo menos quatro escleritos
(Fig. 37), um dorsal (chamado noto), um ventral (chamado sterno) e
dois laterais (chamados pleuras).
No protórax há um pronoto, duas propleuras e um prosterno; no
mesotórax um mesonoto, um mesosterno e duas mesopleuras; no
metatórax um metanoto, um metasterno e duas metapleuras.
Por vezes (em alguns insectos) o mesonoto é dividido em dois
escleritos, um anterior (o escuto) e um posterior (o escutelo
(Fig. 39)).
Entre as mesopleuras e o mesonoto e entre as metapleuras e o
metanoto articulam-se as asas. Entre as pleuras de todos os
segmentos e os sternos articulam-se as patas.

Fig. 37. Constituição geral do tôrax dum insecto: torace e sue appendici: zampe
= tórax e os seus apêndices: patas; protorace = protórax; mesotorace =
mesotórax; metatorace = metatórax; segmento toracico e sue parti = segmento
torácico e as suas partes; pleure = pleuras; stigma = estigma; zampa = pata.

42
Fig. 38. Modificação do tôrax dum insecto em relação ao desenvolvimento das
asas: torace ed estroflessioni paranotali: ali = tórax e as extroflexões ao lado
do noto: asas; protorace = protórax; torace alifero = tórax com asas; ali
mesotoraciche = asas mesotorácicas; ali metatoraciche = asas metatorácicas;
segmento del torace alifero ed articolazione delle ali = segmento do tórax com
asas e articulação das asas; pleure = pleuras; stigma = estigma.

Patas (Fig. 44). As patas dos insectos são seis (três pares). Cada
pata é constituída pelos segmentos seguintes:

Coxa: que se articula ao tórax;


Trocanter: que geralmente è um segmento pequeno;
Fémur;
Tíbia;
Tarso.

O tarso é segmentado (o número dos segmentos é variável). O


último segmento tarsal, chamado pretarso, tem geralmente duas
garras (Fig. 44). Entre as garras por vezes há uma estrutura em
forma de almofada, chamada arólio. Por vezes as estruturas são
duas e são chamadas pulvilos (Fig. 44).
As garras servem para o insecto se agarrar as superfícies
ásperas.
O arólio e os pulvilos servem para aderir às superfícies
lisas (como os vidros das janelas). São órgãos que podem aderir às
superfícies lisas quando a pressão sanguínea aumenta e o líquido
vital (chamado hemolinfa) preenche o arólio e os pulvilos.

43
Fig. 39. Diferente desenvolvimento do tórax nos insectos em relação ao
desenvolvimento das asas: protorace = protórax; mesotorace = mesotórax;
metatorace = metatórax; Blattodeo Blattidae = Blattodea Blattidae; Rincoto
Scutelleride = Percevejo Scutellerinae; scutello mesotoracico = escutelo
mesotorácico; ali mesotoraciche = asas mesotorácicas; addome = abdómen;
Coleottero Scarabeide = Besouro Scarabaeidae; Rincoto Ligeide = Percevejo
Lygaeidae; Dittero Muscide = Mosca; Imenottero Sfecide = Hymenoptera Sphecidae.

44
Fig. 40. Tórax de Libélula (Odonata): o mesotórax e o metatórax são mais ou
menos iguais, porque as 4 asas têm a mesma extensão.

Fig. 41. Tórax de Esperança (Orthoptera Ensifera): o protórax é muito grande


porque contem os robustos músculos que accionam as mandíbulas.

45
Fig. 42. Tórax de Besouro (Coleoptera): dorsalmente só o protórax e o escutelo
são visiveis, porque o resto do tórax está escondido sob os élitros.

Fig. 43. Tórax de Percevejo (Hemiptera Heteroptera): dorsalmente só o protórax e


o escutelo são visiveis, porque o resto do tórax está escondido sob os
hemélitros; o escutelo é muito grande.

46
Fig. 44. Constituição geral das patas: zampa di larva = pata de larva;
trocantere = trocanter; femore = fémur; unghia del pretarso = garra do pretarso;
zampa di adulto = pata de adulto; formazioni del pretarso = formações do
pretarso; ultimo tarsomero = último segmento do tarso; pulvillo = pulvilo;
empodio = empódio; unghie = garras; arolio = arólio.

47
Fig. 45. Patas adaptadas para a locomoção: zampe deambulatorie = patas
deambulatórias; trocantere = trocanter; femore = fémur; Coccinellide =
Coccinellidae; Coleottero = Besouro; zampe cursorie = patas adaptadas para
correr; zampe per pattinare sulla superficie dell’acqua = patas adaptadas para
patinar sobre a superfície da água; Rincoto = Hemiptera.

48
Fig. 46. Patas adaptadads para escavar: zampa fossoria con tíbia adatta allo
scavo e tarso ridotto = pata com tíbia idónea para escavar e tarso reduzido;
trocantere = trocanter; femore = fémur; unghia = garra; Grillotalpa = Ralo;
Ortottero = Orthoptera; zampa fossoria con tíbia adatta allo scavo e tarso
scomparso = pata com tíbia idónea para escavar e tarso desaparecido; Scarabeo
sacro = Escaravelho sacro; Coleottero = Besouro.

Por vezes entre as normais duas garras há uma estrutura mais


longa em forma de terçeira garra, chamada empódio (Fig. 44). O
empódio serve para o insecto se agarrar às superfícies ásperas.
O comprimento e a forma das patas e dos seus segmentos são
muito variáveis.
Nas patas adaptadas ao salto (Figs 47-48) geralmente os
fêmures posteriores são muito dilatados, porque contêm músculos
possantes (por exemplo nos Gafanhotos).

49
Fig. 47. Patas adaptadas para saltar: zampa saltatoria tipo femoro - tíbiale =
pata para saltar dos Gafanhotos, com fémur muito grande; Cavalletta = Gafanhoto;
Ortottero = Orthoptera; trocantere = trocanter; femore = fémur.

Nas patas adaptadas para escavar (Fig. 46) geralmente as tíbias


anteriores têm as margens externas dentadas para escavar melhor
(por exemplo nos Scarabaeidae).

Fig. 48. Patas posteriores duma Esperança adaptadas para saltar (Orthoptera
Ensifera).

Nas patas raptórias, que servem a capturar outros insectos,


as margens internas das tíbias e fêmures anteriores são espinhosas
e servem para capturar as presas entre as tíbias e fêmures (por
exemplo na Louva-a-deus).

50
Nas patas natatorias (que servem para nadar) os segmentos são
geralmente longos e muito pelosos para aumentar a superfície que
bate na água (por exemplo nos Dytiscidae).
As patas podem não existir completamente (como em muitas
larvas) ou podem estar mais ou menos atrofiadas.

Fig. 49. Diferenciação e formação das asas: differenziazione delle ali =


diferenciação das asas; tergo = noto; abbozzi alari = inicio da formação das
asas; nervature = nervuras; ali = asas; scleriti notali = escleritos do noto;
scleriti sternali = escleritos do sterno; diverse tappe nella formazione delle
ali = etapas sucessivas na formação das asas; trachea = traquéia; strati
cuticolari = camadas de cutícula; venatura = nervura; andamento ipotetico
primitivo delle trachee = andamento hipotético primitivo das traquéias; schema
fondamentale delle nervature longitudinali e trasversali delle regioni alari =
esquema fundamental das nervuras longitudinais e transversais das regiões das
asas.

51
Asas (Fig. 49). As asas dos insectos são geralmente quatro (dois
pares) e se encontram sómente nos adultos. Elas são laminas chatas
e membranosas. Dado que são evaginações da parede do corpo do
mesotórax e do metatórax (Fig. 49), as asas têm uma parede externa
igual à parede externa do corpo do insecto, quer dizer que é
constituída pela membrana basal, epiderme e cutícula (Fig. 49).
O tegumento superior das asas é sobreposto ao inferior sem

Fig. 50. Asas anteriores e posteriores membranosas: ali simili con scarse
nervature = asas parecidas com poucas nervuras; Isottero = Isoptera; ali
subsimili con numerose nervature = asas subparecidas com muitas nervuras;
Neurottero Crisopide = Neuroptera Chrysopidae; ali diverse con numerosissime
nervature = asas diferentes com numerosissimas nervuras; Odonato (Libellula) =
Odonata (Libélula); ali diverse con ridottissime nervature = asas diferentes com
nervuras muito reduzidas; nervature = nervuras; Imenottero Calcidoideo =
Hymenoptera Chalcidoidea.

52
espaço intermédio. Entre os dois tegumentos sobrepostos penetram
mais ou menos numerosos vasos chamados nervuras (Fig. 49). Cada
nervura é um tubo que contem o líquido vital do insecto (chamado
hemolinfa), um pequeno tubo chamado traquéia (que faz parte do
sistema respiratório e serve para permitir as trocas gasosas nas
asas) e um nervo.
Cada nervura tem o seu nome (por exemplo nervura costa ou
costa, nervura radial, nervura marginal, etc.).
Entre as nervuras há um espaço chamado célula. A forma e o
número das células, assim como a direção e o número das nervuras,
é muito variável nos insectos e é uma característica muito
importante para identificar as ordens e as famílias.
Nas asas de muitos insectos uma parte da nervura costal (que
é a nervura situada ao longo da margem anterior das asas) pode ser
muito engrossada: esta parte chama-se pterostigma (Fig. 50).

Fig. 51. Libélula (Odonata) com asas anteriores e posteriores membranosas.

53
Fig. 52. Imenóptero (Hymenoptera) com asas anteriores e posteriores membranosas.

As asas podem ser todas completamente membranosas e transparentes


(nos Thysanoptera, Isoptera, Afídios, Hymenoptera)(Figs 50-52).

Fig. 53. Besouro (Coleoptera): as suas asas anteriores são transformadas em


élitros.

Nos Coleoptera as asas anteriores são muito esclerosadas e não


servem para voar: são chamadas élitros (Fig. 53). As asas

54
Fig. 54. Gafanhoto (Orthoptera Caelifera) com asas anteriores transformadas em
tégminas.

posteriores (que servem para voar) são membranosas e estão


escondidas sob os élitros quando o insecto não voa.
Nos Orthoptera, Phasmodea e Mantodea as asas anteriores são
completamente e levemente esclerosadas (mas menos endurecidas que
nos élitros dos Coleoptera) e servem para voar. Elas são chamadas
tégminas (Fig. 54). As asas posteriores (que servem para voar) são
membranosas.

55
Fig. 55. Asas anteriores e posteriores membranosas com características formações
do tegumento: ali con lunghe cilia marginali= asas com pêlos compridos
marginais; Tisanottero = Thysanoptera; ali ricoperte di peli = asas cobertas de
pêlos; Tricottero = Trichoptera; ali integralmente ricoperte di squame
(in alto) e parzialmente (in basso) = asas completamente (em cima) e
parcialmente (em baixo) cobertas de escamas; squame = escamas; nervatura =
nervura; Lepidottero (regola generale) = Lepidoptera (regra geral); Lepidottero
Egeriide (eccezione) = Lepidoptera Sesiidae (excepção).

56
Fig. 56. Adulto de Diptera, com asas anteriores membranosas e asas posteriores
transformadas em halteres.

57
Fig. 57. Modificações das asas anteriores com função protectora: ali
prossimalmente sclerificate e distalmente membranacee = asas proximalmente
esclerosadas e distalmente membranosas; emielitra = hemélitro; parte
sclerificata = parte esclerosada; Rincoto Eterottero = Percevejo; ali
integralmente sclerificate = asas completamente esclerosadas; tegmina debolmente
sclerificata (con nervature evidenti) = tégmina debilmente esclerosada (com
nervuras evidentes); Ortottero (Cavalletta) = Orthoptera (Esperança); elitra
fortemente sclerificata (senza nervature evidenti) = élitro muito esclerosado
(com nervuras não evidentes); Dermattero = Dermaptera; elitra fortemente
sclerificata (con rilievi, solchi e sculture varie) = élitro muito esclerosado
(com saliencias e estrias); rilievi = saliencias; Coleottero = Coleoptera.

58
Fig. 58. Mariposa (Lepidoptera) com asas cobertas completamente de escamas.

Nos Diptera as asas anteriores (que servem para voar) são


membranosas ; ao contrário as asas posteriores são reduzidas
formando órgãos de equilibrio durante o vôo chamados halteres
(Fig. 56).
Nas Borboletas e Mariposas (Lepidoptera) geralmente as asas
anteriores e posteriores (que servem todas para voar) estão
cobertas de escamas (Figs 55, 58).
Nos Percevejos (Hemiptera Heteroptera) as asas posteriores
são completamente membranosas e servem para voar; as asas

Fig. 59. Percevejo (Hemiptera Heteroptera) com asas anteriores transformadas em


hemélitros.

59
anteriores (que servem igualmente para voar) estão divididas em
duas regiões: a região basal (que é levemente esclerosada) e a
região distal (que é membranosa). As asas anteriores dos
Percevejos chamam-se hemélitros (Figs 57, 59).
Nos machos dos Grilos e das Esperanças (Orthoptera Ensifera)
as asas anteriores (que são tégminas) têm uma área basal
membranosa, chamada área estridulatória, que serve para cantar. Os
Grilos e as Esperanças produzem sons esfregando uma sobre a outra
as áreas estridulatórias das duas asas anteriores (porque estas
possuem quinas aguçadas e elevações estriadas, que esfregam uma

Fig. 60. Macho adulto áptero de Esperança (Orthoptera Ensifera).

Fig. 61. Fêmea adulta áptera de Cochonilha (Hemiptera Coccidae).

60
sobre a outra). Durante o canto as asas anteriores levantam-se e
movimentam-se num vai-e-vem, produzindo os sons.
As asas são uma característica dos insectos adultos (nos
jovens são ausentes ou muito reduzidas e não funcionantes);
todavia em muitos adultos as asas são completamente ausentes (Figs
60-61)(adultos ápteros) ou reduzidas (adultos micrópteros ou
brachípteros).
ABDÓMEN

O abdómen (Fig. 62) é a região posterior do corpo. Está


dividido geralmente em 11 segmentos. Sómente os Protura e os

Fig. 62. Constituição geral do abdómen: regioni morfologiche, appendici e


processi nel maschio (sopra) e nella femmina (sotto) = regiões morfológicas,
apêndices e processos no macho (em cima) e na fêmea (em baixo); uriti =
segmentos abdominais; stigma = estigma; ovopositore = ovipositor; segmenti
addominali (uriti) e loro parti = segmentos abdominais e suas partes.

61
Collembola têm um número de segmentos abdominais diferente (6 nos
Collembola; 12 nos adultos dos Protura).

Fig. 63. Constituição geral do abdómen: diverso sviluppo degli uroterghi e degli
urosterni in differenti gruppi sistematici = diferente desenvolvimento dos
urotergítos e urosternítos em diferentes grupos sistemáticos; urosterno =
urosterníto; urotergo = urotergíto; Ortotteri = Orthoptera; Rincoti Eterotteri =
Hemiptera Heteroptera; Odonati = Odonata; Coleotteri = Coleoptera; Ditteri
Muscidi = Diptera Muscidae; Imenotteri = Hymenoptera; addome sessile (a
sinistra) e peduncolato (a destra) negli Imenotteri = abdómen não pedunculato (à
esquerda) e pedunculato (à direita) nos Himenópteros; Imenottero Sinfito =
Hymenoptera Symphyta; Imenottero Apocrito = Hymenoptera Apocrita; addome =
abdómen; 1° e 3° urite larghi circa quanto il metatorace = 1° e 3° segmento
abdominal largos quase como o metatórax; peduncolo = pecíolo ou pedúnculo; uriti
= segmentos abdominais; gastro = gaster.

62
Cada segmento abdominal esteriormente consiste em dois
esclerites, um dorsal (chamado urotergíto) e um ventral (chamado
uroesterníto)(Fig. 63). Não existem esclerites laterais (como as
pleuras do tórax).
No abdómen dos Hymenoptera Apocrita existe uma região muito
estreita, chamada pecíolo ou pedúnculo (Fig. 63), que não è
presente nos Hymenoptera Symphyta.

Fig. 64. Apêndices e processos abdominais de larvas: pseudozampe presenti nel


3°-6° e 10° urite (in alto) e nel 6° e 10° (in basso) = falsas patas presentes
no 3°-6° e 10° segmento abdominal (em cima) e no 6° e 10° (em baixo); urite =
segmento abdominal; pseudozampe = falsas patas; zampe toraciche = patas
torácicas; larva di Lepidottero (regola generale) = larva de Lepidoptera (regra
geral); larva di Lepidottero Geometride = larva de Lepidoptera Geometridae;
falsas patas presentes no 2°-8° e 10° segmento abdominal; larva di Imenottero
Sinfito (regola generale) = larva de Hymenoptera Symphyta (regra geral).

63
O abdómen possue apêndices. Os apêndices mais comuns são os
seguintes:

1) Falsas patas (Fig. 64). São apêndices do abdómen das larvas de


Lepidoptera e Hymenoptera Symphyta.
Nas larvas de Lepidoptera as falsas patas são geralmente 10
(5 pares) e estão situadas nos esternitos do 3°, 4°, 5°, 6° e 10°
segmento abdominal. Sómente nas larvas de Lepidoptera das famílias
Geometridae e Noctuidae Plusiinae o número de falsas patas é menor
(2 pares no 6° e 10° segmento nos Geometridae; 3 ou 4 pares nos
Plusiinae (no 5°, 6° e 10° segmento ou no 4°, 5°, 6° e 10°
segmento)).
Nas larvas de Hymenoptera Symphyta o número de falsas patas é
variável (6-8 pares). Elas começam sempre a partir do 2° segmento
abdominal.
As falsas patas servem para facilitar a locomoção e para a
larva se agarrar às plantas (porque as falsas patas geralmente têm
um número de ganchos à sua extremidade).

2) Cercos (Fig. 65). São apêndices do 11° segmento abdominal.

Fig. 65. Macho de Orthoptera Ensifera com dois cercos à extremidade do abdómen.

Os cercos ocorrem nos Dermaptera, Orthoptera e Odonata. Servem


para captar os alimentos e introduzi-los na boca. Servem também
como órgãos de defesa e de ataque.

3) Ovipositor (Figs 66-67). É um apêndice do 8° e 9° segmento


abdominal das fêmeas adultas de alguns grupos de insectos. Por
exemplo o ovipositor ocorre nos Orthoptera Ensifera, Hemiptera,
Hymenoptera e em alguns Thysanoptera.
O ovipositor serve para perfurar o solo ou os tecidos das
plantas ou de animais para introduzir os ovos. É constituído por
três pares de apêndices, chamados valvas.
O ovipositor pode ser mais ou menos longo e de tamanho e
forma diferente. Os três pares de valvas estão juntos formando um

64
Fig. 66. Fêmea de Esperança (Orthoptera Ensifera) com um curto ovipositor à
extremidade do abdómen.

Fig. 67. Fêmea de Esperança (Orthoptera Ensifera) com um longo ovipositor à


extremidade do abdómen.

tubo dentro do qual desce o ovo.


Nas Vespas e Abelhas o ovipositor está modificado num ferrão
e serve para picar tecidos animais como órgão de defesa e de
ataque.
65
Fig. 68. Ovipositor de substituição de Coleoptera Cerambycidae e Diptera
Tephritidae: ovopositore incapace di forare il substrato = ovipositor incapaz de
perfurar o substrato; urite = segmento abdominal; uovo deposto in anfrattuosità
preesistenti o scavate con le mandibole = ovo depositado em anfractuosidades
preexistentes ou escavadas por meio das mandíbulas; Coleottero Cerambicide =
Coleoptera Cerambycidae; ovopositore capace di forare il substrato = ovipositor
capaz de perfurar o substrato; Dittero Tefritide = Diptera Tephritidae;
ovopositore capace di forare un frutto = ovipositor capaz de perfurar um fruto.

66
Fig. 69. Aparelho genital externo de macho em algumas ordens de insectos:
Ortotteri = Orthoptera; Coleotteri = Coleoptera; Lepidotteri = Lepidoptera;
Imenotteri = Hymenoptera; eiaculatore = ducto ejaculatorio; fallo = pénis;
edeago = pénis.

O tipo de ovipositor precedentemente descrito (composto de


três pares de valvas) é o ovipositor típico (Figs 66-67).
Em algumas fêmeas não há um ovipositor típico, mas há um
ovipositor de substituição (Fig. 68), que é simplesmente a região
terminal do abdómen adaptada que forma um tubo constituído pelos
segmentos abdominais, que na região distal do abdómen são muito
subtis. O ovipositor de substituição ocorre por exemplo nas fêmeas
das Moscas da fruta (Diptera Tephritidae) e dos Coleoptera
Cerambycidae.
4) aparelho genital externo masculino (Fig. 69). O aparelho
genital externo masculino serve para copular; è constituido
geralmente por um pénis mediano e dois parámeros laterais (Fig.
67
69). O ducto ejaculatorio, que transporta os espermatozóides,
desemboca à estremidade do pénis.

68
CAPÍTULO 3
ANATOMIA E FISIOLOGIA DOS INSECTOS
1) Sistema digestivo e escretor

O sistema digestivo dos insectos (Fig. 70) é constituído por


um tubo (chamado canal alimentar) que se estende da boca ao ânus.
O canal alimentar está dividido em três partes: estomodeu,
mesêntero e proctodeu.

Fig. 70. Esquema da organização interna duma fêmea de insecto: A = antenas; AN =


abertura anal; AO = aorta; CC = cercos; CE = cérebro; CG = cadeia ganglionar
ventral; CU = coração; DA = divertículo dorsal da aorta; ES = esófago; GON =
gonapófises; GS = gnatocérebro; IN = papo; L = labro; LI = lábio; M =
mandíbulas; MA = músculos alares do diafragma dorsal; ME = mesêntero; MX =
maxilas; OS = óstios do coração; OV = ovários e oviductos; PR = proctodeu; R =
recto; TM = túbulos de Malpighi; VR = proventrículo.

Estomodeu

O estomodeu (ou intestino anterior) é a região do canal


alimentar que começa com a boca e acaba com uma válvula que regula
a passagem dos alimentos do estomodeu para o mesêntero.
O estomodeu está diferenciado geralmente em faringe, esófago,
papo e proventrículo.
A faringe é a cavidade bocal, na qual é segregada a saliva.
O esófago (Fig. 70) é um tubo que coliga a faringe ao papo.
O papo (Fig. 70) é um saco onde podem ser conservados os
alimentos líquidos; ocorre nas Abelhas para conservar o mel, nas
Formigas, nos Mosquitos, etc.
O proventrículo (Fig. 70) é uma região do canal alimentar
onde a parede tem dentes em forma de agulhas que, quando o
alimento consiste em partículas grossas, reduzem as partículas a
pedaços menores.

69
Mesêntero

O mesêntero (ou intestino médio) (Figs 70-71) é a região do


canal alimentar onde se realizam os principais processos
digestivos e a absorção dos alimentos.
As paredes do estomodeu e do proctodeu são constituídas pelo
mesmo tegumento da parede externa do corpo (cutícula, epiderme,
membrana basal), porque o estomodeu e o proctodeu são invaginações

Fig. 71. Células das paredes do mesêntero: EP = epitelio; ES = esófago; IN =


papo; MC = músculos circulares; ME = mesêntero; ML = músculos longitudinais; MP
= membrana peritrófica; RE = recto; SI = espaço circundado pela membrana
peritrófica; TM = túbulos de Malpighi; VI = proventrículo.

da parede externa do corpo. Ao contrário a parede do mesêntero é


diferentemente constituída, porque o mesêntero tem uma origem
diferente. Ela é constituída por células epiteliais. Algumas
células produzem enzimas, que servem para digerir os alimentos;
outras células produzem também uma membrana, chamada membrana
peritrófica (Fig. 71), que é segregada quando o alimento entra no
mesêntero.
A membrana peritrófica envolve o alimento. Dado que a
membrana é permeável, permite o intercâmbio das enzimas digestivas
e dos alimentos digeridos, que estão prontos para serem
absorvidos. Portanto inicialmente as enzimas atravessam a
membrana. Quando o alimento é digerido, é ele que atravessa a
membrana e é absorvido pelas células epiteliais.

70
O alimento atravessa depois também as células epiteliais e
chega à hemolinfa. Quando todo o alimento foi absorvido, as
células epiteliais absorvem também a membrana peritrófica.
O alimento que não pode ser digerido fica inicialmente no
mesêntero, mas depois entra no proctodeu para ser expelido como
excremento.

Proctodeu

O proctodeu (Fig. 70) é a parte do canal alimentar que coliga


o mesêntero ao ânus. A sua parede é constituída por cutícula,
epiderme e membrana basal (como aquela do estomodeu).

Fig. 72. Túbulos de Malpighi em diferentes insectos: GE = grânulo de material


excretício; ME = material excretício acumulado sobre a superfície duma célula.

Os produtos de excreção formados nos tecidos do corpo e


retirados da hemolinfa chegam perto do inicio do proctodeu. Estes
produtos (que se encontram na hemolinfa) atravessam a parede
permeável de alguns tubos, chamados túbulos de Malpighi (Figs 70,
72), que surgem como evaginações da região anterior do proctodeu e
que flutuam na hemolinfa.
Os túbulos de Malpighi são os principais órgãos do sistema
excretor.
Os produtos de excreção che saem dos túbulos de Malpighi e do
mesêntero saem pelo anus.

2) Sistema circulatório

O sistema circulatório dos insectos (Fig. 73) é aberto (quer


dizer que a hemolinfa não está fechada dentro de vasos como nos
Vertebrados).

71
A hemolinfa (que é o líquido vital dos insectos,
correspondente ao sangue dos Vertebratos) enche simplesmente a
cavidade interna do corpo (o tegumento externo dos insectos cerca
uma grande cavidade interna, chamada celoma). É um líquido que não
serve para transportar o oxigênio e o dióxido de carbono, porque a
função respiratória é desenvolvida pelo sistema respiratório. A
hemolinfa serve para transportar os alimentos digeridos e os
produtos de excreção.

Fig. 73. Esquema da circulação da hemolinfa num insecto: A = antenas; AL = asas;


AO = aorta; CU = coração; DD = divertículos dorsais da aorta; DO = diafragma
dorsal; DV = diafragma ventral; OP = órgão pulsatil; OS = óstios; SC = parte do
celoma situada sobre o coração; SN = parte do celoma situada sob a cadeia
ganglionar ventral; SV = parte do celoma situada em redor do canal alimentar; Z
= patas. As flechas indicam a direcção da corrente da hemolinfa.

Uma pequena parte da circulação da hemolinfa acontece num


vaso, que é chamado vaso sanguíneo. É um tubo situado dorsalmente
ao canal alimentar no tórax e abdómen.
A parte posterior do vaso sanguíneo é chamada coração: ele
está dividido numa serie de câmaras separadas por válvulas. Cada
câmara tem duas aberturas laterais chamadas óstios. O número de
câmaras é variável.
A parte anterior do vaso sanguíneo é um simples tubo sem
óstios chamado aorta (Fig. 73).
A circulação da hemolinfa no vaso sanguíneo é causada por
processos de sístole e diástole alternados, que se verificam nas
câmaras do coração. A hemolinfa entra numa câmara através dos
óstios. Com uma contração das paredes da câmara (sístole) a
hemolinfa é expelida dentro da câmara seguinte (que está no
estádio de diástole). Com uma serie alternada de contrações a
hemolinfa é expelida de câmara em câmara para a aorta.
Anteriormente a aorta é aberta: ela tem uma apertura da qual sai a
hemolinfa.
A circulação da hemolinfa no corpo do insecto é causada
sómente pela pressão e pela velocidade de saida da hemolinfa da

72
aorta. Sómente nas patas, asas e antenas há órgãos especiais,
chamados órgãos pulsáteis (Fig. 73), que facilitam a circulação da
hemolinfa em órgãos periféricos e subtis. Os órgãos pulsateis são
pequenos corações constituídos por uma só câmara e com óstios nas
paredes. Com uma série alternada de sístole e diástole a hemolinfa
é impelida profondamente dentro dos órgãos periféricos do corpo.

3) Sistema respiratório

O sistema respiratório dos insectos é constituído por uma


rede de tubos, chamados traquéias. Elas abrem-se externamente em
aberturas chamadas estigmas.

Fig. 74. Esquema do sistema respiratório dum insecto: A = antenas; AN = abertura


anal; CE = cérebro; GS = gnatocérebro; L = labro; LI = lábio; M = mandíbulas; ME
= mesêntero; MS = maxilas; PR = proctodeu; S = estigmas; ST = estomodeu; TE =
cabeça; Z = patas; 1 A = primeiro segmento abdominal; 1 T = primeiro segmento
torácico (protórax).

Internamente as traquéias são ramificadas e estendem-se por


todo o corpo, chegando às células periféricas. Os ramos de
traquéias mais periféricos são muito subtis e são chamados
traquéolas.

Fig. 75. Diferentes tipos de estigmas: AS = abertura do estigma; AT = átrio do


estigma; CU = cutícula; EP = epiderme; MU = músculo; TR = traquéia.

73
O oxigênio entra nas traquéias através dos estigmas e chega
às traquéolas e às células. Em direcção contrária o dióxido de
carbono sai das células e através das traquéolas e das traquéias
chega aos estigmas.
O movimento do oxigênio e do dióxido de carbono é causado
pelas contracções dos músculos abdominais que fazem inspirar e
expirar alternadamente. Quando o insecto inspira, o ar entra nas
traquéias através dos estigmas. Logo depois os estigmas fecham-se
para permitir que o ar chegue às células. Quando todo o ar está em
proximidade das células, começa a expiração. Os estigmas abrem-se
e o dióxido de carbono sai.

4) Sistema reprodutor

Nas fêmeas o sistema reprodutor (Fig. 76) é constituído por


dois ovários (que são as glândulas onde se produzem os ovos).
De cada ovário sai um canal chamado oviducto. Os dois
oviductos unem-se para formar um único tubo (chamado oviducto
comum), que se abre perto da extremidade posterior do abdómen.
Por vezes o oviducto entra dentro dum ovipositor.
Geralmente os seguintes órgãos são associados ao oviducto:
1) espermateca: que é um saco onde são armazenados os
espermatozóides; dentro deste saco os espermatozóides são
alimentados por um líquido segregado por uma glândula especial;
2) glândulas acessórias: que produzem materiais utilizados em
vários modos (por exemplo para construir as paredes das ootecas
(ou ovissacos), que são sacos que contêm os ovos).
Nos machos o sistema reprodutor (Fig. 76) é constituído por
dois testículos (que são as glândulas que produzem os
espermatozóides).
De cada testículo sai um canal chamado ducto deferente. Os
dois ductos deferentes unem-se formando um único tubo, chamado
ducto ejaculatório, que se abre à extremidade do pénis (Fig. 69),
perto da extremidade posterior do abdómen.
Geralmente estão associadas ao ducto ejaculatório as
glândulas acessórias, que produzem materiais utilizados em vários
modos.

74
Fig. 76. Em cima: órgãos genitais masculinos; em baixo: órgãos genitais
femininos. CE = ducto ejaculatório; ED = pénis; GA = glândulas acessórias; ODC =
oviducto comum; ODL = oviductos laterais; OV = ovários; SP = espermateca; TE =
testículos; VD = ductos deferentes.

75
CAPÍTULO 4
DESENVOLVIMENTO E METAMORFOSE DOS
INSECTOS
A parede externa do corpo dos insectos é muito esclerosada e
pouco elástica. Portanto, quando o insecto cresce, durante o
desenvolvimento juvenil, a parede externa não é suficientemente
elástica para se dilatar e conter o corpo engrossado do insecto. O
insecto portanto deve trocar a velha parede externa pouco capaz
substituindo-a por uma nova parede. O insecto não troca toda a
parede externa, mas sómente a cutícula. Dado que as traquéias, o
estomodeu e o proctodeu são invaginações da parede externa, o
insecto troca também a cutícula destes órgãos. Este processo
chama-se muda.
A velha cutícula eliminada chama-se exúvia.
No inicio da muda as células da epiderme segregam um líquido,
chamado líquido de muda, que separa a velha cutícula da epiderme.
A velha cutícula portanto separa-se. Simultaneamente a epiderme
segrega a nova cutícula mais capaz. Geralmente aparece uma fenda
da velha cutícula ao longo da linha mediana dorsal do tórax. A
fenda cresce e o insecto sai da cutícula velha através da fenda.
Durante o desenvolvimento juvenil do insecto realiza-se um
número de mudas variável (geralmente 4-20 mudas). O adulto não
muda.
O intervalo entre uma muda e a muda seguinte chama-se estádio
ou idade. O primeiro estádio é entre a eclosão do ovo e a primeira
muda; o segundo estádio é entre a primeira e a segunda muda; e
assim por diante. Diz-se jovem de primeiro estádio, de segundo
estádio, etc.
As mudas são causadas pela actividade de duas hormonas, a
hormona juvenil ou neotenina (segregada por glândulas chamadas
corpora allata (singular corpus allatum), que se encontram na
cabeça) e a hormona da muda ou ecdisone (segregada pela glândula
protorácica, que se encontra no protórax)(Fig. 77).
A neotenina inibe a muda e conserva as características
juvenis. A hormona da muda promove as mudas.
Quando o jovem nasce do ovo, produz uma quantidade de
neotenina muito grande e uma pequena quantidade de hormona da
muda. Durante o desenvolvimento a quantidade de neotenina torna-se
cada vez menor. No fim do desenvolvimento há pouca neotenina e
muita hormona da muda. Portanto a neotenina não pode mais inibir a
muda final e a transformação em adulto.
Durante o desenvolvimento a forma do insecto pode mudar
muito: o completo das transformações, que acontecem durante o
desenvolvimento, chama-se metamorfose.

76
Fig. 77. Interacção das hormonas durante o desenvolvimento dum insecto: cellule
neurosecretrici = células neurosecretórias; cervello = cérebro; ghiandola
protoracica = glândula protorácica; ecdisone = hormona da muda; ormone giovanile
= neotenina; cromosomi = cromossomas; sintesi proteica = síntese proteica;
strutture larvali = corpo da larva; strutture pupali = corpo da pupa; strutture
dell’adulto = corpo do adulto; cuticola = cutícula.

77
Fig. 78. Esquemas de desenvolvimento pós-embrionário. À esquerda,
pseudoametabolía de Piolhos (Anoplura); no meio, eterometabolía de Baratas
(Blattodea); à direita, olometabolía de Gorgulhos (Coleoptera Curculionidae).

78
Nos insectos há dois tipos de metamorfose: metamorfose
simples e completa.
Na metamorfose simples o jovem (chamado ninfa (Fig. 78:
linhas à esquerda e no meio)) é muito semelhante ao adulto, as
asas desenvolvem-se externamente e geralmente não há um estádio de
repouso prolongado antes da última muda.
Na metamorfose completa o jovem (chamado larva (Fig. 78:
linha à direita; fig. 79)) é muito diferente do adulto, as asas
desenvolvem-se internamente e há um estádio de repouso prolongado
antes da última muda.
Por exemplo nos Orthoptera há uma metamorfose simples; nos
Lepidoptera há uma metamorfose completa.
O estádio de repouso prolongado que existe na metamorfose
completa é chamado pupa (Fig. 82).
Se conhecem diferentes tipos de metamorfose simples e
completa; os principais são os seguintes:

1) Metamorfose simples

São os seguintes os tipos diferentes de metamorfose simples:

a) Eterometabolía (Fig. 78): alternam-se os seguintes estádios de


desenvolvimento: ovo – ninfa (alguns estádios) – adulto.
O adulto pode ser alado ou não alado. No caso que seja sem
asas, a metamorfose é chamada também pseudoametabolía (Fig. 78:
linha à esquerda).
As principais ordens eterometabólicos sã as seguintes:
Odonata, Mantodea, Isoptera, Dermaptera, Orthoptera, Phasmodea,
Mallophaga, Anoplura e a maioria dos Hemiptera.

b) Neometabolía: alternam-se os seguintes estádios de


desenvolvimento: ovo – ninfa (alguns estádios) – prepupa (1-2
estádios) – subpupa (1 estádio) – adulto.
O adulto pode ser alado ou não alado.
As prepupas e subpupas são estádios nos quais o insecto fica
imóvel e não come. Na prepupa não há asas externas em
desenvolvimento; na subpupa há asas externas em desenvolvimento.
Dado que na neometabolía há alguns estádios de repouso
prolongado (prepupa e subpupa), este tipo de metamorfose
considera-se um tipo de transição entre a metamorfose simples e
completa.
A neometabolía se encontra sómente nos Thysanoptera e nos
machos de algumas Cochonilhas (Hemiptera Coccoidea).

Há outros tipos de metamorfose simples (Ametabolía,


Prometabolía, Oligometabolía, Anametabolía), mas não se encontram
em ordens importantes do ponto de vista agrícola.

2) Metamorfose completa

São os seguintes os principais tipos de metamorfose completa:

79
a) Olometabolía (Fig. 78: linha à direita): alternam-se os
seguintes estádios de desenvolvimento: ovo – larva (alguns
estádios) – pupa (1 estádio) – adulto (com ou sem asas).
A pupa (Fig. 82) é um estádio de repouso prolongado antes da
última muda, no qual se realizam as complexas transformações da
larva em adulto.
As principais ordens olometabólicos são as seguintes:
Lepidoptera, Siphonaptera, Diptera, Neuroptera, Hymenoptera e a
maioria dos Coleoptera.

b) Hipermetabolía: alternam-se os seguintes estádios de


desenvolvimento: ovo – larva de 1° tipo (1 ou alguns estádios) -
pseudopupa (1 estádio) – larva de 2° tipo (1 ou alguns estádios) –
pupa – adulto (com ou sem asas).
A larva de 1° tipo geralmente procura a presa: portanto tem
forma alongada, ágil, com patas longas e com garras robustas. A
larva de 1° estádio não come. Quando a larva de 1° tipo acha a
presa, muda em pseudopupa, que é um estádio no qual o insecto fica
imóvel e não come. Depois a pseudopupa muda em larva de 2° tipo.
A larva de 2° tipo come a presa.
A hipermetabolía se encontra nos Coleoptera Meloidae.

Um outro tipo de metamorfose é a catametabolía. Ela ocorre


quer nos insectos que têm uma metamorfose simples, quer nos
insectos que têm uma metamorfose completa. Nesta metamorfose os
adultos têm um nível de desenvolvimento reduzido em comparação com
os jovens (larvas ou ninfas). Por exemplo nos adultos podem faltar
as patas, que são presentes nos jovens. A catametabolía se
encontra em muitas ordens (Coleoptera, Hemiptera, Lepidoptera,
etc.).

Na metamorfose completa a larva de última idade chama-se


larva madura.

Estádios da metamorfose completa

Na metamorfose completa há diferentes tipos de estádios de


larva e pupa.

Larvas: são os seguintes os tipos principais:

a) Larva eruciforme (ou larva polípode): larva em forma de lagarta


(Figs 79-81), com corpo cilíndrico, patas torácicas e falsas patas
abdominais. Nos Lepidoptera e Hymenoptera Symphyta.

b) Larva oligópode campodeiforme (Fig. 79): larva alongada, ágil,


com patas torácicas, sem falsas patas. Em Neuroptera e muitos
Coleoptera.

80
Fig. 79. Tipos de larvas. Em cima, de esquerda para direita, Platygaster sp.
(Hymenoptera; larva de parasitoide), Vespa (Hymenoptera; larva ápode alongada),
Ceratitis capitata (Diptera; larva ápode alongada), Gorgulho (Coleoptera; larva
ápode cirtosomática), Notiophilus sp. (Coleoptera; larva oligópode
campodeiforme); em meio, de esquerda para direita, Chrysomela sp. (Coleoptera;
larva oligópode), Escaravelho (Coleoptera; larva oligópode cirtosomática); em
baixo, de esquerda para direita, Lepidoptera (larva eruciforme), Coleoptera
Cerambycidae (larva ápode alongada).

81
Fig. 80. Larva eruciforme de Lepidoptera.

Fig. 81. Larva eruciforme de Lepidoptera.

82
c) Larva oligópode cirtosomática ou escarabeiforme (Fig. 79):
larva curva (em forma de C), com patas torácicas, sem falsas
patas. Nos Coleoptera Scarabaeidae.

d) Larva ápode alongada (Fig. 79): larva com formas diferentes,


sem patas torácicas e sem falsas patas. Em muitos Coleoptera
(sobretudo as larvas que escavam galerias na madeira das árvores).

e) Larva ápode cirtosomática (Fig. 79): larva curva (em forma de


C), sem patas torácicas e sem falsas patas. Nos Coleoptera
Curculionidae.

Há outros tipos de larvas, mas são menos importantes.

Pupas (Fig. 82): são os seguintes os tipos principais:

Fig. 82. Em cima, de esquerda para direita, metamorfose da Abelha (primeiras


quatro figuras; Hymenoptera) e pupa obtecta de Lepidoptera (quinta figura); em
baixo, de esquerda para direita, metamorfose de Mosca da fruta (primeiras três
figuras; Diptera); pupas exaratas de Gorgulho (quarta figura; Coleoptera) e de
Escaravelho (quinta figura; Coleoptera).

a) Pupa obtecta (Figs 82-83): pupa com apêndices mais ou menos


colados ao corpo (como nas múmias egípcias). Nos Lepidoptera.

83
Fig. 83. Pupa obtecta de Lepidoptera.

b) Pupa exarata (Fig. 82): pupa com apêndices livres, não colados
ao corpo. Nos Coleoptera, Hymenoptera, Siphonaptera, Neuroptera.

Fig. 84. Pupa de Lepidoptera dentro dum casulo.

c) Pupa coarctata (Fig. 85: pupa exarata, coberta pelas exúvias


endurecidas do penúltimo estádio larval, as quais formam um

84
invólucro chamado pupário. A pupa coarctata é presente nas moscas
(Diptera Brachycera).

Fig. 85. Pupários de Moscas (Diptera Brachycera).

As pupas podem ser classificadas também em anoicas (se são


livres no ambiente, sem protecção)(Fig. 83) e evoicas (se são
protegidas dentro dum casulo)(Fig. 84). Um particular tipo de pupa
evoica é a já citada pupa coarctata, que é protegida dentro do
pupário (Fig. 85).

85
86
PARTE II
TÉCNICAS DE CONTROLO DE PRAGAS NA
AGRICULTURA

87
CAPÍTULO 1
LUTA CONTRA OS INSECTOS

Conforme com informações da Organização das Nações Unidas a


população do mundo, que actualmente é de cerca 6 biliões,
alcançará 7 biliões no ano 2010. O problema da fome portanto é
destinado a aumentar. Actualmente calcula-se que 2/3 da população
do mundo está subalimentada, que 500 milhões de pessoas têm fome e
que cada ano 10-20 milhões de pessoas morrem de fome.
Por outro lado calcula-se que os organismos que causam
prejuizos às culturas destroem em cada ano cerca de 1.5 milhões de
toneladas de produtos agrícolas, quer dizer ¼ da produção total
mundial. Todavia, provavelmente o prejuizo é maior: de acordo com
outros cálculos a percentagem de prejuizos seria da ordem dos 35%
da produção mundial. Os insectos contribuem para os prejuizos em
pelo menos 10% da produção mundial.
Está claro portanto que a luta contra os insectos é de vital
importância para a agricultura.
São os seguintes os principais métodos de luta contra os
insectos:

1) Luta biológica
2) Luta agronómica
3) Luta física
4) Luta mecânica
5) Luta química

1) LUTA BIOLÓGICA

A luta biológica consiste no uso dos organismos vivos (luta


biológica clássica) e dos seus produtos naturais (luta biológica
moderna ou artificial) para proteger as plantas contra os
insectos.
A luta biológica portanto pode ser de dois tipos:

a) clássica;
b) moderna (ou artificial).

a) Luta biológica clássica

Este tipo de luta consiste no uso dos inimigos naturais dos


insectos (predadores e parasitas) ou no uso de plantas resistentes
ao ataque dos insectos. Predadores e parasitas são chamados também
entomófagos, porque comem insectos.
Predadores são os animais que caçam os insectos para se
alimentarem. Os insectos são as suas presas. Por exemplo a Louva-a
deus é um predador.
Parasitas são os animais que vivem sobre um insecto
(ectoparasitas) ou dentro dum insecto (endoparasitas) para se

88
alimentarem. O insecto atacado pelo parasita chama-se hospedeiro.
Por exemplo a Pulga do homem vive sobre a pele do homem e portanto
é um ectoparasita; ao contrário, o Plasmódio, que causa a Malária,
vive dentro do sangue do homem e portanto é um endoparasita.
Os parasitas podem matar o hospedeiro no fim da sua vida
(parasitoides) ou podem deixar com vida o hospedeiro (parasitas
verdadeiros). Por exemplo a Pulga do homem e o Piolho do homem são
verdadeiros parasitas, porque sugam o sangue e não matam o
hospedeiro. Pelo contrário, o micróbio que provoca a cólera é um
parasitoide, porque pode matar o hospedeiro. Na luta biológica são
utilizados sómente os parasitoides, porque matam os insectos
hospedeiros (que são sempre insectos fitófagos, quer dizer
insectos que comem as plantas).

Os principais entomófagos utilizados na luta biológica


classica são os seguintes:

a) Insectos
b) Bactéria
c) Virus
d) Nemátodos
e) Fungos

a) Insectos

Os principais insectos (predadores e parasitoides) utilizados


na luta biológica clássica pertencem às seguintes ordens:

Hymenoptera
Diptera
Coleoptera
Neuroptera

Em muitos países do mundo há biofábricas, que criam os


insectos entomófagos para a comercialização.
O mais clássico uso dos predadores ou parasitoides na luta
biológica realiza-se quando a um país chega uma espécie de insecto
fitófago que provém dum outro país. Por exemplo se em Moçambique
por acaso chega do Brazil uma espécie fitófaga que antes não
havía (este caso aconteceu no passado por exemplo com a Cochonilha
da Mandioca). Esta espécie pode causar graves prejuizos, porque
geralmente chega não acompanhada dos inimigos naturais (predadores
e parasitoides), que no país de origem mantêm a espécie fitófaga
em equilíbrio biológico.
Uma espécie está em equilíbrio biológico quando tem um número
de inimigos naturais tal que ela não pode causar graves prejuizos
às culturas.
Para lutar biologicamente contra a espécie que chega por
exemplo do Brazil, os entomológos (entomólogo é o pesquisador que
estuda os insectos) podem ir ao Brazil, trazer um inimigo natural
entomófago (predador ou parasitoide), fazer a criação do

89
entomófago e depois difundí-lo em Moçambique. Se a luta biológica
tem êxito, o equilíbrio biológico é reconstituido.
Por exemplo contra a Cochonilha da Mandioca (Phenacoccus
manihoti Matile-Ferrero), que chegou da America do Sul, foi
distribuido em toda a África (incluindo Moçambique) um
parasitoide, Apoanagyrus lopezi De Santis (Hymenoptera
Encyrtidae), que foi trazido da America do Sul.
Os métodos de distribuição dos entomófagos são os seguintes:

a) Método de propagação: é um método utilizado quando o


entomófago tem que ser distribuido em grandes áreas (como o
caso do Apoanagyrus lopezi, que foi difundido em toda a
África). Trata-se de um método que custa muito, porque as
áreas implicadas são muito grandes; portanto só organizações
internacionais ou países podem aplicar este tipo de luta.

b) Método de inoculação: é um método utilizado quando o


entomófago tem que ser distribuido em pequenas áreas (por
exemplo numa machamba). Portanto é um método que custa menos
e pode ser aplicado pelos camponêses.

A luta biológica clássica, com uso de predadores e


parasitoides, mais raramente é também aplicada contra insectos
indígenas (quer dizer, que não são originários de outros países)
para reconstituir equilíbrios biológicos perdidos (por exemplo por
causa de aplicações químicas que mataram os inimigos naturais de
fitófagos).

b) Bactéria

A única Bactéria utilizada na luta biológica contra insectos


fitófagos é o Bacillus thuringiensis. Desta Bactéria são utilizados
os espóros ou as culturas. Eles são aplicados sobre as plantas com
pulverizadores, como os insecticidas. As Bactérias matam sobretudo
larvas: elas morrem se comem folhas sobre as quais foram
distribuidos os espóros (ou as culturas) da Bactéria. Os espóros
(ou as culturas) são ingeridos e, quando estão dentro do mesêntero
das larvas, produzem uma toxina, que mata as larvas. A toxina é
produzida sómente se no mesêntero há um PH básico, superior a 9.
Sómente os fitófagos podem ter um PH básico, porque os predadores
e parasitoides têm PH ácido. Portanto a grande vantagem desta
Bactéria é a selectividade (quer dizer esta Bactéria mata sómente
os insectos danosos, como os fitófagos, e não os insectos úteis,
como predadores e parasitoides).
Do Bacillus thuringiensis são utilizadas as seguintes
subespécies:

1) ssp. kurstacki: aplicada contra larvas de Lepidoptera (a morte


das larvas acontece 3-5 dias depois da aplicação);
2) ssp. tenebrionis: aplicada contra larvas de Coleoptera.
3) ssp. israelensis: aplicada na água contra larvas de Mosquitos
(a morte das larvas acontece depois de 24 horas).

90
O Bacillus thuringiensis é eficaz sómente contra larvas
recém-nascidas de primeiro estádio. Contra larvas mais grandes não
é muito eficaz.
Portanto, para utilizar eficazmente o Bacillus thuringiensis
é preciso conhecer quando nascem as larvas do fitófago.
Recentemente foram comercializadas plantas transgénicas de
tabaco, tomateiro, batata reno, etc., em que foram transferidos
genes que codificam a toxina do Bacillus thuringiensis kurstacki.
Estas plantas são tóxicas para as larvas de Lepidoptera e portanto
são plantas resistentes. Esta toxina não é perigosa para o homem;
ela é tóxica sómente para os insectos fitófagos.

c) Virus

Há dois tipos de virus utilizados na luta biológica clássica:


os virus PV (virus poliédricos) e os virus GV (virus granulosos).
Estes virus formam nas células dos insectos cristais
proteicos (no caso dos virus PV) ou grânulos não cristalinos (no
caso dos virus GV).
Os virus são utilizados sobretudo contra as larvas de
Lepidoptera e Hymenoptera Symphyta.
Um tipo particular de virus PV é o virus NPV (virus
poliédrico nuclear), que é utilizado sobretudo contra as larvas de
Helicoverpa (Lepidoptera), particularmente contra as larvas da
Lagarta americana (Helicoverpa armigera (Hb)).
Os virus utilizados na luta biológica contra insectos
fitófagos não são perigosos para o homem.

d) Nemátodos

Os Nemátodos (chamados também Nemathelmintes) são organismos


microscópicos, que não compreendem sómente espécies fitófagas, mas
também espécies que são parasitoides de insectos fitófagos.
Os principais Nemátodos utilizados na luta biológica moderna
são os seguintes:

Neoaplectana carpocapsae: utilizado contra larvas de Lepidoptera;


Neoaplectana feltiae: utilizado contra larvas de Lepidoptera;
Heterorhabditis sp.: utilizado contra larvas de Coleoptera.

Todos estes Nemátodos transportam uma Bactéria, Xenorhabdus


nematophilus, que causa nos insectos hospedeiros uma doença que os
mata.
Os formulados comerciais que contêm Nemátodos são esponjas
que contêm cada uma 50 milhões de Nemátodos. Em presença de
humidade os Nemátodos saem fora da esponja, alcançam os insectos e
penetram no seu corpo, passando através dos estigmas. Dentro do
corpo do hospedeiro os Nemátodos chupam a hemolinfa do insecto e
completam o desenvolvimento. Quando o hospedeiro morre, os
Nemátodos saem fora e alcançam um outro insecto.
Os Nemátodos são activos entre 15 e 33°C.

91
Antes do emprego as esponjas têm que ser imergidas em 5-6
litros de água morna (20-30°C de temperatura). Os Nemátodos assim
saem fora das esponjas. Depois de 1 hora se tiram as esponjas e se
espremem na água para favorecer a saida dos últimos Nemátodos.
Afinal se junta mais água para obter a suspensão necessária. Se
ajunta também um molhante (por exemplo sabão). É preciso agitar
bem a suspensão e aplicar depois dum turno de irrigação, porque as
plantas são molhadas e os Nemátodos podem mover-se (os Nemátodos
movem-se sómente na água). É melhor também aplicar à tarde, de
modo que a humidade nocturna favoreça o movimento dos Nemátodos.
De facto se as plantas secam, os Nemátodos morrem.
O produto tem que ser sempre distribuido sozinho (quer dizer
não misturado com outros produtos). Evitar também a aplicação de
produtos químicos nos campos nos 5 dias sucessivos à distribuição
dos Nemátodos.
Antes da aplicação os formulados que contêm Nemátodos têm que
ser conservados na geleira a 4°C. A conservação na geleira não
deve superar 9 meses no caso de Neoaplectana ou 3 meses no caso de
Heterorhabditis.

e) Fungos

Há fungos que são parasitoides de insectos fitófagos; eles


podem ser utilizados na luta biológica.
A única limitação dos fungos é a necessidade de muita
humidade; portanto os fungos não podem ser utilizados em ambientes
muito secos.
Os fungos utilizados na luta biológica são Deuteromicetes e
Actinomicetes.
As principais espécies utilizadas são as seguintes:

Deuteromicetes: utilizados na luta biológica clássica contra


adultos e larvas de Coleoptera e Lepidoptera fitófagos.

Beauveria bassiana;
Beauveria brongnartii;
Verticillium lecanii;
Metarhizium anisopliae;
Aschersonia aleyrodis.

Actinomicetes: utilizados na luta biológica moderna

Streptomyces avermitilis;
Streptomyces antibioticus.

Os Actinomicetes não são utilizados directamente contra os


insectos fitófagos. Eles são úteis porque deles se obtêm as
Avermectinas, que são insecticidas biológicos de tipo nervoso
(porque bloqueam as sinapses do sistema nervoso e portanto
bloqueam a transmissão dos impulsos nervosos). São pouco tóxicos
para os mamíferos: isto favorece o uso veterinário externo e
interno e o uso na agricultura.

92
Na agricultura as Avermectinas são utilizadas sobretudo
contra larvas de insectos mineiros e contra insectos plasmomizos,
porque são translaminares (quer dizer são absorvidas pelas folhas
e portanto são úteis contra insectos que têm peças bucais de tipo
perfurador-sugador e contra insectos mineiros).

Plantas resistentes são as plantas que resistem ao ataque dos


insectos sem que sofram prejuizos. Elas podem ser utilizadas na
luta biológica.
A resistência das plantas aos insectos fitófagos pode ser dos
seguintes três tipos :

1) Resistência verdadeira;
2) Antibiosis;
3) Tolerância.

A verdadeira resistência é o efeito dum processo de selecção


natural. São eliminadas as plantas que mais sofrem com o ataque
dum insecto e sobrevivem as plantas que têm genes de resistência.
Por exemplo a Broca europeia do milho (Ostrinia nubilalis
(Lepidoptera Pyralidae)) causa maiores prejuizos ao milho nos
Estados Unidos da América que na Europa, porque ela é originária
da Europa, onde o milho teve tempo de seleccionar populações
resistentes. Na América, onde aquela espécie chegou recentemente,
não houve o tempo de seleccionar plantas resistentes.
Outro exemplo: Empoasca facialis (Hemiptera Cicadellidae),
que é um fitófago que pica as folhas do algodoeiro na África, não
pode sobreviver sobre plantas pelosas. Portanto as cultivar de
algodoeiro pelosas são resistentes ao ataque desta praga.
A antibiosis é a resistência que ocorre quando uma planta
produz substâncias químicas que matam os insectos fitófagos. Por
exemplo as plantas de milho muito jovens produzem uma substância
química (chamada DIMBOA), que é tóxica para a Broca europeia do
milho. Portanto as plantas jovens de milho não são danificadas
pelas larvas daquela borboleta.
A tolerância é a resistência que ocorre quando uma planta
pode cicatrizar as feridas causadas pelos insectos ou pode
reconstruir órgãos danificados. Por exemplo o Afídeo Filóxera da
videira (originário dos Estados Unidos da América) não causa
prejuizos às raizes da videira americana porque, em redor do ponto
onde a Filóxera perfura a raiz, se formam tecidos cortiçosos, que
param a podridão causada pela Filóxera. A mesma tolerância não se
verifica nas raizes de videira europeia, que portanto é muito
danificada.
Hoje o número de plantas resistentes aos ataques de pragas é
muito maior que no passado por causa da sempre maior difusão dos
organismos geneticamente modificados (OGM).

b) Luta biológica moderna (ou artificial)

93
A luta biológica moderna (ou artificial) consiste no uso de
produtos naturais, sobretudo hormonas, para lutar contra os
fitófagos.
As principais hormonas utilizadas na luta biológica são as
seguintes:

a) Hormonas das metamorfoses


b) Ferhormonas sexuais

a) Hormonas das metamorfoses

As hormonas das metamorfoses utilizados na luta biológica


moderna são a neotenina (NH) e a hormona da muda (MH). Elas são
aplicadas com pulverizadores como os insecticidas. São eficazes
contra os jovens de insectos, porque causam graves perturbações no
metabolismo, de maneira que os jovens morrem.
Das duas hormonas a neotenina parece a mais interessante na
luta biológica. É eficaz contra os jovens, enquanto nos adultos
pode causar esterilidade.
Geralmente na agricultura não é utilizada a neotenina
natural, mas são comercializados produtos de síntese que imitam a
molécula da neotenina (são conhecidos como IGR, ou Insect Growth
Regulators; por exemplo o Fenoxycarb).

b) Ferhormonas sexuais

As ferhormonas sexuais são substâncias químicas produzidas


pelas fêmeas virgens. Servem para atrair os machos. Cada espécie
tem a sua própria ferhormona sexual, de maneira que a fêmea atrai
sómente o seu próprio macho.
Na luta biológica as ferhormonas sexuais são utilizadas sobretudo para
atrair os machos e portanto para compreender quando se verificam os voos dos
adultos. Usam-se armadilhas especiais, que contêm a ferhormona da espécie que se
quer atrair. As armadilhas podem ter as paredes internas coladas (de maneira que
os machos atraidos ficam colados) ou conter pastilhas (geralmente de DDVP) que
produzem vapores insecticidas que matam os machos atraidos. Quando o agricultor
vê na armadilha os primeiros machos atraidos, sabe que são iniciados os voos dos
adultos e pode programar a luta; além disso, o número de machos atraídos em uma
semana pode indicar ao agricultor se a população da praga é numerosa e portanto
se vale a pena aplicar métodos de luta.
Quase todas as ferhormonas sexuais das principais espécies de fitófagos
foram sintetizados e estão à venda.
As ferhormonas sexuais podem ser utilizadas também de duas
maneiras diferentes:

1) Método da confusão: este método consiste na distribuição na


machamba dum grande número de cápsulas da ferhormona sexual duma
espécie particular de fitófago (utilizam-se sómente as cápsulas,
não as armadilhas completas); todas estas cápsulas confundem os
machos, que não conseguem encontrar as fêmeas, porque não
conseguem distinguir entre as cápsulas e as fêmeas; portanto não
podem fecundar as fêmeas, que não podem depositar os ovos.
2) Luta de massa: este método consiste na distribuição na machamba dum grande
número de armadilhas que contêm a ferhormona sexual duma espécie particular de

94
fitófago; todas estas armadilhas capturam muitos machos, que portanto morrem e
não podem fecundar as fêmeas.
Outras substâncias químicas usadas na luta contra as pragas são as
Paraferomonas, que são substâncias não ferhormónicas de diferente origem (por
exemplo cheiros vegetais) que atraem os machos de insectos (por exemplo o
methyl-eugenolo atrai os machos de algumas espécies de Bactrocera).

2) LUTA AGRONÓMICA

A luta agronómica consiste no uso das práticas agrícolas


normais para proteger as plantas contra os insectos fitófagos.
São as seguintes as principais práticas agrícolas utilizadas:

1) Lavoura
Com a lavoura os insectos que vivem no solo são trazidos à
superfície do solo (e mortos pelo sol e chuva, ou porque comidos
pelas aves) ou são enterrados mais profundamente (e morrem por
asfixia).

2) Sementeira

A antecipação ou o atraso da sementeira pode fazer com que se


evite o ataque duma espécie de insecto fitófago. De facto,
conhecendo a biologia duma espécie, se este insecto causa prejuizo
sobretudo quando a planta é muito pequena, poderia ser suficiente
antecipar ou retardar a sementeira. De facto se, quando a planta é
pequena, o insecto está num estádio não activo (ovo, pupa, por
exemplo), não pode causar prejuizos.

3) Adubação

Um excesso de adubação azotada facilita o ataque de insectos


com peças bucais de tipo perfurador-sugador (por exemplo os
afideos). Eles de facto são atraidos pelas plantas que têm tecidos
muito aquosos e moles (caracteristicas das plantas que crescem num
solo demasiado rico de azoto). Ao contrário um excesso de adubação
potássica tem um efeito desfavorável sobre os mesmos insectos com
peças bucais de tipo perfurador-sugador.

4) Rotação

A rotação das culturas feita com plantas não susceptiveis aos


mesmos insectos impede que no campo a população dos insectos
fitófagos que causam prejuizos aumente muito.

5) Escolha de variedades (ou Escolha da cultivar)

Uma variedade (ou cultivar) de planta precoce ou tardia pode


evitar os ataques dalgumas espécies de insectos fitófagos.

6) Consociação

95
A consociação pode ser feita com plantas che têm um cheiro
que mascara o cheiro da planta hospedeira duma praga; portanto a
praga não consegue encontrar a sua própria planta hospedeira. Em
outros casos as plantas consociadas são repelentes; portanto a
praga fica longe. Se conhecem também casos de consociação com
plantas que atraem as pragas, que portanto evitam de danificar as
plantas cultivadas.

3) LUTA FÍSICA

A luta física consiste no uso de meios físicos para lutar


contra os insectos.
São os seguintes os meios físicos mais utilizados:

a) Calor
b) Radiações
c) Luz
d) Atmosfera sem oxigênio

a) Calor

O calor é utilizado sobretudo para matar insectos que causam prejuizos aos
produtos alimentícios e à madeira.
Pode ser utilizado o calor seco (com uma percentagem de humidade muito
baixa) ou o calor húmido (com uma percentagem de humidade muito alta).
O calor pode ser conseguido utilizzando micro-ondas.
As temperaturas usadas são geralmente de 50-60°C para o calor seco
(utilizado sobretudo para produtos alimentícios) e de 45°C para o calor húmido
(utilizado sobretudo para sementes e bolbos).

b) Radiações

São utilizadas as radiações gama ou X.


Nos silos de cereais são usadas radiações também de 500 000 rad para matar
os insectos que danificam os cereais.
As mesmas radiações são usadas para matar insectos que
danificam as flores (as flores são irradiadas depois da colheita,
antes de serem despachadas).
As radiações podem ser usadas também para esterilizar machos
de insectos. Este método é chamado luta autocida. Neste caso são
irradiadas as pupas. Os machos saem do invólucro das pupas
esterilizados. Eles todavia podem copular normalmente: se as
fêmeas copulam uma só vez e se a união sexual acontece com um
macho esterilizado, os ovos são estéreis. Este método è usado
normalmente para lutar contra algumas moscas da fruta (Diptera
Tephritidae: Ceratitis capitata (Wiedemann) e Bactrocera
cucurbitae (Coquillett)) e contra a Cochliomyia hominivorax
(Coquerel)(Calliphoridae), chamada “Mosca assassina”,
ectoparasitoide do gado (Figs 86-89). Recentemente o mesmo método
foi utilizado com êxito também para lutar contra a Lagarta rosada
do algodoeiro (Pectinophora gossypiella (Saunders): Lepidoptera
Gelechiidae) e a Mosca Tsé-Tsé (Glossina austeni Newstead: Diptera
Glossinidae)(Parker & Mehta, 2008). Milhões de machos estéreis são

96
Fig. 86. Dromedário com uma vasta ferida causada pela Mosca assassina
(Cochliomyia hominivorax). Libia 1990 (de Shell Agriculture, 1992).

Fig. 87. Gráfico que mostra o curso dos ataques da Mosca assassina (Cochliomyia
hominivorax) em Libia entre 1989 e 1991. Os ataques chegaram ao máximo no
Setembro-Outubro 1990, mas logo depois baixaram muito rapidamente por efeito da
luta autocida. Ao inicio do 1991 já não se registávam ataques (de Shell
Agriculture, 1992).

97
Fig. 88. Dados estatísticos sobre o projecto de luta autocida contra a Mosca
assassina (Cochliomyia hominivorax; screwworm) realizado em Libia (de Shell
Agriculture, 1992).

Fig. 89. Uma das muitas caixas de pupas de Mosca assassina (Cochliomyia
hominivorax) utilizadas em Libia durante o projecto de luta autocida (de Shell
Agriculture, 1992).

98
criados em insectários especiais e difundidos nos campos, onde
entram em concorrência com os machos normais. A população do
Diptero assím diminue, porque uma grande parte dos ovos é estéril.
O mais grande insectário, onde se criam machos estéreis de
Ceratitis capitata, é situado no México e serve para a
distribuição de machos estéris sobretudo nos Estados Unidos da
America. Outros insectários para a produção de machos estéreis de
Ceratitis capitata foram instituidos no Brazil e Guatemala.

c) Luz

A luz é usada sobretudo para atrair insectos. Os principais


métodos baseiam-se no uso de armadilhas luminosas e armadilhas
coradas.
As armadilhas luminosas consistem em funis situados sob as
lâmpadas. Os insectos atraidos pela luz caem dentro do funil. Sob
o funil há uma caixa que contem um insecticida volátil (por
exemplo DDVP), que mata os insectos com os seus vapores. A
armadilha é usada sobretudo para atrair borboletas nocturnas, para
saber quando se verifica o voo dos adultos e consequentemente
fazer as aplicações de insecticidas. A atração é melhor se a luz
produz também radiações ultravioletas.
As armadilhas coradas são sobretudo de cor amarela, porque
esta cor atrai o maior número de insectos; todavia existem também
armadilhas azuis (para atrair os Thysanoptera), brancas (para os
Hymenoptera Symphyta) e vermelhas (para os Coleoptera Scolytidae).
Podem ser usadas bacias de cozinha amarelas cheias de uma solução
ao 1-2% de formalina em água (ou simplesmente de água e sabão).
Estas armadilhas atraem sobretudo os Afídeos (que morrem
afogados). Existem também papelões amarelos (ou azuis, brancos e
vermelhos), que, espalmados de cola, são usados para atrair vários
insectos, como as Moscas da fruta e os Afídeos(cor amarela), Trips
(cor azul), branca (Symphyta) e vermelha (Scolytidae).
Na maioria dos casos as armadilhas luminosas e coradas não
são utilizadas para lutar directamente contra os insectos. Elas
servem sobretudo para saber quando começam os voos dos adultos,
para iniciar tempestivamente a aplicação de métodos de luta.

d) Atmosfera sem oxigênio

Para conservar produtos alimentares, cereais e fruta pode-se


criar no armazem uma atmosfera com 98% de dióxido de carbono, que,
à temperatura de 25°C, mata todos os insectos em 24 horas.
Geralmente nos armazens de cereais é usada uma percentagem de 80%
de dióxido de carbono, com que os insectos morrem geralmente em 3
dias. Para diminuir a duração do tratamento se pode também
utilizar dióxido de carbono sob pressão; neste caso todavia é
necessario dispor de equipamentos especiais muito custosos.
Para conservar os cereais pode-se criar no armazem também uma
atmosfera de azoto, que mata insectos e ratos muito rapidamente.
A tecnologia do azoto custa muito; portanto geralmente usa-se
a tecnologia do dióxido de carbono, que é muito simples e custa

99
pouco. Para evitar prejuizos à saúde humana, nos armazens mais
modernos já não se usam insecticidas (que são sempre mais ou menos
tóxicos) e se prefere usar uma atmosfera de dióxido de carbono,
geralmente à percentagem de 80%. Em muitos países do mundo nos
armazens é proibido usar insecticidas; deve-se utilizar o dióxido
de carbono.

4) LUTA MECÂNICA

A luta mecânica consiste no uso de métodos mecânicos para


proteger as plantas contra os insectos fitófagos. Estes métodos
permitem a colheita directa ou indirecta dos insectos fitófagos.
A colheita directa consiste na colheita com as mãos dos
insectos ou dos órgãos das plantas infestados. Por exemplo contra
os Gafanhotos os camponêses podem fazer uma colheita directa com
as mãos. Depois da colheita os Gafanhotos podem ser queimados, ou
cozidos, ou ainda lançados dentro de covas cheias de insecticida.
A colheita indirecta consiste no uso de utensílios ou
aparelhos mecânicos. São usadas por exemplo escôvas e garrafas.
As escôvas podem ser usadas para escovar vigorosamente a
casca das árvores quando elas são danificadas por Cochonilhas.
As garrafas, cheias dum líquido atractivo, podem ser usadas
no campo para atrair insectos fitófagos. Por exemplo uma solução
de água e adubo azotato atrai as Moscas da fruta; uma solução de
água e açucar atrai as Vespas. Os insectos entram nas garrafas
penduradas aos ramos e afogam-se.
Na luta contra os Coleoptera Scolytidae (que geralmente
causam prejuizos sobretudo às plantas debilitadas ou mortas)
podem-se acumular na floresta ou entre as árvores frutíferas
alguns montes de ramos. Os ramos, sendo matéria morta, atraem as
fêmeas de Scolytidae, que se reunem nos ramos para escavar
galerias e pôr ovos. Depois os ramos podem ser queimados. Este
método de luta pode ser usado também contra os Coleoptera
Cerambycidae.

5) LUTA QUÍMICA

A luta química consiste no uso de produtos químicos contra os


insectos fitófagos.
A maioria dos produtos químicos utilizados contra os insectos
são insecticidas, mas alguns são insectífugos.
Os insecticidas matam os insectos, enquanto os insectífugos
fazem fugir os insectos, mas não matam. Exemplos de insectífugos
são as bolas de naftalina, usadas nas casas para proteger a roupa
contra os insectos domésticos.
Os pesticidas são os produtos químicos que matam os
organismos que causam prejuizos; portanto os pesticidas
compreendem os insecticidas, fungicidas (combatem os fungos),
herbicidas (combatem as ervas daninhas), nematocidas (combatem os
Nemátodos), acaricidas (combatem os Ácaros), limacidas (combatem
os caracois), rodenticidas (combatem os roedores), avicidas
(combatem as aves), etc.

100
Formulado comercial

Dum pesticida deve-se conhecer o tipo de formulado comercial.


Geralmente de facto um pesticida é vendido em formas comerciais
onde o pesticida está misturado com outras substâncias. A mistura
do pesticida con estas outras substâncias é o formulado comercial.
Ele é vendido com um nome comercial (chamado marca). Dentro do
formulado comercial o pesticida representa o princípio activo
(chamado também nome comum), quer dizer a substância que mata os
organismos nocivos.
As substâncias ajuntadas ao princípio activo pesticida são de
dois tipos: substâncias inertes e substâncias coadjuvantes.
As substâncias inertes são produtos que servem para facilitar
a aplicação uniforme do pesticida, sobretudo se o pesticida deve
ser usado em pequenas quantidades. O mesmo princípio é utilizado
na sementeira à mão de sementes muito pequenas: para ter uma
distribuição uniforme é melhor misturar as sementes com areia
enxuta. As principais substâncias inertes utilizadas são argila,
silex, talco, etc.
As substâncias coadjuvantes são de 5 tipos: adesivos,
molhantes, emulsivos, suspensivos e sinérgicos.
Os adesivos servem para facilitar a adesão do produto à
planta. Os principais adesivos são farinha, resinas, colas, etc.
Os molhantes servem para diminuir a tensão superficial das
gotas de produto. Diminuindo a tensão as gotas podem molhar melhor
a planta. Os principais molhantes são os sabões.
Os emulsivos servem para facilitar a estabilidade das
emulsões e impedir a separação das duas fases da emulsão. Os
principais emulsivos são a gelatina, goma arâbica, caseína,
sabões, etc.
Os suspensivos servem para facilitar a estabilidade das
suspensões e impedir a separação das duas fases da suspensão. Os
principais suspensivos são a gelatina, goma arâbica, fécula,
sabões, etc.
Os sinérgicos servem para aumentar o poder pesticida. Por
exemplo os compostos piperonílicos aumentam o poder insecticida
das piretrinas; o sulfato de cobre aumenta o poder insecticida do
Parathion.

Tipos de formulado comercial

O formulado comercial pode ser aplicado seco, líquido,


aerosol, ou em aplicações especiais. O tipo de formulação é sempre
indicado no rótulo, geralmente com uma abreviação (por exemplo EC
significa Emulsão Concentrada).

Formulados para aplicações secas

Os formulados para aplicações secas não devem ser misturados


com água, mas são distribuidos secos sobre as plantas ou no solo.
Estes formulados estão em venda já prontos para serem utilizados.

101
São os seguintes os tipos de formulados para aplicações
secas:

1) Pós secos
2) Grânulos
3) Pellets (ou pastilhas)
4) Iscas
5) Microcápsulas

1) Pós secos (pós polvilháveis)(abreviação DP ou DS)

São pós muito finos (menos de 0.3 mm de diámetro), onde o


pesticida é misturado com pós inertes (argila, silex, talco,
etc.). Os pós secos são carregados de carga positiva e podem assim
aderir às plantas (que têm carga negativa). Os pós secos são
aplicados às plantas e às sementes (prática chamada curtume das
sementes, que serve para conservar as sementes).

2) Grânulos (abreviação G)

Os grânulos são partículas de 0.3-3.0 mm de diámetro, onde o


pesticida se encontra absorvido por uma substância granular, que
tem um grande poder absorvente (esta substância geralmente é a
attapulgite, que é um silicato de magnésio ou de alumínio).
O pesticida sai do grânulo muito lentamente: portanto a acção
do pesticida prolonga-se no tempo. Os grânulos portanto podem
proteger as plantas por um período de tempo muito longo. São
usados sobretudo para aplicações no solo. São aplicados às plantas
sómente sobre órgãos onde os grânulos podem ficar sem cair para o
solo (por exemplo as bainhas das folhas; as folhas do milho).

3) Pellets (ou pastilhas)

São pequenos cilindros ou esferas (com diámetro maior de 3.0


mm), feitos como os grânulos. A diferença é que aquí são agregadas
substâncias que podem ser comidas agradavelmente pelos organismos
nocivos. Portanto os pellets e as pastilhas atraem os organismos
nocivos (insectos, ratos, etc). São usados como iscas envenenadas
e aplicados sobre a superfície do solo sob as plantas que podem
ser danificadas. As pragas ao aproximarem-se das plantas para as
comerem, comem antes os pellets (ou as pastilhas) e morrem. Podem
ser usados contra os Gafanhotos e em geral contra os Orthoptera;
também contra as larvas de Agrotis (Lepidoptera Noctuidae).

4) Iscas ou iscos (abreviação B)

As iscas são misturas dum pesticida e duma substância que


pode ser comida muito agradavelmente pelos organismos nocivos
(farelo, sementes partidas de milho ou de arroz, com açucar ou
leite em pó). As iscas podem ser preparadas directamente nas
machambas. Por exemplo a 1 q de farelo podem-se misturar alguns

102
quilos duma solução dum insecticida em água. Depois junta-se
açucar, continuando a misturar.
As iscas são aplicadas sobre a superfície do solo (40-80 Kg
de iscas/ha). São comidas pelos organismos nocivos (insectos,
ratos, etc.) como os pellets e as pastilhas. São usadas contra
Orthoptera e larvas de Agrotis (Lepidoptera Noctuidae).
Por vezes são usadas iscas açucaradas para atrair as
formigas. Neste caso não são adicionados insecticidas, mas
substâncias esterilizantes (por exemplo compostos aziridínicos
como Apholate, Metepa, etc.). As formigas obreiras transportam as
iscas para o seu ninho e alimentam com elas a rainha, que se torna
estéril.
Por vezes são usadas contra as Baratas (Blattodea) iscas
feitas com farinha de aveia, misturada com ácido bórico em pó em
iguais quantidades.
São usadas também iscas líquidas. Elas são tratadas no

Fig. 90. Modalidade de funcionamento duma microcápsula: na microcápsula está


incorporada uma gota de pesticida (1-2); os vapores do pesticida saem fora pouco
por vez (3), de maneira que a microcápsula pouco por vez se esvazia (4).
Princípio attivo = princípio activo; acqua = água; parete della capsula = parede
da cápsula; superficie = superfície.

103
capítulo dedicado aos formulados comerciais para aplicações
líquidas.

5) Microcápsulas

São cápsulas muito pequenas (diámetro 3-50 milésimos de mm)


de gelatina ou de polímeros especiais, nas quais está incorporada
uma gota de pesticida (Fig. 90). Os vapores do pesticida saem fora
da microcápsula pouco por vez. Portanto, como no caso dos
grânulos, as microcápsulas podem proteger as plantas por um
período de tempo muito longo. Com o uso das microcápsulas obtem-se
uma maior persistência do pesticida sobre a planta, uma
diminuição dos perigos de toxicidade do pesticida para a planta,
etc. As microcápsulas são aplicadas às plantas misturadas com
água, como um normal pesticida.
Um inconveniente é que as Abelhas podem confundir as
microcápsulas com os grânulos de polen e portanto podem levá-las e
transportá-las para o ninho. As Abelhas portanto podem ficar
envenenadas. As Abelhas são muito importantes como polinizadores.

Formulados para aplicações líquidas

Os formulados para aplicações líquidas devem ser misturados


com água (a mistura é chamada calda); portanto estes formulados
não estão à venda já prontos para serem utilizados.
São os seguintes os tipos de formulados para aplicações
líquidas:

1) Iscas líquidas
2) Pós misturáveis com água (ou pós molhaveis)
3) Suspensões concentradas
4) Emulsões concentradas
5) Soluções concentradas

1) Iscas líquidas (abreviação B)

As iscas líquidas são aplicadas no campo dentro de garrafas


penduradas às plantas. As garrafas contêm a isca. A composição da
isca pode variar muito.Por exemplo uma isca líquida pode ser feita
com 90 litros de água e 10 Kg de açucar. Depois adiciona-se uma
solução dum insecticida em 10 litros de água quente.
As iscas líquidas servem para atrair e matar adultos de
Moscas da fruta e de Mosca doméstica.

2) Pós misturáveis com água (ou pós molhaveis)(abreviação WP)

Os pós molhaveis são como os pós secos, mas devem ser usados
misturados com água (formando geralmente suspensões). As caldas
são aplicadas com pulverizadores.

3) Suspensões concentradas (abreviação FW ou SC)

104
São suspensões dum pesticida com água, mais um suspensivo. As
suspensões concentradas devem ser misturadas com água e aplicadas
com pulverizadores.

4) Emulsões concentradas (abreviação EC)

São emulsões dum pesticida com um líquido (xilolo,


ciclohexano, etc.) e um emulsivo. As emulsões concentradas devem
ser misturadas com água e aplicadas com pulverizadores.

5) Soluções concentradas (abreviação SCW ou SL)

São soluções dum pesticida com água. As soluções concentradas


devem ser misturadas com água e aplicadas com pulverizadores.

Formulados para aplicações aerosol (Bombas de aerosol)(abreviação


AE)

Estes formulado são feitos com um pesticida líquido, que está


dissolvido num gás líquido (geralmente dióxido de carbono, ou
freon; geralmente o freon é misturado com propano ou éter
dimetílico).
Dado que um gás sómente pode ser liquefeito sob pressão,
estes formulados estão contidos dentro duma botija sob pressão. A
botija tem uma válvula que, quando é aberta, faz sair um borrifo
de mistura líquida. Fora da válvula a mistura líquida não está sob
pressão e portanto o g gás torna-se aeriforme. Forma-se uma nuvem
de gás que contem microgotas de pesticida, que se espalham no ar.
Os formulados aerosol são usados para aplicações dentro de
ambientes fechados (contra moscas, mosquitos, baratas, etc.). As
vezes não podem ser usados directamente sobre as plantas, porque
as vezes contêm substâncias coadjuvantes (por exemplo o
piperonilbutóxido) que são tóxicas para as plantas.

Formulados para aplicações especiais

São os seguintes os principais tipos de formulados para


aplicações especiais :

1) formulados para injecção dentro dos troncos das árvores;


2) lacas insecticidas.

1) Formulados para injecção dentro dos troncos das árvores

São misturas dum pesticida (um insecticida, ou uma mistura


dum fungicida com um insecticida) com água. São injectadas dentro
dum tronco usando um instrumento especial, chamado injector. Este

105
Fig. 91. Carro utilizado para injectar pesticidas sob pressão dentro de ramos e
troncos de plantas lenhosas.

Fig. 92. Injecção de pesticidas. Antes de injectar um pesticida dentro duma


planta abre-se um furo no tronco utilizando uma broca.

106
Fig. 93. Injecção de pesticidas. Tubos utilizados para ligar as bombas do carro
aos furos do tronco.

Fig. 94. Injecção de pesticidas. Furo aberto num tronco para injectar
pesticidas.

107
Fig. 95. Injecção de pesticidas. Depois dalguns anos o furo representado na
figura 94 fica completamente cicatrizado.

instrumento injecta sob pressão a mistura nos vasos do xilema


(Figs 91-95). A linfa transporta o pesticida em todos os órgãos da
planta.
As vezes estes formulados são injectados nos troncos também à
pressão normal.
Os insecticidas mais utilizados nestes formulados são o
Methomil, Monocrotophos, Metildemeton, etc.
Estes formulados são utilizados para lutar não sómente contra
insectos que escavam galerias dentro dos ramos ou dos troncos, mas
também contra insectos que comem ou picam as folhas, ou contra
fungos.

2) Lacas insecticidas

São usadas para lutar contra Moscas domêsticas e Mosquitos


nas casas ou nos estábulos. A laca insecticida é aplicada às
paredes dos quartos como se fosse uma tinta.

UTILIZAÇÃO PRÁTICA DUM PESTICIDA

As embalagens dos pesticidas (caixas, ou latas, ou garrafas)


contêm cada uma o pesticida (princípio activo) adicionado a outras
substâncias para formar o formulado comercial. Dentro da caixa, ou
da lata, ou da garrafa, o princípio activo é contido numa certa
percentagem indicada no rótulo.

108
Na luta contra os organismos nocivos prescreve-se o uso dum
certo pesticida numa certa quantidade por hectare ou por
hectolitro de água (por exemplo aconselha-se o uso de 2 Kg/ha de
Aldrin; ou 100 g/hl de TEPP). É muito importante que o camponês
respeite esta quantidade, não sómente para não gastar o produto,
mas sobretudo porque uma quantidade menor daquela aconselhada não
é eficaz contra as pragas, enquanto uma quantidade maior pode ser
tóxica para as plantas. Portanto é preciso respeitar as indicações
do rótulo.
O cálculo que o camponês tem que fazer é o seguinte: supomos
que temos que lutar contra un insecto que vive no solo e come
raizes. Queremos aplicar o Aldrin para disinfestar o solo. No
rótulo da lata de Aldrin (ou nas instruções) lemos que é preciso
aplicar 2 Kg/ha de Aldrin. É preciso lembrar que esta é a
quantidade de princípio activo, não é a quantidade de formulado
comercial. Se temos uma lata de 1 Kg de peso e o Aldrin é presente
na percentagem de 10%, isto significa que em cada lata são
presentes 100 g de princípio activo. Se precisamos de 2 Kg/ha de
Aldrin, temos que utilizar 20 latas de 1 Kg por hectare para obter
a quantidade correcta.
No exemplo precedente, em caso de aplicação seca, as 20 latas
aplicam-se directamente no solo. Ao contrário, em caso de
aplicação líquida, as 20 latas têm que ser misturadas com água
formando uma calda. A pergunta é a seguinte: com quanta água temos
que misturar as 20 latas ? a resposta a esta pergunta depende do
tipo de pulverizador utilizado. A quantidade varia em relação ao
pulverizador utilizado, porque a quantidade de calda que sai fora
dos bicos do pulverizador depende do diámetro dos bicos e da
velocidade de saida da calda. Portanto o camponês, antes de fazer
a aplicação de pesticida, tem que fazer uma operação chamada
calibração.
A calibração consiste no cálculo da quantidade de calda
necessária por hectare. Para fazer a calibração o camponês deve
preencher com água pura o tanque do pulverizador e aplicar a água
no campo onde tem que aplicar a calda. Supomos que o tanque contem
50 litros de água e que o camponês gaste 10 tanques para tratar 1
hectare. Isto significa que com aquele tipo de pulverizador são
necessarios 500 litros de água para tratar 1 hectare. Portanto o
camponês tem que misturar as 20 latas de Aldrin com 500 litros de
água (2 latas de 1 Kg por tanque).
Naturalmente a calibração depende do tipo de pulverizador e
do tipo de cultura. Portanto se o pulverizador e a cultura são
sempre iguais não é preciso repetir os cálculos. Os cálculos têm
que ser repetidos sómente se mudamos o pulverizador ou se tratamos
culturas diferentes.
O mesmo cálculo deve-se fazer no caso em que a quantidade
aconselhada se refere a um hectolitro (Hl) e não a um hectare.
Supomos que no rótulo ou nas instruções lemos que é preciso
aplicar 100 g/Hl de TEPP. Nos temos latas de TEPP de 1 Kg de peso,
em que o princípio activo é contido na percentagem de 20%. Isto
significa que em cada lata são presentes 200 g de princípio

109
activo. Portanto num hectolitro de água temos que adicionar
sómente metade da lata.
No caso de aplicações ao solo a quantidade de princípio
activo necessária é geralmente constante. A quantidade pode variar
no caso de aplicações às plantas dependendo do tipo de plantas. É
claro de facto que se as plantas são pequenas a quantidade de
calda necessária será menor que no caso de plantas grandes. É por
isso que nos rótulos e nas instruções a quantidade de princípio
activo varia em relação à cultura.
Em muitos casos, sobretudo nos países em desenvolvimento,
onde os agricultores têm conhecimentos técnicos insuficientes, no
rótulo é indicada uma quantidade de pesticida por hectare ou por
Hl de água referida ao formulado comercial e não ao princípio
activo. Neste caso os cálculos são muito mais simples, mas sempre
é necessario fazer a calibração.

ACÇÃO DOS INSECTICIDAS

Os insecticidas podem penetrar no corpo dos insectos e matá-


los seguindo vias diferentes.
Há insecticidas de ingestão, de contacto, de inalação, de
asfixia, sistémicos, citotrópicos e translaminares.

Os insecticidas de ingestão penetram nos insectos através da


boca, quando são ingeridos pelos insectos com peças bucais de tipo
mastigador ou sugador.

Os insecticidas de contacto penetram nos insectos através do


tegumento (sobretudo através das membranas situadas entre os
segmentos dos tarsos). Portanto o insecto envenena-se quando está
a passear sobre uma planta tratada. Portanto a acção deste tipo de
insecticida não depende do tipo de peças bucais.

Os insecticidas de inalação penetram nos insectos quando


eles respiram, através dos estigmas.

Os insecticidas de asfixia não penetram nos insectos, mas


formam uma película impermeável sobre o corpo, fechando os
estigmas e impedindo a respiração.

Os insecticidas sistémicos penetram nos insectos através da


boca, quando são ingeridos por insectos com peças bucais de tipo
perfurador-sugador que chupam a seiva das plantas. Estes
insecticidas de facto não ficam sobre a superfície dos órgãos das
plantas (como acontece no caso dos insecticidas de ingestão), mas
são absorvidos pelas plantas e ficam nos vasos. Entram no sistema
da seiva e são transportados para todos os órgãos da planta, das
raizes até a cima. Quando um insecto chupa a linfa, chupa também o
insecticida e morre. Os insectos que chupam a linfa chamam-se
xilemomizos (se chupam a seiva do xilema) ou floemomizos (se
chupam a seiva do floema). Naturalmente se nos vasos da planta é
presente um insecticida sistémico, ele pode matar também insectos

110
com peças bucais de tipo mastigador, que comem toda a folha ou
partes da folha e portanto ingerem também o insecticida.

Os insecticidas citotrópicos penetram nos insectos através da


boca, quando são ingeridos por insectos com peças bucais de tipo
perfurador-sugador, que chupam o protoplasma das células
parenquimatosas das folhas. Estes insecticidas não ficam sobre a
superfície dos órgãos das plantas (como acontece no caso dos
insecticidas de ingestão), mas são absorvidos pelas plantas e
ficam no protoplasma das células parenquimatosas das folhas.
Portanto quando um insecto chupa o protoplasma das células
parenquimatosas, chupa também o insecticida e morre. Os insectos
que chupam o protoplasma das células parenquimatosas são chamados
plasmomizos.
Os insecticidas citotrópicos servem também para matar as
larvas dos insectos mineiros. São larvas que comem as células
parenquimatosas das folhas, escavando galerias no parênquima entre
as duas epidermes das folhas. Quando as larvas comem as células
parenquimatosas, comem também o insecticida e morrem. As galerias
dos insectos mineiros podem ser de três tipos:
a) verdadeiras galerias ou ofionomios: em forma de galerias longas
e apertadas (Fig. 96);

Fig. 96. Ofionomios causados por larvas de Diptera Agromyzidae numa folha de
feijão.

111
b) galerias em forma de praça ou stigmatonomios: galerias largas e
curtas;

Fig. 97. Stigmatonomio causado por uma larva de Diptera Agromyzidae numa folha
de feijão.

c) galerias mistas ou ofio-stigmatonomios: galerias que ao inicio


são verdadeiras galerias e depois alargam-se em forma de praça.
Dado que as células do parênquima contêm a clorofila e são
responsáveis da cor verde das plantas, quando um insecto
plasmomizo ou mineiro come estas células, a folha perde a cor
verde nos sitios onde os insectos comeram. No caso dos insectos
mineiros é toda a galeria que perde a cor verde (na folha aparece
uma galeria branca (Figs 96-97)), enquanto no caso dos insectos
plasmomizos é cada célula que perde a cor verde (na folha aparecem
muitos pontos brancos (Fig. 98)). Os insecticidas citotrópicos
matam também os insectos com peças bucais de tipo mastigador, que
comem completamente ou parcialmente as folhas.

Os insecticidas translaminares são semelhantes aos


citotrópicos, mas penetram nas folhas mais profundamente. Não
ficam sómente no parênquima, mas também na epiderme oposta da
folha. Estes insecticidas matam insectos plasmomizos e mineiros.
Matam também os insectos com peças bucais de tipo mastigador, que
comem completamente as folhas.

112
Fig. 98. Folha com manchas brancas causadas pelas picadas de ácaros plasmomizos
da família Tetranychidae.

Antigamente os insecticidas tinham sómente um tipo de acção


(por exemplo a acção de ingestão, ou de contacto, ou de inalação,
ou de asfixia; as acções sistémicas, citotrópicas e translaminares
são características dos insecticidas modernos).
Sobretudo os insecticidas de ingestão eram selectivos, quer
dizer matavam sómente os insectos fitófagos, que comiam as plantas
usando peças bucais de tipo mastigador. Por exemplo matavam
sómente as lagartas, mas não podiam matar os inimigos naturais das
lagartas e outros organismos animais úteis. Portanto o uso dos
insecticidas selectivos não perturbava os equilíbrios biológicos,
porque os fitófagos conservavam os seus inimigos naturais.
Ao contrário os modernos insecticidas já não são selectivos,
mas geralmente são polivalentes, quer dizer podem ser ao mesmo

113
tempo, por exemplo de contacto, de ingestão, de inalação e
sistémicos; ou de contacto e citotrópicos.
Portanto os modernos insecticidas podem perturbar gravemente
os equilíbrios biológicos, porque matam indiferentemente insectos
fitófagos e fauna útil.
O problema da destruição dos equilíbrios biológicos pelos
insecticidas é muito grave, porque um equilíbrio biológico pode
ser reconstituido sómente depois de muito trabalho e com grandes
dificuldades, sempre que seja possivel reconstituí-lo.
Para evitar ou reduzir a perturbação dos equilibrios
biológicos nos países mais desenvolvidos são utilizados na
agricultura os métodos de luta chamados luta guiada e luta
integrada.
A luta guiada é um tipo de luta química feita de maneira a
evitar graves perturbações aos equilíbrios biológicos. Significa
que o agricultor deve usar os insecticidas sómente se
efectivamente no campo há insectos fitófagos que podem causar
prejuizos. Portanto o agricultor, antes de usar os insecticidas,
deve verificar se o fitófago está presente no campo e se a sua
população é suficientemente grande para poder causar prejuizos.
Na luta guiada, para além disso, o agricultor não deve usar
insecticidas nos períodos nos quais a fauna útil é mais sensível
aos insecticidas.
A luta integrada (chamada IPM na lingua inglesa, quer dizer
Integrated Pest Management) é um tipo de luta que consiste no uso
de todos os métodos de luta (biológica, agronómica, física,
mecânica, química, guiada) para proteger as plantas. Para evitar
perturbações aos equilíbrios biológicos o agricultor deve usar
todos os métodos de luta e não sómente a luta mais comum e mais
facilmente perturbadora. Na luta integrada o agricultor deve
preferir os métodos que não perturbam os equilíbrios biológicos.
A luta guiada e a luta integrada foram ideadas porque o tipo
de luta mais difundido no mundo se tinha tornado a luta química
por calendário. É um tipo de luta muito facil, porque se baseia no
calendário: o camponês sabe, olhando o calendário, que deve usar
um certo insecticida na primeira quinzena de abril contra uma
particular praga; que deve usar um outro insecticida, por exemplo
em julho, para lutar contra uma outra praga, etc. Quer dizer o
agricultor não verifica se as pragas são presentes na sua machamba
e se a população das pragas é assim numerosa que elas constituem
uma ameaça para as plantas; o agricultor, ao contrário, sómente
olha o calendário e faz as aplicações químicas. Portanto a luta
por calendário é um tipo de luta que causa graves perturbações aos
equilíbrios biológicos.

RESISTÊNCIA DOS INSECTOS AOS INSECTICIDAS

Un fenómeno que pode acontecer muito frequentemente é a


resistência que populações de insectos manifestam contra um
princípio activo insecticida. Este fenómeno foi descoberto pela
primeira vez entre o 1950 e 1960 na Mosca doméstica. Naquela
altura foram descobertas populações de Mosca doméstica resistentes

114
ao DDT (que é um insecticida clorato). Depois daquele caso o
número de espécies que manifestaram resistência contra
insecticidas aumentou muito. Hoje se conhecem mais de 500 espécies
que podem manifestar resistência contra insecticidas.
A resistência é um fenómeno de selecção natural. Numa
população duma espécie de insectos pulverizada com um certo
princípio activo pode acontecer que alguns individuos (poucos ou
muitos) não sejam mortos pelo insecticida. Isto acontece sobretudo
porque naqueles individuos há genes que causam a resistência.
Trata-se quase sempre de genes que causam a detoxificação da
molécula do insecticida (quer dizer que o insecto transforma a
molécula insecticida numa molécula não tóxica).
Se continuamos a pulverizar uma população de insectos na qual
alguns individuos manifestaram resistência e não morreram, aqueles
individuos transmitem os seus genes de resistência a sua prole e
na geração seguinte o número de individuos resistentes vai ser
mais numeroso. Nas gerações que seguem a situação vai piorar
sempre mais, porque o número de individuos resistentes vai sempre
aumentando. Depois de um certo número de gerações (em media 10)
toda a população daquela espécie de insectos fica resistente a
aquele princípio activo.
Algun insectos têm uma grande facilidade em ficar resistentes
aos insecticidas: por exemplo as Moscas brancas (Hemiptera
Aleyrodoidea). Por isso, sempre se aconselha de não pulverizar
sempre com o mesmo princípio activo, mas de variar, sobretudo se
trata-se de insectos que facilmente ficam resistentes. No caso das
Moscas brancas por exemplo aconselha-se de mudar 4 vezes de
seguida o princípio activo e só depois de voltar para o primeiro
utilizado precedentemente.
A manifestação de resistência contra um insecticida acontece
mais frequentemente nos países onde não há grande variedade de
insecticidas no mercado local. Portanto os camponeses têm uma
grande dificuldade em mudar tipo de princípio activo.

TOXICIDADE DOS PESTICIDAS

Distingue-se a toxicidade para as plantas (chamada


fitotoxicidade) e a toxicidade para o homem e os vertebratos.

Fitotoxicidade

A fitotoxicidade é a toxicidade dos pesticidas para as


plantas.
Há dois tipos de fitotoxicidade, aguda e crónica.
A fitotoxicidade aguda é a toxicidade que se manifesta logo
depois da aplicação do pesticida ou no máximo depois dalgumas
semanas.
A fitotoxicidade crónica é a toxicidade que se manifesta após
ter passado muito tempo (meses).

115
Fitotoxicidade aguda. Pode ser extrínseca ou intrínseca. É
extrínseca se é determinada por causas externas à planta; é
intrínseca se é determinada por causas internas à planta.

A fitotoxicidade aguda extrínseca é causada por erros


humanos. Um excesso da percentagem de pesticida na calda pode ser
fitotóxico; a aplicação dos pesticidas nas horas mais quentes do
dia pode determinar fitotoxicidade (é sempre melhor aplicar de
manhã cedo ou à noite); também a mistura de pesticidas diferentes
ou de pesticidas e adubos pode causar fitotoxicidade. Por exemplo
as misturas de Fosfamidone e Maneb, de Endosulfan e Dinocap, de
óleos minerais e enxofre, podem todas causar fitotoxicidade.
É muito importante ter em atenção as misturas de pesticidas
diferentes ou de pesticidas e adubos porque algumas delas são
incompátiveis.
O agricultor faz misturas para poupar dinheiro (faz uma
aplicação em vez de duas), ou para obter misturas sinérgicas ou
integradas.
As misturas sinérgicas são as misturas entre pesticidas que
são mais tóxicos para as pragas quando aplicados conjuntamente do
que separadamente. Por exemplo a mistura DDT mais Lindano;
Arprocarb mais Malathion, etc.
As misturas integradas são as misturas onde os diferentes
pesticidas exercem uma acção diferente; portanto são misturas
polivalentes. Por exemplo na mistura DDT mais Parathion, o
Parathion é sistémico, de contacto e fica pouco no solo; o DDT é
de contacto e pode ficar muito tempo no solo.
Misturas incompatíveis são as misturas que não são possíveis
porque os pesticidas misturados são incompatíveis. A
incompatibilidade pode ser física ou química.
A incompatibilidade química é causada pelas reacções químicas
que ocorrem entre os pesticidas quando misturados. Estas reacções
podem causar a produção duma substância fitotóxica ou podem causar
nos pesticidas uma perda de toxicidade para as pragas (inactivação
dos pesticidas). Por exemplo os insecticidas sulfurados tornam-se
inactivos se são misturados com polisulfuretos.
A incompatibilidade física é causada geralmente pela
separação das fases das emulsões que se realiza quando dois
pesticidas incompatíveis se misturam. Neste caso a mistura torna-
se fitotóxica.
Para evitar casos de incompatibilidade física ou química é
necessario ler atentamente os rótulos dos pesticidas antes de
misturá-los. Devem-se consultar também as tábuas da
compatibilidade (Fig. 99), que indicam quais são os produtos que
se podem misturar e aqueles que não se podem misturar.
A fitotoxicidade aguda intrínseca é causada por
características próprias das plantas. Por exemplo os citrinos são
sensíveis ao Dimetoato; o tomateiro é sensível ao TEPP e ao
Dimetoato; o feijoeiro é sensível ao Dimetoato; o pimenteiro é
sensível ao TEPP.

116
Fig. 99. Uma parte duma tábua da compatibilidade. A cor verde indica que os
produtos podem-se misturar; a cor vermelha que não se podem misturar; a cor
amarela que os produtos podem-se misturar com precauções. A quadra branca indica
que os produtos não se misturam, porque a mistura não é interessante.
Insetticidi = insecticidas; carbammati = carbammatos; fosforganici = fosforatos;
clorurati = cloratos; dinitrocresoli = dinitrocresolos.

A fitotoxicidade crónica manifesta-se por um enfraquecimento


geral da planta. Por exemplo pode acontecer nos citrinos depois de
muitas aplicações de óleos minerais.

Toxicidade para o homem e os vertebratos

A toxicidade para o homem e os vertebratos pode ser aguda e


crónica.
A toxicidade aguda é a toxicidade que se manifesta logo
depois da aplicação dos pesticidas (no caso dos trabalhadores
agrícolas) ou logo depois da ingestão dos pesticidas (no caso dos
consumidores de alimentos que contêm residuos de pesticidas. A
toxicidade aguda se manifesta no máximo após algumas semanas.
A toxicidade crónica é a toxicidade que se manifesta após ter
passado muito tempo (meses, ou anos).
Os pesticidas mais tóxicos são os insecticidas.
Nos laboratórios a toxicidade aguda de cada pesticida é
calculada subministrando os pesticidas aos ratos por via oral, ou

117
cutânea, ou intravenosa. Os resultados dos cálculos são
considerados válidos também para o homem.
Para medir a toxicidade dum pesticida, calcula-se um valor
chamado Dose Letal ou DL50 (há uma DL50 oral, uma cutânea, uma
intravenosa, em relação à maneira de subministração aos ratos dos
pesticidas: oral, se os ratos ingerem o pesticida; cutânea, se o
pesticida é absorvido através da pele; intravenosa, se o pesticida
é injectado nos ratos).
A DL50 é a quantidade de pesticida que mata 50% da população
de ratos aos quais o pesticida foi subministrado.
O cálculo faz-se em mg por Kg de peso vivo dos ratos ou em
partes por milhão (ppm). Por exemplo foram calculadas as seguintes
DL50 orais (que são os valores mais utilizados):

Terbufos 1.6 mg/Kg


Parathion 13 mg/Kg
Methylparathion 14 mg/Kg
Dichlorvos 56 mg/Kg
DDT 113 mg/Kg
Chlorpyrifos 135 mg/Kg
Diazinon 300 mg/Kg
Dimetoato 500 mg/Kg
Fenitrothion 800 mg/Kg
Carbaryl 850mg/Kg
Diflubenzuron 4 640 mg/Kg
Fenoxycarb 10 000 mg/Kg
Etofenprox 21 400 mg/Kg
Methoprene 34 000 mg/Kg

Estes valores de DL50 oral significam que por exemplo devemos


subministrar por via oral 850 mg de Carbaryl por Kg de peso vivo
dos ratos para obter a morte de 50% da população de ratos tratada.
No caso do Methoprene, que é menos tóxico, são necessários 34 000
mg/Kg para matar o 50% da mesma população de ratos; no caso do
Parathion, que é mais tóxico, são suficientes 13 mg/Kg para matar
o 50% da mesma população de ratos.
Portanto quanto mais baixo é o valor da DL50 mais alta é a
toxicidade do pesticida.
Em Moçambique os pesticidas são distribuidos em três classes
toxicológicas e identificados da seguinte forma:

Classe 1° Altamente tóxico: produtos sólidos: DL50 menor de 50 mg/Kg


produtos líquidos: DL50 menor de 200 mg/Kg

Classe 2° Moderadamente tóxico: produtos sólidos: DL50 entre 50 e 500 mg/Kg


produtos líquidos: DL50 entre 200 e 2000 mg/Kg

Classe 3° Ligeiramente tóxico: produtos sólidos: DL50 maior de 500 mg/Kg


produtos líquidos: DL50 maior de 2000 mg/Kg

A toxicidade crónica é mais dificil de avaliar e calcular


porque a averiguação só se pode fazer após muito tempo. Os

118
pesticidas (mas sobretudo os insecticidas) podem causar diferentes
efeitos no organismo humano: cancro, mutações, alterações do
desenvolvimento embrionário, neuropatias, alergias, etc. Estes são
todos efeitos possiveis da toxicidade crónica dos pesticidas.
Para evitar estes efeitos a Organização Mundial da Saúde
(OMS) decreta quais são as doses diárias aceitáveis (ADI, ou
Acceptable Daily Intake), quer dizer as doses diárias de pesticida
que o consumidor pode ingerir sem riscos de toxicidade crónica.
Por exemplo a ADI dos insecticidas compostos de cloro é de 0.05
mg/Kg/dia. Isto significa que um homem pode ingerir cada dia até
0.05 mg de compostos de cloro por Kg de peso vivo sem correr
riscos para a sua saúde.
Avaliando a DL50 e a ADI dum pesticida podem-se calcular,
para cada pesticida, os limites de tolerância, que são os resíduos
máximos aceitáveis que podem persistir nos alimentos sem riscos de
toxicidade para o homem. Os limites de tolerância são
estabelecidos pelos Ministérios da Saúde dos vários países.
Portanto eles variam de país para país.
Em Moçambique os limites máximos de residuos tolerados em
alimentos são fixados por lei (Diploma Ministerial n. 88/87 dos
Ministérios da Saúde e da Agricultura). Eles dependem não sómente
da DL50 e ADI, mas também da velocidade de degradação do produto
no alimento (cada substância química muda a sua molécula e se
trasforma numa outra substância; isto acontece num tempo que varia
em relação ao tipo de alimento e ao tipo de produto). Por exemplo
a lei fixa para o BHC um limite máximo de residuos tolerados na
carne de 0.2 mg/Kg, de 0.1 no leite, de 0.2 nos ovos. No caso do
Alacloro o limite é de 0.05 mg/Kg na semente de algodão, de 0.01
mg/Kg na Cana-de-açucar.

METABOLISMO DOS PESTICIDAS

A maioria dos pesticidas depois da sua aplicação transformam-


se quimicamente. As transformações podem acontecer externamente à
planta (e são causadas pela luz, pelo dióxido de carbono, ou pelo
oxigênio) ou internamente (e são causadas geralmente por enzimas).
Por exemplo as Piretrinas (que são insecticidas) são decompostas
pela luz e pelo oxigênio e transformam-se em compostos que não são
insecticidas.
Noutros casos os pesticidas só provocam a morte das pragas
depois duma oxidação. Estes pesticidas são chamados
endometatóxicos (por exemplo o Parathion e o Malathion, que se
transformam em Paraoxon e Malaoxon; Parathion e Malathion não são
insecticidas; são Paraoxon e Malaoxon os insecticidas).
Contudo, geralmente um pesticida transforma-se num outro
composto que não é pesticida. Esta transformação exige um certo
período de tempo. Chama-se persistência dum pesticida o período de
tempo durante o qual o pesticida se conserva eficaz antes da sua
decomposição.
A persistência é variável nos pesticidas. Há os seguintes
tipos de persistência:

119
a) pesticidas pouco persistentes: com persistência inferior a 5
dias;
b) pesticidas medianamente persistentes: com persistência de 5-10
dias;
c) pesticidas muito persistentes: com persistência superior a 10
dias.

Por exemplo as Piretrinas e o TEPP são insecticidas pouco


persistentes; o Parathion é medianamente persistente; Azinphos-
methyl, Phorate e Fenthion são muito persistentes. Os compostos de
cloro (cloratos) são os pesticidas mais persistentes; por exemplo
o Lindano tem 3-10 anos de persistência; o DDT 30 anos).
O conhecimento da persistência e da toxicidade para o homem
de cada pesticida é muito importante para determinar quanto tempo
antes da colheita se pode fazer a última aplicação, evitando que
residuos do pesticida, que superam os limites máximos fixados pela
lei, permaneçam nos produtos.
Pode-se calcular o intervalo de segurança (ou período de
segurança), que é o intervalo de tempo entre a última aplicação e
a colheita. Por exemplo são os seguintes os intervalos de
segurança de alguns insecticidas:

Alacloro 13 dias
Alfametrina 4 dias
Azinfós-etílico 30 dias
Carbofurão 60 dias
Endosulfan 15 dias
Malatião 7 dias

Os intervalos de segurança em Moçambique não sã fixados por


lei, mas são fixados pelas industrias que produzem os pesticidas;
portanto podem ser lidos nos rótulos.
É muito importante que o agricultor observe os períodos de
segurança para evitar que residuos de pesticidas permaneçam nos
produtos em quantidades superiores aos limites máximos tolerados,
causando problemas de saúde aos consumidores.

PRINCIPAIS INSECTICIDAS

Os insecticidas podem ser divididos em dois grupos em relação


à composição química:

1) insecticidas inorgánicos;
2) insecticidas orgánicos.

Todos os nomes de insecticidas citados neste capítulo e nos


capítulos seguintes referem-se aos princípios activos. Os nomes
comerciais (marcas) não são indicados para não fazer publicidade.

120
1) Insecticidas inorgánicos

Nenhum insecticida inorgánico é registado em Moçambique. Por


consequência ninguém pode utilizar.
São os seguintes os principais insecticidas inorgánicos:

a) Compostos de enxofre

São sobretudo os polisulfuretos. Os principais são os


polisulfuretos de cálcio e os polisulfuretos de bário.
São velhos insecticidas de contacto e de asfixia úteis na
luta contra as Cochonilhas e as ninfas de Thysanoptera. São muito
fitotóxicos e portanto podem ser utilizados sómente para
aplicações às plantas sem folhas. Por isso nos países tropicais
são pouco utilizados. Pela presença do enxofre têm também uma boa
acção fungicida.

b) Composto de arsênico

O arsênico é um dos produtos mais tóxicos para o homem.


Portanto os insecticidas composto de arsênico são proibidos em
quase todo o mundo.
Os compostos do arsênico são os mais velhos insecticidas;
eram já aplicados há 2000 anos pelos Romanos.

c) Compostos de fluor

São insecticidas de ingestão utilizados sobretudo para


envenenar iscas contra os Orthoptera (gafanhotos e ralo). O
produto mais usado é o Fluosilicato de bário.
Na agricultura biológica é utilizada a criolite (fluoreto de
sódio e de alumínio), um insecticida de ingestão e de contacto
útil na luta contra os insectos com tegumento pouco esclerosado
(por exemplo os Thysanoptera).

d) Compostos de zinco

O único composto de zinco utilizado em agricoltura é o


fosforeto de zinco, que é um insecticida de ingestão útil para
envenenar iscas na luta contra os insectos dos armazens. É
utilizado também contra os ratos.

e) Compostos de boro

Os composto de boro utilizados na agricoltura são o ácido


bórico e o biborato de sódio.
São insecticidas de ingestão usados nas casas para lutar
contra formigas e baratas.

121
2) Insecticidas orgánicos

Os insecticidas orgánicos podem-se distinguir nos seguintes


tipos:

a) insecticidas orgánicos de origem vegetal;


b) insecticidas orgánicos de origem animal;
c) insecticidas orgánicos de origem mineral;
d) insecticidas orgánicos de síntese.

a) Insecticidas orgánicos de origem vegetal

Nenhum insecticida orgánico de origem vegetal é registado em


Moçambique. Portanto ninguém pode utilizar.
Os principais insecticidas orgánicos de origem vegetal (Dias
Pereira, 1967) são os seguintes:

Piretrinas.

São insecticidas obtidos moendo os flores de algumas espécies


de plantas do género Chrysanthemum (por exemplo Chrysanthemum
cinerariifolium). Obtem-se um pó insecticida de contacto, que
contem as piretrinas. A principal vantagem das piretrinas é o
poder abatente (KO effect), quer dizer a capacidade de matar logo
um grande número de insectos. Uma outra vantagem é que as
piretrinas são pouco tóxicas ao homem.
A maior desvantagem é a rapidez de degradação natural causada
pela luz, calor e oxigênio. As piretrinas perdem rapidamente o
poder insecticida porque se transformam em substâncias não
insecticidas. Para ultrapassar esta desvantagem foram sintetizados
alguns insecticidas com uma fórmula química semelhante à das
piretrinas. Estes insecticidas sintéticos são os piretroides. Eles
são tratados no capítulo dos insecticidas orgánicos de síntese.

Nicotina

A nicotina é um insecticida obtido do tabaco. Muitas espécies


do género Nicotiana de facto contêm nas folhas o princípio activo
(Nicotiana tabacum, glutinosa, rustica, macrophylla).
A Nicotina é um insecticida muito velho, de contacto e de
inalação, útil na luta contra insectos com tegumento pouco
esclerosado (por exemplo os Afideos).
A Nicotina é muito fitotóxica; portanto tem que ser utilizada
com muito cuidado em percentagens baixas.
Os camponeses podem preparar directamente insecticidas
compostos de nicotina. Se utilizam as folhas de tabaco, que são
colocadas em infusão na água. As folhas livram na água a nicotina.
O camponês pulveriza a calda de nicotina sobre as plantas. É
melhor aplicar com cuidado, porque o conteudo de nicotina das
folhas pode variar muito. Se a nicotina pulverizada é demais, a
planta pode sofrer. Por consequência se aconselha sempre de

122
experimentar antes a calda sobre algumas plantas, antes de tratar
todo o campo. Em caso de fitotoxicidade, é preciso diminuir o
número de folhas em infusão ou o número de dias de duração da
infusão.

Rotenona

É um insecticida contido nas raizes das plantas dos géneros


Derris, Longocharpus e Tephrosia. É um insecticida de contacto e
de inalação pouco tóxico para o homem. É pouco usado.
Existe também uma formulação por uso veterinário, para matar
os parasitas do gado.

Quassinas

São insecticidas contidos na casca de árvores dos géneros


Quassia e Picrasma. São insecticidas de contacto e de inalação
pouco usados.

Margosa (= Azadiractinas)

As Azadiractinas são insecticidas contidos em duas árvores de


origem asiática da família Meliaceae, Azadirachta indica (Neem-
tree) e Melia azadirach (Chinaberry-tree). A primeira planta é
conhecida em Moçambique com o nome de Margosa.
O insecticida (nome científico: Azadiractina), que é contido
em todos os orgãos da planta, mas sobretudo nas sementes, é
caracterizado por vários tipos de acção contra os insectos (de
ingestão; inibe o apetite; impede a produção da cutícula; inibe a
digestão; bloquea a actividade da hormona cerebral, que controla a
produção do ecdisone; inibe a produção dos ovos e dos
espermatozóides). A escassa acção de contacto impede á Margosa de
ser prejudicial aos inimigos naturais das pragas. Além disso, a
Margosa não consegue penetrar dentro das plantas e portanto não é
danosa também aos polinizadores. A luz degrada a Margosa muito
rapidamente.
Os camponeses podem preparar directamente a calda de Margosa
imergindo na água o pó obtido partindo as sementes. Existem também
formulados comerciais já prontos para a pulverização (Margosan-O,
Azatin, Align, etc.).
A Margosa não é danosa aos Mamíferos: ao contrario tem uma
acção terapêutica (contra as úlceras e as inflamações).

b) Insecticidas orgánicos de origem animal

O único insecticida orgánico de origem animal é a


nereistossina, que não é registada em Moçambique.
É um insecticida contido no Anelideo Lumbriconereis
heteropoda. É um insecticida de contacto, de ingestão e
citotrópico útil na luta contra as larvas de Lepidoptera e
Coleoptera.

123
c) Insecticidas orgánicos de origem mineral

Os insecticidas orgánicos de origem mineral são os óleos


minerais. Alguns formulados de óleos minerais são registados em
Moçambique e portanto podem ser utilizados.
A característica principal dos óleos minerais é que têm uma
acção de asfixia, porque formam uma película impermeável sobre o
corpo dos insectos, que fecha os estigmas e impede a respiração.
Os óleos minerais são de dois tipos:

1) Óleos pretos de alcatrão, obtidos pela destilação fraccionada


do alcatrão;
2) Óleos brancos de petróleo, obtidos pela destilação fraccionada
do petróleo.

Os óleos pretos são pouco utilizados nos países tropicais


porque são muito fitotóxicos e podem ser usados sómente quando as
plantas perdem as folhas. Têm uma acção de contacto e sobretudo de
asfixia.
Os óleos brancos são insecticidas de contacto e sobretudo de
asfixia menos fitotóxicos e portanto podem ser usados em baixas
percentagens (1-2%) também em presença de folhas. São úteis na
luta contra as Cochonilhas imóveis e os ovos de Ácaros e Afídeos.
Os óleos brancos podem ser misturados com insecticidas
fosforatos de síntese. Estas misturas chamam-se óleos activados
(são misturas integradas com uma acção polivalente).
Os óleos brancos podem também ser misturados com o
Dinitrocresolo (DNOC ou DNC), formando os óleos amarelos. Estes
não são utilizados nos países tropicais porque são muito
fitotóxicos e podem ser usados sómente na ausênçia de folhas.

d) Insecticidas orgánicos de síntese

Os principais insecticidas orgánicos de síntese são os


seguintes:

1) Dinitrocresolo;
2) Compostos de cloro (ou clorados);
3) Compostos de fósforo (ou fosforados);
4) Composto de ácido carbámico (ou carbamados);
5) Piretroides;
6) Compostos de azoto (ou azotados).
7) Sabões

1) Dinitrocresolo

O Dinitrocresolo (ou DNOC, ou DNC) não é registado em


Moçambique. É um insecticida muito fitotóxico, que pode ser
utilizado sómente na ausênçia de folhas. Não é utilizado nos
países tropicais.

124
2) Compostos de cloro (ou clorados)

Os compostos de cloro ou clorados são insecticidas que têm


átomos de cloro na molécula.
O primeiro clorado sintetizado foi o DDT, um insecticida de
contacto e de ingestão de longa persistência (pode persistir no
solo também 30 anos sem perder o poder insecticida). Entra em
todas as cadeias alimentares. Na água a sua toxicidade persiste
para centenas de anos.
Por causa da sua persistência o DDT foi proibido em quase
todos os países do mundo, incluindo Moçambique.
Quase todos os principais clorados têm mais ou menos os
mesmos defeitos do DDT. Portanto quase todos foram proibidos.
Aldrin, DDD, Dieldrin, Heptacloro, Lindano (ou BHC), Endrin são os
principais clorados proibidos em Moçambique e em quase todos os
países do mundo.
O único clorado permitido em quase todos os países do mundo,
incluindo Moçambique, é o Endosulfan.
O Endosulfan (ou Endosulfão) é um insecticida de contacto e
de ingestão, que tem um intervalo de segurança de 15 dias. Não é
muito persistente em comparação com os anos que os outros clorados
proibidos precisam para perder a toxicidade. Por isso o Endosulfan
é o único clorado não proibido. É muito útil na luta contra muitos
insectos, mas sobretudo contra os adultos de Coleoptera. De facto
é o único insecticida que é capaz de matar os adultos de
Coleoptera, que são muito robustos, porque têm um tegumento muito
esclerosado.

Vantagens e desvantagens dos clorados.


São as seguintes as principais vantagens dos clorados: 1)
persistência; 2) actividade múltipla (de contacto, de ingestão, de
inalação).
São as seguintes as principais desvantagens: 1) elevada
toxicidade para os Vertebrados; 2) bioacumulação. Esta última
desvantagem significa que os cloratos podem entrar nas cadeias
alimentares, acumulando-se com o decorrer do tempo ao longo da
cadeia alimentar. Um exemplo clássico é o caso dum lago da
California (USA) (Lake Clear), onde no 1960 foi aplicado o DDD
para lutar contra as larvas aquáticas dum mosquito. O insecticida
foi aplicado a uma percentagem de 0.015 ppm do volume de água.
Depois da aplicação, via plancton foi encontrada nos peixes
vegetarianos uma dose de residuos de 40-1000 ppm. Nos peixes
carnívoros (que comiam os peixes vegetarianos) os residuos
alcançaram uma dose de 350-2500 ppm. As aves que comiam aqueles
peixes acumularam doses tão grandes que morreram em grande número;
dos 1000 casais presentes e nidificantes antes da aplicação do
DDD, ficaram sómente 30 casais todos estéreis. Uma das
características dos clorados é de se acumularem nos tecidos
animais; nas fêmeas das aves acumulam-se nos órgãos reprodutores
impedindo a deposição do cálcio na casca dos ovos; a casca fica
portanto frágil e quebra-se quando a fêmea choca os ovos; este é o
motivo da esterilidade das aves. As aves mais em perigo são as

125
aves que comem organismos marinhos porque na água do mar os
clorados decompõem-se mais lentamente. De facto, por exemplo a
quantidade de DDT utilizado no mundo é de cerca 150 000 toneladas.
Uma parte mínima é ingerida pelos consumidores: 100 toneladas. A
restante parte fica no solo e nas águas. No solo a decomposição é
lenta. Uma quantidade de DDT leva 10 anos para se reduzir a
metade. Contudo, na água já demora 500 anos para se reduzir a
metade. Por isto as aves marinhas estão em paior perigo em relação
às outras aves.

3) Compostos de fósforo (ou fosforados)

São compostos que muitas vezes têm a capacidade de ser


absorvidos pelos tecidos vegetais: portanto são geralmente
citotrópicos ou sistémicos.
São os seguintes os fosforados mais importantes que são
registados em Moçambique:

a) Pirimiphos-methyl: insecticida e acaricida translaminar, de


contacto e de asfixia; útil contra um grande número de insectos.
Intervalo de segurança: 14 dias. DL50 oral: 2050 mg/Kg.

b) Profenophos: insecticida e acaricida de contacto, de ingestão,


citotrópico e translaminar; útil contra um grande número de
insectos, entre os quais os Afideos. Intervalo de segurança: 190
dias (milho); 14 dias (batata reno); 70 dias (citrinos). DL50
oral: 358 mg/Kg.

c) Monocrotophos: insecticida e acaricida de contacto e sistémico;


útil contra um grande número de insectos. Intervalo de segurança:
30 dias (75 dias nos citrinos). DL50 oral: 14 mg/Kg.

d) Diazinon: insecticida de contacto, de ingestão e citotrópico;


útil contra um grande número de insectos. Utilizado também para
aplicações no solo. Intervalo de segurança: 15 dias. DL50 oral:
300 mg/Kg.

e) Phosphamidon: insecticida de ingestão e sistémico; tem também


uma débil acção de contacto; útil contra um grande número de
insectos. É considerado selectivo, porque a sua débil acção de
contacto não permite ao insecticida de causar prejuizos aos ovos e
larvas dos predadores. A acção contra os organismo úteis é
limitada ao período da aplicação, porque o produto penetra nos
tecidos vegetais muito rapidamente e portanto não fica em
superfície. Intervalo de segurança: 20 dias. DL50 oral: 17.4
mg/Kg.

f) Trichlorfon: insecticida de contacto e de ingestão; útil contra


um grande número de insectos. Utilizado também para aplicações no
solo. Intervalo de segurança: 10 dias. DL50 oral: 560 mg/Kg.

126
g) Chlorpiriphos: insecticida de contacto, inalação e ingestão;
útil contra um grande número de insectos. Utilizado também para
aplicações no solo. Intervalo de segurança: 21 dias (tomateiro),
30 dias (milho, couve), 60 dias (citrinos). DL50 oral: 135 mg/Kg.

h) Fenitrothion: insecticida de contacto, de ingestão e


citotrópico; útil contra um grande número de insectos. Intervalo
de segurança: 20 dias. DL50 oral: 800 mg/Kg.

i) Chlorfenvinphos: insecticida de contacto; útil contra um grande


número de insectos. Intervalo de segurança: 30 dias. DL50 oral:
9.7 mg/Kg.

l) Metamidophos: insecticida e acaricida sistémico, de contacto e


de ingestão; útil contra um grande número de insectos. Intervalo
de segurança: 21 dias. DL50 oral: 30 mg/Kg.

m) Malathion: insecticida de contacto e de ingestão; utilizado


também para aplicações no solo e nos armazens; útil contra um
grande número de insectos. Intervalo de segurança: 20 dias. DL50
oral: 2800 mg/Kg.

n) Dimetoato: insecticida de contacto e ingestão; levemente


sistémico é muito utilizado na luta contra as moscas de fruta.
Intervalo de segurança: 20 dias. DL50 oral: 500-680 mg/Kg.

4) Composto de ácido carbámico (ou carbamados)

São os seguintes os carbamados principais registados em


Moçambique:

a) Carbaryl: insecticida citotrópico, de contacto e ingestão; útil


contra um grande número de insectos. Intervalo de segurança: 7
dias. DL50 oral: 850 mg/Kg.

b) Carbofuran: insecticida sistémico, de contacto e ingestão;


utilizado também para aplicações no solo; útil contra um grande
número de insectos. Intervalo de segurança: 60 dias. DL50 oral: 8
mg/Kg.

c) Pirimicarb: insecticida translaminar, de contacto e asfixia;


utilizado sobretudo contra os Afideos. Intervalo de segurança: 30
dias (cereais), 14 dias (outras culturas). DL50 oral: 147 mg/Kg.

5) Piretroides

São os seguintes os principais piretroides registados em


Moçambique:

a) Fenvalerate: insecticida de contacto e ingestão; útil contra um


grande número de insectos. Intervalo de segurança: 30 dias
(citrinos 60 dias). DL50 oral: 451 mg/Kg.

127
b) Cyfluthrin: insecticida de contacto e ingestão; útil contra um
grande número de insectos. Intervalo de segurança: 28 dias
(milho), 35 dias (batata reno), 3 dias (outras culturas). DL50
oral: 500 mg/Kg.

c) Cypermethrin: insecticida de contacto e ingestão; tem também


uma acção repelente que prolonga a protecção das culturas; útil
contra um grande número de insectos. Intervalo de segurança: 14
dias (couve, citrinos, cebola, batata reno), 28 dias (milho). DL50
oral: 251 mg/Kg.

d) Deltamethrin: insecticida de contacto e ingestão; útil contra


um grande número de insectos. Utilizado também nos armazens.
Intervalo de segurança: 7 dias (cebola), 42 dias (cereais), 3 dias
(outras culturas). DL50 oral: 128.5 mg/Kg.

e) Cyhalothrin (ou Lambda-Cyhalothrin): insecticida de contacto e


ingestão; útil contra um grande número de insectos. É também um
repelente. Tem um rápido poder abatente. Intervalo de segurança: 3
dias (cebola, beringela, tomateiro), 7 dias (citrinos, couve,
feijão), 15 dias (milho, batata reno, amendoim). DL50 oral: 79
mg/Kg.

6) Compostos de azoto (ou azotados)

Não há compostos azotados registados em Moçambique (mas os


carbamados podem ser considerados também compostos de azoto). O
DNOC é também considerado um composto de azoto.
O Diflubenzuron (não registado em Moçambique) é um
insecticida de contacto e ingestão; é útil contra os jovens de um
grande número de insectos; a sua molécula imita aquela da
neotenina. Portanto é um regulador do crescimento dos insectos.

7) Sabões

Os sabões não são só molhantes adicionados a princípios


activos nos formulados comerciais. Eles de facto sempre
desenvolvem uma mais ou menos grande acção insecticida, sobretudo
contra fitomizos providos de cutícula pouco robusta (afídios,
Trips, Tingidae, ácaros). O camponês pode preparar pessoalmente a
calda misturando sabão (de casa de banho, de cozinha, etc.) com
água. As proporções de água e sabão podem variar muito em relação
ao tipo de sabão. Portanto o camponês deveria sempre provar a
calda numa pequena área para verificar a eficacia antes de
pulverizar todo o campo. O normal sabão utilizado nas casas para
casa de banho e cozinha pode ser substituido nas caldas com vários
tipos de detergentes (como o Sodio-diottil-sulfosuccinato ou SDS).
A acção insecticida dos sabões deve ser sempre considerada
nos ensaios feitos para avaliar a eficacia insecticida de
substâncias naturais enquanto o testemunho deve ser tratado com
água e sabão e não só com água. De facto se o testemunho é tratado

128
só com água, nas outras parcelas se avalia a eficacia da
substância natural mais sabão e não da só substância natural.
A LUTA CONTRA OS INSECTOS NOS ARMAZENS

Uma categoria especial de insecticidas é contituída pelos


insecticidas de inalação utilizados para aplicações nos armazens e
em geral nos ambientes fechados (também nas estufas).
São os seguintes os principais insecticidas de inalação
utilizados nos ambiente fechados:

1) Brometo de metilo (ou Dibrometo de metilo): é um gás muito


perigoso, porque não tem cheiro. Portanto pode ser respirado pelos
trabalhadores, os quais podem morrer, dado que é muito tóxico para
o homem. Geralmente está misturado com um outro gás, o acetato de
amile, que tem cheiro, o qual pode ser sentido pelos trabalhadores
se por acaso há perdas de gás nas botijas que contêm o brometo de
metilo. O brometo de metilo geralmente está liquefeito e contido
em botijas sob pressão. Quando se abre la válvula sai um borrifo
de líquido que logo se trasforma em gás. O brometo de metilo é
aplicado em armazens, estufas e também no solo, para matar os
insectos do solo e sobretudo os Nemátodos. É mais pesado do que o
ar.

2) Aluminium Phosphurete (ou Fosfureto de alumínio): é um composto


contido em pastilhas ou pellets. Quando se abre a pastilha, ao
contacto com o ar húmido, desenvolve-se um gás, chamado fosfina
(PH3), que é o insecticida. É o insecticida mais utilizado no
mundo para proteger os armazens contra os ataques dos insectos. A
acção deste gás é lenta: a 10-15°C são necessarios 5 dias para
matar todos os insectos; a 20°C 3 dias. Geralmente são utilizados
10 pellets de fosfureto de alumínio por 1000 Kg de grãos, ou 3
pastilhas per 100 Kg de grãos. Se o armazém contem sementes, não
deve ser superada a quantidade de 3 g/mc de fosfureto de alumínio,
caso contrário a semente pode perder o poder germinativo.

3) Pentaclorofenol: é o produto mais utilizado no mundo para


proteger a madeira contra os ataques dos insectos. É um líquido
usado como se fosse uma tinta. A madeira pode ser pintada ou
imergida dentro do líquido. Muito útil contra as térmites.

4) Paradiclorobenzol: é um insecticida sólido cristalino de cor


branca utilizado sobretudo para proteger as caixas entomológicas e
os herbários. Portanto é muito utilizados nos museus. O
paradiclorobenzol é muito semelhante à naftalina, mas a naftalina
é um insectífugo.

Todos os produtos acima citados foram proibidos em quase


todos os países do mundo para reduzir o buraco na faixa de ozono
que foi descoberto sobre o pólo sul. Hoje portanto o único
fumigante geralmente autorizado é o Dióxido de carbono.

129
Na luta nos armazens devem-se sempre ter presentes as
seguintes prescrições:

a) os produtos armazenados conservam-se melhor e são menos


danificados pelos insectos se a humidade é inferior a 12-15%;
b) o armazém deve ser tratado também quando está vazio, antes de
se depositarem os produtos (porque os insectos escondem-se dentro
dos armazens);
c) o armazém deve estar sempre limpo; os residuos dos produtos
(alimentos, grãos, sementes) de facto atraem os insectos;
d) deve-se aplicar o insecticida também nos sacos e em outros
recipientes vazios;
e) não se pode fazer uma boa aplicação se o armazém não se pode
fechar ermeticamente (porque o gás sai através das fendas);
f) deve-se inspecionar o armazém de 15 em 15 dias e conferir a
existência de insectos; se há insectos, deve-se fazer logo a
aplicação.

MECANISMO DE ACÇÃO DOS INSECTICIDAS

Os insecticidas matam os insectos de diferentes formas, em


ralação ao tipo de produto.
Os pós minerais (como os compostos do boro) têm uma acção
abrasiva (provocam desgaste no tegumento) e desidratante.
Os óleos minerais têm uma acção cáustica, juntamente com uma
acção inaladora. Mas sobretudo fecham os estigmas e não permitem a
respiração. A acção inaladora é causada pelo desenvolvimento dum
gás, o hidrogénio enxofrado (H2S).
As piretrinas são insecticidas nervosos, que causam lesões
aos gânglios nervosos (os gânglios são massas de tecido nervoso
difundidas no corpo do insecto). As piretrinas portanto não
permitem uma regular transmissão dos impulsos nervosos.
Os fosforados e os carbamados são também insecticidas
nervosos, mas têm uma acção diferente, porque agem contra as
sinapses nervosas (que são pontos onde os processos ramificados
duma célula nervosa são adjacentes aos duma outra célula nervosa).
O fosforado ou carbamado quando está em contacto com as sinapses
causa uma alteração do metabolismo da acetilcolina. A acetilcolina
é um composto químico que permite a passagem do impulso através da
sinapse. Depois da passagem do impulso, a acetilcolina é degradada
por uma enzima (chamada colinesterase) em ácido acético e colina.
Se a colinesterase não degrada a acetilcolina, o impulso nervoso
continua a atravessar a sinapse causando a repetição continua dos
movimentos dos órgãos do insecto (por exemplo o insecto continua a
mover as mandíbulas mesmo se não há alimentos; continua a mover as
patas mesmo se quer parar). Isto acontece porque os fosforatos e
os carbamatos transformam a colinesterase noutro composto, que não
pode degradar a acetilcolina. O metabolismo do insecto é assim
muito perturbado e o insecto morre, porque não consegue controlar
os movimentos do corpo.
Os clorados são também insecticidas nervosos, mas têm uma
acção diferente. Eles destruem as membranas dos gânglios e nervos:

130
o tecido nervoso portanto é destruido. Além disso eles produzem
toxinas que alteram o mecanismo de transmissão dos impulsos
nervosos.
A nicotina é também um insecticida nervoso, com uma acção
contra as sinapses, mas o mecanismo de acção é diferente. O ião da
nicotina tem um tamanho igual ao ião da acetilcolina (é o ião da
acetilcolina que transporta o impulso nervoso através da sinapse)
e portanto pode transportar também ele o impulso nervoso, mesmo
que a acetilcolina seja degradada pela colinesterase. Portanto o
ião da nicotina substitue o ião da acetilcolina e causa a continua
transmissão dos impulsos nervosos.

MÁQUINAS PARA A APLICAÇÃO DOS PESTICIDAS

As máquinas para a aplicação dos pesticidas podem-se


distinguir em dois grupos (Fernandes & Reis, 1980):

1) Máquinas para a aplicação de líquidos e pós;


2) Máquinas para a aplicação de gás.

1) Máquinas para a aplicação de líquidos e pós

Antes de descrever os tipos de máquinas para aplicações


líquidas deve-se dizer que a eficácia duma aplicação está
relacionada não sómente com a composição da calda (sobretudo com o
tipo de coadjuvantes presentes), mas também com o tamanho das
gotas. De facto gotas muito grandes caem no solo (com esbanjamento
de pesticida), ou na parte inferior dos frutos, ou ao longo das
margens das folhas (causando fitotoxicidade). Por outro lado,
gotas muito pequenas podem ser facilmente levadas embora isso seja
devido à acção do vento (com esbanjamento do pesticida). Além
disso a redução do tamanho das gotas provoca que a aplicação cubra
uma maior superfície. Calcula-se que o volume de líquido presente
numa gota de 240 milésimos de mm de diámetro é igual ao volume de
líquido presente em 27 gotas de 80 milésimos de mm de diámetro.
Geralmente calcula-se que a redução de 1/3 do tamanho das gotas
causa um aumento de mais de 10 vezes da superfície molhada. Um
litro de calda com gotas de 150 milésimos de mm de diámetro molha
uma superfície de 45 m²; se as gotas forem de 50 milésimos de mm
de diámetro, a superfície molhada será de 615 m².
Chamam-se pulverizadores as máquinas que aplicam líquidos,
polvilhadores as que aplicam pós, distribuidores de grânulos as
que aplicam grânulos.

Pulverizadores

Os pulverizadores podem ser mecânicos (ou a pressão do


líquido) ou pneumáticos (ou atomizadores).

Pulverizadores mecânicos

131
Os pulverizadores mecânicos podem ser de dois tipos: a
pressão de jacto projectado e a pressão de jacto transportado.

Os pulverizadores a pressão de jacto projectado (conhecidos


simplesmente como pulverizadores)(Fig. 100) consistem em máquinas
onde uma bomba realiza a pressão que determina tanto a divisão da
calda em gotas mais ou menos finas, como o transporte das gotas
até a superfície da planta. As gotas saem através dum ou dalguns
orificios situados no fim ou ao longo dum tubo chamado bico.
Os pulverizadores a pressão de jacto projectado podem ser
dos seguintes diferentes tipos:

a) manuais (Fig. 101);


b) de bandoleira (Fig. 102);
c) de dorso (Fig. 103);
d) carrinhos de mão (Fig. 104);
e) acoplados ao motocultivador (Fig. 105);
f) rebocados pelo motocultivador (Fig. 106);
g) suspensos nos três pontos do tractor (Fig. 107);
h) rebocados por tractor (Fig. 108);
i) de dorso animal (Fig. 109);
l) de tracção animal (Fig. 110).

Fig. 100. Esquema de pulverizador a pressão de jacto projectado: B = bomba.

132
Fig. 101. Pulverizador a pressão de jacto projectado do tipo manual.

Fig. 102. Pulverizador a pressão de jacto projectado do tipo de bandoleira.

133
Fig. 103. Pulverizador a pressão de jacto projectado do tipo de dorso.

Fig. 104. Pulverizador a pressão de jacto projectado do tipo carrinhos de mão.

134
Fig. 105. Pulverizador a pressão de jacto projectado do tipo acoplado ao
motocultivador.

Fig. 106. Pulverizador a pressão de jacto projectado do tipo rebocado pelo


motocultivador.

135
Fig. 107. Pulverizador a pressão de jacto projectado do tipo suspenso nos três
pontos do tractor.

Fig. 108. Pulverizador a pressão de jacto projectado do tipo rebocado por


tractor.

136
Fig. 109. Pulverizador a pressão de jacto projectado do tipo de dorso animal.

Fig. 110. Pulverizador a pressão de jacto projectado do tipo de tracção animal.

137
Os pulverizadores a pressão de jacto projectado a motor são
chamados também máquinas a alto volume, porque podem aplicar até
3000 l/Ha de calda em gotas de 200-400 milésimos de mm de
diámetro. Estas máquinas são chamadas “a alto volume” porque
aplicam grandes volumes de água.

Os pulverizadores a pressão de jacto transportado


(conhecidos simplesmente como turbinas)(Fig. 111) consistem numa
bomba, que realiza a pressão que determina a divisão da calda em
gotas, e num ventilador (chamado turbina), que gera uma corrente
de ar, que transporta as gotas até a superfície das plantas. As
gotas assim podem melhor penetrar entre as folhas ou as plantas,
porque a velocidade imprimida às gotas pela turbina é maior.
Os pulverizadores a pressão de jacto transportado produzem
gotas de 150 milésimos de mm de diámetro e portanto podem aplicar
um volume menor de líquido (até 300 l/Ha), molhando a mesma
superfície do que as máquinas a alto volume. Por isso as turbinas
são chamadas também máquinas a médio volume.
Os pulverizadores a pressão de jacto transportado podem ser
dos seguintes tipos diferentes:

a) rebocados por motocultivador (Fig. 112);


b) suspensos nos três pontos do tractor (Fig. 113);
c) rebocados por tractor (Fig. 114).

Fig. 111. Esquema de pulverizador a pressão de jacto transportado: B = bomba.

138
Fig. 112. Pulverizador a pressão de jacto transportado rebocado por
motocultivador.

Fig. 113. Pulverizador a pressão de jacto projectado do tipo suspenso nos três
pontos do tractor.

139
Fig. 114. Pulverizador a pressão de jacto projectado do tipo rebocado por
tractor.

Pulverizadores pneumáticos

Os pulverizadores pneumáticos (conhecidos simplesmente como


atomizadores)(Fig. 115) consistem em máquinas que não têm bombas,
mas só um ventilador (chamado turbina), que realiza tanto a
divisão em gotas como o transporte das gotas até a superfície da
planta. Gera-se uma corrente de ar a alta velocidade (até 300-400
Km/h), que impele para fora a calda e forma gotas muito pequenas
(50-150 milésimos de mm de diámetro).
Os atomizadores podem aplicar volumes menores de calda (50-
300 l/Ha) e portanto são também chamados máquinas a baixo volume.
A vantagem destas máquinas consiste na poupança de água e de
pesticida devido a haver menor quantidade de calda que pinga para
o solo (porque as gotas são mais pequenas). As desvantagens
consistem na perda duma parte da calda devido às correntes de ar
(se as gotas são demasiadamente pequenas) e na possivel
fitotoxicidade (porque gotas pequenas significa maior concentração
de pesticida). A fitotoxicidade todavia ocorre sómente se as gotas
se reunem para formar gotas maiores, o que se verifica quando a
velocidade de saida das gotas é diferente da aconselhada para um
dado modelo).

140
Fig. 115. Esquema de pulverizador pneumático (ou atomizador).

Fig. 116. Esquema de pulverizador pneumático (ou atomizador) de dorso.

141
Fig. 117. Esquema de pulverizador pneumático (ou atomizador) suspenso nos três
pontos do tractor.

Os atomizadores podem ser dos seguintes tipos:

a) de dorso (Fig. 116);


b) suspensos nos três pontos do tractor (Fig. 117).

Os atomizadores de dorso nalguns modelos podem ser adaptados


para a distribuição de pó ou de grânulos.
O volume da calda pode ainda diminuir nas aplicações a ultra
baixo volume (ULV). As máquinas a ultra baixo volume consistem num
motor que faz girar um disco a 6000/9000 rotações/minuto. O disco
gira no jacto líquido formando gotas muito pequenas (70-120
milésimos de mm de diámetro). A calda sai duma garrafa de 0.5-1.0
litro. Portanto a poupança de água é muito grande.
Outras máquinas a ULV são electrodinámicas, quer dizer no
lugar do disco giratório há um gerador de electricidade a alta
voltagem. O campo eléctrico, que se desenvolve, impele
violentemente as gotas até a superfície das plantas. A vantagem
das máquinas electrodinámicas é que não contêm órgãos mecánicos em
movimento (que se podem avariar facilmente).
As aplicações a ULV são utilizadas também pelos aviões (Fig.
204) e pelos helicópteros (Fig. 118). Elas são úteis nas grandes

142
Fig. 118. Aplicação de pesticidas ULV por helicóptero.

superfícies agrícolas, mas têm algumas desvantagens, como sejam as


perdas de calda ocasionadas pelas correntes aéreas, a evaporação
causada pelo calor do sol e pela velocidade do avião ou do
helicóptero. Para diminuir as perdas é preferivel que as gotas não
sejam demasiado pequenas (o melhor é um diámetro de 100 milésimos
de mm) e que nas caldas seja eliminada a água, que se evapora
facilmente. Portanto, no lugar duma calda, utiliza-se sómente o
pesticida.

Polvilhadores

Os polvilhadores são máquinas que aplicam pó. São geralmente


de tipo pneumático (Fig. 119), quer dizer a expulsão do pó é
efectuada por uma corrente de ar.

143
Fig. 119. Esquema de polvilhador pneumático.

Os principais tipos de polvilhadores são os seguintes:

a) manuais (Fig. 120);


b) de dorso (Fig. 121);
c) suspensos nos três pontos do tractor (Fig. 122).

Fig. 120. Polvilhador pneumático manual.

144
Os tipos manuais e de dorso têm uma manivela ou um folo para
criar a corrente de ar, que impele fora os pós. No tipo suspenso

Fig. 121. Polvilhador pneumático de dorso.

nos três pontos do tractor a corrente de ar é gerada por um


ventilador.
Os pós podem ser muito finos (10 milésimos de mm de diámetro)
e portanto a perda causada pelas correntes de ar pode ser muito
alta. Para aumentar a adesão dos pós às plantas pode-se adoptar a

Fig. 122. Polvilhador pneumático suspenso nos três pontos do tractor.

145
polvilhação húmida, que consiste em lançar um jacto de água à
saida dos pós (pós que são chamados pós húmidos). Sempre para
aumentar a adesão dos pós às plantas nalguns modelos pode-se
adoptar como acessório uma grade metálica con tensão eléctrica de
6 volts: os pós carregam-se positivamente e a adesão deles
aumenta.

Distribuidores de grânulos

São máquinas que aplicam grânulos. São de dois tipos:


mecánicos e pneumáticos.
Os distribuidores mecánicos são geralmente montados no
semeador (Fig. 123). Os grânulos caem no solo por gravidade (como

Fig. 123. Esquema de distribuidor de grânulos de tipo mecánico.

Fig. 124. Distribuidor de grânulos rebocado por tractor.

146
Fig. 125. Distribuidor de grânulos montado em semeador.

Fig. 126. Distribuidor de grânulos mecánico montado em semeador.

147
Fig. 127. Distribuidor de grânulos suspenso nos três pontos do tractor.

as sementes), saindo dos recipientes que os contêm.


Os distribuidores pneumáticos (Fig. 128) consistem em
mâquinas onde uma corrente de ar faz sair os grânulos.
Os tipos mais importantes de distribuidores pneumáticos são
os seguintes:

a) montados em semeador;
b) suspensos nos três pontos do tractor (Fig. 127);
c) rebocados por tractor.

Fig. 128. Esquema de distribuidor de grânulos de tipo pneumático.

148
Nalguns casos é necessário fazer-se a distribuição dos
grânulos de cima para baixo: neste caso os distribuidores são
montados sobre pés de madeira.

Máquinas para a aplicação de gás

Para as aplicações de gás no solo são utilizadas máquinas


chamadas injectores. Eles consistem num cilindro e num émbolo que
faz penetrar no solo o gás através dum tubo mais ou menos longo.
Para aplicar gás à produtos alimentares, sementes, madeira,
fruta e plantas pode ser utilizado um sistema de aplicação sob
vácuo. O vácuo é realizado em quartos ou recipientes (chamados
autoclaves) onde uma bomba aspira o ar, realizando o vácuo. Depois
é aplicado o gás insecticida, que geralmente é o Brometo de
metilo. Devido a recente proibição do Brometo de metilo em muitos
países do mundo, este gás é agora substituido pelo Dióxido de
carbono. O vácuo não serve para matar os insectos (eles podem
resistir por muito tempo ao vácuo), mas para facilitar a
penetração do gás e portanto para reduzir a duração da aplicação
(1-4 horas em lugar de 12-24 horas em presença de ar no caso do
Brometo de metilo; 3 dias em lugar de mais dias no caso do Dióxido
de carbono).

PRECAUÇÕES NO USO DOS PESTICIDAS

A alta toxicidade para o homem de muitos pesticidas


(sobretudo dos insecticidas) aconselha a tomada de precauções
muito importantes para os trabalhadores agrícolas.
São as seguintes as precauções mais importantes:

Fig. 129. Equipamentos de protecção utilizados para aplicar pesticidas.

149
1) Os aplicadores de pesticidas devem usar equipamentos de
protecção (máscara, óculos, fato macaco, luvas, chapéu, botas)
durante o manuseamento, preparação e aplicação dos pesticidas
(Fig. 129).

2) Afastar crianças e animais do local de pulverização e


preparação dos pesticidas.

3) Não aplicar os pesticidas durante as horas mais quentes do dia,


porque a acção do sol reduz a eficácia dos pesticidas, pois parte
deles evaporam-se. Além disso, os pesticidas aplicados nas horas
mais quentes podem causar fitotoxicidade.

4) Não aplicar os pesticidas durante as chuvas, porque os


pesticidas podem ser eliminados pela chuva.

5) Não aplicar os pesticidas quando há muito vento, porque o vento


pode impedir que os pesticidas atinjam o alvo pretendido; o vento
pode também gastar no solo uma grande parte dos pesticidas.

6) Não desentupir os bicos com a boca, para evitar a intoxicação


através da boca. Os bicos dos puverizadores devem ser desentupidos
com uma palhinha (não utilizar pregos para não estragar os bicos).

7) Não fumar, comer ou mexer na boca e não esfregar os olhos


durante as aplicações, para evitar qualquer intoxicação.

8) Após cada aplicação de pesticidas lavar o equipamento e tomar


banho. O banho serve para eliminar qualquer residuo de pesticida,
que possa ter ficado em contacto com o corpo. Depois do banho é
preciso vestir roupa lavada. O equipamento usado deve ser lavado
para evitar a acção corrosiva do produto e a contaminação. Também
as máscaras, botas, luvas, fato macaco, chapéu e óculos devem ser
lavados.

9) As embalagens dos pesticidas vazias não devem ser usadas para


alimentos, rações para animais ou água potavel. As embalagens
vazias devem ser destruidas na maneira seguinte: latas metálicas e
tambores devem ser perfuradas e enterradas (mas as embalagens em
aerosol não se podem perfurar e devem ser enterradas não
perfuradas); os recipientes de plástico devem ser queimados ou
perfurados e enterrados; os pacotes de cartão devem ser queimados;
os vidros devem ser partidos e enterrados.

10) Os restos dos pesticidas não utilizados devem ser diluidos em


água e pulverizados num caminho de terra ou em terra nua.

11) Evitar a poluição do meio ambiente e a contaminação dos


recursos hídricos.

12) Respeitar os intervalos de segurança entre o último tratamento


da cultura e a sua colheita conforme indicado no rótulo.

150
13) Guardar os pesticidas sempre separadamente dos géneros
alimentícios e outras mercadorias (sementes, adubos, etc.) de
forma não haver possibilidade de contaminação nem troca com outros
produtos. Pequenas quantidades de pesticidas devem ser guardadas
em armários fechados com cadeados. Grandes quantidades devem ser
guardadas em armazens fechados, de tal maneira que sejam
inacessíveis a crianças e pessoas não autorizadas.

14) Perto do lugar de armazenamento dos pesticidas deve existir


sempre o seguinte material: roupa protectora, máscaras, botas,
luvas, óculos; um recipiente para a lavagem das mãos, da cara,
etc.; extintores de fogo, baldes com areia, etc. (em caso de
incêndio); serradura ou areia para algum eventual derramamento;
vassoura e escova.

15) Guardar os pesticidas em recipientes próprios (não utilizar


recipientes normalmente utilizados para guardar bebidas e
alimentos ou água).

Fig. 130. O agricultor deve sempre consultar um técnico agrónomo anter de tomar
decisões a respeito da identificação e do controlo de pragas.

151
Fig. 131. O técnico agrónomo deve ensinar aos trabalhadores agrícolos o uso
correcto dos pesticidas.

Fig. 132. Quando o agricultor compra pesticidas, deve recusar as embalagens


danificadas (porque o pesticida espalhado pode causar problemas à saúde do
agricultor ou doutras pessoas).

152
Fig. 133. Durante o transporte de pesticidas é aconselhável que os pesticidas
sejam afastados dos outros produtos, sobretudo alimentícios (para evitar que o
pesticida saia para fora dum embalagem danificado e contamine os outros
produtos).

Fig. 134. Antes de carregar os pesticidas sobre um camião é aconselhável


martelar os pregos e retirar as lascas para evitar que as embalagens sejam
danificadas.

153
Fig. 135. Durante o transporte de pesticidas por meio dum camião pode acontecer
uma perda de material duma embalagem danificada; neste caso é aconselhável
absorver o pesticida com serradura e lavar a área contaminada.

Fig. 136. O agricultor deve recusar os pesticidas contidos em embalagens já


abertas, não deve transferir os pesticidas das sua embalagens originais; antes
de usar um pesticida, deve ler atentamente o rótulo com a ajuda dum técnico
agrónomo.

154
Fig. 137. Durante a preparação da calda o agricultor deve usar equipamentos de
protecção e manter longe as pessoas estranhas.

Fig. 138. Durante a preparação da calda o agricultor deve usar equipamentos de


protecção e não deve manusear os pesticidas com mãos nuas.

155
Fig. 139. Depois do uso de pesticidas, os recipientes devem ser lavados; o
agricultor deve manusear um pesticida com cuidado, quando deve deitá-lo dentro
dum tanque.

Fig. 140. O agricultor deve controlar com muito cuidado que não hajam perdas de
pesticida do pulverizador.

156
Fig. 141. Os pesticidas não devem ser manuseados por crianças.

Fig. 142. Não se deve pulverizar contra o vento.

157
Fig. 143. Não se deve pulverizar se há risco de chuva.

Fig. 144. Cuidado que o vento não transporte a calda para uma casa e que os
pesticidas não poluam a água.

158
Fig. 145. Os pesticidas devem ser manuseados com cuidado para evitar que eles
sejam absorvidos pela pele.

Fig. 146. Depois duma pulverização e antes duma refeição é aconselhável lavar
bem a cara e os mãos (para eliminar eventuais gotas de pesticida).

159
Fig. 147. Para desentupir o bico dum pulverizador é aconselhável usar uma
palhinha (não usar um prego, que pode estragar o bico; não usar a boca, que pode
contaminar-se). Evite que os equipamentos usados para pulverizar sejam
manuseados por crianças.

Fig. 148. É aconselhável utilizar equipamentos de protecção quando os pesticidas


são manuseados. Depois duma pulverização lave todo o equipamento utilizado.

160
Fig. 149. Depois duma pulverização é aconselhável por no campo cartazes que
avisam os estranhos que o cultivo está envenenado.

Fig. 150. Depois duma pulverização é aconselhável desmontar o pulverizador e


lavar as peças.

161
Fig. 151. Na machamba é aconselhável escolher um lugar onde por todos os manuais
técnicos de protecção de plantas (melhor se o lugar é situado perto dos
pulverizadores).

Fig. 152. Na machamba os pesticidas devem estar fechados longe das crianças.

162
Fig. 153. Na machamba os pesticidas devem estar fechados longe das crianças.

Fig. 154. É aconselhável evitar de por os alimentos dentro de embalagens vazias


de pesticidas.

163
Fig. 155. É aconselhável evitar de pôr os pesticidas líquidos dentro das
garrafas de bebidas. As embalagens vazias de pesticidas devem ser enterradas ou
queimadas.

Fig. 156. Em caso de contaminação por um pesticida, é aconselhável lavar a pele


e a roupa e queimar ou enterrar os alimentos contaminados.

164
Fig. 157. Em caso de contaminação por um pesticida, poderia ser importante a
respiração artificial.

Fig. 158. Em caso de contaminação por um pesticida, é aconselhável lavar-se


imediatamente; se os olhos foram contaminados, é aconselhável lavá-los.

165
Fig. 159. Em caso de contaminação por um pesticida, é aconselhável consultar
imediatamente um médico e mostrá-lhe o rótulo do pesticida que causou a
contaminação (porque em relação ao tipo de pesticida o médico pode escolher o
antídoto).

Primeiros socorros em caso de intoxicação ou contaminação

A rapidez de intervenção é essencial na ajuda a prestar


quando uma pessoa esteve exposta a pesticidas cujos rótulos tenham
desenhada uma caveira com as tíbias cruzadas (pesticida de 1°
classe). Em tais casos é preciso chamar imediatamente um médico ou
levar a pessoa ao hospital tão de pressa quanto possível e mostrar
o rótulo da embalagem, ou levar toda a informação do rótulo e
specialmente o nome do princípio activo.
Princípios gerais. É muito mais facil impedir uma intoxicação do
que curá-la. Por isso os pesticidas devem ser manuseados com
precaução.
Uma pessoa que manusea pesticidas pode estar sujeita a uma
intoxicação e, por isso, é importante conhecer a natureza do
produto antes de seguir qualquer medicação. Uma medicação
inadequada pode colocar o doente em piores condições.
O intoxicado deve ser colocado em repouso e em condições de
conforto para ter melhores hipóteses de se restabelecer.
No caso de respiração parar, deve proceder-se imediatamente à
respiração artificial.
Alguns pesticidas não têm antídotos. Se o pesticida tiver um
antídoto, o seu nome constará no rótulo e deverá ser aplicado por
pessoa qualificada.
Nunca administrar álcool ou leite quando exista suspeita de
envenenamento.
Sintomas de intoxicação. Os sintomas podem ser localizados (como
por exemplo uma irritação do nariz, garganta, pele ou olhos) ou
mais gerais.

166
Ingestão. A ingestão de pesticidas não é muito frequente, mas é
muito perigosa. É muitas vezes acompanhada de vómitos, dores
abdominais e diarrea. As pessoas que tenham ingeridos pesticidas
devem ser rapidamente tratadas por um médico.
Tratamentos de urgência.
a) no caso de inalação de pesticidas. É preciso afastar o doente
do local de intoxicação para o ar livre e abrir a roupa à volta da
garganta e do peito.
b) no caso de contacto pela pele. É preciso despir imediatamente
as roupas contaminadas e lavar as partes do corpo atingidas. Se
alguma zona da pele apresentar feridas aplicar pomada analgésica.
c) no caso de contacto ocular. É preciso lavar os olhos
abundantemente com água fresca e limpa durante pelo menos dez
minutos.
d) no caso de ingestão. É preciso provocar o vómito, mas sómente
no caso em que a pessoa estiver consciente.

AVALIAÇÃO DOS DANOS E ATAQUES DE PRAGAS E DOENÇAS NO CAMPO

O cálculo da percentagem de ataque duma praga faz-se como no


seguinte exemplo: temos um campo de amendoim danificado por
lagartas. São escolhidas por exemplo 5 classes de dano (n = número
das classes) em relação à importância das lesões causadas pelas
lagartas nas folhas. Por exemplo:

classe 0 = sem lesões; sem danos.


classe 1 = 1-20% da folha furado; sem danos.
classe 2 = 21-40% da folha furado; danos ligeiros.
classe 3 = 41-70% da folha furado; danos médios.
classe 4 = 71-100% da folha furado; danos sérios.

Se colhemos casualmente no campo 300 folhas (número total de


folhas = NT), podemos por exemplo obter a seguinte situação:

Número de folhas por classe Classe


(N) (V)

200 4
40 3
30 2
10 1
20 0

Para calcular a percentagem de ataque (P) utiliza-se a seguinte


fórmula de Townsend e Heuberger:

P = Σ (N · V) . 100
(n – 1) NT

167
No exemplo precedente esta fórmula dá o seguinte resultado:

P = (200 · 4) + (40 · 3) + (30 · 2) + (10 · 1) + (20 · 0) · 100


(5 – 1) · 300

P = 800 + 120 + 60 + 10 · 100


4 · 300

P = 990 . 100
1200

P = 99000 = 82.5
1200

Neste exemplo a percentagem de ataque é 82.5%.


Cálculos semelhantes podem-se fazer com outros órgãos das plantas
(raízes, bolbos, ramos, etc.).

A percentagem de ataque serve para saber se o ataque é


importante ou não, quer dizer se precisa de se fazer a luta ou
não.
Geralmente nos países mais desenvolvidos são os Laboratórios
do Estado que podem dizer, para uma dada percentagem de ataque,
qual é a perda de produção previsível. Estes laboratórios fazem a
pesquisa necessária e cálculam a perda de produção quando varia a
percentagem de ataque.
Nos países em que os laboratórios do estado não fornecem
dados deste tipo, porque a pesquisa não está desenvolvida, podem
ser os mesmos agricultores a fazer o cálculo da quantidade de
produto que poderia ser perdida. Precisa-se todavia um pouco de
tempo, porque o agricultor não deve fazer a luta durante pelo
menos 4-5 anos. O agricultor deve escolher um pequeno campo onde
ele não deve fazer a luta durante 4-5 anos e calcular a perda de
produção neste campo. Durante este período o agricultor deve
calcular as percentagens de ataque e a quantidade de produção
obtida. Com algumas proporções matemáticas pode-se calcular
aproximadamente qual seria a quantidade de produção que se poderia
obter fazendo a luta, quer dizer com uma percentagem de ataque
igual a zero. Por exemplo podem-se calcular estes valores:

Ano % de ataque Produção obtida

1 30 68 q/Ha
2 40 45 q/Ha
3 50 23 q/Ha
4 20 90 q/Ha
5 20 90 q/Ha

Neste caso podemos calcular que cada aumento de 10% da percentagem


de ataque determina uma diminuição de cerca 22-23 q/Ha de
produção. Portanto podemos estimar que sem pragas (quer dizer com

168
a luta) a produção deveria ser de cerca de 134 q/Ha. Conhecendo
estes dados podemos estimar nos anos seguintes a perda de produção
correspondente à percentagem de ataque calculada. Esta perda de
produção tem um valor que deve ser comparado com o custo da luta.
Se o custo da luta é menor do que o valor da perda de produção, a
luta é conveniente.

MONITORIA PARA APLICAÇÃO DE INSECTICIDAS

Os insecticidas devem ser aplicados sómente quando o nivel de


infestação das pragas atingir um certo limite, chamado Limiar
económico (LE). Para saber se o Limiar económico foi atingido ou
não é necessário fazer uma Monitoria, quer dizer estimar o nivel
de infestação da Praga. Se o agricultor usa armadilhas com
ferhormonas sexuais geralmente é suficiente contar o número de
machos atraídos em uma semana para saber se o LE foi atingido ou
não (por cada praga o número de machos que corresponde ao LE é
indicado nos documentos que acompanham as armadilhas ou se
encontra na literatura científica e em Internet). Se o agricultor
usa armadilhas luminosas ou outros tipos de armadilhas os dados do
LE se encontram na literatura científica e em Internet. Se o
agricultor não usa armadilhas, tem que encontrar na literatura
científica e em Internet os dados do LE e calcular directamente no
campo o nivel de infestação sobre as plantas. Neste último caso, o
agricultor deve observar algumas plantas ao acaso (tirando
amostras) e em cada planta contar o número de individuos
encontrados. O número de plantas que é necesario observar depende
do tipo de planta: por exemplo na cultura do algodoeiro, no sector
familiar, recomenda-se observar 24-25 plantas em cada campo,
escolhidas ao acaso. Por exemplo, segundo Sidumo (2006), o LE da
Lagarta rosada do algodoeiro (Pectinophora gossypiella) é de 6
ovos ou larvas em 24 plantas. Isto significa que o agricultor tem
que fazer regular monitoria e aplicar os métodos de luta quando
descobre que o LE foi atingido. Sob o LE não vale a pena fazer a
luta.

169
CAPÍTULO 2
LUTA CONTRA OS ÁCAROS
Os principais métodos de luta contra os ácaros são biológicos
e químicos.
LUTA BIOLÓGICA CONTRA OS ÁCAROS

Os inimigos naturais dos ácaros são sobretudo predadores. Há


ácaros predadores de ácaros e insectos predadores de ácaros.

Ácaros predadores de ácaros: são sobretudo as espécies da família


Phytoseiidae, que atacam sobretudo ácaros das famílias
Tetranychidae e Eriophyidae.

Insectos predadores de ácaros: são sobretudo larvas e adultos de


Coleoptera Coccinellidae: eles comem ovos, jovens e adultos de
ácaros. Também as larvas dos Neuroptera Chrysopidae e os jovens e
os adultos dos Hemiptera Miridae e Anthocoridae são predadores de
ácaros.

Na luta biológica utilizam-se ácaros e insectos predadores de


ácaros fitófagos. Nalguns casos eles são criados em biofábricas.

LUTA QUÍMICA CONTRA OS ÁCAROS

Os pesticidas utilizados na luta contra os ácaros são


chamados acaricidas.
Um acaricida geralmente não é eficaz contra todos os estádios
dos ácaros; de facto há acaricidas que matam só os ovos, aqueles
que matam só os jovens e aqueles que matam só os adultos. Alguns
acaricidas todavia são eficazes contra todos os estádios.
Os acaricidas têm um tipo de actividade contra os ácaros
semelhante àquela dos insecticidas contra os insectos.
Em Moçambique são sómente 3 os acaricidas registados:

1) Bromopropilate

É um acaricida de contacto eficaz contra ovos, jovens e


adultos de ácaros. Intervalo de segurança: 21 dias nos citrinos;
14 dias no tomateiro. DL50 oral: 5000 mg/Kg.

2) Propargite

É um acaricida de contacto eficaz contra jovens e adultos de


ácaros. Intervalo de segurança: 30 dias no milho; 14 dias na
batata reno; 7 dias no tomateiro e na beringela. DL50 oral: 2200
mg/Kg.

3) Óleo mineral

170
É um acaricida de contacto e asfíxia eficaz contra os ovos de
ácaros. Utilizado nos citrinos. DL50 oral: 4300 mg/Kg.

Um outro grupo de substâncias eficazes na luta contra os


ácaros fitófagos são os sabões (ler o capítulo sobre os sabões na
página 126).
RESISTÊNCIA DOS ÁCAROS

Os ácaros podem ficar facilmente resistentes aos acaricidas.


Portanto seria preciso mudar de vez em vez o princípio activo
utilizado. Em Moçambique todavia isto é dificil, porque o número
de acaricidas registados é muito baixo.
Alguns insecticidas, como o Carbaryl, aumentam a fecundidade
das fêmeas dos ácaros fitófagos. Portanto têm que ser utilizados
com muito cuidado nas zonas onde as infestações de ácaros
fitófagos são frequentes.

171
CAPÍTULO 3
LUTA CONTRA OS NEMÁTODOS
A luta contra os Nemátodos é muito dificil. Geralmente são
utilizados métodos agronómicos de luta (sobretudo a rotação e a
interrupção da cultura).
A luta contra os Nemátodos é muito dificil em qualquer país
do mundo, mas em Moçambique é mais dificil porque não há
nematocidas registados (os nematocidas são produtos químicos
utilizados na luta contra os nemátodos).
O produto químico mais eficaz contra os Nemátodos é o Brometo
de metilo, utilizado para aplicações gasosas no solo, mas também
nos armazéns (ver a luta química contra as pragas dos armazéns).
Todavia, na maioria dos países do mundo o uso do Brometo de metilo
já foi proibido.
Outra informação sobre a luta contra os Nemátodos se pode
encontrar no capítulo acerca dos Nemátodos no volume 3.

172
CAPÍTULO 4
LUTA CONTRA AS AVES
A única ave que em Moçambique é considerada uma praga é o
Pardal de bico vermelho (Quelea quelea), que causa prejuizos
sobretudo nos campos de arroz.

LUTA CONTRA O PARDAL DE BICO VERMELHO

O único método de luta eficaz é a pulverização aérea em áreas


de nidificação e pernoita. A distribuição tem que ser feita
durante a noite, porque durante o dia as aves voam e comem nos
campos. Durante a noite ao contrário estão todas juntas.
Inconveniente importante é o grande risco para o piloto, que
faz voo nocturno rasante em mata.
Se o piloto tem que ver a área onde tem que ser feita a
pulverização, precisa que se deslocam homens a pé com lanternas na
área de distribuição.
O principal avicida utilizado é o seguinte:

Fenthion (ou fentião): é um avicida – insecticida fosforgánico.


DL50 oral: 190 mg/Kg. Intervalo de segurança: 28 dias.

Naturalmente se os locais de pernoita e de nidificação estão


perto de estradas ou casas, pode-se utilizar um atomizador para
pulverizar o avicida.
Além da pulverização aérea há outros métodos de luta que
podem ser utilizados:

1) estabelecimento de faixas de mapira, em bordadura, nas lavras


de arroz; as variedades têm que ser precoces; eles têm que ser
envenenadas com um avicida (como o Fenthion) ou estricnina por
immersão ou pulverização (25 g de estricnina para 50 litros de
água).

2) Aplicação de iscos enevenenados com estricnina; por exemplo


pode ser utilizado uma isca de trinca de arroz (15 Kg), sulfato de
estricnina (25 g), bicarbonato de sódio (2 colheres), goma de
ámido das lavadeiras (1 colher); a estricnina tem que ser
dissolvida em cerca de 1 litro de água quente, a que se junta o
bicarbonato de sódio e a goma; em seguida se adiciona a água
suficiente para humedecer bem a trinca de arroz.

3) Semear o arroz cedo (Outubro – Novembro) com variedades de


ciclo curto, para evitar que a cultura amadureça na época de maior
abundância de pássaros (Maio – Julho).

4) Usar bandeirolas brancas de, pelo menos, 50 cm X 50 cm, numa


densidade de 10 ou mais por hectare.

173
5) Se possível utilizar chapas reluzentes de alumínio ou lata de
50 cm X 6 cm, à altura de 35 cm (penduradas em paus), as quais
oscilando com o vento lançam reflexos por todo o campo (10 chapas
por hectare).

6) Instalar pelo menos dois guarda-pássaros (pessoas para


afugentar os pássaros) por hectare, nas áreas mais susceptíveis ao
ataque. Essas áreas são as que se situam ao lado dos canais e
caniçados, nas machambas onde há mais capim, nos campos que
alcançam primeiro a maturação e nos últimos campos a amadurecer na
zona. Os guarda-pássaros devem ficar na machamba pelo menos nas
horas de maior actividade dos pássaros, ou seja, das 05.45h até às
09.30h e das 15.00h às 17.30h. Quanto mais grave fôr o som do
barulho (por exemplo bater tambores), maior efeito se obtem.

7) Avisar as entidades oficiais logo que se encontre um local de


pernoita dos pássaros ou de nidificação. Para a localização rápida
desses locais é indispensável a participação da população local e
uma boa articulação com a equipa técnica de combate.

174
CAPÍTULO 5
LUTA CONTRA OS ROEDORES
Os principais roedores que são considerados pragas em
Moçambique são os ratos.
Existem dois tipos de ratos, os Ratos do campo e os Ratos
domésticos (Segeren, 1985)

LUTA CONTRA OS RATOS DO CAMPO

O combate aos ratos do campo pode ser eficaz só se for


efectuado numa grande área, pelo menos 1000 hectares. Isto deve-se
à migração dos ratos dos terrenos não tratados para os campos
agrícolas. Por isso, o combate aos ratos do campo tem que ser uma
actividade colectiva ou empresarial (nunca individual).
No combate aos ratos do campo há meios preventivos e
campanhas de combate.
Os principais meios preventivos são os seguintes:

1) Protecção dos inimigos dos ratos, sobretudo os predadores (os


mochos e as cobras sobretudo). Matar só as poucas cobras venenosas
e não as espécies não venenosas. Dar oportunidade aos mochos para
fazer ninhos, por exemplo nos celeiros das empresas agrícolas.

2) Colocação de ratoeiras. Há diferentes tipos de ratoeiras: as


ratoeiras de mola e de gaiola não são práticas, porque têm que ser
utilizadas 25 a 50 por hectare durante todo o ano. O melhor tipo
de ratoeira é constituído por uma lata de 25 litros, sem tampa,
completamente enterrada no solo, com o bordo superior ao nivel
deste, tendo no fundo 10 litros de água. Ao lado do bordo superior
distribue-se milho pilado e torrado ou misturado com 5% de melaço
para atrair os ratos. Os ratos, atraidos pela isca, caem na lata e
morrem afogados. Em vez de latas, pode-se utilizar um outro
recipiente com as paredes interiores lisas, por onde os ratos não
podem trepar. Os ratos e a água devem ser despejados das ratoeiras
todos os dias de manhã cedo, sendo a água renovada para que não
persista o cheiro dos ratos mortos.

3) Redução dos lugares bravios, onde podem ser escavados os


buracos no solo, nos quais vivem os ratos.

4) Eliminação das infestantes, para reduzir a nidificação.

5) Eliminação dos grandes diques com muitas ervas, que dão bons
abrigos (pequenos diques limpos são menos favoráveis).

6) Protecção das sementeiras. Para afastar os ratos das


sementeiras, pode-se misturar a semente com óleo de piri-piri: 20
ml por Kg de semente.

175
A campanha de combate faz-se sobretudo com meios químicos,
utilizando produtos químicos chamados raticidas.
Há 3 tipos de raticidas:

1) Anticoagulantes: são produtos que não fazem coagular o sangue,


porque reduzem a disponibilidade da vitamina K no fígado. Os ratos
morrem a causa de pequenas perdas de sangue interiores.
Os principais anticoagulantes registados em Moçambique são os
seguintes:

Brodifacoum (ou Brodifacume): DL50 oral: 0.27 mg/Kg

Coumatetralyl: DL50 oral: 16.5 mg/Kg

Os anticoagulantes são raticidas crónicos (de acção crónica,


porque não matam os ratos dentro de 24 horas). Nos raticidas
crónicos a dose letal é tomada antes que se manifesta nos ratos o
problema do retraimento (os ratos ficam difidentes e não comem
mais o alimento envenenado). Os anticoagulantes só são os
raticidas mais eficazes. Os ratos morrem depois de 4-8 dias.

2) Raticidas de acção aguda: são produtos que matam os ratos


dentro de 24 horas. Com estes produtos manifesta-se nos ratos o
problema do retraimento: os ratos, se não morrem logo, não comem
mais o alimento envenenado. Um outro inconveniente dos raticidas
de acção aguda é a alta toxicidade para outros animais e para o
homem. Nos anticoagulantes, ao contrário, a acção é muito lenta e
há tempo para dar o antidoto (que é a vitamina K1).
Não há raticidas de acção aguda registados em Moçambique.

3) Insecticidas: também os insecticidas podem ser utilizados no


combate aos ratos. Eles têm que ser utilizados com percentagens de
insecticida 10-20 vezes mais altas do que o normal. Então são
muito tóxicos. Também com os insecticidas manifesta-se o problema
do retraimento (depois 1-2 semanas, se não morrem, os ratos não
comem mais o alimento envenenado). Qualquer tipo de insecticida
pode ser utilizado. É preciso misturar a isca com 5% de melaço
para disfarçar o cheiro do insecticida. É preciso também recolher
e destruir todos os ratos mortos.

Os raticidas têm que ser utilizados para envenenar iscas.


Há iscas comerciais são já preparadas, mas são muito
costosas. As iscas podem ser também preparadas pelos mesmos
camponeses. Os diferentes tipos de iscas são os seguintes:

a) 9800 g de arroz quebrado ou de mapira; 200 ml de óleo vegetal;


500 g de anticoagulante.

b) 9800 g de mapira molhada (molhada durante uma noite e ainda


húmida) ou 9800 g de coco ralado bem seco; 500 g de
anticoagulante.

176
c) 10 Kg de batata doce em pedaços de 1 cm³ (no caso de usar aquí
um anticoagulante, é necessario secar os bocados de batata doce
durante um dia ao sol); 500 g de anticoagulante.

Se utiliza-se um anticoagulante para envenenar as iscas, é


preciso controlar os postos de aplicação de 3 em 3 dias e
acrescentar sempre isca até que esta deixe de ser comida. Isto é
muito importante: uma campanha incompleta com anticoagulantes não
mata os ratos, mas engordá-los !!
É também importante distribuir as iscas nos campos sobretudo
onde os buracos no solo são mais densos.
É também importante proteger as iscas, não só contra as
chuvas, mas sobretudo porque os ratos têm medo de andar e de comer
nos campos abertos, sem protecção contra os inimigos naturais,
especialmente os mochos. As iscas então têm que ser escondidas sob
folhas, sacos, abrigos; as iscas têm que ser colocadas por baixo
das plantas. Então é dificil que outros animais (pássaros, cães,
cabritos) podem encontrar a isca e comê-la.

LUTA CONTRA OS RATOS DOMÉSTICOS

No combate aos ratos domésticos há meios preventivos e


campanhas de combate.
Os principais meios preventivos são os seguintes:

1) O armazém deve ser completamente limpo antes do armazenamento


de produtos alimentares.

2) O armazém não deve ter um buraco onde os ratos possam esconder.

3) As portas dos armazéns devem ficar completamente fechadas (as


entradas com mais de 1 cm² devem ser fechadas com cimento, barro,
rede metálica).

4) Contra os ratos dos telhados os ramos das árvores próximas das


paredes do armazém devem ser podados. Cuidado também aos fios
eléctricos (usar uma chapa cónica para dificultar esta entrada).

5) Para proteger os celeiros tradicionais, podem-se proteger os


postes com chapa, sempre de altura de, pelo menos, 60 cm.

6) Dentro dos armazéns, é necessário amontoar os sacos de modo a


facilitar a sua inspecção (nunca amontoar contra as paredes).

A campahna de combate pode-se fazer nas seguintes maneiras:

1) Alojar um gato no armazém.

2) Utilização de ratoeiras. As ratoeiras devem ser colocadas de


preferência nos trajectos habituais dos animais, encostadas às
paredes, em ângulo recto e de forma que a isca fique do lado da
parede. Para os ratos grandes aconselham-se iscas de pedaços de

177
chouriço ou de gordura; para o rato dos telhados fruta seca. O
manuseamento das iscas e das ratoeiras deve ser feito com mãos
lavadas, para se evitar a transmissão do cheiro da transpiração
humana, facilmente perceptível pelos ratos. As ratoeiras devem ser
bem limpas com água quente, operação que se repetirá sempre que um
rato tenha caido na ratoeira.

3) Uso de raticidas. Os raticidas são os mesmos já indicados para


o rato do campo. Eles podem ser aplicados em 3 maneiras:

a) misturados com isca. As iscas e as precauções são as mesmas já


indicadas para o rato do campo. As iscas devem ser colocadas nos
trajectos habituais dos animais e colocadas dentro de tubos de
bambú, cimento ou plástico, ou dentro de caixas de papelão, com
entradas de 8-10 cm. De 3 em 3 dias deve-se controlar a isca
colocada e mudá-la se tiver criado bolor, ou acrescentar mais isca
se tiver sido comida.

b) dissolvidos em água. O raticida (sempre de tipo coagulante)


deve ser líquido e deve ser dissolvido na água com a mesma
concentração que nas iscas. Os ratos, que têm necessidade de água,
bebem a água envenenada. Para o rato caseiro, que bebe muito
pouco, este modo de aplicação dá resultados menos favoráveis do
que com ratos maiores.

c) em pó. Os raticidas em pó devem ser lançados nos trajectos dos


ratos, onde se prendem às patas e aos pelos. Quando os ratos (na
sua limpeza habitual) lambem as partes do corpo contaminadas,
ficam intoxicados. Os raticidas devem ser aplicados so lado das
paredes, onde os ratos andam habitualmente.

178
ÍNDICE ALFABÉTICO DOS NOMES CIENTÍFICOS

Abdómen 61 Antena pectinada 21

Acaricida 100, 170 Antena plumosa 24

Ácaros 170 Antena serrilhada 24

Acetato de amile 129 Antena setácea 24

Acetilcolina 130 Antena verticilada 24

Ácido bórico 121 Anthocoridae 170

Actinomicetes 92 Antibiosis 93

Adesivos 101 Anticoagulantes 176

ADI 119 Aorta 72

Adubação 95 Aparelho genital externo


masculino 67
AE 105
Apidae 15
Agromyzidae 111, 112
Apoanagyrus lopezi 90
Agrotis 102, 103
Apocrita 62, 63
Aleyrodoidea 115
Áptero 61
Aluminium phosphurete 129
Arachnida 8
Anoplura 37, 78, 79
Área estridulatória 60
Antena 15
Argila 101
Antena aristada 15
Arista 15
Antena bipectinada 21
Armadilhas coradas 99
Antena capitada 15
Armadilhas luminosas 99
Antena clavada 15
Arólio 43
Antena filiforme 15
Arthropoda 8
Antena geniculada 15
Asa 52
Antena lamelada 15
Aschersonia aleyrodis 92
Antena moniliforme 15
179
Atmosfera sem oxigênio 99 Bombas de aerosol 105

Atomizadores 140 Brachíptero 61

Attapulgite 102 Brachycera 15, 37, 41, 85

Autoclave 149 Brodifacoum 176

Avermectinas 92 Brodifacume 176

Aves 173 Brometo de metilo 129, 172

Avicida 100 Bromopropilate 170

Azadirachta indica 123 Cabeça 12

Azadiractinas 123 Cabeça ectognata 31

Azotados 128 Cabeça entognata 31

B 102, 104 Cabeça epignata 28

Bacillus thuringiensis 90, 91 Cabeça hipognata 28

Bacillus thuringiensis Cabeça metagnata 28


israelensis 90
Cabeça prognata 27
Bacillus thuringiensis
kurstacki 90, 91 Caelifera 28, 29, 55

Bacillus thuringiensis Calda 104


tenebrionis 90
Calibração 109
Bactéria 90
Calliphoridae 96
Bactrocera 95
Calor 96
Bactrocera cucurbitae 96
Calor húmido 96
Beauveria bassiana 92
Calor seco 96
Beauveria brongnartii 92
Câmara 72
Bioacumulação 125
Campanha de combate aos ratos
Biborato de sódio 121 do campo 175

Biofábrica 89 Campanha de combate aos ratos


domésticos 177
Blattidae 44
Canal alimentar 69
Blattodea 30, 31, 44, 78, 103

180
Carabidae 15, 27 Cicadidae 5

Carbamados 127, 130 Classes de toxicidade 118

Carbaryl 127 Clava 15

Carbofuran 127 Clípeo 37

Cardo 31 Clorados 125, 130

Caseína 101 Coccidae 60

Catametabolía 80 Coccinellidae 15, 48, 170

Cefálico-faríngeo 37 Coccoidea 79

Celoma 72 Cochliomyia hominivorax 96,


97, 98
Célula 53
Colas 101
Cerambycidae 66, 67, 81, 100
Coleoptera 15, 20, 21, 24,
Ceratitis capitata 81, 96 25, 26, 27, 30, 46, 54, 55,
58, 62, 66, 67, 78, 80, 81,
Cerco 64 83, 84, 89, 90, 91, 92, 99,
100, 123, 125, 170
Cerda 11
Colheita directa 100
Chalcidoidea 52
Colheita indirecta 100
Chelicerata 8
Colinesterase 130
Chilopoda 8
Collembola 31, 62
Chinaberry-tree 123
Compostos de ácido carbámico
Chlorfenvinphos 127 127

Chlorpiriphos 127 Compostos de arsênico 121

Chrysanthemum 122 Compostos de azoto 128

Chrysanthemum cinerariifolium Compostos de boro 121, 130


122
Compostos de cloro 125
Chrysomela 81
Compostos de enxofre 121
Chrysomelidae 15, 24
Compostos de fluor 121
Chrysopidae 52, 170
Compostos de fósforo 126
Cicadellidae 24, 93

181
Compostos de zinco 121 Diplura 31

Consociação 95 Diptera 15, 17, 23, 24, 31,


34, 35, 37, 41, 57, 59, 62,
Coração 72 66, 67, 80, 81, 83, 85, 89,
96, 111, 112
Corpora allata 76
Distribuidores de grânulos
Corpus allatum 76 146

Coumatetralyl 176 Distribuidores de grânulos


mecânicos 146
Coxa 43
Distribuidores de grânulos
Criolite 121 pneumáticos 148

Crustacea 8 DL50 118

Curculionidae 15, 25, 78, 83 DNC 124

Curtume das sementes 102 DNOC 124

Cutícula 10 Dose Letal 118

Cyfluthrin 128 Doses diárias aceitáveis 119

Cyhalothrin 128 DP 102

Cypermethrin 128 DS 102

DDVP 94 Ducto deferente 74

Deltamethrin 128 Ducto ejaculatorio 74

Dermaptera 30, 31, 58, 64, 79 Dytiscidae 51

Derris 123 EC 105

Deuteromicetes 92 Ecdisone 76

Diazinon 126 Ectognato 31

Dibrometo de metilo 129 Ectoparasita 88

Diflubenzuron 128 Elateridae 21, 24

Dimetoato 127 Élitro 54

Dinitrocresolo 124 Empoasca facialis 93

Diplopoda 8 Empódio 49

182
Emulsivos 101 Escutelo 42

Emulsões concentradas 105 Escuto 42

Encephalartos ferox 5 Esófago 69

Encyrtidae 90 Espermateca 74

Endocutícula 10 Espinho 11

Endoesquéleto 12 Estádio 76

Endometatóxico 119 Estigma 73

Endoparasita 88 Estipe 31

Endosulfão 125 Estomodeu 69

Endosulfan 125 Estricnina 173

Ensifera 9, 12, 19, 27, 30, Eterometabolía 79


45, 50, 60, 64, 65
Exocutícula 10
Entognato 31
Exoesquéleto 12
Entomófago 88, 89
Exúvia 76
Entomólogo 89
Faceta 12, 14
Epicutícula 10
Falsas patas 64
Epiderme 10
Faringe 69
Epignata 28
Farinha 101
Equilíbrio biológico 89
Fécula 101
Eriophyidae 170
Fémur 43
Escama 11
Fenitrothion 127
Escapo 15
Fenthion 173
Esclerito 11
Fentião 173
Esclerosação 10
Fenvalerate 127
Escolha da cultivar 95
Ferhormonas sexuais 94
Escolha de variedades 95
Fitófago 28, 89
Escôvas 100

183
Fitomizo 37 Fumágina 37

Fitotoxicidade 115, 116 Fungicida 100

Fitotoxicidade aguda 115, 116 Fungos 92

Fitotoxicidade aguda FW 104


extrínseca 116
G 102
Fitotoxicidade aguda
intrínseca 116 Gálea 31

Fitotoxicidade crónica 115, Galeria em forma de praça 112


117
Galeria mista 112
Flagelo 15
Garra 43
Floemomizos 110
Garrafas 100
Fluosilicato de bário 121
Gelatina 101
Fórmula de Townsend e
Heuberger 167 Gelechiidae 96

Formulado comercial 101 Gena 39

Formulados para aplicações Geometridae 63, 64


aerosol 105
Glândulas acessórias 74
Formulados para aplicações
especiais 105 Glândula protorácica 76

Formulados para aplicações Glossa 31


líquidas 104
Glossina austeni 96
Formulados para aplicações
secas 101 Glossinidae 96

Formulados para injecção Goma arâbica 101


dentro dos troncos das árvores
105 Grânulos 102

Fosfina 129 GV 91

Fosforados 126, 130 Haltere 59

Fosforeto de zinco 121 Helicoverpa 91

Fosfureto de alumínio 129 Helicoverpa armigera 91

Fronte 37 Hemélitro 60

184
Hemiptera 24, 37, 38, 46, 48, Insecta 8
59, 60, 62, 64, 79, 80, 93,
115, 170 Insectário 99

Hemolinfa 72 Insecticida 100, 176

Herbicida 100 Insecticidas citotrópicos 111

Heteroptera 46, 59, 62 Insecticidas de asfixia 110

Heterorhabditis 91, 92 Insecticidas de contacto 110

Hidrogénio enxofrado 130 Insecticidas de inalação 110,


129
Hipermetabolía 80
Insecticidas de ingestão 110
Hipofaringe 28, 31
Insecticidas endometatóxicos
Hipognata 28 119

Hormona da muda 76, 94 Insecticidas inorgánicos 121

Hormona juvenil 76 Insecticidas orgánicos 122

Hormonas 94 Insecticidas orgánicos de


origem animal 123
Hormonas das metamorfoses 94
Insecticidas orgánicos de
Hospedeiro 89 origem mineral 124

Hymenoptera 15, 21, 30, 31, Insecticidas orgánicos de


32, 33, 44, 52, 54, 62, 63, origem vegetal 122
64, 67, 80, 81, 83, 84, 89,
90, 91, 99 Insecticidas orgánicos de
síntese 124
Idade 76
Insecticidas selectivos 113
IGR 94
Insecticidas sistémicos 110
Inactivação dos pesticidas
116 Insecticidas translaminares
112
Incompatibilidade física 116
Insectífugo 100
Incompatibilidade química 116
Insectos 8
Injector 105, 149
Insectos mineiros 111
Inoculação 90
Intervalo de segurança 120
Insect Growth Regulators 94
Intestino anterior 69

185
Intestino médio 70 Lavoura 95

IPM 114 LE 169

Iscas 102 Lepidoptera 15, 17, 21, 22,


23, 30, 36, 37, 56, 59, 63,
Iscas líquidas 103, 104 64, 67, 79, 80, 81, 82, 83,
84, 90, 91, 92, 93, 96, 102,
Iscos 102 103, 123

Isoptera 31, 54, 79 Lígula 33

Labela 35 Limacida 100

Lábio 28, 31 Limiar económico 169

Labro 28, 31 Limites de tolerância 119

Lacas insecticidas 108 Limites máximos de residuos


tolerados em alimentos 119
Lacinia 31
Líquido de muda 76
Lambda-Cyhalothrin 128
Longocharpus 123
Lambedor-sugador 31
Lucanidae 15, 25, 26
Lambedor-chupador 31
Lumbriconereis heteropoda 123
Larva 79, 80
Luta agronómica 95
Larva ápode 83
Luta autocida 96
Larva ápode alongada 83
Luta biológica 88, 170
Larva ápode cirtosomática 83
Luta biológica artificial 88,
Larva eruciforme 80 93, 94

Larva madura 80 Luta biológica clássica 88

Larva oligópode 80 Luta biológica moderna 88,


93, 94
Larva oligópode campodeiforme
80 Luta contra o pardal de bico
vermelho 173
Larva oligópode cirtosomática
83 Luta contra os ácaros 170

Larva oligópode escarabeiforme Luta contra os nemátodos 172


83
Luta contra os ratos do campo
Larva polípode 80 175

186
Luta contra os ratos
domésticos 177 Mastigador 30

Luta de massa 95 Mastigador-lambedor 31

Luta física 96 Maxila 28, 31

Luta guiada 114 Meios preventivos no combate


aos ratos do campo 175
Luta integrada 114
Meios preventivos no combate
Luta mecânica 100 aos ratos domésticos 177

Luta química 100, 170 Melia azadirach 123

Luta química por calendário Meliaceae 123


114
Meloidae 80
Luz 99
Membrana basal 10
Lygaeidae 44
Membrana peritrófica 70
Malathion 127
Mento 31
Mallophaga 30, 31, 79
Mesêntero 70
Mandibolata 8
Mesonoto 42
Mandíbula 28, 31
Mesopleura 42
Mantodea 30, 31, 55, 79
Mesosterno 42
Máquinas a alto volume 138
Mesotórax 42
Máquinas a baixo volume 140
Metagnata 28
Máquinas a médio volume 138
Metamidophos 127
Máquinas a ultra baixo volume
142 Metamorfose 76

Máquinas electrodinámicas 142 Metamorfose completa 79

Máquinas para aplicação de Metamorfose simples 79


líquidos e pós 131
Metanoto 42
Máquinas para aplicação de gás
149 Metapleura 42

Marca 101 Metasterno 42

Margosa 123 Metatórax 42

187
Metarhizium anisopliae 92 Nereistossina 123

Método da confusão 94 Nervura 53

Método de inoculação 90 Neuroptera 30, 52, 80, 84,


89, 170
Método de propagação 90
Nicotiana 122
Microcápsulas 104
Nicotiana glutinosa 122
Micróptero 61
Nicotiana macrophylla 122
Miridae 170
Nicotiana rustica 122
Misturas incompatíveis 116
Nicotiana tabacum 122
Misturas integradas 116
Nicotina 122, 131
Misturas sinérgicas 116
Ninfa 79
Molhantes 101
Noctuidae 64, 102, 103
Monitoria para aplicação de
insecticidas 169 Nome comum 101

Monocrotophos 126 Notiophilus 81

Muda 76 Noto 42

Muscidae 62 NPV 91

Naftalina 100, 129 Occipicio 37

Neem-tree 123 Ocelo 14

Nemathelmintes 91 Odonata 14, 31, 45, 52, 53,


62, 64, 79
Nematocera 24
Ofionomio 111
Nematocida 100
Ofio-stigmatonomio 112
Nemátodos 91, 172
Óleos activados 124
Neoaplectana 92
Óleos amarelos 124
Neoaplectana carpocapsae 91
Óleos brancos 124
Neoaplectana feltiae 91
Óleos minerais 124, 130, 170
Neometabolía 79
Óleos pretos 124
Neotenina 76, 94

188
Olho composto 12 Parasita 88, 89

Olho simple 14 Parasita verdadeiro 89

Olometabolía 80 Parasitoide 89

Omatídio 12 Pardal de bico vermelho 173

Ooteca 74 Pastilhas 102

Órgãos pulsateis 73 Pata 43

Orthoptera 9, 12, 19, 27, 28, Pauropoda 8


29, 30, 31, 45, 49, 50, 55,
58, 60, 62, 64, 65, 67, 79, Peças bucais 27
102, 103, 121
Peças bucais de tipo cefálico-
Óstio 72 faríngeo 37

Ostrinia nubilalis 93 Peças bucais de tipo


mastigador 30
Ovário 74
Peças bucais de tipo
Oviducto 74 mastigador-lambedor 31

Oviducto comum 74 Peças bucais de tipo lambedor-


sugador 31
Ovipositor 64
Peças bucais de tipo lambedor-
Ovipositor de substituição 67 chupador 31

Ovipositor típico 67 Peças bucais de tipo


perfurador-chupador 37
Ovissaco 74
Peças bucais de tipo
Palpo labial 31 perfurador-sugador 37

Palpo maxilar 31 Peças bucais de tipo sugador


35
Pantopoda 8
Pecíolo 63
Papilionidae 15
Pectinophora gossypiella 96,
Papo 69 169

Paradiclorobenzol 129 Pedicelo 15

Paraferomonas 95 Pedúnculo 63

Paraglossa 31 Pellets 102

Parámero 67 Pénis 67

189
Pentaclorofenol 129 Poder abatente 122

Percentagem de ataque 167 Polisulfuretos 121

Perfurador-chupador 37 Polisulfuretos de bário 121

Perfurador-sugador 37 Polisulfuretos de cálcio 121

Período de segurança 120 Polvilhação húmida 146

Persistência 119 Polvilhadores 143

Pesticida 100 Polvilhadores pneumáticos 143

Pesticidas medianamente Pós-mento 31


persistentes 120
Pós húmidos 146
Pesticidas muito persistentes
120 Pós misturaveis com agua 104

Pesticidas pouco persistentes Pós molhaveis 104


120
Pós polvilháveis 102
Phasmodea 31, 55, 79
Pós secos 102
Phenacoccus manihoti 90
Predador 28, 88, 170
Phosphamidon 126
Pré-mento 31
Phytoseiidae 170
Prepupa 79
Picrasma 123
Presa 88
Piretrinas 122, 130
Pretarso 43
Piretroides 122, 127
Princípio activo 101
Pirimicarb 127
Proctodeu 71
Pirimiphos-methyl 126
Profenophos 126
Plantas resistentes 93
Prognata 27
Plantas transgénicas 91
Pronoto 42
Plasmomizos 111
Propagação 90
Platygaster 81
Propargite 170
Pleura 42
Propleura 42
Plusiinae 64

190
Prosterno 42 Quelea quelea 173

Protórax 42 Quitina 10

Protura 61, 62 Radiações 96

Proventrículo 69 Raticidas 176, 178

Pseudoametabolía 79 Ratoeiras 175, 177

Pterostigma 53 Ratos do campo 175

Pulverizadores 131, 132 Ratos domésticos 177

Pulverizadores a pressão de Resinas 101


jacto projectado 132
Resistência dos ácaros 171
Pulverizadores a pressão de
jacto transportado 138 Resistência verdadeira 93

Pulverizadores a pressão do Rodenticida 100


líquido 131
Roedores 175
Pulverizadores mecânicos 131
Rostro 37
Pulverizadores pneumáticos
140 Rotação 95

Pulvilo 43 Rotenona 123

Pupa 79, 80, 83 Sabão 101, 128

Pupa anoica 85 Sabões 101, 128, 171

Pupa coarctata 84 Saliência 12

Pupa evoica 85 SC 104

Pupa exarata 84 Scarabaeidae 15, 20, 44, 50,


83
Pupa obtecta 83
Sclerotina 10
Pupário 85
Scolytidae 99, 100
PV 91
Screwworm 98
Pyralidae 93
Scutellerinae 44
Quassia 123
SCW 105
Quassinas 123
SDS 128

191
Selectividade 90
Suspensões concentradas 104
Sementeira 95
Sutura 11
Sesiidae 56
Symphyta 62, 63, 64, 80, 91,
Silex 101 99

Silvanidae 15 Synphyla 8

Sinérgicos 101 Tábuas de compatibilidade 116

Siphonaptera 30, 37, 80, 84 Talco 101

Sistema circulatório 71 Tarso 43

Sistema digestivo 69 Tégmina 55

Sistema escretor 69 Tegumento 10

Sistema reprodutor 74 Tenebrionidae 15

Sistema respiratório 73 Tephritidae 23, 66, 67, 96

SL 105 Tephrosia 123

Sodio-diottil-sulfosuccinato Testículo 74
128
Tetranychidae 113, 170
Soluções concentradas 105
Thysanoptera 37, 54, 56, 64,
Sphecidae 44 79, 99, 121

Sterno 42 Tíbia 43

Stigmatonomio 112 Tingidae 128

Streptomyces antibioticus 92 Tolerância 93

Streptomyces avermitilis 92 Tórax 42

Submento 31 Toxicidade aguda para o homem


e os vertebratos 117
Subpupa 79
Toxicidade crónica para o
Substâncias coadjuvantes 101 homem e os vertebratos 117,
118
Substâncias inertes 101
Toxicidade para o homem e os
Sugador 35 vertebratos 117

Suspensivos 101 Traquéia 53, 73

192
Traquéola 73 Verdadeiras galerias 111

Trichlorfon 126 Vértice 37

Trichoptera 56 Verticillium lecanii 92

Trocanter 43 Virus 91

Túbulos de Malpighi 71 Virus granulosus 91

Turbinas 138, 140 Virus poliédrico nuclear 91

ULV 142 Virus poliédricos 91

Uroesterníto 63 WP 104

Urotergíto 63 Xenorhabdus nematophilus 91

Valva 64 Xilemomizos 110

Vaso sanguíneo 72 Xiphosura 8

Verdadeira resistência 93

193

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