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Autor: Bruno Ricardo Scopel

Cultivo super intensivo de camarões marinhos sem renovação de água

Introdução

Estudos do International Food Policy Research Institute – IFPRI estimam que a


carência de proteína animal até o ano 2020, representa o grande desafio na área da
alimentação humana (IFPRI, 2002). Uma das formas mais saudáveis de proteína é a
oriunda de peixes e crustáceos. Entretanto, é reconhecido em nível mundial que a
captura marinha se encontra no limite da exploração sustentável, com algumas
variedades de peixes já decrescentes, e que o necessário crescimento da produção, para
atender o consumo, irá depender, cada vez mais, da aqüicultura, isto é, do cultivo de
peixes, crustáceos e moluscos. As condições dos mares e das águas interiores serão
reproduzidas em laboratórios de larvicultura e fazendas de engorda para a produção
intensiva do camarão. Esta proposição, revolucionária há apenas cinqüenta anos, é hoje
uma realidade (Sampaio e Couto, 2003).
Segundo Seiffert et al. (2006), o cultivo de camarões (carcinicultura) vem
crescendo de forma bastante acelerada em diversos países ao redor do mundo, onde
cerca de 30% dos camarões consumidos são provenientes de cultivo.
Entretanto diversos fatores entravam o desenvolvimento da carcinicultura, entre
eles os aspectos ambientais do cultivo, como a dificuldade de se obter licenças
ambientais dos órgãos responsáveis para instalação dos empreendimentos, pressão e
acusações exacerbadas, de organizações não governamentais (Ongs) contra o cultivo de
camarões as vezes vinculada à mídia, gerando preconceito e desconfiança da população.
Isso tudo é gerado principalmente pelas grandes áreas utilizadas pela carcinicultura para
os cultivos e pela grande carga de efluentes gerados durante todo o ciclo para as
renovações de água e no final do ciclo (despesca), ocupação de sistemas costeiros
alagados, destruição dos manguezais, alteração de fluxos hidrológicos em estuários,
introdução de espécies exóticas, poluição química e orgânica e que acabam sendo
usados como argumento pelos ambientalistas.
Um outro importante fator que vêm ocasionando enormes perdas econômicas no
setor é o aparecimento de diversas doenças nos cultivos, principalmente na Ásia,
América Central e América do Sul (Bufford et .al, 2002).
O agravamento para a disseminação de enfermidades ocorre principalmente
pelas baixas qualidades da água dos cultivos, ocorridos pela má administração no
manejo dos parâmetros físico-químicos da água e da alimentação dos animais,
ocasionado um excesso de matéria orgânica no ambiente, conseqüentemente uma água
“poluída” e de baixa qualidade para os camarões.
O contato com o ambiente externo e animais selvagens também são importantes
vetores de doenças. Os sistemas de cultivos abertos determinam a entrada (inputs) e
saída (outputs) de diversos tipos de matéria e energia, desta forma a preocupação não é
somente com que entra nos sistemas de cultivo, mas também com o que sai, pois cedo
ou tarde os elementos eliminados voltarão a entrar no sistema, com efeitos geralmente
imprevisíveis (Arana, 2004).
De acordo com Seiffert e Beltrame (2006), no Brasil duas enfermidades
abalaram a indústria nos últimos anos o vírus NIM da Mionecrose Infecciosa Muscular
(IMNV em inglês) disseminado nos cultivos da região Nordeste e o vírus da Mancha
Banca (WSSV) disseminado nos cultivos de Santa Catarina. Por conta dessas
enfermidades, o Brasil perdeu a liderança mundial em termos de produtividade e perdeu

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cerca de 40 mil toneladas entre 2003 e 2005. Em Santa Catarina, de 1600 hectares de
viveiros existentes, apenas 200 não foram atacados pelo vírus da Mancha Branca,
somando um prejuízo de 6 milhões de reais.

Então, partindo deste ponto de vista e a fim de incrementar a produção, diminuir


os impactos ambientais, aumentar a biossegurança e continuar o desenvolvimento da
carcinicultura de forma sustentável, um novo sistema de cultivo vem sendo
desenvolvido, o cultivo super intensivo em sistemas heterotróficos com mínima ou
nenhuma troca de água (sistema fechado).
A tecnologia dos sistemas fechados, heterotróficos sem renovação de água foi
desenvolvida principalmente no início dos anos 90 na Waddel Mariculture Center,
Estados Unidos (Hopkins et. Al., 1993; Sandifer e Hopkins, 1996) e alguns anos depois
foi modificada e adaptada para produções comerciais em Belize, América Central
(Burford et al., 2002), e também em alguns países da América do Sul, como Peru e
Equador.
Este tipo de sistema de cultivo vem chamando a atenção e sendo estudado por
diversos pesquisadores ao redor do mundo principalmente por ser um sistema fechado
sem renovação de água, o que o faz ser mais ambientalmente amigável, biosseguro
(menos propício a contaminação de patógenos) e realizado em altas densidades, obtendo
maiores índices de produtividade, se comparado com os sistemas tradicionais de cultivo.
E deverá ser um sistema aqüicola usado futuramente (Boyd e Clay, 2002).
Entretanto, pesquisadores alertam que muita cautela se deve ter antes de
implantar este tipo de cultivo, pois ainda pouco se conhece sobre a eficiência do sistema
e sua viabilidade econômica, onde diversas pesquisas devem ser realizadas e lacunas
preenchidas para o efetivo sucesso dos cultivos em meios heterotróficos (Avinimelech,
2002).

Os flocos microbianos

O sistema super intensivo heterotrófico segundo Wasielesky, (2006), está


baseado na produção de uma biota predominantemente aeróbica e heterotrófica
(organismos incapazes de sintetizar o próprio alimento e necessitam oxigênio para
sobreviver), chamados de flocos bacterianos. Os flocos bacterianos servem como
suplemento nutricional aos camarões, diminuindo a quantidade de proteínas na ração e
conseqüentemente reduzindo os custos. Além de que as bactérias presentes nos flocos
assimilam os compostos nitrogenados originados da excreção dos camarões e do
restante do alimento em decomposição, reciclando a matéria orgânica.
Para estimular a formação do meio heterotrófico o ambiente de cultivo é
fertilizado com fontes ricas em carbono (por exemplo, melaço de cana-de-açúcar) e
fortemente oxigenadas. Isto promove a formação dos flocos bacterianos, também
chamados de agregados microbianos, bacterianos, flocos microbianos, etc. Eles são
formados durante o ciclo de produção, e sua constituição é basicamente composta por
bactérias, microalgas, fezes, exoesqueleto, restos de organismos mortos, cianobactérias,
protozoários, pequenos metazoários, formas larvais de invertebrados, entre outros
(Wasielesky, 2006).
A combinação de restos da ração e matéria orgânica (farelo de grãos, melaço)
promove um “bloom” de fitoplâncton, após 8 a 10 semanas a água torna-se turva e com
partículas cobertas por bactérias. A cor da água torna-se notavelmente de verde para
marrom e depois preta. A contagem de bactérias fica em torno de 100 mil unidades

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formadora de colônia(CFU)/ml e até 100 milhões CFU/ml no final do ciclo (Boyd e
Clay, 2002).
Algumas pesquisas recentes demonstram que a chamada relação C/N
ideal para formação do floco microbiano deve estar na faixa de 14 e 30:1, ou seja, para
cada 14 a 30 partes de carbono, necessita uma de nitrogênio. Pode-se usar melaço a fim
de estimular o crescimento dos flocos e balancear a relação C/N (Wasielesky, 2006).
Burford et al. 2004, relataram que a utilização dos flocos como alimento, fornece
uma grande quantidade de nitrogênio na dieta dos camarões, contribuindo
significativamente no crescimento dos animais e que mais de 29% do alimento
consumido por Litopenaeus vannamei podem ser provenientes do floco bacteriano
presente no meio heterotrófico.
Aivnimelech (2000) determinou que a presença de microorganismos nos tanques
de cultivo aumenta a eficiência da conversão protéica de 20-25% para cerca de 45%,
pois eles convertem o nitrogênio inorgânico presente na água e o disponibiliza na forma
de proteína microbiana, que é ingerida pelos organismos cultivados.

A qualidade da àgua, o papel das bactérias e o ciclo do Nitrogênio no sistema super


intensivo sem renovação de água

O nitrogênio (N) é o principal componente de proteínas, de peptídeos de cadeia


curta e de aminoácidos, os quais por sua vez são os principais componentes da maioria
dos alimentos naturais e artificiais utilizados na aqüicultura.
Após o consumo e decomposição da proteína, as espécies aquáticas cultivadas
excretam amônia (NH4), que é o principal composto nitrogenado excretado por animais
aquáticos e em níveis altos é tóxica para as espécies aqüícolas (Montoya e Velasco
2000; Boyd e Clay, 2002).
Por causa do grande “in-put” de nitrogênio pela comida, a quantidade de amônia
total pode se elevar a concentrações de até 10 mg/l após 3 a 5 semanas sistemas
fechados super intensivos (Boyd e Clay, 2002)
De acordo com Arana (2004), na água a amônia é um gás extremaente solúvel e
estabelece um equilíbrio entre a sua forma tóxica NH3 (também chamada de amônia não
ionizada) e não tóxica do íon de amônio NH4+ (também chamada de amônia ionizada ou
amônio). Este equilíbrio depende principalmente da temperatura, da salinidade e do pH
da água (Whitfield, 1974; Emerson et al., 1975; Bower e Bidwell, 1978 apud Arana,
2004. p. 88).
Na aqüicultura a amônia produzida pelas espécies cultivadas pode ser utilizada
como uma fonte de nitrogênio pelo fitoplâncton, pelas bactérias heterotróficas e por um
grupo especial de bactérias quimioautotróficas, as denominadas bactérias nitrificadoras,
as quais oxidam a amônia em nitrito e poesteriormente em nitrato, chamado processo de
nitrificação. Estes microorganismos são os únicos que podem obter energia para
crescimento por meio da oxidação da amônia em nitrato (Montoya e Velasco 2000),
resultando em um declínio na concentração de amônia total para 1-2mg/L tendo em
vista que a concentração de amônia a cima de 4 ou 5 mg/L pode ser nocivo aos
camarões (Boyd e Clay, 2002).
No entanto, vários fatores em sistemas aquáticos afetam a nitrificação incluindo
a temperatura, o pH, a alcalinidade, a população microbiana e a concentração de amô-
nia. Estas reações de nitrificação são mais rápidas com o pH entre 7 e 8 e tempeaturas
entre 20° e 35° (Boyd, 1975 apud Arana 2004, p. 88).

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A amônia (principalmente a não ionizável) apresenta uma relação direta com os
níveis de pH. Em águas muito ácidas e com baixo oxigênio dissolvido, diminuirão a
capacidade das bactérias nitrificantes de converterem a amônia em nitrato (Wasielesky,
2006). Citando Mead (1989 apud Arana, 2004, p.88), a forma não ionizada da amônia
(NH3) incrementa-se dez vezes para cada grau de pH que aumenta na água.

O processo de nitrificação ocorre em duas etapas consecutivas, cada etapa


envolvendo dois grupos diferentes de bactérias nitrificadoras, as Nitrosomonas e
Nitrobacter (Arana, 2004).
Na primeira etapa, bactérias aeróbicas nitrificadoras, tais como Nitrosomas e
Nitrosococus, oxidam amônia em nitrito, conforme a seguinte equação:
NH4+ + 1 ½O2 = NO2- + 2H+ + H2O

Estas bactérias são totalmente dependentes da oxidação da amônia para a


geração de energia e crescimento, e dependem de níveis adequados de oxigênio
(Montoya e Velasco, 2000). Entretanto, Bufford et. al. (2002) analizaram que a
nitrificação tem menos contribuição no consumo do oxigênio (22%) do que as bactérias
heterotróficas.
O nitrito pode também ser tóxico para as espécies cultivadas e pode aumentar a
toxidade da amônia não ionizada no ambiente (Montoya e Velasco, 2000). Onde mesmo
que em menores concentrações, a amônia não ionizada e o nitrito juntos são mais letais
que separados (Chen e Chin, 1988 apus Arana, 2004).
Wasielesky (2006) alerta que o nitrito em água de salinidade elevada (25-35%)
parece não apresentar grandes problemas quanto a níveis letais, já em salinidades
reduzidas isso pode ser um séio problema.

A segunda etapa da nitificação é a oxidação do nitrito em nitrato, que é feita


por bactérias facultativas como Nitrococcus e Nitrospira conforme a seguinte equação:
NO2- + ½O2 = NO3-

Estas bactérias são diferentes porque também podem utilizar compostos


orgânicos para a geração de energia e crescimento. Em contraste com os
microrganismos que oxidam a amônia, algumas bactérias que oxidam o nitrito podem
crescer em condições de pouco oxigênio (Montoya e Velasco, 2000).
A nitrificação bacteriana da amônia em nitrato é benéfica, visto que o nitrato não
parece ser tóxica e um sério problema para as espécies cultivadas (Montoya e Velasco,
2000). Boyd e Clay, (2002) relatam que a concentração de nitrato pode atingir até
15mg/L em ambientes fechados sem recirculação de água, mas o nitrato não é nocivo
aos camarões em concentrações até 50mg/L. Porém pode se tornar potencialmente
tóxico em sistemas fechados (sem renovação de água), em que níveis elevados de
nitrato podem ser alcançados como resultado da nitrificação da amônia (Arana, 2004),
no entanto Montoya e Velasco (2000) afirmam que o produto final da nitrificação, o
nitrato, pode ser utilizado por bactérias heterotróficas como uma fonte de nitrogênio.

Com a nitrificação da amônia a água se acidifica e causa um declínio na


alcalinidade durante a produção Com isso o pH e a alcalinidade total devem ser
monitorados durante todo o ciclo, onde calcário dolomítico ou cal hidratada deve ser
aplicado a fim de manter a alcalinidade sempre acima de 60 mg/l e manter o poder
tampão do sistema, equilibrando o pH (Boyd e Clay, 2002).Além de que a alcalinidade

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e dureza são importantes na atividade de muda dos camarões fornecendo cálcio aos
animais.
Citando Kubitza (2003), no cultivo de camarões marinhos os valores ideais de
dureza são aqueles acima de 150mg CaCO3/L, sendo que, deste valor, pelo menos
100mg CaCO3/L seja proveniente dos íons cálcio (dureza cálcica). As águas estuarinas
e oceânicas utilizadas no abastecimento dos viveiros de cultivo de camarão apresentam
alta concentração de cálcio e magnésio, atingindo valores de dureza acima de 500mg/L
de CacO3/L. O cálcio é um importante componente da carapaça (exoesqueleto) dos
camarões e, portanto, um nutriente altamente exigido em virtude das freqüentes mudas
necessárias para manter um bom ritmo de crescimento dos camarões. Nestas águas com
teor alto de dureza a exigência de cálcio pelos camarões é, em sua grande parte,
atendida pela absorção direta do cálcio na água.
Em sistema fechado é mais fácil conseguir valores altos de alcalinidade uma vez
que a água não vai embora e, portanto, não leva consigo a fonte usada para alcalinizar,
ficando dentro do sistema E quanto maior a salinidade maior o poder tampão que ela
exercerá, assim, facilitará a manutenção dos níveis desejáveis de pH no sistema , pois de
acordo com Wasielesky et al. (2006), níveis de pH abaixo de 7,0 afetam o crescimento
de L vanammei em meios heterotróficos.
As bactérias nitrificadoras são ineficientes quando comparadas com as hete-
rotróficas na conversão de energia disponível em material celular. Por exemplo, as
Nitrosomonas geram apenas 1-4% e a Nitrobacter 3-10% do material celular que seria
gerado por um heterotrófico com a mesma quantidade de energia disponível (Montoya e
Velasco 2000).
Montoya e Velasco (2000) ainda ressaltam que a oxidação da amônia em nitrato
aumenta com o crescimento da concentração de amônia até alcançar seu ponto máximo,
que pode ser previsto matematicamente. A taxa de nitrificação é diretamente
proporcional ao crescimento das populações de bactérias nitrificadoras, a qual pode
também ser prevista matematicamente. As bactérias são eficientes na purificação de
nutrientes e podem competir exitosamente com o fitoplâncton para o consumo de íons
de amônia. Alguns estudos indicam que microrganismos heterotróficos podem utilizar
até 50% do total de amônia dissolvida na água. Entretanto, o crescimento bacteriano
heterotrófico e a demanda de nitrogênio parecem ser mais altos do que as taxas
máximas de consumo de amônia, indicando que os heterotróficos também utilizam
outras fontes de nitrogênio, tais como compostos orgânicos. Estes podem incluir ração
peletizada não ingerida ou partículas desintegradas e excrementos dos animais. A maior
parte desta matéria orgânica é decomposta aerobicamente (heterotróficos que
consomem oxigênio). As bactérias heterotróficas aeróbicas estão distribuídas em toda a
coluna de água e na superfície dos sedimentos ( biofilmes), decompõem substratos
orgânicos para seu crescimento e acúmulo de energia e utilizam amônia como base para
a síntese de proteínas.
As taxas de decomposição dependem principalmente de vários fatores
ambientais e da qualidade dos substratos orgânicos. Os principais determinantes
ambientais da taxa de decomposição são temperatura e oxigênio. A qualidade dos
substratos orgânicos depende dos tipos de carbono, das fontes de energia e dos
nutrientes. As fontes de carbono diferem bastante, desde a facilmente degradável (i.e.,
açúcares) até compostos mais resistentes (i.e., lignina).As deficiências de qualquer
nutriente exigido pelas bactérias heterotróficas podem limitar a decomposição. Em
ecossistemas naturais o nitrogênio é geralmente o fator limitante. Mas esta situação é
revertida em em alguns sistemas aqüícolas, nos quais a utilização de dietas com alto
conteúdo de proteínas têm como resultado um excesso de nitrogênio.

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Levando em consideração o papel chave do nitrogênio, a relação entre a
quantidade de carbono e a quantidade de nitrogênio, conhecida como a proporção
carbono: nitrogênio (C:N) tem sido utilizada com freqüência para indicar a qualidade
dos substratos orgânicos. Por exemplo, duas rações com a mesma quantidade de
carbono, mas diferentes quantidades de proteína, e conseqüentemente diferentes níveis
de nitrogênio, resultarão em proporções de C:N diferentes. A ração com mais proteína
terá a menor proporção de C:N (Montoya e Velasco 2000).

Tendo em vista que parte do nitrogênio de compostos orgânicos é utilizado pelas


bactérias heterotróficas, este pode ser regenerado ou remineralizado de volta à água na
sua forma inorgânica de amônia, porém isto depende de duas condições. Primeiro, a
fonte de nitrogênio deve vir de um substrato orgânico. Segundo, a proporção C:N do
substrato orgânico tem que ser inferior ao da biomassa bacteriana . A regeneração da
amônia também pode variar dependendo se a população bacteriana cresce ou se mantém
estacionária. Quando a população bacteriana está crescendo, (a taxa de reprodução é
maior do que a taxa de mortalidade), a regeneração do amônio aumenta com proporções
decrescentes de C:N do substrato. Quando a população bacteriana está estacionária, a
regeneração do amônio aumenta com o aumento das proporções C:N do substrato,
devido às perdas concomitantes na população como um todo. Não há regeneração real
quando a proporção C:N é maior do que 10 (Montoya e Velasco 2000).

As interações dinâmicas, o constante monitoramento e a manutenção da


qualidade da água são de vital importância quando estratégias de manejo bacteriano em
sistemas aqüícolas são consideradas para que os camarões não sejam submetidos a
situações de estresse, que podem diminuir a taxas de sobrevivência.
Por exemplo, um aumento de proteínas na ração poderia levar a um melhor
crescimento de espécies aqüícolas, mas também a uma maior regeneração de amônia
por bactérias heterotróficas, se as proporções C:N não são devidamente levadas em
consideração. Isto adquire uma importância ainda maior em sistema aqüícolas de baixa
ou zero renovação de água com altas densidades de povoamento (Montoya e Velasco
2000).
Assim como o carbono e nitrogênio, outros elementos são fundamentais para a
saúde dos camarões, por exemplo, o fósforo e o cálcio. No sistema de alta densidade
com baixa ou nenhuma renovação de água o acúmulo de determinados compostos na
água é inevitável. Caso haja um acúmulo de fósforo, haverá favorecimento de
cianobactérias, que muitas vezes, dependendo da espécie e concentração, são maléficas
aos organismos cultivados. Desta maneira, um controle nos níveis de fósforo podem
também acarretar no sucesso ou não do sistema (Wasielesky, 2006).

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