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LITERATURA BRASILEIRA

QUESTÕES MODERNISMO

1. ENEM 2015

Cântico VI
Tu tens um medo de
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.

MEIRELES, C. Antologia poética. Rio de Janeiro: Record, 1963 (fragmento).

A poesia de Cecília Meireles revela concepções sobre o homem em seu aspecto


existencial. Em Cântico VI, o eu lírico exorta seu interlocutor a perceber, como
inerente à condição humana,

(a) a sublimação espiritual graças ao poder de se emocionar.


(b) o desalento irremediável em face do cotidiano repetitivo.
(c) o questionamento cético sobre o rumo das atitudes humanas.
(d) a vontade inconsciente de perpetuar-se em estado adolescente.
(e) um receio ancestral de confrontar a imprevisibilidade das coisas.

2. ENEM 2006

No poema “Procura da poesia”, Carlos Drummond de Andrade expressa a


concepção estética de se fazer com palavras o que o escultor Michelangelo fazia
com mármore. O fragmento a seguir exemplifica essa afirmação.
[...]
Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
[...]
Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
trouxeste a chave?

Carlos Drummond de Andrade. A rosa do povo. Rio de Janeiro: Record, 1997, p. 13-14.

Esse fragmento poético ilustra o seguinte tema constante entre autores


modernistas:

(a) a nostalgia do passado colonialista revisitado.


(b) a preocupação com o engajamento político e social da literatura.
(c) o trabalho quase artesanal com as palavras, despertando sentidos novos.
(d) a produção de sentidos herméticos na busca da perfeição poética.
(e) a contemplação da natureza brasileira na perspectiva ufanista da pátria.

3. ENEM 2006

Erro de português

Quando o português chegou


Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de Sol
O índio tinha despido
O português.

Oswald de Andrade. Poesias reunidas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.

O primitivismo observável no poema anterior, de Oswald de Andrade, caracteriza de


forma marcante

(a) o regionalismo do Nordeste.


(b) o concretismo paulista.
(c) a poesia Pau-Brasil.
(d) o simbolismo pré-modernista.
(e) o tropicalismo baiano.

4. ENEM 2016

Descobrimento

Abancado à escrivaninha em São Paulo


Na minha casa da rua Lopes Chaves
De sopetão senti um friúme por dentro.
Fiquei trêmulo, muito comovido
Com o livro palerma olhando pra mim.
Não vê que me lembrei que lá no norte, meu Deus!
[Muito longe de mim,
Na escuridão ativa da noite que caiu,
Um homem pálido, magro de cabelos escorrendo
[nos olhos
Depois de fazer uma pele com a borracha do dia,
Faz pouco se deitou, está dormindo.
Esse homem é brasileiro que nem eu...

ANDRADE, M. Poesias completas. São Paulo: Edusp, 1987.

O poema “Descobrimento”, de Mário de Andrade, marca a postura nacionalista


manifestada pelos escritores modernistas. Recuperando o fato histórico do
“descobrimento”, a construção poética problematiza a representação nacional a fim
de

(a) resgatar o passado indígena brasileiro.


(b) criticar a colonização portuguesa no Brasil.
(c) defender a diversidade social e cultural brasileira.
(d) promover a integração das diferentes regiões do país.
(e) valorizar a Região Norte, pouco conhecida pelos Brasileiros.
GABARITO COMENTADO

1. Resposta: A. Estamos diante de uma questão interpretativa. Nas alternativas


B, D e D, percebemos que não há relação com o conteúdo abordado no
texto. Quanto à alternativa E, vale ressaltar que não há, no texto, algo que
afirme que o medo apontado pelo eu-lírico seja “ancestral”, vemos, sim, o
medo da finitude. Cecília Meireles é uma autora que tem muita influência do
Simbolismo que, assim como se observa no poema (e nos poemas da
apostila), outro tema recorrente da autora é “eternidade X efemeridade”, ou
seja, a análise de como o tempo passa rápido na vida.
2. Resposta: C. A alternativa C se refere à função metalinguística da
linguagem, na qual o código é usado para falar sobre o próprio código –
nesse caso, a poesia reflete sobre o fazer poético. A alternativa A, ao definir
o fragmento como um exemplo da “nostalgia” do passado colonialista, ignora
que o Modernismo foi um movimento que revisitou tal passado colonialista
em tom crítico. A alternativa B não corresponde ao poema, pois ele não trata
de uma preocupação com o engajamento político e social da literatura. A
alternativa D faz referência a uma preocupação observada, na verdade, pelos
autores parnasianos e a alternativa E, a uma preocupação da Primeira Fase
romântica.
3. Resposta: C. O Manifesto da Poesia Pau-Brasil, como vimos em aula e
conforme consta na apostila, foi um marco para a Primeira Fase modernista,
ao sintetizar a busca por romper com as formas poéticas anteriores e
inaugurar uma arte poética que refletisse a realidade e a língua brasileiras.
4. Resposta: C. Uma das características mais marcantes do Movimento
Modernista é que seus autores voltaram o olhar para as demais regiões do
Brasil, ainda que muitos deles, especialmente na Primeira Fase, fossem
paulistas. Nesse sentido, a alternativa C ilustra a compreensão da
diversidade social e cultural do país, defendida por esses autores. Cabe
ressaltar que a alternativa D não corresponde ao que se apresenta no poema
porque, embora reconheça a distância entre as regiões Norte e Sudeste
(“Não vê que me lembrei que lá no Norte, meu Deus! [Muito longe de mim”), o
eu-lírico não se manifesta em função de integrar tais regiões.

Bons estudos, pessoal!


:)

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