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OFICINA

Leitura e
Interpretação
Aula 02: Clarice Lispector - A Hora da Estrela
Professora Me. Bruna Martiolli
AVISOS
MATERIAL EM PDF;

CERTIFICADO AUTOMÁTICO;

prof.brunamartiolli@gmail.com
Na aula passada
A Literatura como remédio;
Como cérebro lê;
Gêneros Literários;
Interpretação;
Clarice Lispector;
Guia PDF para leitura de A hora da Estrela;
Começamos Fluxo de Consciencia;
Hoje
A Literatura Brasileira;
Contexto de Clarice Lispector;
Clarice Lispector Biografia;
O Fluxo de consciência;
A Hora da Estrela.
Escolas Literárias...
Literatura Brasileira?
Clarice Lispector?
Arte Grega - Literatura Grega

Idade Média Trovadorismo Renascimento Humanismo

quinhentismo
Era Classica Classicismo Barroco Arcadismo
neoclassicismo

Era Moderna Romantismo Realismo


XIX Naturalismo pré-modernismo
Simbolismo Parnasianismo

Modernismo Barroco Romantismo


Trovadorismo
XX
Contexto
Aos 23 anos (1943) já ganha um prémio no ano
seguinte (melhor romance de estreia pela
Fundação Graça Aranha).
Mario de Andrade - Macunaíma;
Graciliano Ramos;
Rachel de Queiroz - O Quinze;
Literatura Nacionalista - nosso povo, nossa
cultura....
Clarice Lispector
Хая Пінкасівна Ліспектор
10 de dezembro de 1920 - 9 de dezembro de 1977 (56 anos)
Ucraniana, nasceu em 1920 e chega ao brasil em 1922.
Se destaca pela problematica existencial, fortemente influenciada por Kafka.
Marca central: Fluxo de Consciencia.
Ruínas da sinagoga de Chechelnyk, aldeia onde Clarice nasceu.
seu nascimento se deu em meio aos preparativos da família para a fuga do país, em razão
do antissemitismo resultante da Guerra Civil Russa 1918-1920
Ucrania

Maceió
de Maceió vão para recife - sua família só melhora financeiramente no país
vendendo sabão, como faziam na Ucrânia.
Tania
Leah

Mania
Lispector
Pinkhas Lispector
Em 1928, aos sete anos, aprendeu a ler e a escrever;

Em 1930, pouco depois, escreveu, inspirada por uma


peça que havia visto, sua primeira peça teatral,
Pobre menina rica, de três atos e cujas páginas
foram perdidas;

No Primário se interessa por Matemática e passa a


dar aulas;

Quando sua mae falece aos 42 anos, Clarice compõe


sua primeira peça para piano;
Em 7 de janeiro de 1935, com 14 anos, mudou-se com
a família para o Rio de Janeiro;

Seu pai esperava dar prosseguimento aos avanços


de seu negócio e conseguir bons maridos para suas
filhas nos círculos judaicos cariocas;

Morou em bairros como Flamengo e Tijuca;


Em 1936, terminou o ginásio e ingressou, em 2 de março de 1937,
em uma escola preparatória, a Faculdade de Direito da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, então chamada de
Universidade do Brasil;

De acordo com ela, “como eu não tinha orientação de nenhuma


espécie sobre o que estudar, fui estudar advocacia”. Apesar da
relutância do pai, que temia mudanças estressantes na filha, ela
seguiu com seus planos e tinha um objetivo: “Minha ideia ... era
estudar advocacia para reformar as penitenciárias”.
Seu primeiro texto publicado na revista foi provavelmente Eu e Jimmy, em 10 de
outubro de 1940, um conto com temática feminista centrado na relação amorosa
entre um homem e uma mulher. Depois disso, de acordo com Tania, Clarice
procurou contactar Fontes para conseguir entrar definitivamente na imprensa.

Foi trabalhar como tradutora na Agência Nacional, uma agência de notícias do


governo. Como não havia vaga para tradutor, foi designada como editora e
repórter, a única mulher ali que ocupava tal cargo.

Na equipe da Agência Nacional, conheceu Lúcio Cardoso, um escritor e jornalista


mineiro então com 26 anos, já respeitado no meio literário. Desenvolveu uma forte
amizade por ele, que compartilhava dos mesmo gostos literários que ela, e chegou
a desenvolver uma paixão não-correspondida, pois Cardoso era homossexual.
Por intermédio de Cardoso, passou a frequentar o grupo de amigos que se
encontrava no bar Recreio, na Cinelândia, e era composto por literatos como
Vinicius de Moraes, Cornélio Pena, Rachel de Queiroz e Otávio de Faria.

Apaixona-se por Maury Gurgel Valente, não consegue se casar por conta de sua
naturalização (ele era diplomata) e vivem um super romance;

Aos 21 anos de idade eve o primeiro contato com textos de escritores modernistas
como Fernando Pessoa, Cecília Meireles, Manuel Bandeira e Carlos Drummond de
Andrade, através de leituras feitas com o amigo Francisco de Assis Barbosa. Este
último aconselhou-a no processo de escrita de seu primeiro romance.
Mudou-se para Belém com o marido devido a suas funções como vice-cônsul.
Por essa época, sem ocupações profissionais, dedicou-se à leitura de escritores
que desconhecia, como Jean-Paul Sartre, Rainer Maria Rilke, Marcel Proust,
Rosamond Lehmann e Virginia Woolf.

Em 5 de julho, um mês após o fim da Segunda Guerra Mundial, recebeu a notícia


de que seu marido seria transferido para o consulado brasileiro na comuna
italiana de Nápoles.

Se mudam incontáveis vezes!!!

Em 10 de agosto de 1948, nasce em Berna, Suíça, o seu primeiro filho, Pedro


Lispector Valente. Em 10 de fevereiro de 1953, nasce Paulo Gurgel Valente, o
segundo filho em Washington, D.C., nos Estados Unidos.
Quando criança, seu filho mais velho, Pedro, se destacava por
sua facilidade de aprendizado e bom comportamento, porém, na
adolescência, sua falta de atenção nos estudos e extrema
ansiedade acompanhada de agitação consigo mesmo e com a
família, foram diagnosticadas como esquizofrenia. Clarice se
sentia culpada, sem saber o porquê, pela doença mental do filho,
e teve dificuldades para lidar com a situação, recorrendo a
psicólogos, psiquiatras e internações, pois o menino era muito
agressivo
Em 1959, Clarice separa-se do marido, devido ao fato de
ele estar sempre viajando a trabalho, exigindo que ela o
acompanhasse todo o tempo. Não querendo abrir mão
de sua carreira e querendo cuidar do filho esquizofrênico
em um local fixo, sem as constantes viagens, que
deixavam o menino mais nervoso, sem as constantes
mudanças de escola do outro filho, que não estava
fazendo amizades, e cansada das desconfianças e
ciúmes do marido, Clarice deu um fim na relação. O ex-
marido fica na Europa, e ela volta a viver
permanentemente no Rio de Janeiro com seus filhos,
indo morar com eles em um apartamento no Leme.
Na escrita...
Uma escrita fortemente marcada por personagens mulheres que descrevem
situações do cotidiano para trabalhar conflitos psicológicos/existenciais
ampliando uma nova técnica até então de Fluxo de Consciência.

Fluxo de Consciência é marcado quando o narrador ou a personagem


começam a ter divagações sobre questões plurais, abstraem-se, pensam na
vida, nos seus infortúnios, nas suas idiossincrasias. Geralmente este
pensamento furtivo solapa o tempo, além de que, também, a personagem ou o
narrador ficam presos a digressões gerais.
Seu trabalho
Tradutora
Poeta
Compositora
Contista
Cronista
Literatura Infantil
Peças
Artigos em Jornais
(e não gostava de nenhum desses rótulos)
Clarice Lispector
- escrita!
1- Exploração da mente e do inconsciente: Clarice Lispector frequentemente
mergulha nas profundezas da mente humana, explorando as camadas do
inconsciente. Seus personagens são muitas vezes retratados em um estado de
introspecção, enfrentando seus medos, desejos e conflitos internos. Essa
abordagem reflete a influência da psicanálise, que busca compreender os
processos mentais e as motivações inconscientes.

2- Fluxo de consciência: A técnica do fluxo de consciência é amplamente utilizada


por Clarice Lispector em suas narrativas. Essa técnica literária busca representar o
fluxo dos pensamentos, sentimentos e associações mentais de um personagem,
muitas vezes sem uma estrutura narrativa linear. Essa abordagem é semelhante ao
processo de livre associação usado na psicanálise, em que o paciente é encorajado
a expressar livremente seus pensamentos, sem censura ou restrições.
3-Autoconhecimento e identidade: A busca pelo autoconhecimento e a construção da
identidade são temas recorrentes nas obras. Ela aborda as questões relacionadas à
formação da identidade, às angústias existenciais e à busca por um sentido na vida.
Essas reflexões encontram eco na teoria psicanalítica, que enfatiza a importância do
autoconhecimento e da resolução dos conflitos internos para uma vida saudável e
plena.

4- A natureza humana e a condição humana: apresenta personagens complexos e


profundos, que refletem aspectos universais da natureza humana. Suas histórias
muitas vezes exploram a solidão, a alienação, a fragilidade emocional e a busca por
conexão e significado. Essas temáticas são intrinsecamente ligadas à compreensão
psicanalítica da condição humana e da vida emocional.
A hora da Estrela
Divisão: Fluxo de Consciência;
Psicanalise e Freud;
O Enredo e metáforas.
Fluxo de Consciência
Fluxo de Consciência
Estilo que busca representar o fluxo de pensamentos, emoções
e sensações de um personagem de forma contínua e não linear;
Uma técnica narrativa que busca capturar a experiência
subjetiva e interna do personagem, fornecendo uma visão
profunda de sua mente e consciência;
"De vez em quando, em dias de completa ausência de sol, a água adquire uma estranha
cor transparente. Mas é só de vez em quando. Em geral tem cor porque tem cheiro. Deve
ter cor de chumbo e cheiro de peixe. Na minha infância, uma vez eu vi o pântano na casa
de praia da minha tia que a cidade invadia, eu ouvi o cheiro daquela água de cheiro
branco. O cheiro dessa água me entrava pelas narinas como ar. Parei de escrever para
ficar pensando naquele cheiro que nada tem a ver com o assunto do qual escrevo. Minha
caneta está com tinta? É que não gosto de escrever com caneta quando ela está com a
tinta tão baixa que fica quase incolor. Por que será que a água do pântano da minha
infância tinha um cheiro tão bom? E por que não o cheiro da cidade invasora? Será que
tinha cheiro de peixe azul? Isso mesmo, eu me lembro, a água era azul. Se bem que não
sei se era azul porque peixe azul se cria em água salgada e pântano é água doce. É mais
fácil que o pântano não tivesse cheiro e eu tenha acrescentado cheiro de peixe azul."

pensamentos apresentados de forma não linear, com mudanças rápidas de


assunto e uma mistura de sensações, lembranças e observações.
Psicanálise
Clarice não utiliza a psicanálise de forma explícita em sua obra, mas
incorpora elementos psicológicos e conceitos psicanalíticos de
maneira sutil e poética. Sua escrita traz uma profundidade psicológica
que convida os leitores a refletirem sobre os aspectos mais
profundos da experiência humana.

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