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3.1 Introdução
O tempo de aceleração é o tempo que o motor gasta para sair do seu estado estático até
atingir a sua velocidade nominal. É específico de cada motor em função de número de
pólos, frequência e escorregamento. O conhecimento desse tempo é importante para saber
se o motor é ou não adequado pois pode levar a um sobreaquecimento e possível
danificação do mesmo.
Tempo de rotor bloqueado é o tempo desde o início de travamento até ao momento que a
isolação do motor não aguenta mais as altas temperaturas causando degradação e possível
queima do motor ou a actuação de um sistema de proteção se haver. Valor este atribuído
pelos fabricantes que estipula o período máximo de rotor bloqueado para cada motor.
Se o tempo de aceleração for menor do que o tempo de rotor bloqueado fornecido pelo
fabricante, o motor possui capabilidade de aceleração para realizar o accionamento e estará
correctamente escolhido. Se, ao contrário, o tempo de aceleração for maior do que o tempo
de rotor bloqueado, o motor não serve para realizar o accionamento, mesmo que sua
potência esteja adequada às exigências da carga na condição de regime contínuo. Neste
caso, um outro motor deverá ser escolhido, de potência maior, para o qual o cálculo do
tempo de aceleração deverá ser repetido e o resultado novamente comparado com o tempo
de rotor bloqueado.
O tempo de aceleração só faz sentido ser calculado quando o motor parte com a
carga acoplada, pois, neste caso, ele aumenta com o aumento do momento de inércia da
carga e com a presença do conjugado resistente. Quando o motor parte a vazio o problema
não existe, pois, praticamente, há somente a inércia do rotor, e ele atinge rapidamente a sua
velocidade de regime, quando se inicia de maneira efetiva a dissipação do calor gerado para
o meio ambiente por meio da ventilação.
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3.3.2 Corrente de partida
A elevada corrente de partida, cuja duração está associada ao tempo de aceleração
do motor, é denominada corrente de partida e sua presença pode provocar os seguintes
problemas:
No motor:
• Um forte aquecimento, num tempo muito curto (tempo que o motor gasta para se
acelerar), devido às elevadas perdas Joule. Esta sobrecarga térmica não tem tempo
suficiente para ser dissipada para o meio ambiente, de modo que todo o calor gerado se
destina a elevar a temperatura do rotor e do enrolamento do estator. Os efeitos desta
elevação de temperatura podem causar no rotor sérios problemas, tais como dilatação
dos anéis de curto-circuito e deformação das barras da gaiola. No estator, a elevação da
temperatura pode atingir valores superiores à classe de isolamento térmico do motor e,
com isto, provocar uma rápida deterioração do isolamento.
• Actuação indevida de fusíveis ou de relés de protecção contra sobrecarga, se o tempo
de aceleração for muito longo.
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3.3 Métodos e dispositivos de partida.
Excitação
Armadura
do motor
CC
+ -
Excitação
Armadura
do motor
CC
Reostato
de partida
+ -
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Partida indirecta automática de um motor de corrente contínua.
k4 k3 k2
+ -
Excitação k1
Armadura
do motor
CC
R3 R2 R1
L
k1
t1 t2
t3
K1 T1 K2 T2 K3 T3 K4
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Dimensionamento dos resistores de partida.
𝑈𝑎 −(𝐸𝑐 +𝑈𝑒 )
Rs = − 𝑅𝑎
𝐼𝑎
sendo:
Rs = valor total da resistência que deve ser inserida em série no circuito da armadura do
motor cc [Ω];
Ua = tensão aplicada à armadura [V];
Ec = força contra eletro-motriz [V];
Ue = queda de tensão nas escovas [V];
Ia = corrente de armadura considerada no instante da partida [A];
Ra = resistência do circuito da armadura [Ω].
Após a partida do motor a força contra electromotriz começa a aumentar. Isso
possibilita que vá se reduzindo, gradativamente, o valor de Rs, até que se obtenha o estado
de trabalho do motor cc.
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Adota-se a seguinte nomenclatura nas equações que serão estabelecidas, conforme a
figura 6:
R
S
C1
U U
I p' I p' I p'
CHAVE
U’ U’
U’
MOTOR Zp = Rp + jXp
• Ip: corrente de partida que circula na rede eléctrica quando o motor é ligado à plena
tensão U;
• I p' : corrente de partida que circula na rede eléctrica quando o motor é ligado através
da chave de partida;
• U’: tensão reduzida pela chave aplicada ao motor;
• Ipm: Corrente de partida que “entra” no motor quando se dá a partida com a chave;
• Cp: conjugado de partida do motor a plena tensão;
• Cm: conjugado máximo do motor a plena tensão;
• Cp' : conjugado de partida do motor à tensão U’’;
• Cm' : conjugado máximo do motor à tensão U’’;
• Zp = Rp + jXp = impedância de partida do motor (impedância subtransitória).
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Sendo a impedância de partida do motor um valor constante, pode-se escrever as
seguintes igualdades:
Chave autotransformadora
U’ = K.U (U>U’)
U'
I =
pm 3•Z
p
𝑼′ 𝑼
𝑰′𝑷 = 𝑰𝒑𝒎 . 𝑲 = .𝑲 = . 𝑲𝟐 = 𝑰 𝑷 . 𝑲 𝟐
√𝟑 . 𝒁𝒑 √𝟑 . 𝒁𝒑
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Figura 7 – Circuitos de potência e de comando de uma chave autotransformadora
Simbologia.
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A sequência de operação da chave é a seguinte:
Ligação.
Comutação.
Transcorrido o tempo ajustado, o relé de tempo KT1 abre o seu contacto KT1 e
desliga o contactor K3. O contactor K3 fecha seu contacto auxiliar NF que estava aberto
energizando a bobina do contactor K1. O contactor K1 fecha e o motor recebe a tensão
plena. O contactor K1 permanece ligado através de seu contacto NA de retenção K1 e seu
contacto NF desliga K2. Observar que ao abrir o contator K3 o motor permanece ligado à
rede através do primário do autotransformador que funciona como uma simples indutância
em série com o enrolamento do estator. Este tipo de comutação é chamado de transição em
circuito fechado. A operação da chave realizada desta forma evita que haja um surto de
corrente que poderia ser maior do que a própria corrente reduzida, se a transição fosse feita
em circuito aberto com desligamento do motor da rede durante aquele transitório.
Desligamento.
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Figura 8 – Característica de corrente de partida e de conjugado de uma chave
autotransformadora em função da velocidade do motor.
• Potência do motor;
• Número de partidas por hora;
• Tempo de aceleração;
• Tensão da rede;
• Número de derivações necessárias;
• Classe de isolamento térmico.
Chave estrela-triângulo
Para que um motor de indução possa usar uma chave estrela-triângulo ele deve
satisfazer a duas condições preliminares:
• O enrolamento do estator deve ser ligado em triângulo quando ele opera na sua
condição normal, recebendo a tensão plena;
• Os 6 terminais do enrolamento devem ser trazidos até a caixa de ligação do motor para
permitir as conexões entre eles através dos contactores.
Na partida o enrolamento do estator é ligado em estrela de modo que a tensão por
fase que ele recebe seja dividida por 3. Enquanto o enrolamento estiver ligado em estrela,
a corrente de partida e o conjugado serão reduzidos. No instante em que atinge a velocidade
em que deve ser feita a comutação para a tensão plena, os contactores operam, religando o
enrolamento em triângulo.
Se o motor fosse ligado directamente à rede, a corrente de partida que circularia por
ela seria igual a:
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U
I = 3•
p Z
p
U' U
I 'p = =
Z 3• Z
p p
𝑰𝑷
𝑰′𝑷 =
𝟑
Simbologia.
A mesma simbologia usada na chave autotransformadora observando apenas que o
relé temporizado usado no circuito de controlo possui dois contactos: um NF que “conta”
tempo para abrir (no circuito da bobina K3) e um NA que “conta” tempo para fechar (no
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circuito da bobina K2) se mantendo nestas posições enquanto a bobina do relé se mantiver
energizada.
Ligação.
Ao pressionar o botão S1 a bobina do contactor K3 é energizada através dos
contactos NF do relé temporizado KT1 e do contacto auxiliar de K2. O contactor K3 fecha
seu contacto NA e abre seu contacto NF comandando o fechamento de K1 e não permitindo
o fechamento de K2. O motor é ligado à rede em estrela recebendo a tensão reduzida.
Comutação.
Transcorrido o tempo ajustado, o relé KT1 opera abrindo o circuito da bobina de K3 e
fechando o da bobina de K2 que se retém através de seu contacto auxiliar de retenção. Os
contactores K1 e K2 permanecem ligados e o motor opera ligado em triângulo recebendo a
tensão da rede. Observar o intertravamento entre K3 e K2 que impede o fechamento
simultâneo dos contactores.
Desligamento.
Qualquer um dos dispositivos de protecção ou botão S0 quando pressionado abre o
circuito de controlo desligando o contactor K1. Podem ser acrescentados outros contatos
abridores actuados por dispositivos de protecção tais como relés de temperatura, chaves fim
de curso, relés anti-vibração, etc, em série com o botão S0.
Como se pode observar pela sequência de operação descrita, durante a comutação,
o motor fica durante um transitório desligado da rede. Isto pode provocar um surto de
corrente ao ser fechado o contactor K2 devido à tensão residual existente em seus
terminais, após o desligamento, que se compõe com a tensão aplicada. Este tipo de chave é
chamado de transição em circuito aberto. A figura 9 apresenta as características de corrente
de partida e de conjugado de uma chave estrela-triângulo.
a
b
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valor a plena tensão e de fazer a transição em circuito aberto, a chave estrela-triângulo não
é usada para ligar motores que accionam cargas que possuem um valor elevado de
conjugado resistente na partida, como por exemplo, as cargas de característica constante
com a velocidade. Elas são usadas para ligar motores que acionam cargas tipo parabólica,
que possuem um conjugado de partida da ordem de 10% do seu conjugado nominal, ou
quando eles podem partir a vazio, sendo a carga acoplada posteriormente.
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