Quatro Homens Valorosos Um Romance Militar de Harém Reverso - Krista Wolf

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Copyright

1 - Sammara

2 - Kyle

3 - Sammara

4 - Sammara

5 - Sammara

6 - Sammara

7 - Kyle

8 - Ryan

9 - Sammara

10 - Dakota

11 - Sammara

12 - Sammara

13 - Kyle

14 - Sammara

15 - Ryan

16 - Sammara

17 - Sammara

18 - Kyle

19 - Sammara

20 - Sammara

21 - Sammara

22 - Sammara

23 - Dakota

24 - Sammara

25 - Sammara

26 - Sammara

27 - Sammara
28 - Ryan

29 - Sammara

30 - Sammara

31 - Ryan

32 - Sammara

33 - Sammara

34 - Sammara

35 - Sammara

36 - Kyle

37 - Sammara

38 - Sammara

39 - Ryan

40 - Sammara

41 - Sammara

42 - Sammara

43 - Sammara

44 - Sammara

45 - Briggs

46 - Sammara

47 - Sammara

48 - Sammara

49 - Sammara

50 - Kyle

51 - Sammara

52 - Sammara

53 - Sammara

54 - Ryan

55 - Sammara

56 - Sammara

57 - Sammara

58 - Sammara

59 - Sammara

60 - Dakota
61 - Sammara

62 - Sammara

Quatro Homens Valorosos II

Sobre a Autora

~ Quatro Homens Valorosos ~

Um Romance

Militar de Harém Reverso

Krista Wolf

Copyright © 2018 Krista Wolf

Todos os direitos reservados. É proibido reproduzir, distribuir ou transmitir


qualquer parte desta publicação em qualquer meio sem consentimento prévio
da autora.

Imagem da capa: Imagens de arquivos — a história não tem relação com


sujeitos/modelos

Tradução: Tatiana Perry

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~ Other Livros de Krista Wolf ~

Uma Noiva de Sorte

Uma Babás para os Comandos

O Acordo com meu Ex

Uma Amante Secreta para os Navy SEALs

Esposa dos Fuzileiros

Protegendo Dallas

O Brinquedo de Natal

Uma Esposa Secreta Para Forças Especiais

O Contrato

Quatro Homens Valorosos

Quatro Homens Valorosos: Tudo ou Nada

(em inglês)

Snowed In

Unwrapping Holly

Three Alpha Romeo

What Happens in Vegas

Sharing Hannah

Unconventional

Saving Savannah

The Wager

Theirs To Keep

Corrupting Chastity

Stealing Candy

The Boys Who Loved Me

Three Christmas Wishes

Trading with the Boys

Surrogate with Benefits


The Vacation Toy

The Switching Hour

Given to the Mercenaries

Sharing Second Chances

One

SAMMARA

O filha da puta estava quinze minutos atrasado. Quinze longos e arrastados minutos.
Nenhuma ligação ou mensagem. Nada. E como toda garota que já se sentou sozinha em
um bar lotado sabe, quinze minutos podem ser uma eternidade.

Apenas vá embora.

A ideia era tentadora, mas eu realmente gostava dele. Ou, para ser mais precisa, eu
gostava do perfil dele. Ele parecia sombrio e lindo, mesmo nas selfies estranhas e
exageradas que ele provavelmente passava horas elaborando.

Além do mais, nas poucas mensagens trocadas, ele era espirituoso e fofo. E que garota
não gosta de um cara espirituoso e fofo?

A porta se abriu... e outro casal compartilhando risos entrou. Pelo menos alguém estava
se divertindo. Minha boca se retorceu em decepção. Os últimos resquícios de sal se
soltando de meu copo de margarita, quando decidi chamar a atenção do barman.

Por quanto tempo se espera por alguém?

Eu realmente não fazia ideia. Nunca tinha passado por aquilo antes.

Mais dez minutos? Outros quinze?

― Mais um, por favor ― pedi em voz alta. O barman sorriu, enquanto preparava minha
bebida. Ele empurrou o copo em minha direção e, por minha vez, eu o ergui em sua
direção, em um brinde solitário. ― Depois deste...

― Depois deste o que?

Girei o corpo, salpicando minha nova bebida sobre sua borda perfeitamente áspera.
Teria sido um crime. Principalmente se eu tivesse perdido a lasca de limão.

Reconheci imediatamente o rapaz do lado oposto ao meu. Alto, magro e bem


estruturado, ele estava sentado ali perto, sozinho em uma mesa. Eu já o tinha observado
algumas vezes desde quando eu chegara ali.

― E então, qual é o veredito? ― perguntou ele.

― Hum?

― O que acontece depois de mais um drinque?

Ele sorriu sob seus olhos acinzentados, e eu senti a minha frieza derreter um pouco.
Seu sorriso era realmente lindo. E os olhos também.

― Posso ver que você já está irritada ― disse ele, com falsa seriedade. ― Então, o que
vem a seguir? Você fica muito, muito irritada?

― Só se alguém me deixar assim ― respondi.

Ele me olhou astutamente, me encarando dos pés à cabeça. Em circunstâncias normais,


eu teria me sentido constrangida. Mas esta noite? Esta noite eu estava vestida para
matar. Afinal, eu tinha um encontro...

Ou pelo menos, quase um encontro.

― Você levou um bolo, não foi?

― Não ― respondi imediatamente.

Minha resposta apenas fez com que ele sorrisse ainda mais.

― Talvez ― admiti finalmente, em meio a um suspiro. Mais uma vez sua boca se curvou
ainda mais para cima. ― Tá bom, levei.

― E daí? ― deu de ombros. ― Não tem importância.

― Talvez não para você ― ri. ― Não foi você que levou o bolo.

Ele se sentou, fez um sinal para o barman e despejou algum dinheiro sobre o balcão.

― O engraçado é que... ― riu ele ― você pode estar errada quanto a isso.

― Você também? ― perguntei, dando uma olhada em sua mesa vazia.

― Sim. Embora, para ser honesto, eu não esperava realmente que ela fosse aparecer. ―
Ele esfregou a barba no queixo. ― A situação é... bem... é complicada.

A confusão devia estar estampada em minha cara. O cara era maravilhoso. Alto e todo
musculoso, mas não o tipo de musculoso que apenas vai à academia para se exibir. Não,
aqueles eram músculos úteis. Fortes. Poderosos. Meus olhos permaneceram em seus
dois braços fortes, onde a camisa esticada envolvia dois bíceps gigantes.

Quem poderia dispensar esse cara?

― Nós dois somos bonitos demais para sermos dispensados assim ― flertei. ― Então eu
acho que você está mentindo.

Uma cerveja surgiu à sua frente e imediatamente ele envolveu o copo com uma mão
enorme. Era possível ver que ela tinha calos. Ele parecia um trabalhador braçal ou
talvez...

― Você é da base?

Ele acenou.

― Exército. Especialista das forças especiais.

Voltei a encará-lo, dessa vez com um interesse totalmente novo. Eu tinha um fraco por
soldados e homens de uniforme. Sempre tive.

Mas um soldado das Forças especiais...

― Isso incomoda você?

― Não ― respondi rapidamente. ― De jeito nenhum. Na verdade, acho muito


interessante.

Ele riu, dando um gole em sua cerveja.

― É, para algumas coisas é sim ― disse. Observei seu pomo de Adão subir e descer em
um movimento sexy enquanto ele engolia. Até seu pescoço tinha músculos. ― Mas para
outras...

― Tipo namorar?

― É ― confirmou ele. ― É uma merda pra namorar.

― Sei não ― desafiei. ― Acho que você se dá bem com as mulheres. Eu mesma sempre
achei que soldados eram extremamente sexys.

― Já namorou algum?

Neguei com a cabeça. Embora a base fosse bem perto, de algum modo eu nunca tinha.

― Se tivesse, perceberia que existem... algumas dificuldades.

― É por isso que você levou um bolo? ― perguntei.

― Não. ― Ele pareceu pensar por um momento. ― E sim. Mais ou menos.

― Mais ou menos?

Mantendo os olhos o tempo todo em mim, ele tomou o último gole de sua cerveja. Eu
estava intrigada, presa em seu olhar. Incapaz de olhar para qualquer outro lugar.

― Ei ― disse ele, empurrando o copo vazio. ― Quer ir para outro lugar?

Eu pisquei.

― Acho que sim. Claro. Mas você não...

Ele negou com a cabeça.

― Não mais. Nesse momento eu nem quero mais que a pessoa que eu estava esperando
apareça.

― Nem eu ― retruquei rindo.

Meu soldado gostoso levantou e estendeu a mão em minha direção. Imediatamente eu a


agarrei. Sua mão era mais macia do que eu esperava, quente e aconchegante. Juntos,
caminhamos na direção da porta.

― Aliás, eu sou a...

― Sammara!

O grito veio de trás e me assustou de tal maneira que eu quase bati a cabeça... o cara
do aplicativo de encontros.

Merda.

― Sammara, ei! Uau... eu sinto muito pelo meu atraso. Você não iria acreditar no...
Sua frase foi interrompida no meio quando seu olhar caiu sobre nossas mão unidas.

― Eu... eu...

― Não perca seu tempo ― disse meu affair, dando um tapinha apologético no ombro
daquele que poderia ter sido meu encontro. ― Foi mal, cara, mas parece que você
perdeu a sua vez.

Ele pareceu confuso em um primeiro momento e então irritado. E depois, após olhar
duas vezes para o homem segurando minha mão... devastado.

Enquanto passávamos por ele sem dizer uma palavra, seu queixo se moveu para baixo,
na direção do peito. Eu me senti mal por ele, mas apenas por um segundo. Tempo
suficiente para eu me lembrar que o filha da puta tinha me deixado esperando por
quase meia hora, sem um simples telefonema.

― Ah, e uma dica rápida? ― adicionei enquanto nos afastávamos. ― Pare de tirar fotos
em ângulos estranhos para esconder o quanto você é alto.

Meu soldado riu.

― Ou não.

Two

KYLE

Ela era loira de olhos azuis, exatamente o oposto do tipo de garota com quem eu
costumava sair. É claro que ela tinha pernas longas e uma bunda que parecia incrível
mesmo no banco do bar. Mas ela tinha também uma incrível pele de porcelana e uma
tez branco gesso. O que fazia com que seus traços se destacassem de uma forma
angulosa.

E se eu fosse honesto, eu gostava desses traços.

Foi estúpido de minha parte falar com ela. Mais estúpido ainda chamá-la para sair do
bar. Eu sabia, antes mesmo de começar, como aquilo estava destinado a terminar. Não
importava o quanto nosso tempo juntos fosse bom ou mágico, nunca poderia dar certo...
pelo menos não da maneira que precisávamos.

Mas ainda assim, eu decidi beijá-la.

Levou exatos cinco quarteirões, enquanto caminhávamos conversando. Paramos por um


momento e foi todo o tempo necessário. Nossas mentes e expressões ficaram totalmente
vazias. Nossos rostos se movendo lentamente, se inclinando inexoravelmente um em
direção ao outro enquanto as irresistíveis forças de atração e instinto tomavam conta do
momento...
Eu seria incapaz de dizer se ela foi quem colou os lábios nos meus ou vice-versa.

Mas o beijo foi quente. Cheio de fogo, paixão e promessas sem fim. Sua mandíbula se
movia lentamente contra a minha, mesmo quando nossas línguas se encontravam e
dançavam dentro de nossas bocas. Mais do que tudo, ela tinha um cheiro maravilhoso,
como sol ou coco ou uma praia em dia de vento.

Uau...

E eu não podia ter o suficiente daquele cabelo. Era tão incrivelmente longo, macio... Eu
não conseguia parar de passar meus dedos por aqueles cachos dourados, minhas mãos
perdidas neles, enquanto puxava seu corpo para mais junto do meu.

Enquanto o nosso beijo continuava, eu a puxei da calçada, para a privacidade relativa


do beco mais próximo. Nossos corpos fundiam-se um contra o outro, suas mãos
movendo-se delicadamente pelas laterais do meu rosto. Ela era maravilhosa. A criatura
mais linda do mundo, me encarando com aqueles olhos azuis como o oceano enquanto
me beijava sem parar, gemendo suavemente em minha boca.

Puta merda, estou perdido.

Eu sabia. Sabia sem nem mesmo precisar pensar a respeito. Aquela mulher que não
estava no bar para me encontrar. Que não tinha a menor ideia do que eu era ou o que
eu queria ou o que era necessário antes que eu pudesse vê-la novamente.

E ainda assim... ao mesmo tempo, eu não me importava. Era totalmente libertador


beijar aquela deusa loira, sentindo o calor crescente de suas coxas pressionadas contra
as minhas, enquanto nossas mãos se encontravam e nossos dedos se entrelaçavam.

Aproveitei a sensação de estar perto de alguém novamente. De simplesmente sentir


essa pessoa em meus braços. De deixar meu corpo ter prazer na intimidade, enquanto a
minha mente se afundava no esquecimento, absolvendo-me de toda a responsabilidade
futura.

Quando finalmente nos separamos, estávamos ambos sem fôlego. Ela estava adorável
naquele beco, o peito subindo e descendo em busca de ar, o rubor repentino tomando
suas bochechas, seus lábios ainda mais cheios do que já eram. Eu a peguei pela mão e a
levei por uma rua lateral, para um pequeno parque que eu sabia que era bem
iluminado, mas isolado do tráfego a pé da avenida principal.

Acabamos em um banco, ainda de mãos dadas, nos encarando com aqueles olhos
famintos, que prometiam outra explosão de paixão a qualquer momento.

― A propósito, Sammara é um nome incrível ― falei antes que fosse tomado pelo ímpeto
de beijá-la outra vez.

― Obrigada ― respondeu, corando. ― Eu ainda não sei o seu.

― Kyle.

― Ah... oi Kyle.

― Vá em frente, pode falar. Kyle é um nome horrível.

Ela soltou uma gargalhada e rindo ela parecia ainda mais linda.

― Me diz uma coisa, Sammara ― continuei. ― Que mundo é esse em que você não tem
um namorado?

― Hum... ― ela parou um pouco antes de responder. ― Um mundo onde os caras são
uns babacas?

― É, a maioria de nós é mesmo ― concordei.


Ela riu.

― Pelo menos você é honesto.

― A menos que eu esteja mentindo ― respondi. ― Posso estar apenas dizendo o que
você quer ouvir, sabe como é? Para ter você em minha cama.

Seus olhos se arregalaram.

― Caralho, você vai ser honesto sobre isso também?

― Eu poderia estar mentindo sobre mentir ― dei de ombros. ― Você não tem como
saber.

Sammara desviou o olhar, seus olhos parecendo longe. Ela era tão perfeita, tão sem
falhas. Eu podia imaginá-la como alguma linda boneca de porcelana.

― Eu tive vários namorados ― admitiu ela ―, mas nenhum que realmente ficasse. Ou
que estivesse por perto por mais de um ano.

― Talvez você seja o problema?

Ela riu mais uma vez.

― Poderia ser, mas eu duvido. Olhe para mim, sou maravilhosa.

― E modesta.

Seus olhos brilharam sob a luz da lâmpada e ela apertou minha mão.

― Prefiro o termo realista.

Você é tão real quanto é possível ser, quis dizer, mas não o fiz.

― Então talvez você não esteja saindo com os caras certos?

― Bem, eu praticamente namorei dois tipos de caras ― respondeu ela, dando de


ombros.

― Certo, vamos ouvir sobre isso.

― O primeiro é o babaca inseguro. As coisas começam bem no início, muita atenção,


momentos divertidos... e então, de repente, ele quer me controlar. Ele precisa saber
onde estou, o que estou fazendo. Por que não estou com ele. Como posso ter uma vida
sem ele. ― Ela suspirou, obviamente relembrando algo. ― Rapidamente isso evolui para
paranoia, ciúme, insegurança... esse tipo de coisa.

― É, nem um pouco atraente ― concordei.

― Total.

― E o outro tipo?

Ela respirou fundo.

― O outro é o rebelde narcisista. Ele é atencioso no início, mas rapidamente o


relacionamento se volta totalmente para ele. Quanto mais eu tento agradá-lo mais difícil
fica porque esse tipo de cara não quer ser agradado. Ele quer ser caçado.

― Entendi.

― As coisas ficam feias bem rápidas com esse cara. Eventualmente tudo desmorona
porque a base da relação não somos nós...

― Mas sim ele ― termino por ela.


― Exatamente.

Senti ela tremer. Percebendo que ela provavelmente estava com frio, tirei minha jaqueta
e a coloquei sobre seus ombros.

― Além de tudo é cavalheiro ― disse, puxando a jaqueta para mais junto de si. ―
Obrigada. Suas ações subiram alguns pontos.

― Ações é? Já é hora de vender?

― Ainda não.

Eu podia ver sua respiração contra o frio. E seus lábios estavam incríveis, inchados,
cheios e com uma coloração cereja. Eu os queria novamente e da pior maneira.

― Então, Kyle, de volta ao bar... quem você estava esperando? Você disse que era
complicado.

― Pode acreditar ― garanti a ela. ― Muito complicado.

Seus ombros caíram repentinamente.

― Ah ― disse parecendo desapontada. ― Você é casado.

― Não.

― Namorada, então?

― Não de novo.

― Namorado?

Eu ri.

― Depois daquele beijo? ― O que você acha?

Sammara riu e deu de ombros.

― Caramba, não sei o que pensar. Deve ser realmente complicado. ― Ela rolou os olhos
enquanto mexia os dedos. ― E misterioso!

― Você está se divertindo às minhas custas, não está?

― Um pouco.

― Tudo bem, só por isso eu vou contar.

Olhei para ela e vi que ela me encarava intensamente. Tão intensamente que eu não
podia resistir.

― A mulher que eu amo foi sequestrada por contrabandistas de antiguidades


colombianos ― disse simplesmente. ― E se eu não devolver uma esmeralda gigante que
roubamos de uma caverna na selva, eles vão jogar ela para os jacarés.

Sammara acenou lentamente com a cabeça.

― Olha... parece que você tem o mesmo problema de Em busca da esmeralda perdida.

Eu estava completamente espantado.

― Uau. Você conhece esse filme?

― Claro que eu conheço o filme. E eram crocodilos e não jacarés.

Pisquei rapidamente três ou quatro vezes.


― Caralho.

― É. Na verdade eu é que estou surpresa que você conheça o filme, já que é um


romance.

― Bem, Michael Douglas arrasa ― expliquei. ― Ele matou um jac... quero dizer,
crocodilo, com as próprias mãos e fez botas com ele.

― É realmente incrível ― admitiu Sammara. ― Especialmente para alguém sem o


treinamento de um soldado especial.

Ela apertou minha mão, a colocando em seu colo e usou os dedos da outra mão para me
forçar a encará-la.

― Tudo bem, agora me diga porque ― disse seriamente. ― Mas de verdade dessa vez.

― De verdade...

Concordei relutantemente com a cabeça, Enquanto pegava meu telefone...

E mostrava a ela.

Three

SAMMARA

― Não... sério?

Olhei para a tela iluminada do telefone, relendo cuidadosamente as várias linhas de


texto. E, por mai s incrível que pudesse parecer, elas diziam exatamente a mesma coisa
que eu tinha lido da primeira vez.

― Você está brincando comigo, né?

Kyle negou com a cabeça.

― Temo que não.

― Quero dizer, isso é realmente sério? ― Eu o encarei. ― Você vai realmente fazer isso?

O cara grande sentado ao meu lado no banco apenas deu de ombros.

― Se for a garota certa? ― perguntou parecendo divertido. ― Sim. Sem pensar duas
vezes.

O anúncio que eu acabara de ler era totalmente inacreditável. Olhei novamente para a
tela, pela terceira vez, apenas para ter certeza.
~ PROCURA-SE: NAMORADA COMUNITÁRIA ~

Quatro (4) Especialistas do exército procuram uma mulher incrível e de mente


bem aberta para

um acordo de relacionamento exclusivo.

VOCÊ é jovem, inteligente, sexy, incrível,

e está pronta para ser paparicada, mimada e

tratada como uma princesa?

SOMOS quatro soldados fortes, e melhores amigos, prontos para amar,


compartilhar e proteger você

em nossa extensa propriedade à beira de um lago.

Tenha todos os benefícios de ser a mulher de um militar... sem qualquer


coração partido ou solidão!

SEM DRAMA, CIÚME,

LOUCURAS OU MERDAS DO TIPO

Apenas imagine isso: quatro parceiros amorosos

— poderosos e intensos —

compartilhando você igualmente, de corpo, mente e alma.

BUSCANDO POR ALGUÉM PARA CASAR

APENAS RELACIONAMENTO DE LONGO PRAZO.

E CLARO...

É MELHOR SER CAPAZ DE NOS ACOMPANHAR!


― Fala sério ― sorri olhando ao redor. ― Você está brincando comigo, não está?

Mas Kyle apenas negou com a cabeça mais uma vez.

― Eu tenho vinte e seis anos. Você tem ideia de em quantos relacionamentos eu estive?
― perguntou. ― O quanto é difícil manter uma namorada quando você pode ser
destacado a qualquer momento e então ficar fora por seis meses ou mais?

Dei de ombros.

― Tudo bem. Eu entendo tudo isso, mas ainda...

― Você sabe quantos casamentos militares realmente duram? Quantas mulheres


desistem dos relacionamentos porque não aguentam mais estar sozinhas o tempo todo?

Eu realmente não sabia. Apenas imaginava que deviam ser muitas.

― E com Soldados especiais como nós? ― Ele balançou a cabeça. ― É ainda pior.
Desaparecemos quase da noite para o dia. E voltamos sem qualquer aviso. Isso
enlouquece qualquer parceira. E eu não as culpo por isso.

Foi impossível não rir.

― E então vocês querem dar a uma coitada quatro vezes essa dor?

― Não ― disse ele. ― É exatamente o contrário. Dessa maneira ― apontou para a tela
do telefone ― ela teria apenas um quarto da dor, porque...

― Porque ela teria os três outros amantes ― finalizei por ele.

― Exatamente.

Ao encará-lo, pude ver verdade em seus olhos. A verdade de acordo com ele, é claro. Ele
realmente acreditava naquilo, e via o arranjo como uma abordagem racional.

― E vocês todos vivem juntos? Nessa... casa do lago?

― Na verdade é um casarão antigo ― respondeu ele. ― Juntamos nosso dinheiro e o


compramos no ano passado. É um lugar incrível. Embora precise de muita restauração.

Pude sentir um formigamento na boca do estômago. Aquilo chamou minha atenção.

― Nós quatro somos como irmãos ― continuou Kyle. ― Dakota e eu servimos na mesma
unidade. Ryan também. E Briggs... bem ele...

― Espera ― interrompi. ― Volta um pouco.

Eu não podia acreditar, mas ele estava falando sério. O anúncio era sério. Eles
realmente queriam aquilo.

― Você e seus amigos...

― Não amigos. Irmãos de exército.

― Foi mal ― eu disse. ― Você e seus irmãos de exército realmente fariam isso?
Compartilhar uma garota? No... bem, você sabe...

― Compartilhar a sexualidade dela? Com certeza.

Senti um caroço se formando em minha garganta. Em meu estômago, um bando inteiro


de borboletas levantou voo.

― Isso não criaria ciúmes? ― perguntei. ― Quero dizer... outros caras estando com a
sua garota enquanto você estiver fora?
― Não são outros caras ― retrucou. ― Nós quatro somos um só. Somos um grupo só.
Uma família. Tipo o que somos quando estamos destacados, mas em casa também.

Ele percebeu que a jaqueta estava escorregando pelo meu ombro e antes que ela
pudesse cair, ele a puxou para cima, apertando-a ao meu redor.

O gesto era doce.

― E a garota, por sua vez, terá quatro vezes o amor ― disse dando de ombros. ―
Quatro vezes a atenção. Quatro vezes o... é... ― ele deixou a frase morrer, com um
sorriso arisco.

― Eu entendi.

Kyle se recostou no banco, encarando o céu escuro.

― Olha, você perguntou. Então eu respondi.

Eu engoli em seco. O caroço parecia não ir embora.

― Eu sei que parece uma loucura. E eu não espero que você entenda. E... ― ele se virou
para me encarar. ― E desculpa por eu ter beijado você. Quero dizer, você não estava lá
no bar para responder ao nosso anúncio, então não foi justo.

― Eu também beijei você ― admiti. ― Não é como se eu fosse inocente.

― Talvez. Mas para o que estamos procurando? Você está obviamente fora dos limites.

Fora dos limites... aquelas palavras soaram em minha cabeça quase como um desafio.

― Você apenas estava lá. E aconteceu de ser linda, estar sozinha e eu...

― Me resgatou de um encontro de merda? ― sorri.

― Bem, é ― ele riu alto. ― Você não queria ter filhos pequenos com aquele cara, não é?

― Não ― admiti. ― Com certeza não.

― Bem, então nenhum dano causado ― disse Kyle desligando a tela do celular. Quando
ele colocou o aparelho de volta no bolso eu senti uma espécie de decepção. De
oportunidade perdida.

Eu não queria que ele fosse embora.

― Por um acaso você não estaria procurando por um relacionamento monogâmico? ―


perguntei timidamente.

Ele deixou escapar um longo assovio.

― Sinto muito, linda. Eu já tentei isso várias vezes. A verdadeira definição de


insanidade é...

― Fazer a mesma coisa várias e várias vezes e esperar um resultado diferente?

Ele suspirou melancolicamente.

― Droga. Você é meu tipo de garota, de verdade.

Eu continuava repassando nosso beijo em minha mente, ou melhor, nossa série de


beijos. Tudo tinha sido tão bom que quase parecia um sonho. Só Deus sabia há quanto
tempo eu não sentia esse tipo de eletricidade e conexão instantânea.

Vá embora, Sammara.

Minha voz interna estava sendo severa novamente, me alertando como um pai ou mãe
superprotetor. Como uma garota rebelde, afastei aquele pensamento e olhei para baixo,
onde nossas pernas ainda se tocavam.

― Que tal se eu subisse em seu colo ― disse enquanto fazia exatamente isso. ― E
beijasse você até você esquecer tudo sobre esse anúncio idiota?

Baixei meu rosto até nossos lábios se tocarem e mergulhei novamente em seus lábios.
Kyle me beijou de volta sem hesitação, sua mão descendo rapidamente para minha
cintura. Naquela posição eu podia sentir o ar frio da noite entre minhas coxas. Meu
curto vestido vermelho estava apertando firmemente ao longo das minhas pernas, mas
eu não me importava.

― Você é tentadora ― murmurou Kyle entre nossos beijos. ― Tão tentadora...

Beijei seu rosto, sua bochecha com barba, a linha afiada e masculina de sua mandíbula.
Beijos suaves e doces.

― Então por que resistir?

― Porque fizemos um pacto ― murmurou entre meus cabelos. Sua boca estava em meu
ombro agora. Beijando. Mordendo...

Eu me contorci em seu colo. Um volume tinha se formado em seu colo, em algum lugar
na curva da minha bunda.

― E você não pode mudar de ideia? ― sussurrei em seu ouvido. Mantive as mãos
delicadamente em ambos os lados de seu rosto, empurrando-o apenas um pouco para
trás, para ser capaz de encarar seus olhos acinzentados. ― Eu não posso fazer você
mudar de ideia?

Kyle suspirou suavemente, expirando em minha boca. Nossos lábios se escovaram ainda
mais suavemente. O calor entre nós era alucinante.

― Desculpa, mas não ― disse. ― Eu dei a minha palavra de que iríamos tentar isso.

Havia uma tristeza genuína em seus olhos. Eu também estava desapontada, mas ao
mesmo tempo, admirada com sua força. Sua lealdade...

― Me empresta seu telefone de novo.

Por cerca de cinco segundos ele apenas me encarou, parecendo enxergar além de mim,
em minha alma. E então ele se mexeu e eu senti o telefone sendo pressionado em minha
mão.

O que diabos você está fazendo?

A tela ainda estava aberta no anúncio. Aquele anúncio maluco, insano. Eu o li mais uma
vez, perdendo o ar, mesmo quando ele enterrou a protuberância não insignificante de
seu pau endurecido entre minha bunda coberta apenas com uma calcinha fio dental.

― Isso... ― disse enquanto abria a página de mensagens ―, é apenas no caso de eu


querer entrar em contato com você.

Enviei um texto para mim mesma, de modo que nós dois tivéssemos os contatos um do
outro. Mas no lugar de uma mensagem, enviei uma cópia da tela do próprio anúncio.

Sammara, para com isso!

Kyle apertou minha cintura, dez dedos fortes marcando levemente a carne macia sob
meu vestido. Eu podia imaginar como seria se ele estivesse dentro de mim ao invés de
pressionado contra minha bunda... separado apenas por poucas camadas de tecidos.

― Então você está me dando o seu número ― murmurou ele ― para o caso de eu
abandonar toda essa loucura e decidir que quero uma namorada de novo?
― Talvez sim.

Rebolei em seu colo, provocando um gemido.

― Talvez não.

Ele ofegou quando me pressionei sobre seu pau endurecido uma última vez, antes de
voltar para a segurança do frio banco do parque.

De alguma forma, consegui ficar em pé sobre duas pernas bambas. Tirei sua jaqueta, a
estendendo novamente para ele e então me inclinei novamente até ficarmos cara a cara
mais uma vez.

― Isso é por ter me salvo esta noite ― disse o beijando uma última vez.

As borboletas bateram asas novamente, seguidas por faíscas. Fogos de artifícios.


Erupções vulcânicas...

Quando voltei para a minha posição, seus olhos estavam quase fechados.

― Boa noite meu soldado gostoso ― disse estendendo a mão em sua direção. Kyle sorriu
e a apertou de volta.

― Boa noite minha princesa de marfim ― o ouvi dizer enquanto eu me afastava.

Four

SAMMARA

E então... como foi seu encontro?

Melissa me encarava com expectativa do outro lado de sua caneca de café fumegante.
Ela estava animada por mim. Ansiosa.

Eu quase odiava desapontá-la.

― Foi... interessante.

Os olhos dela brilharam e percebi o meu erro. Eu imediatamente soube que ela tinha
entendido minha frase como uma afirmação de que eu tinha ido pra cama com ele.

― Não tão interes sante. Mas ainda assim, não exatamente o que eu esperava.

Passei então a contar a ela em detalhes sobre como eu tinha levado um bolo, ou quase,
e como acabei deixando o bar com um soldado chamado Kyle. Falei longamente sobre o
beijo. Droga, eu podia me sentir excitada só de falar sobre aqueles beijos.

― E então você foram para um parque, foi isso?


― Sim.

― E o que aconteceu lá? Mais beijos?

― É... mais ou menos. Parei um pouco, pensando no que eu devia contar ou não. Eu
podia mostrar o anúncio para ela. Eu o tinha em meu telefone. Seria fácil. Explicaria
tudo...

― E então nós apenas trocamos números e nos despedimos ― disse.

Toda sua expressão mudou. Ela estava totalmente devastada.

― Só isso?

― É... acho que sim.

Melissa era minha melhor amiga. Ela já era casada e vivia através de mim. Eu podia
apimentar um pouco seu dia. Contar a ela tudo sobre a ideia de Kyle de dividir uma
namorada, e como funcionaria, e como os outros três soldados que viviam no casarão
antigo do lago deveriam ser tão musculosos e bonitos quanto ele.

Mas ao invés disso eu fiquei calada.

O que você está escondendo, Sammara?

Aquela vozinha outra vez, me importunando. Sabendo exatamente o que eu estava


pensando lá no fundo da minha mente e trazendo o tempo todo para o foco.

Você está pensando em ligar para ele, não está?

Eu estava. Definitivamente. E provavelmente aquela era uma péssima ideia.

É uma péssima ideia, a voz advertiu. Você deveria excluir o número agora mesmo.

― TERRA CHAMANDO SAMMARA!

Eu pisquei, como se estivesse saindo de um transe. Melissa me encarava com


curiosidade.

― E então, você vai sair com ele de novo? ― perguntou, provavelmente pela segunda ou
terceira vez.

― Não ― respondi rapidamente. ― Quero dizer, acredito que não.

― E por que não? ― exclamou? ― Você disse que ele era lindo. E musculoso. E que
tinha um beijo bom!

― Um beijo maravilhoso ― corrigi.

― Viu? ― disse rindo. ― Então por que não ligar para ele?

Você sabe porquê...

Puxei o ar profundamente, deixando-o sair como um longo suspiro.

― Bem é... é complicado.

Eu ri internamente ao usar a explicação do próprio Kyle.

― Me conta ― disse Melissa. Ela me encarou intensamente por um instante e então


seus olhos se arregalaram. ― Merda! ― gritou. ― Ele é casado!

― Não, nada disso ― respondi rapidamente. ― Nada de esposa ou namorada.

― Você é contra namorar soldados?


― Não...

― Nem eu seria ― sorriu ela, antes de se recostar na cadeira. ― Sempre quis um


namorado do exército! Ou fuzileiro naval. Ou da marinha. Ou...

― Existe algo sobre ele ― disse ― que o torna... fora dos meus limites.

Ela me olhou com um ar astuto, seus cabelos escuros caindo sobre um olho. Melissa me
conhecia bem o suficiente para saber quando eu escondia alguma coisa. Mas felizmente,
ela não era daquele tipo de amiga que tinha que saber tudo. Ela simplesmente sabia
quando deixar para lá.

― Tudo bem ― disse sob um suspiro. ― De volta à estaca zero.

Eu concordei com a cabeça, encarando minha caneca. Que droga.

― Não consigo entender quem aparece meia-hora atrasado para encontrar você ― riu.
― Quero dizer, que diabos o cara estava pensando?

― Não faço ideia ― ri.

― Você é inteligente, maravilhosa, bem-sucedida...

Neguei com a cabeça.

― Eu não me sinto inteligente. Nem maravilhosa.

E não sou nem metade da mulher bem-sucedida que você pensa... pensei amargamente.

― Bobagem ― disse Melissa. ― Você pode se sentir dessa forma, mas só porque você é
muito exigente consigo mesma.

Eu sabia que minha amiga estava fazendo o seu melhor para me animar. Mas naquele
momento, eu não queria aquilo. Eu queria me sentir miserável. Eu meio que queria ficar
sozinha. Para pensar em Kyle...

Ela bateu na mesa com uma unha pintada. Eu sabia que sua mente estava trabalhando
em algo.

― Ainda tem certeza de que não quer que eu junte você com um dos amigos do Rich?

― Certeza absoluta.

― Quero dizer, provavelmente é melhor do que tentar a sorte em algum site de namoro
aleatório ― ponderou ela.

― Acho que vou dar um tempo ― disse. ― Ficar quieta. Estou ocupada demais com o
trabalho de qualquer modo. A Dawn anda me pressionando sobre toda aquela
publicidade comercial, e eu devo aprovar um monte de coisas antes de...

― A Dawn que se foda. Junto com o trabalho. E todo o resto ― disse Melissa, com
desdém. ― Você precisa arrumar tempo para você mesma, Sammara. Você merece isso.
Você merece ser feliz fora do seu trabalho.

Concordei diante daquela surra verbal. Ou melhor da conversa motivacional.

― Além do mais, Dawn não é sua chefe. Ela é sua sócia.

Deixei escapar uma longa gargalhada.

― Alguém precisa contar isso pra ela.

Melissa pegou minha mão, a apertando.

― Não, Sammara. Você precisa dizer isso pra ela.


Ergui a cabeça e percebi que sua expressão tinha se tornado séria de repente.

― É, eu sei.

Five

SAMMARA

Eu li o anúncio de novo. E de novo. E mais uma vez depois disso. E a cada vez que eu
fazia isso...

Mais e mais excitada eu me sentia.

Meu estômago se contorcia ao pensar que eu teria não apenas um ou dois ou até mesmo
três... mas quatro caras. Inteiramente para mim. Ao mesmo tempo.

Ao mesmo tempo?

Eu tinha que admitir, a fantasia era sedutora.

Ainda assim, em meu coração eu sabia que era apenas isso, uma fantasia boba. Eu já
tinha me interessado pelo ménage antes, na faculdade, quando as coisas eram mais
casuais e as responsabilidades menos opressivas. Mas aquilo não era um ménage em
uma noite de sexta-f eira. Ou até mesmo uma daquelas orgias viscerais que eu assistira
em meu computador, me perguntando o tempo todo como uma garota poderia acabar
em uma situação como aquela.

Não, esta era a vida real.

E no fim, provavelmente era aquilo que tornava tudo tão excitante para mim. Saber que
poderia realmente acontecer. Que havia esse cara sexy e lindo, com provavelmente três
amigos sexys, querendo não somente dividir uma garota por uma noite ou um fim de
semana, mas sim torná-la a namorada permanente deles.

Namorada...

Li o anúncio de novo. Namorada comunitária. Alguém para casar. Apenas


relacionamento de longo prazo.

Deitada em minha cama, soltei um curto riso. A parte engraçada é que eu achava que
poderia fazer aquilo. Que eu seria realmente boa em ser namorada de quatro caras ao
mesmo tempo. Afinal, eu era a mestre das multitarefas. E sem dúvida eu podia lidar
comigo mesma ao redor do sexo masculino. Tinham me dito uma vez que eu era um
pouco demais para se lidar, o que seria perfeito neste cenário, porque haveria quatro
vezes o efetivo para lidar comigo de qualquer maneira.

E quanto à minha libido... bem, essa não seria um problema também.


Meus dedos escorregaram para baixo, sobre minha barriga, passando por sob o cós de
renda da minha calcinha...

Sexo era algo sobre o qual eu estava sempre discutindo. Meus namorados anteriores ou
reclamavam que eu queria muito, ou os mais inseguros ressentiam-se do meu histórico
sexual prévio. Claro que havia um seleto grupo que conseguia me acompanhar,
especialmente no início. Alguns desses eu mantive em minha vida mesmo depois do fim
do relacionamento. Afinal, uma garota tem suas necessidades.

Ainda assim, nada nunca funcionou para mim. Homens são homens e na maioria das
vezes eles querem estar no comando. Eles querem iniciar. Querem decidir quando e
onde e qualquer desvio nesse plano muitas vezes acaba por abalar seus egos frágeis.

Mas quatro caras...

Deixei meus dedos vagarem, deslizando pela minha fenda escorregadia. Eu me sentia
excitada desde a noite passada. Desde o momento em que eu me banhara e deitara para
ler o anúncio estúpido mais uma vez (ou seriam cinco?) antes de dormir.

Quatro caras. Quatro militares, com egos que provavelmente não eram frágeis.

Esquece isso, Sammara.

O apelo era mais do que simplesmente físico. Não apenas eles cuidariam de mim
sexualmente, mas eu teria quatro amantes fortes para me proteger e cuidar de mim.

E eu deles...

Fechei os olhos ao deixar o primeiro dedo se afundar dentro de mim. A pressão estava
deliciosa. Parecia aconchegante e sedoso e tão totalmente quente.

BZZZZZ!

Meu telefone vibrou. Irritada, eu o chutei para longe e abri minhas pernas novamente...

BZZZZZ! BZZZZZ!

Suspirando, me mexi para silenciar o intruso. Levaria apenas um segundo para desligá-
lo. Um segundo para voltar para...

Havia mensagens na tela de um número desconhecido. Precisei de apenas um segundo


para me dar conta de quem era o remetente:

KYLE.

Dei um pulo, me sentando na cama. Meu coração acelerado enquanto eu apertava o


botão para abrir a mensagem.

Feliz aniversário de 24 horas

do nosso quase encontro!

Era um pouco hilário. Mas de um jeito fofo.

Minha boceta latejava, me implorando para continuar. Considerei empurrar o telefone


para longe, mas eu sabia que não conseguiria mais me concentrar. Não até responder.
Awwwn, que fofo. Um romântico afinal.

Ele digitou rapidamente, os três pontos piscando indicando isso:

Pronta para vir para o lado sombrio?

Eu ri. Se aquele era o jeito dele de me convencer, ele precisaria se esforçar um pouco
mais.

Lado sombrio? É assim que vamos chamar isso?

Eu podia pensar em várias definições para toda aquela ideia. Mas sombria não era uma
delas.

Você pode chamar do que quiser,

desde que olhe pela sua janela.

Estou aqui embaixo.

Com o choque diante daquelas palavras, deixei o aparelho cair, sentindo um arrepio
misturado com excitação passar por mim.

Sério?

Aproximei-me das cortinas e lentamente as puxei para trás. Com certeza, na rua, um
grande veículo retangular estava parado no estacionamento.

Puta merda...

O telefone tocou me dando um susto! Levou uns três ou quatro toques até que eu
conseguisse pegá-lo e atender a chamada.

― Finalmente ― disse Kyle. ― Onde eu estaciono essa coisa?

― Você... você está dirigindo uma Hummer?

― Com certeza estou. Mas não é minha. É do exército. ― Ouvi Kyle grunhir ao virar o
volante, e depois ocupar um lugar em uma vaga. ― Um dos benefícios de conhecer
alguém na oficina.

― Você não pode estacionar aí ― disse o observando. ― Você está ocupando duas vagas.
Além do mais, elas são numeradas, para membros do condomínio. Você vai ser
rebocado.

Meu soldado sexy apenas riu.

― Apenas me observe.

Ele saiu do carro, olhou para cima e fez um gesto para que eu abrisse a janela. Como
ele não estava mais no telefone, eu simplesmente obedeci.

― Oi, linda ― sorriu ele.

― É... oi.

Do segundo andar seus ombros largos pareciam gigantescos, seu lindo rosto
emoldurado por cabelos macios, cor de areia. O vento soprou, fazendo o frio entrar pelo
meu quarto. Mas seu sorriso, mesmo lá embaixo, era brilhante e quente.

― Você vai me deixar subir? ― perguntou ele. ― Ou devo pegar uma caixa de som e
fazer uma serenata antes?

Six

SAMMARA

Claro que eu deixei ele entrar. E nem me importei em trocar de roupa. Não parecia
necessário. Por algum motivo, havia um nível de intimidade entre a gente que era
inexplicável. A presença dele não exigia outra coisa diferente da longa camisa que eu
usava para dormir.

― Quer dizer que... você me achou.

― Você não estava exatamente se escondendo, estava? ― perguntou ele, dando de


ombros.

Seu cheiro era incrível, uma mistura de couro, suor e aço. Ele se fez estranhamente em
casa no meu apartamento, tirando as botas na porta e jogando a jaqueta de couro na
parte de trás do meu sofá como se fosse o dono do lugar.

― Olha, estou aqui por dois motivos ― disse ele. ― Primeiro porque os caras me
pediram para vir. Aparentemente eles amam você. Todos os três.

― Me amam? ― z ombei. ― Essa é ótima. Eles nunca me viram.

― Sim, mas eles conhecem você ― continuou ele. ― Bastante bem por sinal.

― Com base no que você contou a eles?

Kyle sorriu.
― Sim, com certeza. Mas... com outras coisas também.

Eu não queria saber sobre essas outras coisas. Pelo menos não ainda.

― E qual é o segundo motivo?

Ele avançou em minha direção e eu quase dei um passo para trás. Era intimidador: sua
altura, seu tamanho, seu físico incrível. Mas eram exatamente aquelas coisas que fazia
com que eu me sentisse segura ao seu lado também.

― O outro motivo é que eu não consigo parar de pensar em você.

Ele pressionou os lábios nos meus e tudo o mais desapareceu. Meu apartamento
bagunçado, o fato de eu estar quase nua e até mesmo o anúncio insano que eu tinha
salvo em meu telefone. Tudo se foi no instante em que sua boca tomou a minha, fazendo
com que eu amolecesse em seus braços.

Sammara... espera!

Eu não queria esperar. Eu o queria contra mim. Eu o queria dentro de mim, embora eu
soubesse que aquela ideia era o ápice da estupidez.

Mas...

O instinto venceu tudo. Minha mente só focava no delírio vertiginoso de deixá-lo me


beijar, repetidamente. Tanto, que mal notei quando meus pés deixaram o solo.

― Oh!

Em um movimento fluido, ele me empurrou para trás no sofá e abriu minhas pernas,
levantando-as sobre seus ombros. Minha camisa se embolou em minha cintura ao
mesmo tempo que minha bunda se ergueu para ajudá-lo a tirar minha calcinha. Ele a
tirou e, sem cerimônias a jogou por sobre o ombro.

― Eu...

Nossos olhares se prenderam. Havia entendimento ali e naquele instante, nada


precisava ser dito. Tudo o que precisava ser comunicado era passado entre nós
silenciosamente, no espaço de um batimento de nossos corações.

E então ele se jogou para a frente... e afundou o rosto entre minhas pernas.

CARALHO...

Ofeguei alto, apertando sua cabeça enquanto ele me chupava. Sua boca era quente e
molhada, a barba fazendo cócegas na pele sensível do interior das minhas coxas
enquanto ele lentamente arrastava a língua pelo interior da minha boceta

― Você está molhada ― murmurou ele contra minha pele. ― Tão enxarcada...

Minha resposta veio por meio de um grunhido, apertando meus dedos em seu cabelo.
Eu precisava dele mais fundo e ele respondeu enfiando a língua dentro de mim, o mais
fundo que ela conseguia ir.

Puta merda, puta merda... puta merda...

Eu não podia acreditar que aquilo estava acontecendo. E ainda assim estava e eu estava
totalmente emocionada. Todas as últimas reservas que eu ainda pudesse ter tinham
caído por terra, eliminadas pelo prazer devasso de ter aquele belo homem me
devorando com sua boca perfeita.

Ele inseriu um dedo e eu pulei de alegria. Minha boceta implorando por penetração
desde o momento em que eu a negligenciei para atender o telefone.
― Caralho, seu gosto é tão bom ― sussurrou docemente. Eu ergueu os olhos para me
encarar por um instante e eu me vi olhando para baixo. A visão de sua mandíbula bonita
e áspera se movendo contra minhas dobras me deixou ainda mais molhada... se é que
aquilo era possível.

Ele continuou trabalhando em mim, lambendo e chupando, adicionando um segundo


dedo enquanto eu arranhava sua cabeça. Ele tinha uma língua incrível. Ele seguia
lambendo meu clitóris, mesmo quando seus dedos começaram a se curvar naquele
movimento familiar que sempre acabava no meu ponto G.

― Você... eu preciso de você dentro de mim...

Eu estava desesperada por ele. Por mais gostoso que aquilo estivesse, à medida que
sentia meu orgasmo surgindo, eu precisava dele dentro de mim no momento da
explosão final.

Kyle se afastou por um momento. Seu queixo estava brilhando e seu sorriso era imenso
e lindo. Sorri de volta, ronronando de satisfação enquanto mergulhava meu próprio
dedo dentro de mim enquanto ela tirava a camisa.

Eu me afundei ainda mais no sofá ao ver seu peito nu diante de mim.

Cada curva, cada linha, tudo esculpido simetricamente por seu corpo queimado de sol.
Aquela barriga não podia ser real. Seus abdominais eram seis ou oito blocos de
músculos duros e ondulados que criavam onda após onda de deliciosos picos e vales. A
definição era tão nítida, tão cortada, que eles formavam um caminho até suas regiões
inferiores em um perfeito "V".

― Por favor... ― implorei, movendo dois longos dedos para dentro e fora de minha
boceta. Eu conseguia ouvir o quanto eu estava molhada. ― Me mostra...

Sorrindo, Kyle tirou a cueca, finalmente libertando seu pau. Ele já estava duro, longo e
grosso na base com uma cabeça lisa e bonita. Ele manteve uma mão sobre seu membro,
acariciando-o para cima e para baixo algumas vezes, enquanto me olhava diretamente
nos olhos.

E então ele se moveu para frente e se posicionou entre as minhas pernas.

FINALMENTE...

Me inclinando, eu o ajudei a se guiar rumo à minha entrada. Com a cabeça de seu pau
pressionada contra as dobras macias de minha boceta, sedutoramente mordi o lábio.

― Faça isso...

Kyle contraiu sua linda bunda e empurrou em uma estocada longa e agonizante. Ele me
penetrou centímetro a centímetro, afundando até eu sentir suas bolas, pesadas e cheias,
pressionadas firmemente contra minha bunda.

― Puta merda...

Agora era sua vez de gemer e ofegar. A expressão de Kyle era arrebatadora, seus olhos
desfocados e distantes. Ele permaneceu enterrado dentro de mim por alguns segundos,
saboreando a sensação antes de finalmente sair e entrar novamente.

― Puta que pariu, Sammara...

Eu sorri e ele me beijou. Nossas línguas exploravam nossas bocas enquanto ele me
fodia, lenta e gentilmente pelas primeiras duas ou três dúzias de suas estocadas.

Em seguida eu senti seu corpo ficar rígido, e eu sabia que estava no caminho certo.

― AH!
Ele não apenas aumentou a velocidade, foi como um despertar. Seus braços se moviam
com força hidráulica enquanto empurravam minhas coxas. Seus dedos apertando
enquanto ele começava a entrar e sair, movendo-se cada vez mais e mais rápido e, claro,
cada vez mais fundo no meu corpo a cada investida.

― Caralho... caralho... CARALHO...

Eu não conseguia mais segurar... meu orgasmo era questão de segundos. Entre o calor e
a sua beleza e os meus já inacreditáveis níveis de excitação, nada podia realmente ser
feito.

― Ai... caralho...

Eu podia sentir meus olhos girando enquanto meu orgasmo me levava em uma onda
gigante e eufórica. Eu podia sentir os espasmos, meus músculos internos apertando
firmemente enquanto ele socava seu belo pau para dentro e fora de minha boceta.

― Kyle... ah Kyle...

Seu nome deixava meus lábios ao mesmo tempo em que minhas unhas desciam por suas
costas. Enrolei minhas pernas em volta de sua cintura e enganchei meus tornozelos
para tê-lo mais fundo dentro de mim. E enquanto isso, ele seguia seu movimento para
dentro e fora de mim, me fodendo sem parar até meu orgasmo chegar ao seu glorioso
final.

Finalmente olhei para ele, todo suado e forte. Ele usava apenas sua placa de
identificação, pendurada em uma corrente sobre o peito. Movendo-se para frente e para
trás a cada estocada.

― Você... você precisa...

Antes que eu chegasse ao fim da frase Kyle me virou com um braço e me inclinou sobre
o sofá. Aquilo tinha sido insanamente excitante. Bruto, mas sem ser demais. Forte, mas
não assustador.

Ele entrou novamente em mim com uma única estocada e eu gemi como uma cadela no
cio. Eu amava a maneira como ele me preenchia, como era sentir ele dentro de mim,
especialmente por trás. Suas mãos estavam em minha cintura, exatamente como tinham
estado na véspera, mas dessa vez, sem nada para separar a carne de nossos corpos.
Estávamos finalmente conectados como um todo, homem e mulher, da maneira mais
íntima possível. A maneira que sempre marca duas pessoas como amantes. A única
maneira que você nunca pode ter de volta...

Suas investidas estavam mais firmes, movendo minha bunda lisa e redonda em direção
ao seu corpo duro e ondulado. E ele estava indo tão fundo! Tão maravilhosa e
dolorosamente profundo...

De repente, senti suas mãos em meu cabelo, e minha cabeça sendo puxada para trás. O
movimento era dominante e poderoso e maravilhosamente abrupto.

― Dentro de você ― rosnou.

Não era uma pergunta. Ele não precisava realmente de uma resposta, mas...

― SIM...

Ele estava inclinado sobre minhas costas, seu rosto totalmente imerso no grande
emaranhado de meus cabelos. Sua respiração estava pesada e rápida. Ele estava tão
perto...

― AHHHHHHHHHHH!

Eu podia sentir o calor enquanto ele expirava em meu ouvido. A adrenalina e a


excitação, antes mesmo de senti-lo explodir dentro de mim.
Kyle me puxou para trás com força antes de explodir, arqueando minhas costas e
puxando meu rosto em direção ao teto. Seu pau pulsou, uma, duas vezes e então ele
estava me enchendo com seu leite quente.

Meu Deus...

Seu pau era uma máquina cadenciada dentro de mim. Me bombeando jato após jato
com sua porra branca e pegajosa. Eu podia sentir o líquido batendo em meu útero. Eu
podia imaginar sua porra me enchendo... e então Kyle finalmente saiu de dentro de
mim, deixando-me encharcada e transbordando.

Desabei sobre o sofá, ronronando como um gatinho. Apertando minhas pernas uma
contra a outra, eu podia sentir seu líquido escorrendo para fora de mim,
independentemente de qualquer movimento.

― Sabe, você parece um pouco como um perseguidor, aparecendo dessa maneira ―


zombei. ― Você não acha?

Kyle riu alto e por um longo tempo.

― Se você acha que isso é perseguição... Você não imagina nem a metade. ― Ele limpou
a testa com o antebraço e descansou as mãos nos quadris. ― Agora me diz, onde você
guarda as toalhas?

Seven

KYLE

Ela era linda. Por dentro e por fora. Eu soube disso em primeira mão.

E graças a Deus por isso.

Não foi preciso mais do que dois ou três minutos para nos limparmos e então estávamos
no quarto dela, deitados em sua cama super feminina. Sammara tinha o rosto apoiado
em meu peito, seu cabelo espalhado para todos os lados, como algum polvo loiro
maluco.

― Então, o que você quis dizer com os rapazes "me amam"?

Eu podia sentir meu coração batendo sob ela, lento e constante, profundamente em meu
peito. Ele tinha voltado rapidamente ao ritmo regular, graças aos meus treinos.

― Eles amam você ― disse simplesmente. ― Sua aparência, o jeito como você age... ―
resolvi jogar limpo. Não tinha porque recuar agora. ― Seus interesses, sua ambição,
seu negócio bem-sucedido, seu...

― Ei, pode ir parando aí ― ofegou. ― Meus interesses?


― Sim. Ski, trilha, fotografia... você se envolveu em algumas aulas de arte, mas elas não
deram em nada. ― Olhei ao redor. ― O u deram? Tenho a impressão de não ter visto
nenhuma pintura por aí, mas...

― Você me espionou? ― gritou ela, incrédula.

― Tecnicamente meus irmãos de exército espionaram você. Mas sim.

Ela parecia alarmada. Quase irritada, na verdade. Mas eu sabia que poderia contornar a
situação.

― Como vocês poderiam...

― Briggs ― disse com um dar de ombros. ― Ele tem amigos na Agência de segurança
nacional. Ele costumava trabalhar para a Agência. Pode ser que ainda trabalhe,
pensando nisso...

― Mas...

― Olha ― argumentei ― isso não foi algo que decidimos de última hora. Gastamos
muito tempo nisso. Muita análise e planejamento. Então sim, vamos checar e investigar
a fundo qualquer candidata em potencial. Como você. Ou como Ashley.

Ela pareceu confusa.

― Ashley?

― A garota que eu deveria ter conhecido ontem à noite.

― Ah.

― Preciso dizer que elogiei você um pouco sim ― confessei. ― Não é todos os dias que
você conhece uma garota que beija gostoso assim. ― Enrolei um longo cacho de seu
cabelo em meu dedo. ― Nem tão bonita ou maravilhosa.

Sammara se ergueu, ficando apoiada em um cotovelo.

― Então eles enviaram você para me elogiar? Ou talvez para me conquistar?

― É... mais ou menos.

― Testar a mercadoria? ― perguntou passando uma mão sobre o corpo, como a


assistente de um mágico

Eu ri e encolhi os ombros.

― Essa parte foi ideia minha mesmo. Chame isso de... negócios inacabados.

Sammara rolou os olhos. Droga, ela parecia ainda mais fofa fazendo isso.

― Não vou mentir ― disse. ― Esse tipo de coisa não é para todo mundo. Todos nós
sabemos disso. Convencer você é uma possibilidade remota, especialmente levando em
conta que você nunca respondeu ao anúncio. ― Me espreguicei, dando um bocejo. ―
Mas se eu for ser honesto? Nós somos perfeitos demais para não tentar.

Ela apoiou o queixo em minha barriga, cruzando as mãos sob ele.

― Quer dizer que eles me amam? ― disse novamente.

― Isso mesmo. Especialmente Dakota. Parece que você faz ele lembrar de alguma
garota realmente doce de sua cidade natal.

― Dakota...

― Você gosta de meninos do interior?


― E que garota não gosta? ― perguntou ela, rindo.

― Então você vai amar o Dakota.

Ela rolou de barriga para baixo, balançando uma perna de modo extremamente sexy. A
visão de sua bunda nesta posição era simplesmente incrível.

― Se eu fosse fazer isso ― disse cuidadosamente. ― Do que mais eu iria gostar?

Senti a animação percorrendo meu corpo, embora tentasse não transparecer isso. Ela
estava mordendo a isca.

― De todos nós, isso é certo ― disse. ― E gostará especialmente de ser mimada, bem
cuidada... Um ou mais de nós sempre estará por perto e, assim, você sempre terá
alguém com quem sair ou conversar.

Dane-se, estava na hora. Decidi lançar a verdadeira isca.

― Ah, e definitivamente você vai gostar da casa.

Sammara tinha estado o tempo todo traçando círculos suaves sobre minha barriga com
a unha. De repente ela parou.

― A casa?

Peguei o celular e abri na galeria de fotos antes de entregar o aparelho para ela.

― Olhe o quanto quiser.

Eu estava jogando baixo. Nós sabíamos, por todo o seu dossiê, que ela tinha feito design
de interiores e que tinha ambições arquitetônicas. E nós estávamos bem no meio da
renovação de um belo casarão vitoriano.

Seus olhos brilharam como duas joias azuis sob a luz do meu telefone. Ela passou
vigorosamente por cada foto, parecendo totalmente incrédula.

― Você só pode estar brincando comigo.

― De modo algum.

Ela continuou passando pelas fotos. Um pequeno cacho de cabelo caiu sobre sua boca,
fazendo ela parecer ainda mais sensual.

― E vocês moram todos juntos? Nessa casa?

― Isso mesmo.

― Se não se importa de eu perguntar, qual é o orçamento de vocês? Você sabe... para


terminar todos esses cômodos e...

― Não há um orçamento ― respondi simplesmente. ― O céu é o limite.

Sammara estava boquiaberta.

― Nós quatro juntamos nossos recursos. É mais fácil assim.

Sua expressão era reservada e espantada. Eu podia dizer que ela não sabia se devia
acreditar ou não em mim.

― É apenas dinheiro, Sammara. E levando em conta as coisas que fazemos, o perigo


que corremos? ― a encarei nos olhos. ― Acredite em mim quando digo que o governo
cuida muito bem de nós.

Ela inspirou profundamente, seu peito subindo e descendo enquanto ela ainda encarava
meu telefone, navegando por mais algumas fotos.
― E eu iria morar aqui?

― Sim. Com todos nós.

Ela engoliu em seco antes de passar a língua por sobre os lábios.

― E eu...

― Se quiser, você seria responsável por toda a restauração ― sorri. ― Eu sei que é
muita coisa, mas nenhum de nós quer ter que lidar com o empreiteiro, pra ser sincero.
Você teria carta branca em tudo.

― Criativamente também? ― Parecia que sua mente não deixava que ela acreditasse no
que estava ouvindo. ― Você realmente está dizendo que eu poderia...

Segurei seu queixo, a obrigando a me encarar.

― Sammara, você teria tudo o que sempre quis. Nossos cartões do banco, nosso
dinheiro, um orçamento ilimitado para tornar a casa bonita e nosso consentimento para
qualquer loucura que quiser. E, claro, teria nós quatro também. Quatro namorados.
Quatro namorados militares, que estariam lá de vez em quando, entre as missões.

― Me dividindo... ― disse baixinho.

― Se funcionarmos bem juntos? Sim ― disse, concordando com a cabeça. ― Você seria
nossa namorada. Exclusivamente de nós quatro. Dividindo você emocional e
fisicamente...

Olhando para a pele de seu lindo pescoço, pude ver o pulsar em sua artéria carótida
acelerar. Seus olhos estavam vidrados, totalmente perdidos em pensamentos.

Suspirei, me levantando.

― Se você apenas aceitasse isso ― disse provocadoramente. ― Se você apenas...

― Ah, cala a boca ― riu, me dando um soquinho na perna e me devolvendo meu celular.
― Você sabe exatamente o que está fazendo.

Eu dei de ombros, erguendo minhas mãos.

― Tudo bem ― concordou. ― Eu vou ver a casa. ― Seus ombros caíram com aquela
mínima submissão. ― Dar uma olhada pelo menos não vai fazer mal.

― Não tenho como discordar nisso.

― Apenas a casa... ― reforçou ela. ― Por ora ― disse me encarando com um sorriso
tímido.

― Por ora ― repeti.

Considerei puxá-la para mim, para um segundo-round, dessa vez debaixo dos lençóis.
Afinal, ela estava super gostosa e eu certamente estava pronto para isso. E eu sabia que
ela também.

Mas ao mesmo tempo, eu não queria forçar a minha sorte.

― Buscaremos você amanhã ― disse, pegando minhas roupas. ― Zero oitocentos.

― Zero oitocentos? ― perguntou, piscando.

― Oito da manhã ― sorri.

― Ah... tudo bem. ― Ela me encarou confusa. ― Espera. Nós?

― Você terá que conhecer os rapazes, é claro ― sorri, vestindo minha calça. ― Bem,
três de nós, pelo menos. Briggs está em missão. ― Dei de ombros e fechei a calça. ―
Ele quase sempre está.

Sammara permaneceu ali sentada, nua, os lençóis amontoados em torno dela,


parecendo um cervo diante dos faróis de um carro. Uma corça de olhos azuis e de tirar
o fôlego.

― Conhecer os rapazes ― reforcei. ― Ver a casa. É só o que estamos pedindo. Inocente


o suficiente para você?

Ela parou, me encarando por um instante. E então concordou.

― É. Claro.

― Por ora ― pisquei.

Eight

RYAN

Kyle estava errado. Ela não era apenas linda.

Ela era simplesmente maravilhosa.

Sentei ao seu lado, no banco traseiro, nossas pernas se tocando. A janela ao seu lado
estava entreaberta, fazendo seu cabelo esvoaçar ao redor do rosto, enquanto Kyle
dirigia pela longa e sinuosa estrada que levava até o lago.

― Quanto tempo você disse que falta?

Sentado no banco da frente, Dakota se virou, apoiando-se em seu braço enorme. Como
sempre, ele tinha um sorriso infantil no rosto, quase presunçoso.

― Mais dez minutos, querida.

― Então a casa fica a uns trinta minutos do centro, certo?

Kyle deu de ombros, uma mão ainda firme no volante.

― Por aí.

― É longe ― disse Sammara.

― Espera até ver o lugar ― respondeu Kyle. ― E então você nos diz se ainda acha
longe.

Pelo o que sabíamos, ela era perfeita. Quase como se tivesse sido feita sob medida para
nós. Ao vê-la olhar pela janela, com as pernas um pouco à mostra em seu vestido de
verão, tive que admitir que estava esperançoso.

Compartilhar uma namorada. Nós quatro, juntos. Eu realmente ri alto.

Puta merda.

Era insano, m as ao mesmo tempo, para nós, era perfeitamente sensato. Nenhum de nós
tinha sido capaz de manter uma namorada... ou no caso de Kyle, nem mesmo uma noiva.
As missões dos especialistas das Forças especiais eram muito diferente do
destacamento padrão. Qualquer um de nós podia ser chamado entre o café da manhã e
o almoço, sem qualquer aviso, e não voltar até o Natal.

No caso de Briggs? Um helicóptero poderia pousar no jardim da frente e levá-lo no meio


de uma partida de arremesso de ferraduras em um churrasco de família. E sim, isso
aconteceu.

Não, as mulheres de hoje não costumavam gostar de coisas como aquelas.


Especialmente na era da gratificação instantânea de hoje, mensagens de texto, chats de
vídeo... Nenhuma delas realmente entendia que os lugares para os quais vamos, e com
as coisas que fazemos, nem sempre a comunicação estará no nível em que elas estão
acostumadas. No melhor dos cenários, elas teriam a sorte de receber uma chamada de
merda, por telefone de satélite de uns 10 minutos.

― É bonito aqui ― admitiu Sammara. Ela se virou, e o sol da manhã irradiou em seus
olhos, fazendo-os brilhar aquele azul cristalino incrível.

― É mais bonito ainda no lago ― piscou Dakota ―, luz do dia.

Sammara sorriu de volta para ele. Ele estivera flertando com ela o caminho todo, no
jeito brega Dakota de ser.

― Calma aí, matador.

Matador. Escolha divertida de palavra.

Se ela soubesse metade das coisas que Dakota já tinha feito, ela o enxergaria de outra
maneira completamente diferente. Deixando de lado juventude, charme e beleza, ele
tinha reforçado e salvo nossas vidas mais de uma vez em missões. E claro, tinha matado
também, provavelmente mais do que qualquer um de nós. Exceto talvez Briggs.

Mas tudo tinha sido necessário, é claro. E Dakota era bom nisso. Bom nisso de modo
que não se deixava afetar; nada do que ele fazia o sobrecarregava, pelo menos não
externamente. Internamente, eu só podia torcer para que ele não fosse um caos
emocional.

Um cotovelo me acertou nas costelas e quando me virei, Sammara sorria para mim.

― E você, qual é a sua história?

Eu a encarei por um momento, perdido em sua beleza. Ela era exatamente o meu tipo.
Exatamente o tipo de mulher que...

― Você não fala muito, não é Ryan?

No banco da frente, Kyle e Dakota caíram na gargalhada.

― Ele? Normalmente ele não cala a boca.

― Apenas sonhando acordado ― respondi, forçando um sorriso.

― Sonhando acordado ― Sammara repetiu, ajeitando o cabelo. ― Vocês três estão me


levando para dentro dessa linda, mas mortal, teia de libertinagem e você estava
sonhando acordado?
Eu apertei os olhos.

― Libertinagem, é? É assim que você está chamando isso?

Ela deu de ombros.

― Bem, quando se tem uma garota e três caras...

― Quatro caras ― corrigiu Dakota. ― Eventualmente, de qualquer modo.

― Que seja ― suspirou ela. ― Quatro caras. Compartilhando a mesma garota? Isso vai
ficar... bem, vamos dizer "bagunçado"?

Pelo menos ela era direta. Eu daria isso a ela.

― Bagunçado em que sentido? ― perguntei.

― Bem, Kyle me disse que não haveria ciúme entre vocês. ― Ela rolou os olhos
novamente, em descrença. ― Então por ora, vamos deixar isso de lado. Mas vocês
pensaram na logística sobre como funcionaria esse compartilhamento entre vocês
quatro?

Ela estava nos subestimando. Eu não tinha muita certeza se eu gostava daquilo.

― Nós pensamos bastante ― respondi. ― Mais do que você pode imaginar.

― Tudo bem então ― disse animada. ― Quem me teria primeiro?

Meus olhos desviaram rapidamente para Kyle, o que não passou despercebido para
Sammara.

― Claro, ele me teve primeiro ― disse ela com um toque de sedução. ― Mas vamos
dizer que estejamos todos morando juntos regularmente. Onde eu vou dormir? Eu vou
ter um quarto? Vou me revezar dormindo nos quartos de vocês, ou...

― Você terá um quarto ― respondeu Kyle. ― Seu próprio espaço, é claro. E onde você
vai dormir vai sempre ser uma escolha sua.

Sammara pareceu considerar por um instante. Especialmente porque a resposta do Kyle


insinuava o fato de termos discutido aquilo antes.

― Certo ― continuou. ― E quanto aos encontros?

Dakota coçou a cabeça.

― Quê?

― Encontros ― repetiu ela. ― Quem vai me levar para sair? Vocês vão se revezar para
sair comigo ou vamos fazer isso em grupo? Ela suspirou melancolicamente. ― Uma
garota espera romance, sabe? Mesmo com quatro caras.

Dakota riu, esfregando seu queixo liso. Um de seus hábitos quando estava nervoso.

― Você acha que não haverá romance? ― perguntou ele.

Sammara deu de ombros.

― Talvez. Possivelmente.

― Confie em mim ― disse Kyle ― você terá romance mais do que suficiente. E vamos
ter tantos encontros com você, que você vai acabar cansada de sair.

― Sei não ― disse Sammara, encarando as unhas. ― Eu realmente gosto de sair.

De certa forma, ela estava nos interrogando e até mesmo ganhando vantagem. Eu não
estava acostumado com aquilo.

― Você faz perguntas demais ― declarei.

A declaração saiu um pouco mais rude do que eu esperava, mas eu quis dizer o que
disse. Eu não queria ela nos fazendo de bobos.

― O que?

― Se você acha que não será feliz com a gente ― disse indiferente ― então porque se
importou em se candidatar?

Sammara se virou para me encarar, sua expressão fria. Para seu crédito ela não olhou
para baixo, mas sim direto em meus olhos.

― Eu não o fiz.

― Não fez o que?

― Eu não me candidatei pra isso. Você sabe disso. Kyle me convenceu a vir porque
vocês acharam que eu seria "perfeita" para vocês. ― Ela disse o perfeita de um jeito
provocador e então riu. ― Apesar de nunca terem me visto antes.

Eu a encarei de novo sentindo sua raiva, observando se ela era genuína ou não. Nossos
olhares se prenderam e pude ver o fogo interno que queimava por trás daquelas orbes
azul gelo. A verdade era, eu precisava dela daquele jeito. Era o que eu fazia, meu dom
se você preferir. Descascando camada sobre camada de besteiras para chegar ao núcleo
real das pessoas.

Pelo espelho retrovisor Kyle me encarou com um olhar severo.

― Ainda assim, você não era obrigada a vir ― respondi dando de ombro. ― Você sabe
muito bem o que queremos, o que estamos procurando. Mesmo não tendo se
candidatado diretamente ao anúncio.

Ela viu através dos meus olhos. Viu através de mim. A raiva se dissipou, se é que esteva
lá. A indignação fingida substituída por um olhar muito mais calculista.

Eu conheço você. Era o que seu olhar dizia agora. O olhar dentro de seu olhar era uma
avaliação. Uma apreciação. Eu conheço você e sei exatamente o que você está fazendo...

Merda. Talvez ela pudesse se defender.

― Eu vim pela casa ― respondeu eventualmente, virando-se para o outro lado e


encarando novamente a paisagem pela janela. ― Não por você.

Dakota me encarou como se eu tivesse atirado em seu cachorro. Kyle parecia ainda
mais irritado.

― Então você está tentando ser contratada como o que, nossa especialista em design de
interiores?

A expressão no rosto de Sammara permaneceu inalterada. Observei enquanto o vento


bagunçava seu cabelo, seu rosto lindo a ponto de tirar o fôlego mais uma vez.

― Bingo.

Nine
SAMMARA

Eu estava puta.

Puta com Kyle por ter me envolvido nessa bagunça. Puta com Ryan por ser um babaca.
Eu estava puta até mesmo com Dakota, por estar ali sentado todo inocente no banco da
frente, seu corpo firme e magnífico combinando perfeitamente com seu sorriso caloroso
e infantil.

Mas acima de tudo, eu estava puta comigo mesma.

Eu tinha me deixado levar. Me permitido colocar minhas esperanças, fossem elas quais
fossem nesse momento, em algo que não podia ser. E agora eu estava prestes a ver essa
casa linda e inacreditável, e que eu sabia que era inacessível para mim por causa dessa
situação impossível.

Era uma provocação. Uma provocação lenta e persistente que me deixava ainda mais
irritada e furiosa comigo mesma a cada quilômetro que ficava para trás.

Mas então nós paramos...

... e tudo desapareceu em um instante.

A casa não era apenas incrível, mas gloriosa. Perfeita de um modo ofensivo e
desagradável.

Merda.

Eu estava fora da Hummer cor de areia antes mesmo que ela tivesse parado totalmente.
As grandes portas se abriram ao meu toque e um minuto depois eu estava de pé na
magnífica sala de estar, cercada por arte e maravilha e beleza... e decadência.

― Isso é horrível.

Kyle parou atrás de mim, cercado por seus amigos. Um olhar de preocupação cruzou
sua face.

― O que? Você não gostou?

― Não ― respondi. ― Eu amei. Horrível é que alguém tenha deixado ela chegar a este
estado! Caminhei até uma das colunas que seguravam o teto abobadado e passei minha
mão sobre ela, vendo pedaços da tinta caírem como neve.

― Isso é criminoso!

Dakota parou ao meu lado com uma expressão vazia. Ele olhava ao redor como se
estivesse vendo o local pela primeira vez.

― Por quanto tempo a casa ficou desabitada? ― perguntei. ― Por quantos anos isso...

― Acho que muito tempo ― Kyle respondeu dando de ombros. ― Mas Briggs se
apaixonou por ela e aqui estamos nós.
Briggs tem bom gosto... pensei comigo mesma. Ele nem estava aqui e eu já gostava
dele.

― E nos disseram que ela tem "boa estrutura" então nós...

― Estrutura? ― repeti ultrajada. ― Uma casa Vitoriana como essa não tem apenas
estrutura! Ela tem vida! Ela vive e respira e...

Eu parei, sufocando em minhas próprias palavras, observando atentamente ao redor,


horrorizada.

― Vocês pintaram esse cômodo? ― perguntei sem acreditar.

― Sim. Por que?

Quem respondeu foi Ryan. As palavras curtas. Graves. Quase desafiadoras.

― Bem, vocês rasparam antes? Até o revestimento? ― Andei ao redor, me sentindo mais
ofendida a cada passo. ― Vocês lixaram antes de preparar para a pintura ou...

― Lixar? ― perguntou Kyle.

― Preparar? ― interrompeu Dakota.

Meu Deus! Eles estavam brincando?

Olhei para a esquerda, onde um conjunto de rolos sujos estavam empilhados em um


pano todo respingado de tinta. Próximo a isso, algumas caixas de pizza e um rolo de fita
adesiva azul... fechado.

― Por favor, me digam que esse foi o único cômodo em que vocês mexeram? ―
perguntei irritada.

― Sim ― admitiu Kyle, hesitante. ― Bem, nossos quartos também.

― E vocês contrataram pintores? Ou açougueiros?

Ele parecia envergonhado.

― A gente meio que achou que podia fazer isso a gente mesmo

― A gente pode fazer isso ― declarou Ryan, cruzando os braços. ― Tinta é tinta.
Paredes são paredes. Qual é a diferença?

Cobri o rosto com as mãos, balançando a cabeça em negação.

A diferença? A DIFERENÇA?

― Este lugar é histórico! ― gritei. ― Apenas olhe ao redor! As molduras esculpidas à


mão que vocês estão pintando por cima. As luminárias a gás ― virei apontando. ― As
janelas de guilhotina! Os móveis originais! Mesmo o piso em parquê de carvalho...

― A gente estava pensando em cobrir com carpete ― interrompeu Dakota animado. ―


Algo macio, com um pouco mais de...

― CARPETE?

Eu queria bater em seu peito. Agarrar seu rosto esculpido, angular e fazê-lo enxergar!
Mas ao invés disso eu apenas torci as mãos. Aquela era a casa mais linda e maravilhosa
que eu já tinha visto, imagina poder ficar nela, ter a oportunidade de restaurar, renovar
e decorar ela.

― Viram? - disse Ryan repentinamente. ― Eu estava certo sobre ela.

Eu me virei e pisquei. Os três me encaravam.


― Certo sobre o que?

― Certos sobre você estar aqui apenas pela casa. E não por nós.

Raiva tomou todo o meu ser. Meu corpo estava vermelho, como se tudo estivesse
pegando fogo. Me interrompi por um momento, tentando focar no controle.

― Sério? ― perguntei inclinando a cabeça. ― É isso o que você acha?

― Exatamente isso ― respondeu Ryan sorrindo, confiante.

Agora que estávamos fora do carro eu podia fazer uma avaliação completa dele. Ryan
era alto, mas não muito. Ele tinha a mais bela pele morena escura e um cavanhaque
preto que estava apenas começando a ver pequenos pontos acinzentados. Mas foram
seus olhos que chamaram minha atenção. Eles eram escuros e profundos. Havia
sabedoria e inteligência neles, mas também desafio.

― Então vocês me convidaram aqui... ― disse parando entre eles. ― Sabendo


perfeitamente tudo sobre meu negócio de design de interiores. Minha experiência com
restauração, minha paixão por história. E me mostraram isso ― acenei, apontando para
a sala. ― Essa magnífica peça arquitetônica...

Comecei a caminhar em um círculo lento enquanto eles observavam, esperando.

― E você tem a cara de pau de agir como se estivesse surpreso por eu estar excitada
com isso?

Eu podia ver que Kyle estava sem palavras. Dakota riu baixinho. Ryan, no entanto, não
tirou os olhos de mim. Suas duas orbes marrons estavam bem presas nas minhas, talvez
me avaliando, talvez me odiando ainda mais do que já parecia odiar.

Caminhei em direção a ele, cruzando uma longa perna na frente da outra. Eu tinha a
sua altura. Talvez aquilo o intimidasse um pouco.

― Então? ― perguntei. ― Você não acha que estou levando sua "oferta" a sério? ―
Mordi o lábio interior, molhando-o. ― Você não acha que eu passei cada minuto dos
últimos dias pensando como seria?

Coloquei uma mão suavemente em seu peito duro e largo. Ele nem se mexeu.

― Quatro homens de uma vez... ― praticamente sussurrei. ― Quatro homens pra


namorar. Quatro homens pra foder.

Vi a mudança em seus olhos. Suas pupilas se tornando mais escuras ao som daquela
palavra. Deixei o mínimo indício de um sorriso se formar no canto da minha boca. Eu o
tinha em minhas mãos.

― Cuidar de quatro namorados fortes e amorosos ― continuei. ― Quatro namorados


militares. E ter eles cuidando de mim...

Eu me inclinei, de modo que meu rosto estivesse apenas a alguns centímetros dele. Seu
cheiro era intoxicante, todo masculino, almiscarado e musculoso. Eu podia sentir sua
respiração em meus lábios. A mudança em sua linguagem corporal enquanto as pontas
dos meus seios roçavam contra seu peito.

E então eu girei em meus calcanhares e beijei Dakota.

Se ele se surpreendeu, não demonstrou. O loiro alto reagiu rapidamente, pressionando


os lábios contra os meus, me esmagando contra ele tão rápido que eu nem percebi que
seus braços tinham se fechado em torno de mim.

O mundo parou. A boca de Dakota era um néctar doce, seus lábios cheios e bonitos e
perfeitos para beijar, enquanto eu apoiava minha mão contra o lado de seu rosto suave
de bebê. E presa em seus braços? Eu podia sentir sua força. Seu poder! Isso me fez
quase desfalecer, quase me rendendo totalmente em seu abraço... mas depois de apenas
um momento eu me afastei e fiquei diante deles novamente.

― Isso é o quão séria eu estou nisso.

Eu me virei para Kyle e ele estava firme, pronto para o meu beijo. Afinal de conta, já
tínhamos muita prática naquilo. E dava pra ver.

― Não inveje a minha sorte ― disse me virando para Ryan. ― Renovar esta casa seria
sim minha paixão. Mas se isso tiver que acontecer? Vocês quatro sempre seriam meu
primeiro amor.

Eu não podia acreditar que eu tinha dito aquilo. É claro que não significava nada
naquele momento, mas eu tinha que falar.

― Vocês seriam meus namorados. Meus amantes ― dei de ombros. ― Vocês seriam tudo
que uma garota quer e precisa em um relacionamento, mas multiplicado por quatro. ―
Houve uma pausa enquanto eles continuavam ali, ponderando minhas palavras. O
momento tinha peso. Todos nós sabíamos.

― E, é claro ― continuei ― eu estaria aqui para vocês. Cada um de vocês. Todos vocês.
― Engoli em seco diante do pensamento. ― Nós estaríamos aqui uns para os outros...
como vocês já são uns para os outros há tanto tempo. E talvez seja exatamente isso que
possa fazer tudo isso funcionar.

Eles me encaravam, cada um à sua maneira. Eu estava novamente no meio do cômodo,


a luz do sol filtrando através das altas janelas arqueadas, banhando-me de luz.

― Como eu disse ― adicionei rapidamente ― só se isso for acontecer...

Por um longo momento ninguém falou nada. O silêncio reinava.

― Então... isso vai acontecer? ― Kyle ousou perguntar.

Era uma boa pergunta... e que tinha me feito sofrer muito. Mas sabe de uma coisa?
Nada do que eu tinha feito até hoje tinha funcionado. Meu próprio histórico de
encontros tinha me levado até ali. Cada relacionamento iniciado tinha fracassado
miseravelmente. Eu tinha sido "demais" para a maioria dos caras, ou eles não tinham
sido o suficiente para mim. De qualquer modo, sempre acabava da mesma maneira:
intimidação do lado deles, tédio, do meu. E por fim, término.

― Por enquanto sim, ― respondi.

Os olhos de Kyle e Dakota brilharam. Todo o meu corpo tremia de excitação... e medo.

― Mas antes ― continuei ― precisamos conversar sobre algumas coisas...

Ten

DAKOTA
Eu ainda estava me recuperando do beijo.

Fazia muito tempo desde a última vez que eu fora beijado daquela maneira ou estivera
perto de alguém tão bonita. Eu seria capaz de jogar aquela garota sobre o meu ombro e
carregá-la para o meu quarto apenas para passar as próximas horas beijando-a do jeito
que ela tinha acabado de me beijar.

E, pelo jeito com que o corpo dela reagira ao meu? Ela não iria se opor.

Mas ao invés disso eu apenas fiquei ali, parando, observando aquela mulher atrevida,
mas incrível, nos dizendo como as coisas seriam. O que era uma grande reviravolta
diante de como as coisas normalmente aconteciam. Principalmente para Ryan.

― Primeiro ― disse ela ― vou precisar de uma semana. Considerem isso um teste. Eu
estarei testando vocês e vice-versa.

― Testando... ― zombou Ryan.

― Sim, testando ― repetiu ela. ― Nós claramente precisamos saber se somos


compatíveis. Vocês podem não gostar de mim. Ou eu posso não gostar de vocês...

Ela olhava para Ryan ao dizer aquilo, como se estivesse mostrando seu ponto de vista.
Droga, eu torcia para que ele não estragasse tudo. Apesar de os dois terem começado
com o pé esquerdo um com o outro, eu esperava que ele pudesse pelo menos dar uma
chance a ela.

― Então você vai se mudar? ― perguntou Kyle.

― Sim. Vou trazer algumas coisas e ficar por uma semana.

Ryan ainda mantinha os braços cruzados.

― E o que exatamente acontece durante essa semana?

― Sou a namorada de vocês ― disse com um dar de ombros. ― A gente sai, faz coisas
juntos. Vocês me levam pra sair, nós conversamos, rimos e nos divertimos... coisas de
namorado e namorada.

Meu corpo enrijeceu e não consegui esconder o sorriso. Eu gostava como tudo aquilo
soava.

― Mas nada de sexo ― disse Sammara.

Ah merda.

― Pelo menos não na primeira semana ― continuou ela. ― Sem a pressão do sexo na
equação, podemos descobrir se eu me encaixo na vida de vocês E se vocês se encaixam
na minha

Kyle sorriu.

― Mas eu já sei que me encaixo na sua.

― Ah, cala a boca ― ela riu. ― Você sabe exatamente o que quero dizer.

Foi impossível não rir. Eu podia afirmar que ela gostava de Kyle e que Kyle gostava dela.
Pelo menos era um bom começo.

― Então você é nossa namorada... ― ofereceu Ryan, maliciosamente ― mas não é nossa
namorada. Não podemos tocar você. Não podemos beijar você...
― Vocês podem me beijar ― respondeu Sammara, docemente. Ela caminhou até Ryan
novamente e piscou. ― Vocês podem me beijar o quanto quiser.

Ela se inclinou na direção dele. E o encarou novamente, da mesma maneira que tinha
feito antes.

― Vocês só não podem me ter ― disse ela para ele, rosto com rosto, nariz com nariz. ―
Pelo menos ainda não...

Eu ainda estava maravilhado com o quanto ela era incrível. Fisicamente ela era
deslumbrante; pernas lindas e longas e a pele de marfim super macia e imaculada. Seu
rosto era mais do que bonito, mas o ar angelical e inocente parava sob duas
sobrancelhas arqueadas, três tons mais escuros do que o resto de seu cabelo e que
davam a ela um ar inteligente..

Ela me fazia lembrar de Emma, uma garota que conheci na minha cidade natal.
Moriches era uma cidade pequena perdida no meio de uma imensidão, mas naquela
parte do Iowa, todo mundo conhecia todo mundo. Emma sempre tinha chamado a minha
atenção, uma bola de sarcasmo espreitando de uma grande cabeleira loira, muito
similar à de Sammara.

Mas eu nunca tive coragem de chamar ela para sair.

E sempre me arrependi disso.

― Bem, essa é a primeira regra ― continuou ela. ― A segunda é que vocês precisam ter
paciência comigo. Obviamente eu nunca namorei mais de um cara ao mesmo tempo.
Muito menos três ou quatro...

Seu rosto estava corado, com o que eu sabia que era sinal de excitação. E isso era bom.
Um ótimo sinal na verdade.

― Eu não sei quantas outras garotas responderam ao anúncio, mas...

― Outras garotas? ― Eu ri. ― Que out...

Kyle me deu um chute enquanto Sammara não estava olhando, interrompendo minha
frase. Ele me deu um olhar mortal e levantou o punho, indicando que eu devia parar.
Então eu parei.

Outras garotas?

Por mais louco que aquilo soasse quando Kyle falou a respeito pela primeira vez, a ideia
de compartilhar uma namorada me excitava. Eu já tinha compartilhado tudo com esses
caras, incluindo nossa casa. A gente viajou junto, lutou junto, sangrou junto. Então por
que não compartilhar a mesma mulher?

Em teoria fazia sentido. Especialmente se levássemos em conta nosso histórico de


relacionamentos passados. Kyle e eu tínhamos estado juntos no Afeganistão, ambos na
mesma unidade, com praticamente o mesmo trabalho. Nós também retornamos para
casa e para a mesma situação: nossas namoradas, no caso dele noiva, tinham seguido
em frente enquanto estávamos longe. Elas tinham partido com outra pessoa, nos
deixando na mão.

E feridos. Não vamos nos esquecer do feridos.

É, foi uma merda para ser honesto. Anna tinha realmente partido o meu coração e
voltar para uma apartamento vazio foi a pior parte de tudo. Ela tinha levado tudo,
incluindo copos e até mesmo a cama. Estranho, porque eu nem tinha feito algo errado.

Desde então eu tinha pulado entre algumas namoradas de curto prazo, e algumas
outras mulheres que estavam procurando principalmente por um soldado para sexo.
Não que eu me importasse, é claro. Mas era sempre bom ter alguém. Alguém para
quem ligar. Alguém para voltar para casa, eventualmente, quando a missão acabasse e a
vida pudesse voltar ao normal por um tempo.

Compartilhar não era um problema para mim. Na verdade, Kyle e eu já tínhamos


dividido antes, quando estávamos hospedados em um pequeno apartamento durante um
destacamento fora de Fort Campbell.

Erika…

Inicialmente ela era namorada de Kyle. Ele a dividiu comigo em um desafio, depois de
me chamar para o quarto deles enquanto eles estavam transando para ver se ela
realmente faria sexo com dois caras ao mesmo tempo. Acho que era uma fantasia dela.
Nunca perguntei realmente. Eu só entrei de cabeça, e naquela primeira noite nós dois
tínhamos tomado conta dela de uma forma que fez ela gritar até altas horas da manhã.

E depois repetimos outra vez... e outra... e mais outra. Nós meio que entramos em um
ritmo, dois colegas de quarto dividindo a mesma mulher na cama. Preciso dizer que era
sempre sexy ver ela com ele. De pé diante dela enquanto Kyle a pegava por trás,
sentindo ela me sugar pela frente... e eventualmente trocando de lugar.

Erika era insaciável. O que quer que fizéssemos para ela, ela simplesmente queria mais.
Eu não sei se aquilo era algo que ela já tinha feito antes ou se ela simplesmente tinha
nascido para aquilo. Fosse como fosse, o modo como ela lidava com nós dois, tanto
individualmente quanto ao mesmo tempo, apenas serviu para nos mostrar o quanto
aquilo realmente era divertido.

― O dobro de prazer e metade do trabalho ― brincou Kyle uma vez, quando estávamos
sozinhos. E era a mais pura verdade. A gente se revezava com Erika, fazendo coisas de
casal com ela dentro e fora do quarto. Enquanto um de nós estava trabalhando ou em
missão? O outro estava lá para preencher as lacunas. E quando estávamos os dois em
casa...

Bem, quando estávamos os dois em casa Erika era sempre fodida com força e voltava
para casa ainda molhada.

E algumas noites nem voltava pra casa.

Infelizmente tudo acabou quando nós dois fomos destacados mais uma vez. Nós dois
enviados para diferentes locais dessa vez, em missões diferentes. Kyle voltou antes de
mim e me informou o que eu já imaginava: Erika tinha ido embora, se mudado com o
filho do comandante da Base, ou sobrinho ou qualquer porra do tipo. Aquilo
simplesmente não importava. O que importava é que mais uma vez não tínhamos sido
suficientes para manter alguém. Nem mesmo nós dois juntos.

Mas então nós nos juntamos a Ryan e Briggs. O que levou todos nós à mesma conclusão,
que...

― Ei!

Eu pisquei, olhando pra cima. Todos me encaravam, incluindo Sammara.

― Você ainda está conosco, peão?

Ri, tentando voltar à conversa.

― Meu pai tem cavalos em Iowa e já montei mais do que posso contar. Mas um peão?
Não moça. Esse não sou eu.

― O que você é, então? ― perguntou com uma mão na cintura. Seus olhos azul-ártico
estavam brincalhões, mas ainda assim penetrantes.

― Alguém com fome.

Kyle riu e até mesmo Ryan deixou escapar uma risada.


― Não liga para o Dakota ― provocou Kyle. ― Ele está sempre com fome.

― Bem, isso é bom ― disse Sammara ― porque quando eu voltar mais tarde, depois de
pegar minhas coisas ― vou querer ser levada para jantar.

Bati as mãos animado.

― Conte comigo, então! Almoço, jantar, café da manhã à meia-noite... qualquer coisa
que a moça bonita desejar!

― Calma peão ― repetiu ela. ― Primeira noite juntos na casa? Eu estava pensando em
irmos todos.

Kyle acenou e eu repeti o gesto. Fazia sentido. Mas então:

― Eu não vou.

Eu me virei em direção ao Ryan, assim como os outros. Eu deveria ter imaginado que
ele iria arruinar tudo.

― Tenho que trabalhar ― disse ele mais para Kyle do que para qualquer outra pessoa.
― Não considere como algo pessoal. Eu preciso estar na base às quinze centenas de
hora e não sei quando estarei de volta.

― A gente sempre pode esperar ― ofereceu Sammara. ― Não é como se a gente tivesse
que...

― Não esperem ― interrompeu ele. E então um pouco menos rude: ― Eu não tenho
ideia de quando vai acabar.

Sammara parecia um pouco cética. Eu esperava que ela não insistisse... e ela não fez.

― Tudo bem ― sorriu ela. Seus olhos dançaram entre Kyle e eu. ― Apenas eu e meus
dois meninos.

Eu podia sentir Kyle me encarando. Pensando o que eu estava pensando. Sentindo a


mesma excitação na boca do estômago que eu. Torcendo para que estivéssemos prestes
a embarcar em uma aventura muito similar à nossa última.

E talvez, só talvez, essa funcionaria.

― Bem, já que estou aqui, vocês podiam me mostrar a casa ― instruiu Sammara. ―
Vamos ver onde ficam os quartos de vocês e o que vocês andaram fazendo. O quão
longe foram nas "renovações"...

Ela girou novamente nos calcanhares e caminhou em direção à parte de trás da casa,
como se já conhecesse a planta do imóvel. Eu sorri atrás delas, enquanto batia no
ombro de Kyle.

― ... e qual dos seus empreiteiros bárbaros eu preciso demitir primeiro.

Eleven
SAMMARA

― É só por uma semana, Dawn. Que merda, parece que eu estou me mudando para o
outro lado do mundo.

Eu sabia que minha sócia não ficaria feliz comigo tirando uns dias de folga. Mas a
questão era: eu não estava realmente. Com meu laptop eu poderia fazer tudo o que
fosse necessário, de maneira remota. Responder clientes por e-mail, fazer chamadas
telefônicas... era exatamente como no escritório, exceto que eu não teria Dawn no meu
pé a cada segundo.

― Além do mais ― adicionei ―, estou trabalhando no que pode ser um cliente


realmente bom.

Não me atrevi a dizer a ela que as duas coisas estavam relacionadas. Disse apenas que
ia passar uma semana com uns amigos que tinham uma casa no lago.

― É só que você nunca mencionou esses "amigos" antes, Sammara ― reclamou ela. Ela
reclamou muito, na verdade. ― Eu não sei, só me parece totalmente inesperado.

― Desculpa ― dei de ombros. ― Eu tenho amigos.

― Amigos sobre os quais nunca ouvi falar?

Eu parei, segurando no ar uma pasta que estava prestes a enfiar na bolsa. Aquela era
uma pergunta estranha. Mas a verdade era que Dawn e eu sempre tivemos uma
dinâmica estranha. No trabalho, éramos imparáveis; ela tinha um olho afiado para o
layout e uma afinidade natural para o marketing que levaram nosso pequeno projeto de
design de interiores a um patamar completo e próspero. Mas pessoalmente...

Pessoalmente tínhamos nos separado. Bem, não exatamente separado. A gente


provavelmente apenas passava tempo demais próximas uma da outra.

Mais um motivo pelo qual eu estava querendo dar uma chance para todo esse negócio
com Kyle e companhia.

― Deixa pra lá ― disse Dawn, passando a mão pelo cabelo escuro e sedoso. ― Estou
sendo boba. O pedido de desculpa era legal, mas ainda havia um tom de irritação
embutido em sua voz. ― Eu ainda terei como falar com você, certo? Você vai ter wi-fi
nessa casa no lago?

― Sim ― respondi, embora não fizesse a mínima ideia. Mas conhecendo o trabalho dos
rapazes como comandos especiais? Eu só podia imaginar que eles tinham a melhor das
conexões.

― Tudo bem. Vá. Se divirta. Eu ficarei aqui e... ― ela suspirou longamente. ― E
trabalharei para nos deixar ocupadas novamente.

Por um longo tempo nossa empresa esteve no auge, com muitos, muitos projetos. Mas
recentemente as coisas tinham começado a desacelerar. Na minha opinião, Dawn com
todos os seus martírios e lamentações tinha sido parcialmente responsável. Ela vinha
trabalhando menos. Ou estava distraída. Ou sei lá... Eu realmente não fazia ideia. Mas
ela era uma boa amiga e uma sócia com que eu podia contar, então eu relevei.

― Você vai me contar sobre esse grande cliente? ― perguntou ela, erguendo uma
sobrancelha.

― Não, ainda não.


― Por que não?

― Porque não tem nada certo ainda ― dei de ombros. ― E se der errado você vai ficar
desapontada.

― Por favor, Sammara ― implorou ela, fazendo beicinho. ― Eu prometo que...

― Não. ― Sorri de volta para ela. ― Mas confia em mim. Pode ser algo realmente
lucrativo. E eu estarei trabalhando nisso enquanto estiver na casa do lago, então...

Você realmente estará trabalhando em algo na casa do lago, minha mente zombou. Com
toda certeza.

Eu nem sabia porque tinha mencionado aquilo na verdade. Eu podia passar uma única
noite com os meninos e me dar conta de que aquilo não ia funcionar. Ryan já parecia me
odiar ou pelo menos me detestar intensamente. Eu tinha um vago plano para conquistá-
lo, mas nem um pouco de certeza de que funcionaria.

Então era isso, se as coisas não funcionassem entre nós eu provavelmente perderia a
renovação da casa. E se funcionasse...

Se você acabar namorando eles e morando lá... você realmente cobraria pelo serviço de
restauração?

― Certo ― disse afastando aqueles pensamentos de minha mente. ― É isso, estou indo

Dawn continuava ao meu lado, ainda com um beicinho no rosto. Pressionei dois dedos
nos cantos de sua boca e fisicamente forcei um sorriso. Mesmo com ela lutando contra.

― Ânimo enquanto eu estiver fora, certo? E me ligue se precisar de qualquer coisa.

Ela acenou melancolicamente antes de me abraçar. Dawn era uma pessoa de abraços,
muitos, mas dessa vez ela me manteve em seus braços por um pouco mais de tempo do
que o normal. Como se eu estivesse partindo para a guerra ou algo assim.

Ou algo assim...

― Divirta-se ― disse ela, forçando um sorriso. ― Enquanto isso eu ficarei aqui,


trabalhando como um burro de carga.

Ri por dentro diante do uso de outra referência militar. Se ela soubesse...

― Boa menina ― pisquei.

Twelve

SAMMARA
Achei melhor pegar um Uber de volta para a casa, mesmo Kyle tendo se oferecido para
me levar. Eu precisava de um tempo sozinha, pra pensar.

Aproveitei também o tempo que tive para fazer as malas, pegando tudo o que eu achava
que precisaria para passar uma semana fora. Não era como se eu não pudesse vir em
casa e pegar qualquer coisa que eu tivesse esquecido, mas eu queria aparecer
preparada e causar uma boa impressão.

E aquela casa... Meu Deus do Céu!

De certa forma, Ryan estava certo sobre uma coisa: eu estava incrivelmente animada
com a ideia de restaurar a antiga propriedade vitoriana. Mas ele estava errado sobre eu
estar colocando isso como prioridade. Especialmente depois de eu ter visto o restante
dos caras...

Kyle. Puta merda, eu não conseguia parar de pensar nele! Ter transado com ele podia
ter sido um erro, mas um erro lindo e delicioso. Um erro do qual certamente meu corpo
não reclamava, mesmo com a minha mente me dizendo que eu precisava ser mais
cuidadosa com os outros.

Nada de sexo por uma semana.

Era uma regra complicada, até para mim, mas olhando em retrospecto, aquela tinha
sido uma boa ideia. Me dava a chance de ver onde eu estava me metendo. Descobrir
realmente quem eram aqueles homens e como eles interagiam uns com os outros e o
quanto eles estavam sendo sérios naquela ideia de me namorar.

E eu queria ser namorada. Não queria ser apenas um brinquedo sexual, uma
empregada ou uma funcionária geral para o grande projeto de restauração da casa. Não
mesmo.

Eu queria ser uma namorada.

Eu queria ser adorada. Protegida. Amada.

Eu queria entendê-los e queria que eles pudessem me entender. Eu queria conhecê-los


intimamente, tanto em suas individualidades quanto nas dinâmicas em grupo. Para
conhecer aqueles homens eu precisava vê-los em seus habitats naturais. Como eles
agiam e reagiam quando estavam juntos ou quando estavam comigo? Ou até mesmo
comigo? E para isso, a sexualidade não deveria ser um fator.

E sim, eu queria a casa também. Só Deus sabia o quanto! Eu queria ser sua designer,
decoradora e arquiteta. E se as coisas dessem certo entre mim e eles?

Eu queria construir algo a mais para meus namorados. Tornar o local não apenas uma
casa... mas um lar para eles.

Para nós.

Você está sonhando, Sammara, disse a mim mesma enquanto dirigia meu jipe pel a
estrada sinuosa que levava ao lago. Você está acreditando em algo que possivelmente
não vai dar certo.

Franzi o cenho. Eu nunca fui uma pessoa derrotista e aquela conversa era
definitivamente derrotista. Mas eu estava sendo realista sobre tudo.

Pelo menos você vai se divertir.

Divertir. Fazia muito tempo desde a última vez que eu me permiti ter alguma diversão. A
ideia era especialmente excitante.

Você merece pelo menos isso.

Com o cabelo balançando ao sabor do vento, permiti que minha mente vagasse
novamente por aquela noite com Kyle. Fisicamente a gente tinha um encaixe
maravilhoso. Eu lembrava seu cheiro, seu toque... como seu corpo era incrivelmente
duro sob minhas mãos vagantes, e como era incrível a sensação de ter ele dentro de
mim. Ele tinha sido um amante fantástico e era apenas uma parte do que eu teria.

Dakota...

Ryan...

Eu obviamente não os conhecia ainda, mas chamá-los de gostosos era um eufemismo. O


tamanho e a força de Dakota eram quase intimidadores, mas o beijo que
compartilhamos foi tão sensual, que me deixou querendo mais. Muito mais...

Quanto a Ryan... ele era o menino mau por excelência. Aquele que você sabia que não
devia namorar, mas namorava assim mesmo, indo contra os conselhos de todo mundo,
incluindo os seus próprios. Ryan parecia muito mais complicado, mas era também um
desafio. Um desafio no qual me peguei pensando mais e mais à medida que o dia foi
passando.

E quanto a Briggs?

Essa parte do acordo parecia estranha para mim. Que Briggs, fora em alguma missão
desconhecida, tivesse dado sua bênção para que os outros encontrassem alguém
compatível para ser a namorada de todos, incluindo dele mesmo. Eu me sentia quase
como uma noiva por encomenda, mas acho que teria que atravessar essa ponte quando
chegasse a hora. Ainda assim, pelas fotos que me mostraram dele, seu corpo
perfeitamente esculpido tinha sido aperfeiçoado por longos anos do mais cansativo
possível dos treinamentos? É... não acredito que compatibilidade física fosse ser um
problema. Não mesmo.

Restava então a casa e de algum modo eu sabia que era mais do que capaz de cuidar
dela. E com prazo irrestrito e orçamento ilimitado? Meu prazer era quase orgástico ao
pensar no que eu poderia fazer com aquilo.

Tem certeza de que está pronta para isso?

Acenei firmemente para o pôr do sol. Eu realmente acreditava que estava. No geral, a
coisa toda parecia totalmente ridícula, é claro. Uma loucura total. Mas quando se
analisava pedacinho por pedacinho?

Era quase como se eu tivesse nascido para aquilo.

Minutos depois eu estava estacionando na entrada, a casa pairando à minha frente


como um velho gigante adormecido. Ela parecia bem iluminada por dentro. Aquecida e
convidativa. Eu me perguntava como seria morar com outras quatro pessoas. Quatro
homens lindos, que eram amigos, camaradas de armas, até mesmo irmãos.

Quatro homens que estariam descansando, rindo e se divertindo. Vivendo suas vidas
civis entre as missões ou entre qualquer que fosse o próximo dever ao qual eles fossem
chamados.

De certa forma eu os invejava enquanto permanecia sentada ali, encarando a casa. Eu


não tinha irmãos e nunca fui próxima de alguém como esses caras eram uns dos outros.
Eles tinham um vínculo que seria sempre inseparável. Eu soube disso no momento em
que os vi. A maneira como eles falavam, completando as frases uns dos outros e a
maneira com que reagiam ao redor...

Eu seria uma recém-chegada para eles. Alguém que nunca poderia compartilhar o
combate ou as memórias dos campos de batalha. Mas estranhamente, eu me sentia ok
com isso. Porque pelo o que eu vira e pela maneira como Kyle tinha descrito, eles
precisavam de algo a mais do que aquilo em casa. Algo que não estivesse associado ao
Exército ou com o Comando especial, ou a servir orgulhosamente o país em um
momento de capricho.
Não. Eles precisavam de algo mais estável. Alguém para centrá-los, para estar lá
quando eles voltassem.

Alguém que pudesse oferecer um tipo diferente de amor. Um lado mais suave e gentil
de suas vidas para refinar as arestas ásperas do outro lado de suas vidas.

No coração e no lar, eles precisavam de um toque feminino. Uma faceta feminina,


brilhante e cintilante de sua existência masculina.

E , é claro, uma mulher, capaz de satisfazer suas necessidades físicas e emocionais.

Eu não tinha certeza sobre a primeira parte... mas a última eu sabia que poderia fazer.

Desliguei o carro. Coloquei o casaco ao redor dos ombros e caminhei confiante até a
porta da frente de minha nova casa.

Thirteen

KYLE

Ela parecia totalmente incrível, mesmo usando um vestido preto simples.

Ele ia até o meio das coxas quando ela andava, subindo um pouco mais sempre que ela
sentava ou se levantava. Eu conhecia bem aquelas coxas. A textura delas. O sabor
delas...

Calma, Murph...

Murphy era meu sobrenome. A maneira como meus superiores e alguns poucos
subordinados me chamavam. Mas não meus amigos. Para os meus amigos eu era Kyle.
Meus amigos e irmãos... e ela.

As pernas de Sammara eram perfeitas, especialmente suas coxas. E esta noite seu
cabelo estava ondulado, o delineador puxado nos cantos para fazê-la parecer ainda mais
diabólica e felina do que ela realmente era.

Mas seu sorriso era o que estava me matando. Ou eu deveria dizer... nos matando?
Afinal, isso não era mais só sobre mim, mas sobre todos nós.

― Me falem sobre o Briggs ― disse ela, passando um dedo delicado sobre a borda de
sua taça de vinho. ― Como ele é?

O sorriso de Dakota, que estivera estampado em sua cara durante toda a noite, meio
que se desfez. Nós dois nos encaramos em silêncio por um instante antes de meu
companheiro finalmente tentar uma resposta.

― Briggs, hum? Bem Briggs… Briggs é…


― Intenso ― completei.

Dakota concordou rapidamente.

― Sim, definitivamente. Intenso é exatamente a definição certa.

Sammara riu. Caralho, ela parecia ainda mais linda fazendo isso.

― Mais do que o Ryan?

Ryan, de novo. Eu queria muito que ele estivesse presente esta noite. Mas com ele fora,
talvez eu pudesse consertar a rusga entre eles.

― A intensidade do Ryan é diferente ― respondi. ― Ele apenas cuida de nós de sua


própria maneira. Por favor, não se sinta ofendida.

― Ah, não me senti.

― Briggs é... bem, ele é intenso de outras maneiras.

― Mais sombrias ― adicionou Dakota.

Sammara riu e inclinou o copo, brincando com ele. Ela já tinha tomado três drinques e
parecia em seu perfeito estado.

― Sei não ― disse ela ― Em todas as fotos que eu vi? Ele me pareceu fofo.

Fofo. Briggs. Quase engasguei com a minha carne.

― Ele pareceu bem inofensivo. Para mim, de qualquer forma.

Meu olhar e o de Dakota se encontraram mais uma vez. Ele parecia mortificado.

― Bem, talvez não inofensivo ― corrigiu Sammara ― mas doce com certeza. Ele tem um
rosto honesto. E parece ter um grande coração.

Eu não tinha muita certeza sobre seu coração, mas Briggs definitivamente era honesto.
Brutalmente honesto. Pelo menos isso ela tinha acertado.

― Certo ― riu ela. ― Falem logo. Qual é o motivo do silêncio ou das trocas de olhares?

Eu hesitei novamente, então Dakota tentou assumir.

― Olha, ele é um cara ótimo ― explicou. ― Não há dúvidas quanto a isso. E você vai
amar ele totalmente, assim como nós amamos.

― Então qual é o problema?

― Problema nenhum ― disse Dakota, rapidamente. ― É só que... é...

― É só que o trabalho dele é provavelmente o mais complicado do de todos nós ―


terminei por ele.

Dakota cutucou as batatas ao redor do prato com o garfo. Eu poderia apostar que
quanto menos disséssemos sobre nosso amigo, mais Sammara ia querer saber. Ou
precisaria saber.

― Briggs fica em missão mais do que qualquer um de nós ― continuei. ― Ele faz coisas
ultra secretas. Aceita missões que outros recusam. Eles o usam em situações de
emergência porque sabem que com ele, seja o que for, vai ser feito.

― Soa como meu tipo de homem ― disse Sammara em tom aprovador.

― Ele é o tipo de homem de todo mundo ― disse Dakota. ― E esse é o problema. Ele
nunca está presente.
Eu queria ir em frente. Contar a ela como a trajetória de nosso amigo o levava a ser
mais abusado do que usado por nossos queridos superiores. Queria contar sobre as
conversas profundas que tive com Briggs sobre tirá-lo disso, sobre a formação de sua
própria companhia mercenária ao invés de trabalhar para os grupos sancionados pelo
governo dos Estados Unidos.

Mas eu não podia falar sobre nada disso. Pelo menos não agora. E eu não o faria,
mesmo se pudesse.

Além do mais... aquele era pra ser um primeiro encontro.

― Vamos falar de coisa boa ― brinquei. ― O que achou da casa?

Sammara engoliu seu último gole de vinho antes de um sorriso incontrolável se formar
em seu rosto.

― Fiz alguma pesquisa ― disse ela. ― A casa de vocês foi construída em 1852 por um
homem chamado Augustus Emilio, um banqueiro que se tornou perito em investimentos
e virou negociante de arte. Ele morreu sem herdeiros por volta de 1880.

― Uau ― assobiou Dakota. ― Você descobriu tudo isso em apenas uma tarde?

― Sim e não foi muito difícil. De qualquer modo, o lugar ficou vazio por Deus sabe
quanto tempo. O que é bom e ruim ao mesmo tempo, porque embora haja muitos danos
ambientais, pelo que posso dizer o interior está quase impecável. Ela ainda tem quase
todos os dispositivos elétricos originais, e...

Inclinando-me rapidamente eu a beijei. Aconteceu tão abruptamente que seus lábios


ainda estavam se movendo contra os meus, qualquer que fosse a frase que ela estava
prestes a terminar se transformando em um gemido suave.

Desacelerei o momento enquanto me aprofundava, deslizando minha língua contra a


dela. Os olhos de Sammara, que inicialmente se arregalaram, voltaram a um olhar
sensual, meio fechado, com suas íris azuis abertas quando começou a me beijar de
volta.

E o mundo ao redor simplesmente se dissolveu. O restaurante, as pessoas... por um


momento só existia os lábios, a boca, o lindo rosto daquela mulher envolvido
gentilmente em minha mão. Eu não queria que aquele momento chegasse ao fim. Eu
queria continuar beijando ela, durante o jantar, o trajeto de volta pra casa e direto para
a cama.

Mas por fim eu a soltei, deixando-a vermelha, e com um ar sonhador e sem fôlego.
Quando os dedos de Dakota viraram seu queixo na direção dele, ela praticamente não
percebeu. Ela ainda estava me encarando.

E então ele a beijou e eu vi todo o seu corpo amolecer nos braços dele.

Imagens de Erika cruzaram minha mente, imagens febris da nossa ex-namorada


compartilhada em vários estados de felicidade e euforia. O rosto dela parecia muito com
o de Sammara naquele momento. Suave. Sem preocupações. Perdido no prazer
hedonista de ser beijada, tocada, amada...

Erika…

Havia muitas similaridades entre as duas. A inteligência, para começar. O senso de


humor sarcástico, o fogo que queimava por trás de seus olhos e que pareciam sempre
indicar um desejo inerente pela vida.

Parando para pensar, Sammara tinha praticamente todas as mesmas características que
Erika tinha. E, é claro, fisicamente? Ambas eram igualmente lindas. Como deusas
nórdicas loiras.

Era quase estranho.


Enquanto eu observava Dakota beijá-la, senti aquela estranha faísca de excitação e
satisfação novamente. Algo que eu não sentia fazia anos. E que nunca tinha me dado
conta do quanto eu sentia falta.

Tê-la juntos. Os dois ao mesmo tempo e ela...

As memórias eram vívidas. Erika nua em minha cama. Dakota do outro lado, tirando o
cinto. Nós três sorrindo aquele sorriso compartilhado e secreto. Sorriso que era
reservado apenas para nós.

Tirando a sorte. Jogando uma moedinha para ver quem ia primeiro.

Caramba, já tinha se passado tanto tempo?

Entrando nela por trás enquanto ele a tomava pela frente. Ouvindo aquele primeiro
gemido. Os sons que ela fazia...

Deixei-me perder nas memórias. Mesmo observando agora.

Passando-a de um para o outro... de novo e de novo...

Quando eles eventualmente se separaram Sammara estava toda vermelha. Sua pele
branca estava rosa e sua expressão ardente de excitação. Sorri para ela, mostrando que
eu sabia como ela estava se sentindo. Silenciosamente desafiei ela a seguir outra
semana sem ir para a cama comigo. Sem ir para a cama conosco...

Ela piscou, voltando para a Terra, quase como se lembrasse o que estava prestes a
dizer.

― Eu... eu estava...

― Relaxa ― disse suavemente. ― Não precisa correr. Nós temos tempo.

Ela me encarou confusa.

― O que?

― A casa ― disse simplesmente. ― Briggs. ― Ryan também. Tudo isso vai se encaixar
no tempo certo. Não tem motivo para pressa.

Ela ainda estava me encarando com o olhar vidrado. Eu podia ver a pele delicada de seu
pescoço pulsando, seu coração ainda batendo acelerado. Mas ela acenou com a cabeça,
concordando.

― Certo.

― Eu sei que você é muito parecida comigo. ― sorri para ela. ― O tipo de pessoa que
precisa estar em movimento constante, a mente sempre acelerada, planejando,
pensando sobre o que fazer em seguida.

Sammara riu. Um riso nervoso e adorável.

― Você me descreveu.

― Eu sei. E isso é ótimo. O tipo de pessoa que resolve tudo. E provavelmente essa é
uma das suas características mais incríveis.

Dakota deslizou um braço ao redor dela, a puxando um pouco mais para perto dele. ―
Só uma delas.

― Eu apenas me dei conta ― continuei ― de que estamos nisso por um longo prazo.
Queremos você, Sammara. Como namorada, amante, parceira... como tudo. Mas
queremos também que você se sinta confortável. A partir de agora, nossa casa é sua
casa. Pise descalça no tapete. Relaxe. Sinta-se à vontade. Todas aquelas coisas felizes.
Entendeu?

Ela estremeceu dos pés à cabeça, provavelmente uma reação remanescente de todos os
beijos. Um arrepio fofo.

― Entendi.

―Não, ainda não ― disse. ― Mas você irá. E é por isso que estamos indo para casa
agora, para que possamos tomar uns drinques e relaxar no sofá.

Ela me encarou com uma sobrancelha erguida.

― E descobrir se seu gosto para filmes não vai fazer você ser despejada no primeiro dia
― pisquei.

Fourteen

SAMMARA

Dakota e Kyle era incrivelmente doces. Entre abrir todas as portas para mim e me
ajudar delicadamente dentro e fora da grande Hummer, meus dois parceiros eram um
par de cavalheiros perfeitos e impecavelmente vestidos.

Kyle eu conhecia bem o suficiente ou pelo menos eu achava que sim. Ele tinha sido
charmoso como sempre e ainda assim, cada olhar de soslaio era um lembrete não tão
sutil de que sim, ele tinha estado dentro de mim. Aquilo era sexy. Secreto. Cada olhar
era ardente, e me deixava ainda mais quente.

Dakota, por sua vez, era o tipo de cara com quem bastavam cinco segundos de encontro
para você já se sentir instantaneamente confortável. Uma pessoa genuinamente
divertida e com um ótimo senso de humor. Ainda assim, por trás daquele exterior
inocente de menino do interior? Eu podia perceber algo mais. Uma sombra de
determinação e poder que só vinham da precisão e do treinamento militar.

Dakota era duro, mas doce. Forte por fora e firme como um rochedo. Mas por dentro?

Por dentro era doce como um pudim.

Durante toda a noite eles me deram atenção, perguntando sobre mim, minha vida, meu
negócio, minha infância... Era como ter um primeiro encontro realmente ótimo, mas ao
invés de um homem na mesa, havia dois. Duas vezes mais conversa, duas vezes mais
beleza.

Duas vezes mais tudo...


No início tudo aquilo era um pouco intimidante. Mas depois de algumas taças de vinho e
de nos abrirmos uns para os outros? Qualquer constrangimento ficou para trás. Os
rapazes fizeram eu me sentir especial e bem-vinda, dos drinques à sobremesa. Os
trajetos para o restaurante e de volta para casa foram cheios de risos, flertes e mais
alguns dos beijos incríveis com os quais eles tinham me chocado no restaurante. Nunca
fui contrária a demonstrações públicas de afeto, mas com dois homens na mesma mesa?
Bem, aquilo aparentemente tendia a chamar a atenção.

No fim era como se nos conhecêssemos há semanas e não apenas há algumas horas, o
que era ótimo. Eles saíram do seu habitual para fazer com que eu me sentisse
totalmente segura e confortável, e ainda mais quando chegamos em casa.

Casa.

Aquele era realmente um pensamento estranho. Eu podia me imaginar vivendo no


casarão, com certeza. Aquela era minha casa dos sonhos, na verdade, mas a ideia de
tudo aquilo acontecendo tão rápido era um pouco demais para lidar. Eu tinha que
continuar repetindo para mim mesma que era apenas um teste. Que tudo estava bem e
dentro do escopo do meu próprio conjunto de regras, as quais eu tinha estabelecido
especificamente para facilitar qualquer transição de volta. Regras que me permitiriam
sair graciosamente e voltar para o meu apartamento a qualquer momento, sem
ressentimentos.

Mas aquilo nunca aconteceu. Chegamos de volta em casa e nos acomodamos


perfeitamente na sala de estar, preenchida com uma mistura reconfortante de moderno
e antigo. Sentei-me entre meus doi s companheiros no sofá, descansando, bocejando
sonolenta até pouco antes da meia-noite, quando decidi me deitar.

― Vejo vocês de manhã ― sorri, me levantando e beijando cada um dos dois na


bochecha. Eles pareceram um pouco desapontados, mas eu queria finalizar aquela noite
de um jeito doce. Além do mais, eu queria experimentar minha cama.

O quarto que eles tinham preparado para mim era melhor do que eu imaginava. Eles me
deram um dos quartos principais, um ambiente espaçoso e revestido com meu próprio
banheiro. A cama era uma obra-prima antiga com dossel, mas os lençóis eram novos;
era óbvio que eles tinham tirado um tempo escolhendo algo que eles achavam que eu
poderia gostar.

Muito simpático... pensei comigo mesma. Simpático e atencioso.

A colcha era branca, acolchoada e confortável, e eles até tinham comprado até mesmo
uma saia para colchão, de renda com babados. Os lençóis eram sedosos, mas não
estavam nem perto dos mil fios de algodão egípcio com que eu me mimava em casa.
Mas tudo isso poderia ser remediado no dia seguinte. De preferência, sem ferir os
sentimentos deles.

Escovei os dentes olhando para um espelho de 200 anos de idade, me perguntando


distraidamente sobre todos os residentes anteriores que tinham feito praticamente a
mesma coisa. Aquilo era o que eu mais amava em locais como aquele. A história rica, a
ideia de que as próprias paredes viram as coisas há muito tempo. Isso me dava uma
sensação de admiração. Uma sensação de olhar para trás através do tempo.

Penteei o cabelo, vesti as roupas de dormir mais confortáveis e finalmente deitei para
descansar. A casa estava silenciosa. Mortalmente quieta. Do lado de fora da minha
janela, eu podia ver o vento soprando os galhos de um antigo salgueiro sob o luar
prateado. Algumas das folhas deslizavam sobre a superfície do lago, criando pequenas
ondulações na superfície cristalina.

Então você vai mesmo fazer isso...

É. Eu realmente ia. E não apenas eu ia fazer aquilo, como estava determinada a fazer
funcionar.
Quatro namorados.

Era muito para lidar. Muitas necessidades para satisfazer. Não apenas fisicamente,
parte pela qual eu ansiava muito, mas mental e emocionalmente também. Eu teria que
manter quatro pessoas felizes, quando normalmente eu mal mantinha uma.

Daquela parte eu não estava muito segura. Eu realmente ia precisar me esforçar.

Toc. Toc.

Duas batidas rápidas na porta me fizeram me levantar. Hesitei um pouco antes de abrir,
como sempre fazia ao viver sozinha em meu apartamento, antes de me dar conta do
quanto eu estava sendo boba. Eu agora dividia a casa com quatro soldados fodões.
Quatro homens fortes e capazes, que poderiam me proteger de qualquer coisa, sempre.

― Ei, linda.

Dakota sorria para mim do outro lado da porta. Ele estava sem camisa, usando apenas
uma calça de moletom esfarrapada que pendia muito solta logo abaixo de sua barriga
cortada pelos gominhos.

Suspeitosa e intencionalmente solta.

― Olá ― sorri de volta, olhando para baixo. ― Você... é... esqueceu de amarrar sua
calça.

Ele nem se mexeu, ao invés disso apenas deu de ombros.

― Amarra pra mim?

Eu suspirei.

― Acho que não é uma boa ideia.

― Certo. Uma semana.

Direto ao ponto. Eu gostava disso.

― Isso mesmo ― acenei, meus olhos percorrendo seu corpo. Seu peito era mais do que
incrível. Grande e largo, deliciosamente esculpido como alguma estátua magnífica. E
seus ombros...

Meu Deus.

Silenciosamente me xinguei pela maldita regra da uma semana. Naquele momento


parecia necessário, mas agora...

― Então... precisa de algo? ― perguntei baixinho, olhando de um lado para o outro. O


corredor estava vazio.

― Nada ― respondeu ele. ― Só queria ver se estava tudo bem. Se a moça bonita tinha
gostado de suas instalações.

― Sim, a moça bonita gostou delas. Elas são ótimas, na verdade.

― Que bom ― acenou Dakota. ― Eu também queria dizer que me diverti muito essa
noite.

― Eu também ― disse sentindo meu sorriso aumentar.

― Além disso, eu me dei conta de que você não ganhou um beijo de boa noite ― disse
ele, limpando a garganta.

― É mesmo? ― perguntei em tom provocativo. ― Eu perdi essa oferta?


― Ainda não...

Antes que eu pudesse fazer qualquer outra coisa, ele deu um passo à frente,
pressionando seu corpo e seus lábios nos meus. Sua pele estava incrivelmente quente,
quase pegando fogo. Quente, suave e lindamente irrepreensível.

― Dakota… ― murmurei em sua boca. ― Eu...

O beijo ficou mais forte, com ainda mais calor e intensidade. Nossas línguas e tocavam e
dançavam juntas, minha mente colapsando em uma nuvem de desejo enquanto eu me
derretia em seus braços.

Puta merda.

Ele deu outro passo e agora ele estava dentro do quarto. Seus braços se fecharam ao
redor do meu corpo enquanto alarmes soavam em minha cabeça. Eu podia ouvir as
sirenes de minha própria mente me mandando parar.

Você... você precisa parar...

Parar era a última coisa que eu queria. Seus lábios se moviam de uma forma sexy contra
os meus, enquanto suas mãos encontravam seu caminho em meu cabelo...

Sammara!

Teria sido tão simples continuar, puxá-lo mais para dentro... fechar a porta atrás dele
e...

― Boa noite, Dakota ― disse, empurrando-o para trás com minha mão espalmada em
seu peito. Seus peitorais eram como duas placas de aço. Ele era enorme. Inabalável...

Ainda assim ele se moveu e voltou para o corredor como um cavalheiro, interrompendo
o beijo. Deixando-me perturbada, desorientada e totalmente molhada.

― Boa noite, linda ― piscou. ― Vejo você aqui novamente em uma semana.

Ele se virou e caminhou até seu quarto, deixando-me ali, encarando os músculos lisos
da parte inferior de suas costas. Sua calça de moletom pendia tentadoramente baixa,
mostrando o início das duas bandas de sua bunda linda.

Você é uma idiota!, meu corpo gritou para o meu cérebro.

Enquanto os dois guerreavam por causa do que eu tinha acabado de fazer, do prazer
requintado que eu tinha acabado de recusar, consegui juntar força de vontade suficiente
para fechar a porta e voltar para a cama.

Dormir. Eu precisava dormir. Eu tinha muito para fazer no dia seguinte, especialmente
se...

Toc. Toc. Toc.

― Merda.

Se ele tivesse voltado para mais, seria ruim de qualquer maneira. Eu teria que ser firme
com ele, talvez até um pouco maldosa. E claro, existia uma parte minha que sabia que
eu poderia não ser capaz de resistir a ele dessa vez. Principalmente se ele me beijasse
daquela maneira novamente...

― Oi, linda.

Era Kyle. Ele estava parado no corredor, encostado no batente da porta em um estado
de seminudez praticamente igual ao de Dakota.

Merda!
― Er... oi.

― Só queria ver...

― Como eu estava em meus novos lençóis? ― perguntei rindo do duplo sentido.

― Exatamente.

― E imagino que você também queira um beijo de boa noite? ― perguntei erguendo
uma sobrancelha.

Ele riu alto.

― Dakota já esteve aqui, não esteve?

― Oh, você foi rápido.

Desta vez eu dei o primeiro passo, jogando meus braços em volta de seu pescoço e
beijando-o com força. Era tão bom estar em seus braços mais uma vez. Sentindo a força
de seu abraço, enquanto suas mãos desciam por minha cintura para se apoiarem em
minha bunda. Ele apertou minha bunda e eu me afastei, balançando um dedo para ele.

― Chega, hora de ir pra cama. ― Quando ele riu sugestivamente, eu acrescentei: ―


Sozinha.

Kyle suspirou em desapontamento, praticamente da mesma forma como eu tinha feito


quando a porta se fechou apenas um minuto antes.

― Tudo bem ― disse, mas se apressou a continuar ― você sabe onde estamos. Se
precisar de alguma coisa.

― Sim, claro ― eu ri. ― Vou correndo até você se precisar de algo.

― Você pode correr até mim de qualquer maneira ― sorriu. ― Mesmo se não precisar
de nada.

― Entendido.

― E só para o caso de você...

Eu rolei os olhos dramaticamente e isso fez ele parar

― Tá certo, tá certo... ― disse erguendo as palmas em sinal de rendição enquanto


soltava um riso adorável. ― Boa noite, Sammara.

― Boa noite ― disse soprando um último beijo em sua direção antes de fechar a porta.

Ouvi o clique da maçaneta antes de o silêncio voltar a reinar no quarto. Deslizei sob os
lençóis de seda novamente, olhando para o teto com as mãos cruzadas atrás da cabeça.

Quatro namorados.

As coisas seriam assim todas as noites? Eu seria constantemente visitada? Meu quarto...
praticamente uma rodoviária?

― Bem, acho que uma garota pode ter problemas piores ― disse a mim mesma,
bocejando e me espreguiçando antes de finalmente cair no sono.

Fifteen
RYAN

Ela já estava na cozinha, bebendo café enquanto o sol nascia. Aconchegada com
algumas almofadas perto da grande janela com vista para o lago.

― Bom dia, Ryan ― disse animada. ― Dormiu bem?

― Como uma pedra ― menti, pegando a garrafa de café. ― Sempre durmo.

A mentira era idiota e desnecessária. Eu nem sabia porque tinha dito aquilo. Eu deveria
estar dando uma chance a essa mulher, fazendo ela se sentir bem-vinda. E aqui estava
eu, mentindo para ela.

Ela deixou escapar um longo assovio baixo.

― Deve ser ótimos.

Na verdade, não era. Meu sono era uma merda e já fazia anos. Acordando
constantemente com o coração acelerado sem ser realmente capaz de apontar a fonte
de minha estranha e aparentemente autoimposta ansiedade.

Ansiedade. Eu odiava essa palavra. Ela era fraca. Uma palavra que me deixava puto
sempre que era usada, especialmente pelo médico da divisão, cujo nome estava em cada
frasco fechado, no fundo da minha gaveta de meias.

Silenciosamente eu jurei mudar as coisas.

― O que é isso? ― perguntei.

Ela estava olhando para um bloco de notas que descansava apoiado em uma de suas
coxas. Sua boca, que já era sexy, parecia ainda mais enquanto mastigava um lápis.

― Minha lista ― respondeu sorrindo. ― Eu sempre faço uma lista.

― De?

― De coisas que preciso fazer no dia.

Enchi uma caneca e levei o líquido marrom fumegante aos meus lábios. O café estava
bom. Excepcionalmente bom.

― O que você fez com o...

― Acrescentei uma pitada de sal ― disse ela, sem tirar os olhos da lista. ― Torna ele
mais suave, menos amargo. Ei, como é mesmo o nome do nosso empreiteiro?

Eu pisquei diante daquela coragem. Ela estava aqui há menos de doze horas e já estava
usando a palavra "nosso". E pior, mexendo com o café! Eu não sabia se me sentia
irritado ou se admirava ela.

― E se eu não gostasse de sal no meu café?

― Então eu acho que você estaria sem sorte ― respondeu rindo. ― Amanhã vou trazer
um café de verdade pra gente. Grãos Kona e um moedor, não essa porcaria. Agora... o
empreiteiro?

Ela batia a borracha do lápis contra os lábios belos e cheios. O tipo de lábios com o qual
todo homem sonha. Perfeito para uma infinidade de coisas boas.

― Obrigada, querido ― disse ela, quando dei o nome do empreiteiro para ela.

Sentei em minha cadeira de sempre, que coincidentemente era perto de onde ela estava
e encarei a paisagem do lado de fora. O lago era simplesmente maravilhoso a esta hora
do dia, cintilando como fogo branco.

― Então, o que você vai fazer hoje? ― perguntou ela.

― Trabalhar.

A resposta foi curta. Provavelmente mais curta do que o necessário. Mas era a verdade.
Eu estava liderando dois treinamentos físicos em uma hora, e ainda tinha três reuniões
distintas, das quais eu tinha que participar pela hora do almoço. E depois disso...

― E quanto a mais tarde?

― Não sei, Sammara ― grunhi. ― Não tenho muita certeza ainda. Por que?

― Porque vou levar você para jantar.

Eu a encarei, mudo, sobre minha caneca de café, enquanto ela erguia sua própria
caneca, em um brinde silencioso.

― Jantar?

― É. Apenas nós dois.

― E quanto a Kyle e Dakota? ― perguntei.

― Nós saímos pra jantar noite passada ― disse dando de ombros. ― Hoje somos nós.

Nós. A palavra não tinha significado para mim, não mais do que a frase "nosso
empreiteiro". Mas ainda assim, eu devia estar tentando. De alguma forma eu tinha
aderido, com o resto do nosso pequeno grupo, à estranha ideia de que uma garota seria
mais fácil de satisfazer do que quatro.

― Certo ― respondi. ― Jantar.

O rosto de Sammara se iluminou com um sorriso. Na verdade, o sorriso tomou todo o


seu rosto. Um refrescantemente genuíno sorriso, sem a sugestão de um motivo oculto.
Ela parecia ser a única pessoa em minha vida, pelo menos naquele exato momento, que
não queria algo de mim.

― Mas é melhor tomar cuidado ― adverti. ― Não me contento com qualquer coisa.

― Sério?

― Seríssimo.

Ela mastigou o lápis novamente. ― Devo levar meu cofrinho, então?

― Eu levaria, se fosse você. Ou isso ou uma pilha de dinheiro.

― Vou me lembrar disso ― disse rindo, anotando algo em sua lista.

Era estranho ter ela aqui. Uma mulher. Em nossa casa. Bebendo café e fazendo listas
Deus sabe do que.

Uma mulher que eu deveria aceitar. Cuidar. E eventualmente amar.


Tudo aquilo era tão bizarro.

E ainda assim... ao mesmo tempo? Ela era quase perfeita demais. Linda além do que
poderíamos ter esperado, além de madura e inteligente. E ousada. Eu gostava daquilo.
Sammara parecia ser do tipo de mulher que devolvia na mesma moeda. O que me fazia
questionar o que ela me devolveria se eu desse a ela aceitação e atenção e, finalmente,
se as coisas dessem certo?

Sim, até mesmo amor.

Quanto mais eu pensava sobre o assunto, mais eu gostava da ideia de ela estar tomando
conta. Eu não me importava dela estar assumindo o controle diante do empreiteiro. Eu
nem mesmo me importava sobre o café. Eram algumas coisas a menos para nós nos
preocuparmos, principalmente em um mundo em que nós quatro éramos
constantemente levados no meio do que quer que estivéssemos fazendo.

Não, ter Sammara por perto poderia ser uma coisa boa. Uma coisa muito boa.

Se apenas você deixar...

Resolvi deixar ela em paz e subir com o resto do meu café. Nossa curta interação tinha
sido produtiva e eu queria deixar as coisas daquele jeito. Além do mais, ela tinha uma
lista para fazer enquanto eu tinha um banho para tomar e Deus sabe o que ainda
aconteceria entre agora e a hora do nosso jantar.

Sixteen

SAMMARA

Eu queria dirigir. Simplesmente porque, como sempre, eu queria estar no controle.

No entanto, esta noite eu deixaria Ryan assumir o controle.

Sim, eu teria me sentido bem acelerando meu jipe pela rodovia. Me perdendo no brilho
das luzes, sentindo o vento do final do verão no meu rosto enquanto íamos e voltávamos
para a velha propriedade vitoriana.

No entanto, naquele exato momento, estávamos na moto de Ryan. Meus braços eram
como dois cabos de aço, enrolados firmemente em torno de sua cintura enquanto
acelerávamos pelas ruas e becos da cidade.

Eu estava apavorada, é claro, mas tentando não mostrar isso. Quando ele me perguntou
se eu já tinha andado sobre duas rodas antes, ingenuamente eu disse que sim. Era uma
mentira descarada e Ryan provavelmente percebeu no momento em que fizemos a
primeira curva e afundei meus dedos com tanta força em seu casaco de couro, que eles
acabaram apertando suas costelas.
Com o tempo, fui ficando mais confortável, principalmente nas retas. Com minhas coxas
apertadas de cada lado do seu corpo e o grande motor cadenciado sob mim? O passeio
se tornou quase uma experiência sexual. Erótico em sua própria maneira.

Toquei seu ombro indicando que finalmente tínhamos chegado ao local que eu tinha
escolhido para o nosso primeiro encontro. Desci da moto, me equilibrando em duas
pernas trêmulas como gelatina, meu rabo de cabalo finalmente aparecendo enquanto eu
retirava o capacete. Ryan o pegou de minha mão e o colocou junto ao seu no grande
assento de couro. De certa maneira a imagem era romântica e eu tratei de rapidamente
tirá-la de minha mente. Talvez em outro momento.

Peguei sua mão e o puxei pela calçada, parando diante do pequeno restaurante. Aquele
lugar era meu favorito. O mais favorito de todos. Eu o frequentava desde novinha, indo
e vindo desde antes...

... e depois.

― Pizza?

Aquela era a primeira vez que eu via Ryan rir de verdade. Ele esfregou o cavanhaque
preto e apertou os olhos para a placa quebrada de néon, como um velho pistoleiro
avaliando seu oponente.

― Achei que você tivesse dito que ia trazer o cofrinho?

― Eu trouxe ― respondi atrevidamente. ― Mas eu não disse que ele estava cheio,
disse?

Cinco minutos depois estávamos sentados em uma cabine de laminados lisos, à espera
de que nossas fatias esfriassem o suficiente para serem mordidas. Ryan salpicou um
pouco de pimenta sobre a sua fatia antes de estranhamente jogar sal sobre nossas
fatias.

― Você está me dando o troco por causa do café, não está?

― Mais suave ― ele disse com o toque de um sorriso. ― Menos amargo.

― Tá bom, tá bom.

Comemos em relativo silêncio por um minuto ou dois enquanto eu observava o local.


Tinha pelo menos um ano que eu não pisava ali e eu não poderia dizer porque não. O
lugar era nostálgico para mim, mas apenas de maneiras boas. Toda vez que eu ia ali era
como ir para casa.

― Meus pais costumavam me trazer aqui quando eu era mais nova ― disse. ― Eles
sempre me diziam que eles tinham as melhores pizzas, mas eu era muito pequena para
saber diferenciar uma pizza boa de uma ruim.

Ryan mordeu sua fatia até a borda, me encarando de mo do impassivo. Seus olhos eram
calorosos, cor de cappuccino. Mas sua expressão continuava rígida.

― Então, o que você acha? ― perguntei

Ele não estava ali para falar sobre pizza. Nenhum de nós estava. Aquele era um assunto
de merda para quebrar o gelo, mas eu estava perdida. Pelo menos por enquanto.

― Sou de Nova York ― respondeu ele, simplesmente.

― Eu sei, do Brooklyn.

Ele acenou lentamente.

― E?
― Bem, se você sabe disso ― deu de ombros ― então você sabe que isto não é pizza.

Eu sorri do outro lado da mesa.

― Então agora você vai agir como um sommelier de pizza comigo?

― Não preciso ― disse balançando a cabeça ― Eu venho do lugar da melhor pizza do


planeta.

Encostei-me no encosto da cabine desconfortável. Parecia haver uma espécie de lei não
escrita; pizzarias em qualquer lugar parecem incapazes de instalar qualquer tipo de
assento confortável.

― A melhor do planeta me parece uma declaração ousada. ― Deixei a borda de minha


pizza no prato e limpei a boca com um guardanapo. Eu podia ver a gordura amarela ao
deixá-lo de lado também. ― Como você confirma algo desse tipo?

― Eu não preciso ― respondeu.

― E por que não?

― Primeiro que não é meu trabalho convencer ninguém de que estou certo. Eu sei que
estou.

― E segundo?

Ele apontou para baixo.

― Se essa pizza fosse realmente boa, você estaria comendo a borda.

Pensei em dizer que eu ainda não tinha acabado, que estava deixando para mais tarde
ou alguma bobagem parecida. Mas ao invés disso apenas encarei seu olhar.

― Pizza do Brooklyn, então? ― ofereci. ― Talvez um dia você me mostre.

― Talvez.

Aquela simples palavra trouxe o silêncio desconfortável de volta. Ryan era difícil de
compreender. Mal-humorado, silencioso e muito sério. Mas de tempos em tempos a
carapaça se quebrava e seu senso de humor irônico se fazia visível.

― Então, por que você nos evitou ontem à noite?

As palavras simplesmente saíram, antes que eu realmente pudesse pensar nelas.

― Quem disse que eu estava evitando vocês?

― Trabalho. Você disse que tinha que trabalhar.

― Sim.

― Mas quando chegamos, você já estava em casa. A porta do seu quarto estava fechada.

Ele deu de ombros antes de morder mais um pedaço de pizza. Mas ainda sem quebrar a
conexão entre os nossos olhos.

― Você poderia ter ido ficar com a gente na sala. Ou ter ido comer algo na cozinha.
Dizer oi. Qualquer coisa, sei lá. ― Mordi o lado de dentro de minha bochecha. ― Era a
minha primeira noite na casa.

Ele deu um gole em seu refrigerante, sacudindo um pouco o gelo.

― Eu estava cansado.

― E você está cansado agora?


― Não.

― Então me fale sobre você ― disse apoiando meu queixo sobre uma mão.

Diante do meu pedido, Ryan mudou visivelmente. Linhas apareceram em sua testa,
como se eu tivesse pedido a ele para resolver algum problema complicado.

― Você é do Brooklyn ― comecei. ― Você cresceu lá? Como era? ― Como eram seus
pais...

Ele estava desconfortável, eu podia ver claramente. Parei com as perguntas


imediatamente, me perguntando qual delas teria sido demais para ele. No meio do
silêncio apocalíptico, ele finalmente falou.

― Nunca tive pais. Pelo menos não de verdade.

Acenei lentamente, permitindo que ele continuasse. Eu podia sentir que ele queria falar
mais... eu só precisava ser esperta o suficiente para continuar em silêncio.

― Eu cresci em um orfanato ― disse simplesmente. ― A mesma história típica que se


ouve o tempo todo. Indo de casa em casa até ser velho o suficiente para me alistar e sair
dali o mais rápido possível.

― E seus pais de sangue? ― perguntei corajosamente. Ele não respondeu. ― Algo


aconteceu com eles ou...

― Não sei e não me importo ― respondeu na defensiva. ― Isso realmente importa?

― Importa pra mim ― disse dando de ombros.

― Pra você?

Concordei, acenando séria.

― Perdi meus pais em um acidente de carro quando eu era criança.

Sua expressão mudou. Aquilo geralmente acontecia quando algo do tipo é trazido à
tona. Mas o rosto de Ryan não estava cheio de pena como acontecia normalmente. Ele
não se apressou em dizer "Sinto muito" ou em agarrar minha mão em um suporte
emocional. O padrão em momentos como aquele.

― Quantos anos você tinha?

― Nove.

― Merda. Nove é difícil.

― Sim, foi.

Agora era a minha vez de estar em silêncio, me perguntando se deveria continuar ou


não com a história. Eu não costumava falar sobre aquilo com frequência. Ou nunca, na
verdade.

― Nove anos provavelmente é a pior idade possível para se perder alguém próximo ―
disse. ― Você já é velho o suficiente para ter todas aquelas memórias maravilhosas. Mas
ainda é jovem demais, a ponto de precisar de alguém para cuidar de você Alguém novo.
Alguém... estranho.

Eu queria parar, mas quando olhei de volta para ele, seu olhos eram reconfortantes.
Havia entendimento ao invés de simpatia. Um profundo entendimento que eu não tinha
encontrado em nenhuma outra pessoa. Ryan tinha passado pelo mesmo que eu. Ele
sabia.

― No meu caso, foi o melhor amigo do meu pai e sua esposa ― continuei. ― Eles
assumiram de onde meus pais pararam. Tentando me criar de acordo com as vontades
dos meus pais, mas eles já tinham três filhos deles.

Minhas unhas batiam na mesa distraidamente, enquanto eu evitava seu olhar.

― Não funcionou, não é?

― Não ― admiti. ― Para Doug estava tudo bem, eu acho. Mas Cynthia sempre se
ressentia de estar presa a mim por obrigação. Eu nunca seria sua filha. Eu nem mesmo
seria uma irmã para meus três "irmãos" adolescentes, apenas uma pirralha de nove
anos que eles provocavam e ignoravam. Nova demais para ter qualquer tipo de relação
verdadeira com eles. Mas velha demais para ser fofa.

Quando finalmente olhei para ele novamente, sua linguagem corporal tinha mudado. Ele
estava mais relaxado. Suas mãos que antes estavam fechadas estavam abertas na mesa.

― É uma merda, não é? Não se encaixar em lugar nenhum? ― perguntou.

― É. Muito.

― Você ainda fala com eles?

Hesitei por um longo período antes de responder. ― Na verdade não ― admiti, com um
pouco de vergonha. ― Talvez nos feriados. Uma ligação esporádica, nos aniversários.
Mas a culpa é um pouco minha também, se eu for ser honesta. Eles nunca foram
realmente minha família e eu não fui do tipo que aceitou tudo com facilidade.

― Eles foram jogados na sua vida ― concordou Ryan. ― Assim como você foi jogada na
vida deles.

― Exatamente.

Dei um gole em minha bebida, que já estava quase no fim. E de repente senti a
necessidade de algo mais forte. Algo a mais do que um simples refrigerante.

― Meus pais me abandonaram, pelo o que me disseram ― disse Ryan. ― Bla bla drogas.
Bla bla bla não podiam cuidar de uma criança.

― Você tem alguma lembrança deles?

Ele olhou para além de mim, como se estivesse vendo algo que não estava realmente ali.
Por fim, negou com a cabeça.

― Não exatamente. Algumas imagens vagas da minha mãe, talvez. Um pedaço aqui,
outro ali.

― Mas você sabe onde eles estão?

Ele voltou a ficar tenso. Eu podia ver os músculos de seus belos ombros se contraindo.

― Nem uma única pista.

― Você sabe o nome deles? Certamente você foi curioso o suficiente para...

― NÃO.

A palavra e o jeito como ele respondeu não deu margem a interpretações ou discussões.
Vi sua mandíbula se apertar. As têmporas de ambos os lados de sua bela cabeça
masculina pulsavam em desafio.

― Eu entendo o que você passou ― cedeu ― mas para mim foi diferente. Eu fui
rejeitado, Sammara. Rejeitado pelas pessoas que deveriam me amar, enquanto você foi
abruptamente tirada de uma família que já te amava.
Ele abriu a mão em minha direção. Um gesto de empatia, uma oferta de conexão. Me
inclinei para a frente, sem quebrar nosso olhar e gentilmente deslizei minha mão na
sua.

― Quer sair daqui? ― perguntou.

― Quero.

― Eu também.

Seventeen

SAMMARA

Aceleramos pelas ruas e desta vez encostei-me ainda mais perto de seu corpo. Apertei
mais minhas coxas ao redor dele e entrelacei meus pulsos pela extensão plana de sua
barriga, em vez de apenas apoiar minhas mãos em seus quadris.

E fiz aquilo tudo não porque estivesse assustada. Não, não mais.

Mas porque havia menos peso entre a gente agora.

Paramos para alguns drinques em um pequeno bar de esquina que ele tinha
frequentado há muito tempo. Eu não sabia por quanto tempo ele tinha frequentado
aquele lugar, ou com quem ou quantas garotas já tinha levado ali. Nada daquilo
importava, na verdade. Tudo o que importava era a proximidade que sentíamos à
medida que a noite avançava. Nossos muros ganhando rachaduras e fendas ao passar
das horas.

Contei para ele sobre minha própria vida, o que andei fazendo, com quem. Contei
alguns detalhes sobre a minha infância também e ele ouviu intensamente, mesmo não
me contando sobre a sua.

Mas mais do que tudo, conversamos sobre nada. Bebemos algumas cervejas e depois
jogamos um jogo de bilhar na mesa mais detonada que já vi.

― Nunca joguei bola 9 ― disse depois de ele encaçapar mais uma bola. ― Apenas bola
8.

― Qualquer um pode jogar bola 8 ― respondeu. ― Bola 9 requer mais perspectiva. Mira
e disciplina.

― Mira e disciplina? Eu ri. ― Isso soa quase militar.

― Mas é.

A partir daí eu perguntei a ele sobre seu trabalho. Como ele tinha conhecido Kyle,
Dakota e Briggs e há quanto tempo eles se conheciam. Descobri que ele não tinha
estado com eles inicialmente no Afeganistão, mas se conheceram depois, no Iraque. Ele
me contou histórias sobre cada um deles, mas era visivelmente vago quando se tratava
de detalhes sobre si mesmo.

Ainda assim, tomei cuidado para não forçar. Ele poderia me contar o que quisesse
quando e se estivesse pronto.

E aquilo era tudo o que eu realmente precisava.

Em um momento durante o jogo, ele colocou as mãos em meus quadris, supostamente


para me equilibrar enquanto eu me inclinava para dar uma tacada. Seu toque era forte
e confiante, mas ainda assim, gentil. Como se ele lidasse com coisas como explosivos e
precisasse lidar comigo com a mesma atenção delicada.

Seu toque enviou calafrios pelas minhas pernas.

Terminamos a noite em sua moto, uma grande máquina em tons de preto e cromado. Eu
ainda podia sentir o calor irradiando dos grandes tubos de escape prateados enquanto
nos sentávamos no assento, cara a cara.

― Então ― disse, finalmente. ― Você e eu...

Eu estava praticamente sobre ele, minhas mãos espalmadas em suas coxas. Suas pernas
estavam flexionadas. Sobre o jeans eu podia sentir a força e o poder.

― Ryan, eu não estou procurando por uma conexão de momento ― continuei. ― Ou


mesmo uma conexão. Talvez a gente simplesmente não goste um do outro ― dei de
ombros. ― Talvez eu tenha colocado muito sal no seu café e isso tenha causado uma
fenda que nunca poderá ser consertada.

Finalmente vi sua expressão estoica relaxar um pouco. O sorriso que traía sua seriedade
épica. Um sorriso sarcástico e bajulador, mas ainda um sorriso.

― Mas ainda assim, não seria justo com os rapazes se não déssemos algum tipo de
chance.

― Uma chance, é isso?

― Isso.

Eu esperava que ele se inclinasse e esmagasse seus lábios nos meus, exatamente como
nos filmes. O clássico primeiro beijo sobre uma moto, que eu tinha visto dezenas de
veze s em dezenas ou mais de comédias românticas açucaradas.

Mas ao invés disso ele me estendeu a mão.

― Trégua?

Encarei sua mão com curiosidade. Aquela parte nunca tinha estado nos filmes.

― Uma trégua não significaria que teria havido uma guerra, em primeiro lugar? ―
perguntei.

― Tudo bem, um cessar-fogo então.

A mão continuava ali, estendida. Eu a encarei por mais um momento antes de aceitá-la.
Seu aperto era firme, como se eu fosse outro cara.

― Certo. Um cessar-fogo.

Ele sorriu e uma sensação de bem-estar me assolou, seguida por otimismo e realização.
Talvez as coisas pudessem ficar bem entre nós. Mais ou menos.

Você ainda não sabe onde está pisando, não é?


Apertei os dentes em frustração. Não, eu não sabia.

Merda.

Ryan prendeu o capacete e deu a partida na moto em um único movimento. A máquina


rugiu como um leão, roncando ruidosamente abaixo de nós até que ele me levantou e
me colocou de volta firme em meus pés.

Deus, ele era tão, mas tão forte.

Fiquei ali, com a mão estendida, esperando pelo outro capacete. Mas ao invés disso ele
colocou as mãos no guidão.

― Preciso ir ― disse ele.

― Ir? ― Eu estava confusa. ― Ir?

― Estou trabalhando novamente esta noite. Preciso estar na base em vinte minutos.

Eu pisquei, ainda o encarando confusa.

― E quanto a mim?

― Você está pegando um táxi para casa ― respondeu. ― Eu já chamei um.

― Mas...

― Ele estará aqui em um instante. Não saia daqui.

Meus ombros despencaram. Não era para o nosso encontro acabar assim. Eu achei que
estávamos progredindo, talvez nos entendendo mutuamente. E agora ele estava me
abandonando em alguma esquina escura e acelerando noite adentro.

Aquilo não fazia o menor sentido.

― Tudo bem ― suspirei. ― Vá.

Ryan destravou a moto e acenou em minha direção.

― Obrigado por entender.

Recuei quando ele soltou o freio de mão, as rodas começando a girar.

― E Sammara?

― Sim?

― Eu não me importo com o sal ― piscou.

Então ele abaixou a viseira e acelerou, me deixando em uma nuvem de poeira quente.

Eighteen
KYLE

Toc. Toc.

Ela abriu a porta como tinha feito na noite passada, só que desta vez ela apenas
espreitou pelo canto. Seu rosto estava corado, mas seus olhos não estavam sonolentos.
Na verdade, ela parecia quase sem fôlego.

― Ah... ― sorriu timidamente. ― Oi.

Continuei ali parado, apenas encarando-a, esperando a porta se abrir totalmente.

― Você... vai me convidar para entrar?

Algo parecendo um sinal de alerta cruzou sua expressão, mas ela escondeu isso
rapidamente.

― Está tarde, Kyle.

― Eu sei, mas você está acordada. E eu queria falar com você.

Os olhos dela foram da direita para a esquerda, verificando o corredor.

― Eu não estou decente.

Eu ri.

― Você se esqueceu de que eu já vi você sem estar decente?

Ela rolou os olhos teatralmente, como se dissesse "ha ha". Mas acabou cedendo e
abrindo a porta.

Uma vez dentro do quarto eu a tomei imediatamente em meus braços. E a beijei tão
intensamente e tão rápido que a deixei ofegando.

― Oh...

Ela estava vestindo uma camisa, mas não muito longa, que mal cobria o início de suas
coxas deliciosas. E logo abaixo, o menor vislumbre de cor. Uma tira de material
acetinado. Verde... talvez azul turquesa.

Ela me beijou uma última vez e então me empurrou, bem quando eu ia descer minhas
mãos até as duas bandas de sua bunda magnífica.

― Quero você ― afirmei.

Ela estava exatamente como na noite em que fizemos amor, toda corada e rosa e
quente, com curvas suaves e lábios carnudos. Mesmo sem maquiagem, sua beleza era
estonteante. Eu me aproximei novamente, colando nossos rostos.

― Você precisa esperar ― falou em uma voz um pouco aguda. A frase começou firme,
mas não foi convincente no final.

― Por que? ― sussurrei com a voz rouca. ― Eu já tive você. Deixa os outros esperarem
uma semana. Eu quero ter você de novo.

Eu a beijei um pouco mais, me inclinando sobre o seu corpo. Empurrando-a, passo a


passo, até ela estar na beira da cama. Sammara gemia suavemente; às vezes me
beijando de volta, às vezes tentando manter sua relutância. Embora sua mão já
estivesse em meu corpo. Eu estava derrubando sua resolução.

Finalmente suas panturrilhas estavam pressionadas contra o colchão. Seus joelhos


dobraram e ela quase caiu para trás...

― Kyle, escuta ― disse, se contorcendo. ― Você fez uma promessa, lembra? Para os
seus irmãos de arma. Não podemos quebrar essa promessa, nem mesmo juntos. Seria
como começar já traindo eles.

Merda.

Ele estava certa, é claro. Eu sabia que ela estava certa, lá no fundo, embora eu me
odiasse por isso.

Deus, ela é maravilhosa...

Eu não podia me imaginar não estando com ela. Simplesmente sair e deixá-la ali. Voltar
para o meu quarto e...

E então um pensamento me ocorreu. Imediatamente fiquei em meus joelhos, ergui sua


blusa e comecei a beijar sua barriga lisa.

Sammara puxou o ar tão pesadamente que quase soou como um assovio.

― Kyle... espera...

― Você disse que podíamos beijar você ― afirmei. ― Foi o que você disse.

Passei as mãos pelo lado de fora de suas pernas e seu corpo reagiu com um arrepio.

― Sim, mas...

― Bem, então estou beijando você ― disse depositando pequenos beijos ao redor do seu
umbigo. Os beijos foram ficando mais lentos à medida que minha boca descia cada vez
mais. ― Apenas beijando você.

Cegamente meus dedos encontraram a faixa exterior de sua calcinha minúscula. Eu a


desci por suas pernas, revelando uma calcinha fio dental azul suave. O tecido
entrepernas visivelmente mais escuro. Eu o toquei e meus dedos ficaram molhados.

― Você está ensopada.

Sammara não respondeu. Ela apenas se inclinou com as duas mãos abertas,
mergulhando seus dedos pelo meu cabelo.

― Isso não é só por minha causa ― provoquei. ― Você estava se tocando antes de eu
chegar.

Aquela não era exatamente uma pergunta. Mas ainda assim eu parei de beijá-la até
receber uma resposta.

― Sim.

Eu a beijei um pouco mais. Descendo minha língua mais e mais, até alcançar a marca
deixada pelo elástico que tinha anelado sua cintura.

― Então você precisa disso.

Eu empurrei, e ela caiu para trás na cama. Suas pernas abertas, suas coxas separadas
em um sinal de rendição... exatamente como o suspiro suave que escapou de seus
lábios.

Sem perder tempo, mergulhei meu rosto entre suas pernas. Ela era suave e lisa, sua
boceta brilhando como uma pequena flor rosa. Eu a separei com a minha língua,
saboreando sua doçura, desfrutando de como ela estava absolutamente encharcada
enquanto eu deslizava meu dedo mais longo dentro dela.

― AHHHhhhhhhh…

Aconteceu exatamente como da primeira vez. As coxas de Sammara se fecharam


lentamente em volta da minha cabeça, se aproximando dos meus ouvidos enquanto eu a
devorava. Minha língua cobrindo cada centímetro dela, dentro e fora. Eu a deslizei
sobre seu clitóris e em seguida a mergulhei profundamente para colher seu néctar doce
e trazê-lo em minha boca.

Seu gosto em minha boca despertou antigas memórias. Memórias do momento em que
eu a fodi forte. Memórias minhas explodindo dentro dela, meu rosto enterrado naquele
mar cintilante de cabelo loiro...

Ela deixou escapar mais um som e eu olhei para a extensão suave de seu corpo.
Sammara estava choramingando, mordendo os próprios dedos em uma tentativa de não
ser ouvida. Eu levantei com a mão livre, empurrei seus dedos para longe, e apertei
minha palma sobre sua boca.

― MMMmmmPPPhhhh!

Ela mordeu a minha palma, mesmo ao jorrar em minha boca. Seu orgasmo foi
silencioso, secreto. Tudo como um prazer proibido. Talvez isso tenha tornado tudo ainda
melhor para ela, saber que éramos parceiros de crime, explorando um detalhe técnico.
Uma brecha em suas regras...

Quando ela me libertou da prisão de suas coxas fortes e finas, eu deslizei e a beijei um
pouco mais. Sua língua parecia estar em todos os lugares, lambendo e sugando a minha,
sentindo seu próprio sabor em meus lábios. Ela estava perdida na própria luxúria.
Totalmente consumida pelo momento.

Seus olhos encontraram os meus e uma pergunta silenciosa foi feita entre nós. Nós dois
podíamos sentir minha dureza firme entre nossos corpos.

― Nós não podemos ― sussurrou ela. Seus olhos estavam tristes e desconsolados. ―
Nós não... não devemos...

― Eu sei.

Eu estava sofrendo, meu corpo doía para estar dentro dela. Mais pronto para isso do
que estive para qualquer outra coisa em toda a minha vida.

Mas ela estava certa. Seria uma traição. E se eu queria que tudo aquilo funcionasse, e
eu queria mais do que nunca, então não podia começar com uma traição. Especialmente
para os meus irmãos.

Indo contra cada instinto do meu corpo eu me levantei e me afastei. Meu próprio alívio
teria que esperar.

― Desculpa ― disse ela, sem fôlego. ― Você sabe que...

― Está tudo bem ― interrompi. ― Eu entendi. ― Me inclinando, depositei um beijo em


sua testa. ― Na verdade, o que você fez foi bonito. Mostra força interior. Lealdade. Os
outros ficariam impressionados.

De repente ela parecia assustada.

― Você não vai contar para eles que nós...

― Não, claro que não.

― Certo ― disse, soltando um suspiro de alívio. ― Isso é bom.

Eu ainda estava pulsando entre minhas pernas e tentei ajeitar um pouco, para ficar
mais confortável.

― Como foi com o Ryan? ― perguntei

O sorriso voltou para o seu rosto.

― Foi bom, eu acho.

― Você acha?

― Bem, ou ele me odeia ou ele odeia o fato de não me odiar.

Eu ri.

― É, parece bem o Ryan ― concordei.

Ela levantou, puxando a camisa para baixo, sobre sua bunda e suas pernas. Mas não se
importou em vestir a calcinha novamente.

― Eu lembrei a ele que vocês todos concordaram em tentar isso ― continuou ela. ―
Que vocês passaram um tempo pensando e trabalhando nessa ideia e para que ela dê
certo, ele precisa dar uma chance de verdade.

― É justo.

Ela se mexeu, cruzando uma perna sobre a outra e eu podia apostar que havia mais

― E então ele me contou algo.

― O que? ― perguntei erguendo uma sobrancelha.

Ela parecia hesitante. Um pouco relutante em continuar.

― Desembucha ― eu ri. ― Você não pode dar para trás agora.

Sammara caminhou pelo quarto, pegando um copo de água em sua mesa. Ela tomou um
longo gole e observei sua camisa subir novamente sobre sua bunda enquanto o líquido
fresco descia por sua garganta. Só quando terminou é que ela voltou a me encarar.

― Ele disse que você e Dakota já fizeram isso antes.

Meu pulso acelerou.

― Fizemos o que?

― Dividir uma garota.

Nineteen

SAMMARA
Minha pergunta pairou no ar por um instante, sem resposta, mas por fim, Kyle acabou
concordando com a cabeça.

― Sim, há um tempo. Dividimos minha ex-namorada, Erika.

Meu estômago deu uma cambalhota. Houve uma pausa longa, desconfortável.

― Isso surpreende você?

― Não ― respondi rapidamente. ― Quero dizer, sim. Talvez?

Meu soldado deu um passo para a frente, colocando as mãos em meus ombros. Eu não
queria que ele achasse que eu estava irritada ou chateada ou algo do tipo. Acho que eu
estava mais... curiosa.

― Não deveria ― disse ele. ― Surpreender você, quero dizer. Como uma unidade,
somos unidos. Especialmente no que fazemos. Dormimos juntos, acordamos juntos...
quando você está com os mesmos camaradas vinte e quatro horas por dia, sete dias por
semana, com tanto em jogo, incluindo suas próprias vidas? Isso cria um vínculo que
você não acreditaria.

Seus olhos acinzentados permaneciam presos aos meus. Eu ainda não conseguia
superar o quanto eles eram sexys.

― Faz sentido, eu acho.

― Além disso ― continuou ele ― soldados dividem coisas ao longo de toda a história da
guerra. Armas, botas, revistas Playboy... eu acho até que Ryan e Briggs dividiram a
mesma cueca por mais de uma semana em Fallujah.

Não consegui conter o sorriso e ele riu alto.

― Não conte a eles que eu te disse isso.

Ele olhou para mim com astúcia e pude ver as engrenagens girando, sua mente
tentando voltar ao que interessava.

― Então dividir uma namorada não seria diferente? ― perguntei. ― É apenas a próxima
etapa lógica nessa coisa de compartilhar?

Kyle coçou a cabeça.

― Pense nisso mais como uma maneira progressiva de ver as coisas.

― Progressiva é?

― Claro. E lógica também.

― E como você chegou a essa conclusão? ― perguntei rindo.

― Bem ― disse ele ― imagine um cara tentando satisfazer quatro esposas. ― Você acha
que isso funcionaria?

Busquei por uma resposta dentro de minha mente.

― Talvez mental e emocionalmente sim. Fisicamente? Não.

― E este é o meu ponto. Mas uma mulher pode satisfazer quatro homens com muito
mais facilidade. É biologia básica ― disse ele dando de ombros. ― Nós precisamos de
um tempo para nos recuperarmos. Vocês não.

― Ah, mas eu preciso me recuperar ― disse bocejando. ― Mas sim. Não como vocês.
Meu corpo estava maravilhosamente relaxado agora, só pelo o que ele tinha acabado de
fazer comigo. Por um instante, me imaginei arrancando suas roupas, o empurrando para
a minha cama e me deitando ao seu lado para sentir sua pele quente em contato com a
minha.

Mas eu sabia como isso iria acabar...

― Fale-me sobre a Erika ― pedi corajosamente.

Kyle passou a mão pelo cabelo e ergueu uma sobrancelha.

― Você quer mesmo saber?

― Claro ― respondi. ― Ela ficou no passado, certo?

― Totalmente fora de caminho.

― Então desembucha. Isso me dará uma ideia melhor do que esperar.

Pelos próximos minutos, ouvi a história da ex-namorada de Kyle. Como ele tinha
compartilhado ela pela primeira vez, por um capricho e um desafio. Como eles tinham
gostado tanto daquilo que tinham começado a repetir regularmente: ela, Kyle e Dakota.

Eu não ia mentir, aquilo tinha me deixado com ciúme, como se uma faca afiada tivesse
sido girada na boca do meu estômago. Mas eu não estava zangada. Não, eu estava com
inveja da Erika. Ela tinha dividido dois dos meus futuros namorados nos níveis mais
íntimos e se tornado amante deles de maneiras que eu aind a sonhava em ser.

― E isso funcionou?

― Por um tempo ― admitiu ele. ― A intimidade era incrível. A ideia de que eu podia ter
o melhor dos dois mundos, a camaradagem com Dakota, a intimidade física de uma
namorada... os dois ao mesmo tempo, sem sacrifício. Erika adorava a atenção dupla.
Nós adorávamos o conceito de dividir a mesma mulher. De agradá-la social e
emocionalmente, bem como de tê-la sexualmente sempre que quiséssemos.

Eu podia ver os olhos de Kyle perder o foco enquanto ele viajava em suas memórias. Eu
podia afirmar que elas eram boas, o que apenas serviu para afundar ainda mais a faca.

― Então o que aconteceu?

Ele voltou a focar em mim.

― Quer dizer, o que nos levou ao fim?

― Sim.

Ele hesitou.

― Acho que apenas nos separamos ― disse dando de ombros.

― Sem essa ― disse duramente. ― Você está escondendo algo.

Kyle se mexeu desconfortavelmente e eu podia sentir seu conflito interno. Ele estava se
perguntando se deveria esconder algo de mim. Se deveria ser honesto e correr o risco
de me assustar.

― Eu quero ouvir ― disse. ― Isso não vai me assustar ― prometi. ― Mas eu preciso
saber.

Ele continuou por mais alguns instantes, então eu vi a luta chegar ao fim. Kyle relaxou
antes de voltar a falar.

― As coisas simplesmente ficaram estranhas para ela ― disse. ― Eu fui enviado para
uma missão e ela praticamente ficou namorando Dakota. E quando eu voltei? Eu
esperava que as coisas voltassem a ser as mesmas entre a gente. Mas não voltaram.

Ele parou, mas meu silêncio e minha expressão o levaram a continuar.

― Veja, esse é o problema em ser enviado para missões ― disse. ― Para você, sua
"casa" permanece congelada em sua mente. Tudo permanece igual. Mas para as
pessoas que ficaram? A vida continua, as coisas mudam. Os sentimentos mudam.

Eu tentei imaginar dividir os dois. Ser a namorada deles. A amante deles. Aquela que
lhes dá um beijo de despedida antes deles saírem e para quem eles voltam depois de um
longo tempo fora.

E quanto mais eu pensava sobre isso? Mais eu queria aquilo. Kyle era incrível e Dakota
parecia ser tanto quanto. Como homens, ele eram fortes, profundos e lindos. Simpáticos
e protetores.

E eles eram sexys. Muito, muito sexys.

― E nunca houve nenhum tipo de ciúme? ― perguntei. ― Entre você e Dakota?

― Não ― sorriu Kyle. ― Isso foi algo que entendemos claramente. Nós dois somos como
irmãos, assim como com Ryan e Briggs. Dividir dentro do nosso pequeno grupo é
excitante porque todos nós queremos ver os outros felizes. Não tem espaço para ciúme.

Ele voltou a me encarar, como se estivesse considerando algo. E então deu de ombros.

― Além do mais, em relação a Erika, Dakota e eu tínhamos um acordo ― disse. ―


Qualquer um de nós poderia tomar parte no que os outros estavam fazendo sempre que
quiséssemos. A qualquer momento. A qualquer dia. Nós éramos um trio, sempre.
Mesmo quando...

― Mesmo quando vocês estavam na cama.

Eu sentia um calor subindo pelo meu ventre ao mesmo tempo em que o nó em meu
estômago parecia aumentar.

― Especialmente quando estávamos na cama ― disse Kyle. ― Erika amava aquilo mais
do que tudo. Ter cada um de nós individualmente era divertido, é claro. Mas sempre que
podia? Ela preferia ter nós dois juntos.

Kyle estudou minha reação antes de continuar.

― E se dependesse de Dakota e eu? Nós também preferíamos.

Eu me senti ruborizar novamente pensando no cenário. Me perguntando se aquilo seria


tão bom ou melhor do que eu imaginava em minha mente.

E são quatro deles, Sammara.

Meu coração acelerou uma vez mais.

QUATRO!

Comecei a suar mesmo estando praticamente nua.

Erika só tinha que lidar com dois.

Respirei fundo e decidi aliviar o clima, cutucando Kyle nas costelas.

― Biologia básica, é isso?

Ele sorriu de volta para mim.

― A poliandria já foi muito comum ― disse. ― No Nepal e no Tibet eles vêm praticando
isso por mais de mil anos.

― Poliandria?

― Uma mulher, vários maridos.

― Ah ― eu ri. ― Maridos.

Nós nos encaramos ao mesmo tempo e eu estava quase certa de que estávamos
pensando a mesma coisa.

― Então quando vocês finalmente se casarem comigo, eu terei quatro alianças?

Kyle me beijou na testa novamente antes de caminhar para a porta.

― Um passo de cada vez, baby ― sorriu por sobre os ombros. ― Um passo de cada vez.

Twenty

SAMMARA

Os dias passaram em um piscar de olhos, provavelmente porque havia muito a ser feito.
Depois de mudar boa parte das minhas coisas, eu tinha tomado conta de um monte de
afazeres, riscando muitas tarefas da minha lista semanal em um curto período de
tempo.

E sim, havia uma lista semanal também. Em um determinado momento eu cheguei a


cogitar uma lista horária, mas não queria me micro gerenciar para além da minha
própria sanidade.

Havia apenas muito a ser feito. Todo o projeto de renovação estava em um completo
estado de desordem. Os meninos tinham assumido muita coisa ao mesmo tempo;
contratado muitas pessoas para fazer muitas coisas sem supervisão ou controle de
qualidade ou até mesmo um simples prazo. Era o resultado de se ter tanto dinheiro na
mão, mas não tempo o suficiente para garantir que ele fosse gasto corretamente. Como
resultado, muitas pessoas estavam se aproveitando.

Na verdade, meus três novos namorados estavam apenas ocupados demais. Kyle e
Dakota eram chamados à base frequentemente e Ryan ainda mais. Eu ouvia sua moto
indo e vindo nas primeiras horas da manhã, já que ele costumava trabalhar na maioria
das noites, além de fazer turnos duplos.

O resultado era que a casa estava sempre viva e raramente quieta. Se não fosse a obra
durante todo o dia, eram os rapazes acordados até tarde contando histórias e rindo alto.
Eles se reuniam na sala ou na varanda, que tinham convertido em uma espécie de clube
do bolinha, com um bar sempre bem abastecido e uma mesa de sinuca. Dakota tinha
transformado a sala de chá da mansão em uma academia e eu ria toda vez que pensava
o que as senhoras que tinham tomado chá ali nos anos 1800 pensariam se pudessem ver
o lugar nos dias de hoje.

Além de tudo, meus meninos também estavam devorando tudo o que estivesse à vista.
Eu tinha enchido a geladeira para eles, depois de fazer mais uma lista de seus favoritos.
Eu tinha me oferecido para cozinhar, mas por algum motivo eles pareciam gostar de se
revezar na cozinha... e de fazer algumas das combinações mais horríveis já vistas.

Embora algumas fossem até boas. Kyle sabia usar a grelha e Dakota fazia um café da
manhã delicioso, provavelmente por ter crescido no pequeno mundo feliz de sua
fazenda em Iowa. No entanto, a qualquer momento você poderia se deparar com um
bife com macarrão com queijo. Ou um sanduíche de presunto com anéis de cebola e
ketchup. Ou seja, uma combinação estranha. Uma combinação totalmente masculina.
Aquilo me fazia rir sempre que acontecia e me fazia sentir ainda mais carinho por eles.

Em nossos tempos livres, ficávamos bastante em casa. Kyle e Dakota me levaram para
sair novamente. Outro encontro agradável, que terminou com um jantar e um filminho.
Eu me sentia como uma princesa com toda aquela atenção e mais ainda sentada entre
os dois encarando a tela do cinema. No meio do filme, me dei conta de que havia uma
mão em cada uma de minhas pernas, assim como minhas mãos se encontravam em suas
pernas. Dakota trouxe os lábios aos meus e quando me virei para beijá-lo, Kyle começou
a beijar meu pescoço.

Meu corpo derreteu ali mesmo, naquela poltrona. Nada se comparava a ser beijada por
dois caras ao mesmo tempo. Suas bocas eram macias e molhadas, suas mãos
percorrendo meu corpo, nas sombras cintilantes da última fileira de assentos. O filme já
estava em cartaz há semanas, e por isso a sala de cinema estava praticamente vazia.
Podíamos fazer o que quiséssemos. Qualquer coisa...

Mas ao mesmo tempo não podíamos.

Cheguei em casa ruborizada e frustrada, minha calcinha tão molhada, que eu poderia
torcê-la. E ainda estávamos na quarta-feira. Quarta-feira!

Naquela noite, enquanto eu me deitava, descendo uma mão por entre minhas coxas,
quentes, precisei de cada milímetro da minha boa-vontade para não pegar meu telefone
na mesinha de cabeceira e enviar uma mensagem de texto para os dois, informando que
tinha deixado a porta do quarto destrancada.

Ainda assim, me controlei e senti orgulho de mim mesma na manhã seguinte. Gostei de
permanecer fiel à minha promessa. E ao final de cada dia? Eu me sentia um pouco mais
próxima de cada um deles. Kyle me contou histórias sobre como foi crescer na
Califórnia e sobre suas três irmãs mais velhas, que tinham verdadeira adoração por ele.
As histórias de Dakota eram muito mais extravagantes; as coisas que ele costumava
fazer para se divertir em Iowa faziam minha juventude parecer sem graça e perdida.

Até mesmo a armadura de Ryan eu tinha conseguido rachar um pouco. Nosso tempo
juntos normalmente aconteciam pela manhã, durante o café e se ele não tivesse que
correr para tre inos ou para estar na base em um horário específico, ele me contaria
sobre alguns dos lugares mais exóticos em que estivera fora do país. Ele gostava de
falar disso mais do que sobre sua infância e eu podia dizer que ele via o Exército como
seu grande salvador, que evitara que ele seguisse os caminhos errados que tinha
experimentado quando criança em Nova York.

E em meio a tudo aquilo, eu ainda me mantinha trabalhando. Nossa lista de clientes


estava estagnada há um tempo, mas ainda assim, Dawn telefonava o tempo todo. Na
maioria das vezes era para encontrar um arquivo que ela tinha perdido em seu
computador ou para jogar alguma culpa em mim sobre estar presa lá sozinha. Eu estava
sentada na cama, escrevendo um e-mail para ela, quando o telefone tocou.

― Olá!

Seu cumprimento soava um pouco estranho.


― Oi! ― respondi, tentando soar agradável. Na verdade, eu só queria terminar ali e
descer. ― Aconteceu algo?

― Quando você ia me contar sobre a casa?

Franzi minha sobrancelhas. Eu não fazia a mínima ideia sobre o que ela estava falando.
A menos que...

― Que casa?

― A antiga casa Vitoriana na qual você está hospedada!

Aquilo era bizarro. Eu não tinha falado que estava em uma casa Vitoriana. Eu nem tinha
dado o endereço para ela.

― Como você sabe onde eu...

― A casa do lago ― me interrompeu. ― Lembra? Você me disse que estava indo para lá?
Eu apenas peguei sua localização e dei um zoom em algumas imagens de satélites e...
meu Deus, Sammara! Este é o grande cliente com quem você está trabalhando?

Eu estava confusa. Talvez um pouco assustada. Compartilhamos serviços de localização


para nos encontrarmos mais facilmente em projetos. Mas aquilo...

― A casa é linda ― gritou Dawn. ― Ela é muito afastada para uma vista da rua, mas de
cima parece absolutamente linda!

Uma parte minha queria contar tudo sobre a casa. Falar com alguém que apreciaria
aquilo tanto quanto eu.

Mas a outra parte estava um pouco irritada. Aqui estava eu, em supostas férias,
tentando resolver as coisas e ainda assim ela não podia me deixar sozinha.

― Quando você volta? Logo, certo?

Sua voz era grave agora. Quase um comando. Aquela era uma batalha que tínhamos
constantemente; a pequena luta de poder entre nós que nos impedia de nos tornarmos
mais do que apenas "colegas de trabalho". Apesar da sociedade ser igualitária, Dawn
era arrogante. Sempre tentando dar ordens. Sempre tentando ser o ponto de contato,
fazendo as coisas dos bastidores, enquanto me deixava fazer o trabalho braçal. O
trabalho pesado. O...

― Mara?

Eu odiava quando ela me chamava daquele jeito. Só minha mãe usava aquele apelido e
ele era especial para mim. Quase sagrado.

― O que?

― Perguntei quando você volta. ― Ela parecia quase aborrecida por estar tendo que
repetir. ― Temos o projeto O'Loughlin para finalizar, e você precisa encontrar os
profissionais de stager na casa Santiago amanhã de manhã, e então...

― Você pode encontra-los― rebati. ― Você já tem a planta baixa. Não precisa de mim.

Aquilo tinha saído um pouco duro. Mas não me arrependia.

― Ah. ― É... tudo bem. Só pensei que como normalmente é você que se encontra com
os stagers, que...

― E eu não sei quando volto ― disse. ― Na verdade, eu posso ficar um pouco mais do
que pensei.

Houve um silêncio sepulcral do outro lado da linha. E aquilo era tudo o que eu
precisava.

― Tenho que ir agora, Dawn ― disse. ― Surgiu algo aqui.

― Tu... tudo bem. Mas...

― Tchau.

O encerramento foi frio e irritado, e terminou comigo jogando o telefone para o outro
lado da cama com tanta força que ele escorregou e bateu no chão. Eu estava realmente
irritada agora. Minha sócia nem uma única vez me perguntou sobre como eu estava ou
como estavam minhas férias ou nada desse tipo. Apenas quando eu voltaria.

Voltaria...

Com minha semana de teste chegando ao fim, eu sabia que tinha que tomar uma
decisão. Na minha mente e no meu coração? A decisão já tinha sido tomada. Eu queria
ficar. Eu queria continuar o que tínhamos começado juntos e ver como tudo se
desenrolaria. Emocionalmente. Fisicamente… eu queria os três rapazes e, eu esperava
que em algum momento Briggs também, se ele aparecesse.

E sim, eu também me deleitava com a ideia de que uma vez reformada, eu poderia
realmente decorar aquela casa incrível que eu agora chamava de lar.

― Eu quero ficar ― sorri, me permitindo falar aquilo em voz alta. E era bom falar. E
ouvir também.

Eu me estendi na cama, tremendo ao pensar no toque eletrizante de Kyle. Sorrindo ao


me lembrar dos beijos doces e profundos de Dakota.

Pensei em Ryan, com sua linda barbicha preta e a pele morena escura lisa. Ao fechar os
olhos, eu podia sentir suas mãos em mim também. Sua moto trêmula quente, firme e
poderosa, logo abaixo das minhas coxas abertas.

― Ah sim ― ri para mim mesma, com uma melhora imediata no meu humor. ― Eu
definitivamente quero ficar.

Twenty-One

SAMMARA

Era uma manhã quente de sábado e a casa estava relativamente quieta. Pela primeira
vez, ninguém estava de pé comigo. Eu pude assistir o sol surgir no céu arroxeado e, em
seguida, entrar pela bela janela de vidro da cozinha, enquanto bebia minha segunda
xícara de café.

Até mesmo os pássaros estavam quietos.


Tudo aquilo me preenchia com uma sensação de paz, mesmo tendo que ir ao escritório.
Mas não seria ruim. A minha lista tinha começado com algumas coisas que eu
precisava, mas tinha esperado intencionalmente até aquele dia, para evitar a Dawn.

― Ouvi falar que você conversou com nosso empreiteiro-chefe?

Kyle apareceu atrás de mim, assentando as mãos em meu quadril. Sua pélvis roçou em
minha bunda enquanto passava por mim na direção da cafeteira, fazendo-me tremer
com a reminiscência.

― Sim ― respondi, distraída. ― Ontem.

― Ele é ruim?

Ele estava usando o que eu tinha aprendido ser seu UCE, Uniforme de combate do
exército. As vestes camufladas pareciam acentuadas e nítidas nele, acentuando cada
curva de seu corpo lindo.

― Na verdade ele é muito competente. Um dos melhores do setor. Fiquei surpresa por
vocês terem conseguido contratá-lo.

― É ― riu ― você deveria ver quanto estamos pagando para ele.

― Eu vi... e então não estava mais tão surpresa.

Ele riu enquanto eu lhe estendia o açúcar. Duas colheres. Uma pitada de creme. Eu
sempre gostei de fazer o café para meus namorados, mas agora eu tinha três deles para
lembrar.

― Então qual é o problema? ― perguntou ele.

― Nada demais que não possa ser resolvido ― disse. ― Alguns dos subempreiteiros não
são bons. Simplesmente fazem as coisas da maneira mais fácil ou barata. Tratando essa
casa como se fosse um trabalho de renovação padrão, o que claramente não é.

Kyle levou o café aos lábios e tomou um gole. Ele estava barbeado. Eu sentia uma
urgência em tocar seu rosto, ver o quanto ele estava maravilhosamente suave.

― É, tenho certeza de que você vai conseguir tocar tudo isso ― disse ele, com uma
piscadela. ― Você é boa em tocar coisas grandes.

― Ha ha... hilário.

― E você conhece a casa melhor do que qualquer um de nós, isso é certo. Você até
mesmo sabia sobre o painel secreto sob a escadaria.

― Você está falando do closet? ― ri.

Ele coçou o queixo.

― É assim que aquilo é chamado? Podia ter pilhas de barras de ouro ali e nunca
teríamos descoberto.

― Sinto muito ― lamentei. ― Mas só tinham teias de aranha.

Dakota escolheu este momento para entrar na cozinha, sorrindo como uma criança que
tinha acabado de marcar um golaço. Ele me beijou antes de se locomover pelo
ambiente, me deixando sentindo o vago sabor de sua pasta de dentes.

― Bom dia, luz do dia!

Ele vestia a mesma camuflagem que Kyle, as botas fortemente amarradas. Ele tinha sua
boina também.
― Vocês vão sair?

Kyle acenou em concordância.

― Ficaremos fora o dia todo ― disse. ― Treinamento de logística. Por sorte faremos o
jantar, mas não espere por nós.

Observei enquanto Dakota se servia de um copo grande de suco de laranja, me fazendo


tremer ao pensar no sabor azedo, já que ele tinha escovado os dentes.

― Ryan também não está ― adicionou Kyle. ― Viajou ontem à noite e ficará fora até o
próximo final de semana. Ele voltou a me encarar, como se estivesse esperando uma
resposta. ― Você vai ficar bem?

Foi impossível não rir.

― Completamente sozinha por mim mesma? ― provoquei. ― É claro que vou ficar bem.

― Que bom ― sorriu. ― Foi mal, nós dois estávamos ansiosos para passar o dia com
você. Mas surgiu essa merda.

― Merdas sempre surgem! ― disse Dakota feliz, lambendo os lábios. Ele já tinha
drenado meio copo do líquido grosso e polposo.

― Verei vocês esta noite?

― Pode apostar que sim.

Kyle deu um passo para a frente e me beijou, agarrando meus quadris novamente, mas
desta vez pe la frente. Eu coloquei minhas mãos sobre as dele, inclinando minha cabeça
para mergulhar em seu beijo. Seus dedos fortes me deram um aperto sugestivo antes de
me soltar.

― Lembre-se de trancar tudo às seis horas. Alarme e tudo.

― Eu irei.

Ele sorriu e deu um passo para o lado, me deixando com...

― AH!

Dakota me puxou em seus braços como se eu não pesasse absolutamente nada, girando-
me em um círculo antes de plantar seus lábios nos meus. Eu me sentia pequena,
esmagada contra o seu peito gigante, rodeada pelos seus braços grandes. E eu nem era
pequena.

Seu beijo foi mais longo, mais intenso. Com sabor de suco de laranja. Delicioso. Cheio
de energia.

― Vejo você mais tarde, linda.

Ele me fez cócegas na saída e eu ri.

― Tchau.

Twenty-Two
SAMMARA

O escritório estava um desastre.

Era um espaço pequeno dividido por Dawn e eu no centro da cidade, a parte frontal
consistindo em um par de mesas, computadores e uma pequena cozinha. Quatro xícaras
de café sujas estavam abandonadas na pia, ao lado de uma lata de lixo extremamente
cheia, que minha sócia obviamente não podia se preocupar em levar até a lixeira
localizada na parte de trás do prédio. Olhando para as embalagens, eu podia ver o que
ela tinha comido ontem, e anteontem...

― Vamos ter uma infestação de moscas mais uma vez ― disse suspirando, como se ela
estivesse ali para ouvir. O que não faria nenhuma diferença, na verdade. Mesmo quando
Dawn estava presente, normalmente ela procrastinava tempo o suficiente para eu fazer
toda a limpeza. E idiota que eu era, eu sempre fazia.

Pensei naquilo enquanto lavava as xícaras e amarrava o saco do lixo, que estava
começando a cheirar mal. Como sócia, a Dawn sabia o que fazia. Ela arrasava na
publicidade, algo em que eu nunca fui muito boa, e conhecia os meandros das mídias
sociais. Mas como pessoa para se trabalhar lado a lado...

O depósito anexo atrás do nosso espaço era muito maior do que o escritório, contendo
vários itens que fomos colecionando ao longo dos anos. Eu andava por ele agora, lixo na
mão, observando o que estava ou não ali.

Merda!

As coisas de Santiago ainda estavam todos ali. Dawn não tinha se encontrado com os
stagers. Eles não tinham levado nada.

Absolutamente furiosa, saí pela porta dos fundos, atravessei o estacionamento e taquei
o lixo o mais forte que pude na lixeira. O sol estava brutal. Embora tivéssemos acabado
de entrar em setembro, já parecia como em janeiro.

Peguei o telefone para ligar para minha sócia... mas tão rápido quanto o guardei
novamente. No melhor dos mundos eu apenas arranjaria mais trabalho para mim. No
pior, ela viria ao escritório para me encontrar e eu não queria ter que lidar com ela
agora.

Ao invés disso, liguei para os stagers, que me explicaram que estiveram esperando pela
Dawn e que tinham telefonado várias vezes, mas sem nenhum retorno. Após alguma
conversa e a promessa de comprar almoço para todos, eles concordaram em carregar o
caminhão durante a tarde. O que significava que eu teria que esperar no escritório um
pouco, ao invés de voltar, almoçar ao ar livre e caminhar pelo lago como eu gostaria.

― Sério, Dawn? ― suspirei no depósito silencioso. Pensei em gritar alto, era sábado e
ninguém no pequeno parque industrial iria me ouvir, mas ao invés de ser catártico, me
dei conta de que aquilo só me deixaria ainda mais nervosa.

De volta ao escritório, recuperei em minutos os arquivos e números de telefone de que


eu precisava em meu computador de trabalho. E então me sentei, esperando o
caminhão. Considerei fazer um café, enquanto descansava com as pernas sobre a mesa.
Mas estava quente demais e o sistema de ar condicionado sempre levava pelo menos
uma hora para começar a resfriar.
Meia hora depois eu estava andando pelo escritório quando observei duas pastas azuis
quase caindo da bagunça que era a mesa de Dawn. As etiquetas mostravam nomes que
eu não reconheci. Eu me sentia invadindo a privacidade alheia, mas ainda assim peguei
uma delas, folheando-a...

― O que...

Aquele era um projeto totalmente novo. Dois novos projetos, na verdade. Havia layouts
de design, esboços detalhados, até mesmo uma proposta de renovação para cada um.

Uau!

De repente me senti totalmente injusta. Passei a manhã chateada com minha sócia por
ser preguiçosa, quando ela não tinha sido preguiçosa de jeito algum. Eu é que tinha
estado fora, sem lidar com a minha parte. Dawn estivera aqui cuidando das coisas, pelo
menos de parte delas, enquanto eu estava fora.

Os projetos pareciam muito bons. Muito lucrativos e nós realmente estávamos


precisando. Certamente valia o esforço de lavar algumas xícaras e tirar o lixo.

― Bom trabalho, Dawn ― gritei, voltando para esperar pelo caminhão.

Caminhar pela antiga casa era excitante e histórico, mesmo sozinha. Mas à noite?

À noite a casa ganhava vida com sons e cheiros.

Eu tinha aprendido a apreciar os pequenos riscos das paredes, o chocalho das velhas
janelas de vidro duplo. Andar pelos corredores acarpetados tarde da noite era como ter
uma festa do pijama exótica. Como ser transportada de volta para o século XIX, quando
tudo era feito à mão com amor e atenção, e tudo construído para durar.

Eu simplesmente amava aquilo. Tudo... exceto por uma coisa: não tinha ar
condicionado.

Bem agora eu estava virando de um lado para o outro, tentando encontrar um ponto
fresco na cama. Eu tinha aberto e fechado as janelas três vezes. Bebido dois copos de
água gelada, mas ao invés de me refrescarem, eles apenas me fizeram ir e voltar várias
vezes do banheiro.

Só quando finalmente arranquei toda a roupa que vestia é que começou a resfriar.

Meu corpo estava dolorido. Passei a maior parte da tarde esperando pelo caminhão e
metade da noite ajudando-os. Como era final de semana, havia dois membros a menos
na equipe. Eles até me ligaram para tentar me fazer desistir, e a única forma de
convencê-los a ir foi prometer ajudar no trabalho.

Os rapazes não voltaram para casa a noite toda. Eu jantei, assisti um filme e adormeci
no sofá. Quando me arrastei escada acima, estava escuro como breu lá fora.

Ali, deitada nua, pensei novamente na minha situação. Kyle… Dakota… Ryan. Como
homens, suas personalidades eram tão diferentes quanto complexas. Cada um tinha as
suas características, mas até agora tudo o que eu tinha visto tinha sido cativante.

Fisicamente, no entanto, os três eram igualmente magníficos.


Pensei novamente sobre estar com eles. Sendo a namorada deles. Sendo aquela para
quem eles voltavam para casa, agarravam, levavam para cama...

Minhas pernas se abriram por conta própria, minha mão vagando pela minha barriga.
Se eu não conseguia dormir, podia talvez me ajudar a dormir. Tudo estava quente ao
toque. Tudo já tão, tão molhado...

Virei a cabeça enquanto deixava um dedo entrar por minha fenda. Lentamente fui
empurrando para dentro e para fora, sentindo seu comprimento, sua largura...

Passei um minuto ou dois em uma névoa preguiçosa, apenas lembrando como era sentir
Kyle ali. Imaginando quão grande e grosso Dakota poderia ser, e como seria a sensação
de ser esticada por ele.

E Ryan...

Ryan me intrigava mais do que tudo. Ele era tão estoico, tão duro por fora que eu não
conseguia imaginar como seria estar na cama com ele. Será que ele seria forte? Ele
seria duro comigo?

Suspirei, pensando em nosso encontro. A gente nem mesmo tinha se beijado! Apenas
quase. Quase...

O painel do alarme tocou, perto da minha cama.

Sentei rapidamente, fechando minhas coxas ao redor de minha mão. A tela mostrava
PORTA DA FRENTE.

Saltando da cama, de repente percebi que estava totalmente nua. Corri até o armário,
peguei um robe e o apertei ao redor do meu corpo, relutante.

Se os meninos estavam em casa, eu queria recebê-los. Talvez até fazer algo para eles
comerem. Provavelmente eles estariam exaustos do que quer que estivessem fazendo o
dia todo, mas pelo menos eu poderia...

Toc. Toc.

Abri a porta, pouco a princípio, mas depois inteiramente. Ambos estavam parados no
corredor, me encarando.

― Você está acordada ― disse Kyle, parecendo um pouco surpreso. Seu rosto estava
sério, enquanto a boca de Dakota continha o início de um sorriso.

― Não consegui dormir. ― disse concordando com a cabeça.

― Bom.

Ele deu um passo para dentro do quarto, seguido por Dakota. Suas expressões estavam
diferentes agora. Eles pareciam cansados, mas famintos. Ferozmente determinados...

― Eu estava apenas...

Antes que eu terminasse minha frase Kyle já estava me beijando, me puxando contra
seu corpo. A parte de cima de seus uniformes já tinham sito descartadas, revelando uma
regata branca por baixo. Eu podia ver o calor em suas peles. O suor...

Duas grandes mãos se ajustaram em minha cintura e Dakota começou a beijar meu
pescoço, por trás. Em segundos ele estava se empurrando contra mim. Esfregando suas
mãos para cima e para baixo pela curva de minha bunda.

Já podia sentir uma protuberância significativa pressionando contra a parte de baixo


das minhas costas...

Uau...
Kyle se afastou para puxar a camiseta por sobre sua cabeça. Em algum lugar atrás de
mim, Dakota estava fazendo o mesmo. Meu robe começou a cair e eu o deixei ir, ficando
completamente nua entre eles. Eu não saberia dizer se ele tinha caído por sobre meus
ombros ou se um deles o tinha puxado.

Uau...

O contato pele com pele era incrível, com ambos, na parte da frente e de trás. Aquilo
trazia um outro tipo de calor, um com o qual eu não me importava nem um pouco.

Quatro mãos percorriam meu corpo, duas bocas me beijando suavemente. Me beijando
em todos os lugares.

Uma mão escorregou por entre minhas pernas, me encontrando já molhada...

― Já passou da meia-noite, não passou? ― perguntei suavemente. ― Tem uma semana


que estou aqui.

O rosto de Kyle estava enterrado entre meus seios. Ele acenou e eu deixei escapar o
suspiro mais longo e gratificante de toda a minha vida.

― Graças a Deus...

Twenty-Three

DAKOTA

Nós a pegamos imediatamente e juntos, como sempre tínhamos planejado.

Esperar uma semana tinha sido pura tortura, mas prolongar a agonia só tinha
aumentado o meu desejo. Eu queria aquela mulher desde a primeira vez que colocara
meus olhos sobre ela. E eu a queria três vezes mais, poucos segundos depois, quando a
vi sorrir pela primeira vez.

Agora ela se contorcia nua entre nós, seu corpo todo macio, curvas femininas e pele
quente suave. Enterrei meu rosto em seu pescoço, sentindo o gosto do sal misturado
com o cheiro de sua pele e o perfume de seus cabelos.

Céus... Aquele cabelo...

Eu sempre fui apaixonado por cabelos longos e a grande cabeleira de Sammara era a
joia da coroa de todos eles. Passei a semana inteira pensando como seria aquele cabelo
preso entre as minhas mãos e os seus seios nus. Que sensações seriam emanadas para
meu cérebro quando ela me tomasse em sua boca, seus cachos dourados roçando
suavemente contra a pele da minha barriga.

Ela era nossa agora.


Nossa.

Puta merda.

Fazia muito tempo que eu não tinha a chance de dizer algo do tipo. Alguns bons anos
desde que Kyle e eu tínhamos dividido Erika. Nós dois tivemos namoradas depois
daquilo, mas em muitas conversas, tanto em casa quanto em missões, concordamos que
nada chegava nem perto de dividir as coisas como uma equipe.

Minha mão deslizava em torno da cintura de Sammara agora, meus dedos encontrando
o caminho ao longo do interior de uma coxa quente. Uma emoção forte tomou conta de
mim quando encontrei sua umidade. A abertura inchada de seu sexo era tão macia
quanto lisa, e ela deixou escapar um gemido suave enquanto eu aplicava uma leve
pressão ali, e seguia beijando seu ombro, pescoço, a lateral de seu rosto.

Sammara agarrou minha cabeça e se virou para me encontrar, beijando-me


profundamente enquanto Kyle explorava o vale glorioso entre seus fartos e belos seios.

― A cama ― murmurei entre seus lábios. Ela concordou afoita com a cabeça. ― Agora.

Já estava pré-determinado entre nós, de antemão, e eu tinha esperado a semana toda


por aquilo. Como eu ainda não tinha estado com ela... a teria primeiro.

Eu me senti quase roubando ela para longe da boca faminta de Kyle, a erguendo em
meus braços e a depositando gentilmente na cama. Sammara gemeu enquanto se
esticava nua diante de nós, seu cabelo se espalhando sobre o travesseiro como mil fios
dourados cintilantes.

― Dakota...

A maneira como ela sussurrou meu nome me deixou louco. Ela apontou para o meu
cinto E fez um movimento com dois dedos longos, mesmo quando deixei cair o resto das
minhas roupas no chão.

― Me faça sua.

Ela sorriu, abrindo mais as pernas. Se abrindo pra mim, total e completamente.

Subindo na cama, trilhei meu caminho entre suas pernas. Meu corpo era tão grande,
tão largo, comparado ao dela que tive que abrir ainda mais suas pernas para me
acomodar ali.

― Jesus... ― sussurrou ela e eu pude ver que ela olhava diretamente para o meu pau.
Ele estava totalmente ereto agora e duro a ponto de estourar. Sammara se inclinou para
ele quase em transe. Fechando a mão ao redor, ela começou a me masturbar
lentamente, sentindo todo o comprimento e a circunferência da minha ereção latejante
com as pontas dos dedos finos.

Kyle estava agora na cama também, ao seu lado, beijando e lambendo seu pescoço.
Traçando seu caminho de volta para os seios dela, que tinham os mamilos rosa mais
lindos que eu já visto. Eles estavam intumescidos e rígidos com uma excitação
desenfreada. Assim como seu rosto estava todo corado com o mesmo calor insaciável.

Sammara esfregou a cabeça do meu pau para cima e para baixo em sua fenda,
deixando-a lambuzada com sua excitação. Ela fez isso lentamente, seus olhos presos aos
meus. Batendo-o com força sobre seu clitóris e então o levando lentamente para baixo,
onde ela parou dolorosamente perto de sua abertura.

Sorri para ela, tentando prolongar o momento enquanto suas íris azul-cobalto estavam
pregadas nas minhas. Eu queria que aquele momento durasse para sempre. Mas eu
também queria empurrar e mergulhar dentro dela, sentir seu calor enquanto me
afundava em sua linda boceta rosa. Fazer meu cérebro derreter com as sensações
eufóricas de estar enterrado, até as bolas, em seu corpo quente e faminto.
― Vá em frente ― sussurrou ela, enquanto uma mão acariciava a nuca de Kyle. Ele
estava sobre seu peito agora, devorando seus seios. ― Dakota... ― ela sorriu, me
encarando por sobre ele. ― Por favor...

Eu empurrei e a cabeça do meu pau escorregou para dentro de sua fenda. Ela era
apertada. Tão incrivelmente apertada e triunfantemente molhada.

― Ahhhh...

Sammara rolou os quadris, me tomando um pouco mais. Estremeci de prazer,


observando como centímetro por centímetro eu desaparecia dentro dela. Era um
deslizamento lento e magnífico para o nada, uma jornada de calor e poder e pura
alegria delirante. Tive que me obrigar a parar quando finalmente a penetrei
inteiramente. Eu a estava empurrando com tanta força contra a cama que podia ouvir o
ar em seus pulmões.

― Calma cara ― riu Kyle. ― Você é grande.

Eu sorri de volta timidamente enquanto ambos riam. Kyle se inclinou para beijá-la,
lambê-la e tocá-la. E cuidadosamente eu fui saindo de dentro dela...

... antes de me afundar deliciosamente de novo.

― Caralho...

Era como estar em casa. Não tinha melhor maneira de descrever. O corpo de Sammara
parecia ter sido feito para me receber e eu tinha sido feito para me afundar em sua
carne quente e molhada.

Comecei os movimentos de vai e vem lentamente, saboreando o momento. Sentindo


como seu corpo reagia ao meu, o quão fundo eu podia ir até atingir certos limites. Eu
sabia que depois iríamos foder forte, nos pegando como animais em cada móvel e
cômodo da casa. Mas agora...

... agora eu queria ir devagar.

― Vem aqui ― gemeu ela.

Eu me inclinei para beijá-la, mas me dei conta de que ela estava falando com Kyle. Ele
estava nu agora, e ela o masturbava o tempo todo. Observei enquanto Sammara virava
seu rosto para o lado da cama, onde Kyle estava em plena atenção, acariciando seu
membro já duro.

Levantando-a facilmente, desloquei sua cabeça para mais perto do final do colchão... e
observei ela tomar todo o comprimento de meu amigo para dentro de sua linda boca.

Finalmente.

A sensação era de alívio. Como estar em casa, mais uma vez. Kyle e eu estávamos
fazendo algo que não fazíamos há muito, muito tempo. Estávamos conectados
novamente, desta vez pelo corpo retorcido dessa linda deusa.

― Mmmmmmm…

Sammara gemeu enquanto virava quase de cabeça para baixo na beira da cama. As
mãos de Kyle foram para os seios dela, segurando-os firmemente e rolando os mamilos
entre os dedos enquanto fodia sua boca. Eu podia ver sua garganta inchar no final de
cada golpe, cheia com seu longo pau duro. E do lado de cá? Eu podia sentir ela tentando
fechar as pernas ao meu redor. Levando-me tão profundamente dentro dela quanto
seria humanamente possível, enquanto eu enchia seu corpo na extremidade oposta.

Olhando para cima, vi que Kyle sorria. Eu teria sorrido de volta, se já não o estivesse
fazendo desde o momento em que começamos.
― Isso tá tão bom ― murmurei agarrando-a pelo quadril. Sammara respondeu gemendo
com o pau de Kyle na boca. ― Eu sinto como... como...

Eu não tinha palavras para descrever. Nada parecia capaz de descrever as sensações
que me assaltavam. Em vez disso, apertei seu quadril com mais força e me concentrei
em avançar, duro e o mais profundo possível. Estocada após estocada, gemido após
gemido, caímos de cabeça em nosso velho ritmo familiar.

Se Sammara tinha limites, nós não os encontramos. Ela estava gemendo alto, lambendo
e chupando forte para manter Kyle enterrado em sua garganta. Às vezes, ela era
forçada a tirá-lo da boca, para recuperar o ar, enquanto me observava entrando e
saindo de dentro dela. Sua expressão era principalmente luxúria... mas também
curiosidade. Como se estivesse fascinada pelo o que estava vendo, entre as pernas
estendidas.

Eu não conseguiria durar muito mais. Simplesmente não dava. Ela era tão linda, tão
quente dentro e fora. Além disso, seus gemidos estavam tornando quase impossível não
explodir dentro dela.

― Hora de trocar.

Kyle assentiu conscientemente enquanto se retirava da boca de Sammara. Ao invés de


trocar de posição na cama, nós simplesmente a giramos... e a viramos também.

― Eu... ― começou a dizer. Ela parecia confusa, até que Kyle agarrou seus quadris e a
empurrou com o rosto para baixo e a bunda para cima. ― Oh...

Meu pau estava na altura dos seus olhos. Eu o pressionei para a frente, contra seus
lábios e ela sorriu e piscou antes de engoli-lo.

Puta merda...

O interior da boca de Sammara era uma luva de seda quente que quase me fez gozar
imediatamente. Para evitar isso, segurei seu rosto em minhas mãos, guiando sua cabeça
lentamente para cima e para baixo em todo o comprimento do meu pau, mesmo
enquanto sua língua flutuava lentamente em torno dele. A sensação era incrível. Mais
do que incrível. A língua de Sammara estava girando, girando em torno de mim.
Deslizando molhada ao longo da parte inferior sensível, enviando arrepios de prazer
intensos para cima e para baixo por minha virilha e pernas.

Fiz questão de observar seu rosto enquanto Kyle deslizava dentro dela. Vi o brilho dos
olhos dela quando eles se abriram. O inchaço de suas bochechas se desfazendo
momentaneamente enquanto ela puxava uma respiração rápida e involuntária. As mãos
de Kyle se estabeleceram sobre sua bunda e ele começou a fodê-la de quatro. Depois de
um tempo, ela começou a rebolar contra ele, pressionando-o mais fundo...

E foi aí que ele começou a realmente estocá-la com força.

Casa.

Sim, era exatamente isso. Era como antigamente, mas ao invés de Erika e todos os seus
truques maravilhosas, estávamos dentro do corpo de uma mulher diferente. Uma
mulher nem um pouco menos linda ou desejável.

E feita sob medida para ser compartilhada por nós...

Twenty-Four
SAMMARA

Aquilo não tinha sido nem um pouco como eu pensara, como tinha imaginado milhares
de vezes em minha mente.

Tinha sido melhor.

A sensação de completude, de estar sendo esticada e penetrada por dois homens ao


invés de um... era algo para o qual eu não estava mentalmente preparada. Mesmo que,
fisicamente, meu corpo tenha respondido da mais bela forma.

Isso é o que você queria...

A voz barulhenta em minha cabeça estava certa, aquilo era o que eu queria. Mais do
que eu poderia imaginar. Sempre achei que estar com dois caras ao mesmo tempo seria
sobre minha conexão física com cada um deles, simultaneamente. Mas eu tinha
subestimado completamente a conexão emocional entre nós três, enquanto finalmente
conectados nos níveis máximos.

O pau de Dakota era grosso e bonito. Ele me preencheu por dentro... esticando-me até
novos limites impressionantes. Ele tinha me aberto sob a incrível força do seu peso e
poder, conduzindo tão dolorosamente profundo dentro do meu corpo que senti que iria
explodir com o delírio da minha própria gratificação.

E então ele saiu... e Kyle assumiu seu lugar dentro de mim.

Aquilo fora surreal; ser girada na cama, trocada como um bem valioso. Minha boceta
estava mais quente do que alguma vez tinha estado, tão molhada que eu podia sentir
escorrendo por minhas coxas. Mas eu era deles. Deles para ser tomada, compartilhada.
Deles para ser possuída, cada parte do meu corpo.

E tudo o que eu tinha, eu queria que eles tomassem... juntos.

Lentamente eu me movia para frente e para trás entre eles, saboreando a deliciosa e
depravada sensação do meu corpo sendo usado em ambas as extremidades. Era tão
gostosa a sensação de ter Kyle atrás de mim que eu queria gritar. Exceto que eu não
podia, por ter que focar constantemente em manter minha boca ao redor da
circunferência considerável do pau de Dakota.

Merda, isso é que é trabalho!

E era, de verdade. E aquilo me surpreendeu. Sempre achei que poderia deitar ali e
deixar os meus dois amantes assumirem o controle, fazendo o que quisessem. E em
certo sentido, acho que eu poderia. Mas eu queria tornar aquilo realmente especial para
eles. Oferecer algo tão bom quanto eu estava recebendo...

Tirando Dakota de minha boca, o encarei bravamente. Seus olhos estavam vidrados e
cheios de luxúria. Ele estava me observando masturbá-lo mas, ao mesmo tempo, vendo
o amigo me estocando por trás. Eu podia afirmar que aquilo era atraente para ele
visualmente. Ao dividir a ex-namorada de Kyle, Erika, ele tinha aprendido o que gostava,
o que amava, o que o excitava...
Comecei a realmente caprichar nele, de uma forma bem luxuriosa, em uma tentativa de
ganhar novamente sua atenção. Com minha língua plana e molhada, percorri todo o seu
comprimento algumas vezes. Repeti o movimento até ele se voltar para mim, enfiando
uma mão gigante em meus cabelos.

Ele me guiou até suas bolas. E então de volta até o ponto logo sob a glande. Eu o
provoquei ali usando apenas a ponta de minha língua. Segurando firme em sua base
enquanto circulava o lado inferior de sua cabeça até tê-lo se balançando nas pontas dos
pés, em êxtase.

― Eu preciso fodê-la novamente ― rosnou ele, fechando as mãos em punhos. Eu senti


meu couro cabeludo sendo puxado. A dor era deliciosa.

Kyle deu um tapa em minha bunda, forte e eu dei um pulo quando seu membro deixou
minha boceta. E então Dakota estava dentro de mim novamente, me reposicionando
com sua força titânica, parecendo não fazer nenhum esforço. Eu relaxei e me entreguei,
meu corpo se movendo obedientemente, pronto para se adaptar a qualquer coisa que
ele quisesse.

Desta vez ele me empurrou mais contra a cama, jogando uma de minhas pernas sobre o
ombro para que ele pudesse ir mais fundo dentro de mim. Cruzando uma grande coxa
sobre a minha, parecia que ele estava literalmente me empalando em vez de me
fodendo.

― Ai caralho...

Eu me virei para Kyle. Ele estava acima de mim agora, segurando minha cabeça em seu
colo. Docemente, ele afastou meu cabelo e então se inclinou para me beijar.

― Eu... eu quero...

As palavras morreram em minha boca. Eu estava sendo fodida literalmente até a morte.

― Eu quero vocês dois...

Kyle beijou meu rosto, meus lábios, minha língua. Sua boca tomou a minha até que
estávamos gemendo os mesmos gemidos, respirando a mesma respiração.

― E você terá ― ele me garantiu. ― De novo e de novo. Sempre que nos quiser. Como
quiser...

Puxei o ar com força diante de uma estocada particularmente profunda. Com uma mão
eu acariciava o rosto de Kyle enquanto com a outra apertava o peito de Dakota,
tentando evitar que ele me destruísse. Sempre que seus golpes ficavam muito
profundos, eu cravava as pontas das minhas unhas em sua pele.

E para minha surpresa ele parecia gostar disso.

De repente, ele se virou me puxando para cima de si, tudo isso sem sair de dentro de
mim. O movimento foi rápido e impressionante. E acabou comigo montando nele,
cavalgando, subindo e descendo em seu pau no meu próprio ritmo.

Dakota sorriu e entrelaçou as mãos dele com as minhas.

― Goza pra mim ― ordenou ele. E então, com um sorriso mais inocente ― Quero ver
seu rosto enquanto você goza.

Eu acenei. Gozar era algo que eu definitivamente sabia como fazer. E eu estava perto,
muito perto, já a algum tempo.

Quatro namorados...

A minha mente não conseguia entender o número. Eu mal estava conseguindo lidar com
dois.
Quatro homens tomando você assim. Sozinha. Juntos...

Fechei os olhos com força para focar no tsunami de prazer que estava chegando. Eu
podia sentir ele chegando em ondas. Logo atrás do calor crescente em minha barriga.

Todos eles... ao mesmo tempo.

Deus, eu não podia nem mesmo imaginar aquilo! Todos os quatro? O que eu...

― AAAAHHHHHHH!

O suor escorria pelo meu corpo enquanto eu gozava no pau de Dakota em um clímax
trêmulo e violento. Em algum momento durante meu orgasmo suas mãos encontraram
meus seios. Eles os apertou forte, com a pressão certa, mesmo quando Kyle se levantou
para me segurar firmemente contra seu corpo.

― Meu DEEEEEUS!

Comecei a xingar e a gritar. Gritando e deixando tudo ir, tudo de uma vez só. Tinha sido
uma semana de frustrações reprimidas, tirando o momento de diversão que eu tinha
tido com Kyle. Mas estava tão bom. Tão incrivelmente transformador que quase esqueci
onde eu estava.

Quando acabou, voltei lentamente a mim e percebi que estava deitada novamente.
Dakota tinha minhas pernas tão abertas que eu duvidava que elas voltariam ao normal.
O pau de Kyle era um tubo quente, na direção do meu rosto.

― Onde?

Eu não podia afirmar para quem ele tinha perguntado aquilo. Não que importasse.

― Em qualquer lugar ― ofeguei, olhando para eles como em um sonho. Eu sentia como
se estivesse alternando entre consciência e inconsciência. ― Onde quer que vocês
queiram...

Repentinamente Dakota saiu de dentro de mim, me deixando com a sensação de


inchaço e vazio. Ele esfregou seu pau algumas vezes antes de jogar a cabeça pra trás,
rosnando...

Eu soltei um suspiro contente enquanto sentia o respingo quente sobre minha pele. O
rosto de Dakota contorceu-se em êxtase quando ele gozou em cima de mim, cobrindo
meus peitos, minha barriga, até meu pescoço e queixo com jato após jato de seu leite
quente e pegajosa.

Eu podia ouvi-los respirando rápido e de modo pesado. Quando olhei para cima, me
deparei com dois homens lindos, pairando sobre mim. Dois paus enormes. Duas mãos
fortes se movendo, acariciando...

Eu me sentia poderosa. Como uma rainha, uma deusa.

― Abra a boca, baby...

Obedeci imediatamente, ansiosa por agradar.

― Isso. Coloca a língua pra fora.

Logo em seguida senti Kyle pressionando meus lábios, derramando seu gozo quente no
fundo da minha garganta. Deixei a maior parte escorrer pelo meu queixo, minhas
bochechas, em qualquer lugar e em todos os lugares, sem levar em conta a minha
aparência. Eu me sentia safada. Suja. Totalmente usada, mas bem cuidada também.

Meu Deus, Sammara!

Quando olhei para cima novamente, Kyle estava me encarando, espalhando seu gozo
por todo o meu corpo com a cabeça de seu pau. Eu ainda estava coberta com a porra
grossa de Dakota. Me contorci na cama com um sorriso sacana, como se tivesse fome de
mais... o que é claro eu tinha.

Ambos caíram ao meu lado, cobertos de suor como duas estrelas de filme pornô sob as
luzes fortes de um set de filmagem. Apenas que não estávamos em um set de filmagens.
Aquele era o meu quarto e os dois eram meus namorados e aquele era apenas o início
do que estava por vir. Porque sim, essa fantasia de longa data, que eu estava
emocionada por ter finalmente realizado, logo seria apenas mais uma noite na minha
vida sexual. Só mais uma noite sendo dividida e passada de um para o outro... E isso
nem mesmo considerando os outros dois caras que eu estava namorando também.

Eu estava lá, arfando, suando, olhando para o teto e imaginando o que eu tinha feito
para merecer tudo aquilo, quando Kyle se apoiou em um cotovelo e sorriu.

― E aí, devemos contar para ela?

Dakota sorriu de volta do outro lado do meu corpo. Seu corpo estava ainda mais suado
do que o meu. Todo o quarto cheirava a sexo e feromônios. Um cheiro de suor, sexo e
gozo.

― Me contar o que?

― Dakota tem um ar condicionado em seu quarto.

Dei um pulo, me sentando na cama. Era como ganhar na loteria.

― VOCÊ SÓ PODE ESTAR BRINCANDO!

Kyle riu tanto que quase caiu da cama. Só não caiu porque joguei minha perna sobre
ele, para segurá-lo.

― Quanto tempo até...

― Nós o ligamos antes de vir para cá ― sorriu Dakota. ― Então ele deve estar como
uma caixa de gelo neste momento.

Os três deixaram a cama ao mesmo tempo, correndo para ver quem alcançava a porta e
o corredor primeiro. Eu ganhei.

Mas a verdade é que eu já tinha ganho.

Twenty-Five

SAMMARA

O resto da semana foi um borrão repleto de sexo.


Com a barragem finalmente estourada, ou as proverbiais comportas abertas, o céu era o
limite para nós. Virtualmente tudo poderia acontecer… e tudo certamente aconteceu.
Kyle e Dakota me tiveram juntos e separados, quando e onde sentissem vontade. No
alvorecer da nossa excitante nova relação, nós nos pegávamos tantas vezes como
qualquer novo casal na fase da lua-de-mel... Só que eu estava tendo tudo isso em dobro.

Era absolutamente incrível, além de qualquer palavra.

A onda de calor do final do verão continuava, tornando tudo ainda mais pegajoso e
vulgar. Durante o dia eu trabalhava com os empreiteiros e subempreiteiros, enquanto os
rapazes passavam o dia na base. Mas a noite?

As noites pertenciam apenas a nós.

Tive meu primeiro momento sozinha com Dakota e a paixão e a intensidade entre nós
parecia fora do normal. Ele tinha um jeito de ser dominante e ao mesmo tempo gentil,
forte e assertivo, mas com uma certa leveza. Ríamos tanto quando fazíamos sexo e olha
que o sexo era frequente. Especialmente porque ele começou a voltar para casa uma ou
duas horas antes de Kyle, só para me foder na mesa da cozinha ou sobre o braço do
sofá.

Por outro lado, Kyle gostava de me acordar com sexo. Mais de uma vez eu acordei com
minhas pernas sendo abertas, e meu soldado sexy trilhando seu caminho entre elas. Eu
estava sempre pronta. Constantemente molhada. Ele deslizava para dentro de mim e me
fodia de modo lento, quase que preguiçosamente, beijando meu pescoço e meu ombro.
Tudo, enquanto se afundava profundamente dentro de mim, e girava os quadris em um
lindo movimento circular que me deixava absolutamente enlouquecida. Aquele
movimento era sua marca registrada e ele seguia assim até grunhir como um animal e
gozar dentro de mim.

Mas, ter os dois ao mesmo tempo era de longe o meu favorito. E era o mais comum de
acontecer. Aprendi o que realmente significava ser uma namorada compartilhada, e tive
uma ideia do quanto meus dois novos namorados eram verdadeiramente próximos. Eles
amavam me penetrar juntos só para me trocar de um para o outro enquanto um deles
descansava. Eles também se revezavam para me fazer gozar, um sempre me beijando
profundamente enquanto o outro me fodia rumo a um orgasmo de abalar as estruturas.
E isso acontecia na cama, no sofá, no chão da sala. Em um determinado momento
chegamos a transar na mesa de sinuca. Não foi exatamente a coisa mais confortável do
mundo, mas quando mencionei que aquela era uma fantasia boba minha, eles riram e a
tornaram realidade imediatamente.

Os dois eram tão preparados fisicamente, tão grandes e radicalmente diferentes dos
outros homens com quem namorei, que demorou um pouco para me acostumar com
eles. Mas quanto mais eles me tinham? Mais excitada eu ficava. E quanto mais
praticávamos, mais aprendíamos quais posições eram meramente confortáveis... e quais
faziam eu me sentir tão deliciosamente esmagada sob o peso deles que eu não
conseguia não atingir o clímax instantaneamente em torno de suas grossas e latejantes
ereções.

A semana toda nós dormimos no chão do quarto de Dakota, espalhados entre vários
travesseiros e cobertores. O resto da casa estava um forno, mas a pequena unidade de
ar condicionado montada na janela, mantida ligado vinte e quatro horas por dia, sete
dias na semana, funcionava bem e nos mantinha abençoadamente frescos. Ali nós rimos,
dormimos e conversamos até de madrugada. E claro, transamos muito também. Tudo
aquilo, sonhando com o ar condicionado central, enquanto adormecíamos nos braços
um do outro.

De alguma maneira, tudo aquilo era um despertar sexual para mim, mas ao mesmo
tempo era o resultado de frustrações reprimidas do lado deles também. Nem Kyle nem
Dakota tinham namorado ninguém há algum tempo e tirando alguns encontros
aleatórios eles estavam tão ansiosos para voltar à ativa quanto eu estava.
Quando chegou o dia de Ryan voltar para casa eu me senti um pouco culpada. Não
como se eu o tivesse traído, mas culpada por ele não ter podido ser parte da nossa
experiência durante toda a semana. Tínhamos nos unido: Kyle, Dakota e eu. Física,
emocional, e socialmente, tínhamos realmente nos fundido.

Mas Ryan e eu não.

Era sexta à noite quando a temperatura finalmente amenizou. Eu estava acordada em


meu quarto quando a porta da frente abriu. Ouvi as vozes de Dakota e Kyle, e depois um
monte de conversa e tapinhas nas costas.

Desci a escada sorrindo feliz, ansiosa para vê-lo. Mas parei na metade do caminho
quando ouvi as vozes ficarem repentinamente baixas.

― E aí, como foi? ― ouvi Kyle perguntar. Ele falava em um tom confidencial, algo que eu
nunca tinha visto ele fazer antes.

― Não tão bom como deveria.

― O que aconteceu? O que Briggs disse?

― Ele me disse para deixá-lo sozinho ― ouvi Ryan responder. ― Ele disse que todos nós
devíamos recuar um pouco e deixá-lo...

Ele parou... e eu me dei conta de que provavelmente ele tinha visto meus tornozelos.

Merda.

Havia uma grande chance de ele poder me ver parada ali, na escada.

― Oi! ― gritei, voltando a descer os degraus. Tentando não deixar transparecer que eu
estava bisbilhotando, corri direto para os braços de Ryan, o abraçando. ― Bem-vindo de
volta!

Ryan me abraçou de volta e me deu um sorriso forçado. Sua pele estava muito mais
bronzeada do que da última vez que eu o tinha visto. Sua barba parecia não ser cortada
há uma semana.

― Como foi a viagem?

― Eu te conto depois ― disse. ― Depois que eu tiver me instalado novamente.

― Claro.

― Ele quer dizer depois que tivermos embebedado ele ― riu Dakota. Batendo com o
cotovelo no amigo. ― Não é isso?

― Se vocês ainda tiverem deixado sobrar algum álcool nesta casa ― brincou Ryan ―,
então talvez sim.

Ao olhar para ele, senti novamente aquelas borboletas no estômago, aquele mesmo
calor que eu sentira em sua moto, com minhas pernas apertadas ao redor dele. Ele era
atraente de uma maneira que apelava para o meu senso de rebeldia. Sexy de um jeito
"bad boy" que faltava tanto a Kyle quanto a Dakota.

― Vocês três se divirtam ― disse. ― Eu tenho algum trabalho para fazer, então talvez eu
me junte a vocês mais tarde.

Dakota pareceu desapontado, mas Kyle acenou em concordância, como se ele soubesse.
Já o olhar de Ryan permaneceu inalterado, embora houvesse algo em sua expressão que
eu não podia decifrar exatamente.

Pensei em tudo aquilo enquanto subia novamente a escada, deixando os rapazes para
trás. Eles precisavam conversar e, obviamente, sobre algo que eu não podia estar em
torno para ouvir. Eu estava curiosa, mas tinha que respeitar.

Mas o que é que eles estavam falando sobre Briggs?

Me incomodava não saber. Me incomodava que eu soubesse ainda menos sobre Briggs
agora do que quando tudo começou. Ao mesmo tempo eu conhecia Kyle e Dakota muito
mais intimamente. E de certa forma, estava ansiosa por conhecer Ryan também.

Calma, Sammara. Não é uma corrida.

Aquele era um dos meus defeitos, ir muito rápido nas coisas. Minha curiosidade era
outro.

Eu ainda estava em meu quarto algumas horas depois quando olhei para cima e quase
caí da cama. Ryan estava parado silenciosamente na porta, me encarando com aqueles
olhos castanhos penetrantes.

― PUTA MERDA! ― gritei, levando as mãos ao peito. Eu podia sentir meu coração
batendo acelerado. ― Você me assustou!

― Desculpa ― disse, rindo brevemente. ― Acho que estou acostumado a me mover


silenciosamente.

― Coisa do exército? ― sorri.

― Coisa do exército.

Bati ao meu lado na cama, convidando. Mas ele apenas negou com a cabeça.

― Estou indo pra cama ― disse ele. ― Foi mal, mas estou completamente exausto.

― Ah. Tudo bem.

― Só quis dar uma parada antes de ir para o meu quarto. ― Ele parou, antes de limpar
a garganta. ― Parece que temos algumas coisas para fazer.

Eu olhei para o chão e concordei, tentando não corar.

― Sim. Nós temos.

― Desculpa por eu não ter estado por perto ― disse ele. ― Não foi porquê...

― Pode parar ― interrompi. ― Você não tem porque pedir desculpa.

Ele acenou.

― Okay.

― Vocês terem que se afastar faz parte do acordo. Nem sempre saber onde vocês estão
ou quando vão voltar... ― dei de ombros, displicentemente. ― Eu tive que entender isso.
E entendo.

― Isso é bom.

― Claro que é bom ― sorri. ― Vocês tiveram muita sorte.

Ainda estoico, a boca de Ryan se abriu em um meio sorriso.

― Amanhã. Eu e você. De novo.

― Segunda tentativa?

― Sim.

― É um encontro.
― Definitivamente é um encontro ― disse ele, fechando a porta.

Ele me deixou sentada em silêncio, me perguntando como tudo aquilo iria se fundir.
Tudo parecia estar indo suavemente. Mas quando o assunto era dividir, Kyle e Dakota já
eram experientes. Eu não tinha ideia de como o conceito de Ryan sobre a nossa relação
se encaixava no grande esquema das coisas... ou como se relacionava com os outros
dois.

Droga, a gente nem mesmo tinha se beijado ainda!

Twenty-Six

SAMMARA

― Sem chances de eu conseguir salvar isso ― disse o homem. ― Tudo isso precisa vir
abaixo.

O subempreiteiro estava apontando para o trabalho de acabamento externo, tanto do


primeiro quanto do segundo andares. A grande casa ostentava frontões em estilo
Saragota. Mísulas em estilo Charleston e pilastras de ordem coríntia, as mais lindas que
eu já tinha visto em toda uma vida. E que veria em quantas eu vivesse.

Tudo ali era tão detalhado quanto insubstituível. E tudo precisava de restauração e
reparo.

Mas o cara insistia em me dizer o contrário.

― Já se espalhou demais ― continuou ele. ― Está apodrecendo de dentro para fora.

― Trevor, certo?

Ele acenou, sem me encarar. Ele era competente, eu não diria o contrário. Mas ele não
tinha o interesse que eu precisava ver nele.

― Ouça, Trevor, essas são obra esculpidas à mão há mais de dois séculos. Não existe a
menor chance de nós simplesmente as colocarmos abaixo.

― E não existe a menor chance de elas serem reparadas também ― disse ele dando de
ombros.

― É mesmo? ― desafiei. ― Tenho o orçamento de outros dois subempreiteiros que me


dizem o contrário.

― Duvido! ― bufou. ― Eles vão apenas pintar e não restaurar. Vai parecer melhor por
um tempo, mas não vai durar.

Eu parei, considerando o que ele tinha acabado de me falar. Eu não estava pronta para
desistir ainda, mas os outros orçamentos eram um pouco bons demais para ser verdade.
― Quero dizer, talvez eu possa salvar as rosetas ― considerou ele. ― Mas isso é tudo
que...

― E se você remover tudo ― interrompi ― e eu mesma fizer a restauração?

Diante de minha fala ele riu, mas não uma risada boa.

― Ouça, querida, esse não é o tipo de coisa que você pode simplesmente...

― Madsen ― interrompi, seca. ― Senhorita Madsen. Querida, está fora de cogitação.

― Desculpa.

― Tudo bem. Continue.

― Eu estava dizendo que um trabalho de restauração nesse tipo de acabamento? Pode


esquecer isso. Você gastaria tanto dinheiro que provavelmente poderia comprar uma
casa nova!

Suspirei, pensando na quantidade de trabalho que aquilo daria. Quem além de mim eu
poderia conseguir para aquele trabalho. Quando tempo levaria...

Pelo menos eu não tinha que me preocupar com o custo. O cartão de crédito black que
eu tinha recebido para pagar por tudo não tinha limites. E Kyle tinha deixado claro
como cristal que eu não precisava me preocupar com o custo de nada, fosse o que fosse.

― Tá vendo aquele vão cego? ― apontei. ― Não chega nem perto de...

― Aqui ― disse o homem. ― Vem até aqui e veja o que estou falando.

Ele se inclinou na minha direção e eu instintivamente pulei para trás. Mas o segui até a
parte de trás da casa.

― Está vendo ali? ― perguntou apontando com uma mão por sobre meu ombro. ―
Aqueles nem são originais. Alguém os adicionou. Então, se você está querendo apenas
recriar a aparência das instalações originais, eu conheço este grande fabricante que
poderia ajudar.

Ele sorriu e não era um sorriso bom.

― Eu... eu não sei ― disse por fim. ― Eu meio que estava esperando...

― Todos nós esperamos por algo ― ele sorriu, baixando os olhos. ― Mas infelizmente,
nem tudo se encaixa no final.

― Ele baixou o braço e sua mão deslizou direto em minha bunda antes dele dar um
apertão.

― Entende o que eu quero dizer? ― sorriu.

Filho da puta!

Eu me afastei rapidamente, pronta para lhe dar um tapa. Cheguei a levantar o braço.

― Não ― ele disse abruptamente, com os olhos arregalados. ― Espera, eu...

De repente, houve um borrão de movimento, e ouvi o homem gritar. Alguém tinha se


metido entre nós. Alguém que agarrou o braço do homem, o puxou para trás, e o
apertou com tanta força que o homem gritou.

― AHHHH!

Eu não podia acreditar. Era Ryan.

CRACK
O subempreiteiro gritou de dor enquanto Ryan puxava seu braço para cima e para trás.
Houve um estalo de ossos se partindo, e então Ryan estava empurrando o homem para
a grama.

― Aaiiii!

Ele rolou de lado antes de finalmente parar. De joelhos, o homem olhou miseravelmente
para cima, segurando o braço com dor.

― Seu FILHO DA PUTA! ― gritou ele. ― Eu... você quebrou meu...

― CALA A BOCA!

As palavras foram altas e em tom de comando, não deixando espaço para discussão. Tão
alto na verdade, que o empreiteiro chefe, Edward, começou a caminhar em nossa
direção.

Ryan encarou o homem na grama por um momento, quase que o desafiando a se


levantar. Quando ele não fez, Ryan se voltou para mim.

― Sammara, entre em casa

Eu hesitei. Uma parte minha queria obedecer imediatamente. Mas a outra parte...

― Espera... ― eu estava totalmente perdida. Na verdade, eu não tinha ideia do que


dizer. ― Eu estava... quero dizer, ele estava...

― Eu disse, entre em casa ― Ryan repetiu, dessa vez entredentes. E então adicionou: ―
Por favor.

Seus olhos estavam duros. Seu olhar fixo. Edward estava quase perto de nós agora e eu
me sentia inexplicavelmente humilhada.

Mecanicamente, me virei e saí.

Só quando entrei em casa me dei conta de que estava tremendo. Depois de recuperar
meu fôlego, corri para a cozinha e abri a torneira, jogando água fria pelo meu rosto e
pescoço. E então permaneci ali, me acalmando.

Aquilo tinha realmente acontecido?

Esfreguei a mão nervosamente e lavei meu rosto uma segunda vez.

― Você está bem?

Eu me virei e ali estava Ryan, parado na porta. Ele parecia completamente calmo e
tranquilo.

― Você quebrou o pulso dele! ― gritei. ― Eu ouvi o estalo.

― E?

― Você não pode simplesmente fazer isso! Isso... isso não é certo!

Ryan permaneceu impassivo. Nenhuma expressão.

― Aquele homem te tocou.

― E?

― E? ― repetiu ele. ― E? NENHUM homem deve tocar você, Sammara. Nunca. A


menos que você permita. ― Ele olhou para mim severamente. ― Em que momento da
sua vida você achou que isso poderia ser algo normal?
Ele tinha um ponto, mas não um bom ponto. Não um ponto válido, na verdade.

― Tudo bem, certo ― disse respirando fundo. ― Mas ainda assim... você não tinha que
quebrar seu...

― Não? ― disparou, de modo seco. ― E o que eu deveria ter feito? Dado a ele uma
advertência? ― Ele sacudiu a cabeça e apontou. ― Não, agora ele aprendeu uma lição.
Da próxima vez ele vai pensar duas vezes antes de apalpar alguém. O pulso dele vai
sarar. Mas ao fazer isso, eu evitei que outra pobre garota seja apalpada no futuro.

Ouvi vozes do lado de fora. Seguido pelo som de ferramentas sendo juntadas às pressas.
Em algum lugar eu pude ouvir o som de caminhões sendo ligados.

― Eu vi que Edward estava se aproximando para ver o que estava acontecendo ― disse.
― O que você disse a ele?

― Eu o demiti.

Meus olhos se arregalaram o máximo do humanamente possível.

― Você fez O QUE?

― Cadeia de comando ― respondeu ele, simplesmente. ― Você é sempre responsável


por aqueles sob o seu comando. Aquele cara contratou alguém que assedia mulheres.
Portanto, o julgamento dele não pode ser confiado.

Eu estava em pânico.

― Mas... ele é o melhor empreiteiro que temos!

― Você vai encontrar outro.

O pânico me deixou todo de uma vez. A raiva tomando seu lugar.

― Quem você pensa que é? ― perguntei. ― Este é o meu projeto. ― Essa decisão
deveria ser minha!

Ryan me encarou como se três cabeças tivessem emergido de repente em meu pescoço.
Obviamente ele não conseguia entender.

― Aquele cara estava fazendo um bom trabalho e agora ele se foi ― disse. ― Além
disso, ele já tem a maior parte do nosso depósito e...

― Ah, ele vai devolver qualquer dinheiro não utilizado.

Eu parei de falar e então ri involuntariamente.

― Você não tem experiência com empreiteiros, né? Não é assim que as coisas costumam
funcionar.

― Mas é assim que funciona aqui ― disse Ryan, olhando ameaçadoramente pela janela.
Uma nuvem de poeira subiu quando o último caminhão saiu da nossa garagem. ―
Confie em mim.

Eu estava morrendo de ódio. Eu o vi agir com violência, e então me mandar de volta


para casa como uma garotinha enquanto ele despedia o melhor empreiteiro que
poderíamos ter. E tudo isso porque um cara qualquer apertou minha bunda.

Ele estava apenas protegendo você.

― Porra nenhuma.

Eu estava falando mais com a voz na minha cabeça do que com Ryan. Mas não foi o que
pareceu.
― Olha ― disse ele ― eu sei que não era o que você queria. Mas era o que tinha que
acontecer. ― Ele parou, meio sem jeito. ― E sinto muito se isso arruinar nosso encontro
mais tarde, mas...

― Encontro? ― perguntei com desdém. ― Eu não pretendo ir a lugar algum com você!

Passei por ele rapidamente e continuei em frente, principalmente porque eu estava


prestes a começar a chorar. Eu nem mesmo sabia porque, tudo o que eu sabia é que as
lágrimas estavam prestes a explodirem e eu não seria capaz de fazer nada para impedir.

Twenty-Seven

SAMMARA

Eu estava dirigindo mais rápido do que deveria, provavelmente porque estava indo a um
lugar que eu não queria ir. E ainda assim, eu tinha que ir ao escritório. Me certificar de
que tudo estava em ordem, principalmente porque eu voltaria para lá na segunda-feira.

Suspirei, apertando o volante com ainda mais força. Que merda tinha acontecido com a
minha vida? Há uma semana eu estava tranquilamente solteira e ontem eu estava feliz
sendo compartilhada por dois homens lindos.

E agora? Agora eu me sentia um nada completo. Como se eu tivesse estragado tudo com
todo mundo, e tudo por causa de um julgamento precipitado.

Talvez.

Por um lado as ações de Ryan tinham sido extremamente duras. Ele tinha agido em uma
situação que cabia a mim agir e sem pensar nos meus sentimentos. Eu estava com raiva
por ele ter tomado decisões que não cabiam a ele. Por ele ter agido com insensibilidade
e um completo desrespeito pelo que eu estava tentando realizar, mesmo quando eu
tinha seus próprios interesses em mente.

Mas por outro lado? Eu também me dei conta de que ele estava apenas cuidando de
mim. Ryan estava me protegendo. Me defendendo de um cara bizarro e atrevido...

Como qualquer namorado faria.

Tá vendo? Você é uma filha da puta, Sammara.

O julgamento interno era duro, mas eu tinha que admitir que era definitivamente
correto. Eu tinha sido tão, mas tão dura com ele em um momento em que estávamos
potencialmente ficando próximos.

Ele só estava tentando cuidar de você.

Além disso, Ryan Dunham era um soldado. Ele tinha sido treinado para lutar, ferir,
matar. E tudo o que ele fez foi quebrar o pulso do cara. O pulso daquele pervertido...
que tentara me tocar.

Ele não apenas tentou, Sammara. Ele tocou você.

No final, supus que o subempreiteiro merecera aquilo, especialmente considerando que


eu já tinha escapado do seu alcance. Definitivamente eu não tinha sido a primeira a ser
assediada por ele. Mas graças ao Ryan, talvez eu fosse a última.

E foi isso que ele disse, não foi?

Quanto mais eu me afastava da casa, mais eu me dava conta de que ele tinha estado
certo. Talvez nem sempre a violência seja a resposta, mas provavelmente eu poderia
aceitar uma justiça um pouco mais dura de vez em quando como uma medida
preventiva.

Estava escuro quando entrei no escritório. Assim que acendi as luzes, me dei conta de
que o local estava ainda mais bagunçado do que da última vez. As pastas não estavam
mais na mesa de Dawn, ou talvez estivessem escondidas em meio a tanta papelada
nova. O lixo estava lotado novamente e eu podia sentir o cheiro de comida velha no ar.

Mas dessa vez eu não me importava. Fiz algumas ligações, fiz o que precisava fazer e
movi outros três layouts de minha pasta para o pen-drive.

TUM!

Eu praticamente gritei enquanto saltava para longe do meu teclado em choque e


surpresa. Um arrepio gelado percorreu todo o meu corpo.

O som vinha da direção da porta do depósito.

Estava tarde. Escuro. Era final de semana. Não deveria haver ninguém ali. Ninguém
poderia...

TUM! TUM! TUM!

Meu coração estava acelerado. Tinha alguém lá atrás. Mas as luzes do depósito estavam
apagadas. Eu não podia ver nada além de uma total escuridão pelo pequeno vão por sob
a porta.

Saia!

Meu instinto me dizia para ir embora. Para sair pela entrada dianteira sem nem mesmo
travar o alarme, para não fazer nenhum barulho no painel traseiro. Mas todas as nossas
coisas estavam ali atrás! Tudo que eu e Dawn tínhamos juntado ao longo dos anos.
Incluindo a antiga arca para enxoval que meu pai tinha comprado para mim, a única
peça que de alguma forma tinha me acompanhado depois do acidente e da venda da
casa e...

TUM!

A raiva me atingiu novamente, mas dessa vez eu me permiti senti-la. Andei em direção
ao depósito, abri a porta e gritei, tudo ao mesmo tempo. Tateando no escuro, acendi a
luz e ali estava! No chão, no meio do depósito...

... Um pequeno esquilo me encarava.

― Ah, fala sério.

As palavras saíram em um longo suspiro de alívio. Meus ombros caíram


repentinamente.. E um sorriso surgiu em meu rosto.

Dawn tinha deixado a parte de baixo da porta de correr ligeiramente aberta de novo.
Era um espaço de apenas 15 cm, mas se não pisasse na porta depois de trancá-la, um
espaço acabava ficando aberto.
― Vamos, rapaz.

O esquilo correu passando por mim assim que eu abri a porta, expondo o depósito ao ar
frio da noite. Fechei novamente a porta, a trancando com segurança dessa vez,
fechando-a inteiramente com o pé.

E foi nesse momento que notei a falta de vários móveis.

As peças de Santiago tinham saído, mas várias outras coisas tinham sido levadas
também. Pensei nas pastas na mesa de Dawn, tentando me lembrar se ela tinha alguma
peça programada para ser emprestada para qualquer um daqueles projetos.

Mas eu estava cansada demais para pensar.

Tinha sido um dia longo e estranho. Um dia com esquilos e culpa e com minhas
tentativas de evitar Ryan depois dos acontecimentos de ontem.

Tranquei tudo rapidamente, como se houvesse alguém no depósito. Eu estava muito


assustada para afastar o sentimento. Quando entrei no jipe, percebi as nuvens
carregadas que tinham se formado enquanto eu estava dentro do prédio. Cruzando o
céu noturno, elas refletiam meu humor já sombrio.

Deixar o escritório para trás fez com que eu me sentisse ligeiramente melhor. Com a
vida em casa em desordem, eu realmente não podia funcionar. Eu tinha que resolver as
coisas. Ou pelo menos encará-las de frente. Era o que eu sempre fazia e não ia parar
agora.

Enquanto dirigia, comecei a me perguntar o que aconteceria se Ryan e eu não


pudéssemos nos dar bem. As outras relações estavam fora de questão? Eu tinha quase
certeza de que sim. Os rapazes vinham juntos, como um combo, tudo ou nada. Ou pelo
menos era como eu via aquele acordo.

Se eu e Ryan nunca nos entendêssemos, havia uma possibilidade muito grande de eu


perder todos eles.

Meu estômago deu um nó e me senti instantaneamente enjoada. Eu queria ser abraçada


por Kyle ou me enrolar no sofá com Dakota. Eu precisava do conforto dos braços deles
ao meu redor.

Eu precisava que eles me dissessem que tudo iria ficar bem.

Twenty-Eight

RYAN

― Golden Star?

As palavras saíram de minha boca em um tom de confusão. Eu não tinha certeza de que
havia ouvido corretamente.

― Isso aí, Golden Star ― Kyle disse. ― Eles têm a melhor comida chinesa. Melhor do
que o King Wok ou que o Best Number One Kitchen!

Eu tive que rir do nome, mas ele não estava inventando. O Best Number One Kitchen
tinha aberto há alguns meses, corajosamente se declarando o melhor e o número um.

― Nós já fizemos o pedido. Você só precisa ir buscar.

― E por que vocês...

― Porque eu e Dakota temos uma videoconferência daqui a 10 minutos. Ordem do


Coronel Sciana. Algo importante que não pode esperar até amanhã.

Eu realmente não queria sair. Já era tarde. Mas eles tinham me dado a única desculpa
com a qual eu não podia argumentar.

― E quanto a...

Acenei com a cabeça, para a direção onde Sammara tinha acabado de entrar. Ela tinha
literalmente acabado de jogar as chaves sobre o balcão da cozinha, mas eu não me
importava.

― Ela pode te levar ― respondeu Kyle. ― Está chovendo, então você não pode ir de
moto.

Eu encarei Sammara. A última coisa que eu queria era dar uma volta na cidade,
especialmente com ela.

― Esquece ― praticamente rosnei. ― Me dá sua chave e eu vou sozinho. Pego a...

― Não.

O olhar no rosto de Kyle era firme, o que não era seu costume. Atrás dele, Dakota
acenava desafiador, os braços gigantescos cruzados.

― Vá ― disse Kyle ―, converse com ela.

Ah, merda.

Eu sabia o que eles estavam fazendo, o que eles estavam tentando fazer. Discutir com
eles não me levaria a lugar algum. Eu podia me recusar a ir, mas a verdade é que eu
estava com fome. Todos nós estávamos. Apesar de tarde, nenhum de nós tinha comido.

― Tudo bem, eu vou ― disse deixando escapar um suspiro exagerado.

Eu me virei na direção de Sammara que me olhou com surpresa.

― Pegue suas chaves. Estamos indo buscar a comida.

Ela piscou.

― Nós... estamos?

― Sim. E eu vou dirigir.

Estiquei a mão em expectativa, esperando pelas chaves de seu jipe. Já sabendo o que
estava por vir.

― Só por cima do meu cadáver que você vai dirigir o meu carro.
Dirigimos em silêncio por aproximadamente uns vinte minutos. Dizer que o clima era
estranho no carro seria um eufemismo. Estava mais para... fisicamente doloroso.

― Escuta ― disse finalmente. ― Eu posso ter exagerado ontem.

Nem um movimento, nem uma palavra. Era como se eu estivesse encarando uma linda
estátua, congelada no espaço, com duas mãos no volante e as pernas compridas
trabalhando nos pedais.

O vento bagunçava seu cabelo em todas as direções, incluindo diretamente contra seu
rosto. Mas ela nem sequer vacilou, parecia acostumada com aquilo.

― Eu não devia ter demitido o Edward ― disse. ― Na verdade, vou ligar para ele
amanhã e contratá-lo novamente.

E só então ela se moveu, seu olhar vindo diretamente na minha direção. Mas sua
expressão ainda reservada.

― Sammara, eu só disse...

― Eu sei o que você disse ― ela praticamente rosnou. ― E eu agradeço. Mas o que está
feito está feito. Droga, eu nem sei que a gente consegue que ele volte.

― Eu vou trazer ele de volta ― disse com confiança.

― E lá vai você de novo ― disse ela. ― Você e não eu. Você.

― Sim, foi o que eu disse, eu vou...

― Não, Ryan. Eu vou ligar para o Edward. Eu sou a pessoa encarregada. Sou eu que...

― Teve a bunda apalpada?

Se a expressão dela já era fria antes, agora então, seria capaz de congelar tudo ao
redor. Seus lábios cheios e lindos estavam tão apertados que pareciam mais uma linha
desenhada em seu rosto.

Só cala essa boca, Ryan.

Eu me inclinei em direção a janela, colocando o braço para fora. Tinha parado de chover
no momento em que deixamos a garagem. E eu me arrependia de não ter dito a ela para
voltar, para eu pegar minha moto.

Um longo minuto passou. Dois minutos. Abri a boca para falar algo, mas parei
abruptamente.

Talvez você devesse parar enquanto há tempo.

Havia algo naquela garota que fazia com que eu me questionasse o tempo todo. E eu
odiava aquilo. Mas ao mesmo tempo, eu tinha uma admiração profunda por ela. Ela
poderia ter acenado com a cabeça e tentado me acalmar ou até mesmo deixado a
discussão para trás. Mas ao invés disso, ela não recuou. Tudo o que ela tinha dito, era
exatamente o que ela sentia.

E eu respeitava aquilo.

Nosso silêncio durou até chegarmos ao Golden Star, onde eles não tinham um pedido
para Ryan Dunham. Nem para Kyle Murphy ou Dakota Bradley. Mas quando rolei os
olhos e percorri nossa lista de nomes embaraçosos? Encontrei um pedido pronto para
entrega para Richard Dick Head.

De volta ao jipe, Sammara silenciosamente começou a fazer o caminho de volta para


casa. As ruas ainda estavam molhadas, com poças d'água no asfalto refletindo
reluzentemente as luzes da cidade.

― Ou ça, eles querem que a gente converse ― disse.

A expressão no rosto dela estava um pouco menos dura. Ainda séria, mas um pouco
menos irritada do que antes.

― Eles nos fizeram sair juntos de casa para resolver as coisas. Então, se você for ficar
sentada aí e apenas...

Parei minha frase porque algo chamou minha atenção pelo espelho. Olhei novamente
pelo espelho lateral e lá estava.

Um elegante SUV preto. Nos seguindo.

Pode ser apenas uma coinci...

E outra atrás dele.

Puta merda.

― Apenas o que? ― Sammara estava perguntando. Seu tom ainda era frio, mas
aparentemente havia espaço para uma conversa agora. ― Se eu for ficar sentada aqui e
apenas o que?

Não respondi. Esperei até a próxima curva e os SUVs viraram junto conosco.

― Então agora você vai ficar em silêncio? ― perguntou, sarcasticamente. ― É isso


mesmo?

― Não.

― Então, fala, Ryan. Vamos resolver logo porque você...

― Vire à esquerda.

Sammara me encarou completamente confusa.

― Mas temos que ir em frente, não...

― Eu disse vire à esquerda. AGORA.

Me inclinei na direção do volante mas antes que eu o alcançasse Sammara virou


bruscamente à esquerda, sem seta, sem aviso. O jipe seguiu pelo rua lateral escura, fora
da avenida principal. E atrás de nós...

Atrás de nós os dois carros fizeram a mesma curva.

― Sobe no meu colo.

Sammara riu alto. ― Isso é algum tipo de piada?

― Só faça o que eu estou pedindo.

― Se você acha que eu vou...

BUMP!

Uma batida forte, direto na nossa traseira. Não forte o suficiente para nos fazer bater,
mas forte o suficiente para enviar uma mensagem: pare o carro.
― Sammara, presta atenção! ― gritei. ― Mantenha o volante reto e seus pés fora dos
pedais e venha para o meu colo.

Seu rosto ainda registrava o choque da batida. Ela olhou pelo espelho retrovisor, e por
uma fração de segundo eu pensei que ela iria pisar no freio e encostar. Em vez disso,
para seu crédito, ela recuperou a compostura e fez exatamente o que eu disse.

― Bom, agora me deixe deslizar sob você.

Trocamos de posição de maneira fácil, sem qualquer tipo de esforço. Quase como se já
tivéssemos treinado aquilo antes.

― Agora, se segura!

Twenty-Nine

SAMMARA

As mãos de Ryan seguravam o volante enquanto ele pisava no acelerador. O jipe


avançou para a frente bem quando o SUV atrás de nós estava vindo para outra batida.
Sem sucesso, dessa vez.

― O que está acontecendo?

Perguntei, para ser honesta, talvez um pouco mais alto do que o necessário. Mas era o
meu carro. E quem conduzia o grande Suburban preto obviamente queria nos tirar da
estrada.

Ryan seguiu descendo a rua lateral e, em seguida, virou no próximo cruzamento


principal. Eu senti o jipe ameaçar tombar. Eu podia imaginá-lo sob apenas duas rodas...

― Quem são essas pessoas? ― gritei, agarrando o cinto de segurança. ― Eu fechei


alguém? Alguém está com raiva por algo que eu...

― Não.

As palavras saíram por entre seus dentes fechados. Os nós de seus dedos estavam
brancos de tanto apertar o volante. Seus olhos percorriam o tráfego noturno,
procurando por uma saída. Procurando por uma abertura no...

SKRRRRRRRRRR!

Fui arremessada para a esquerda quando ele virou à direita, quase nos virando no
processo e fazendo a comida chinesa se espalhar para todo lado. Quente e fumegante,
ela voou sobre ele no lado do motorista, deixando Ryan coberto de House Mei Fun.

Consegui pegar meu celular para ligar para a polícia.


― NÃO. ― Mais uma vez ele negou sem nem olhar para mim.

― Mas a polícia...

― Eu disse não, Sammara.

Ele virou uma vez mais e eu arrisquei olhar para trás. Apenas para sentir todos os
cabelos se arrepiarem em minha nuca. Eram dois SUVs e não um.

Puta merda!

O jipe derrapou de lado, e o telefone voou das minhas mãos, indo parar em algum lugar
na escuridão do banco de trás.

― Eles vão nos matar! ― gritei. ― Eles vão...

― Eles não nos querem mortos ― disse Ryan. ― Eles querem apenas... falar com a
gente.

Eu pisquei, confusa e com medo.

― Você... você conhece essas pessoas?

― Não ― admitiu Ryan. ― Mas sei quem elas podem ser.

Ele pisou fundo no acelerador, fazendo o motor roncar. Estávamos em uma longa e reta
avenida. O velocímetro estava chegando a 115 quilômetros por hora.

Engoli em seco e me inclinei em direção ao seu cinto de segurança, o passando pelo seu
corpo.

― Obrigado.

Eu assenti entorpecida, ainda aterrorizada. Sem entender quem eram aquelas pessoas
ou o que elas queriam ou ainda porque Ryan tentou me impedir de ligar para a polícia.

― Curva acentuada ― advertiu ele. ― Se segura em alguma coisa.

Segurei firme em um dos puxadores do jipe no exato momento em que Ryan virou o
volante. Demos uma guinada para a esquerda, os pneus girando descontroladamente
antes de finalmente ficarem sob controle novamente. Quando olhei para frente,
estávamos em um beco pequeno e estreito. Pude ouvir o som de pneus freando em
algum lugar atrás de nós, seguido por um estrondo alto, e o som inconfundível de vidro
quebrando.

― Um já foi ― disse Ryan.

Minha boca estava aberta, o encarando em total descrença. Seu rosto continha um
quase sorriso agora. Como um sorriso de realização.

― Apenas aguente firme ― disse ele. ― Acho que posso despistá-los em...

CUIDADO!

Ryan reagiu instantaneamente, pisando forte nos freios, reduzindo o suficiente para
evitar que fôssemos destruídos pelo caminhão-baú que se aproximava. Meu jipe
avançou pelo sinal vermelho, desviando por pouco de outros dois carros, antes que ele
pisasse novamente fundo no acelerador.

Meu coração estava preso na garganta. Eu estava muito atordoada para falar, mas Ryan
ainda parecia tão frio e calmo como quando tudo começou.

― Você foi ótima.

Eu me sentia enjoada. Tonta. Apavorada.


― Senta ― me disse ele. ― Eu preciso que você fique de olho. Me avisa quando eles
estiverem se aproximando. E também se você vir mais deles.

As palavras foram registradas na minha cabeça, mas por um ou dois segundos, elas
pareciam não fazer sentido.

― Mais deles?

Ryan fez mais uma curva e desta vez passamos muito próximo de uma longa parede de
tijolos. Eu ofeguei e me ajeitei no assento, me virando para olhar o que ele tinha me
pedido...

― Estamos um quarteirão à frente ― disse. ― Talvez um quarteirão e meio.

― Me avisa quando forem dois ou três quarteirões.

Eu tinha que dar crédito a ele; ele sabia dirigir. Ainda assim, o jipe tinha um alto centro
de gravidade. A base do volante não tinha sido projetada para curvas forçadas. Essa era
a principal razão pela qual todos os modelos saíam de fábrica com uma barra
estabilizadora. Mas Ryan parecia conhecer as limitações do meu veículo como se ele
tivesse projetado, construído e dirigido aquele carro durante toda a sua vida.

― Olha... ― disse olhando por sobre o ombro novamente. ― Estamos quase... quase...

Ainda havia alguns carros na estrada, mas eram duas pistas. Ryan ziguezagueou entre
eles com agilidade, cortando, buzinando e fazendo com que os motoristas ofendidos
freassem com força, congestionando ainda mais caminho atrás de nós.

― AGORA!

Ele girou o volante novamente, entrando em outro beco. Arroz voou. Choveu sopa sobre
nós, tão quente que parecia escaldar nossa pele. Mas conseguimos virar. Ensopados,
mas ainda assim salvos.

De repente, Ryan pisou no freio, fazendo meu jipe derrapar até parar bruscamente. Nós
dois viramos na mesma direção, nossas cabeças lado a lado enquanto olhávamos pelo
vidro traseiro.

Pela entrada estreita do beco, vimos o SUV preto passar direto em alta velocidade.

― Graças a Deus ― suspirei.

Ryan ligou o carro novamente, dessa vez indo mais devagar. Ele percorreu outros dois
becos e outra rua lateral, até que finalmente viu algo que fez seus olhos brilharem.

― Ah. Ali!

Ele entrou em um pequeno estacionamento. A máquina automática liberou um tíquete


antes do portão abrir e seguirmos por uma rampa até as sombras.

― O que estamos fazendo?

― Nos escondendo.

A garagem estava mal iluminada, mas quase cheia. O teto era tão baixo que tudo
parecia claustrofóbico.

― Ainda não entendi porque não podemos simplesmente chamar a polícia.

Ryan apenas negou com a cabeça, com um pedaço fino de macarrão pendurado em sua
barba.
― Depois.

Três andares acima, finalmente encontramos uma vaga. Ryan enfiou o jipe entre um
grande Yukon e um Lincoln Navigator, efetivamente nos tirando de vista.

Ele desligou o motor e por um momento de paz nós ficamos ali, sentados em total
silêncio. Meu carro cheirava como o interior da cozinha de um restaurante chinês.

― Você confia em mim?

Ele estendeu a mão e dessa vez eu não hesitei, a agarrando imediatamente.

― Confio.

― Bom ― disse ele, abrindo a porta. ― Então vamos.

Thirty

SAMMARA

Era o mesmo quarto de motel barato que você conseguiria em qualquer lugar do
mundo; paredes com papéis de parede baratos, carpete desgastado, tetos texturizados.
Uma cama construída para uma única coisa, resistência. E uma televisão tão antiga que
fazia você se perguntar se aquele seria o primeiro modelo colorido fabricado.

Naquele exato momento eu me encontrava sentada no colchão gasto, me perguntando o


que diabos tinha acabado de acontecer. Meu coração ainda estava acelerado. Só que
agora, para ser franca, eu me sentia mais emocionada do que assustada.

O chuveiro era barulhento, mas era reconfortante saber que Ryan estava a apenas um
cômodo de distância. Ele tinha recebido a carga total do ataque aéreo de comida
chinesa, e eu só tinha saído com uns leves salpicos. Depois de me lavar com uma toalha
ensaboada e limpar alguns pontos do meu vestido, eu não estava de todo mal. Ryan, por
sua vez, precisava de um banho completo, mas não antes de trancar a porta do quarto e
me mandar ficar longe das janelas.

Alguém tinha nos perseguido pela metade da cidade.

Alguém mau.

Eu ainda não sabia o que estava acontecendo, mas estava agradecida por estar livre
daquilo. Sair ainda essa noite seria perigoso, principalmente se eles ainda estivesse
procurando por nós, o que Ryan me garantiu que eles estariam.

― Vamos ficar aqui até de manhã ― disse ele, apontando para as luzes piscantes do
Motel Sunbeam. ― Até lá eles vão ter desistido de procurar pelo seu jipe

Eu tinha um milhão de perguntas. Perguntas que eu tinha mantido para mim mesma até
agora. Mas quando o barulho do chuveiro parou e ouvi o som da cortina sendo aberta?
Todas voltaram à minha mente.

Ryan emergiu enrolado em uma toalha minúscula, seu corpo quase nu pingando água.
Ele parecia absolutamente magnífico. Meus olhos percorreram seus ombros grandes,
descendo pelos músculos deliciosos de seus braços e peito, pela expansão suave de seus
abdominais definidos.

Eu tive que parar e reavaliar, por que para ser honesta? Eu tinha subestimado o quanto
ele era sexy.

― Já viu o bastante?

Eu nem tentei fingir que não estava olhando. Afinal, era meu namorado. Ou pelo menos
deveria ser.

― Não ― brinquei. ― Por que você não vira para que eu possa ver a parte de trás?

Para minha surpresa, ele virou e eu aproveitei para olhar um pouco mais. Ele tinha uma
cintura fina maravilhosa. Uma bunda masculina perfeitamente redonda, que me esforcei
para ver através da toalha. Ryan até levantou os braços, mostrando suas costas
musculosas. Pelos próximos quatro ou cinco segundos, tornei-me religiosa, rezando para
que a gravidade me fizesse um favor e a toalha caísse.

― Por que estamos aqui? ― finalmente perguntei. ― E quem eram aquelas pessoas?

Ryan franziu a boca, olhando para baixo como se estivesse considerando o quanto
revelar. Mas no final, ele só olhou para mim sem responder nada.

Eu estava começando a ficar irritada de novo.

― Tem algo a ver com o Briggs?

Sua expressão mudou. Havia surpresa, sem dúvida. Mas também admiração.

― Sim.

― Você pode me contar o que?

Lentamente ele negou com a cabeça. E eu sabia que aquela era a melhor resposta que
eu receberia.

― Bem, vamos pelo menos ligar para Kyle e Dakota ― sugeri. ― Eles podem vir nos
buscar.

― Eu já liguei ― disse Ryan. ― Nós três concordamos que o melhor a fazer é esperar
aqui até de manhã.

― Nós três. ― Aquilo era irritante. ― E quanto a mim? Em algum momento eu fui
envolvida? ― perguntei, me levantando. ― Eu tenho o direito de voto?

Ele ficou de pé à minha frente, olho no olho.

― Que tipo de voto você quer, Sammara? ― rosnou ele. ― Por favor, me diga. Porque
parece que não importa o que eu faça, eu sempre irrito você.

Eu estava perto o suficiente para sentir seu cheiro agora, um cheiro de limpeza do
banho. Seus olhos brilhavam. Eu podia sentir sua respiração em meus lábios.

― Eu faço errado e você se irrita ― gritou Ryan. ― Eu peço desculpas e você continua
irritada. Não há como ganhar com você. Você está irritada com tudo!

― Eu estou irritada com você! ― praticamente gritei de volta. ― Você se abriu pra mim
naquela outra noite e então me afastou. Você marcou um encontro comigo e depois
arruinou tudo com o subempreiteiro! Eu o estava encarando. Sem me afastar um único
milímetro. ― E agora estamos aqui, presos nesse motel de merda e você está impondo
sua posição? ― Eu ri. ― Desculpa derrubar seu castelo, Ryan, mas eu não trabalho para
você! Eu não sou um de seus subordinados! Na verdade, eu sou a única que...

Ele me agarrou pelos ombros e me puxou para si. Tudo, na velocidade da luz. Em um
momento eu estava gritando com ele e no momento seguinte estávamos nos beijando
tão forte que nossos dentes se batiam.

Caralho...

Era brutal. Selvagem. Totalmente feroz, mas totalmente quente também. Nossas línguas
se encontraram imediatamente, como se estivessem destinadas, e nossos lábios se
mexiam tão violentamente uns contra os outros que era difícil respirar.

O que está acontecendo aqui?

Eu estava perdendo a cabeça. Me rendendo completamente enquanto seus braços


deslizavam ao meu redor. Meu cérebro gritava para que eu parasse. Para que eu abrisse
a boca e o atacasse pelo idiota insensível que ele era. Mas meu corpo...

Meu corpo ignorava meu cérebro completamente.

E eu simplesmente continuei, permitindo que Ryan continuasse nosso beijo ardente


enquanto ele me apertava contra ele. Eu me sentia exuberante. Total e completamente
perdida no momento. Sem vontade de parar, ou respirar, ou dizer uma única palavra
que pudesse colocar em risco as ondas de prazer proibido e aquecido que agora
ondulavam pelo meu corpo.

― Você está certa ― ele praticamente rosnou contra a minha boca. ― Você não é minha
subordinada. Você não está sob o meu comando.

Ele me beijou duramente entre cada dec laração, deixando-me atordoada e consternada.

― Mas talvez seja isso que eu goste em você ― continuou ele. ― Já pensou nisso? Eu
gosto que você seja difícil, Sammara. Eu gosto que você não aceite as imposições de
ninguém. Nem mesmo as minhas...

Sua mão entrou pelo meu cabelo. Eu não sabia mais onde estava. Eu estava zonza.
Girando...

― Mas você também está no controle.

Eu ofeguei quando ele me girou de repente. Ryan me empurrou para a frente e eu me


inclinei. Minhas coxas bateram no armário, minhas mãos encontrando a borda do
pequeno balcão ao lado da pia.

― Nós quase perdemos a vida ― ele grunhiu, afastando meu cabelo. Eu tremi
involuntariamente enquanto ele enterrava o rosto no meu pescoço. ― Qualquer outra
garota teria gritado histericamente o tempo todo. Me batendo, puxando meu cabelo
enquanto eu tentava dirigir...

Ele beijou meu ouvido, sua respiração me deixando completamente insana.

― Mas não você ― sussurrou. ― Você se manteve forte. Você afastou o medo como um
soldado teria feito. E isso sem nenhum treinamento.

Suas palmas deslizaram por minhas pernas. Subindo meu vestido, expondo minhas
coxas.

― Você agiu totalmente por instinto.

Senti sua mão se assentar sobre a pele de minha bunda. Seu toque era áspero. Calejado.
O toque de um homem.

― Eu quis você desde a primeira vez que lhe vi ― murmurou ele. ― Você é feroz. Linda.
Inteligente.

Sua mão livre se enrolou em meu cabelo antes de puxá-lo para trás... me forçando a
encará-lo.

― Perfeita.

Eu podia nos ver no espelho, lado a lado, bochecha com bochecha. Ryan estava atrás de
mim, sua boca próxima à minha. A toalha tinha caído. Eu podia sentir a pele quente de
suas coxas pressionadas firmemente contra as minhas.

― Eu estava com medo, Sammara. Com medo de você ser boa demais para ser verdade.
Medo de que os outros não te achassem tão perfeita como eu, e que então eu pudesse
perder você antes medo de ter a chance de tê-la. Mas mais do que tudo, eu estava com
medo de que toda essa loucura pudesse afastar você.

Nós dois olhávamos para frente e seus olhos encontraram os meus no espelho. Ambos
presos ali.

― Sammara?

Eu engoli em seco, apesar do caroço preso em minha garganta. Tentei encontrar


qualquer resquício de voz.

― Sim?

― Eu não tenho mais medo.

Ele virou o rosto para me beijar e eu repeti seu gesto. O beijo era afoito. Faminto.
Furioso. Como se estivéssemos famintos e de repente tivéssemos nos deparado com um
banquete.

Suas mãos foram para os meus quadris, e ele me empurrou para frente novamente.
Mais uma vez me dobrando naquela posição. Desta vez, meu vestido já estava
amontoado nas minhas costas. Minha bunda estava nua contra ele, exceto pela minha
calcinha.

Ofeguei mais uma vez quando sua mão deslizou entre minhas pernas. Com uma pressão
inabalável, ele começou a esfregar os dedos para cima e para baixo ao longo do tecido
transparente da minha calcinha de cetim.

― AHHHhhhhhhh…

Ele me encarou mais uma vez pelo espelho. E desta vez as nossas expressões pareciam
muito distantes.

― É isso que você quer? ― rosnou ele, ainda esfregando.

Seus dedos iam para frente e para trás, do topo da minha bunda até a base do meu
clitóris. Minha calcinha estava enxarcada em questão de segundos. Minha boceta
latejando. Pulsando...

― SIM.

Senti seu dedo sondando para a frente, e me preparei para a euforia de senti-lo deslizar
para dentro. Mas então, de repente...

SNAP!

― AH!
Dei um pulo quando Ryan puxou o braço para trás, rasgando na metade a fina faixa de
tecido que era minha alcinha até alguns instantes atrás. Aquilo doeu apenas por um
segundo, em algum lugar ao redor da minha cintura, e então ele estava deslizando dois
dedos dentro de mim.

Meu Deus.

Seus dedos eram grossos e fortes enquanto se moviam através da minha umidade. Eu os
sentia apalpando... se mexendo...

― Ahhhh.... caralho...

Aquilo era tão sexy, junto com a sensação de sua outra mão em minha bunda. A
sensação estranha e tênue do tecido desfiado enquanto minha calcinha caía em
farrapos, roçando o interior das minhas coxas.

― Nós estamos bem? ― rosnou em meu ouvido. ― Você e eu?

Mordi os lábios, concordando afoita com a cabeça.

― Bom. Porque eu vou foder você agora...

A maneira como ele disse aquilo me fez jorrar em torno de sua mão. Minha boceta
estava encharcada, meus olhos meio vidrados olhando diretamente para o espelho.
Assisti com pura luxúria enquanto ele me tomava por trás. Eu podia ver tudo o que
estava acontecendo com o meu corpo. Tudo ali... bem na minha frente, como algum tipo
de espetáculo de sexo ao vivo.

Seus dedos meu deixaram e eu senti algo muito maior. Seu pau estava completamente
duro, a cabeça inchada. Guiando-se com uma mão ao redor da base, eu o senti
pressionando-o firmemente contra a minha abertura. Agarrei o móvel em antecipação
ao que estava por vir.

― Eu quero ser seu... ― sussurrou em meu ouvido, nossos olhares presos no espelho
uma vez mais.

Suas mãos agora estavam firmes em minha cintura. Seus dedos enterrados em minha
pele.

― E agora você é minha.

Eu gemi enquanto ele entrava em mim com um único golpe.

Thirty-One

RYAN

Era incrível finalmente tê-la daquela maneira. Me sentir dentro dela... ver seus olhos se
alargarem com uma mistura de prazer e surpresa, enquanto me aceitava de uma só vez,
em seu corpo.

Eu tinha desejado ela desde o começo. Não o começo que ela conhecia, mas desde as
origens do nosso acordo. Kyle, Dakota… de alguma maneira eles me convenceram a
dividir uma namorada. A manter uma mulher feliz entre nós quatro, para que a
tivéssemos para sempre.

A garota com quem eu estava conectado agora era a mulher perfeita. Linda, feminina,
forte. Alguém de quem poderíamos tomar conta, mas ao mesmo tempo, alguém que
sempre tomaria conta de si mesma.

Minhas mãos seguraram a curva de seu quadril enquanto Sammara rebolava contra
mim. Eu observava com entusiasmo o ir e vir de meu pau dentro, seguidamente,
mergulhando e cutucando algum lugar profundo em seu ventre.

Caralho, aquilo era tão bom!

Fazia muito tempo que eu não tinha sexo com alguém. Tempo demais, pra ser sincero.
Eu tinha que me controlar. Eu já estava indo tão forte que ela estava grunhindo e
apertando os olhos fechados. Eu estocava com toda a frustração reprimida e abandono
selvagem de não ter tido uma namorada, ou mesmo algum encontro casual em muito
tempo.

― Ahhhhh!

Ela era vocal e aquilo me excitava. Agarrando a fórmica do móvel com tanta força que
ela poderia realmente arranhá-la. Mas o melhor de tudo era que ela estava me
acompanhando, rebolando para me encontrar em cada investida, mesmo enquanto eu
afundava meus dedos mais e mais fundo na carne macia de seu quadril feminino.

― ME FODE...

As palavras eram sujas e incríveis. Sua boceta estava pegando fogo. Talvez fosse a
adrenalina da perseguição, ou a emoção de ser dobrada sobre um móvel e fodida em um
motel barato, mas ela realmente parecia quente em volta do meu pau. Eu não
conseguiria durar muito se continuasse assim. Não com ela gritando daquela forma.
Não observando seu rosto e sua bunda... era tudo muito selvagem e incrivelmente sexy.

Levantando-a, eu nos girei e a joguei direto na cama. Sammara quicou sobre o colchão,
seu cabelo se espalhando por todo o lado, a cara toda corada e rosada. Seus olhos
estavam selvagens; suas íris ainda incrivelmente azuis, mas agora eles brilhavam com
toda a luxúria.

Ela ama isso...

Sammara sorriu maliciosamente e abriu as pernas, gesticulando para que eu me


juntasse a ela na cama. Ela era completamente minha agora. Éramos amantes.
Pertencíamos um ao outro, e não havia nada que nos impedisse de fazer o que
quiséssemos.

Ela tinha sido feita para aquilo.

Eu mergulhei entre suas coxas, devorando-a, esfregando meu rosto contra seu calor
gotejante. Minha língua estava em todo lugar, Alternando entre invadi-la e chupar seu
clitóris. E ela continuava gemendo, gritando enquanto seu corpo se retorcia para a
frente na liberação do clímax. Ela agarrou forte minha cabeça, como se tentasse
impedir que eu me afastasse.

― AAAAHHHHHHH!

Seu corpo inteiro se contorceu enquanto ela explodia em uma chuva de umidade...
direto na minha boca. Ainda assim, eu nunca parei. Eu me deliciei com seu líquido
enquanto ela jorrava, lambendo-a em seu delírio puro até que suas mãos se
desenrolaram e ela me empurrou para trás quando se sentiu muito sensível para ser
tocada.

E então a gente voltou a se beijar.

E beijar, beijar e beijar um pouco mais,

Não sei quanto tempo levamos nos beijando. O tempo parecia não ter qualquer
significado. Eventualmente, afastei suas coxas e me afundei nela novamente, desta vez
deixando o peso total do meu corpo me levar para dentro dela. Meu pau era uma haste
de aço, bombeando minha glande em formato de cogumelo repetidamente nela como
um bate-estaca. A cama guinchou e Sammara gritou quando a cabeceira de merda
ameaçou perfurar a parede.

― Oh céus...

Caímos em um ritmo animalesco, transando como se estivéssemos competindo em


algum ritual esportivo obsceno. Nosso corpo estava coberto de suor, escorrendo de
nossos narizes, na cara do outro, e nenhum de nós se importava.

Era primitivo, bruto, sujo.

Eu a rolei, querendo vê-la por cima. Querendo olhar para aqueles belos olhos, segurar
seus seios perfeitos enquanto ela me cavalgava. Meu pau ia mais fundo dessa maneira,
enquanto ela subia e descia em um ritmo quase pornográfico. Ela falava sacanagem e
eu respondia à altura, falando sobre como eu a usaria a partir de agora, e que ela
deveria fazer uso do meu próprio corpo sempre que precisasse.

Trocamos de posição mais uma vez... e outra e mais outra. Tudo isso enquanto
listávamos todas as coisas incríveis que planejávamos fazer um com outro, tanto juntos
como um casal, como com os outros.

E durante todo esse tempo? Ela nunca parou de me foder, nunca parou de rebolar
contra minha ereção latejante. Eu estendia a mão para beliscar seus mamilos inchados
ou passar meu polegar sobre seu clitóris e Sammara só sorria como um demônio
enquanto rebolava o quadril, me levando mais e mais profundamente dentro dela.

O fim veio com ela deitada sobre o colchão, pernas abertas, enquanto eu estocava
fundo. Eu estava fodendo ela mais forte do que eu já tinha fodido qualquer uma, e o
visual daquele rosto lindo franzido em êxtase foi a última gota... a última coisa que me
levou ao limite.

― Eu... eu vou...

― GOZA! ― ela gritou, passando as unhas pelas minhas costas. Ela definitivamente
tinha deixado marcas. Talvez até cicatrizes. Não que importasse. Tudo o que importava
era gozar dentro dela, para torná-la total e completamente minha.

― Por favor, baby! ― Sammara sussurrou. ― Goza pra mim!

Baby.

De todas as palavras que tínhamos compartilhado até agora, sujas ou não, aquela era a
mais maravilhosa de todas. Ela tinha tornado tudo ainda mais especial, expandindo
nosso relacionamento. Aquela única palavra nos aproximou em um nível completamente
novo em nossos corações e mentes.

― Baby... por favor, querido... ― Sammara agarrou meu rosto com ambas as mãos. ―
Você precisa gozar!

E eu simplesmente deixei ir. Pontos de luz encheram minha visão, em todas as direções
enquanto eu explodia, rugindo alto, segurando seu quadril e a puxando firmemente
contra mim enquanto eu me esvaziava dentro dela.
― Dentro de mim...

Minhas bolas latejaram. Assim como minha ereção.

― Iiiisso, baby! Assim...

Era como se o mundo estivesse acabando.

Um único gemido deixou os lábios de Sammara, como se tivesse vindo de algum lugar
profundo em sua garganta. Era mais como um zumbido; um ronronar de completa
satisfação. Ela sorriu para mim quando eu terminei, satisfeita e feliz. Cheia e inundada
e pingando com meu leite quente.

― Puta que pariu, Ryan...

Eu me deitei sobre ela, descansando todo o peso do meu corpo em meus braços. Nossos
corpos se tocaram, pele com pele, sexo com sexo. Ficamos assim por um tempo, nos
beijando, eu brincando com o cabelo dela enquanto ela acariciava o lado do meu rosto
com as costas dos dedos macios.

Nunca antes eu sentira uma conexão tão instantânea. Física ou não.

― Ainda estamos em um cessar-fogo? ― ela finalmente brincou.

O calor de nossas peles nos fundiram, cimentados por uma amálgama gotejante de puro
sexo semelhante ao néctar.

― Estou mais propenso a uma aliança ― respondi.

Sammara olhou para onde ainda estávamos unidos.

― Uma aliança, é? Bem, parece que as negociações estão avançando.

Eu sorri, depositando um beijo em seu nariz.

― É, acho que você pode dizer isso.

Eventualmente, acabamos nos aconchegando, mergulhando na inconsciência. Sammara


se contorceu contra mim, enquanto eu passava braços e pernas protetoramente sobre
seu corpo quente. Momentos depois disso, ela já tinha adormecido.

Você vai fazer isso mesmo?

Aquela era uma pergunta que eu já tinha me feito um milhão de vezes. Mas agora,
observando seu peito subindo e descendo, enquanto ela respirava tranquilamente em
meus braços? Eu nunca tivera tanta certeza da resposta.

Aquela era a mulher que eu queria. Aquela que eu sempre disse a mim mesma que
estava por aí, mas que de alguma forma eu nunca tinha encontrado. Que eu poderia
compartilhar com meus irmãos de armas era uma ideia radical, e diferente de tudo o
que eu poderia ter imaginado.

Mas cuidar dela junto com Kyle, Dakota e Briggs era ainda mais incrível.

Nós quatro. E agora ela. Nós podíamos ser inquebráveis. Inseparáveis.

Eu queria aquilo mais do que tudo nesse mundo.

Apertando-a em mim, inalei a maravilhosa fragrância de morango de seu cabelo...


misturado com o cheiro mais fraco do que poderia ter sido um rolinho primavera.

Então eu caí naquele sono profundo e gratificante que apenas o pós-orgasmo consegue
oferecer.

Thirty-Two

SAMMARA

Ele me teve novamente de manhã, rolando-me sobre o colchão e me espalhando abaixo


dele na meia-luz do amanhecer.

Abri as pernas ansiosamente para ele, apreciando a dor agradável entre minhas coxas
enquanto fazíamos amor lentamente, ainda sonolentos e sonhadores. Não havia
distância entre nós agora, então apertei o corpo de Ryan contra o meu. Focada na
dureza de seus músculos, o peso de seu corpo tenso e esculpido, enquanto ele entrava
lentamente em mim. Mordi seu ombro e me enrolei à sua volta ao gozar e quando ele
finalmente despejou seu gozo dentro de mim, nos encaramos tão intensamente que jurei
que podia ver sua alma.

Dormir com este homem tinha sido como ganhar uma luta: difícil, mas tinha valido a
pena. Senti como se tivesse superado a luta de sua natureza sombria e pensativa e
finalmente estivesse vendo o homem gentil e carinhoso que existia ali.

E como amante...

Meu Deus.

Para ser franca, eu nunca tinha sido fodida como na noite passada. Eu nunca tinha sido
tão completa e totalmente possuída por alguém, emocional e fisicamente também. Tinha
sido uma experiência emocionante e maravilhosa, mesmo que meu corpo estivesse
pagando por isso agora. Enquanto tomava um banho muito necessário no chuveiro
estranho do quarto do motel, a única coisa que realmente parecia verdade era o
dolorido em meu corpo.

Quando saí do banheiro, Ryan estava de costas para mim, vestindo sua boxer. Quando
ele se virou novamente, para o meu desapontamento, ele já tinha terminado de fazer
isso.

― Você está cheirando a wantons ― eu ri, sacodindo o cabelo.

― Espere até a gente entrar no carro ― provocou ele. ― Você acha que minhas roupas
estão fedendo? Seu jipe vai estar parecendo o apocalipse. ― Ele deu de ombros,
parecendo se desculpar. ― Eu nem sei porque você tomou banho.

― Hum... não sei não ― provoquei. ― Acho que você sabe exatamente porque eu tomei
banho.

Finalmente vestidos, nos despedimos de nosso esconderijo. Dei uma última olhada
melancólica para a cama, sabendo que aquele lugar sempre teria um espaço especial
em minha memória.
A manhã estava brilhante e clara, o ar fresco e perfumado. Respirei o máximo que pude,
tentando manter o ar em meus pulmões... até voltarmos para a garagem e abrirmos a
porta do jipe.

― Puta que pariu.

Ryan riu, e eu só podia olhar miseravelmente de volta para ele. Mesmo depois de
termos passado os dez minutos seguintes raspando macarrão de arroz seco e wantons
do estofamento, o fedor ainda permeava cada centímetro do interior do carro.

― Janelas abertas durante todo o caminho de volta ― suspirei.

― Não podemos arrancar as portas?

― Ha Ha Ha.

Ryan coçou a barba.

― É engraçado porque nós realmente poderíamos.

Dirigimos sem rumo por algum tempo, entrando e saindo de ruas até estarmos
convencidos de que não estávamos sendo monitorados ou seguidos. Parecia realmente
muito bom estar de volta à estrada e acelerar o motor.

― Você está realmente bem com isso? ― perguntou Ryan, de repente.

― O que... nós? ― perguntei sentimento meu estômago dar um nó.

― Não, boba ― sorriu, pegando minha mão. Senti uma onda de alívio quando ele
intercalou nossos dedos. ― Estou falando sobre não saber exatamente o motivo do que
aconteceu ontem à noite?

Me dei conta de que ele estava falando sobre a perseguição. Ou da caçada com o jipe e
o SUV. Ou o que é que aquilo tenha sido.

― Sim, estou de boa.

― Porque eu vou entender se você não estiver ― acrescentou rapidamente. ― Quero


dizer... deve haver um momento de perguntas por não saber.

Sim, eu queria saber. Mas eu me dei conta de que ele devia ter um bom motivo para não
me contar. Ryan estava me protegendo. Quanto menos eu soubesse melhor.

― Você vai me contar quando estiver pronto ― respondi, dando de ombro. ― Se você
estiver pronto em algum momento.

Ryan acenou e olhou pela janela.

― Até lá? Eu estou bem.

Finalmente chegamos em casa, onde Kyle e Dakota já estavam do lado de fora para nos
receber. Eles nos levaram para dentro onde eu podia sentir o delicioso cheiro de bacon
e ovos.

― Vocês estão bem? ― perguntou Dakota, seu rosto de menino desprovido de um


sorriso pela primeira vez desde que eu o conheci.

― Melhor do que nunca ― acenei.

― E vocês, é... vocês aproveitaram para resolver algumas coisas? ― perguntou Kyle,
diante de minha resposta.

Eu não conseguia encarar Ryan, embora tivesse certeza de que ele me encarava.
― Você pode dizer que sim ― respondi timidamente.

― Que bom ― sorriu Kyle. ― Fico feliz com isso.

― Nós dois ficamos ― acrescentou Dakota. ― De verdade.

Era bom saber que os rapazes realmente se importavam. Não só sobre o relacionamento
de cada um deles comigo, mas sobre o de todos eles. Nos mandar buscar comida
quando podiam ter pedido que ela fosse entregue tinha sido um truque barato, mas
serviu ao que eles tinham planejado. Mesmo que eu e Ryan quase tivéssemos nos
matado no processo, nós estávamos mais próximos do que nunca.

― Bem, alguém não trouxe o jantar noite passada ― brincou Dakota ― então Kyle e eu
estávamos famintos. Nós já comemos, mas há café da manhã preparado para vocês, se
estiverem com fome.

Com fome nem mesmo começava a descrever o que eu estava sentindo. Eu não tinha me
dado conta do quanto estava faminta até o cheiro de comida me atingir, fazendo minha
boca encher d'água. Ryan agarrou meus ombros brincando e me empurrou para trás,
passando por mim correndo em seu caminho para a cozinha. Quando cheguei lá ele já
estava enchendo um prato com ovos.

― O café ainda está quente? ― perguntei a Kyle.

― Ele foi feito quando vocês estavam chegando.

― Você é o melhor namorado do mundo.

Os outros dois me encararam, franzindo a testa. Eu pisquei.

― Quero dizer... você é um terço do melhor namorado do mundo!

― Na verdade um quarto ― Dakota me lembrou. ― Mas por ora, isso serve.

Devoramos a refeição enquanto os outros nos serviam suco de laranja. Entre garfadas
de comida, Ryan contou o que tinha acontecido, passando por tudo o que tínhamos
vivenciado na noite passada. Kyle e D akota ouviam intensamente sobre a perseguição,
a descrição do SUV e como nos livramos deles. Quando ele chegou na parte em que
dividimos um quarto de motel barato, me perguntei se ele continuaria narrando cena a
cena de cada ato sexual selvagem que tínhamos tido.

― Eu só não entendi por que não pudemos ir buscar vocês? ― perguntou Kyle. ― Nós
nos oferecemos para fazer isso três vezes.

Eu larguei o garfo, fazendo um barulho alto quando ele bateu no prato.

― Passamos a noite toda preocupados ― concordou Dakota.

Dei um soquinho no braço de Ryan. Claro que era como socar uma estátua de bronze.
Ele riu.

― Ideia sua? ― murmurei.

Ele largou o guardanapo e levantou as mãos em rendição.

― Tá bom, tá bom... talvez a parte de se esconder tenha sido ideia minha ― ele me
olhou astutamente. ― Você tem alguma queixa quanto a isso?

Comecei a corar, mas então me dei conta de com quem eu estava falando. Kyle e Dakota
já tinham estado comigo. Várias vezes e mesmo juntos. Como eu poderia estar tímida
por ter dormido com Ryan? Afinal, ele era meu namorado.

Todos eles eram.


― Estamos felizes que vocês estejam bem ― disse Kyle. E então mais para Ryan do que
para mim: ― Nós precisamos conversar...

Eu sabia o que ele queria dizer e o que estava insinuando. E eu estava bem com aquilo.
Pelo menos na maior parte. Por enquanto.

― Vou subir ― disse me levantando. ― Tomar um banho quente, com um bom chuveiro
dessa vez. E talvez deitar um pouco. ― Olhei incisivamente para Ryan. ― Não dormi
muito noite passada e alguém me acordou cedo hoje.

Dakota riu alto, e percebi que sutileza não era seu forte. Mas estava tudo bem. Era o
que eu mais amava nele.

Amava...

Minha mente, que estava acelerada parou naquela palavra. Poderia haver amor? Entre
eu e três... não, quatro caras?

― Obrigado ― disse Kyle. ― Você está sendo uma verdadeira estrela em tudo isso, aliás.

Ryan terminou seu suco, batendo o copo na mesa como um guerreiro viking.

― Eu disse a mesma coisa para ela ontem.

― Melhor começarem a me tratar como uma diva, então ― sorri. ― Vou precisar de um
camarim lá em cima. Vocês podem me trazer alguns petiscos, bebidas, álcool...

Beijei cada um deles, ainda com gosto de suco de laranja nos lábios, antes de me dirigir
para a escada. Deixei Ryan para o final. Nosso beijo foi mais longo e mais lento... um
último lembrete da noite compartilhada.

― Me acordem para o almoço. Tenho certeza de que vou estar com fome de novo.

E então, deixando para trás meus três lindos namorados, me dirigi para meu quarto
grande amor: o chuveiro no andar de cima.

Thirty-Three

SAMMARA

Uma das coisas que tinha sido feita na casa antes da minha chegada era a reforma do
banheiro no andar de cima. E aquilo era provavelmente uma coisa boa, porque eu nunca
teria aprovado o box gigante.

Diferente do resto da casa, o chuveiro era moderno. Embutidos no azulejo de pedra


natural chuveiros retro iluminados com luzes de LED que faziam a água cair por cima e
por outros três jatos laterais, atingindo você em diferentes lados. Havia alto-falantes
bluetooth à prova d'água reproduzindo música. Nada daquilo combinava em nada com o
estilo da casa.

Mas tudo aquilo era incrível.

Fiquei feliz ao tirar minha roupa com cheiro de comida chinesa, tendo deixado a
calcinha rasgada para trás no lixo do quarto do motel. Eu ri imaginando o que a
camareira poderia pensar. Por outro lado, eu tinha certeza de que qualquer um
responsável pela limpeza daquele lugar já tinha visto coisas muito piores.

Eu só precisei apertar dois botões. O visor digital piscou, ligando os chuveiros que eu
queria na temperatura exata de 44 graus. Eu me ensaboava e lavava o cabelo enquanto
a água caía sobre mim, limpando-me dos sinais da noite passada.

Certo.

Quando terminei, todo o meu corpo estava fumegante. Me enrolei em uma toalha, voltei
para o meu quarto, e vesti uma calcinha limpa e uma blusa confortável antes de me
jogar na cama.

Eu não ia dormir. Pelo menos não inicialmente. Mas enquanto eu olhava meu telefone,
verificando minhas mensagens e e-mails? Eu estava tão confortável e relaxada que
apaguei completamente.

Quando acordei, não tinha muita certeza de que horas seriam e nem mesmo que dia
era. Pela janela, eu podia ver que o sol estava do outro lado da casa, fazendo longas
sombras no lago.

Eu me sentei e havia um bilhete na cama, escrito com tinta preta com uma caligrafia
forte:

Tivemos que sair, mas voltaremos mais tarde.

Não se preocupe com o sumiço do seu jipe,

Eu o mandei para o lava-jato. Como disse Kyle,

não podemos ter nossa namorada cheirando

como um combo número 6 com arroz frito.

Se precisar sair, pegue

a caminhonete de Dakota. A chave está no

tapa sol. Deve ser algo do interior,

porque eu também não consigo entender.

Já conversei com o Edward e ele está vindo

de volta amanhã, com as minhas desculpas.

Sem aquele subempreiteiro, no entanto.


Caso não saiba, você foi incrível

noite passada. Antes... e depois.

Especialmente depois.

Obrigado por ser incrível.

-R

O bilhete fofo deixou meu coração quentinho. Há vinte e quatro horas eu nunca
pensaria que Ryan seria capaz de algo tão fofo, mas ainda assim, aqui estávamos nós.
Eu me dei conta de que tinha algo a ver com a adversidade que nos unia, algo assim.
Mas eu não me importava. Ele era finalmente meu...

E eu era dele.

Fiquei ali sentada em silêncio por alguns minutos, apenas aproveitando e pensando
sobre a minha situação. Eu estava um pouco surpresa com o quanto tudo estava sendo
fácil para mim. Namorar vários caras. Aproveitar vários parceiros. Ser capaz de me
importar e talvez até amar cada um daqueles homens muito diferentes,
simultaneamente, sem sentir qualquer tipo de culpa ou vergonha.

Era como se eu tivesse sido feita sob medida para todo o cenário.

Falando sério, era a virada perfeita. Eu tinha namorado o suficiente para saber o que eu
gostava e tinha falhado em relacionamentos o suficiente para saber o que eu não
gostava. Em qualquer outro momento da minha vida, eu teria corrido gritando ou me
afastado assustada, ou até mesmo rido de uma proposta tão absurda. Mas ali... neste
momento…

Eu me espreguicei e levantei, só então notando a caixa aos pés da cama. Com animação,
puxei a fita, abri a tampa... e vi toda uma gama colorida de cetins, sedas e rendas.

Camada por camada, coloquei cada uma delas na cama. A caixa continha pelo menos
uma dúzia de lingeries realmente lindas. A maioria era tapa sexo e fio dental, mas havia
algumas calcinhas de cintura alta de renda também. Havia algumas cintas-ligas com
meias combinando, até mesmo alguns conjuntos completos com sutiãs também. Tive
que rir ao me dar conta de que a caixa continha mais lingeries do que eu tinha até
então.

No fundo da caixa havia outra nota:

Parece que devo a você pelo menos uma dessas.

Mas depois de ter minhas mãos em sua bunda

noite passada? Uma só não parecia suficiente.

-R
OBS: estava pensando, talvez você devesse usar uma delas para nós hoje à
noite.

Sua escolha.

A última parte fez meu coração disparar novamente. Especialmente a parte do "nós".

Nós.

Engoli em seco. Dormir com Kyle e Dakota tinha se tornado divertido e confortável, mas
agora havia três homens para agradar. E, por outro lado, três homens para me agradar
também.

Caramba. Três é muito.

Dessa vez eu tinha que concordar com a vozinha em minha cabeça. Era muito. E ainda
assim, se alguém podia lidar com aquilo eu sabia que seria eu.

Uma a uma eu observei cada peça, avaliando a linda gama de lingeries. Minha cama
parecia uma loja. Achando graça, me perguntei quanto tudo aquilo teria custado.

Mordendo a ponta de um dedo, comecei a pensar na minha decisão. Normalmente eu


era rápida nisso, mas eram muitas.

― Minha escolha, não é? ― suspirei.

O quarto vazio não era de muita ajuda enquanto eu começava a me despir.

Thirty-Four

SAMMARA

Eu não peguei a caminhonete de Dakota, embora a ideia fosse tentadora. Depois do


acontecido noite passada, eu estava feliz em apenas andar pela casa.

O lugar estava se tornando mais e mais especial para mim, principalmente à medida em
que as experiências em cada cômodo enchiam minha mente de memórias felizes. Kyle,
Dakota e eu tínhamos feito muito em pouco tempo e eu estava ansiosa para passar mais
tempo com Ryan ali também.

Além do mais, a velha casa em estilo Vitoriano era simplesmente... aconchegante.

Pelo resto do dia eu andei pela casa, verificando mais de uma vez o progresso da
restauração. Passei um bom tempo pensando também sobre todas as pessoas que
moraram ali antes de mim. Como elas eram? Que tipo de vida levavam? Quem criou os
filhos ali, e quem envelheceu olhando por aquelas mesmas janelas?

Cômodo por cômodo, apenas me sentei absorvendo a energia impregnada. Olhando


para os espelhos antigos, me vi desejando poder olhar através do tempo; ver
exatamente quem viveu e morreu naqueles salões antigos. Era o tipo de coisa que
poderia parecer mórbido para alguns, mas que para mim era simplesmente fascinante.

Fiz uma nota mental de olhar a biblioteca quando eu tivesse tempo. Deveria haver livros
escritos pelos ocupantes ali. Livros deixados nas velhas prateleiras intocados, não
abertos, apenas esperando que alguém viesse e os lesse.

Alguém como eu.

A noite chegou me encontrando na cozinha. Por capricho, eu decidira cozinhar algo.


Uma das coisas que meus pais adotivos salvaram da minha infância foi o livro de
receitas que tinha sido de minha mãe e avó. Ele tinha sido escrito a mão pelas duas e
aquela conexão direta e pessoal sempre trazia lágrimas aos meus olhos. Lágrimas de
felicidade, no entanto. O livro de receitas provavelmente era o meu maior tesouro.

Abri os armários observando os ingredientes, para ver o que eu poderia usar. Dakota
tinha ido comigo em uma viagem até a padaria no início da semana, e eu o recompensei
com biscoitos de chocolate.

― O que fazer... o que fazer...

Voltei ao livro e passei página por página, amorosamente, até chegar às últimas dez
páginas, que estavam em branco. Um dia eu esperava adicionar minhas próprias
receitas naqueles espaços amarelados e sagrados para mim, mas por enquanto eu
estava contente em apenas aperfeiçoar as receitas ali presentes.

― Vamos, mãe ― eu disse, apontando para o céu. ― Alguma inspiração?

Era uma coisa boba que eu fazia quando criança, apontar para cima sempre que falava
com um dos meus pais. Aparentemente eu tinha levado aquilo para a minha vida adulta
também.

― Bolo de anjo. É isso ― acenei com firmeza.

Comecei quebrando os ovos, separando as claras das gemas e deixando descansar até
atingir a temperatura ambiente. Então, depois de procrastinar um pouco mais, eu
realmente parti para a receita. Depois de misturar, bater e peneirar todos os
ingredientes, eu logo estava despejando toda a mistura na forma adequada e a levando
para assar.

Uma hora depois eu tinha um pão-de-ló perfeito descansando em uma grade e a casa
inteira tinha um aroma quente e doce.

Sorri, pensando no meu tempo com os rapazes.

Kyle e eu éramos loucos por filmes tarde da noite, sempre prontos para assistir algo
bom. Ele adorava filmes de monstros e eu já gostava de suspenses e policiais antigos.
Mas estávamos sempre dispostos a trocar. Desde que nos aconchegássemos debaixo da
grande manta, eu não me importava com o que iríamos assistir.

E então teve a noite em que eu fiquei bêbada com o Dakota. Aconteceu enquanto ele me
ensinava a jogar xadrez, usando um velho e lindo tabuleiro que pegamos no armário sob
a escada. Quando ele fechou a mão sobre a minha, movendo as peças pela placa de
mármore, percebi o quão incrivelmente afiada sua mente era. Como seu cérebro
trabalhava com uma precisão militar decisiva que ia muito além de seu treinamento
como um Comando.

Depois da minha derrota de lavada, nós nos beijamos pelo o que poderia ter sido horas,
no sofá de dois lugares sob a grande janela. E então eu o levei para a cozinha e ensinei
a ele como fazer uma omelete perfeita.

Suspirei de contentamento ao me dar conta de que o lugar estava se tornando


realmente minha casa. Cada memória era incrível e os rapazes tinham trabalhado duro
para tornar tudo três vezes mais maravilhoso. Depois de apenas duas semanas eu mal
podia me lembrar como era morar sozinha. Meu apartamento, em um conjunto
monótono, o qual eu simplesmente tinha abandonado, estava se tornando rapidamente
uma lembrança distante.

O calor do forno tornou a cozinha quase insuportavelmente quente. As cadeiras ainda


estavam cobertas por causa da pintura do teto, então apenas me encostei contra um dos
balcões e passei a mão pelo cabelo.

Eu queria que essa noite fosse especial para os meninos. Vestir uma das lingeries sexys
que Ryan tinha escolhido fez com que eu me sentisse sexy e desejada... só que agora
parecia que meus namorados nunca chegariam em casa.

Mas eu não estava menos excitada por conta disso. Especialmente ao pensar em todas
as coisas que Kyle e Dakota tinham feito com o meu corpo. E no quão incrível e
inseparavelmente unidos Ryan e eu fomos no motel, na noite anterior.

BIP BIP BIP!

O alarme triplo curto vindo do painel sinalizava a abertura da porta da frente. Ouvi suas
vozes antes deles entrarem na cozinha, com seus risos e suas masculinidades
profundas.

― Que cheiro delicioso é esse?

Dakota foi o primeiro a entrar na cozinha, farejando o ar animado. Ele olhou primeiro
para o bolo... e então para mim.

― Eu só estava dizendo que faz um tempo desde que eu... ― ele interrompeu a frase no
meio. ― Puta merda!

Kyle e Ryan pararam feito estátuas atrás dele. Os três ficaram ali, me encarando, de
queixo caído e salivando. Como uma matilha de lobos diante de uma presa fácil.

Dakota foi o primeiro a sorrir.

― E o que temos aqui?

― Uma namorada muito quente ― disse, enrolando o cabelo por entre meus dedos.

― Você pode dizer isso de novo? ― murmurou Kyle.

Eu estava usando uma camisola de renda branca que fazia par com a calcinha... e mais
nada. Minha barriga estava nua, uma única gota de suor escorrendo pela minha pele
branca e pálida. A calcinha subiu em minha cintura quando trouxe minhas pernas para
junto de mim.

― Fiz algo para vocês comerem ― provoquei.

Os três estavam mudos e trocaram olhares antes de se aproximarem.

― Só precisamos deixar esfriar um pouco mais ― continuei ― antes de adicionar a


cobertura.

Era isso. Eles já tinham aguentado tempo demais. Dakota tomou a iniciativa de me
ajudar a descer do balcão. Mal ficamos cara a cara, ele me atirou por cima do ombro e
me tirou da cozinha como um bárbaro.

Ele foi em direção à escada, mas eu bati em sua bunda.


― Não, não ― disse. ― A sala de estar.

― Sala de estar? ― Dakota parou, parecendo confuso. ― Qual é essa?

― A sala verde ― eu ri. ― Aquela com todas as janelas, que eu já abri.

Uma dúzia de passos depois ali estávamos, e eu estava sendo aconchegada em uma
série de lençóis e travesseiros que eu já tinha arrumado. A torre arredondada da sala de
estar era um dos meus lugares favoritos de toda a casa. No momento ela estava cheia
de insetos, e de algum lugar à beira do lago vinha o som de fundo de milhares de sapos.

Kyle se deitou próximo a mim de um lado e Dakota do outro. Mas foi Ryan que saltou em
cima de mim, abrindo seu caminho entre os meus joelhos, deslizando pelo meu corpo
até estarmos cara a cara, respiração com respiração.

― Você planejou tudo ― sorriu ele.

― Sim.

― Você sabe que isso é uma das coisas que gostamos em você.

― Acho que sim ― disse dando de ombros, tentando parecer fofa.

Ele se inclinou e pressionou os lábios suavemente contra os meus. Era lento, sensual,
simplesmente perfeito.

― Você... você está bem com...

Ryan acenou, respirando em minha boca. Eu sabia que toda aquela coisa de
compartilhar era nova para ele. Mas eu esperava que não fosse menos incrível do que
era para Dakota e Kyle.

E , claro, para mim também.

― Eles são meus irmãos ― disse ele, entre beijos. ― Compartilhamos tudo, menos
sangue.

Ele me beijou profundamente enquanto os outros vagavam pelo meu corpo com as
pontas dos dedos, com a mesma lentidão agonizante. Era incrível como eles estavam
apenas aproveitando o momento. Não havia nenhuma pressa quanto a nada.

― Às vezes compartilhamos sangue também ― Kyle sussurrou em meu ouvido. ― É o


que nos une. O que cria uma proximidade entre nós que só pode ser forjada em batalha.

Ele mordiscou a ponta da orelha e todo o meu corpo foi tomado por um belo e violento
tremor. Ao mesmo tempo em que eu podia sentir a mão de Dakota em minha perna. As
pontas de seus dedos mal tocavam minha pele enquanto ele as arrastava lentamente
para cima e para baixo na parte interna de minha coxa.

― Compartilhar você é muito parecido com essa ligação ― murmurou Ryan. ― Nos une
de maneiras que relacionamentos individuais nunca poderiam fazer. Seus olhos estavam
conectados aos meus e eu senti aquele frio familiar em minha barriga. ― Eu entendo
isso agora ― finalizou ele. ― Posso ver isso claramente.

As roupas foram sendo tiradas. Uma a uma elas foram parar no chão. Era o som mais
louco do mundo; três homens lindos se despindo de uma só vez, suas botas, camisas e
calças sendo descartadas ao meu redor.

― Você está aqui para ficar? ― perguntou Ryan, avançando. Eu podia sentir a pressão
de sua virilha agora, pressionando contra o meu centro de calor.

― Sim.
― Você está realmente com a gente? ― Kyle perguntou. ― Todos nós?

― Todos vocês ― respondi, sem qualquer hesitação. Eu me virei para beijá-lo também,
com a mesma lentidão e sensualidade. ― Eu inteira...

Senti minhas pernas sendo abertas por quatro mãos diferentes. Kyle puxando
gentilmente de um lado e Dakota do outro.

E Ryan no meio... a cabeça bulbosa de seu membro se esfregando para cima e para
baixo por entre minhas dobras. Forçando-se contra a umidade do tecido de renda fina; a
única coisa que nos separava de sermos um só novamente.

Eu me inclinei, afastando minha calcinha para um lado, me expondo totalmente.


Convidando-o.

― Não destrua essa ― provoquei. ― Eu realmente gosto dela.

Ele riu contra minha boca. Meu riso se transformando em um suspiro agudo quando ele
entrou em mim, me tomando profundamente, até o fundo.

Oh Deus...

Senti duas mãos em meus seios, o laço da camisola sendo desfeito.

Meu mundo foi tomado pelo êxtase enquanto as bocas de Kyle e Dakota desciam sobre
mim em ambos os lados.

Thirty-Five

SAMMARA

― Como assim você vai ficar lá?

A boca de Dawn ficou aberta em um desânimo quase cômico. Ela parecia meio chocada,
meio ofendida e até mesmo meio irritada.

Espera, mas aí seriam três metades... Deixa pra lá.

― Eu me mudei ― disse simplesmente. ― A casa é muito importante e incrível para ser


deixada ao deus dará. Ao viver nela, vou poder monitorar constantemente, em primeira
mão, as reformas.

― Mas... mas o trabalho!

― Não se preocupe ― respondi. ― Eu ainda estarei aqui. Todos os dias, mais ou menos.
Vai ser apenas um deslocamento um pouco mais longo.

Dawn cutucou sua salada com o garfo. Ainda não parecia satisfeita. Não que eu
precisasse de sua aprovação ou satisfação, mas ela era minha sócia afinal de contas. As
coisas eram mais fáceis quando ela estava feliz.

― Quanto nós vamos...

― Um bom valor ― garanti a ela. ― Confie em mim, esta será a maior taxa de
consultoria que já tivemos. Vale a pena. Você só vai precisar esperar pelos detalhes.

Honestamente, eu tinha dito aos rapazes que não aceitaria um centavo deles. Eles eram
meus namorados e nós morávamos juntos, o que significava que a casa era tanto deles
quanto minha. Eu não ia cobrar nada, não importava o que eles tentassem, e ainda
assim esse ponto em particular tinha sido um problema para eles. Kyle, Dakota, Ryan,
todos os três tinham se unido em insistir que eu seria bem paga pelo meu "trabalho" em
ajudar com a renovação, que era realmente apenas um trabalho feito com amor.

Eu tentei argumentar, tentei brigar, mas eles não queriam me ouvir.

― Olha, não é nada demais ― disse, levando um crouton à boca. ― Apenas...

― Apenas você estará bem longe do escritório! ― disse ela.

― Não tão longe assim ― disse acenando com a mão.

― E distraída.

― Distraída?

Dawn parou de comer, colocando o garfo sobre a mesa. Ela me encarou estoicamente,
sem qualquer expressão. Eu tinha a impressão de que ela tinha algo para me dizer e
que eu não ia gostar de ouvir.

― Com qual deles você está indo para a cama? ― perguntou ela.

A pergunta foi tão repentina que eu quase cuspi minha Coca-Cola diet. Coloquei o copo
na mesa, tossindo enquanto pegava o guardanapo.

― O que você disse?

― Perguntei com qual deles você está fodendo ― repetiu dando de ombros, como se não
fosse nada demais. Casualmente ela pegou o garfo e voltou a comer sua salada. ― Eu
imaginei que fosse um deles, só queria saber qual...

― Isso é algum tipo de piada? ― perguntei.

― Você achou que eu não ia bisbilhotar? ― Dawn perguntou. ― Minha única outra
funcionária...

― Sócia!

― Tudo bem ― disse ela rolando os olhos. ― Minha única sócia foge com três caras do
Exército e desaparece em uma casa do lago por duas semanas e eu não deveria ficar
curiosa ou saber nada sobre isso?

Eu não sabia como ela tinha descoberto, mas provavelmente não tinha sido tão difícil.
Como detetive da internet, a Dawn era uma verdadeira feiticeira. Se o nosso negócio
continuasse seu lento colapso, ela poderia sempre conseguir um emprego como detetive
particular.

― Olha, eu sei que você tem três soldados morando lá com você ― disse ela,
despreocupadamente. ― Eu apenas fiquei me perguntando se você estaria dormindo
com um deles.

― Bem, a resposta é não ― respondi secamente. Tecnicamente não era uma mentira. Eu
estava dormindo com todos eles e não com um deles.
Estranhamente, a resposta pareceu animá-la um pouco. Dawn me olhou com ar de
desculpas, com apenas a ponta de um sorriso.

― Isso é bom ― ela disse. ― Fico feliz em ouvir que você está mantendo as coisas
descomplicadas.

Descomplicadas...

Certo, claro.

― Misturar negócio com prazer nunca é uma boa coisa ― continuou ela. ― E devo dizer
que você parece feliz, Mara. Revigorada. Acho que você realmente precisava de férias
afinal de contas.

― Eu vim ao escritório duas vezes, e trabalhei o tempo todo que eu estive fora ― disse,
tentando esconder a dureza em minha voz. ― Eu inclusive carreguei o caminhão com as
coisas do Santiago.

― Eu vi.

― Pois é, então foram férias trabalhando mais do que qualquer outra coisa ― suspirei.
― O que me fez lembrar, como estão indo os dois novos projetos?

Dawn piscou. Ela me encarou de volta como se eu tivesse acabado de anunciar que ela
estava grávida de trigêmeos.

― O... o que?

― Os novos projetos. Os que você começou a trabalhar enquanto eu estive fora.

― Do que você está falando?

Semicerrei os olhos. Ou ela não tinha entendido sobre o que eu estava falando ou...

― Eu vi as pastas, Dawn. Elas estavam na sua mesa.

Seus ombros caíram repentinamente. O sulco entre os olhos se aprofundou no que


parecia raiva.

― Você vasculhou minha mesa?

― Não, não vasculhei. As pastas estavam na sua mesa. Bem em cima. Dois novos
projetos, completos com layouts de escala e uma distribuição fiscal de...

― Você não devia tocar na minha mesa ― retrucou friamente. ― Ou em nada nela.

Eu me inclinei em minha cadeira.

― Assim como você não deveria estar investigando a minha vida pessoal? Com quem eu
estou morando? Namorado? Transando? Esse tipo de coisa?

Ela me ignorou.

― Aquelas propostas foram rejeitadas, infelizmente. Eu nunca recebi o depósito.

Eu apertei meus lábios. Aquilo simplesmente não fazia sentido. Muito trabalho havia
sido feito.

― O que aconteceu?

Ela deu de ombros uma vez mais.

― Andei muito ocupada. Você sabe, trabalhando completamente sozinha. Tenho certeza
de que estraguei algo. ― O comentário era dissimulado, quase passivo-agressivo. Mas
deixei ela continuar falando. ― Eu provavelmente arruinei as reuniões, para ser
honesta. Você sempre foi a pessoa sorridente e gentil.

Droga. Aqueles eram projetos grandes. Eles poderiam ter sido úteis.

― Mais um motivo para você ficar perto do escritório

O escritório...

Eu suspirei resignada. Não exatamente desistindo, mas também sem desafiá-la.

― Prometo que a mudança não vai afetar o trabalho ― disse. ― E vamos conseguir mais
alguns projetos. Vamos colocar as coisas em dia.

Dawn olhou para mim por mais um momento, e então levantou o copo em sinal de
trégua. Eu brindei antes de bebermos mais um gole.

― Quer ouvir sobre a casa? ― sorri.

Aquele era o laço comum que nos unia e sempre iria: nosso amor pela arquitetura
antiga. À simples menção da casa todo o rosto de Dawn pareceu se iluminar.

― Claro que sim!

― Então traz sua cadeira para cá ― sorri. ― Vou mostrar algumas fotos...

Thirty-Six

KYLE

― E foi isso que ele disse? Tem certeza?

Dakota acenou com a cabeça enquanto fazia a última curva para a base. A caminhonete
reduziu a velocidade e o guarda levantou a cancela antes mesmo dele mostrar a
identificação.

― Eu perguntei três vezes para ele ― explicou Dakota. ― E nas três vezes ele me disse
que tinha cuidado de tudo.

― E é melhor que tenha mesmo ― respondi. ― Porque não vamos colocar ela em perigo
de novo.

O que tinha acontecido era inaceitável. Tudo o que Ryan tinha enfrentado na cidade e o
que Sammara tivera que encarar. E ela tinha aceitado não receber nenhuma explicação,
o que era um milagre por si só. Para mim, aquela era a pior parte.

― Eu ainda quero contar para ela ― disse. ― Pelo menos deixar ela saber que...

― Eu já contei ― respondeu Dakota. ― Bem, pelo menos parte. Ryan e eu conversamos


com ela noite passada. Ela se mostrou até bem tranquila em relação a tudo.

― Tranquila? ― perguntei em meio a uma risada de descrença. ― Como ela pode se


mostrar tranquila?

― Porque ela é uma pessoa incrível ― reiterou Dakota. ― Você já sabe disso.

Finalmente estacionamos e ele desligou o carro. A grande caminhonete roncou até


parar enquanto ele guardava as chaves.

― Olha, eu não gosto disso tanto quanto você ― admitiu ― mas agora, a única coisa que
podemos fazer é esperar.

Esperar.

A palavra soava totalmente ridícula. Eu não acho que nenhum de nós tivesse esperado
em todas as nossas vidas, e muito menos agora que havia um perigo claramente
envolvido.

― Temos que deixar Briggs resolver as coisas ― insistiu Dakota. E seu olhar me
mostrava que ele tinha praticamente lido minha mente. ― Ele tem os melhores homens
trabalhando nisso. Você sabe que eles vão resolver.

― Eu espero que sim.

― Eles vão.

― Em tempo, eu espero. ― disse inclinando a cabeça.

Permanecemos em silêncio por um momento, enquanto a gravidade da situação caía


mais uma vez sobre nós. Eu odiava tudo o que estava acontecendo. Mas mais do que
tudo, eu odiava mentir para Sammara, ou pelo menos não contar toda a verdade.

E eu sabia que Dakota odiava isso também.

― É melhor que Briggs esteja certo ― foi tudo o que eu disse. ― Eu sei que ele está nos
dando todas as informações que têm, mas nem mesmo ele sabe tudo.

― Ele sabe a maioria das coisas, no entanto ― pontuou Dakota. ― E ele sabe isso.

― Talvez.

― Quase certeza.

― Ela é inocente ― suspirei, balançando a cabeça. ― E está completamente no escuro.


Quase não é bom o suficiente. Pelo menos não para mim.

Dakota me encarou de volta e pela primeira vez sua expressão estava desconfortável.
Eu podia dizer que a coisa toda não ia bem para ele também. Toda aquela situação
deixava um gosto amargo em nossas bocas, mas por ora, não havia nada que
pudéssemos fazer. Briggs estava nos dizendo para engolir o que quer que fosse.

― Ele não está fazendo isso apenas por ele mesmo ― pontuou Dakota. ― Mas sim por
todos nós. Até mesmo por ela.

― Eu sei.

― Então você precisa confiar nele. E deixar que ele faça suas coisas.

As "coisas" de nosso amigo eram incrivelmente perigosas; sempre tinham sido. No


entanto, não importava o quanto nós quatro juntos tivéssemos passado, Briggs nunca
tinha nos decepcionado.

― Certo? ― perguntou Dakota.


― Tudo bem ― suspirei. Não era como se eu realmente tivesse uma escolha. ― Quando
é que ele volta?

― Ele não tem certeza ― respondeu Dakota. ― Mas vai ser quando menos esperarmos.

― Ele disse isso?

― Disse.

Aquilo fez eu me sentir um pouco melhor. Havia um certo número de coisas sobre as
quais Briggs nunca se enganava. E quando se tratava do fim de uma missão, ele sempre
sabia.

Deixamos a caminhonete e mantivemos o tom de voz baixo pelo resto de nossa


conversa. O caminho que levava até a grande porta de metal do edifício estava limpo e
impecavelmente varrido. Em silêncio me perguntei quantas vezes eu ainda percorreria
aquele caminho.

― Agora ― disse Dakota ― vamos à verdadeira questão aqui.

― Qual?

Ele parou de andar. Assim como eu.

― O que vamos dizer ao Comandante? ― praticamente sussurrou.

Olhei para a frente, encarando o pequeno prédio com a porta reforçada. O prédio que
parecia um tanque reforçado. Como uma caixa metálica obtusa em meio ao conjunto de
barracões quonset.

― Me siga ― disse voltando a andar. ― E claro, não diga nada sobre o que aconteceu...

Thirty-Seven

SAMMARA

O tempo passou. As estações mudaram. As semanas se transformaram em meses... e


todos eles foram gloriosos.

Eu me mudei totalmente no final do verão. O outono pintou as folhas de amarelo e


laranja e uma onda de frio levou embora o calor constante, dando início à minha época
favorita do ano.

Melissa me ajudou a sublocar meu apartamento pelo restante do contrato. Eu contei


tudo a ela, cada detalhe do que tinha acontecido, e como eu suspeitava, ela ficou
realmente emocionada por mim quando ouviu a grande notícia.

Como amiga, não havia ninguém como ela. Sempre feliz pelos outros. Ela me amava por
quem eu era, não importava o que eu fizesse; e aparentemente nem quantos caras eu
namorava ao mesmo tempo. Rindo, ela me disse que não invejava minha situação; eu
teria quatro vezes mais brigas, quatro vezes mais drama, quatro vezes mais aniversários
para lembrar.

― Você sabe que terei quatro vezes a diversão também? ― lembrei a ela. ― Quatro
vezes o amor e a adoração? ― Sorri, piscando para ela. ― Quatro vezes a atenção
sexual?

― Tudo bem ― disse ela, me dando um soquinho no braço ao mesmo tempo em que o
rubor tomava sua face. ― Quatro vezes massagens nos pés também ― declarou ela. ―
Merda. Talvez eu esteja com uma invejinha sim...

A renovação seguiu com tudo, com o exterior da casa terminando primeiro. Era incrível
a rapidez com que as coisas andavam quando se tinha um orçamento ilimitado, e meu
pequeno cartão de crédito nunca falhou. Edward foi mais cuidadoso com as novas
contratações, e até mesmo me pediu a opinião sobre vários dos novos subempreiteiros.
Esbanjamos nos melhores marceneiros, pedreiros, pintores e especialistas em
restauração. Cada um tinha sua própria tarefa para trazer a casa de volta ao seu
esplendor original, e juntos mantivemos um olhar cuidadoso sobre como eles estavam
lidando com essas tarefas.

Quanto à Dawn, ela nunca superou a mudança. Ela fazia comentários passivo-agressivos
constantes sobre eu passar muito tempo na casa, e não o suficiente no escritório. Na
verdade, sua postura fazia pouco sentido, pois os negócios estavam incrivelmente lentos
e o projeto da casa pagava a m aior parte de nossas contas. Apesar de tudo, eu estava
com fome de trabalho e não sobrecarregada com ele, mas de alguma forma Dawn
parecia sempre ocupada e constantemente agitada.

Na maior parte do tempo eu a ignorava. Era triste o que tinha se tornado a nossa
relação; o que tinha começado como uma bela parceria e até mesmo uma amizade tinha
se transformado em uma tarefa diária indesejada. Mesmo o aumento de nosso
orçamento de publicidade não conseguiu trazer muitos novos clientes, e parecia que
estávamos apenas trabalhando em vão.

― Você sabe que não precisa realmente trabalhar, não sabe? ― Kyle me disse um dia.

Eu ri baixinho enquanto estávamos deitados no sofá, aninhados um contra o outro.

― É mesmo?

Ele se afastou um pouco, me encarando e concordou com a cabeça.

― Então você não me conhece tão bem quanto pensa ― sorri enquanto beijava a ponta
do seu nariz.

A Sammara de meses atrás poderia ter ficado ofendida com o comentário, ou mesmo
considerado aquilo misógino. Ainda assim, em meu coração eu sabia que ele tinha boas
intenções. Até agora os rapazes tinham me tratado com nada além de respeito e
admiração. Eles simplesmente queriam cuidar de mim, e eu os amava muito por isso.

Na verdade, eu estava aprendendo a amá-los por várias coisas.

Kyle e eu éramos apaixonados por tudo o que era antigo. Ele aprendeu a compartilhar
meu amor pela história e ia comigo ver propriedades antigas sempre que eu pedia.
Fizemos viagens de fim de semana por toda a costa leste, de Louisiana até a Nova
Inglaterra. Às vezes Dakota nos acompanhava, e ficávamos em hospedagens que iam de
hotéis cinco estrelas a pousadas de duzentos anos de idade.

O lado negativo é que nunca podíamos ficar muito. Por enquanto, pelo menos, nunca
poderíamos nos afastar muito da base, por qualquer período significativo de tempo.

Mas enquanto estávamos fora? Nosso relacionamento era sempre intenso. Os rapazes
não tinham problema em me mostrar em público, em se tratando de demonstrações
públicas de afeto. Eu era beijada, abraçada, carregada e fazíamos amor sempre que eles
queriam... ou sempre que eu queria, o que era frequentemente.

Ryan, por outro lado gostava de ficar por perto. Fazíamos longos passeios na moto dele,
onde eu passava horas abraçada às suas costas, abraçando-o com força com os dois
braços. Onde quer que fosse nosso destino, nos despíamos e nos jogávamos um sobre o
outro. Porque por mais que ele gostasse de me dividir com os outros, física e
emocionalmente, sempre havia essa intensidade implícita entre nós quando estávamos
sozinhos.

O Halloween chegou e ao invés de ficarmos em casa abrindo a porta para gostosuras ou


travessuras, decidimos nos fantasiar e sair. Eu cometi o erro de deixar os rapazes
escolherem minha fantasia, o que acabou sendo a líder de torcida com a saia mais curta
da história. Foi meio engraçado, ir de bar em bar com três grandes jogadores de futebol
constantemente se esfregando em mim. Ouvindo todos ao nosso redor brincando sobre
como eu iria me divertir mais tarde, sem se dar conta de que todos os três estariam de
fato se revezando em mim.

A noite terminou com uma corrida de táxi cheia de antecipação de volta para casa, onde
eu consegui realizar cada uma das fantasias de líder de torcida que meus namorados
tiveram ao longo da vida, enquanto eu vivia o meu próprio sonho de ser fodida pelo time
de futebol.

Eu tinha muitos sonhos sujos como aqueles, na verdade. Só nunca pensei que um dia os
realizaria.

O tempo foi esfriando e começamos a acender uma das muitas lareiras da casa. Logo
aquilo se tornou nosso ritual noturno, nos reunirmos ao redor do calor aconchegante,
conversando sobre nosso passado, presente e até mesmo sobre o futuro. Aprendi muito
sobre o que cada um dos meus namorados tinha feito antes e depois do alistamento.
Kyle falou sobre seu tempo como especialista em demolição durante o tempo que serviu
no Afeganistão. Para minha surpresa, descobri que Ryan era da equipe
aerotransportada. Por boa parte de seu serviço, ele tinha feito parte do 75º Regimento
Ranger, com mais de setecentos saltos em seu currículo.

Quanto a Dakota... bem, eles não dizia muito sobre o que tinha feito. Ele tinha
aprendido a atirar em casa, em Iowa e tinha seguido fazendo no Exército desde então.
Uma noite, enquanto estávamos sozinhos, Ryan deixou escapar que Dakota tinha sido
um atirador das forças especiais. Ele era chamado para missões onde "alvos de alto
valor" estavam envolvidos, e ele tinha recebido medalhas e citações por tiros individuais
que ele tinha disparado.

Aquilo significava que ele tinha matado pessoas, algo que eu nunca tinha considerado.

― Mas ele é tão feliz ― disse. ― Sempre alegre. Eu nunca suspeitaria que ele...

― Ele nunca fala sobre isso ― continuou Ryan. ― Acho que é a forma como ele lida com
isso e tudo bem. Alguns conseguem deixar o trabalho de lado. Outros carregam o
trabalho com eles. Dakota é um dos sortudos que consegue separar os dois e nós
aprendemos a nunca perguntar.

Minhas histórias eram menos excitantes. Eu contei sobre crescer sem os meus pais, e
como foi difícil ter que passar por um momento tão marcante de vida bem no meio da
infância. Era como ter duas vidas, na verdade. Uma antes... e uma depois.

― Mostra pra gente ― Ryan pediu uma noite, enquanto o fogo crepitava na lareira.

― Quê?

― Você tem fotos, não tem?

Eu sorri, deixando o cômodo e retornando com o único álbum de fotos que eu tinha. Era
velho e já estava surrado; mas tinha sido feito por uma criança de nove anos de luto,
com as duas mãos trêmulas. Mas ali estavam minha mãe... e meu pai. Os únicos dois
amores da minha vida, sorrindo felizes para mim. Me encarando de uma linha do tempo
que poderia ter sido. De um lugar onde tudo ainda estava bem, e bom, e feliz, e ainda
tínhamos um futuro juntos co mo uma família...

― Eles eram incríveis ― sorriu Dakota, passando as páginas. ― Você deve se sentir feliz
por ter tido eles, mesmo pelo tempo que foi.

Nossas noites diante do fogo eram sempre as minhas favoritas. Algumas vezes ouvíamos
música ou jogávamos algo. Outras vezes apenas conversávamos. Nas noites mais frias,
empilhávamos travesseiros e cobertores perto do fogo, depois ficávamos
preguiçosamente compartilhando histórias e massagens... além de outras coisas
também.

Depois, é claro, todos nós caímos na cama juntos.

Era incrivelmente libertador ser livre, sem vergonha e lascivo daquela maneira. Eu me
deitava para os meus lindos namorados, abrindo minhas pernas para cada um deles por
vez. Às vezes transávamos lentamente, curtindo como adolescentes, trocando sempre
que um deles chegava perto demais, ou ficava quente demais, ou pesado demais. Mas
outras vezes?

Outras vezes era forte, rápido e deliciosamente obsceno.

Eu estava em um estado de felicidade contínua; havia sempre pelo menos um par de


mãos em meu corpo. Sempre um par de lábios pressionados contra os meus, ou um pau
quente, ou um ombro duro para morder enquanto eu estava sendo fodida forte e
profundamente. Meus namorados me tomavam juntos, me esmagando contra seus
corpos, me empurrando entre eles, me enchendo de ambos os lados. Minha boceta
estava sempre molhada, ou encharcada de desejo ou cheia de porra...

O dia de ação de graças chegou e celebramos juntos com muita comida, muita bebida e
toneladas de risos. E enquanto eu estava ali, sentada olhando para cada um deles,
finalmente percebi que éramos muito mais do que apenas um relacionamento estranho
e fora da caixinha.

Éramos uma família.

Eu tinha aprendido a adorar e a confiar em cada um deles... e eles em mim. Kyle, com
seu humor, sagacidade e charme. Dakota com seu olhar sempre brilhando e otimista,
além do sorriso constante. E Ryan, que podia ir da indiferença estoica a um sorriso
largo e bonito, no simples fato de olhar para nós ao passar pela porta no final do dia.

Você os ama.

Era verdade. Eu amava. Eu os amava com todo o meu coração, corpo e alma.

E o mais assustador naquela constatação é que ela não me assustava em nada.

Dezembro trouxe a neve, que cobriu o lado de fora de nossa casa, tornando o terreno
bonito e pitoresco. Os rapazes passaram mais tempo comigo, aproveitando o ar fresco
ao ar livre. Construímos bonecos de neve no jardim e patinamos no lago congelado.

Nada era proibido. Nada nos impedia. Éramos quatro pessoas se divertindo; três amigos
tão próximos quanto irmãos, e eu, a única pessoa que poderia lhes dar algo que faltava
a todos: uma namorada amorosa.

Eu era a peça que faltava no quebra-cabeça. A experiência que eles podiam finalmente
compartilhar, total e completamente, sem medo, culpa ou remorso.

E eu amava aquilo.

Com o Natal se aproximamos, fomos às compras juntos. Era divertido, pegar um dos
rapazes, levá-lo para sair, deixá-lo me dizer que tipo de presentes os outros queriam. E
então teve o dia em que eles saíram para fazer compras. Para comprar o meu
presente... embora para ser honesta, eu já tivesse tudo o que eu precisava.

Tudo estava tão perfeito. Tão incrivelmente impecável, que mais parecia um sonho.
Nada poderia nos separar. Nada poderia nos impedir de continuar no caminho de
conhecer e amar uns aos outros...

Até o dia em que Kyle e Dakota voltaram para casa com a notícia de que tinham sido
destacados.

Thirty-Eight

SAMMARA

Eles receberam a notícia em uma segunda-feira. Na quinta eles já tinham ido. Eles
perderam o Natal e aquilo foi uma merda. Assim, tivemos nosso próprio Natal antes
deles partirem... trocando presentes e tudo aos pés de nossa árvore.

Foi divertido e emocionante, mesmo sendo ofuscado pela partida iminente de ambos. No
entanto, Kyle e Dakota eram bons em esconder seus reais sentimentos e fizeram de tudo
para que fosse uma boa noite. Nós dormimos, bebemos café com rum perto da lareira,
jogamos, cantamos músicas de Natal e tentamos ser alegre. Os dois prometeram se
manter em segurança e que estariam em casa logo. Ryan e eu prometemos que a casa
estaria terminada quando eles voltassem, mesmo que nenhum de nós tivesse a menor
ideia de quando seria.

Claro que dei a cada uma delas a minha despedida mais infame. Levei Dakota para
almoçar, apenas nós dois. No caminho de volta, fiz com que ele entrasse na floresta,
onde dei a ele o boquete mais obsceno e babado antes de subir e fodê-lo ali mesmo, na
cabine de sua caminhonete.

Kyle me teve mais tarde naquela noite, em seu quarto. Apenas nós dois. Primeiro vesti a
roupa preferida dele: meia arrastão e cinta-liga. Então, enquanto ele estava no banho eu
me arramei em sua cama, de barriga para baixo, e deixei um bilhete em minhas costas
dizendo que ele poderia fazer o que quisesse comigo...

Eu ainda estava dolorida de ambas as despedidas. Dei a eles dois dos beijos mais longos
e sinceros de toda a minha vida, e então o carro enviado para buscá-los se afastou,
deixando Ryan e eu para trás.

Eu me sentia triste. De algum modo preocupada. As mesmas emoções que a esposa ou


namorada de qualquer soldado devia sentir ao ver seu homem correndo para o
desconhecido. Mas então, de novo, era por isso que eu estava ali. Para estar ali para
eles quando eles voltassem. Para não permitir que uma missão interferisse no nosso
relacionamento, não importasse quanto tempo ou quão difícil pudesse ser.
Ryan fez o máximo para me consolar e isso tornou tudo mais fácil. A casa estava
silenciosa com apenas nós dois e no início aquilo era estranho. Não estranho entre nós,
aquela parte estava perfeita. O que era estranho era não ter tantas vozes, com várias
pessoas ao redor. Mesmo as equipes de construção haviam diminuído para alguns
especialistas em interiores, e eles nem sempre estavam ali, especialmente com o feriado
chegando.

No geral, a casa parecia mais fria e vazia sem Kyle e Dakota.

― Vamos para algum lugar! ― eu disse a Ryan uma noite, subindo em cima dele no sofá.

― Tipo, aqui perto?

― Não ― respondi animada, beijando sua orelha, seu pescoço, seu peito... ― Algum
lugar mais longe.

Ryan era uma pessoa caseira e eu sabia que fazê-lo sair seria uma luta. Por isso escolhi
um lugar que ele conhecia. O lugar que ele poderia querer visitar novamente e me levar
junto com ele.

― Me leva para Nova York!

Ele me encarou com ceticismo.

― Agora? ― Sério?

― Claro que sim! ― eu gritei. ― Vai ser bom sair um pouco. Principalmente com os
outros não estando aqui. Podemos parar a restauração por alguns dias. Ver Manhattan
durante o Natal!

Minha língua rastreou a extensão salgada de seu peito, minha boca fechando sobre um
de seus mamilos. Eu mordi o local, brincando e ele deu um pulo, empurrando sua
protuberância contra o meu sexo coberto pela calcinha.

― Vamos ― eu disse. ― Vai ser divertido.

Sua respiração estava ofegante e rápida, e eu não precisava olhar para saber que seus
olhos estavam fechados. Lentamente eu tracei círculos em torno de seu mamilo. Depois
de um tempo fui trilhando meu caminho para baixo, parando ao longo de seu abdômen
profundamente bronzeado para plantar pequenos beijos ao longo de toda sua barriga
plana.

― Você já esteve em Nova York durante o Natal? ― perguntei, puxando seu short e sua
cueca para baixo.

― Claro que já! ― riu. ― Não existe um nova iorquino que não tenha passado um Natal
lá. Pelo menos não um de verdade.

― Então me leva... ― sussurrei, descendo para o chão. Eu estava de joelhos agora,


entre suas pernas. ― Por favor?

Olhei para ele sedutoramente, fazendo meu melhor olhar pidão. Seu pau estava a
poucos centímetros do meu rosto. Pela minha visão periférica eu podia vê-lo lentamente
subindo, como um pedaço de pão fermentado.

― Sério? Você quer ir a Nova York para o Natal?

Eu acenei com a cabeça, enquanto deslizava uma mão ao redor da base de seu membro.
Eu podia senti-lo ganhar vida em minha mão. Grosso e quente...

Ryan guiou minha cabeça para baixo, até seu pau estar pressionado contra meus lábios.
Nossos olhares se encontraram. Silenciosamente, chegamos a um acordo.

― Me convença... ― ele suspirou, se recostando novamente no sofá.


E assim eu fiz.

Thirty-Nine

RYAN

Voltar para "casa" nunca tinha me ocorrido, simplesmente porque eu nunca tivera uma
casa para onde ir. Nova York nada mais era do que o lugar onde eu crescera. Brooklyn,
as ruas em que corri, estraguei tudo e, finalmente, fui embora.

Mas quando voltamos ao mesmo bairro onde eu costumava causar problemas? Fui
tomado pela nostalgia. Comecei a me lembrar de tudo; desde o beco estreito onde
roubei meu primeiro carro, até à entrada de cimento da casa onde roubei meu primeiro
beijo.

Tudo aquilo era especial, e eu nem sabia. Pulei tão de cabeça no Exército, literalmente,
que tinha me esquecido daquele lugar. Eu tinha dado o meu melhor para esquecer tudo
aquilo.

Mas agora, de repente, tudo estava voltando.

― Me mostra a casa onde você cresceu! ― Sammara pediu animada.

― Qual delas? ― respondi, com um riso malicioso.

Ela olhou para baixo, percebendo seu erro. Mas ela estava sendo honesta, por isso
deixei para lá.

― Que tal eu mostrar a minha favorita?

Cinco quarteirões depois, ali estávamos nós, parados diante da última de uma série de
casas idênticas. Os Bradfords tinham-me acolhido ali até eu completar 17 anos,
juntamente com outros três rapazes. O tempo tinha passado rápido, talvez um ano e
meio, mas eles me trataram bem o suficiente para que eu ainda mantivesse contato com
eles. Eu ainda escrevia de vez em quando, embora eles tivessem se mudado para o sul
anos atrás.

Por ter sido o menos caótico dos meus lares adotivos, o lugar tinha um charme especial
para mim. Havia mais memórias boas do que ruins ali, algo que não era verdade na
maior parte dos outros lugares onde eu tinha vivido.

― Você nunca quis procurar pelos seus pais biológicos? ― Sammara perguntou. Aquela
era uma pergunta que ela já tinha me feito antes. E para a qual ela parecia nunca
aceitar minha resposta.

― Não.

― E por que não?


― Porque eles me abandonaram ― disse simplesmente. ― Me abandonaram novinho
para ser cuidado por outras pessoas. ― eu a encarei com a testa franzida. ― Pais de
verdade não fazem isso.

Ela aceitou a resposta, pelo menos por ora, enquanto caminhávamos de braços dados
pelas ruas cobertas de neve. Levei-a para a parte mais velha do bairro. Para um lugar
que eu sabia que ela iria se divertir olhando para alguns dos prédios e arquiteturas
originais. Passamos algum tempo ali, mas ela estava mais interessada em se encostar
em mim. Em parar para chocolates quentes e em aconchegar-se em mim, basicamente,
apenas apreciando a sensação de estar perto.

Atravessando para o próximo quarteirão, vi seus olhos brilharem enquanto ela analisava
a placa acima de uma estação de metrô próxima.

― Quero ir a Coney Island ― ela disse de repente.

― Agora?

― Por que não?

― Porque é dezembro. Está praticamente fechado.

― Aposto que ainda assim é lindo ― respondeu, dando de ombro.

Parei por um instante e então suspirei.

― Tudo bem. Vamos lá.

Era bom ter uma namorada novamente. Ter alguém para conversar, cuidar, segurar em
meus braços. E sim, para me manter aquecido à noite. Dentro e fora.

E por mais clichê que soasse? Sammara era a garota perfeita para mim. Ela era forte,
mas doce. Teimosa quando lhe convinha, mas suave sob aquela máscara. Ela era sempre
gentil e atenciosa. E ainda assim, ela nunca era pegajosa, possessiva ou exigente.

Eu tinha aprendido a me importar com ela. Tanto que, às vezes, eu até sentia golpes de
ciúmes, quando a via rindo com Dakota, ou abraçando Kyle. Não era um ciúme sexual,
essa parte de compartilhar uma namorada, estava sendo muito mais quente do que eu
imaginava que poderia ser.

Era mais um ciúme pela atenção. Eu caminhava pela casa, pegava um vislumbre dela
sendo segurada, abraçada ou beijada, e sentia aqueles pequenos golpes de ciúmes de
que ela pudesse ser tão próxima de alguém quanto de mim.

Ainda assim, aprendi a deixar aquilo de lado. A aceitar. Aqueles caras não eram apenas
meus amigos, mas meus irmãos de arma. Homens que tinham salvo a minha vida; as
pessoas mais próximas que eu tinha em todo o mundo. Dividir Sammara com eles não
era como perder a atenção para ninguém mais. Era como mantê-la dentro do nosso
círculo privado. Multiplicando o afeto por três e quatro, em vez de dividi-lo.

E eu amava aquilo tanto quanto amava ela.

A viagem de trem terminou, e saímos para a plataforma elevada. O vento estava forte e
tinha cristalizado a neve, fazendo tudo parecer coberto de diamantes.

― Caralho! ― eu disse.

― O que?

― Você tinha razão... isso é lindo no inverno.

Tudo parecia incrível, desde o calçadão e suas lojas fechadas até a antiga
superestrutura do parque de diversões. Podíamos ver a roda gigante congelada no
tempo. O grande esqueleto da montanha russa, seus trilhos sinuosos ainda cobertos
com a neve gelada. Seguimos caminhando, maravilhados com a vasta extensão de céu
cinzento aberto. Tudo era estranho e dramático. Mas também lindo, como Sammara
dissera.

― Eu te amo.

Segurei sua mão enquanto as palavras deixavam minha boca, me virando para encará-
la. Seus olhos ficaram vidrados, e não apenas do frio ou do vento.

― Ah, baby, eu também te amo.

Sua boca abriu em um sorriso enquanto ela me puxava para um beijo. Meu mundo virou
de ponta cabeça. A roda gigante começou a girar.

O sentimento de totalidade era incrível. Ser capaz de dizer aquilo. Finalmente falar
aquelas palavras, não apenas com o meu coração, ou com palavras formadas pela minha
boca, mas com a totalidade da minha alma.

― Você me faz feliz, Ryan. Você faz com que eu me sinta amada, segura e protegida. ―
Um vento vindo do mar soprou forte, brincando com seu cabelo. ― Estou feliz com o lar
que construímos. Estou feliz em estar com você…

Seus braços se fecharam ao meu redor e ficamos abraçados por um longo tempo.
Nenhum dos dois se importando com o frio. O vento, a neve, nada importava, porque
tudo o que existia eram nossos corações batendo juntos, silenciosamente transmitindo
uma mensagem que nenhuma palavras jamais poderia.

Um aroma chegou até mim, um aroma muito familiar. Beijando-a uma vez mais, sorri
para Sammara e a puxei ao longo do calçadão comigo.

― Onde estamos...

― Ao famoso cachorro quente do Nathan ― disse orgulhosamente. ― Pelo menos ele


ainda está aberto.

Forty

SAMMARA

O Ano Novo chegou e o inverno deu lugar à primavera. Era surpreendentemente belo
ver as árvores voltarem à vida. Observar o gelo derreter no lago, enquanto o calor do
sol trazia a vida de volta ao mundo ao nosso redor.

Kyle e Dakota continuavam longe, mas se comunicavam com frequência. Trocávamos


mensagens de texto quase todos os dias e conseguíamos conversar por chamadas de
vídeo de vez em quando também. Onde quer que eles estivessem era extremamente
quente. Eu invejei aquilo no começo, mas com o tempo eu me vi realmente gostando de
ficar com Ryan. Apreciando a sensação reconfortante do fogo quente que ele sempre
mantinha na casa, especialmente nos dias mais frios, que faziam arder os olhos e
repuxar a pele.

No fim de março a casa estava quase pronta. Os belos cômodos multicoloridos tinham
sido meticulosamente restaurados ou repintados onde deveriam ser. O trabalho estava
impecável, os acabamentos em madeira coloridos e polidos, os tetos rebaixados em
branco lavado, limpo e novo. Até o chão tinha sido trazi do de volta à sua antiga glória,
incluindo todo o soalho em parquet, bem como o lindo compasso rosa no hall de
entrada.

Em termos de conserto e redecoração, estávamos antecipados. Mas de volta ao


escritório?

As coisas em termos de negócios estavam ido de mal a pior.

Simplesmente não havia trabalho suficiente e muito pouco a se fazer. Comecei a deixar
de ir alguns dias, o que apenas irritava Dawn e brigávamos mais do que conversávamos.
Pensei sobre pegar minhas coisas e partir; talvez começar meu próprio negócio,
sozinha. Focar mais na restauração do que na remodelação e decoração que ela tanto
amava. Mas eu não queria magoá-la. Nem desistir do que tínhamos construído juntas,
especialmente se aquilo fosse apenas uma fase ruim.

Ryan trabalhava muito, então quando ele vinha para casa era sempre maravilhoso vê-lo.
A gente comia, bebia, ria, saía... mas na maior parte do tempo a gente apenas ficava em
casa.

Tínhamos esgotado toda a gama de lugares para se fazer sexo na casa, batizando quase
todos os cômodos ao longo do caminho. Eu tinha sido fodida com força contra paredes
revestidas com painéis de madeiras. Curvada sobre um sofá de dois lugares de 200 anos
na sala de troféus. Nós transamos em cada pufe, e eu montei meu namorado, subindo e
descendo nele de cadeira vintage em cadeira vintage.

Aquilo tinha se tornado uma espécie de jogo para nós. Um desafio para ver quem
poderia encontrar o lugar mais criativo para ter um orgasmo. Algumas ideias foram
realmente boas, como a vez em que transamos de frente para a grande janela, olhando
para as nevascas, minha respiração congelando o vidro. Mas alguns foram bem ruins
também, como na noite em que Ryan quase teve um ataque de asma por causa da
poeira que espalhamos no sótão.

As coisas até ficavam brutas às vezes, e eu adorava aquelas sessões acima de tudo.
Balançamos cabeceiras com força o suficiente para abrir buracos no gesso. Juntamos e
despedaçamos uma velha cadeira na biblioteca. E quanto mais sexo fazíamos? Mais
parecíamos precisar. Nossas libidos eram insanas, quase como se estivéssemos
compensando os outros não estarem ali. Ou pelo menos eu estava, e Ryan estava
colhendo os benefícios daquilo.

Tudo estava indo ótimo... até o dia em que ele chegou em casa sem seu sorriso
característico... Meu coração deu uma leve parada. Eu soube imediatamente que algo
não estava certo.

― O que aconteceu? ― perguntei preocupada.

― Não é o que você está pensando ― ele disse erguendo as mãos e forçando um sorriso
para me acalmar. ― Mas eu preciso partir por um tempinho.

Eu estava vestindo lingerie e avental, segurando minha colher de pau favorita. A ideia
era fazer uma surpresa sexy, mas agora molho de tomate estava pingando no chão da
cozinha.

― Quanto tempo exatamente é um tempinho?


― Pelo menos um mês. Talvez dois, no máximo.

Dois meses...

Era muito. Mas então, não era um destacamento. Era uma tarefa, com data e um
objetivo final. Ele voltaria logo. Apenas não tão logo.

― Tudo bem ― sorri tentando parecer mais corajosa do que me sentia. ― Dois meses
não são nada.

Ele inclinou a cabeça, tentando avaliar a minha verdadeira reação.

― Mas você vai ficar sozinha...

― E?

― E você vai ficar bem com isso?

Eu lambi a colher, piscando.

― Já estive sozinha antes. Não é um grande problema.

― Sim, mas nessa casa... ― ele gesticulou apontando ao redor. ― Este lugar grande e
antigo e...

― É apenas uma casa ― interrompi, embora eu não sentisse exatamente aquilo. Apenas
uma casa! Era como dizer que o Superbowl era "apenas" um jogo de futebol americano
qualquer.

― Sério ― garanti a ele. ― Eu vou ficar bem. Ele olhou para mim com ceticismo. ― E
estarei aqui quando você voltar, Ryan. Esperando por você. ― sorri. ― Por todos vocês.

Jantamos, o que estava delicioso, por sinal e até mesmo exageramos na sobremesa. Ele
ainda levaria uma semana para partir, mas eu queria que cada dia, cada detalhe fosse
especial. Na verdade, eu sabia o que ele estava pensando. Que aqui, sozinha, eu poderia
mudar de ideia. Aquele tinha sido o motivo pelo qual eles tinham criado o anúncio em
primeiro lugar; que eles tinham decidido dividir uma namorada. Uma que nunca teria
que ficar sozinha, porque pelo menos um deles estaria sempre em casa.

E agora aquilo.

― Vá ― eu disse, enquanto estávamos deitamos em nossa última noite juntos. ― Faça o


que tenha que fazer e não se preocupe comigo, Ryan.

Estávamos embolados um no outro, um emaranhado de braços e pernas e, claro, o meu


cabelo. Sempre meu cabelo. Ainda assim, ele estava em silêncio. Mais do que o normal.

― Estou falando sério. Tudo vai ficar bem.

Ele partiu na manhã seguinte, depois de outra despedida maravilhosa. Assisti o carro se
afastar, da mesma maneira que fizera com o carro que levara Kyle e Dakota. E então, o
automóvel passou a cerca e fiquei encarando a extensão vazia da rua.

A casa estava estranhamente silenciosa. Como se ela soubesse que eu estava sozinha e
estivesse tentando me surpreender.

Tranquei a porta, ativei o alarme e mergulhei na banheira de água quente.


Forty-One

SAMMARA

Se a casa parecia quieta sem Kyle e Dakota, ela estava completamente morta agora que
Ryan tinha ido também. Eu tentava compensar deixando a televisão ligada e tocando
música sempre que estava ali, para não me sentir tão sozinha.

Ryan ainda estava no país, o que significava que ele estava apenas a alguns estados de
distância. Qualquer que fosse a missão designada a ele, ela tinha sido perto e curta o
suficiente para que eu o tivesse de volta antes que eu percebesse.

Ainda assim, poderia muito bem ter sido um milhão de quilômetros.

Pelas primeiras duas semanas Melissa esteve comigo quase todos os dias. Ela tinha ido
à casa algumas vezes, e até tinha conhecido o Ryan. Era bom ter um hóspede e alguém
com quem conversar. Ela até dormiu um sábado à noite, depois de um longo filme
romântico e algumas margaritas a mais.

Não foi até meados da terceira semana que as coisas ficaram realmente solitárias.

Já tínhamos colocado os últimos projetos de renovação em espera enquanto os rapazes


estavam fora. Eles se sentiram mais seguros assim, e eu também. Para ocupar meu
tempo, eu estava fazendo uma restauração mais meticulosa eu mesma. Eu vivia sobre
escadas, esfregando décadas de sujeira acumulada com panos macios para não
arranhar a tinta ou o acabamento.

Mas eu estava feliz me mantendo ocupada. Tentando não pensar sobre estar sozinha, e
em vez daquilo focar em como a casa estaria divertida quando os rapazes voltassem.

E então veio a segunda-feira em que eu voltei ao trabalho... e todo o meu mundo


desmoronou.

Fui abrir o escritório e encontrei o lugar completamente vazio. Os telefones tinham


sumido. Nossa mesa de reunião, a cafeteira, a geladeira, tudo estava faltando! Tudo,
menos minha mesa, que tinha sido empurrada para um lado.

Meu Deus!

Corri pela área da frente, pelo chão vazio. Minhas mãos ainda tremiam quando abri a
porta do armazém e acendi a luz.

O espaço estava totalmente vazio.

Tudo o que eu tinha... tinha se esvaído.

― NÃO!

Meus gritos ecoaram de volta nas paredes frias de blocos de concreto, reverberados
pela porta de aço. Eu estava assustada, então com raiva e então totalmente
consternada.
Com o celular, liguei imediatamente para Dawn. Ela atendeu no primeiro toque.

― Dawn! ― ofeguei. ― Fomos roubadas! O escritório! Levaram tudo, levaram...

― Sammara, se acalma ― ela disse e eu soube logo que algo estava errado. Ela estava
calma demais. Relaxada demais.

Como se ela soubesse.

― Você ouviu o que eu disse? O armazém está vazio! Todas as minhas coisas, todas as
suas coisas... ― eu mal conseguia falar, muito menos de forma coerente. ― Todas as
nossas coisas...

― Não fomos roubadas, sua idiota ― Dawn disse categoricamente. Sua voz era fria
agora. Mais fria do que algum dia ela já usara comigo. ― Eu levei tudo embora.

Por alguns segundos eu não consegui falar nada. Meu cérebro parecia não funcionar. Eu
não conseguia entender o que ela tinha dito.

― A maior parte era minha, de qualquer maneira ― continuou ela. ― E por isso eu
mudei. Você não esteve por perto, Sammara. Você não esteve se esforçando. ― Ela
deixou escapar um suspiro aborrecido. ― A gente esteve perdendo dinheiro por meses e
a maior culpa foi sua. Na verdade...

― Metade daquelas coisas era minha! ― gritei. ― Elas nunca foram suas para início de
conversa!

Eu podia visualizar seu sorriso feio pelo telefone, mesmo sem vê-lo.

― Agora são.

Eu estava atordoada. Completamente perdida. Eu me sentia traída. Desamparada...

― Por que você pegaria minhas coisas? ― perguntei tremendo.

― Porque eu preciso delas ― respondeu. ― Eu vou realizar algo com elas, Sammara.
Por mim mesma. Sem o fardo que você é. ― Ela fez uma pausa antes de continuar. ―
Talvez você não leve isso tão a sério quanto eu levo. Você se enfurnou na sua casa do
lago. Preocupada demais com seus namorados para se preocupar com o que nós
construímos juntas.

Namorados...

A palavra saiu de seus lábios com malícia, com um desdém ácido. Então esse era o real
problema. Eu podia sentir a raiva em sua voz agora, onde minutos antes havia
indiferença. Dawn não estava fazendo aquilo apenas por questões comerciais, mas por
motivos pessoais.

Ela estava fazendo aquilo por despeito.

― Você não pode simplesmente...

― Eu posso, Sammara ― me interrompeu ela. Ouvi-la dizer o meu nome completo agora
era um pouco bizarro. ― Eu posso e eu fiz. Nenhuma dessas coisas é sua mais. Elas são
minhas agora. Você não tem como provar o contrário, nem se quiser.

Minha boca estava seca. Meu peito estava ofegante, mas ainda assim eu não conseguia
respirar.

― Eu deixei para você seu computador e tudo o que estava em sua mesa. O aluguel está
pago até o fim do mês, então você tem até lá para se mudar.

Pensei nos meus móveis. Todas as peças que eu tinha reunido, velhas e novas. Todos os
anos que passei juntando-as. Preparando casas e criando looks com elas...
― Sinto muito que as coisas não tenham dado certo ― finalizou Dawn. Ela nem mesmo
tentou parecer triste. Era horrível. ― Tchau, Sammara.

Eu fiquei ali, segurando o telefone, incapaz de me mover. Eu me sentia fisicamente


doente. Como se eu fosse vomitar.

Todas as suas coisas...

Na meia hora seguinte eu lutei contra um ataque de pânico debilitante. Pior do que
qualquer outra coisa que eu tivesse sentido antes.

Qualquer coisa.

Dirigi de volta para casa. Era tudo o que eu podia fazer. E eu chorei durante todo o
caminho.

Eu não podia ligar para Melissa. Ela e o marido estavam fora da cidade em alguma
viagem para visitar os pais dele. Atrapalhar a viagem dela só ia me fazer chorar ainda
mais e não iria resolver nada. Pensei em Kyle, Dakota ou Ryan. Um ou mais deles
poderia estar disponível. Ainda assim, cada vez que peguei o telefone desisti antes de
apertar o botão.

Eu finalmente estava sozinha e queria que eles me achassem forte. Parecer fraca agora
só iria deixar eles preocupados. Aquilo me tornaria apenas muito como os outros...

Para piorar, começou a chover. Eu mal podia enxergar, mesmo com os limpadores de
para-brisa em pleno funcionamento. A chuva apenas tornou a viagem mais longa e
agonizante. Eu só queria chegar em casa.

A calçada da casa estava deprimentemente escura e solitária. Mesmo estacionando o


mais perto que pude, eu estava totalmente encharcada durante a curta distância do
meu jipe até a porta da frente. Um minuto depois eu estava alegremente dentro de casa,
acionando o alarme, tirando minhas roupas molhadas e torcendo meu cabelo. Eu
desejava mais do que tudo que houvesse um fogo aceso na lareira. Acendi todas as luzes
que pude enquanto me movia pelos cômodos, parando na cozinha para pegar uma
garrafa de vinho tinto na prateleira da adega.

Puta que pariu!

Eu tinha sido tão estúpida! A sociedade tinha sido firmada no nome da Dawn. O mesmo
valia para o aluguel. Em retrospecto, eu tinha confiado por demais. Muito idiota por não
ter me protegido parcialmente.

Engolindo minha raiva, avaliei minhas opções. E todas elas eram péssimas. Entrar com
um processo pelas minhas coisas exigiria um advogado, e agora eu não tinha emprego.
Além do mais, tínhamos comprado tantas coisas juntas que seria impossível separar. Ela
até mesmo tinha os recibos.

As minhas mãos tremiam tanto que eu mal conseguia tirar a rolha. Mesmo depois de
meia garrafa de vinho eu ainda não me sentia melhor.

E agora?

Um trovão ressoou à distância, um triste presságio de como eu realmente estava fodida.


Na realidade, eu não tinha nada. Nada. Por agora, pelo menos, eu estava de mãos e pés
atados.

Tomei o último gole da taça antes de enchê-la novamente e ir para a sala de estar. De
repente, tudo o que eu queria era sentar no sofá, me deitar nas almofadas e mergulhar
na minha solidão, bebendo vinho e...

PAM...
De repente as luzes se apagaram. Todas elas.

Ótimo. Que maravilha!

Eu me enrijeci na escuridão, tentando me manter firme enquanto um medo gelado


percorria minha espinha. Eu estava sozinha. Sentada na escuridão do campo.

Provavelmente é um fusível queimado. Ou um disjuntor caído.

O pensamento me deu um pouco de coragem. Eu até me levantei. Mas então me lembrei


de que eu nem sabia onde ficava a caixa de disjuntores. Provavelmente no porão. E sem
chance de eu descer até lá sozinha.

Ou mais provavelmente uma queda de energia. Há uma tempestade lá fora, sabe?

Isso seria ainda pior. Eu teria que ficar ali no escuro, sozinha e com medo. Esperando
que as luzes voltassem.

Coragem, Sammara. Você é mais forte do que isso.

Lentamente, meus olhos ajustaram-se à luz fraca que filtrava através das janelas. Não
era muito, quase nada na verdade. Mas assim que percebi onde estavam os obstáculos
no meu caminho, comecei a andar.

Meu celular estava na cozinha. Eu podia usar a lanterna... talvez começar a procurar
por velas ou até mesmo por uma lanterna de verdade.

CLINK!

Congelei no lugar. Um barulho vinha do saguão. Eu o reconheci imediatamente, e meu


coração começou a bater fora do peito.

Era o tilintar agudo, quase musical... de vidro sendo quebrado.

Forty-Two

SAMMARA

Lentamente eu rastejei de volta para a cozinha. Eu podia ouvir a chuva agora, muito
mais alto do que antes. Como se a janela estiver aberta... ou quebrada.

Sammara, se esconde!

Aquele era o meu primeiro instinto, a minha reação natural. Eu sabia que devia fazer
aquilo, mas também havia uma batalha acontecendo na minha cabeça. A batalha de uma
pessoa aterrorizada e indefesa, se escondendo, tremendo, contra a mulher forte e
inteligente que estava se arrastando silenciosamente pela casa agora.
Eu estava tentando afirmar o tempo todo para mim que eu podia ser corajosa. Que era
apenas a tempestade ou talvez um galho quebrado. Talvez o vento tivesse derrubado o
galho de uma árvore por uma janela, e fosse só aquilo. Fazia sentido. Era lógico. Eu
queria acreditar naquilo.

Em vez disso, espreitei no canto... e minha respiração ficou presa na garganta.

A porta da frente estava escancarada. Uma das luzes laterais com painéis de cristal
tinha sido esmagada e havia vidro quebrado espalhado pelo chão. Mas não era só isso.

Se esconde... AGORA!

Havia também água... e pegadas molhadas.

Comecei a caminhar para trás, procurando por uma arma. As facas ficavam do outro
lado da cozinha. Eu poderia chegar lá rápido se corresse, mas eu faria barulho. Naquele
momento, os meus ouvidos estavam virados para cima, a minha cabeça inclinada para
os lados, tentando ouvir tudo. Eu estava ouvindo passos? No salão ou na sala de estar
ou...

Alguém estava se movendo, possivelmente na minha direção. Eu queria gritar. Eu queria


correr para dentro da cozinha e pegar meu celular. Talvez eu pudesse ligar para a
polícia. Talvez eu pudesse ir para a parte de trás da casa. Sair pela porta de trás para a
varanda e...

― AH!

Tapei minha boca com a mão, mas era tarde demais.

Havia um homem parado na cozinha.

Ele era extremamente alto. Magro, esguio e ameaçador, apesar de eu não conseguir ver
seu rosto. Tudo o que eu podia ver era a sua sombra, em silhueta contra a escassa
quantidade de luz entrando através das janelas traseiras da cozinha.

Em silêncio, rezei para que ele não tivesse me visto. Mas eu estava ali, no meio da
porta. Sem cobertura, sem sombra, nada para me esconder. Tudo o que eu podia fazer
era ficar completamente imóvel, esperando que de alguma forma me tornasse invisível.

E então ele deu um passo na minha direção.

E eu gritei.

CRASH!

A janela traseira da cozinha explodiu quando o homem foi jogado para trás e puxado
direto através dela. E então eu o vi: um segundo homem, passando por mim em alta
velocidade. Se movimentando tão rápido pela cozinha que eu não conseguia
acompanhar seu movimento. Atirando todo o seu corpo, diretamente sobre meu suposto
agressor.

Ambos os homens saíram pela janela. Eles estavam no quintal agora, se contorcendo na
grama, lutando em busca de poder e posição sobre o outro.

Um raio caiu E eu pude ver o brilho do aço e a lâmina de uma faca...

Corri para a frente até estar na janela quebrada, ainda parcialmente em choque. Gotas
de chuva caíram sobre mim, me despertando a tempo de ver um homem sair correndo...

... e o outro ir atrás.

Os dois subiram a colina em direção ao descampado, correndo para os limites da


propriedade. Ambos eram incrivelmente rápidos. Movendo-se com tais níveis absurdos
de velocidade e agilidade, eu sabia em um instante que ambos tinham sido treinados
para aquilo.

Gritos chegaram aos meus ouvidos. Grunhidos. Trovões e chuva. Alguém gritou, um
homem dessa vez, seguido de outro relâmpago.

Por um minuto eu não vi nada. Então, da escuridão, pude ver alguém descendo a colina.

Recuei lentamente, mantendo os olhos no homem enquanto ele se aproximava. Ele se


movia metodicamente, com propósito.

Você devia estar correndo!

Observei enquanto ele alcançava a casa e saltava pela janela aberta...

Você devia estar chamando ajuda!

Ele estava na cozinha agora, encharcado, com as botas cobertas de lama. Usava calças
pretas elegantes. Uma camisa tão rasgada que ele a tirou, embolou e começou a usá-la
para se secar.

Em sua mão livre, observei que segurava uma faca. Ela era recortada. Enfurecida.
Mortal.

E estava pingando sangue.

Ainda assim... eu conhecia aquele homem. Eu conhecia aqueles olhos, bochechas, a


curva do nariz. A linha de sua mandíbula quadrada.

Apertei os olhos com força e então suspirei. Eu o conhecia das fotos. As fotos que eu
tinha visto de Kyle, Dakota, Ryan e...

― Briggs...

Forty-Three

SAMMARA

Outro relâmpago iluminou a cozinha, iluminando também ele.

Naquele instante eu vi tudo; o cabelo escuro, a face diabólica, os dois ombros fortes que
se afunilavam em braços fortes, aptos. Briggs não estava coberto apenas pela água da
chuva, mas de sangue também. Mesmo nas sombras, parecia liso e molhado, como se
alguém o tivesse salpicado com chocolate escuro e líquido.

Eu o encarava como se estivesse vendo um fantasma. Por fim seus olhos suavizaram
com reconhecimento e ele largou a faca.

― Sammara.
Sua voz era tão dominante quanto sua presença. Por um segundo eu apenas permaneci
ali, tremendo incontrolavelmente. Então eu corri, me jogando contra seu corpo,
desesperada por contato humano.

Meus braços deslizaram ao redor dele. E eventualmente ele também me abraçou.

― Relaxa. Você está segura.

Eu ainda chorava, de soluçar. Era como se todas as emoções que eu estivera tentando
controlar tivessem vindo à tona de uma vez só. E eu as deixei ir, me apertando contra
seu peito. E então eu senti algo viscoso e molhado penetrando em mim...

― Você está sangrando!

Ele nem mesmo reagiu. Apenas ficou ali, me consolando com seu corpo duro.

― Não, não estou.

Dei um passo para trás. Tudo estava vermelho. O sangue estava em meus braços, meu
cabelo, em todo lugar. O encarei e ele apenas negou com a cabeça.

― O sangue não é meu.

Eu suspirei, agradecida por ele estar bem. Mas eu ainda estava meio assustada, meio
enojada. A casa ainda estava escura e...

― A polícia!

Me inclinei para pegar o celular do outro lado do balcão, mas Briggs deu um passo para
me impedir. Foi tão rápido que nem parecia que ele tinha se mexido.

― Sem polícia ― disse fechando a mão sobre a minha.

Seu toque fez meu corpo todo sacudir, quase como se ele estivesse carregado de
energia. Devia ter sido a adrenalina, mas eu jurava poder sentir aquela força invisível.
Aquele estranho poder pulsando entre a gente.

― Mas e se ele vol...

― Ele não vai ― disse Briggs, com certeza na voz. ― Confie em mim.

E então um pensamento sombrio me ocorreu. Eu hesitei.

― Vo... você o matou?

― Eu realmente espero que não.

Eu o encarei de volta sem muita certeza do que pensar. Seu rosto era uma página em
branco, sem revelar nada.

― Ele vai sobreviver, a menos que seja burro o suficiente para não ir a um hospital ―
continuou ele. ― Além do mais, eu não o queria morto. Eu o enviei de volta com uma
mensagem.

Aquela era uma declaração agourenta, mas eu não estava com vontade de explorá-la.
Pelo menos não agora. Não ainda.

― Você está aqui! ― eu disse de repente, me dando conta de onde estávamos. ― Você
está em casa! Mas, co mo é possível? Achei que você estava em missão!

― Eu voltei há algumas semanas.

Semanas?

Eu pisquei Eu não sabia se me sentia chocada ou ofendida. Com raiva ou confusa ou...
― Então por que você não...

― Porque eu estava esperando por ele ― respondeu, apontando com a cabeça na


direção da janela quebrada. Lá fora a chuva continuava caindo, molhando tudo,
formando poças no chão...

― Eu tinha a sensação de que ele viria hoje ― continuou ele. ― Quando a chuva veio e o
tempo mudou eu sabia que ele aproveitaria a oportunidade. Ele terminou de se secar e
jogou a camisa no chão. ― Como eu previa, ele veio e eu estava pronto para ele.

Eu tinha um milhão de questionamentos. Eles atravessavam minha mente como um


turbilhão, me deixando confusa.

Quem era aquele cara? O que ele queria comigo?

Um nó se formou em meu estômago.

Que tipo de mensagem foi enviar... e para quem?

Olhei novamente para cima e Briggs estava arrastando uma lona larga usada por um
dos pintores do solário. Ele a usou para cobrir a janela quebrada, usando os dedos para
tirar as molduras antigas e colocá-la para trás. Eu estremeci, mas não disse nada.

A tempestade estava com força total agora e o vento era feroz do lado de fora. De igual
para igual, Briggs era uns 15 cm mais alto do que eu. Ele olhou para mim, nós dois
cobertos de chuva e suor. Sangue e sujeira

― Vem ― disse estendendo a mão.

Ainda tremendo, eu a agarrei.

Forty-Four

SAMMARA

Subimos as escadas, pingando água e sabe Deus o que mais. Mas nada daquilo
importava, na verdade. A casa estava escura, quase como breu, e mais assustadora do
que nunca.

Tudo o que eu queria era estar perto dele. Seu contato era tranquilizador. Eu tremia
ainda mais violentamente agora, ainda da adrenalina sim, mas ainda mais de frio.

Aproximei-me enquanto ele me conduzia pelo corredor, obtendo pouco calor do toque de
sua mão. Ele abriu a porta do banheiro principal. Uma luz prateada entrava pela janela
do banheiro, mas a tela digital do chuveiro estava tão apagada quanto o resto da casa.

― Não tem...
Briggs puxou um botão na parede, um botão que eu nunca tinha percebido antes. Ele o
girou e água começou a cair pelo chuveiro, quente e forte. Rapidamente todo o cômodo
estava tomado de vapor.

Ele tirou as botas. Abriu o cinto deixando cair a calça e de repente estava
completamente nu à minha frente.

Uau...

Eu estava ali, surpresa, parada no mesmo lugar enquanto ele dava um passo adiante,
entrando sob o jato de água que imediatamente levou embora as camadas de vermelho
e marrom. Eu vi a imundície iluminada pela lua escorrer pelo seu corpo perfeito,
ridiculamente esculpido, espirrando pelas pernas e girando ralo abaixo.

Não sei quanto tempo permaneci ali até ele me puxar para junto dele. Ele fez aquilo
sem falar uma palavra, sem nem mesmo perguntar. De repente ele estava tirando
minhas roupas com duas mãos fortes, pelas minhas pernas e pela minha cabeça até que
finalmente eu estava tão nua quanto ele.

Eu fui de bom grado, deslizando sob o belo mundo de calor, sentindo a sedosidade do
sabonete deslizando sobre o meu corpo quando ele começou a me limpar. Eu me virei,
fazendo o mesmo por ele. Ensaboei suas costas largas, passando minhas mãos para
cima e para baixo por cada centímetro maravilhosamente firme de músculo, até que me
vi apertando e acariciando sua bunda dura e redonda.

Aquilo deveria parecer estranho, mas não parecia. Era reconfortante. Agradável. Tocar
aquele estranho sombrio, aquele homem que eu mal conhecia, de alguma forma parecia
a coisa mais natural do mundo.

Sua mão deslizou pelas minhas pernas, subindo pelo meu corpo e pelas minhas costas.
Briggs nos puxou diretamente para baixo do jato de água e passou as mãos pelo meu
cabelo, lavando a espuma, enxaguando-o enquanto nos movíamos um ao redor do outro.
Nossos corpos estavam limpos agora, pele sobre pele. Ele olhou para mim por um longo
tempo enquanto o calor e o vapor tiravam o frio do meu corpo.

― Eles estavam certo ― disse finalmente. ― Você é perfeita.

Eu fui tirada do chão enquanto ele me pegava em seus braços e pressionava seus lábios
contra os meus. O beijo foi longo, quente, apaixonado. Parecia ainda mais tátil e sensual
pela quase completa escuridão. Não tinha nada mais que eu quisesse do que beijá-lo,
permitindo que meu corpo se moldasse ao dele. Sentindo seus braços fortes ao redor do
meu corpo, a água ainda caindo em cascata ao redor de nós.

Ele me prendeu contra a parede, e eu me abaixei para acariciá-lo. Balançando entre


suas pernas, seu pau era grosso e forte. Ele inchou quase instantaneamente ao meu
toque, ganhando vida na minha mão.

Sem aviso eu estava sendo levantada novamente... e então colocada diretamente sobre
ele. Seu grande corpo forçou minhas pernas separadas e eu me abri para ele,
suspirando alto enquanto ele entrava em mim usando o peso do meu próprio corpo.

― Caralho...

Seu membro afundou dentro de mim, me empurrando para cima e me puxando de volta
para baixo até que eu estava completamente envolvida em torno dele. Apertei meus
braços em volta de seus ombros e meus tornozelos em seu quadril. Eu estava
balançando forte enquanto ele me fodia, usando a parede e suas pernas e tudo mais
como alavanca.

― JESUS...

Briggs grunhia como um touro enquanto metia mais e mais fundo dentro de mim. Ele
estava usando meu corpo agora para seu próprio prazer. Rebolando avidamente no final
de cada estocada, enchendo-me com seu calor e sua espessura até eu me sentir
deliciosa e delirantemente cheia.

Nossos rostos se encontraram e começamos a nos beijar novamente, nossas línguas se


explorando profundamente como dois amantes perdidos se reconectando. A escuridão
nos envolvia. Nos cobrindo com anonimato e aconchego. E a água...

A água quase parecia levar embora semanas e meses de desconexão. Nos impregnando
com uma estranha e maravilhosa sensação de intimidade instantânea e proximidade
emocional. À medida que nos contorcíamos um contra o outro envoltos pelo vapor,
nossa união física era cimentada. Derrubando qualquer parede que pudesse haver
apenas para substituí-la por novos laços intangíveis.

Ele começou a estocar com mais força. Mais rápido. Era quase sobre-humano, o quão
físico ele conseguia ser, o quanto ele precisava exatamente do que estava fazendo.
Nossos corpos colidiram, fazendo barulho e espirrando água por toda parte enquanto
ele me virava e me inclinava contra a parede oposta.

― Ahhhh.... caralho...

Senti uma emoção obscena quando ele entrou em mim novamente. Estremeci com o
aperto de suas mãos na minha bunda quando ele bateu em mim, mais e mais, entrando
tão duro em mim que tive que apertar meus olhos fechados em um misto de dor e
prazer.

Ergui as mãos para evitar que minha cabeça batesse na parede. Cerrando os dentes eu
rebolava ainda com mais vontade contra ele. De uma vez só, eu o queria dentro de mim.
Eu queria que ele gozasse dentro de mim, saindo direto de seu corpo para o meu, quer
ele gostasse daquilo ou não.

― Assim! ― gritei, usando ambas as mãos na parede oposta. ― CA-RA-LHO!

Continuamos naquele ritmo por muito tempo, até que Briggs finalmente se afastou, com
as mãos enroladas no meu cabelo e me virou. Agarrou uma de minhas pernas e a jogou
por cima de seu ombro, uma expressão de pura fúria, raiva e luxúria em seu rosto.

Meus olhos se abriram e nos encaramos cara a cara pela primeira vez. Seus dentes
estavam cerrados, sua mandíbula flexionada enquanto ele empurrava para frente,
enterrando-se de volta dentro de mim, desta vez me fodendo com uma perna ainda para
cima.

Aquela posição permitia que ele entrasse mais profundamente. Era profundo e pessoal.
Nossos rostos praticamente se tocavam, nossas bocas apenas a centímetros de distância
enquanto olhávamos olho no olho, íris na íris, o pequeno brilho do luar contra suas
pupilas escuras.

― Eu estava esperando por você... ― disse, ofegante.

Ele não respondeu, diminuiu o ritmo ou parou. Ele apenas continuou entrando e saindo,
entrando e saindo, metendo seu membro dentro e fora de minha boceta inchada.

― Todo esse tempo...

Sua respiração era a minha respiração. Nossa conexão física, indescritivelmente


profunda e significativa. E agora ele estava olhando para mim. Olhando através de
mim...

― Esperando você voltar para casa.

Eu ofeguei quando sua pegada se tornou incrivelmente forte. Briggs cravou as duas
mãos em minha bunda, me puxando contra ele quando começou a latejar dentro de
mim. Seu pau se contorcia e pulsava, batendo poderosamente contra minhas entranhas
enquanto ele explodia com calor selvagem e umidade.
― Aí...

Apertei sua cabeça. Levando seu rosto até meus seios.

― Bem aí, baby... dentro de mim...

Ele continuou gozando. Se esvaziando dentro do meu ventre. Era como ser preenchida
com lava derretida. Espalhando-se por dentro.

― AHHHhhhhhhh…

O corpo inteiro de Briggs estremeceu violentamente, e eu o segurei firmemente durante


o tormento de seu êxtase. Ele enterrou o rosto ainda mais forte e profundamente entre
os meus montes quentes e molhados.

― Shhhhhhh…

Eu até o consolei como se faz com uma criança quando ele voltou do ápice. Acariciando
a parte de trás de seu cabelo curto. Beijando seu ombro, sua bochecha, sua testa...

Então nossas pernas perderam as forças e nós caímos no chão do chuveiro, ainda nos
beijando.

Forty-Five

BRIGGS

Foi logo depois de Dragon Hammer, mas antes de Eastern Fury, onde voltamos para
Fallujah para o que poderia ter sido um momento muito ruim. Felizmente, aquela última
parte nunca aconteceu. Mas a outra parte...

Bem, a outra parte s im.

Na época estávamos comemorando. Detivemos as pessoas certas. Recuperamos mais de


cento e oitenta depósitos de armas individuais, e os tiramos das mãos dos insurgentes.
Havia um monte de coisas ruins no meio também. Balas de morteiros incendiárias e
foguetes, e pelo menos 15 quilos de explosivos plásticos.

Estávamos voltando quando aconteceu.

Paramos em um dos pontos mais longínquos de Bagdá, distrito de Rashid, do outro lado
do rio Tigre. Havia um contato ali que eu precisava encontrar. Alguém de grande valor e
importância. Uma pessoa cuja informação nunca tinha se mostrado errada, em mais de
dezenas de reuniões, em várias operações.

Parar ali foi culpa totalmente minha, Afinal, ele era meu contato. Eu era a pessoa que
confiava nele ali.

Tudo ali fora decisão minha...

Tudo desdobrou-se como sempre, em câmera lenta. Às vezes eu estava dirigindo. Outras
vezes era Tempone ou Butch ou até mesmo Rossa, embora ele nem mesmo fosse
habilitado para pilotar o Veículo de segurança blindado.

De qualquer forma, o resultado final era sempre o mesmo.

A explosão começou na parte traseira direita do M1117. Começou amarelo, depois


laranja e então vermelho forte... nos lançando no ar, até que o veículo parou de ponta
cabeça. Ficamos lá suspensos por um momento, como um daqueles brinquedos de
parque, que giram. E então ele caiu de lado, forte.

Eu nunca consigo me mover rápido o suficiente, quando aquilo acontece. Nunca alcanço
ninguém antes das chamas. Continuo tentando, mas como toda a cena, eu também me
movo em câmera lenta. Abro minha boca para alertar a todos, mas como sempre,
nenhum som é emitido.

Em apenas alguns segundos o interior do veículo é uma bola de calor e chama.


Insuportável. Inabitável. Posso ouvir seus gritos agudos e sofridos, mesmo quando as
chamas engolem tudo. O tipo de gritos para os quais os homens nunca foram feitos sob
nenhuma circunstância, e ainda assim a garganta humana consegue projetar.

Meus olhos ficam vidrados enquanto as temperaturas impossíveis me mantêm à


distância. O veículo está de costas agora, descansando sobre sua torre quebrada. Suas
metralhadoras são duas varas enegrecidas, dobradas inutilmente pelo peso de seu
próprio impacto.

A força da explosão estilhaça o vidro inquebrável. Não posso mais ver o que há lá
dentro, mas ainda posso ouvir...

Oh Deus...

Eu sempre estou do lado de dentro enquanto estamos dirigindo, antes de tudo começar.
Ainda assim, depois eu de repente me vejo assistindo tudo de longe.

Abro a boca.

Abro a boca e...

― Acorda!

Sinto o corpo balançar de um lado para o outro, possivelmente por causa de uma
segunda explosão. Mas era muito suave. Não forte como...

― Briggs, acorda!

Eu pisquei. Estava escuro. Muito escuro. Mas eu estava em outro lugar agora. Um lugar
confortável, seguro e sem danos. Eu podia sentir a maciez de uma cama sob mim, uma
cama de verdade e não um beliche improvisado.

E ao meu lado outra coisa. Algo ainda mais quente, suave e macio.

― Baby, você estava sonhando...

Cabelos dourados caíam sobre o meu rosto, claros e cheirosos. Eu podia vê-los
cintilando, mesmo na luz mais fraca.

― Você estava gritando. Histérico. Então acordei você e... ― ela me encarava e eu ainda
não a reconhecia. Eu ainda não tinha voltado totalmente. ― Você... você está bem?

Lentamente as coisas começaram a vir, em pequenos pedaços. Memórias da noite


passada. Memórias dela.

Sempre levava um tempo, especialmente no início. Por motivos que nunca consegui
entender, o sonho apaga temporariamente minha memória de curto prazo.
― Eu estou bem.

Aquele era o meu primeiro instinto, minha resposta padrão. Só que eu não estava bem.
Eu nunca estou realmente bem, não da mesma forma que Tempone, Butch, Rossa,
Graziano, Kostas estão bem…

― Sente-se.

Eu fiz como me foi dito, quase como se tivesse recebido uma ordem. E de alguma
maneira eu tinha. Segundos depois, esfregava os olhos, olhando ao redor do quarto
estranho enquanto um par de braços muito longos e femininos se fechavam
delicadamente em torno de mim.

― Está tudo bem ― sussurrou na escuridão. ― Seja o que for, você está bem agora.
Você está comigo...

Soltei o ar lentamente e inspirei seu cheiro. O aroma de seu corpo e a sensação de sua
pele na minha me relaxaram quase que instantaneamente.

Me entreguei forte ao seu abraço, me preparando para a pior parte. A onda de frio e a
inevitável tremedeira.

Mas dessa vez, nada disso veio.

Forty-Six

SAMMARA

― Certo, vamos ouvir sobre isso.

Entrei na cozinha como se eu fosse a dona da casa e Briggs apenas um convidado. Me


servi de café e sentei, me inclinando para a frente, para ter certeza de que ele tinha me
visto.

― Toda essa historinha de segredo acabou ― disse a ele. ― A perseguição de carro foi
uma coisa, mas pessoas estão invadindo nossa casa agora, Briggs. Seja quem for, está
vindo atrás de nós. Vindo atrás de mim.

Ele deu um gole em seu café, me olhando impassível sobre a borda da caneca. Preto,
provavelmente sem açúcar. Mas ele já estava acordado há algum tempo, porque o
líquido parecia frio.

― Se você não vai me deixar chamar a polícia, eu preciso saber o que você vai fazer.
Além de aparecer o que facilmente poderia ter sido cinco minutos atrasado demais.

― Eu não estava atrasado ― protestou.

― Isso é discutível.

Nós nos encaramos por um longo momento, e eu vi o mais fino indício de um sorriso
emergir em um dos cantos de sua boca. Talvez ele quisesse me provocar raiva. Talvez
estivesse apenas lembrando da noite passada...

― Tudo bem, o que você quer saber?

Aquela realmente não era a resposta que eu esperava, mas aceitei mesmo assim.

― Tudo ― disse. ― Comece com quem me atacou e porquê.

― O homem que atacou você era um agente de Markus Ladrone. ― Briggs olhou de
lado para nada em particular e então estalou os dedos. ― Acho que seu nome era
Daniels.

― Daniels?

― Sim.

― E que merda ele queria?

― Você ― respondeu simplesmente. ― Ele queria você.

― Eu? ― A honestidade contundente da declaração fez uma onda de pânico passar por
mim.

― Sim. Ele queria você como uma vantagem contra mim. Contra todos nós, na verdade.

― Então esse cara ― parei sem encontrar as palavras certas. ― Ele... ele queria...

― Markus Ladrone é um capitão mercenário ― disse, com naturalidade. ― Seu grupo se


chama Runs Di Spatia. Ele vem fazendo o exército americano de palhaço por anos,
desviando armas excedentes e vendendo-as aos insurgentes.

Eu pisquei. Nada daquilo fazia sentido para mim.

― O que? Por que?

― Dinheiro; para expandir sua própria companhia.

― Mas isso é...

― Ilegal. Sim, mas só se ele for pego. ― Ele tomou outro gole do café já gelado a essa
altura. ― Eu fui um dos que pegou ele.

Minha mente tentava processar toda aquela informação. Era insano. Como saído de um
filme. E ainda assim, ali estava eu, sentada na cozinha de uma casa de 200 anos,
bebendo café com alguém que eu tinha acabado de conhecer, acabado de transar.
Alguém que salvara minha vida.

Ah é, e alguém que era para ser meu namorado, pra começo de conversa.

― E por que ele não foi apenas atrás de você? ― perguntei.

― Ele tentou. Diversas vezes.

― Ele quer você morto?

― Morto seria uma opção sim ― concord ou Briggs. ― Mas não a melhor. A minha
morte chamaria atenção, especialmente porque ele precisaria ter certeza de ter
acabado com Kyle, Dakota e Ryan também.

Meu sangue gelou. Ele percebeu minha expressão e rapidamente pôs a mão sobre a
minha.

― Nada disso vai acontecer, Sammara. Confia em mim.

Deixou escapar um longo suspiro. Seu toque ainda era elétrico, mas ainda assim
tranquilizador.

― Então se não morto...

― Primeiro ele tentou comprar meu silêncio. Quando não funcionou, ele partiu para a
intimidação. E depois chantagem. Ele desenterrou alguma sujeira, principalmente no
passado distante, mas nada daquilo nunca iria colar.

Lentamente eu estava encaixando as peças.

― Então agora ele está partindo para o sequestro?

Briggs sorriu ironicamente, erguendo a caneca.

― Tentativa de sequestro. Ele percebeu que se tirasse algo que fosse importante para
nós, talvez acabássemos nos calando.

Eu tremi.

― Puta merda.

― É. Tipo isso.

A cozinha caiu em um silêncio enquanto estudávamos um ao outro, e de repente eu


estava muito consciente de mim mesma. Eu estava vestindo uma roupa velha e larga.
Meu cabelo deveria estar parecendo que eu estivera lutando contra um dragão. Ele, por
outro lado, parecia limpo e magnífico, recém saído do banho, barbeado, vestido. Pronto
para qualquer coisa.

― E?

Eu não sabia o que falar mais. Ele era praticamente um estranho. Aquela tinha sido
nossa primeira conversa e nem mesmo tinha sido sobre nós.

Mas noite passada...

Ao mesmo tempo, a conexão ainda estava ali. A energia sexual misturada com a
intensidade da nossa ligação. Era palpável entre nós. Como uma carga estática pesada
no ar, antes de uma tempestade.

― Então, o que fazemos agora?

Briggs levantou e tirou algo do cinto. Ele colocou o objeto diante de mim, na mesa, com
um barulho alto, e eu olhei para aquilo assustada.

― O que... o que é isso?

― Isso é uma pistola Sig Sauer XM17 MHS ― disse ele com orgulho.

Ele a empurrou em minha direção. Olhei para baixo, um pouco intimidada pela arma
bege.

― Ela é um pouco mais compacta do que a minha Glock. Mas é mais fácil de atirar, com
menos resistência no gatilho.

Aparentemente Briggs estava esperando que eu falasse algo ou que pelo menos pegasse
a pistola. Mas eu não fiz nenhum dos dois.

― Se você tiver alguma preferência ― disse dando de ombros. ― Eu posso...

― Eu nunca atirei na vida.

As palavras eram tão estranhas para ele que parecia que eu estava falando em um
idioma estrangeiro. Eu podia ver a confusão em seu rosto. Quase como se ele estivesse
se sentindo insultado.
― O que você quer dizer com nunca atirei na vida?

Dei de ombros.

― Nunca tive uma arma. Nunca tentei...

― Você está aqui desde o verão e nenhum daqueles imbecis ensinou você a atirar?

Neguei com a cabeça.

― Nem mesmo Dakota? ― Ele parecia totalmente em choque. ― Aquele fazendeiro


sorridente tem mais qualificações de tiro do que todo o resto de nós juntos! Ele nunca
te mostrou como...

― Não.

― Puta merda.

Ele baixou a cabeça, esfregando o pescoço. Aquilo fez com que nós dois encarássemos a
arma entre nós.

― Eu estou me sentindo realmente ofendido ― disse por fim. ― E você deveria estar
também.

Na verdade, eu nunca pensara naquilo. Eu já tinha visto todos eles com armas em
algum momento, mas nunca tinha perguntado a respeito. Nem por um momento eu
pensei que eles iriam querer me mostrar.

― Bem, se vista ― disse Briggs. ― Vamos corrigir isso.

― Sério?

― Claro. ― Ele parou, me encarando por um instante. ― A menos que você vá ficar toda
melindrada com isso.

Em resposta, peguei a arma, sentindo seu peso. Fechei a mão firmemente sobre o punho
e olhei para baixo, para as marcações nela, certificando-me de apontá-la para bem
longe de nós dois.

― Boa menina.

Forty-Seven

SAMMARA

― Melhor! Agora você está pegando o jeito.

A quinta garrafa de plástico explodiu violentamente. Os pedaços caíram na grama ao


lado dos outros, enquanto a marcação do alvo espirrava no lago, logo atrás.

― Lembre-se, mantenha seus cotovelos travados. Você quer olhar através das
marcações.

Acabou que atirar estava sendo muito menos assustador do que eu imaginava. Talvez
porque eu imaginava que as armas seriam pesadas e intimidadoras e não com um
encaixe perfeito e confortável em minha mão.

Briggs permaneceu parado atrás de mim, seu corpo tentadoramente próximo ao meu.
De vez em quando ele se inclinava para ajustar minha postura, colocando um braço no
meu ombro, ou suas mãos em meu quadril.

Meu quadril...

Normalmente naqueles momentos eu errava o alvo. Ou de propósito, porque eu queria


que ele me tocasse novamente, ou pela sensação de suas mãos no meu corpo que era
tão agradavelmente perturbadora.

― Ainda não acredito que eles deixaram você aqui sem proteção ― disse balançando a
cabeça. ― Vou dar uns cascudos em cada um deles quando voltarem.

Eu dei de ombros.

― Acho que eles não pensaram que eu iria precisar.

Atiramos a manhã toda, em vários tipos de alvos, até a pistola de resina polimérica
parecer natural, uma extensão do meu próprio braço direito. Aquele foi o primeiro dia
realmente quente da primavera. A chuva da noite passada tinha tornado tudo verde e
belo.

― Almoço? ― pedi docemente.

Fizemos um piquenique perto da água, encarando a superfície cristalina que se estendia


à nossa frente. Era bom estar novamente do lado de fora, voltar a sentir o sol na pele.

E o tempo todo, eu observava meu quarto namorado e último amante. Não porque ele
era lindo, o que ele era, mas porque eu estava tentando ler o homem por trás do nome.
Por muitos e muitos meses ele era apenas o "Briggs", aquele que estava longe,
intangível, intocável. Aquele que eu tinha visto apenas por fotos e ouvido algumas
histórias. E agora ele estava ali, todo meu, e eu finalmente poderia conhecê-lo da
maneira que eu quisesse.

Eu apenas não queria pressionar rápido demais. Não depois da noite passada, quando
as coisas já pareceram estar indo na velocidade da luz.

― Você estava chorando ontem, quando eu apareci.

Ele disse aquilo casualmente, enquanto mordia um sanduíche, olhando para algum
ponto distante. Eu forcei uma risada

― Bem, havia um homem invadindo minha casa, então...

― Não, mesmo antes disso.

Tive que parar para pensar por um momento. Tanta coisa tinha acontecido em um
período tão curto de tempo que os acontecimentos de ontem pareciam tão distantes
agora.

― Ah. Aquilo. ― De repente eu estava envergonhada. Mas então a raiva voltou e eu me


dei conta de que não tinha motivos para me sentir assim. ― Vamos apenas dizer que eu
tive uma briga com a minha sócia.

Ex-sócia, a vozinha em minha cabeça me lembrou amargamente.


― Ah, sim, Dawn ― disse ele, ainda mastigando.

Franzi a teste e me virei para encará-lo.

― Você sabe sobre a Dawn?

― Eu sei sobre tudo ― respondeu ele, dando de ombros.

Ele estava blefando, certo?

― Ah é?

― Claro ― respondeu, com naturalidade. ― Dawn Fitzpatrick, Two Trees estates. Sua
sócia por quase cinco anos agora ― ele suspirou e inclinou a cabeça. ― Vem roubando
você por quase todo esse tempo.

Um arrepio gelado percorreu todo o meu corpo. Abri a boca, mas o som custou a sair.

― Do que... do que você está falando?

― Estou falando dela tirar dinheiro da conta conjunta de vocês. Apresentar falsas
requisições e pegar o dinheiro. Roubar clientes, assinando com eles em particular, sem
que você soubesse.

Eu me sentia totalmente perdida. Como se uma bomba atômica tivesse explodido à


distância, e eu estivesse ali à espera da onda de choque.

― Ah, e ela redirecionou a maior parte do tráfego da empresa para seu próprio site
privado. ― Ele se inclinou para trás, se apoiando em seus braços. ― Um pequeno script
php que um dos amigos dela desenvolveu. Encaminhamento seletivo com base em...

― PUTA QUE PARIU!

Briggs parou de falar, respirou fundo e suspirou.

― Ela roubou todas as minhas coisas ontem! ― gritei. ― Levou tudo o que eu tinha,
esvaziou o armazém inteiro!

Ele encarou o lago por um momento e então concordou com a cabeça.

― Faz sentido. Mês passado ela abriu duas unidades de armazenamento em Woodbay.
Aposto que está tudo lá.

Eu queria gritar. E eu gritei.

― COMO VOCÊ SABE DE TUDO ISSO?

Briggs deixou escapar um longo e lento suspiro.

― Sammara, eu já disse. Eu sei sobre tudo.

Por mais impressionante que sua declaração fosse, as revelações sobre Dawn eram
ainda mais chocantes. Tudo fazia sentido agora. A forma estranha como o negócio tinha
degringolado. A maneira como ela sempre parecia ocupada, mesmo quando não tinha
nenhum trabalho a ser feito.

Aquelas duas novas pastas na mesa dela naquele dia...

― Não consigo acreditar ― suspirei. ― Eu achei... achei que éramos...

― Amigas?

Acenei.

― Não, não existia amizade ― disse. ― Dawn cobiçava você, Sammara.


Aquela era uma coisa estranha de se dizer. Eu sabia o que a palavra significava, o que
implicava, mas tinha que perguntar assim mesmo.

― Me cobiçava? De que maneira?

― De todas as maneiras ― respondeu ele. ― Ela "gostou" de você desde o começo. Só


que você nunca gostou dela. Você nunca mostrou qualquer interesse e eventualmente
ela ficou com ciúmes. E quando você mudou para cá...

― Ela ficou realmente com ciúmes ― completei.

Briggs acenou em concordância.

― Especialmente porque havia alguns de nós.

Eu devia estar parecendo uma lunática, com a mão na boca, sem conseguir acreditar
em tudo aquilo. E ainda assim, aquilo também fazia sentido. No começo, Dawn tinha me
enchido de elogios, presentes, até mesmo afeto. Ela até mesmo tinha me beijado uma
vez, em uma festa de Natal de um cliente, mas eu achei apenas que ela tinha bebido
demais e estava mais animada que o normal e...

Ela gosta de você.

Como eu podia não ter enxergado aquilo antes? Dawn era solteira. Ela nunca teve um
namorado. Mas ela tinha um monte de amigas com quem saía e...

― Meu Deus, que cretina burra que eu fui!

Briggs me deixou ruminar aquilo um pouco, enquanto tudo começava a se encaixar.


Havia muito o que processar. Ele abriu uma cerveja e a estendeu para mim.

― Eu estou com tanta raiva! ― gritei em direção ao lago. ― Não acredito que ela fez
isso comigo! Ela tomou tudo o que eu tinha! ― disse chutando o chão. ― E por quê?
Porque eu não gostava dela? Porque ela achou que eu a esnobei? Eu nem mesmo tinha
me dado conta do que diabos estava...

― E o que você pretende fazer?

A pergunta me puxou repentinamente para o momento presente. E eu me dei conta de


que estivera encarando Briggs o tempo todo.

― Fazer sobre?

― Sobre Dawn roubar você ― respondeu ele. ― Sobre ela pegar todas as suas coisas.

― Não há nada que eu possa fazer ― respondi de forma desdenhosa, como se a


pergunta me irritasse. ― Eu não posso pagar por um advogado. E eu nem mesmo posso
provar o que era ou não meu. Nenhum juiz vai sentar e analisar tudo o que temos como
coproprietárias e decidir o que é meu e o que é dela. Levaria meses. Anos.

― Então é isso?

A pergunta tinha um lado sarcástico, zombeteiro. Era como se ele estivesse tentando me
irritar intencionalmente.

― É, acho que sim ― disse dando de ombros. ― Não é como se houvesse qualquer
outra...

― Se você está tão irritada, tão indignada ― me interrompeu Briggs ― por que você
simplesmente não vai até lá e pega suas coisas de volta?

Eu o encarei de volta como se ele fosse louco. Como se ele estivesse me pedindo para
fazer algo impossível, como ir até a lua dirigindo meu jipe.
― Você está dizendo para...

― Estou dizendo para você ir pegar suas coisas. Tomá-las de volta.

Ele falava como se fosse simples. Descomplicado. Como algo que qualquer um pudesse
fazer há qualquer momento.

E não é?

― Eu... eu nem sei onde ela está mantendo as coisas.

― Você está arrumando desculpas sem nem mesmo tentar ― ele disse em resposta.

Fiquei em silêncio. Boa parte de mim sabia que ele estava certo. Eu tinha desistido fácil
demais, quase de imediato, na verdade, e me dar conta daquilo doía. Eu não era aquela
pessoa, alguém que simplesmente abandonava algo tão importante com tanta
facilidade. De repente eu me senti envergonhada.

― Por falar na noite passada ― disse, tentando mudar de assunto. ― E quanto a você?

Ele sorriu.

― O que tem eu?

― Não estou falando sobre o banho ― disse corando. ― Que foi incrível, por sinal.

― Mais do que incrível ― concordou ele.

― Estou falando sobre depois. Na cama.

Seu sorriso se tornou ainda maior.

― Da primeira ou da segunda vez?

― Não ― admiti, relembrando com carinho daquela parte da nossa pequena aventura.
― Depois disso. Depois que adormecemos.

Ele ficou em silêncio e seu sorriso desapareceu. Eu hesitei, sem jeito.

― Você... você acordou gritando.

Briggs puxou as pernas e as abraçou. Eu não precisava ser psicóloga para saber que
aquele era um gesto defensivo.

― Você teve um pesadelo?

Ele inspirou profundamente e eu observei enquanto seu peito se expandia. Ele tinha
uma forma física admirável. A maneira como ele tinha se movido na noite passada, tanto
perseguindo o invasor, quanto durante todo o percurso profundo dentro de mim... por
tanto tempo... Eu só podia imaginar o condicionamento necessário para se chegar onde
ele estava.

― Você não precisa me contar se não quiser ― disse. ― Eu... eu apenas...

Em um único movimento ele se levantou e se virou na direção da casa. Pela primeira vez
desde que nos sentamos, ele não estava mais me encarando nos olhos.

― É melhor a gente entrar ― disse. ― As equipes de trabalho devem estar chegando.


Forty-Eight

SAMMARA

As "equipes de trabalho" consistiam em uma força bilateral. Uma mistura do meu


próprio exército privado de renovação, com os homens que o Briggs apenas explicou
como sendo "leais" a ele.

O primeiro a chegar foi o eletricista. Aparentemente, a tempestade não tinha sido a


responsável pela queda de energia na noite anterior; meu suposto sequestrador tinha
cortado a energia externa da casa inteira. Aquele problema foi consertado enquanto
dois caminhões diferentes apareciam. Um para substituir as janelas quebradas da frente
e de trás, e outro para secar o chão encharcado pela chuva.

Máquinas tiveram que ser montadas, grandes desumidificadores que extraíam a água
da madeira lentamente, de modo a fazê-la ceder. Seria caro, mas valeria a pena; salvar o
piso de carvalho centenário era minha maior prioridade.

Vi dois outros veículos e ambos pareciam militares. Briggs se aproximou deles no final
da longa calçada enquanto eu ficava para trás, observando. Ele conversava com dois
homens e uma mulher, todos parecendo muito sérios e nenhum deles usando uniforme.
Mas ainda assim eles se portavam como soldados. O treinamento era óbvio até mesmo
para mim.

― Eu não imagino que você vá me contar do que se tratava? ― perguntei quando ele
finalmente se aproximou.

― É claro que vou.

― Vai? Uau, essa é uma grande mudança ― disse rindo.

― O homem de cabelo escuro e a mulher são ex-agentes das forças especiais. Colegas,
vamos dizer assim. Eles estarão monitorando a casa, vinte e quatro horas por dia, sete
dias por semanas, pelo menos até termos toda a questão envolvendo Markus resolvida.

Eu estava espantada e aliviada ao mesmo tempo.

― Eles... eles vão fazer isso?

― Claro.

― Por que?

― Porque eles são meus funcionários.

Funcionários. Aquilo simplesmente não fazia sentido. Eu sempre tive a impressão de


que Briggs trabalhava para o Exército. "Coisas do exército", como Kyle ou Ryan diriam.

― Eles vão fazer qualquer coisa se eu pedir ― adicionou ele. ― Eles me devem.
Principalmente Magdalen.

― E o outro homem? ― perguntei. ― O mais velho?

― Aquele é Arato. Nós servimos juntos. Em alguns lugares muito ruins. ― Seu olhar
pareceu distante por um momento. ― Ele é também um bom amigo. Eu pedi para ele
reunir algumas informações de inteligência. Vou precisar de tudo o possível antes de
tomar uma decisão bem informada sobre o que fazer.

Era incrível o quanto ele estava compartilhando. Diferente dos outros, Briggs estava
sendo aberto. Honesto. Não escondia absolutamente nada.

Era quase um pouco desconcertante.

― O exército não vai lidar com Markus? ― perguntei. ― Se você for até eles?

Ele acenou. ― Se eu fosse até eles.

― Mas você não vai...

― Não ― concordou ele. ― Não vou.

Passamos o resto da tarde garantindo que tudo corresse tranquilamente. Na hora em


que tudo o que estava quebrado foi consertado, e todas as bagunças foram limpas,
fomos deixados sozinhos, no mesmo momento em que a escuridão caiu. O único barulho
na casa vinha do grande desumidificador, o qual precisaria continuar funcionando por
mais um ou dois dias.

― Me deixa levar você para sair ― disse Briggs. ― Vai ser bom sair um pouco daqui.
Podemos comer alguma coisa.

Meu estômago roncou. Aquela ideia era realmente ótima.

Uma limpeza rápida e um banho mais tarde, pensando na noite passada, é claro,
estávamos indo para a cidade. Do lado de fora da casa eu não percebi ninguém
vigiando.

― Você não deve percebê-los ― respondeu Briggs quando mencionei isso a ele. ― E se
você os tivesse notado, eu teria ficado extremamente decepcionado.

― Você os demitiria? ― perguntei brincando.

― Merda, provavelmente eles mesmos se demitiriam.

Deixei que ele dirigisse e escolhesse o restaurante. Depois da noite passada, eu


realmente não queria ter que pensar. Eu só queria estar perto dele. Física e
emocionalmente.

Acabamos sentados em uma extremidade mais afastada do belo Thai Fusion grill. Briggs
começou a pedir no momento em que nos sentamos, e eles nunca pararam de trazer
pequenos pratos, quase do tamanho de amostras de carnes escaldantes e macarrão
cozido. Tudo à nossa frente estava delicioso, assim como picante. Parecia que meu novo
namorado tinha passado um tempo significativo na Tailândia. Também podia ser que eu
apenas estivesse faminta.

― Como tem sido com os rapazes até aqui? ― perguntou.

Aquela era uma pergunta estranha, considerando as circunstâncias. Como um primeiro


encontro perguntando sobre seus ex-namorados... com quem você ainda está saindo.

― É como se eu estivesse em um rio, apenas deixando a correnteza me levar


naturalmente por entre as águas ― disse, com a boca cheia de arroz de coco.

― Você definitivamente está nadando em algo ― respondeu ele rindo.

Abri a boca com indignação, fingindo que iria bater nele com as costas da minha mão.

― Não é nada demais ― Briggs disse, vendo meu rosto corado. ― Nós sabíamos que iria
ser dessa maneira. Que teríamos que compartilhar você, cada aspecto seu, tanto em
casa quanto fora.
Era insano como eles podiam fazer tudo aquilo soar de uma maneira tão casual. Como
se quatro caras namorando uma mesma mulher fosse algo que acontecesse todos os
dias.

― Quem é o seu favorito? ― ele perguntou, como quem não quer nada. ― Além de mim,
é claro.

― Você realmente acha que eu vou responder isso?

― É, você teria que ser louca ― concordou ele. ― Além disso, não acho que você
realmente tenha que escolher um favorito. Não quando você pode ter o bolo todo... e
comê-lo inteiro.

Seus olhos encontraram os meus, fazendo com que minha respiração ficasse presa em
minha garganta. Meus Deus, ele era tão lindo! Tão misterioso e gostoso... assim como
um bolo.

E fode como um monstro...

Claro que o diabinho em meu ombro não deixaria de mencionar aquela parte. Até noite
passada, eu tinha ficado quase um mês sem sexo. Eu estava excitada. Mais do que
excitada, na verdade. Eu agora estava acostumava a ter sexo quando e onde eu quisesse
e normalmente por duas ou mais pessoas ao mesmo tempo...

― Quer ir para outro lugar? ― perguntei, cruzando as pernas. Já havia um


formigamento familiar começando entre as minhas pernas.

― Você não quer pedir uma sobremesa?

― Que tal você ser a sobremesa? ― perguntei, enquanto subia meu pé por sua perna,
embaixo da mesa.

Briggs abriu um sorriso sexy.

― Recado entendido.

Eu pensei mais sobre aquilo no caminho para casa, minha mão em seu colo, lentamente
manipulando a protuberância entre suas pernas. Por mais culpada que às vezes eu me
sentisse ao fazer coisas sem Kyle, Dakota, ou Ryan... eu precisava me lembrar que
estava sendo compartilhada. Como namorada, eu pertencia a todos eles.

E eles pertenciam a mim. A monogamia entre o nosso pequeno grupo era uma
exigência, o que significava que cada um dos meus namorados só tinha uma única
parceira... eu.

Aquele único motivo já era o suficiente para eu fazer valer a pena para eles.

Por outro lado, eu tinha sorte suficiente para ter quatro. Quatro corpos fortes, quatro
paus grossos ligados a quatro homens incríveis. Eles não estavam sempre lá ao mesmo
tempo, é claro, mas quando estavam...

― Você alguma vez já recebeu um boquete no carro?

Eu desfiz a fivela de seu cinto. Baixei o zíper.

― Não posso dizer que já.

Enterrei meu rosto em seu pescoço, ainda massageando-o. Trilhando um caminho de


beijos até que meus lábios estavam contra sua orelha.

― Bem, pra tudo existe a primeira vez ― sussurrei.

Lambi meus lábios e desci sobre ele, sentindo-me incrível e poderosa, enquanto o levava
profundamente em minha garganta. Eu podia sentir ele crescendo e endurecendo em
minha boca. A mão que não estava no volante encontrou um caminho por entre meu
cabelo.

― Puta que pariu.

Eu o chupava cada vez mais forte enquanto seguíamos, usando minha mão para
masturbar a base. Mantendo meus lábios selados firmemente em torno de seu eixo
enquanto eu subia e descia. Eu me perguntava quantos quilômetros ainda faltavam. Se
eu conseguiria fazê-lo gozar ou não antes de alcançarmos a entrada.

― Sammara...

Meu nome saiu entre um assovio alto no silêncio do carro. Eu seguia subindo e
descendo meus lábios em torno de seu membro, rodando a cabeça em círculos lentos e
gentis. Quem é que gostava daquilo? Kyle? Ryan? Algum deles com certeza gostava.
Droga, era tão difícil lembrar.

Tendo quatro namorados...

Quatro amantes...

― Ou eu vou gozar ou eu vou bater.

Sua voz estava firme agora. Sufocada com luxúria... e contenção. Eu o tirei de minha
boca apenas tempo o suficiente para falar.

― Vamos fazer o possível para ser o primeiro?

Ele ri u, e um minuto depois estava despejando seu líquido quente em minha garganta.

― AHHHHHHHHHHH! Ah... Caralho!

Meu amante empurrou os quadris para cima, desesperadamente rebolando no meu


rosto. Eu o levei o mais fundo que pude, usando uma mão para bombeá-lo enquanto
massageava as bolas na outra.

Ele gozou por um longo tempo, tendo vários espasmos contra a minha língua.
Obedientemente engoli tudo, saboreando o sabor salgado e doce dele pela primeira vez.

A primeira de muitas e muitas vezes.

― Meu Deus ― ofegou. ― Você é um demônio, Sammara. Você é um tipo de súcubo ou...

― Claro, claro ― disse limpando meus lábios. Olhei para cima e estávamos prestes a
avançar pelo acostamento. ― Ei, não vá bater agora ― disse brincando, agarrando o
volante e nos colocando de volta caminho ― Seria contra produtivo.

Eventualmente acabamos chegando em casa. Deitamos um pouco na sala, assistimos


alguns programas, sem realmente prestar atenção, até Briggs de repente me pegar e
jogar sobre os ombros.

― Esse movimento é do Dakota, sabia?

― Claro, claro ― provocou ele.

Ele me carregou até sua cama, único lugar na casa onde eu nunca tinha estado e onde
ele começou a me despir e a me espalhar pela superfície fria dos lençóis. Na escuridão
da lua, ele afastou minhas coxas. Observei com admiração enquanto ele lentamente
abaixava o queixo entre minhas pernas... e depois enterrava o rosto em minha boceta
pingando.

― AHHHhhhhhhh…

Ele começou devagar. Incrível e dolorosamente lento. Primeiro ele beijou cada
centímetro quadrado da minha pele, de uma coxa à outra, me abrindo delicadamente
para plantar beijos suaves contra a parte sensível do meu pequeno centro rosa.

Eu o puxei para mais perto, mas ele não se mexeu. Tentei me levar mais em direção ao
seu rosto, mas ele só fez se afastar.

Ele estava me tomando no seu ritmo. Me saboreando delicadamente, aumentando em


toque e ritmo, em profundidade de penetração tanto com os dedos quanto com a língua.
E cada instante que passava me aproximava mais do meu limite. Cada beijo, chupada ou
lambida era um pouco mais forte, profundo ou penetrante do que o anterior.

― Me fode... ― gemi, apertando seu cabelo com tanta força que até meus dedos
doeram. ― Por favor... me faz... me faz...

Briggs continuou trabalhando em mim, deslizando sua língua para cima e para baixo.
Seus dedos eram totalmente mágicos. Eles tinham vida própria, e uma vez que
penetraram a santidade das minhas profundezas foi como se eles nunca parassem de se
mover, de vibrar dentro de mim.

― Por favor, Briggs...

Eu estava implorando. E não por qualquer coisinha. Não depois do que ele tinha me
feito passar.

― Por favor, eu te fiz gozar tão rápido! Por que você está me torturando como...

Minha frase morreu em um suspiro quando ele enfiou três dedos duros dentro de mim!
A sensação era incrível. Tão boa. Ao mesmo tempo, ele usava a ponta da língua para
estimular meu clitóris para frente e para trás, da esquerda para a direita.

― Eu... eu...

E então ele empurrou... enterrando os dedos tão profundamente, que eles rasparam
aquele ponto maravilhoso. Era o gatilho que faltava, enviando uma enxurrada de mel
quente espirrando por todo o seu rosto...

― Mmmmmmmmmmmmmmmmmmm!

Todo o meu corpo vibrava com meu orgasmo, uma sucessão de ondas, uma mais forte
do que a outra. Elas construíram uma síncope de luz branca pura, um nirvana brilhante
tão maravilhoso, tão transformador que eu quase chorei quando ele começou a me
beijar novamente.

Fizemos amor depois. Não haveria outra palavra para descrever. Eu segurei o rosto de
Briggs em minhas mãos enquanto ele estocava, beijando-o mais de um milhão de vezes
enquanto ele gentilmente se movia dentro de mim. Continuamos assim por horas. Dias.
Semanas. Ou pelo menos era o que parecia. A transa debaixo dos cobertores, foi
intensa, tão conectados quanto duas pessoas poderiam estar. E não apenas física ou
emocionalmente, mas espiritualmente também.

Eventualmente, mesmo aquela troca alcançou uma intensidade e velocidade em que eu


estava gemendo e ofegando e arranhando suas costas. Briggs gritou meu nome
novamente, dessa vez, enquanto se derramava dentro de mim e eu recebi cada
espasmo, cada jato, cada gota que ele deixava dentro de mim.

O sono veio quase instantaneamente e desta vez não acordamos para uma segunda ou
terceira rodada. A primeira foi suficiente e eu estava feliz em apenas deitar ali,
abraçada com ele e me sentindo preenchida pelo seu calor. Briggs acordou apenas uma
vez perto do amanhecer, gritando como antes, só que desta vez não tão alto ou
freneticamente. Eu o balancei com meu corpo até que seus gritos se tornaram
murmúrios, e eventualmente seus olhos se abriram para encontrar os meus.

― Briggs, está tudo bem ― sorri para ele. ― Foi apenas um sonho.
Ele me acariciou protetoramente, o cabelo me causando cócegas.

― É um sonho ― ele murmurou, meio acordado, meio dormindo. ― E por favor. Me


chame pelo meu nome.

Eu me animei, esperando, ouvindo, me perguntando se ele tinha adormecido novamente


E então:

― Me chame de Jason.

Forty-Nine

SAMMARA

Pelos dias que se seguiram, Jason e eu saudamos a primavera.

Caminhamos pelo lago, algo que eu não conseguia fazer muito antes da neve chegar. Os
caminhos e trilhas ao redor da propriedade eram muito bonitos. Eu podia ver quais
eram os mais novos, e quais tinham sido usados por décadas ou mesmo séculos.

Melhor ainda, eu aprendi mais sobre Jason Briggs. Descobri que ele era apaixonado
pelo ar livre. Ele tinha sido criado nas montanhas, e foi usado pelo Exército
principalmente para conquistar e prosperar naquele tipo de terreno.

Embora não falasse em detalhes sobre seu serviço, ele me contou uma infinidade de
histórias que me fizeram rir. A maioria sobre Kyle e Dakota e algumas poucas
envolvendo Ryan também. Tudo nele parecia real. Genuíno. Sem filtro.

E era essa parte sem filtro que eu realmente gostava.

E o melhor de tudo, ele parecia se divertir comigo. Aquela era uma fonte constante de
preocupação para mim, mesmo eu me dando tão bem com meus outros três namorados.
Ainda assim, eu temia que se de algum modo eu e o sombrio e elusivo "Briggs" não nos
déssemos bem, eu voltaria à estaca zero... de volta para a vida de solteira.

E como seria possível você voltar a um namoro normal depois de algo assim?

Aquela era uma pergunta justa. E a resposta, pelo menos por enquanto, era que eu não
achava ser possível.

Você está sendo mimada, Sammara. Tem quatro homens à sua disposição. Você não teve
que trabalhar por meses, ou pagar uma conta, ou...

Sentada na parte de trás da casa, trabalhando em meu projeto para o jardim, afastei
aquele pensamento. Aquela parte era perturbadora. Eu não tinha um plano real;
nenhum próximo passo rumo ao meu futuro a não ser passá-lo com quatro caras
incríveis que se preocupavam tanto comigo. Tanto que estavam dispostos a me dividir
um com o outro. Tanto que se ofereceram para cuidar de mim também.

Cuidar de você? Hã hã, claro.


Mais uma vez tive que concordar com a voz cínica me chamando à realidade. A última
coisa que eu queria era ser cuidada. Não, eu queria trabalhar. Trilhar meu próprio
caminho e fazer as coisas que eu amava. Para dizer aos meus namorados que por mais
que eu estivesse adorando cada um deles cada vez mais, eu não aceitaria nada grátis.

E então havia Dawn. Cada vez que ela surgia em minha mente eu dava um jeito de
afastar o pensamento. As feridas ainda estavam abertas. A destruição de nossa
sociedade ainda era muito dolorosa.

― Ei, linda! Dá uma chegadinha aqui ― chamou Jason, sua voz vindo da cozinha.

Deixei o lápis de lado e fui em sua direção, o encontrando ali de braços abertos.

Corri para ele e seu abraço afastou qualquer outro pensamento. As coisas eram assim
entre nós. De alguma maneira, apenas sentir seus braços ao redor de mim tornava tudo
melhor. E eu sabia, dormindo ao seu lado e afastando seus pesadelos, que eu fazia o
mesmo por ele.

― Você é incrível, sabia?

Eu me aconcheguei em seu peito largo e forte. Bem agora, aquele era o meu lugar
preferido no mundo.

― Ouvi dizer.

― Ah, você ouviu? Pelos outros?

Dei de ombros. Eu tinha, realmente. Não tinha porque negar.

― Por todos vocês ― respondi. ― Todos vocês fazem eu me sentir em casa aqui. Fazem
com que eu me sinta amada. Me sinta...

― No entanto, você é um pouco boa demais ― interrompeu ele. ― Tão boa que acho que
posso querer você só pra mim.

Meu corpo endureceu um pouco ao ouvir suas palavras. Ele estava com ciúmes? Ele
realmente queria dizer aquilo?

― É ― confirmou ele, como se estivesse pensando alto. ― Acho que vou manter você.
Vou levar você como uma princesa para uma bela torre de marfim, onde eu possa ter
você só para mim.

Uma risada profunda veio de trás de nós, fazendo com que eu me virasse.

― Não se eu puder evitar.

Olhei e o homem na porta da cozinha encarava Jason, que o encarava de volta, ambos
sorrindo.

― RYAN!

Jason me soltou e eu me joguei nos braços do recém-chegado. A sensação era


igualmente incrível. Talvez ainda melhor, porque ele tinha estado longe por um mês. Eu
tinha sentido falta dele! Da mesma maneira de que sentia falta dos outros! E sentir seus
braços novamente parecia tão certo. Como se ele estivesse aqui o tempo todo. Como se
nunca tivesse partido.

― Droga ― Jason riu. ― Você devia ter me deixado continuar um pouco mais. Eu queria
ver a reação dela.

Ryan riu.

― Foi mal, mas eu não conseguia esperar mais.


Ele se inclinou para me beijar e todo o meu mundo se tornou confortável e lindo. Era o
beijo de dois amantes no aeroporto. O beijo de enamorados que não se viam há muito
tempo e estavam desesperados para sentir um ao outro.

O beijo foi longo e profundo, até que o som de Jason pigarreando nos puxou novamente
para a realidade. Ryan me segurou pela cintura, meu quadril contra o seu. Eu podia
sentir o calor emanando dele E o cheiro distinto do seu corpo.

Cada um deles tem seu próprio cheiro, pensei comigo mesma. Maravilhosamente,
deliciosamente diferente.

― Valeu por tomar conta dela enquanto eu estive fora ― disse Ryan para o amigo. Sua
expressão estava séria agora. Aparentemente ele sabia.

― Ela poderia ter cuidado dela mesma ― disse Jason. ― Se você apenas tivesse
mostrado a ela como...

― Eu sei, eu sei ― acenou rapidamente. ― Eu estava apenas tentando protegê-la,


mantê-la afastada de tudo. Mas você está certo. Nós deveríamos ter ensinado a ela
como se proteger.

Jason deu um passo para a frente e de repente eu estava entre os dois. Eu me sentia
incrível, sendo abrigada pelos meus dois grandes amantes. Deslizei um braço ao redor
de cada um deles.

― Você está de volta de vez? ― perguntei esperançosamente para Ryan.

― Sim.

Meus olhos brilharam.

― Então vamos comemorar hoje à noite.

― Claro que vamos ― respondeu sorrindo.

Eu os apertei e eles me apertaram de volta. Em toda a minha vida, eu nunca tinha me


sentido mais amada, protegida Ou...

― Vocês estavam certo ― disse Jason, com alegria na voz. ― Ela é simplesmente
perfeita.

― Claro que é ― respondeu Ryan, beijando minha testa.

― Poderíamos ter executado o algoritmo um milhão de vezes ― sorriu Jason ― e nunca


teríamos encontrado uma combinação melhor.

Ao meu lado, senti Ryan enrijecer. Pelos segundos seguintes, a cozinha caiu em um
silêncio desconfortável.

― Algoritmo? ― perguntei, confusa.

― O computador ― continuou Jason, falando como se nada estivesse errado. ― O...

Ele parou de repente, encarando Ryan. Sua expressão era quase aterrorizada.

― Ah puta que pariu, você só pode estar brincando ― desdenhou. ― Achei que todos
nós estávamos na mesma página aqui!

― Algoritmo?

Repeti, olhando de um para o outro, mas era quase como se eu não estivesse presente
no ambiente. Nenhum dos dois parecia capaz de olhar para mim, seus olhos
permanecendo presos um no outro.
Nós todos nos soltamos ao mesmo tempo. Ryan encarava o chão, desconfortável. Jason
balançava a cabeça, parecendo profundamente decepcionado.

― Quer dizer que vocês nunca contaram a ela?

Fifty

KYLE

Eu sorria de orelha a orelha desde que o nome sugira em minha tela. Andando
rapidamente, fui em direção a uma barraca desocupada. Um lugar tranquilo onde eu
pudesse falar sem ninguém aparecer.

Apertei o botão e ali estava ela... brilhando intensamente na escuridão.

― Oi, baby! ― sorri.

Sammara parecia incrível como sempre, mesmo na tela pequena. Claro que eu estava
sempre feliz em ver seu rosto e ela o meu, só que dessa vez...

― Como você pode não ter me contado?

Meu coração deu uma leve parada. Algo estava errado.

― Do que você está...

― Nem ouse, Kyle! Não me insulte fingindo não saber do que eu estou falando. Jason me
contou tudo e Ryan também.

Eu podia enxergar a raiva, o rancor, o ressentimento. Eu podia lidar com tudo aquilo.

O que eu não podia lidar era a mágoa.

― Eu sinto muito ― foi tudo o que consegui dizer. ― Eu queria contar. Eu teria contado,
mas...

― Um computador? ― Sua expressão era uma mistura de descrença e indignação. Mais


indignação, na verdade. ― Você me escolheu em um computador idiota?

Um computador idiota não, eu queria dizer. O computador mais inteligente que o


governo possui.

― Você não estava no bar para encontrar alguém ― afirmou categoricamente. ― Você
estava lá por minha causa.

Acenei. Era tudo o que eu podia fazer.

― Eu achei que você tivesse levado um bolo ― continuou ela. ― Achei que você estava
encontrando alguém que tinh a respondido ao seu anúncio ridículo.

Lentamente ela pareceu se dar conta de outra coisa.


― Em algum momento você publicou aquele anúncio?

― Não ― admiti.

Do outro lado da tela, ou melhor, do outro lado do mundo, Sammara me encarou com
fúria em seus olhos.

― Bem... que merda, Kyle!

― Baby, por favor, se acalma.

― Ah não ― sorriu ela, sem muita vontade. ― Não me diga para me acalmar. Você
mentiu, Kyle. Você armou para mim e me enganou intencionalmente. Sei tudo sobre
como você estava lá por minha causa e como atrasou a pessoa que eu ia encontrar
naquela noite e como nenhum de nós dois realmente levou um bolo naquele dia.

O nó na boca do meu estômago se intensificou. Eu me sentia horrível. Eu queria contar


a ela, dizer que nada daquilo importava. Que no final tudo funcionou bem e que tudo o
que eu tinha feito era apenas para ter a certeza de que teríamos a chance de conhecê-
la.

Ela era tão perfeita. A única pessoa em todo o mundo que realmente poderia se
encaixar naquilo que estávamos propondo. E ainda assim...

― Você me deixou ir em frente ― disse. ― Todo esse tempo. Tudo entre nós, tudo
começou com uma grande mentira.

― Sammara, o que você queria que eu dissesse? ― perguntei. ― Que tipo de diálogo em
um primeiro encontro envolveria dizer a você exatamente o que tínhamos feito? ― Ela
não respondeu e eu continuei. ― Doeu quando você caiu do céu? Ou meus amigos e eu
elaboramos uma consulta personalizada e de vários níveis que acabou selecionando
você na base de dados da Agência de segurança nacional, como o anjo que você
realmente é?

Minha tentativa de leviandade falhou. Seu rosto tinha ficado duro com alguma coisa,
mas eu não sabia o que exatamente. Mas eu podia ver que ela estava lutando.

― Seria ridículo, não seria? Falando sério, você consegue imaginar qualquer cenário
onde eu pudesse contar a você o que tínhamos feito e no qual você não iria sair
correndo gritando dois minutos depois?

Ela cruzou os braços, mas continuou em silêncio.

― Sammara, você era tudo o que nós queríamos. Simplesmente tudo. A gente tinha que
tentar. Eu tinha que tentar...

Você devia ter me contado.

― Eu sei ― disse acenando.

― Talvez não naquele dia, no bar, mas no dia seguinte. Ou no caminho para a casa. Ou
durante a primeira semana, antes de todos nós...

― Eu sei ― disse novamente. ― Eu sei e você está certa. ― Eu me sentia culpado. Eu


me sentia um merda. ― A culpa foi toda minha ― admiti. ― Eu apenas... eu acho que...

― Você estava com medo ― ofereceu ela.

― Morrendo ― disse. ― Morrendo de medo de perder você.

― Eu sou muito mais forte do que você acha que eu sou, Kyle. Você devia ter me
contado. Talvez eu tivesse entendido.

― Talvez ― concordei. ― Tá vendo? Até mesmo você está dizendo isso. Talvez.
Houve um longo silêncio, enquanto nós dois encarávamos a gravidade da situação. Ela
ainda parecia irritada. Mas... mais tranquila do que antes.

Graças a Deus.

― Eu queria que você tivesse digo alguma coisa, Kyle.

― Ei ― eu disse. ― Lembra quando nos conhecemos? Eu alertei você de que você não
tinha ideia do quanto eu poderia ser perseguidor.

Ela me ignorou. ― Você poderia, sabe?

Seu rosto ainda continua uma certa tristeza. E eu me sentia mais merda ainda ao vê-la
daquele jeito.

― Eu sei...

Nos encaramos por outro longo silêncio. Eles estavam em plena luz do dia lá. Eu podia
ver a luz do sol entrando pela janela atrás dela.

― Ryan está aí agora?

― Sim.

Eu acenei.

― E como estão indo as coisas com Brigg...

― As coisas estão ótimas com Jason ― ela disse enfática. ― Estamos todos bem aqui.
Mesmo depois... de tudo o que aconteceu.

Mordi o lábio, frustrado. Eu queria tanto estar lá. Abraçá-la e fazer tudo ficar bem. E
resolver nosso problema também.

― Como está Dakota? ― perguntou ela.

Tentei sorrir.

― Ele é... Dakota.

― Certo.

― Sentimos sua falta, Sammara. Nós dois. Falamos sobre você todos os dias.

Pela tela pequena vi sua linguagem corporal mudar. Seus ombros caíram
repentinamente. Algo que estava pesando sobre ela tinha finalmente saído e eu só
esperava que fosse algo negativo.

― Eu também estou com saudades ― ela finalmente disse.

Não consegui conter o sorriso e ela quase sorriu de volta.

― Tenho que ir agora ― disse. ― Mas cuidado aí. Vocês dois. Diga para o Dakota, tá
bom?

― Sim ― respondi rapidamente. ― Eu irei.

Ela acenou novamente e olhou para baixo, para encerrar a chamada.

― Sammara... espera. Posso falar com o Briggs?

Ela olhou por sobre o ombro antes de acenar.

― Obrigado. E ei, se servir para alguma coisa...


Nos encaramos novamente e eu vi tristeza. Mas talvez um pouco de entendimento.

― Sinto muito.

― Eu também.

Houve um grande borrão de cabelos dourados, e um momento depois eu estava olhando


para a cara feia de Briggs. Apesar disso, um sorriso enorme surgiu no meu rosto. Era
bom demais vê-lo, mesmo que por uma tela pequenininha.

― Já fez nossa garota chorar o suficiente? ― perguntou.

― É, sei ― disse rolando os olhos. ― Como se você não tivesse sido aquele que pegou o
resultado na base de dados.

― Todos nós concordamos com aquilo ― disse ele, dando de ombros. ― Eu só não sabia
que vocês não iriam contar para ela.

― Esqueça isso por ora ― disse. ― Tenho novidades.

Vi os olhos de Briggs se iluminarem antes mesmo dele se inclinar para mais perto da
tela.

― E?

Olhei de um lado para o outro na escuridão e baixei a voz.

― Aquela coisa que precisávamos? Que estávamos procurando?

Ele acenou afoito.

― Sim?

― Nós conseguimos.

Fifty-One

SAMMARA

― Minha vez...

Jason me deu um tapa firme na bunda, enquanto meus amantes trocavam novamente de
posição. Eu estava deitada de barriga para baixo, as pernas ligeiramente abertas. Eles
estavam me fodendo há mais de uma hora agora. Trocando de posição sempre que um
dele estava muito perto de gozar, fazendo pausas sempre que julgavam necessário.

Quanto a mim, nunca tive qualquer pausa. Não que eu estivesse reclamando.

Já tinha perdido as contas de quantas vezes eu tinha chegado ao orgasmo, cada clímax
parecendo melhor do que o anterior. No momento, eu estava suada e entorpecida,
completamente perdida em um mar de braços fortes e abdominais duros como pedra.
Com um único pensamento em mente: gozar de novo.

Você não pode ter o suficiente...

Era verdade, eu realmente não podia. A coisa toda tinha se tornado tão quente para
mim. Tirando as questões físicas, a simples ideia de foder dois caras ao mesmo tempo
deixava minha boceta pingando. Acredito que tivesse relação c om o ego e a sensação
que vinha por estar dando prazer a dois homens ao mesmo tempo. A foda mental de ser
tão completamente dominada, de ser literalmente tomada como uma posse, de ambos os
lados.

Mas, honestamente? Eu amava o controle que exercia sobre eles também.


Especialmente naquele momento em que seus olhos se fechavam e eu podia senti-los
latejando dentro de mim.

Eram os dois lados de uma moeda incrível. O controle... e a rendição. Aquela parte era a
melhor. Eu adorava ser jogada e virada ao bel prazer deles. Arreganhada e preenchida e
então temporariamente descartada... até o próximo amante tomar seu lugar entre
minhas coxas quentes e desejosas.

― Abre, baby.

Jason me puxou pelo queixo, estendendo a mão para esfregar seu pau escorregadio por
todo o meu lábio. Soltei um gemido ao sentir meu gosto nele. Eu nunca tinha realmente
me importado com aquilo antes, mas agora tinha aprendido a gostar.

Mmmm…

Ao mesmo tempo, Ryan escorregava novamente para dentro de mim, por trás. Gemi
mais ainda enquanto ele me preenchia, segurando meu quadril com as mãos fortes,
para poder me guiar para frente e para trás contra seu corpo.

― Caralho, como eu senti falta disso ― murmurou, reduzindo a velocidade para assistir
a tudo. ― Eu realmente senti falta dessa boceta gostosa.

Ele encarava a junção de nossos corpos. Assistindo a si mesmo mergulhando dentro de


mim. Joguei meu cabelo para trás por sobre um ombro, enquanto lhe exibia meu melhor
sorriso.

― Ela também sentiu sua falta.

Ryan entrava e saía lentamente, com estocadas longas e profundas. Sua respiração
estava mais rápida agora. A cada estocada ele parecia mais quente e excitado. Eu sabia
que ele não iria durar muito.

Meu corpo se movia para frente e para trás, em um ritmo natural, uma série de
movimentos incríveis e sensuais, apenas um pouco diferente do que eu tinha com Kyle e
Dakota.

― Briggs tomou conta dela direitinho enquanto eu estive fora?

Nossos olhares se encontraram e eu sorri maliciosamente.

― Com certeza.

Quatro dias. Fazia apenas quatro dias desde que Ryan tinha voltado para casa, e nós
três já nos movíamos como uma máquina bem lubrificada. Eles me fodiam tão
constantemente que eu estava quase sempre cheia de porra. Quarto, sala de estar,
corredor... até mesmo na cozinha. Mas não importava. Meus dois namorados estavam
sempre excitados e eu eternamente molhada. E para ser honesta?

Eu provavelmente me agarrava a eles tanto quanto eles se agarravam a mim.

Naquele exato momento, o meu cérebro estava sendo dominado pelo prazer crescente
de um clímax que se aproximava rapidamente. O último tinha sido praticamente uma
experiência fora do corpo ao ponto de eu me perguntar se conseguiria lidar com ele. Ou
se eu desmaiaria em algum momento.

Mas antes...

Parei de chupar Briggs apenas o suficiente para me erguer e puxar sua cabeça para
baixo.

― Sabe aquela coisa... ― respirei ofegante em seu ouvido. ― Aquela coisa que você
queria fazer comigo?

Ele pareceu pensar por um momento, antes de acenar.

― Então, eu também quero.

Ele encarou Ryan, que aparentemente tinha ouvido. Os dois sorriram.

― Tem certeza?

― Hum hum.

Eles me viraram novamente, manipulando meu corpo com tanta força e poder que
aquilo enviou um flash de calor por minhas entranhas. Um minuto depois eu estava
sobre Ryan, montando-o com minhas mãos em seu peito, descendo em seu membro,
para tomá-lo o mais profundamente possível.

Enquanto isso, Jason tinha se posicionado atrás de mim. Seus braços deslizaram em
torno de mim, suas mãos se fechando sobre meus seios, deslizando por meus mamilos,
duros e sensíveis. Seus lábios estavam em meu ombro... pescoço...

Dupla penetração.

Tinha sido ideia do Jason. Depois de ter me tido para si próprio durante semanas, ele
tinha tomado o ato de me partilhar como um marinheiro indo para o mar.

― Inclina pra frente ― sussurrou, enterrando o rosto em meu cabelo. Eu segui seu
comando, pressionando meu corpo contra o de Ryan. ― E lembre-se... você precisa
relaxar.

Relaxar. Era para rir, certo? Especialmente considerando onde eu estava prestes a ser
penetrada.

― Vá devagar ― pedi com firmeza. ― Muito devagar.

Soltei um suspiro enquanto o sentia; a cabeça de seu pau, deslizando lentamente para
cima e para baixo pela fenda de minha bunda. Por sorte, tudo lá embaixo já estava
escorregadio e molhado.

― Calma...

Ryan me segurou firme, seu pau enterrado como uma estaca em minha boceta. Por trás,
senti uma pressão. Pressão... desconforto, quase dor.

― Você precisa relaxar ― disse Jason novamente. ― Eu vou bem devagar, confia em
mim. Mas você precisa deixar entrar.

Deixar entrar. Como se fosse fácil assim. O pau grosso de Jason no meu cu. Com Ryan já
enterrado dentro de mim...

A ideia era tão selvagem, temerária, vulgar e incrível que eu estava pensando naquilo
sem parar desde que a ideia foi jogada no ar pela primeira vez. E agora ali estava eu.
Tentando relaxar... enquanto finalmente a cabeça do pau de meu namorado entrava.
Gemendo alto enquanto ele empurrava centímetro por centímetro em minha bunda,
onde eu podia senti-lo deslizando ao longo da outra ereção aninhada confortavelmente
em minha boceta.

Ahhhh… aquela era a melhor ideia!

Parecia ainda melhor do que eu tinha imaginado! Tão incrível e indescritivelmente


sexy...

― CARALHO...

Jason movia-se com confiança, precisão e controle. Um instante depois ele estava
pressionando seu corpo ao meu, completando nossa junção.

― Caralho, puta que pariu...

Eu estava entre os dois. Meus dois orifícios deliciosamente preenchidos. Eu nunca


poderia ter imaginado, descrito, ou fantasiado aquela sensação. Mas agora que eu a
sentia...

― Me fode ― pedi, quase em um suspiro. ― Mas por favor, seja gentil.

Era graças à minha confiança neles que tínhamos chegado até ali. E meus namorados?
Eles não decepcionaram. Ryan me segurou junto a ele enquanto Jason foi primeiro,
movendo-me lentamente, testando o quanto eu poderia aguentar. O entrar e sair de seu
pau em minha bunda era tão bom, e ainda melhor pelo quão cheia eu estava tendo outra
pessoa dentro de mim.

― Você está gostando, baby?

Concordei com a cabeça, balançando meu cabelo para todo lado. Devia estar parecendo
uma juba.

― Dois caras dentro de você? Um fodendo sua boceta e o outro seu...

― SIM! ― gritei. ― Eu estou gostando. Estou amando, na verdade!

Jason acelerou um pouco o movimento, colocando as mãos sobre meus ombros, ao


mesmo tempo em que Ryan começava a empurrar embaixo de mim. Eles tinham
controle de tudo. Eu era como uma embarcação quente e indefesa, presa entre eles. A
carne gemendo e se contorcendo em um delicioso sanduíche de homens.

― A gente vai gozar exatamente assim ― sussurrou Jason, a voz pura luxúria. ― Em
você toda. Enchendo você, Sammara. Enchendo você pela frente e por trás.

― Sim... ― eu estava tão excitada que mal conseguia falar. ― SIM!

Meu orgasmo estava chegando como um trem de carga, imparável e inimaginável. Eu


estava preocupada de que ele fosse ser demais. Que as contrações do meu clímax os
apertariam tão forte que eu desmaiaria de dor, ou com a pressão, ou com a sensação
de...

― AHHHHHHHH!”

Tudo aconteceu tão rápido que eu não saberia precisar a ordem, até depois quando
todos nós voltamos de nossos clímaces. Jason gozou primeiro, enterrado tão fundo na
minha bunda, seu pau surgindo e espasmando dentro de mim, enchendo meu cu com
seu líquido quente. A sensação dele estocando fundo desencadeou o meu próprio
clímax, que me abalou tanto que permaneci vendo estrelas pelos próximos dois minutos.

Eu me lembro de minha boceta convulsionando, apertando e soltando em torno do pau


duro e latejante de Ryan. Cada onda de prazer me apagando mais e mais, inundando
meu cérebro com endorfinas, me enviando para o sétimo céu. Era como se eu estivesse
ascendendo. Elevando-me a um lugar onde existia apenas o prazer, em sua forma mais
pura e concentrada.
À medida que retornava à realidade, eu sabia que voltar àquele lugar seria a prioridade
de toda a minha vida.

Embora eu estivesse cavalgando Ryan, acordei deitada de costas. Eu estava saciada,


dolorida, eufórica e exausta. Minhas pernas ainda estavam abertas, e ao olhar para
baixo pude ver um fluxo constante de calor vazando de ambos os meus buracos...

Ryan não estava por perto. Jason, por outro lado, estava deitado ao meu lado com o
maior sorriso no rosto.

― Você quer... ― gemi. ― Eu quero...

Eu nem sabia o que estava dizendo. Eu tinha gozado tão forte que parecia que eu estava
bêbada.

― Eu estava... eu...

― Shhh ― sorriu. ― Você está delirando.

Levou outros dois minutos antes de eu conseguir ficar coerente novamente. Enquanto
isso, eu apenas desfrutei da euforia, entrando e saindo daquele lugar em minha mente.

― Eu queria que você fizesse algo por mim ― finalmente disse. Pronto. Uma frase
completa!

Jason se inclinou e me beijou, jogando uma grande perna sobre as minhas duas. Ele me
abraçou, puxando meu corpo contra o seu.

― Qualquer coisa.

Sorri e o beijei de volta. As palavras eram simples, mas poderosas. E eu sabia que eram
sinceras.

― Você ainda tem acesso a aqueles computadores? ― perguntei suavemente. ― Na...


NSA, eu acho?

Ele ergueu uma sobrancelha. Aparentemente aquela ela era última coisa que ele estava
esperando.

― Claro. Por que?

― Porque eu preciso que você consiga algo para mim ― respondi. ― Algumas
informações.

Ele pareceu confuso. Totalmente intrigado.

― Okaaaaaay.

― Na verdade ― adicionei, acariciando seu rosto sexy ― preciso de duas coisas...

Fifty-Two
SAMMARA

Minha mão tremia ao digitar o código de acesso. Três alarmes sonoros soaram em uma
sucessão rápida; por um curto momento, nada aconteceu.

E então o portão levantou...

É isso. Você está dentro

Com cuidado, guiei o caminhão pela curva apertada. Eu não estava acostumada com um
veículo tão grande. O volante virou com bastante facilidade, e eu me endireitei
enquanto o portão se fechava atrás de mim.

Não, pensei comigo mesma. Agora você está dentro.

Parei o caminhão com o coração na boca. Três fileiras de unidades de armazenamento


se estendiam diante de mim, todas com a mesma aparência. Encarei o mapa em minhas
mãos... e escolhi a do meio.

Um minuto depois ali estava eu, parada entre as unidades 356 e 357. As luzes laranja
escuro refletiam no asfalto. As grandes portas de aço ondulado pareciam bocas
escancaradas, todas em fileira.

Com o coração acelerado, peguei o alicate.

Essas coisas são suas, lembrei a mim mesma. Elas pertencem a VOCÊ.

Saí, invocando a minha coragem ou melhor, minha ira. A raiva que eu sentia de Dawn
finalmente tinha me levado até ali, parada diante de algumas unidades estranhas de
armazenamento, às duas da manhã, em algum lugar na região de Woodbay.

Cortar o cadeado foi surpreendentemente fácil. Os alicates eram os melhores. Abri as


duas portas e as encostei contra o caminhão baú antes de abrir a parte de trás do
caminhão.

Será que eu devia usar a rampa extensível?

Merda. Para ser sincera, eu não tinha muita certeza. A maioria das peças que eu queria
era pequena. Eu podia carregá-las por conta própria. Mas de novo, o caminhão era alto.
Muito mais alto do que parecia quando eu o aluguei.

Você estragou tudo, Sammara. Você realmente devia ter planejado melhor.

A raiva contra mim mesma não estava ajudando. Canalizei aquele sentimento para abrir
totalmente as portas das unidades de armazenamento, o mais silenciosamente possível.
Eu meio que esperava que as luzes se acendessem quando terminei... mas não fiquei
totalmente surpresa quando não aconteceu.

― Você é tão mão de vaca, Dawn ― suspirei, buscando por minha lanterna. ― Sempre
foi.

Apertei o botão e sorri. Ali estava. Tudo. Cada uma das peças. Vi a arca para enxoval
que meu pai tinha me dado e tive que forçar engolir o bolo que se formou em minha
garganta.

Ela tinha amontoado tudo ao acaso em vez de organizar em qualquer tipo de ordem.
Mas aquela era Dawn. Preguiça era seu nome.

Encarei minha mesa vintage favorita, as cadeiras que completavam o conjunto... Os


abajures de cristal que combinavam perfeitamente com o grande espelho oval,
encravado no canto. Alguns estavam embalados adequadamente. Mas a maioria não.
Era avassalador. Havia tanta coisa que era minha.

Você não pode levar tudo, lembrei a mim mesma. Apenas pegue as coisas sem as quais
não pode viver.

Logo coloquei as mãos na massa, pegando as peças mais essenciais primeiro. Aquelas
que eu amava e adorava até mesmo antes de conhecer Dawn, peças como a arca, que
eram inegavelmente minhas.

Depois disso, comecei a trabalhar por tamanho. Coisas pequenas, médias e


eventualmente algumas grandes. Na verdade, aquela era uma maneira muito errada de
carregar um caminhão. E dava pra ver. Na minha busca em ter certeza de conseguir o
máximo possível, eu estava rapidamente ficando sem espaço.

Talvez eu pudesse fazer duas viagens?

Não, sem chance. A unidade que eu tinha alugado era muito longe. Estaria
praticamente amanhecendo quando eu chegasse lá, descarregasse e voltasse aqui.

BANG!

― AI!

O canto do aparador antigo caiu e eu estremeci, segurando meu dedo esmagado.


Mesmo vazio ele era grande demais para eu colocar sozinha no caminhão. Franzi a testa
em frustração e dor. Eu amava aquele móvel! Mas eu teria que deixá-lo.

― Vá a merda, Dawn! ― xinguei, provavelmente pela quarta ou quinta vez. ― Sua ladra
de quinta...

Um barulho veio de fora. Um barulho alto de metal contra metal...

O portão da frente!

Congelei, tentando me fundir com as sombras da parede fria de metal. Um gesto bobo,
na verdade. Talvez eu estivesse invisível por um instante, mas não era como se eu
pudesse esconder meu caminhão gigante ou as portas abertas de duas unidades de
armazenamento.

Meu coração pulou em minha garganta quando vi o flash dos faróis. Eles estavam
iluminando a linha do meio. A minha linha!

MERDA!

O local tinha segurança? Eles estavam fazendo uma ronda de rotina? Eu não podia
acreditar que tinha esquecido de verificar aquilo. Ainda assim, era impossível para
qualquer outra pessoa estar ali. O código de acesso que Jason tinha me dado era do
gerente, a única maneira de abrir o portão durante o horário não comercial.

O barulho de um motor roncou pela fila do meio. Ouvi o barulho dos freios a ar
enquanto o veículo parava atrás do meu.

Puta merda.

Eu podia sentir a raiva tomando todo o meu corpo novamente. Aquelas eram as minhas
coisas! Eu não estava roubando nada! Talvez eu pudesse fazer quem quer que estivesse
ali entender. Talvez eu pudesse...

Dei um passo ao mesmo tempo em que vi um homem sair da cabine do caminhão. Ele
era grande. Ameaçador. Assustador, mesmo eu vendo apenas a silhueta através dos
faróis.

Uma lanterna foi acesa diretamente em meu rosto, me cegando, e me obrigando a levar
as mãos sobre os olhos.
― Aham! Você... precisa de alguma coisa, senhorita?

Fifty-Three

SAMMARA

Eu estava tremendo. Minha boca totalmente seca. Me encolhi um pouco quando a porta
do passageiro se abriu e mais uma pessoa pulou da cabine. Juntos, os dois homens
finalmente entraram em minha linha de visão... e meu coração acelerou ainda mais.

― Ryan! Jason!

Alívio, felicidade e confusão me inundaram.

― O que diabos vocês estão...

― Então você alugou um caminhão baú ― interrompeu Jason. ― E uma unidade de


armazenamento. E me pediu para conseguir um código de acesso para este lugar ― ele
sorriu, cruzando os braços. ― E então você se esgueirou até aqui, na calada da noite,
imaginando que de alguma forma nós não ouviríamos o alarme sendo desativado, e
agora age como se estivesse surpresa quando aparecemos?

Eu dei de ombros, envergonhada. Parecia bem ingênuo quando se olhava por aquela
perspectiva.

― Eu não queria incomodar vocês ― respondi. ― Ou envolvê-los em algo assim. Vocês...


vocês dois podiam acabar se metendo em encrencar!

― Que fofo ― reagiu Ryan, rindo.

― Não, estou falando sério! Se a polícia aparece agora, no fundo estamos roubando
esse lugar. Mesmo que sejam minhas coisas.

Outro estrondo, outro conjunto de faróis. Arregalei os olhos, preocupada até que um
segundo caminhão, totalmente idêntico ao de Ryan e Jason estacionou.

― Relaxa ― disse Jason. ― Eles estão conosco.

Eles?

Outros dois homens surgiram, parecendo jovens, fortes e habilidosos. Embora não
estivessem de uniforme, eu só podia presumir que ambos eram da base.

― Vamos ao mais importante ― ordenou Ryan. ― Davidson, puxe o caminhão para a


segunda unidade. Comece lá, nós vamos terminar aqui.

Um dos homens acenou secamente e os dois subiram novamente no caminhão de onde


tinham saído. Olhei de Jason para Ryan e para Jason novamente.

― Caramba ― Ryan riu. ― Olhe para você.


Eu estava empoeirada, suja, toda coberta de suor. Meu cabelo estava grudado no
pescoço pela transpiração. Eu só podia imaginar meu cheiro.

― Não vejo você suja assim desde a noite na véspera da partida de Kyle e Dakota!

Eu ri, lembrando com carinho.

― Não posso argumentar contra isso.

Era demais ver eles ali, me apoiando, me dando cobertura. Até chamando reforços, por
assim dizer, como se eu fosse um deles.

― Eu... eu agradeço a ajuda ― comecei. ― Mas vocês não precisavam fazer isso. De
verdade. Essa merda é minha. Algo que eu queria resolver por mim mesma.

Ryan, assentindo o tempo todo, segurou meu queixo.

― Isso, baby... mostra quem manda.

Jason riu enquanto colocava um par de luvas.

― Você acha que vamos deixar nossa namorada ter toda a diversão sozinha?
Arrombamento, invasão? Furto? O olhar na face de sua parceira amanhã, quando ela
aparecer aqui e encontrar ambas as unidades de armazenamento totalmente vazias?

Ambas? Vazias?

― Não, não ― disse. ― Vou levar apenas as minhas peças. E talvez metade daquelas
que compramos juntas. Com minha visão periférica, olhei para a direita, onde os outros
dois homens já estavam começando a carregar as coisas. ― Na verdade...

― Bobagem.

Era apenas uma palavra. Mas a voz de Jason era tão forte e continha um tom de
comando que não deixava espaço para argumentações, o que me deixou
instantaneamente quente.

― O que você quer dizer com bobagem?

― Quero dizer, bobagem. Você vai levar tudo.

Ryan acenou e sua expressão não dava margem para discussão.

― Tudo? Incluindo as coisas dela?

― Tudo ― disse Jason. ― Cada peça, cada unha, cada farpa de madeira deixada no
chão. Vamos esvaziar esse lugar, Sammara. Vai ser como se o Grinch tivesse passado
aqui na véspera do Natal. ― Não vai sobrar nada.

Um arrepio percorreu meu corpo. Era excitante, até mesmo emocionante vê-lo falando
daquele jeito. Vê-lo tão irritado com algo relacionado a uma pessoa que tinha ferrado
com a minh a vida.

― Mas... eu nem tenho espaço para tudo isso ― protestei. ― Eu só abri uma única
unidade de armazenamento e...

― E você já pode fechá-la ― interrompeu Ryan. ― Você tem um armazém agora.

Eu o encarei como se ele estivesse falando um idioma desconhecido. Eu não fazia a


mínima ideia sobre o que ele estava falando.

― Armazém? ― pisquei. ― Que armazém?

― O que alugamos para você, a dez minutos de casa.


Meu queixo caiu e comicamente Ryan se inclinou, fechando minha boca.

― Quinhentos e cinquenta metros quadrados, mas podemos aumentar ainda mais, à


medida que você for crescendo. Escritório na frente, exatamente como era o outro. Em
um conjunto seguro também, com segurança, portão de entrada seguro, tudo isso.

Eu estava emocionada e surpresa.

― Um lugar realmente legal ― adicionou Jason. ― Eu vi.

― Você escolheu ― disse Ryan, batendo nele com a parte de trás da mão.

― Apenas on-line ― respondeu, dando de ombros.

O ar da noite se encheu com os sons de grunhidos e gemidos enquanto os dois homens


estranhos moviam as peças mais pesadas pela rampa retrátil. Eles tinham carrinhos de
mão, algo que eu não tinha pensado.

― Vamos ― disseram meus namorados de uma vez só. ― Nada disso vai se mover
sozinho.

Nós cinco começamos a trabalhar e o tempo todo continuei pensando em Jason e Ryan.

O gesto era doce. Mais do que doce. Eles não só estavam cuidando de mim, mas fazendo
aquilo com uma eficiência rápida e vingativa. Eles cuidaram de tudo, até mesmo do
depósito! E por mais assustador que fosse aceitar tudo assim, cegamente? De alguma
maneira eu sabia que podia lidar com o contrato.

Principalmente tendo o negócio todo para mim. E todas as peças de Dawn também...

Demorou menos de uma hora, o que foi surpreendente, considerando o quanto havia.
Então estávamos de volta em nossos caminhões, eu aninhada confortavelmente entre
Jason e Ryan depois de ter dado a chave do meu próprio caminhão para um dos outros
homens.

No final, não levamos tudo. No meio de uma das unidades de armazenamento, eu deixei
uma mensagem para Dawn: uma mesa muito feia e mal pintada. Aquela tinha sido a
primeira coisa que tínhamos comprado em conjunto. Ela tinha amado a mesa e eu
odiado e ainda assim, de alguma maneira ela me convencera.

Em retrospecto, eu deveria ter visto os sinais.

― Você realmente não queria aquela mesa? ― perguntou Ryan.

― Não ― ri. ― Nem um pouco.

― Mas ela gostava dela?

― Sim.

― A gente podia ter quebrado ela ― ofereceu Jason. ― Sabe, piorar as coisas.

― Não ― sorri. ― Deixa ela ter algo para começar a se reerguer.

― Bem, isso é realmente tudo o que ela tem ― disse Jason, pressionando algo em minha
mão. Quando abri, me deparei com um pen drive. ― Aí está sua lista de clientes ― disse
ele. ― Dela também.

― Dela também?

― É ― ele riu. ― Ah, e o antigo site agora redireciona para o seu novo site também.

As surpresas continuavam chegando.

― Eu tenho um novo site?


― Sim e não ― respondeu, olhando para o relógio. ― Mas amanhã a essa hora já terá.
Temos alguém trabalhando nisso agora mesmo.

Aquilo era demais e tão incrível. Eu estava tonta, quase delirando. Beijei Jason e em
seguida virei a cabeça de Ryan para beijá-lo também. Eu o beijei por tanto tempo que
quase batemos, se Jason não tivesse segurado o volante, rindo.

― Vocês são os melhores namorados do planeta! ― gritei, na cabine do caminhão


enquanto me inclinava, acariciando cada um deles na coxa.

― Planeta? ― Riu Ryan. ― Acho que está mais para universo!

Fifty-Four

RYAN

O restaurante estava lotado. Movimentado. Todas as mesas estavam cheias e o cheiro


era incrível.

Mas nem de perto tão incrível quanto ela.

― Eu tenho uma confissão a fazer ― disse Sammara. ― Eu tenho algumas ― ela fez
uma pausa adorável ― segundas intenções ao trazer você aqui...

Ela enrolava o cabelo em um dedo enquanto falava. Ela fazia aquilo frequentemente,
normalmente quando estava nervosa ou excitada. Mas não acho que ela percebia aquilo.
O que tornava o gesto ainda mais fofo.

― Boas ou ruins?

― Depende.

― Do que?

― De como você vai se sentir a respeito.

Eu podia dizer que ela estava tentando ganhar tempo. Que o que quer que ela tivesse
prestes a me dizer era algo sobre o qual ela tinha pensado por um tempo. Mas eu não
podia imaginar que fosse algo ruim. Nada sobre ela era ruim.

― Certo, vamos ouvir sobre isso.

Ela estava deslumbrante. Talvez aquilo fizesse parte do plano. Parecer tão linda, tão
deliciosa, que eu não conseguisse manter minha mente, meus olhos ou até mesmo
minhas mãos longe dela.

Era bom estarmos em um encontro, apenas nós dois. Poder monopolizar nossa
namorada por uma noite. Além disso, ela tinha me levado a uma churrascaria, a melhor
da cidade.

Se ela estava tentando me comprar com algo, estava fazendo um excelente trabalho até
agora.

― E?

Ela ainda não tinha dito nada. E eu estava começando a ficar preocupado.

― Sammara, você pode me dizer qualquer coisa ― garanti a ela. ― Especialmente


usando esse vestido.

Ela sorriu, mas eu ainda podia ver a apreen são por trás do sorriso. Eu me inclinei,
fechando minha mão sobre a dela.

― Eu... eu queria começar dizendo que...

A garçonete se aproximou, colocando a sobremesa diante de nós, com duas colheres.


Algum tipo de bolo vulcão com caramelo salgado. Provavelmente teria que fazer mil
abdominais só para gastar metade das calorias.

No entanto, parecia valer a pena.

― Eu quero que você seja feliz ― disse por fim.

― Eu sou feliz. ― dei de ombros. ― Mais feliz do que jamais fui em toda minha vida.

― Eu sei... ― disse ela. ― Mas eu quero ter certeza de que não tenha nada... faltando.

Ela se inclinou para baixo, tirando algo da bolsa. Era uma pasta. Agora eu realmente
estava confuso.

― Isso... ― disse ela, tirando uma grande fotografia brilhante ― é uma foto da sua mãe.

Ela colocou a foto na mesa, quase em reverência. Quando eu não me movi, ela
empurrou a foto na minha direção.

― E?

Eu nem mesmo olhei para a foto. Nem sequer lhe daria a honra de um olhar rápido.

― O nome dela era...

― Eu não me importo, Sammara. O nome dela é irrelevante.

De algum modo eu joguei aquilo sobre ela. Foi rápido, sem eu nem mesmo parar para
pensar no que estava fazendo. Como um reflexo ou...

... ou um mecanismo de defesa.

Franzi o cenho. Demais para a noite perfeita.

Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ela empurrou uma segunda foto em
minha direção. Dessa vez eu estava olhando para baixo e o vi... cabelos escuros, olhos
castanhos. Barba. A linha do cabelo, o queixo... eram quase os mesmos.

Praticamente iguais aos meus.

― Gabriel Murillo ― disse ela, sem qualquer incentivo. ― Ele tem 52 anos e mora a
pouco mais de 15 quilômetros de onde você cresceu. Em...

― Que parte de tudo isso você não entendeu? ― perguntei com desdém. ― Quantas
vezes eu preciso dizer que ESTOU POUCO ME FODENDO?

Minha respiração estava acelerada. Eu odiava aquilo. Eu ficava daquele jeito sempre
que estava irritado e eu odiava ficar irritado.

Eu ficava irritado por estar irritado... o que não fazia nenhum sentido.
― Olha ― continuou ela ― eu entendo que isso machuque ou irrite você. Ou que você
realmente ache que não se importa. ― Ela pegou minha mão novamente. ― Mas
acredite em mim, Ryan. Família é importante.

Balancei a cabeça em negação. Ela não estava entendendo.

― Você é minha família, Sammara. Você, Kyle, Dakota e Briggs.

― Sim ― acenou. ― Nós somos. Mas...

― Mas nada. ― disse empurrando as fotos. ― Eu não poderia me importar menos se...

― Ryan, olha pra ele! ― gritou, segurando a foto do meu pai. ― Vocês são idênticos!
Você não quer saber como é a vida dele? O que ele faz? Como ele vive?

― Não.

― E se você tiver irmãos? ― continuou ela. ― Ou irmãs? Não seria bom poder se
conectar com eles?

Eu tinha?

Eu queria perguntar isso. De repente, eu queria saber mais do que tudo. Ela tinha tudo
ali, em sua pequena pasta. O dossiê de toda a minha vida antiga.

Não, NÃO é sua vida antiga, me corrigi rapidamente. A vida que você poderia ter...

― Se você tem irmãos, eles nunca erraram com você ― ela estava dizendo. ― Eles
nunca fizeram nada. Você poderia.

Dei um soco com o punho fechado na mesa. Mesmo sem perceber, devo ter feito com
um pouco mais de força, pois de repente todos ao redor estavam encarando.

― Quem fez isso para você? Foi o Briggs, não foi?

Ela não respondeu e aquela era toda resposta que eu precisava.

― Ele é um filha da puta ― continuei. ― Ele podia ter recusado, não importa o quanto
você tenha se empenhado para... convencê-lo.

Ela franziu a testa visivelmente. Aquele tinha sido um golpe baixo e nós dois sabíamos
disso.

― Ele deveria saber o suficiente para não se envolver nisso.

― Ryan, presta atenção ― disse ela. Toda a compaixão tinha desaparecido de sua voz.
Agora ela estava apenas séria. ― Eu nunca tive a chance de conhecer meus pais como
adulta. Essa chance me foi tirada. Tudo o que eu tenho são memórias fugazes,
momentos que ficam mais fugazes e distantes a cada ano que passa.

Ela parecia perturbada por sua própria declaração. Eu podia ver a dor ali.

Merda.

Eu queria consolá-la, acalmá-la e fazer com que ela se sentisse melhor. Dizer a ela que
tudo ficaria bem.

Mas eu não podia.

― Aqui ― disse com frieza. ― Isso é tudo o que você precisa saber. ― Sua mãe está
morta...

Houve uma pausa quando nossos olhares se encontraram. Eu não sabia daquilo e tentei
convencer a mim mesmo que não significava nada.
― Mas seu pai está vivo e você tem duas meias-irmãs. Todos eles moram no Brooklyn.

Repentinamente, ela se levantou e jogou a pasta na mesa.

― Jogue no lixo se quiser ― disse. ― E será o fim disso. Eu nunca mais falarei sobre
esse assunto, Ryan. Nunca mais. E garantirei que os outros também não o façam.

Ela derrubou o guardanapo ao pegar a bolsa.

― Mas talvez você queira ficar sentado aí sozinho por alguns minutos, considerando. No
mínimo, talvez você possa obter algumas respostas. Alguns fechamentos. Resolver a
coisa toda com paz suficiente em seu coração para que possa realmente falar sobre isso
no futuro, sem ficar todo irritado.

E então ela se virou e saiu. Eu acompanhei seu caminhar até ela sumir da minha vista,
minha mente totalmente nublada. Nenhum outro pensamento além de que seu vestido
era realmente lindo.

Você é uma filho da puta, Dunham.

Merda, meu nome nem era Dunham. Era... Murillo? Droga, eu nem sabia mais.

Levanta e vai atrás dela.

Eu queria. De verdade. Queria jogar algum dinheiro sobre a mesa, correr para fora do
restaurante e a agarrar antes que ela entrasse em algum táxi qualquer que a levasse
embora.

Mas eu não fiz. Apenas permaneci ali, pensando. Considerando... exatamente como ela
disse para eu fazer.

A pasta estava ali, do outro lado da mesa. Fechada. Intocada

Com a colher na mão, me inclinei e ataquei o bolo.

Fifty-Five

SAMMARA

A semana seguinte foi agitada, principalmente que eu estava começando do zero. Eu


tinha um novo negócio, um novo armazém, um lugar totalmente novo no mundo. Eu
tinha até mesmo um nome novo: Universal Designs. Inspirado por Ryan, é claro.

Ryan...

Ele me evitou pelos dias que se sucederam ao nosso encontro. E por mais que eu
quisesse ir até ele, dei o espaço que ele precisava. Era provável que eu tivesse
ultrapassado meus limites com ele. Que eu tivesse usado o Jason para bisbilhotar algo
que devia ter deixado intocado. Ainda assim, eu estava feliz por ter feito o que eu tinha
feito. Eu e ele compartilhamos coisas sobre as nossas infâncias. Foi apenas por esse
vínculo comum, que eu senti que poderia fazer o que fiz.
Enquanto isso, eu trabalhava. Eu tinha utilitários para configurar. Contas para abrir. Um
inventário completo para catalogar e até mesmo um site para configurar. Em poucas
palavras, meu novo negócio precisava de tudo, de cartões comerciais a cafeteira,
passando por uma placa do lado de fora. Precisava até mesmo de alguma decoração
interna, mas essa era a parte divertida.

Por volta do final da semana Ryan desapareceu. Ele tinha feito aquilo muitas vezes lá no
começo, às vezes até mesmo dormindo na base quando estava especialmente envolvido
em um projeto, e tinha voltado a fazer agora. Sua postura me chateava profundamente,
é claro. Mas quando contei a Jason tudo o que tinha acontecido, ele apenas deu de
ombros e me disse para dar um tempo a ele.

O auge da semana veio quando o número de Dawn apareceu no meu telefone. Eu estava
sentada em minha nova mesa, encarando o céu azul. Degustando a segunda xícara de
café da tarde quando finalmente atendi.

― Alô?

― Mara!

― Ah, oi Dawn! ― respondi alegremente. ― E aí?

Ela estava gritando tão alto que eu só podia entender metade do que ela estava
dizendo. Mas considerando as circunstâncias, eu podia juntar as peças.

― Você sabe muito bem como estão as coisas ― gritou. ― Você me ROUBOU! Você tirou
tudo do meu...

― O que? ― gritei fingindo surpresa. ― Você acha que eu te roubei?

― SAMMARA! NÃO SE FAÇA DE SONSA OU...

― Dawn ― interrompi simplesmente. ― Cala a boca.

O outro lado do telefone era um deserto de silêncio atordoado. Deixei o momento se


alongar por um tempinho antes de continuar.

― Eu não sei o que você quer, Dawn. Ou o que você quer dizer. Mas eu não quero ouvir
mais nada vindo de você.

Como sempre, ela me ignorou completamente.

― Você pegou tudo! ― gritou ela. ― TUDO!

― Tudo? ― eu ri, me lembrando da mesa.

― Minhas unidades de armazenamento estão vazias ― choramingou ela. ― Me diz que


não foi você! Me diz que não foi você e seus namorados e...

Eu a deixei choramingar por um tempo. A maneira como ela disse a palavra namorados,
eu praticamente pude sentir o desdém pingando pelo telefone. À sua maneira, era até
divertido. Especialmente agora que eu sabia porque ela os odiava tanto.

― Então sumiu tudo? ― perguntei inocentemente. ― Você está dizendo que entrou no
seu local e tudo tinha simplesmente sido... levado?

― SIM!

― Hummm ― respondi casualmente, tomando um gole do meu café. ― Me soa


vagamente familiar.

Desliguei, provavelmente com o maior sorriso de minha vida. Colocando os pés sobre a
mesa, respirei fundo, feliz. E então tomei outro gole do café.
O telefone voltou a tocar, uma, duas, três vezes... E cada toque me fazia sorrir mais. Por
fim acabei colocando-o no silencioso. Deixei suas ligações irem para a caixa de
mensagens até ela estar cheia e então excluí todas as mensagem sem ouvi-las.

― Vá se foder, Dawn ― disse, observando as nuvens no céu.

Fifty-Six

SAMMARA

Toc. Toc.

Era quase meia-noite, mas eu ainda estava acordada, deitada na cama, trabalhando em
meu computador. Simulando alguns layouts diferentes para o que poderia ser um mini
showroom.

― Entra, amor.

Eu não estava esperando uma segunda visita. Jason tinha estado aqui mais cedo e
depois de afastar meu computador, ele tinha sido uma distração bem prazerosa por
meia-hora. Geralmente dormíamos juntos, em sua cama ou na minha. Mas hoje eu
queria ficar acordada, adiantar algumas coisas.

― O que houve? ― perguntei por sobre o ombro. ― Não conseguiu dor...

Eu me virei e ali estava Ryan. Ainda parado ao lado da porta e vestindo seu casaco.

― Ah ― disse, tentando soar natural. ― Oi.

― Oi.

Ele continuou ali por alguns segundos a mais. O suficiente para parecer estranho.

― Entra ― incentivei ―, vem cá.

Ele fez e eu larguei a caneta que estava batendo contra os lábios para inspiração.
Merda, era realmente bom ver ele novamente.

― Quando você chegou?

― Agora mesmo ― respondeu.

― Eu me ajeitei para sentar, mas ao invés disso ele se sentou ao meu lado. A cama
afundando um pouco enquanto ele se deitava para ficar no mesmo nível que eu, até nós
dois estarmos face a face.

― Sammara, ouça. Eu queria pedir desculpas.

Meu coração derreteu. Eu estava prestes a me desculpar com ele.

― Você não tem que...


― Não ― disse ele, fazendo com que eu me calasse. ― Eu preciso. ― Quero dizer... eu
queria te contar uma coisa também. ― Ele sorriu ― Você tinha razão.

Ryan não estava apenas sorrindo; ele parecia feliz! Calmo. Contente.

Em paz.

― Eu estive com o meu pai ― contou. ― Eu fui até ele, No Brooklyn. Eu o vi o final de
semana todo e minhas irmãs também.

Meu rosto se iluminou de uma vez só. Eu estava sorrindo de orelha a orelha.

― Isso é maravilhoso!

― Sim ― disse. ― É sim.

Eu ia abrir a boca para falar novamente quando ele me beijou. Não um beijo de paixão.
Aquele foi o beijo mais doce e sincero que já recebi.

― Gabriel, meu pai, ele disse que nunca soube. Que minha mãe nunca contou a ele.

Eu levei quase um segundo para me dar conta do que ele estava dizendo. E então:

― Meu DEUS!

― É ― acenou. ― Foi surreal. Ele não fazia ideia, Sammara. Minha mãe terminou com
ele logo depois de ficar grávida e ele nunca soube. Ela tinha... problemas. ― Ele se
atrapalhou, procurando as palavras. ― Problemas com drogas.

― Você está dizendo que...

Ele acenou.

― Todo esse tempo eu tive um pai e ele teve um filho e nenhum de nós dois sabia.

Fiquei em silêncio imediatamente. Aquilo era profundo. Uma constatação difícil.

E triste também. Muito triste.

― Mas agora... ― disse. ― Graças a você...

― Não ― sorri, segurando seu rosto em minhas mão. ― Foi você quem tomou a decisão.
Você é quem merece os créditos por ter ido lá. Por tentar perdoar.

Nos demos as mãos e ele intercalou nossos dedos. Suas mãos ainda estavam frias, mas
o rosto estava quente e animado.

― E agora?

Ele hesitou, mas apenas por um momento.

― Vamos abrir alguns canais de comunicação. Ver se conseguimos construir um


relacionamento. Ver se a gente consegue se conhecer melhor. ― Ele deu de ombros,
timidamente. ― Eu sei que não é muito, mas é um começo.

Eu o acariciei tranquilamente, deixando-o saber que era um bom começo. E então sua
face ganhou vida novamente.

― Minhas irmãs são lindas, Sammara. Você precisa ver! Uma delas já está na faculdade,
estudando engenharia. Tão inteligente...

― Me mostra ― pedi sorrindo, apontando para seu telefone. ― Eu quero ver.

― Eu vou. Vou te contar tudo. Mas antes eu tenho algo para você.
Antes que eu pudesse me dar conta, ele surgiu com uma caixa embrulhada com fitas
rosa e prata. Eu estava surpresa. Não estava esperando nada daquilo.

― Abre.

Puxei as fitas e desfiz o embrulho cuidadosamente. Dentro havia um lindo diário com
capa de couro, cantos com acabamento em latão e uma caneta.

― É para você escrever suas memórias ― disse ele. ― Sobre os seus pais. Tudo o que
você se lembrar deles, cada momento, cada sentimento. Sua voz estava oscilando, cheia
de emoção. Como se ele estivesse tão emocionado quanto eu. ― Escreva tudo,
Sammara, tudo mesmo e você terá essas lembranças para sempre. ― Ele olhou para
mim e sorriu. Seus olhos estavam marejados. ― Porque família é importante.

Eu me joguei nele com tanta força que quase caímos da cama. Lágrimas escorriam por
minhas bochechas, sem qualquer obstáculo ou controle. Todas elas eram bem-vindas.

― Obrigada ― disse fungando. ― Ah Ryan...

― Espera ― disse. ― Abre primeiro.

Eu o soltei temporariamente e minhas mãos tremiam tanto que eu mal conseguia


segurar a capa. Ryan se inclinou para me ajudar e juntos abrimos o diário...

... e ali havia um pequeno número de fotografias.

Ele permaneceu em silêncio enquanto eu as pegava em minhas mãos. Eram fotos de


minha mãe. Meu pai. Minhas. Algumas eu já tinha visto antes. Mas outras...

Outras eram totalmente novas.

― Meu Deus...

Eram fotos de documentos, passaporte... Mas também fotos domésticas, tiradas por
outras pessoas. Membros da família, talvez. Algumas tiradas por minha mãe e meu pai
também. Meus pais estavam sorrindo. Rindo. Vivendo suas vidas. Em uma delas eles
seguravam minha mão.

Meu peito estava pesado enquanto eu praticamente me afogava em meus soluços,


minhas lágrimas descendo sem parar. Eu estava segurando as fotos com o braço
esticado para evitar molhá-las.

― Como você...

Ele me puxou, me pressionando contra seu peito. Me mantendo perto enquanto


encarávamos cada foto. Cada uma preciosa à sua própria maneira. Não haveria preço
no mundo que pagasse por elas.

Em um certo ponto senti ele dar de ombros.

― Briggs não é o único que tem amigos na NSA ― explicou suavemente.

Eu funguei.. Era o máximo de reconhecimento que eu era capaz de dar naquele


momento.

― Eu... eu não sei o que dizer!

― Você não tem que dizer nada ― respondeu gentilmente. ― Apenas... ficar feliz.

Continuamos ali, na cama, segurando um ao outro pelo o que pareceu séculos. E então
olhamos ao mesmo tempo e vimos Jason parado na porta.
― Vem cá ― disse sorrindo entre minhas lágrimas. ― Eu sei que eu falei que ia para a
cama com você. Só preciso de um minuto. Antes me deixa te mostrar...

― Não, não é isso ― disse ele. ― De jeito nenhum.

Ele parecia estranhamente animado. Como uma criança que invade o quarto dos pais na
manhã de Natal.

― O que foi então?

― É sobre Kyle! E Dakota!

― O que tem eles? ― perguntou Ryan.

E então Jason abriu um sorriso digno de manhãs de Natal.

― Eles estão voltando pra casa!

Fifty-Seven

SAMMARA

Ainda demorou três semanas para que eles voltassem. Um pequeno destacamento, mas
como eu descobri, não para soldados das Forças especiais. Não para os cronogramas
que eles seguiam e as coisas que faziam.

O abraço de Dakota quase me partiu ao meio, mas eu o recebi com um sorriso eufórico.
Onde quer que tenham estado, ele voltou todo bronzeado e bonito, o que fazia os
pequenos pelos loiros em seus braços se destacarem em contraste com sua pele
bronzeada. Até seu cheiro lembrava verão, praia ou algo igualmente delicioso. Ele
também apertou minha bunda com tanta força, que eu tinha certeza de que tinha
deixado um hematoma.

Quando finalmente me soltou, eu estava cara a cara com Kyle. O começo foi um pouco
estranho, até que ele me puxou para seus braços e me beijou. No fundo, eu tinha
esperanças de que as coisas acontecessem exatamente daquele jeito. Que as coisas não
ficassem estranhas entre nós depois de nossa última conversa.

― Dá uma volta comigo? ― pedi, ansiosa para conversar.

― Claro ― sorriu. ― Mais tarde.

Primeiro, os rapazes se reencontraram... e naquele momento, eu meio que fiquei de


lado. Fazia muito tempo que os quatro não se reuniam, todos juntos. Eles precisavam de
um tempo para conversar, compartilhar histórias e bater nas costas e costelas uns dos
outros com suas piadas internas e falar sobre onde tinham estado e o que tinham feito.
Ainda assim, eles estavam constantemente me procurando, abrindo os braços para me
acolher em seu pequeno círculo ou quadrado e, comigo, formávamos um pentágono, eu
acho.

― A casa parece incrível! ― exclamou Dakota, andando e olhando ao redor. Não


demorou para que Ryan e Jason estivessem ao lado dele, mostrando tanto a Dakota
quanto a Kyle o que eles tinham perdido.

Corei diante de todos os elogios no final. A casa realmente parecia espetacular. Tudo
estava finalmente tomando forma, todo o trabalho duro com os empreiteiros e
subcontratados estava finalmente valendo a pena. Sem falar no dinheiro. Estremeci ao
pensar no quanto foi gasto para trazer de volta a velha mansão Vitoriana à sua antiga
glória. Mas no fim, tinha valido a pena.

― Fiquei sabendo que você tem uma nova empresa? ― me perguntou Kyle.

Acenei, corando um pouco mais.

― Precisamos conhecer ― adicionou ele. ― Logo.

Eu mal podia esperar para levá-los ao novo espaço. A Universal Designs já tinha alguns
clientes, a maioria dos quais eu tinha salvo de nossa antiga empresa. Mas
honestamente? Havia alguns novos também. O site estava trazendo um tráfego
surpreendente, e sem Dawn para fazer desfalques ou para redirecionar contatos das
redes sociais, as coisas tinham decolado muito rapidamente.

Eu tinha até mesmo uma nova assistente, uma jovem especialista em marketing
chamada Cindy. Uma pessoa dedicada não apenas ao design, mas também a mim.

Os rapazes passaram a maior parte do dia fazendo nada, até que a fome bateu e
resolvemos fazer um churrasco. Como sempre, Dakota assumiu a churrasqueira. Ryan e
Jason estavam atualizando-o sobre o que ele tinha perdido e nquanto estivera fora,
quando senti um puxão suave em meu braço.

― Vem ― chamou Kyle, sorrindo. ― Vamos dar aquela volta.

Normalmente caminhávamos pelo lago, mas agora eu já conhecia algumas novas trilhas
pela floresta. Eu o levei por um daqueles caminhos, um que levava a uma pequena, mas
bela e isolada clareira onde o sol ainda brilhava.

Assim que chegamos Kyle segurou minha mão me puxando para si e me beijando
novamente, trazendo de volta antigos sentimentos e emoções. Me fazendo lembrar do
quanto eu realmente tinha aprendido a amar ele.

― Esse lugar me lembra nosso primeiro passeio ― disse ele. ― No parque.

Eu sorri, enquanto o sol iluminava cada curva de seu belo rosto barbado.

― Sem banco dessa vez ― respondi.

― Eu poderia construir um ― disse dando de ombros. ― Apenas para nós dois.

Eu acenei animada.

― Podemos construir muitas coisas.

― Hum hum.

Um momento de silêncio pacífico passou, nos dizendo que tudo ficaria bem. Ainda
assim, a gente precisava conversar. Eu precisava tirar o elefante branco da sala.

― Escuta ― disse finalmente. ― Eu... eu não estou brava. Não mais.

Ele balançou a cabeça.

― Você tem todo o direito de ainda estar brava. O que eu fiz foi desleal. Dissimulado. Eu
devia ter sido mais honesto.

Segurei seu rosto em minhas mãos, o calor da pele era tranquilizador.


― Kyle, para. Me deixa terminar.

Puxei o ar profundamente, o cheiro perfumado dos pinheiros era incrível. Em algum


lugar distante eu podia ouvir um pássaro cantando.

― Quanto mais eu penso, mais eu consigo ver porque você não me contou. Na verdade,
você não poderia ter me contado. Não sem me fazer sair correndo.

Ele acenou, mas não disse nada. Felizmente.

― Acho que eu fiquei um pouco chocada, foi só isso. Eu achava que nosso encontro
tinha sido natural. Que nossa conexão fosse natural.

― Mas foi ― ele respondeu rapidamente. ― Sammara, eu nunca me senti tão conectado
a alguém tão rapidamente. Confie em mim, eu não poderia fingir isso! Nem se eu
quisesse.

― Eu sei ― disse acenando.

― E sim, talvez tenhamos tido a ajuda de um computador. Mas e daí? Ele escolheu você,
Sammara! Entre todas as pessoas no mundo todo que ele poderia ter escolhido, ele
escolheu você. Para mim. Para nós.

Nós dois estávamos sorrindo agora, reconhecendo o quanto tudo aquilo era bobo. Ao
pensar no que passara, não fazia diferença se o parceiro vinha de um aplicativo de
namoro ou um site de perfis. Na verdade, tudo se resumia a selecionar os traços que
atraíam você, os interesses em comum... A única diferença é que, naquele caso, eu não
sabia que estava sendo selecionada.

E claro, eu não fazia ideia de que seriam quatro homens no lugar de um.

― Ryan esteve irritado comigo por algo, não faz muito tempo ― disse sombriamente. ―
E eu não gostei. Eu odiei cada minuto...

Peguei sua mão e coloquei em meu rosto. Kyle começou a acariciar minha bochecha,
como sempre fazia. Com o toque suave de alguém tão forte e poderoso e incrivelmente
bonito, ele geralmente deixava meus joelhos fracos.

― Eu não quero estar brava com você ― continuei. ― E sinto muito se eu estive. Eu
estava um pouco chocada, foi só isso. E mesmo isso, foi apenas por um tempo.

Kyle sorriu, suas íris cinzentas brilhando intensamente.

― Eu é que peço desculpas ― disse. ― Me perdoa se eu magoei você, mesmo que por
um instante. Por um dia, uma hora ou um minuto. Porque eu não quero que isso
aconteça nunca, nunca mais.

Meu coração tremulava enquanto ele se inclinava, esfregando os lábios contra os meus.
Eu fui beijá-lo, mas ele me parou, mordiscando meu lábio. Se certificando de que eu
estava olhando diretamente em seus olhos, de modo que eu entendesse tudo
completamente.

― Eu gostaria de compensar você ― disse com um toque de mistério na voz.

Eu sorri.

― Ah é?

Rapidamente ele assumiu o controle. Seu corpo avançou graciosamente, me


desequilibrando, empurrando-me para trás até eu estar apoiada contra a casca de
algum pinheiro antigo e macio. Sem ter para onde ir, eu estava presa contra ele. Presa
contra seu corpo rígido e esculpido. Eu podia sentir seu peito contra o meu. Sua virilha,
suas pernas, se moldando contra mim, me pressionando na árvore.
― É ― rosnou de modo sexy. ― Eu vou compensar você.

Suas mãos deslizaram para baixo, passando pela minha cintura, ao longo das minhas
coxas.

― E vai...

Elas escorregaram por sob minha saia, levantando-a enquanto ele se ajoelhava, olhando
para mim.

― ... ser...

Ele tirou minha calcinha e eu senti uma rajada de vento contra minhas pernas. Ofeguei
com um arrepio de prazer enquanto sua boca se fechava sobre mim.

― ... agora.

Fifty-Eight

SAMMARA

A caminhada de volta para casa pareceu um pouco mais longa. Pode ser porque Kyle e
eu estávamos apenas aproveitando nosso tempo. Sorrindo, rindo, aproveitando a
floresta, enquanto andávamos por ela de mãos dadas.

Ou talvez porque minhas pernas ainda estavam trêmulas do orgasmo monstruoso que
ele tinha acabado de me dar.

Mas de qualquer modo, eu estava feliz. Feliz por ter ele em casa. Feliz por ter todos os
meus rapazes em casa, de uma vez só, pela primeira vez.

E você vai conseguir tomar conta de todos eles, Sammara?

Não era a primeira vez que eu me fazia aquela pergunta. Mas agora eles estavam em
casa. Agora era real. Agora eu era a pessoa responsável pelas necessidades emocionais
e físicas de quatro, e pensar naquilo era um pouco assustador.

Você sabia que este dia ia chegar.

Era verdade. Eu não podia argumentar.

E ainda assim você quis isso.

Eu quis. E como eu quis. Agora eu admitia aquilo para mim mesma total e
completamente. Sem reservas. Sem desculpas.

Suspirei contente e apertei a mão de Kyle. Eu adorava que tudo tinha começado com
ele. E continuado com Dakota, tão grande, doce e atencioso, como um ursinho gigante...
um ursinho que poderia quebrar seu pescoço, mas ainda assim um ursinho.

Ryan e eu tínhamos uma conexão especial, uma experiência compartilhada que nos unia
nos níveis mais básicos. O que eu mais amava nele era sua paixão e intensidade. Quanto
mais nos aproximávamos, cada faceta de sua personalidade parecia mais profunda do
que a anterior.

Por fim, eu amava a franqueza de Jason... mesmo ainda mantendo algo escuro e sombrio
dentro dele. Na maioria das vezes ele me tratava como um igual, mas eu sempre me
sentia possuída por ele na cama. Usada de maneiras que me faziam sentir
deliciosamente dominada. Totalmente livre.

Eu tinha tudo o que queria. Um grande e brilhante armazém para acompanhar o meu
próspero novo negócio. Um lugar maravilhoso e magnífico para morar. Quatro
namorados incríveis; cada um mais forte, protetor, amoroso e lindo do que o outro.

E sim, uma vida sexual pela qual eu seria capaz de morrer. Literalmente. Na verdade,
eu poderia morrer de sexo se não tomasse cuidado.

E quem quer tomar cuidado?

Eu pensava em tudo aquilo enquanto ressurgíamos de um dos cantos da floresta. A


comida já deveria estar pronta há um tempo. Os outros já deveriam estar comendo na
mesa do lado de fora, sob a grande macieira.

Mas não estavam.

A mesa estava vazia. Assim como todo o quintal. Não havia nenhum sinal de Dakota,
Ryan ou Jason.

Talvez eles tenham decidido comer dentro de casa?

Fazia sentido. As portas do fundo estavam abertas. Mas a churrasqueira...

Havia fumaça branca para todo lado. Como se o fogo estivesse sem controle. Como se
algo tivesse sido deixado...

― Sammara...

A voz de Kyle quase não podia ser ouvida, nada mais que um sussurro no vento. Eu
congelei no lugar ao sentir sua mão firme em meu ombro.

― Se esconde. AGORA.

Eu me virei... e ele já tinha ido. No tempo que eu levei para me virar ele deslizou por
entre as árvores e desapareceu completamente de vista.

Meu sangue gelou. Eu estava agachada no caminho, sem saber o que fazer. Para onde ir,
onde me esconder ou...

ZUUUMMM!

Eu gritei quando algo saiu da floresta à minha esquerda. Um homem, ou melhor, dois
homens bateram no chão com tanta força que deviam estar a toda a velocidade. Ou
correndo. Ou lutando...

Kyle!

Eu podia vê-lo na grama agora, rolando, se movendo, ambos os braços enrolados em


torno de um grande homem careca, com uma barba vermelha espessa. Gritei
novamente, mais alto desta vez, quando o homem socou Kyle com força na cara com o
punho fechado.

Faça alguma coisa.


Eu estava surtando! Eles estavam se movendo tão rápido, lutando e trocando de lugar
tão depressa que eu não sabia onde intervir. Kyle estava em cima... e então o homem de
barba vermelha... e então Kyle novamente. Olhei para a casa, na esperança de ver algo.
Esperando ver Dakota, Ryan ou Jason vindo em nossa aju...

Mas não vi nada. Ninguém. Apenas a churrasqueira e a fumaça branca se tornando


cinza agora. As chamas estavam altas enquanto o que quer que ainda estivesse nela
permanecia sem vigilância. Elas pareciam cada vez maiores e mais perigosas.
Crepitando alto...

― KYLE!

Se ele me ouviu, não respondeu. Ou não pôde responder, não com as mãos do homem
fechadas contra sua garganta.

SAMMARA!

Minha mente gritava, me mandando agir. Meu primeiro impulso era me jogar contra
aquele homem. Agarrar seu rosto, bater meus punhos contra suas costas, qualquer
coisa para fazê-lo soltar Kyle! Mas então eu a vi. Jogada na grama, elegante, escura e
parecendo mortal.

Corri e peguei a arma. Não era a mesma pistola que Jason tinha me ensinado a atirar,
mas era bastante similar.

― SOLTA ELE AGORA! ― gritei.

Nenhum dos homens respondeu. Eles continuaram lutando e se contorcendo, cada um


trabalhando para ganhar uma vantagem sobre o outro. Puxei a corrediça para trás,
inclinando a câmara e coloquei a trava de segurança na posição OFF com um clique
satisfatório.

PUM! PUM! PUM!

Dei três tiros nítidos para o ar. Os dois homens pararam imediatamente e se viraram
para mim, com expressões igualmente chocadas, enquanto eu baixava o braço.

― Eu disse para soltar ele! ― rosnei, nivelando minha arma na direção do homem
careca de barba vermelha.

Ele hesitou por um instante... e então ergueu as mãos. Seus olhos estavam fixos nos
meus. Ele devia ter visto algo que não gostou, algo que disse a ele que eu não estava
para brincadeiras. Resumindo, ele acreditou em mim.

Ele era esperto o bastante para acreditar.

― Sammara!

Kyle estava parado ao meu lado agora, totalmente sem ar. Sua mão estava estendida na
minha direção esperando que eu lhe entregasse a arma.

Certo, claro.

― Vá buscar os outros ― ordenei. Eu tinha minha arma apontada diretamente para o


centro do corpo de seu agressor. Meu dedo estava no gatilho, pronto para atirar ao
menor movimento que ele fizesse. ― VOCÊ ― ordenei ao homem. ― De joelhos, agora.

Eu não podia ver a expressão no rosto de Kyle, mas podia imaginar que devia ser
impagável.

De repente, pude ouvir outro som; botas correndo pelo chão duro do caminho. Dei um
longo suspiro de alívio ao ver Dakota e Ryan surgindo em meu campo de visão. Seus
rostos estavam vermelho, seus corpos arfando, como se eles tivessem corrido toda a
volta do lago. E talvez tivessem.
― Ouvimos os tiros! ― disse Dakota, soltando o ar. ― Vocês estão bem?

Ele olhou de Kyle para mim e então de volta para Kyle. Ryan riu.

― Talvez você devesse perguntar se ele está bem ― disse, apontando para baixo.

Dakota torceu os braços do homem atrás das costas e o levantou, com a ajuda de Ryan.

― Onde está Jason? ― perguntei, olhando ao redor. Kyle se levantou e colocou as mãos
sobre as minhas, cautelosamente. Só então percebi que eu ainda não tinha baixado a
arma.

― De volta em casa ― disse Dakota. Ele olhou por cima do ombro para nós, depois
puxou a cabeça do prisioneiro. ― Esse aqui deve ser o último.

Kyle parecia confuso.

― O último...

― Venham.

Juntos, eles nos levaram de volta para a casa, empurrando nosso novo convidado à
nossa frente. O churrasco estava totalmente perdido; fumaça preta e fuligem estavam
praticamente em toda parte. Ryan estendeu a mão e apagou o que restava do fogo ao
passar, sem queimar os dedos.

― Me deem um número ― disse Kyle. ― Quantos eram?

― Sete ― disse Dakota friamente.

― Sete? ― Eu parei de andar. ― Sete!

― Não se preocupe ― disse Dakota. Ele olhou para nós e piscou. ― Não é tão ruim
como parece.

Fifty-Nine

SAMMARA

De volta à casa, a cozinha estava uma bagunça de novo. Havia pegadas para todo lado.
Sujeira. Destroços. Vidro...

― Briggs! ― chamou Dakota.

― Aqui atrás!

Mais uma vez ele empurrou o prisioneiro para a frente, desta vez em direção ao salão. O
homem tropeçou sem jeito, quase caindo de cara no chão. Com os braços presos atrás
das costas, tive visões terríveis dele raspando os dentes pelo chão de parquet.

― Você está com ela? ― pude ouvir a voz de Jason perguntando. ― Murphy também?
Todo mundo está bem?

― Todo mundo está bem ― garanti, entrando na grande sala. E então eu parei.

Havia umas dez pessoas ou mais ali, incluindo os dois homens e a mulher que
trabalhavam para Jason como seguranças da casa. Mas havia outras pessoas também.
Outras pessoas armadas.

Aquilo me assustou em um primeiro momento... mas então me dei conta de que


nenhuma das armas estava apontada para Jason Briggs.

― Finalmente ― disse Ryan. Ele deu um tapa no homem localizado no centro da sala, o
único sentado. O único amarrado a uma cadeira. ― Olha quem a luz do sol trouxe?

― Parece mais que a luz do sol arrastou ele ― disse Dakota. ― Assim como esse babaca
aqui.

Ele deu um chute, fazendo com que o homem de barba vermelha caísse ao lado do
outro, amarrado. O homem na cadeira tinha os braços presos atrás, em suas costas. Eu
podia ver agora que seus pulsos tinham sido amarrados.

― O que...

Eu ainda não fazia ideia do que estava acontecendo. E aquilo estava começando a me
deixar com medo.

― Jason, quem...

― Diga oi para Markus Ladrone ― começou ele, chutando forte a cadeira. ― Soldado,
camarada, irmão de armas. A princípios os nomes soaram bons para mim. Mas
enquanto Jason rodeava o homem na cadeira, sua expressão mudou. ― Mas também
mentiroso, traidor, ladrão.

O homem rosnou, mas não disse nada. Ele tinha uma aparência bruta, com cabelos
escuros e oleosos e um rosto desonesto. Talvez algum dia ele tivesse sido bonito e tido
um corpo definido. Infelizmente para ele, tais dias tinham ficado no passado.

― E nem para ser um bom ladrão ― riu Kyle atrás de mim.

― E nem mesmo um bom mentiroso ― disse um dos outros homens.

Eu olhei para cada um dos homens ali presentes. Muitas das pessoas no pequeno
semicírculo estavam vestidas como o homem que tinha atacado Kyle. Eles não tinham
suas armas, mas não tinham sido treinados por nenhum de meus namorados. Eles
tinham sido treinados no submundo... junto ao inimigo.

― Markus é o comandante do Di Spatia ― continuou Jason. ― Aquela que um dia já foi a


principal companhia de mercenários. ― Ele se inclinou para baixo, a té ficar face a face
com o homem. ― Ou devo dizer, ex-comandante...

O homem grunhiu mais alto em resposta. Ele tinha um corte no queixo, todo escuro e
vermelho de sangue. Fora isso, ele não parecia muito mal. Embora parecesse... bem...
irritado.

― Lealdade, Markus ― disse Jason. ― Fidelidade. Obediência. Essa é a única coisa que
você nunca teve, a única lição que nunca aprendeu. ― Ele apontou com o queixo. ― Seu
pessoal é meu pessoal agora. Seus homens são meus homens. Tudo por causa da sua
traição. Tudo por causa da maneira como você os tratou.

Alguns dos homens parados na sala acenaram. Mas todos eles pareciam desconfortáveis
de alguma maneira.

― Esse aqui até tentou se manter leal a você até o fim ― continuou Jason, cutucando o
homem de barba vermelha. ― Embora eu não saiba porquê. Você obviamente não o
merece. Você não merece nenhum desses homens.

Jason fez um movimento e o homem de barba vermelha se levantou. Os dois trocaram


um rápido olhar. Fosse o que fosse, havia entendimento ali.

― Talvez eu tenha um lugar para ele também ― disse Jason, dando de ombros. ― Isso é,
se ele for bom.

― Ele deu trabalho ao Kyle ― brincou Ryan.

O homem se firmou, quase em uma saudação. E Kyle apenas balançou a cabeça.

― O ponto é, todo mundo sabe o que você fez ― continuou Jason. ― Todo mundo viu os
arquivos, os dados, as requisições, as transferências de dinheiro. Todo mundo, exceto
quem realmente importa: o velho em bom Tio Sam.

Markus ainda não tinha dito uma palavra, mas sua linguagem corporal gritava. Eu podia
ver ele se encolhendo cada vez mais. Descendo tanto em sua cadeira, que quase poderia
alcançar o chão.

― Pior ainda, temos cópias. Todos nós. ― Ele se virou para Kyle. ― Você tem cópias, não
tem Murph?

― Positivo.

― Dunham? ― Bradley?

Ryan acenou em concordância. Dakota ergueu um pequeno objeto preto, um pen drivre.

― Afirmativo.

― Viu? ― disse Jason. ― Não é ótimo?

Ele acenou com a cabeça para Ryan. Eu o vi se aproximar, agarrar Markus Ladrone pelo
cabelo e puxar a cabeça do homem para trás.

― Todo mundo aqui tem uma cópia ― rosnou. ― Eu quero que você pense nisso. Todos
nós temos. Qualquer um de nós pode divulgar essas informações em um piscar de olhos.

Markus tentou baixar a cabeça, Mas Ryan o sacudiu com força, puxando-o para cima até
que estivessem se encarando olho no olho.

― Mexa com apenas um de nós? ― Ryan balançou a cabeça lentamente. ― E você


estará mexendo com todos nós. Lembre--se, Markus, basta um só. O que significa que
você terá que pegar todos nós no exato mesmo momento... ― sua boca se abriu em um
sorriso letal. ― Ou não terá nos pego.

Ryan o soltou. E a cabeça de Markus caiu como se ele estivesse girando. Não havia
desafio agora, apenas derrota.

― Ou...

― Ele se animou um pouco. Chegou até mesmo a levantar os olhos.

― Ou você pode ir embora ― disse Kyle, dando um passo à frente. ― Deixar a


companhia nas mãos dos Briggs e se aposentar imediatamente.

― Aposentar-se completamente ― acrescentou Dakota. Seu tom era sombrio. ― Sem


olhar para trás. Nunca.

Eu não conseguia entender tudo o que estava acontecendo, mas eu sabia o suficiente
para entender o significado. Eu estava vendo o final de uma batalha muito longa e muito
complicada. Eu estava observando os vencedores, que felizmente eram os meus
namorados, e também os vencidos.
― Você faz tudo isso ― suspirou Jason ― e pode manter o que tem agora. Menos as
contas da companhia, é claro. Essas pertencem a nós a partir deste momento. ― Ele
olhou ao redor. ― A todos nós.

A sala inteira ficou em silêncio por um instante. Era surreal, na verdade. Uma dúzia de
homens adultos, com espingardas de ponta... de pé em uma sala de jantar de duzentos
anos de idade, onde homens e mulheres um dia comeram faisão abatido por mosquetes.

De longe, aquele era provavelmente o encontro mais estranho presenciado por aquela
casa. Mais do que estranho, para ser honesta.

Mas ao mesmo tempo era emocionante.

Markus finalmente mostrou algum sinal de vida. Ele cuspiu, limpou a garganta e
levantou a cabeça sozinho.

― E quanto...?

― NÃO ― disse Kyle friamente. Sua expressão extremamente séria. ― NADA mais.

Eu vi um flash de aço quando Jason desembainhou sua faca. Prendi a respiração vendo
ele levar a arma até a garganta do capitão mercenário e a segurá-la ali.

― Lembre-se ― rosnou, alto o suficiente para todo mundo ouvir. ― Nós sempre
conseguimos encontrar você, Markus. Deixe pra lá agora e este é o fim disso. Você volta
para a Áustria ou para sua casa em Fiji. Ou qualquer um dos outros buracos
degradantes que tenha conseguido cavar para si mesmo.

Markus se inclinou para trás, se afastando da faca. Eu podia ver a linha afiada,
pressionada firmemente na carne de seu pescoço. Eu esperava que ela começasse a
sangrar a qualquer momento.

― Mas faça um único movimento em direção a qualquer uma das pessoas nesta sala...
― Jason fez um movimento circular com o dedo. ― Qualquer um deles... ― o homem se
inclinou ainda mais, enquanto Jason voltava a empurrar a faca. ― E Bradley colocará
uma bala em seu coração sem nem mesmo chegar perto de você.

De longe, Dakota apenas assentiu com a cabeça.

― E então, não importará o quanto de corrupção sua entregarmos ao governo dos


Estados Unidos.

Markus encolheu quando a mão de Jason caiu de repente, o segurando por trás. Jason
puxou o ombro do homem com força e cortou os laços.

O homem levantou-se lentamente, seu rosto congelado em uma careta eterna. Ele
encarou com ódio o resto de sua companhia, ou melhor, a companhia de Jason agora,
encontrando cada um de seus homens olho no olho. Eu podia sentir o desdém enquanto
ele os encarava. Praguejando baixinho pelo o que ele via como a derradeira traição.

― VÁ ― estimulou Ryan, acenando na direção da saída.

Por fim, ele foi. Lentamente. Massageando os pulsos.

― E lembre-se, Markus... ― disse Kyle.

Ele se virou, olhando para trás.

― Você não existe mais.


Sixty

DAKOTA

Sua boca tinha um gosto doce, como bala de melancia ou chiclete de morango. Ou o que
quer que ela tivesse comido antes de eu agarrá-la e a colocar no meu colo, onde sonhei
em tê-la por todos aqueles meses.

― Desculpa, baby ― murmurei, segurando seu lindo rosto de porcelana. Eu beijei cada
centímetro dele antes de me afundar novamente em seus lábios.

― Por que? ― perguntou, sem fôlego.

― Por você ter passado por tudo aquilo ― respirei fundo, e o cheiro de melancia me
tomou inteiramente. ― Não foi certo. Foi... foi como se trouxéssemos trabalho para
casa. ― Parei por um instante, me virando. ― E eu odeio pensar que colocamos você em
perigo.

Os dedos de Sammara acariciaram meu queixo enquanto ela virava meu rosto de volta
para encará-la. Seus olhos azuis brilharam, maravilhosamente cheios de vida e desejo.

― Bem, com quatro namorados do exército, grandes e fortes? ― sussurrou suavemente


em meu ouvido. Contorcendo-se no meu colo, ela fechou a mão sobre a minha
protuberância e apertou. ― Eu sei que isso vem com o pacote.

Eu sorri e a beijei um pouco mais, levando minha língua de volta à doçura de sua boca.
Já estávamos nos beijando a uma meia-hora. E ainda assim estava longe de ser o
suficiente.

― Acabou agora, não acabou? ― perguntou suavemente.

― Sim.

― Agora somos só nós, certo? Me diz que somos só nós.

― Somos só nós ― respondi. ― Apenas nós cinco.

A boca da Sammara fechou-se sobre o meu pescoço. Eu podia sentir sua língua,
beijando, lambendo, chupando...

― Graças a Deus.

A sala ainda estava vazia e silenciosa, e me dei conta de que os caras estavam me dando
meu momento com ela. Era bom ter ela só para mim. Mantendo-a em meu colo,
provocando-me contra a inevitabilidade do que aconteceria a seguir.

― Apenas eu e meus namorados grandes e fortes... ― provocou ela. Ela estava me


acariciando abertamente agora. Descendo meu zíper com sua mão livre. ― Uau... Muito
grande...

Ela tirou minha camisa e começou a beijar meu peito nu. Eu podia sentir seu cabelo
fazendo cócegas na minha pele. Seus lábios apertados juntos. Sua língua deixando um
rastro molhado ao redor de meus mamilos...

― Senti saudades ― murmurou em meu peito.


― Nem metade do tanto que...

Ela me fez calar com um dedo contra meus lábios.

― Eu senti saudades do meu grande e forte ursinho...

Suas unhas pintadas percorriam meu peito, provocando arrepios por onde passavam.
Era incrível o efeito que ela podia ter sobre mim. A rapidez com que eu me derretia,
mesmo sob o seu menor toque.

― Ei!

Eu olhei para cima e Kyle estava parado na porta. Lá se ia a solidão.

― Só queria dizer que o Briggs levou os outros para limpar qualquer vestígio. Ryan foi
junto. Eles podem ficar fora até amanhã.

Sammara, nem tomou conhecimento do que estava acontecendo. Ela não parou ou olhou
para trás ou para cima. Ela apenas continuou...

― Estarei na cozinha ― disse Kyle, me dando um sorriso cúmplice. ― Estou faminto.


Talvez eu faça algo para vocês dois também. Você sabe, para quando vocês tiverem...
terminado.

Levei minha mão direita aos cabelos de Sammara, deixando meus dedos encontrarem
seu caminho entre eles. Eles eram tão macios e maravilhosos quanto eu me lembrava.

― Cara...

Kyle se virou, quando estava prestes a sair. Eu apenas fiz um gesto para que ele
entrasse.

― Ela tem vários orifícios, lembra?

Seu rosto se iluminou, de repente parecendo dez vezes mais feliz.

― Tem certeza?

― Claro.

Meu short caiu e a boca de Sammara se fechou sobre mim enquanto eu abria minhas
pernas. Inclinando-me ainda mais para trás, na suavidade do sofá, eu sabia que ela
tinha me ouvido. E isso porque agora ela balançava a bunda para todos os lados.

Kyle entrou na sala, tirando as roupas enquanto se aproximava. Eu tive que rir enquanto
nossa namorada continuava me chupando, só que agora ela estava empurrando a bunda
para cima e balançando-a para frente e para trás sedutoramente na direção de Kyle.

― Valeu ― meu irmão disse, afundando-se atrás dela. Ele pegou sua bunda com ambas
as mãos e começou a descer sua calcinha.

― Mi novia es su novia ― brinquei.

― Literalmente.

Nos minutos seguintes, os únicos sons ouvidos na sala de estar eram os gemidos suaves
e suspiros familiares. Eu fiz o meu melhor para não gozar cedo demais, enviando minha
carga de boas-vindas direto na garganta linda da nossa namorada. Não foi fácil.
Especialmente com Sammara gemendo com a boca fechada em meu membro, enquanto
Kyle a devorava.

Finalmente ele se sentou e olhou para mim.

― Quer ir primeiro?
― Tanto faz ― suspirei ― Desde que eu tenha isso logo.

― Por que não vão vocês dois primeiro? ― perguntou ela, me tirando de repente de sua
boca, com um tom diabólico.

Kyle apertou os olhos.

― Você está dizendo...

― Estou dizendo que quaisquer vagas lá atrás estão abertas para ocupação dupla. ― Ela
riu alto e deu de ombros. ― Ryan e Jason... eles meio que elevaram as apostas enquanto
vocês estiveram foram.

Kyle e eu trocamos um olhar surpreso. Aquilo era algo que sempre amamos fazer com
Erika. Algo que fazíamos bem... e frequentemente.

― Ah, é mesmo? ― perguntei sorrateiramente. ― E você... você está bem com isso?

Sammara subiu em meu colo. Meus olhos reviraram em êxtase enquanto ela afundava...
me envolvendo até a base com suas dobras quentes e molhadas.

― Por que vocês não tentam e descobrem? ― respondeu, perversamente.

Sixty-One

SAMMARA

Eles me tomaram como uma pessoa, como uma entidade, com a facilidade de ter feito
isso inúmeras vezes antes. Pensando melhor, eu deveria estar com ciúme. Eu deveria ter
sentido a amarga picada da inveja, de saber que eles tinham feito aquilo com outras
mulheres, como Erika, bem antes de mim.

Oh Deus....

Mas era incrível demais para eu me importar.

Mesmo enquanto Kyle e Dakota penetravam meu corpo, o espaço que eu tinha para eles
em meu coração se enchia de amor. Eu tinha sentido muito a falta deles, especialmente
depois do quanto tínhamos nos aproximado. E tive um vislumbre em primeira mão de
como era horrível para a esposa ou namorada de um único soldado em missão... imagina
então de dois.

E isso facilita as coisas?

Em teoria deveria. Ter Ryan e Jason deveria tornar menos dolorosa a falta dos outros.
Mas a verdade é que eu senti a falta deles tanto quanto. Não havia menos saudade em
meu coração enquanto Kyle e Dakota estavam fora, mesmo que a casa e, claro, meu
quarto, permanecessem cheios.

Sexualmente, a experiência ia além das palavras. Como equipe eles eram ainda melhor
do que Ryan e Jason, embora eu nunca fosse admitir aquilo. Eles simplesmente tinham
muita história. Seus corpos se moviam como um, às vezes, empurrando no ritmo
perfeito, bombeando dentro e fora de mim profundamente, levando-me a todos os níveis
novos de prazer e êxtase em dobro que nenhum homem jamais poderia.

E eu me dei conta de novo daquilo que já tinha percebido antes: eu nunca conseguiria
voltar ao que era antes. Nunca.

Não depois daquilo.

Eu estava mole após meu terceiro orgasmo, permitindo que eles me inclinassem,
posicionassem e usassem como bem desejassem. Era ainda mais sexy assim. Com suas
últimas inibições e restrições fora do caminho, Kyle e Dakota fizeram o que quiseram
com o meu corpo. Eles até me tomaram de barriga pra cima, me penetrando por baixo.
Kyle estava no topo, respirando minha respiração, seus olhos fixos aos meus enquanto
enchia minha boceta. E Dakota...

Dakota gozou dentro de mim ao meus tempo, por trás, seu pau enterrado em minha
bunda enquanto eu gemia e rosnava, segurando os ombros de Kyle como se minha vida
dependesse daquilo.

Ainda estávamos nus, aquecendo-nos no brilho da tarde, absorvendo a proximidade de


estarmos juntos novamente, quando os outros voltaram. Já passava e muito da meia-
noite. Já tínhamos nos alimentado e hidratado. Rido, brincado, assistido TV... e, claro,
transado de novo.

― Eu deveria saber ― brincou Ryan, fingindo estar ofendido ― que vocês começariam a
festa de boas-vindas sem a gente.

Eu estava totalmente exausta. Encharcada de suor. Extasiada e quase totalmente


saciada.

De qualquer modo, sorri e me abri.

― Eu amo essa garota ― riu Jason, tirando suas botas. ― Eu já disse a vocês que eu
amo essa garota?

― A gente meio que percebeu ― disse Dakota. ― Mas ei, não queremos atrapalhar
você.

Com um dedo eu acenei para eles. Ryan me tomou no sofá, sozinho, enquanto os outros
seguravam minhas pernas para trás, para ele. Foi totalmente bruto. Degradante e sujo.
De longe o ato sexual mais natural e animalesco da minha vida. Grunhi em seu rosto
enquanto ele estocava fundo, me fodendo como o selvagem que por experiência própria
eu sabia que ele era. De minha parte, eu seguia estimulando. Falando sujo com ele.
Enfiando meus dedos em sua boca enquanto dizia a ele todas as diferentes maneiras
que eu queria que ele usasse cada parte do meu corpo.

Ele gozou com força, seu corpo convulsionando emocionalmente, bem como
fisicamente, esvaziando tudo em mim de uma vez só.

― AHHHHHHHHHHH!

Eu podia sentir seu amor. Seu desejo. Sua paixão e frustração e esperança e alegria...
tudo ao mesmo tempo, cada última necessidade emocional e física reprimida. Ele deixou
tudo respingado entre minhas pernas quando saiu de dentro de mim com seu pau
balançando. Aquilo tinha sido catártico. Terapêutico. Era como se tivesse zerado a vida
para ele, o reiniciado como ser humano.

― Vira ela.

Assim que ele me deixou, Jason tomou seu lugar; meu quarto amante da noite, meu
quarto em apenas algumas horas, na verdade. Ele me empurrou para a frente, sobre
minha barriga e começou a estocar em mim. Me fodendo com alguma necessidade
selvagem, desesperada, enquanto os outros apenas permaneciam ali assistindo...
olhando... esperando sua próxima vez.

Puta merda...

A vozinha em minha cabeça não conseguia esconder seu alerta.

Você pode estar apenas exagerando!

Eu não me importava. Eu estava ansiosa por aquilo, por tudo aquilo, por todos eles de
uma vez só. Quando se tratava deles fisicamente, eu estava faminta. Eu desejava a força
e o poder de seus corpos esculpidos, a força pura por trás da forma como eles me
agarravam, seus impulsos, o movimento de cada belo músculo.

Eles não apenas me fodiam. Eles me tinham.

E eu não me importava.

― Como você está se sentindo? ― perguntou Jason, ainda estocando com força.

― Meu coração está acelerado.

― Você gosta disso? ― rosnou ele ― De ser nossa? Ser fodida dessa maneira?

Eu gemi. Suas mãos pareciam perfeitas em minha cintura, eu estava prestes a gozar
novamente.

― Você...

― EU AMO ISSO.

Ele empurrou mais e mais fundo, me fazendo gemer e gritar ainda mais alto.

― CARALHO! EU AMO ISSO!

Os sons d e nossos corpos se chocando eram absolutamente obscenos. A aquela altura


eu já estava latejando, pingando, gozo escorria pela minha bunda, minhas coxas, minhas
pernas. O cômodo inteiro estava impregnado com o cheiro espesso e enjoativo da minha
excitação... misturado com o sexo deles.

Devia ter acabado quando ele gozou, mas não. Jason continuou me destruindo por trás,
até que senti Kyle empurrando seu membro de volta contra meus lábios. Abri a boca,
faminta, para ele. Olhei para cima e vi sua expressão, suando com seu próprio
desespero, enquanto dois pares de mãos iam para os meus seios.

― CARALHO... PUTA QUE PARIU...

Não havia palavras, nada capaz de descrever o que estava acontecendo comigo. Jason
esporrou tão forte dentro de mim que achei que ele poderia perder os sentidos e antes
que eu pudesse me recuperar fui puxada novamente para Dakota.

Puta merda...

Ele me invadiu até tocar meu útero. Era como ser empalada. Como estar sendo punida.

Era tão FUNDO!

Os rapazes beijavam meu peito, meu pescoço, minha boca... eles estavam em toda
parte, se revezando em me alimentar, em me segurar sempre que as coisas se tornavam
intensas demais, até mesmo em dizer uns aos outros para irem devagar quando eu
precisava daquilo também. Em algum momento, alguém me trouxe um travesseiro.
Outra pessoa me trouxe uma garrafa de água...

Tão bom. Tãããããão booooommmm...


E ainda assim eles nunca pararam de me foder. Nunca pararam de se revezar em todos
os orifícios do meu corpo até que cada um deles tivesse gozado pelo menos duas vezes,
e para um ou dois deles, talvez até mais.

― Se isso é ter quatro namorado ― disse por entre minha respiração em algum
momento ― isso é insano.

― Você está desistindo? ― Dakota me cutucou.

― De jeito nenhum ― respondi rapidamente. Os outros três riram.

― Bom.

Um por um eles caíram no final, enchendo-me com a satisfação presunçosa que de


alguma forma eu tinha sido vitoriosa. Depois, ficamos por horas, conversando e
brincando até altas horas da manhã. Nos atualizando sobre tudo o que tinha acontecido
na missão de Kyle e Dakota, enquanto nós contávamos sobre Ryan, Jason e eu.

Nenhum de nós adormeceu. Nenhum de nós estava nem mesmo cansado. Fisicamente
estávamos esgotados, mas emocionalmente sentíamos a necessidade de continuar
conversando. Havia laços entre nós agora. Laços que eram muito mais profundos do que
o ato físico que tínhamos acabado de consumar.

Não, eu estava ligada a eles em profunda experiência compartilhada. Da perseguição


com Ryan ao invasor do qual Jason me salvou. Estávamos ligados na restauração e
construção de nossa casa, e através do negócio com os antigos armazéns à meia-noite.

Mas acima de tudo, estávamos ligados através dos eventos ferrados, mas ainda assim
necessários de hoje. Que, por alguma razão, eu estava muito feliz por ter tido uma
grande participação.

― O sol está nascendo ― disse Dakota, olhando pela janela. ― Você sabe o que isso
significa?

― Mais sexo? ― ri, tentando ser engraçada.

― Claro ― respondeu, bocejando. Aquele era o primeiro sinal de fraqueza que eu via
nele. ― Mas primeiro, você tem quatro namorados famintos levando você para um café
da manhã.

Sixty-Two

SAMMARA

O horizonte engolia o último resquício de sol, transformando o céu em um laranja forte,


enquanto eu pisava fundo no pedal do acelerador. Eu gostava de ficar no escritório até
tarde. Significava que eu estava ocupada, que estava fazendo as coisas acontecerem.

Mas agora, mais do que nunca, eu também gostava de estar em casa.

Casa.
A palavra tinha pouco significado para mim há um ano. Casa não era nada mais do que
um apartamento apertado e uma cama vazia. Uma sala de estar onde eu me sentava
sem descanso, passando os canais, tentando me entreter. Uma cozinha onde eu
cozinhava apenas para um e, por vezes, nem mesmo isso.

Que diferença um ano poderia fazer.

Kyle, Dakota, Ryan, Jason… todos eles, mas ainda assim casa. Ainda comigo, a
namorada deles, seu único amor verdadeiro na vida, além um do outro. Eu podia aceitar
aquilo agora, tão prontamente como tinha aceitado que os amava. Os amava com todo o
coração, cada um deles, mesmo com suas falhas e receios, seus risos, sarcasmos e
piadas sem graça.

A vida era boa. Não… mais do que boa. Meu negócio tinha decolado tão rapidamente
que eu tinha sido forçada a contratar mais uma pessoa, e eu estava fazendo tanto
trabalho de design que estava praticamente mergulhada naquilo. Com frequência eu
trabalhava nos fins de semana, geralmente do meu escritório na antiga sala de estar. A
transformação tinha sido um presente surpresa para mim. Mas de alguma forma eles
tinham conseguido fazer aquilo sem eu saber.

Eu saía tão cedo para trabalhar que por vezes eles ainda dormiam, embora o café com
Ryan ainda fosse uma coisa regular. Mas se tinha uma coisa que eu tinha prometido a
mim mesma e aos meus meninos, era voltar para casa antes do escurecer. Estar em
casa à noite, de modo que mesmo com as agendas ocupadas deles e a minha, nós
sempre tivéssemos algum tempo juntos.

Um tempo bom. Um tempo de qualidade.

Ainda era surreal quando eu pensava em tudo, mas estava começando a se tornar
menos inacreditável. Sim, eu tinha quatro namorados. Sim, eles me compartilhavam
entre eles. E sim… aquilo funcionava para a gente. Funcionava para nós de uma forma
que poderia não funcionar para mais ninguém, sob quaisquer outras circunstâncias,
além da nossa.

E estava tudo bem. Aquilo tornava tudo ainda mais especial.

Hoje era aniversário de Dakota. Eu já lhe tinha dado parte do seu presente ao
acordarmos juntos pela manhã, deslizando sorrateiramente por baixo dos lençóis. O
restante do presente estava em uma pequena sacola rosa no banco ao meu lado. Seu
"pedido" por assim dizer, e que eu iria usar para ele mais tarde, quando nós dois
estivermos sozinhos.

Eu tinha seu bolo no banco ao meu lado também. Floresta negra, seu favorito. Talvez
por causa das lascas de chocolate na cobertura, talvez por causa das cerejas. A verdade
era que eu não sabia, aquele era apenas mais um pequeno mistério para resolver à
medida que nos aproximávamos.

Minha mente vagou para Ryan, que tinha acabado de voltar de sua mais recente viagem
para "casa". Eu podia dizer que ele estava aprendendo a gostar cada vez mais do pai e
talvez até m ais. Eles compartilhavam o mesmo amor pela pesca e planejavam alugar
um barco juntos quando ele viesse para uma visita. Seria interessante explicar a
dinâmica entre nós cinco. De alguma forma, eu sabia que haveria pouco julgamento.

Quanto ao Jason, ele era o mais ocupado de todos. Di Spatia estava prosperando como
uma força mercenária, e ele adquiriu contratos para sua companhia, tanto militares
quanto privados. Em última análise, aquilo o colocaria em posição onde logo se
aposentaria do Exército. Os outros poderiam trabalhar com ele também, e
provavelmente iriam. Na hora certa.

Mas o mais importante? Seus pés estavam mais no chão. Ele estava mais centrado. Eu
dormia ao lado dele mais do que de qualquer outro, envolta em seus braços, mas mesmo
quando eu não estava lá seus pesadelos estavam se tornando cada vez mais distantes.
Nós até mesmo conversávamos sobre as coisas às vezes, e sobre deixar o passado no
passado. E embora eu não achasse que seus problemas estivessem totalmente
resolvidos, eu gostava de pensar que ele finalmente tinha uma âncora: eu.

Por fim havia Kyle... meu soldado sexy. Aquele que viera com toda aquela ideia maluca
em primeiro lugar. Aquele que me trouxera para o meio deles.

Eu devia a ele mais do que a qualquer outra pessoa e o amava também. Kyle tinha uma
leveza que ajudava a evitar que os outros se tornassem muito sérios. O simples fato de
estar ao lado dele fazia em me sentir adorada, segura e feliz.

O horizonte escureceu no momento em que virei meu jipe na entrada da casa. Ver o
imóvel à minha frente sempre me fazia suspirar de contentamento. Especialmente à
noite, quando ela se encontrava toda iluminada e aquecida.

A casa era perfeita. Mais ainda agora que tínhamos arrumado ela.

Mais ainda agora que ela tinha me arrumado.

Eu estava na metade do caminho quando os vi, de pé como um trio na entrada. Ryan e


Jason estavam parados atrás de Kyle, os braços cruzados em seu peito grande.

― Floresta negra?

Foi impossível não rir.

― Claro.

― Você trouxe velas?

― O que você acha? ― perguntei franzindo o cenho.

― Prato de papel? Serpentinas? Chapeuzinho?

Eu sorri e me inclinei na direção deles.

― Vocês podem ser um pouco demais de vez em quando, sabiam?

Eles me beijaram um a um, casa um na sua vez. Lentamente. Sensualmente. Como se


beija uma namorada.

Uma namorada muito sortuda...

Todos os dias terminavam daquela mesma maneira.

Cada dia incrível e maravilhoso.

― O aniversariante ainda deve levar uma hora para chegar ― disse Jason. ― É pegar ou
largar.

Sua mão escorregou para baixo, para a minha bunda. Ou aquela era a mão de Kyle?
Com Ryan beijando meu pescoço e causando arrepios por todo o meu corpo? Era difícil
dizer.

― Só vamos precisar de cinco minutos para arrumar tudo ― respondi. ― Dez no


máximo.

Uma palma macia subiu pela minha saia. Duas mãos começaram a massagear meus
ombros...

― E o que vamos fazer com os outros cinquenta minutos? ― perguntou Ryan,


sorrateiramente.

Eu ofeguei quando um dedo me apertou. Lento... gentil. Mas insistente.

― Bem, não sei ― ouvi um deles dizer em algum lugar entre a neblina crescente da
minha excitação

― Mas tenho certeza de que pensaremos em alguma coisa.

Quer mais harém invertido?

Prólogo

SAMMARA

Para onde você está indo? Nosso bangalô fica para este lado.

Parei ao longo das tábuas da passarela de madeira lisa, as águas azuis cristalinas se
estendendo em todas as direções sob os meus pés. Elas se estendiam até o horizonte
perfeito, onde o sol parecia estar derretendo em sua superfície espelhada.

Bora Bora. O destino final. Minha fantasia de viagem mais louca e selvagem.

Meu Deus, Sammara.

Eu ainda não podia acreditar que estávamos mesmo ali.

― Aquele não é mais o nosso bangalô ― disse Kyle casualmente, olhando para trás. ―
Fiz um upgrade para nós.

Ele sorriu e piscou antes de voltar a caminhar ao longo das tábuas, movendo-se cada
vez mais rumo ao horizonte azul. Eu podia ver que seu corpo já tinha sido tocado pelo
sol, depois de nadar e mergulhar o dia todo. Seus ombros magníficos pareciam
bronzeados.

― E as nossas coisas?

― Já foram levadas para lá.

― Mas...

― Vem!

Ele estendeu a mão e eu corri para pegá-la. Ele me levou para além das outras cabanas
baixas, por uma passarela mais longa que se estendia para longe do resto. O caminho
terminava em um pavilhão três vezes maior do que aquele que tínhamos alugado.
― Vamos ficar ali? ― perguntei sem acreditar.

― Hum hum.

― É enorme!

― É mesmo.

Meu coração acelerou. Como se eu já não me sentisse culpada o suficiente…

Uma coisa era ter um militar lindo e musculoso como namorado. Eu certamente tinha
me acostumado com aquilo ao longo dos últimos três anos.

Mas outra coisa era... ter quatro deles de uma vez só.

― Quem você acha que iria adorar mais este lugar? ― perguntei. ― Jason ou Ryan?

Kyle riu.

― E quanto a Dakota?

― Bem, ele é de Iowa. Lá não tem mar.

― E? Mais um motivo para ele amar isso aqui.

A trilha chegou ao fim e nos encontramos na varanda da cabana mais linda que eu já
tinha visto. Pedaços de seda branca flutuavam na brisa, agindo como cortinas. Na parte
de dentro, eu podia ver uma ampla área comum com assentos baixos e sofás, cobertos
de pelúcia, almofadas coloridas e esteiras de bambu.

Era tão lindo quanto privado. Como algo saído direto das páginas de uma revista.

Simplesmente não parecia real.

― Eu queria que eles pudessem ver isso ― suspirei encarando o pôr do sol. ― Todos
eles?

― Eu também ― disse Kyle. Antes de sorrir maliciosamente para mim. ― Mas não é
como se eles não tivessem tido a parte deles de você.

Ele estava completamente certo. Embora todos eles tivessem sido deslocados para
algum lugar ou viajado em diferentes momentos, cada um deles conseguiu me levar
para algum lugar exótico por conta própria. Jason me levou para a Itália; ou eu o levei,
já que ele nunca tinha estado lá. Ryan tinha me surpreendido com uma turnê europeia
por castelos mal assombrados no verão passado, me assustando debaixo das cobertas
antes de fazer amor comigo todas as noites. E eu me aconcheguei contente em um iglu
de gelo com Dakota, olhando para o céu do Alasca para assistir ao incrível espetáculo
das luzes do Norte.

Todos aqueles tinham sido momentos incrivelmente românticos, até mesmo mágicos.
Embora, minhas viagens favoritas fossem aquelas em que alguns de nós podíamos estar
juntos. Passei a maior parte de um mês explorando a Grécia com Ryan e Kyle,
navegando pela costa helênica usando nada além de um biquíni por dias a fio. E nunca
me esqueceria da viagem para a Suécia com Dakota e Jason. Depois de visitar uma
aldeia nórdica genuína por um dia ou dois, onde eles me vestiram como uma princesa
viking, passamos o resto do tempo nos esbaldando na lama vulcânica de uma fonte
termal geotérmica... entre outras coisas.

― Você se sente culpada?

Senti minhas bochechas corarem diante dele. Kyle sempre parecia capaz de ler minha
mente.

― Sim, um pouco ― respondi dando de ombro. ― Mas só porque este é o local mais
incrível em que já estive. Quero dizer... olhe para isso!

Ele parou atrás de mim, enquanto eu admirava a vista. Logo em seguida, dois braços
fortes se fecharam ao redor da minha cintura. Um arrepio de prazer percorreu meu
corpo enquanto ele passava os lábios pelo meu pescoço.

― Eles entenderiam ― ele disse, depositando beijos suaves por meu ombro nu. ― Todos
nós queremos a mesma coisa, Sammara. Que você seja feliz.

Três anos...

Apertei a mandíbula me sentindo abençoada, enquanto inspirava longamente, feliz.

Três anos felizes e incríveis...

Já tinha se passado todo esse tempo?

Permiti que minha mente voltasse no tempo, me perdendo no momento. Este mês fazia
três anos que Kyle e eu tínhamos nos conhecido. Três anos desde que vira o anúncio
pela primeira vez. Anúncio feito por quatro militares em busca de compartilharem uma
"namorada comunitária". Eles queriam uma mulher para esposa . Relacionamento de
longo prazo. Uma mulher que pudesse estar lá por eles, nos bons e maus momentos,
que ainda os amasse enquanto eles estivessem fora e que esperasse por eles durante
longos e repentinos destacamentos.

Uma mulher que eles compartilhariam juntos... mente, corpo e alma. Porque
individualmente, nenhum deles tinha sido capaz de manter nenhuma mulher feliz. Mas
os quatro...

Era insano. Completamente ridículo. E ainda assim...

Ainda assim eu resolvi tentar. E eu amei. E o melhor de tudo, eu me apaixonei por eles.
Cada um deles. Todos eles.

Eles eram os meus soldados gostosos, cada um com suas diferenças. Mas todos com o
mesmo objetivo em comum: me amar. Me proteger e cuidar de mim. Me apreciar como
deles, da mesma maneira que eu apreciava eles.

― Vem ― disse Kyle, segurando minha mão. ― Vamos nos limpar antes de descer para o
jantar.

Meus músculos estavam doloridos, por todo o meu corpo. Um banho quente era tudo o
que eu precisava.

Deixei que ele me puxasse para dentro, ainda observando, como em um transe, o último
resquício de luz desaparecer no céu. Ao anoitecer o bangalô era ainda mais lindo. Ele já
estava iluminado por um belo lustre no centro da sala e por duas fileiras de velas
vermelhas e brancas.

― É maravilhoso ― soltei em meio à minha respiração, antes de me virar para beijar


Kyle. ― É totalmente perf...

Minha frase foi interrompida quando olhei para baixo. Espalhada pelo chão, uma trilha
de pétalas de rosas vermelhas e brancas acompanhava a curva das velas, indo
diretamente em direção ao quarto.

― Uau... você realmente pensou em tudo ― brinquei.

― Não exatamente.

― Pensou sim.

Kyle deu de ombros.


― É, talvez um pouco.

Suspirei feliz e apontei para a trilha.

― Então, para onde ela leva?

Meu amado deu novamente de ombros.

― Vá e veja por si mesma.

Caminhei cuidadosamente pela trilha, as pétalas sedosas e frescas contra meus pés
descalços, enquanto Kyle seguia bem atrás de mim. O cômodo à nossa frente estava
escuro. Nenhuma luz, exceto pelo cintilar de mais velas.

― Se tiver uma banheira com água quente ali no centro ― avisei ―, você vai receber
um boquete do qual nunca irá se esquecer.

Kyle riu baixinho. Quase como se estivesse nervoso.

― Estou falando sério ― disse. ― Vou cair de joelhos agora mesmo. E te dar um
orgasmo de tirar do eixo, de fazer as bolas latejarem tanto, que você vai esquecer seu
nome e...

As palavras morreram em minha garganta quando virei no corredor.

Eu precisei de um instante para registrar o que meus olhos estavam vendo.

O quarto estava incrivelmente decorado. Uma explosão de laços delicados e flores


tropicais frescas. Era tudo tão brilhante e cheiroso, mesmo iluminado apenas pela luz
das velas. No centro, uma cama de dossel adornada com travesseiros de seda. O dossel
estava todo coberto com lírios, estrelícias e orquídeas exóticas...

Mas não era só isso.

Eu ofeguei, enquanto as lágrimas enchiam meus olhos. O quarto não estava vazio. À
minha frente havia três pessoas de joelhos; três homens lindos e maravilhosos que, nos
últimos três anos, tinham se tornado nada menos que toda a minha vida.

Vi Dakota. Ryan. Jason...

Os três sorriam. E todos estavam vestidos a rigor: ternos pretos, camisas brancas,
gravatas e tudo mais!

E os três estavam ajoelhados sob um único joelho, segurando algo...

Ai meu Deus...

― Sammara.

Eu virei e ali estava Kyle. Ele não estava mais de pé atrás de mim, mas ajoelhado como
os outros. Ajoelhado com as duas mãos estendidas e na palma, a mais bela caixinha de
madeira...

― Você provavelmente já sabe disso ― disse sorrindo para mim. ― Mas você é o nosso
mundo.

Minhas mãos cobriam minha boca, enquanto meus olhos tinham tantas lágrimas que eu
não conseguia enxergar mais nada!

― Nós sempre fomos irmãos ― disse Dakota, e eu virei para encará-lo. ― Mas nunca
nos sentimos realmente completos. Não até você chegar. Não até você nos completar.

Seu sorriso de menino do interior estava maior e mais brilhante do que eu já vira antes.
E ele estava nervoso! Era a primeira vez que eu o via mostrar algo além de uma total
confiança.

― Vou confessar, nunca imaginei este momento acontecendo assim ― disse Ryan. Eu o
encarei e vi seu sorriso irônico e travesso. ― Mas é por isso que é especial. Nossa
situação é extraordinária porque você é uma mulher extraordinária, Sammara. Eu não
poderia me imaginar, ou qualquer um de nós, com qualquer outra pessoa.

Por fim, me virei na direção de Jason, as lágrimas escorrendo pelas minhas bochechas.
Ele sorriu, enquanto eu piscava para tentar afastar as lágrimas. ― Você sabe que parte
de mim estava quebrado ― ele disse sinceramente. ― Mas você consertou isso. Ter você
em nossas vidas nos aproximou mais ainda. Só podemos pedir que sejamos capaz de dar
a você uma fração do amor que você nos deu.

As mãos deles se moveram em uníssono, abrindo quatro caixas idênticas e revelando


quatro anéis de diamantes completamente diferentes. Eu chorava abertamente
enquanto eles falavam juntos:

― Quer se casar conosco?

Eu não conseguia respirar. Eu mal conseguia enxergar. Eu apenas podia chorar e


chorar, limpando minhas lágrimas de alegria. Sorrindo de orelha a orelha, enquanto
meu coração parecia que iria explodir de felicidade.

Minhas pernas tremiam. Eu mal conseguia permanecer de pé.

― Sabe, a pergunta meio que requer uma resposta ― piscou Dakota.

― SIM!

Os quatro se levantaram de uma vez só, se aproximando de todos os lados. Kyle foi o
primeiro a pegar minha mão e a deslizar seu anel em meu dedo; uma pedra de corte
radiante, perfeitamente límpida em uma faixa de ouro amarelo. Eu não conseguia parar
de chorar enquanto ele beijava minha bochecha e estendia meu pulso para Dakota.

― Eu te amo ― sussurrou Dakota em seu sotaque do interior. Ele deslizou um anel


idêntico em meu dedo, a diferença era que a faixa parecia prata, ou platina, ou...

― Todos nós te amamos ― disse Ryan. A faixa de seu anel era feita de um lindo ouro
rosa. ― Apenas lembre-se de que eu sou o melhor ― disse piscando.

Eu ri e um novo conjunto de lágrimas fez sua trilha pelo meu rosto. Uma mão macia as
limpou e eu encarei o rosto sorridente de Jason.

― Bobagem ― disse com um sorriso. ― Todos mundo sabe que o melhor fica para o
final.

A faixa de seu anel era um pouco mais escura, mas não menos brilhante. Ele o deslizou
suavemente junto aos outros, me encarando profundamente nos olhos durante todo o
movimento.

Por um longo momento ninguém falou. Todos os olhares estavam fixos em meu dedo
trêmulo, agora brilhando à luz das velas.

― Aqui, disse Kyle se aproximando novamente. ― Deixe-me te mostrar uma coisa.

Ele pegou minha mão, girando os anéis suavemente até que os quatro diamantes
formassem um quadrado perfeito. Então ele os uniu, sempre delicadamente...

Clique.

As quatro faixas se encaixaram perfeitamente umas nas outras, formando um único


anel. Os diamantes formavam o que parecia uma única e bela joia, feita de quatro
partes iguais.

Eu estava completamente assombrada. Perdida em um mar de inúmeras emoções.

― Eu...

Nada poderia descrever o momento. Nenhuma palavra seria capaz de dizer o que eu
precisava transmitir. O que eu precisava que os quatro soubessem, em seus corações e
mentes.

― Eu... eu...

Minha garganta estava fechada. Meus olhos vidrados pelas lágrimas.

Mas eu tinha que tentar.

― Eu AMO vocês! ― praticamente gritei. Eu estava chorando de soluçar agora.


Incontrolavelmente. ― Eu amo você, e você, e você e você!

Eu fui me virando enquanto falava, me certificando de encarar cada um deles. E então


eu estava indo na direção deles. Abraçando-os enquanto eles se fechavam ao meu redor.

― Vocês fizeram de mim a garota mais feliz do mundo! ― disse entre risos e lágrimas.

― Mundo? ― sorriu Ryan. ― Está mais para universo!

Eu ri novamente diante de nossa piada interna, sentindo seus braços ao meu redor.
Sentindo cada um deles, um por um, me erguer em seus abraços fortes e poderosos.

Caramba, Sammara…

Eles se revezaram me beijando, como faziam tão frequentemente. Beijos longos,


profundos, apaixonados. Sensíveis. Lindos. Tão quente, tão molhado, tão incrível.

Eu podia sentir o amor e o excitamento irradiando deles. E o sentimento invadiu meu


corpo enquanto eles se revezavam me girando ao redor. Rindo, beijando, deixando-nos a
todos tontos...

E eu podia sentir também o alívio deles. Eu só podia imaginar todo o planejamento


necessário. Ter todos eles ali, ao mesmo tempo. Sem que eu soubesse!

― Eu... eu não posso acreditar...

― Pode acreditar ― disse Dakota me puxando para si. Seu coração batia tão rápido que
eu podia senti-lo através de seu peito forte. ― Você não é mais nossa namorada ― disse
ele, me beijando novamente. ― Você é nossa noiva agora!

Noiva!

A palavra soou como música em meus ouvidos. Gloriosa. Era perfeito...

― Vamos passar dez dias inteiros aqui ― disse Jason. Nós quatro.

Meu estômago explodiu em um bando de borboletas. Os quatro, comigo, ali naquele


paraíso! Era inacreditável. Inimaginável.

Olhei em volta do amplo e bonito pavilhão. Agora eu entendia o upgrade.

― Não se preocupe ― disse Ryan. ― Temos quartos mais do que suficientes.

― E você vai usar todos eles ― piscou Dakota.

Engoli o caroço que tinha se formado em minha garganta. Só de pensar meu estômago
parecia dar cambalhotas.
― Isso significa que devo começar a planejar nosso casamento? ― perguntei animada.

― Rá rá rá ― riu Kyle. ― Como se todas as garotas não começassem a planejar isso


quando nascem.

Ele estava certo, é claro, o que só tornou minha pergunta ainda mais engraçada. Ainda
assim, não importava quantas vezes eu tivesse imaginado o meu casamento, o local,
minhas madrinhas, meu vestido... nunca, nem em minhas fantasias mais loucas e
distantes, imaginei que eu teria quatro maridos.

― E terei quatro vezes o orçamento do casamento ― brinquei. ― Certo?

― Claro, por que não? ― disse Ryan. ― Quatro vezes as listas de convidados. Quatro
vezes os presentes.

― Quatro vezes o happy hour ― disse Jason. ― Quatro vezes...

Eu me joguei em seus braços, interrompendo sua frase. Eu estava nas nuvens quando
cobri sua boca com a minha. Sentindo o calor e a paixão crescendo entre nós enquanto
Jason me beijava de volta todo forte, escuro e bonito... sem mencionar, impecavelmente
vestido.

Meus olhos percorreram cada um de meus quatro lindos namorados. Não espera,
quatro lindos noivos. Seus corpos esculpidos preenchendo seus ternos da maneira mais
excitante possível. Lá embaixo, na área sob meu umbigo, pude sentir um formigamento
quente e familiar.

― Façam amor comigo.

Corri para a cama. Meu cabelo caiu sobre o rosto enquanto eu olhava para eles com a
minha melhor e mais sensual expressão.

― Vocês quatro... eu quero todos vocês ― disse por entre minha respiração. ― Façam
amor com a noiva de vocês, agora.

Kyle sorriu e começou a avançar imediatamente. Mas a mão de Dakota em seu ombro o
fez parar.

― Jantar primeiro, irmão. Lembra?

Meu coração deu uma leve parada. Meu corpo estava pronto para gritar em protesto.

― Ele está certo ― disse Jason. ― Nós três estamos famintos. Foi um longo voo. E a
comida era intragável.

― E já estamos vestidos ― disse Ryan. Ele puxou desconfortavelmente a gravata em


volta do pescoço. ― Eu não coloquei esse negócio por nada, sabe?

Eu não podia acreditar que eles estavam falando sério. Recostei-me ainda mais na
cama, me abrindo diante deles. Intencionalmente, deixei a toalha que estava ao redor
da minha cintura cair, exibindo meu biquini...

― Vocês têm certeza de que não querem comer a sobremesa antes? ― pisquei. ― E
jantar depois?

Dakota se manteve firme. Mas eu pude ver a determinação de Jason balançando.

― Vamos lá ― ronronei. ― Eu não serei realmente a noiva de vocês até que todos nós
batizemos essa cama juntos. ― Bati nos espaços vazios ao meu redor. ― São as regras.

Dakota balançou a cabeça sem acreditar enquanto Ryan ria e desviava o olhar.

― Sério? São as regras?


Eu sorri e levei um dedo sensualmente a um canto de minha boca.

― Hum hum.

Kyle se moveu novamente e, dessa vez, Jason o acompanhou. Eu podia sentir minha pele
cheia de excitação enquanto eles rastejavam a cada lado de mim.

― Você está jogando sujo ― lamentou Dakota. ― Você sabe disso, não sabe?

Soprei um beijo em sua direção, rindo internamente.

― Vamos lá, baby ― falei fazendo um beicinho. ― Quantas vezes você tem a chance de
comer a sobremesa antes do jantar?

Ele não respondeu, então eu me estiquei completamente na cama, como um gato. Meu
cabelo loiro escorria por cada lado dos meus ombros enquanto eu abria e fechava
minhas longas pernas.

Ryan cedeu à pressão e se adiantou em direção à cama. Jason e Kyle já beijavam cada
lado de meu pescoço, suas mãos começando a percorrer meu corpo.

― Eu prometo que vou recompensar você ― disse com uma voz doce para Jason,
levantando uma sobrancelha esperançosa. Eu mantive meus olhos colados aos seus
mesmo quando Kyle começou a me beijar. Mantive um olhar firme, enquanto as pontas
dos dedos de Jason traçavam seu caminho até o interior das minhas coxas...

― Por favor?

Me estendendo até o meu quadril, puxei o pequeno laço da calcinha do meu biquíni.
Olhando diretamente para os olhos azuis de Dakota, mordi o lábio estendendo a
calcinha em sua direção.

― Tá bom ― finalmente suspirou, puxando o colarinho da camisa. ― Mas se vamos fazer


isso agora...

Eu engoli, metade em excitação, metade em expectativa, sem fôlego, pelo o que estava
por vir. Há muito, muito tempo eu não tinha os quatro ao mesmo tempo.

― Você vai receber cada centímetro do que está pedindo...

Um

SAMMARA

― E então... Como vai a vida de noiva?

Melissa sorriu para mim de sua própria esteira, cuja velocidade ela reduziu para o que
eu chamava de "velocidade da fofoca". Uma velocidade que nos permitia manter nossa
conversa baixa e confortável, mas ainda assim, ter nossa voz abafada em todas as
outras direções pelo zumbido constante dos motores das máquinas.

― Maravilhosa ― disse orgulhosa. ― Exatamente como estava da última vez que você
perguntou.

Ela riu, sua risada despreocupada ecoando pelo cantinho da academia onde nos
encontrávamos.

― Devo parar de perguntar?

― De jeito nenhum ― sorri. ― Uma mulher nunca se cansa de tal pergunta.

Olhei para baixo pensativa, encarando meu anel. Ou melhor, meus anéis. Ouro amarelo
para Kyle, meu soldado sexy. Platina para Dakota, meu gigante louro safado. Ouro rosa
para Ryan, tão emocionalmente complexo quanto o próprio metal e paládio escovado
para representar Jason, tão forte e belo.

Seis meses tinham se passado desde Bora Bora. Seis meses desde o pedido de
casamento mais incrível que qualquer mulher poderia ter um dia. Repleto de amor, riso,
excitamento...

E claro, o sexo grupal mais transformador e alucinante.

― Já escolheram a data?

― Não ― lamentei. ― Essa parte é complicada. Tudo vai depender de todos eles
estarem em casa ao mesmo tempo, é claro. E então tem o outro fator...

O outro fator. A única parte de toda a bela equação que me incomodava, cada vez mais,
à medida que as semanas e os meses iam passando.

― Nada ainda? ― perguntou Melissa.

― Não.

― Vai acontecer, Sammara ― ela disse confiante. ― Não se preocupe com isso.

― Eu sei ― respondi, mais por reflexo do que por qualquer outra coisa. ― Eu... eu não
estou.

Um longo silêncio se instalou entre nós. Quase ficou estranho, mas Melissa sorriu e
cortou qualquer estranheza.

― Provavelmente é só estresse ― disse. ― Estresse com o trabalho, com a expansão.


Seu negócio está crescendo mais rápido do que você consegue acompanhar ― concluiu
ela. ― E isso é bom!

Uma coisa boa. Sim, definitivamente era. Desde que eu começara a Universal Designs
há quase três anos, ela floresceu, passando de um serviço de decoração e preparação,
para uma empresa de reformas completas. E então, no ano passado...

Ano passado eu mudei tudo.

Meu grande objetivo, meu sonho na verdade, era não apenas renovar, mas construir
também. Por mais que eu amasse restaurar propriedades antigas e históricas, de
alguma maneira eu queria estar envolvida também em suas concepções.

E então me ocorreu... ou melhor, Kyle sugeriu uma noite. Estávamos abraçados no sofá,
depois de uma maratona particularmente longa de filmes antigos de terror.

― Você realmente ama renovar estes lugares antigos ― disse ele. ― Mas você odeia
destrui-los com novas construções.
― E?

― Por que você não constrói toda a nova construção... a partir de antigos pavimentos
históricos?

Quando ele terminou de falar, minha mente já estava voando.

― Pense nisso, Sammara. Você poderia criar casas vintage cem por centro precisas,
modeladas exatamente como elas teriam sido construídas há duzentos anos. Exceto pelo
ar-condicionado central e a internet de alta velocidade ― piscou ele.

Aquilo fazia tanto sentido que eu podia sentir as borboletas em festa em meu estômago.
Eu poderia criar obras-primas da arquitetura que não existiam mais usando engenharia
moderna e materiais de qualidade. Máquinas CNC para modelar os mais complicados
frisos e acabamentos.

Eu poderia construir mansões em estilo antebellum! Casas senhoriais em estilo


georgiano. Lindas construções vitorianas, como a em que vivíamos agora...

― Cindy continua lidando com a outra parte das coisas para você?

― Sim.

― E como está indo?

Eu sorri, apertando os braços enquanto o programa da esteira selecionava


aleatoriamente uma nova colina para escalar. ― Ela está arrasando, na verdade.

Cindy tinha começado como minha assistente. Agora, ela era a segunda no comando.
Ela era esperta, capaz, enérgica, tudo o que eu precisava que ela fosse. Mas ela nunca
tinha sido minha parceira. Não depois do que tinha acontecido com Dawn...

― Ah, esqueci de te dizer ― disse Melissa hesitante. ― Eu... eu encontrei a Dawn.

Era estranho como coisas assim podiam acontecer durante uma conversa. Mas ainda
assim, elas sempre aconteciam.

― Sério? E o que ela disse?

Melissa riu.

― Você realmente acha que eu falei com ela? Depois do que ela fez?

― Não ― sorri. ― Você é uma amiga leal.

― Sou mesmo!

― Eu apenas pensei que... talvez ela pudesse ter falado com você?

Minha amiga negou com a cabeça enquanto limpava a testa.

― Ela sabe que não poderia. Além do mais, ela parecia estar na merda. Ouvi dizer que
ela finalmente voltou ao mercado depois de... bem, você sabe...

Sim, eu sabia. Dawn tinha sido a catalisadora da Universal Designs. Se ela não tivesse
me roubado em cada pedacinho do que eu tinha, e ao nosso negócio de design de
interiores, eu não estaria nem perto de onde estava agora.

Fora a ajuda que recebi de Jason e Ryan, é claro. Os dois tinham me mostrado como
lutar. Na calada da noite. Com um par de caminhões baú e uma equipe de mudanças,
e...

― E então, onde estaremos celebrando o casamento? ― perguntou Melissa, mudando


de assunto. ― Já temos um local?
Sorri internamente diante do entusiasmo dela.

― Não.

― Algum lugar distante?

― Talvez.

― Havaí!

Eu ri.

― Vamos ver.

― Eu ainda sou a dama de honra, certo?

― Da última vez que eu chequei, sim. De repente, mudei minha feição para uma
expressão bem séria. ― A menos que você me traia, é claro. ― Franzi meu rosto,
deixando meus olhos bem estreitos. ― Faça isso e eu terei que me vingar,
dolorosamente!

Melissa me apontou um músculo no meio de uma passada.

― Já está doendo aqui, sua vaca!

Rimos juntas antes de aumentarmos novamente a velocidade das esteiras para os


últimos 20 minutos e finalmente finalizarmos nosso treino. Observei minha amiga
enquanto ela pegava algumas toalhas de papel e obedientemente pulverizava e limpava
nossas máquinas.

Melissa era a única amiga verdadeira que eu tinha e a única que tinha aceitado meu
estilo de vida sem julgamentos. Claro que ela seria minha dama de honra. Ela era tudo
para mim.

Pegamos nossas garrafas de água e saímos, nos separando no estacionamento. Mas


antes disso, Melissa tocou meu ombro.

― Ei meu amor ― ela disse ―, eu quero que você ouça isso e ouça com atenção.

Tentei sorrir enquanto a encarava. Mas era difícil.

― Você anda muito pressionada. É só isso.

― Eu sei. Obrigada.

Ela me olhou de cima embaixo e sorriu.

― E com os quatro rapazes em casa agora? ― Ela rolou os olhos. ― Tenho certeza de
que você está pressionada em mais de uma maneira.

Como uma criança mimada, mostrei a língua, enquanto ela ria.

― Muito engraçado.

Ela se inclinou para frente rapidamente, apertando minha bochecha com suavidade.

― Tchau viada ― disse ela colocando os óculos escuros antes de se virar, pegar as
chaves do carro e começar a se afastar.

Caramba, eu amava ela. Ela realmente era a maioral.

― A gente se vê na próxima sessão de tortura ― gritou ela por sobre os ombros.


Dois

KYLE

Tínhamos perdido nosso encontro de meio da semana, mas aquela tinha sido uma
daquelas noites chuvosas em que você só queria ficar dentro de casa. Uma daquelas
tempestades frias que faziam você se sentir confortável e aconchegante e seguro sob
seu próprio teto.

Além do mais, Sammara e eu estávamos finalmente sozinhos em casa. E por mais que
eu amasse dividir minha linda noiva com meus três melhores amigos, meus irmãos de
armas, ter ela só para mim de vez em quando era como um tesouro proibido.

― Mmmmmmm ― gemeu ela, se contorcendo na cama. ― Bem aí...

Girei a parte inferior de minha palma para baixo, dando à parte de baixo de suas costas
apenas a quantidade certa de pressão. Sammara estava deitada de barriga para baixo
em sua própria cama, maravilhosamente nua. Ela se contorcia sob o toque de minhas
mãos banhadas em óleo enquanto elas deslizavam sobre a superfície quente de seu
corpo já também coberto de óleo.

― Você é simplesmente o melhor nisso ― ela grunhiu, por entre o travesseiro. ― Você
sabe disso, não sabe?

Eu ri, fazendo círculos pequenos com meus polegares.

― Aposto que você diz isso para todos os rapazes.

Ela virou o rosto para o lado, seus cachos dourados caindo por seu rosto perfeito.

― Sem dúvidas seria do meu interesse mentir ― concordou ela. ― Mas nesse momento,
estou dizendo ― ela parou, puxando o ar com força. ― Ahhhhh Sim!

Eu a ouvi gemer por um longo instante, antes de limpar a garganta e voltar a falar.

― Nesse exato instante eu estou falando a verdade...

Era sempre sexy admirar seu corpo. Especialmente deitado dessa maneira, cada uma de
suas curvas dispostas ao alcance de minhas mãos. Meu olhar desceu novamente por seu
corpo, de volta à sua bunda magnífica. Na verdade, tudo nela era magnífico, mas aos
poucos eu estava aprendendo que eu era um homem amante de bundas mais do que
qualquer outra coisa.

― Mais forte...

Apliquei mais óleo e, em seguida, mais pressão, a fazendo se sobressaltar diante dos
dois.

― Meu Deus, Kyle...


Era realmente incrível pensar na forma como tínhamos encontrado ela. Arrancá-la de
um mar aparentemente sem fim de candidatos imperfeitos, para o nosso arranjo
maluco.

E ainda assim, no fundo o arranjo nem era tão maluco assim. Nós quatro
compartilhávamos uma longa série de relacionamentos fracassados. Deveres, viagens
extensas, destacamentos repentinos; qualquer um nas forças armadas estava
acostumado com tudo aquilo. E tudo aquilo era capaz de colocar pressão sobre até
mesmo os melhores relacionamentos, até mesmo o mais forte dos casamentos.

Mas para soldados especiais como nós? Era ainda mais difícil de lidar.

Dividir uma única parceira, em vez de nós quatro tentando manter quatro mulheres
felizes, parecia apenas louco o suficiente para funcionar. Mas tinha que ser um tipo de
mulher especial. Alguém que pudesse deixar de lado os tabus associados a ser
compartilhada sem ciúme. Alguém que pudesse aprender a amar quatro pessoas
igualmente e receber o amor também.

― Minha bunda ― Sammara riu ―, de novo?

Eu sorri, sem esconder que sim, eu era culpado.

― Quero ter certeza de que não ficou nem um pontinho de tensão.

Eu não podia evitar, sua bunda parecia tão boa. O óleo a deixava tão escorregadia. Tão
sexy.

Ela gemeu apreciativamente enquanto eu massageava seus dois globos quentes e


simétricos. Meus dedos mergulhando perigosamente mais e mais baixo. Como sempre,
eles começaram a explorar por conta própria.

― Sabe ― disse, como quem não quer nada ― sempre que trocamos massagens, isso
começa e termina da mesma maneira.

― É mesmo?

― Hum Hum.

― Certo, vamos ouvir essa teoria.

Minhas mãos deslizaram pela abertura entre suas coxas enquanto eu massageava ainda
mais baixo.

― Bem, isso sempre começa com você pedindo para ir primeiro... e prometendo me
recompensar depois.

Sammara deixou escapar um som que era meio risada, meio suspiro.

― Bem... ― ronronou ela. ― Eu não recompenso você depois?

Merda. Ela tinha um ponto ali.

― Sim... mas...

― Então nosso arranjo é cumprido.

Eu a ouvi rir e dei um tapa leve em sua bunda com uma mão. Ao mesmo tempo, minha
outra mão deslizou mais e mais baixo... até meus dedos roçarem o calor e a umidade de
seu sexo.

― Um dia ― disse com uma voz baixa e sedutora ― eu vou ter minha massagem.

Sua respiração estava mais pesada agora, silenciosa em antecipação do que viria a
seguir. Decidi provocá-la. O mais lentamente possível, a ponta do meu primeiro dedo
separou suas dobras macias. Ela estava simplesmente encharcada.

― É isso que você quer?

Ela acenou no travesseiro, os olhos fechados, os lábios cheios e convidativos. Me


inclinei para frente, para cobrir sua boca com a minha. Para tomá-la, beijando-a
lentamente, nossas línguas se explorando em círculos lentos e tentativos.

― Por favor...

Ela se contorceu para baixo, mas eu movi a mão na mesma direção. Apenas a ponta do
meu dedo ainda estava dentro dela. Nada mais.

― Kyle... por favor!

― O que? ― perguntei inocentemente, sussurrando a palavra em sua boca.

― Você... você precisa...

Ela girou o quadril e dessa vez eu a deixei conseguir o que queria. Dois dedos grossos
entraram nela, toda escorregadia e molhada e eu empurrei para cima, enterrando-os
profundamente.

― AHHHhhhhhhh…

Eu era péssimo nessa coisa de provocar. Eu nunca conseguia fazer isso por muito
tempo. Eu queria aquilo tanto quanto ela. E ela sabia.

O movimento era lento, ao som da chuva. Sammara se esfregava em minha mão


enquanto eu mordia seu ombro, nós dois ouvindo as grandes gotas batendo nas velhas
janelas de vidro duplo.

― Kyle...

Meu nome saiu mais em uma respiração do que qualquer outra coisa, o que sempre era
como música para meus ouvidos. Eu amava a maneira como ela dizia meu nome. Eu
amava sua voz, calma e feminina. Seus gemidos, seus suspiros, tão sensual. Tão sexy...

― Eu... eu estou tão perto, Kyle... eu...

Meus dedos seguiam entrando e saindo dela, mais rapidamente à medida que sua
excitação crescia. Porém, um pouco antes de ela gozar, eu empurrei ainda mais para a
frente, enrijecendo minha mão. E a mantive firme e deixei ela se esfregar contra isso,
enquanto eu esfregava a parte de baixo de meus dedos contra o osso de sua pélvis. Ela
gritou em liberação orgástica, enquanto apertava o travesseiro com as duas mãos em
algum tipo de aperto adorável.

Depois de tanto tempo, eu já sabia do que a minha garota gostava.

Deslizei ao lado dela enquanto ela voltava de seu ápice, toda sorridente. Seu corpo
estava escorregadio contra o meu. Havia óleo praticamente em todos os lugares.

― Certo. Sua vez.

Ela começou com as mãos, me masturbando para cima e para baixo, tirando minha
cueca boxer até eu estar nu, de barriga para cima. Fechei os olhos por um instante, me
focando na sensação de seus dedos quentes e escorregadios fechados firmemente ao
redor do meu pau. Arrastando-os lentamente para cima e para baixo, apertando
suavemente logo abaixo da cabeça.

Não fiquei surpreso quando ela jogou uma perna sobre mim e afundou-se em meu
membro em um único impulso lubrificado. Nós dois gememos simultaneamente,
sorrindo em seguida.
― Você está certo sobre eu não querer abrir mão do controle ― disse por entre sua
respiração, levando uma mão ao meu peito.

― Você está falando da nossa conversa de mais cedo?

Ela fechou os olhos, mas concordou com a cabeça. Estávamos conversando sobre
trabalho e sobre como ela precisava contratar mais alguém, mas era muito controladora
para querer outra assistente.

― Eu vou mostrar a você o quanto eu gosto de controle...

Ela se inclinou para trás e eu senti seus dedos quentes e finos alcançarem minhas bolas.
Sibilei por entre os dentes ao sentir ela fechar a palma da mão sobre elas.

― Goza, Kyle, eu quero sentir você gozando dentro de mim.

A forma como ela estava rebolando sobre mim era incrível. O aperto gentil de sua mão
em minhas bolas, me persuadindo... me incitando a gozar com meu pau enterrado tão
profundamente dentro dela.

― Me enche com sua porra, baby. Por favor...

Eu podia ter me segurado, mas para quê? Ao invés disso eu me soltei, apertando minhas
mãos sem sua cintura. Levando-as até seus seios, a fim de sentir o peso deles em
minhas mãos...

― Ahhhhh! Isso é...

Cheguei ao clímax com um gemido gutural, jorrando tão forte e tão profundamente
dentro dela que quase apaguei. E durante todo aquele tempo? Ela estava ali, movendo
seu corpo. Prendendo meus olhos em suas próprias esferas azuis-safira, enquanto sorria
e grunhia e cavalgava até o ponto de completude.

Ela colapsou para a frente ao terminar, peito com peito, rosto com rosto. Seu cabelo
loiro envolvendo nossas cabeças em uma cachoeira de cachos dourados nos cercando
por todos os lados.

― Eu te amo ― ela sorriu, me beijando.

Controle.

Sim, definitivamente nossa noiva tinha um problema em abrir mão do controle. Mas
aquilo era uma das coisas que mais amávamos nela. Sammara era teimosa, motivada.
Totalmente imparável quando queria alguma coisa.

Em algum lugar lá embaixo, ouvimos uma porta batendo. Paramos de nos beijar pelo
tempo suficiente para nos encararmos.

― Ryan está em casa ― disse com naturalidade.

Sammara sorriu para mim travessamente e ergueu uma sobrancelha.

― Quer que eu vá buscá-lo? ― ri.

Ela mordeu os lábios como se estivesse pensando no assunto, mas nós dois sabíamos a
verdade.

― Por favor.
Três

RYAN

Eu a encontrei na cama, exatamente onde Kyle disse que ela estava. Como sempre, o
quarto de Sammara estava quente, tranquilo e convidativo. Especialmente com ela ali.

― Ei, querido.

Ela abriu os braços, enquanto pronunciava as palavras. Aquele era o melhor fim para
qualquer dia, mas especialmente para aqueles longos e difíceis.

― Venha cá.

Lentamente eu tirei o resto de minhas roupas encharcadas de chuva. Seu corpo estava
gloriosamente nu, esticado sob o edredom macio e brilhando na luz fraca. Eu podia
sentir o cheiro do óleo de massagem e das velas. A música suave em algum lugar
próximo, abafada quase completamente pelo som da chuva.

Em menos de um minuto eu estava nu, me jogando em seus braços. Seu corpo aberto
para mim, suas pernas arreganhadas...

― Ai... você está tão gelado!

Eu realmente estava. Gelado e ainda molhado da chuva. Sammara alisou meu cabelo
para trás enquanto beijava os pontos molhados de meu rosto. Seus lábios percorreram
minhas bochechas, mandíbula, a ponta do nariz, antes de finalmente se estabelecer
sobre minha boca em um beijo longo, quente e apaixonado.

― Jesus, eu senti sua falta.

Dessa vez, as palavras eram minhas. Saídas diretamente de minha boca. Há três anos
eu não poderia nem sonhar em dizê-las... para qualquer mulher que fosse, menos ainda
para uma dividida com meus três irmãos de armas.

Mas agora eu estava feliz em dizê-las. Emocionado, na verdade. Quando Kyle e Dakota
falaram pela primeira vez sobre dividir a mesma namorada, eu torci o nariz para a ideia.
O fato deles já terem tido aquela experiência não tornava a ideia menos estranha para
mim.

Mas ali... naquele momento…

― Ahhhh...

Eu me afundei nela, separando suas coxas ainda mais com o peso do meu corpo. Ela
parecia manteiga quente e derretida. Era louco o quando saber que ela já tinha estado
com Kyle me deixava excitado.

― Eu também senti sua falta ― ela ronronou, mordiscando meu ouvido. Uma onda de
prazer percorreu todo o meu corpo. Ela sabia o que eu gostava, o que eu amava.
Embora ela tivesse quatro amantes famintos para acompanhar, ainda assim, ela nunca
esquecia.
Nossos movimentos eram lentos enquanto nossos corpos se fundiam. Ela estava tão
quente! Tão bonita, perfeita e linda...

E agora ela é sua noiva também, lembrei a mim mesmo. Você vai se casar com ela...

Mais uma vez, aquilo era loucura, a ideia mais insana do mundo. Mas com Sammara,
funcionava. Ela era forte, independente, poderosa. Mas ao mesmo tempo, ela era doce,
amorosa, carinhosa. Tão pensativa e incrível, que depois de todos aqueles anos, nenhum
de nós conseguia sequer imaginar nossas vidas antes dela.

Eu tinha pensado naquilo inúmeras vezes e sempre chegara à mesma conclusão: tinha
que ser ela. O arranjo nunca teria funcionado com outra pessoa, não importa quem
respondesse o anúncio ou quantas vezes nós tentássemos. Porque quando se tratava do
que nós quatro queríamos e desejávamos... o que nós realmente precisávamos em uma
mulher?

Sammara era a escolha perfeita.

― Ah... caralho...

Acariciei seu pescoço enquanto ela apertava os tornozelos em minhas costas, me


empurrando ainda mais profundo dentro dela. Eu podia ver que ela não ia se soltar. Nós
não iríamos trocar de posição, diminuir o ritmo ou nada do tipo.

Não, eu podia ver que ela precisava daquilo. Embora eu tivesse certeza de que Kyle
tinha dado tudo de si, era óbvio que Sammara precisava de mais.

Aquilo era uma das coisas mais quentes sobre ela.

― Goza pra mim ― ela sussurrou em meu ouvido. ― Ai Deus... CARALHO!

Havia uma urgência em sua voz. Quase uma frustração. Ela se inclinou para a frente ao
mesmo tempo em que empurrava com as pernas. Droga, suas coxas era fortes.

― Me deixa sentir seu gozo dentro de mim, Ryan ― ela balbuciou. ― Eu preciso disso...

Comecei a estocar mais forte, mesmo que não necessariamente mais rápido. Deslizando
meus braços ao redor de seu corpo, eu a esmaguei contra mim enquanto deixava meu
peso fazer o resto.

― Sim, isso ― ela ofegou. ― Ahhhh... sim. Me fode!

Cada palavra me deixava mais perto do meu ápice. Eu não conseguiria durar se
continuasse daquela maneira. Não com seu corpo contorcendo-se debaixo de mim,
sussurrando coisas deliciosamente imundas. Não com seu cheiro, com a sensação de tê-
la, com a combinação de calor, unidade, óleo...

― Eu... eu...

Ela estava delirando agora. Quase histérica.

― Eu... eu posso sentir você inteiro...

Sua cabeça rolou para trás, e tudo que eu podia ver era o branco de seus olhos. E então
eu senti os espasmos ao redor de meu membro. As contrações fortes e rápidas de seus
músculos internos apertando meu pau enquanto ela gozava, suas unhas se fincando
dolorosamente na carne de minha bunda.

― Ai céus... CARALHO, CARAAALHO...

Tudo aquilo foi demais e eu atingi meu clímax ao mesmo tempo, jorrando dentro dela,
forte como nunca antes. Suas mãos eram como garras, agarrando-me firmemente.
Apertando como se ela estivesse tentando forçar todo o meu corpo dentro dela, abrindo
tanto as pernas que eu podia ouvir o estalar de seus quadris.
CARALHOOOO...

Meu mundo desapareceu, e por um bom meio minuto me vi perdido na pureza branca
do meu próprio clímax. Eu não conseguia enxergar nem ouvir nada. Era como se minha
alma tivesse deixado o corpo, distanciando-se como a maré baixa. Viajando através da
ereção dura e forte que eu tinha plantado entre as belas pernas da minha namorada... e
nada além de prazer puro voltou a fluir.

Quando voltei a enxergar, Kyle estava de volta na cama, segurando-a em seus braços,
mantendo-a firme enquanto ela se recuperava. Seu olhar encontrou o meu e depois de
um sorriso rápido de aprovação, ele me entregou uma toalha.

― Você está sangrando.

Droga, era verdade. Os dois lados de minha bunda tinham sido arranhados pelas unhas
dela. Virando o quadril, eu podia ver dez entalhes afiados na carne de minha bunda.

― A partir de agora ― eu disse brincando em parte ―, nada mais de unhas compridas


para você.

O peito de Sammara seguia subindo e descendo em respirações profundas enquanto ela


ainda estava perdida em sua própria euforia. Ela meio acenou, meio sorriu quando saí
de dentro dela.

― Uau...

Toda a área entre suas pernas estava uma bagunça molhada. Uma gota em forma de
pera de meu leite cremoso formava um botão perolado dentro dela.

Distraidamente olhei para ele, fixando-me naquilo, me perguntando se...

― Obrigada ― ela finalmente disse. ― Vocês dois ― ela sorriu calorosamente. ― Eu


precisava dos meus meninos hoje. Mais do que eu poderia imaginar.

Eu me estiquei ao seu lado, aproveitando o calor aconchegante de seu corpo. Olhando


nos olhos dela enquanto ela brilhava à luz de velas, esticada entre nós.

Foi então que eu percebi. Uma lágrima solitária... escorrendo por sua bochecha rosa.

― Sammara! ― ofeguei. ― O que está errado?

Kyle deu um pulo, se sentando. Aparentemente ele também tinha percebido.

Então estávamos segurando-a, segurando-a contra nós... enquanto ela levava as mãos
ao rosto e começava a soluçar incontrolavelmente.

Quatro Homens Valorosos II

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Sobre a Autora

Krista Wolf é uma amante de ação, fantasia e todos os bons filmes de terror...
bem como uma romântica incorrigível com um lado sensual insaciável.

Ela escreve histórias cheias de suspense, repletas de mistério e recheadas de


voltas e reviravoltas excitantes. Contos em que heroínas obstinadas e
impetuosas são a força irresistível jogada contra inabaláveis heróis poderosos
e sarados.

Você gosta de romance inteligente e espirituoso com um toque picante? Você


acabou de encontrar sua nova autora favorita.

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Página da autora da Krista

Table of Contents
Contents

Title Page

Copyright

1 - Sammara

2 - Kyle

3 - Sammara

4 - Sammara

5 - Sammara

6 - Sammara

7 - Kyle

8 - Ryan

9 - Sammara

10 - Dakota

11 - Sammara

12 - Sammara

13 - Kyle

14 - Sammara

15 - Ryan

16 - Sammara

17 - Sammara

18 - Kyle
19 - Sammara

20 - Sammara

21 - Sammara

22 - Sammara

23 - Dakota

24 - Sammara

25 - Sammara

26 - Sammara

27 - Sammara

28 - Ryan

29 - Sammara

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31 - Ryan

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34 - Sammara

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36 - Kyle

37 - Sammara

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39 - Ryan

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41 - Sammara

42 - Sammara

43 - Sammara

44 - Sammara

45 - Briggs

46 - Sammara

47 - Sammara

48 - Sammara

49 - Sammara

50 - Kyle

51 - Sammara
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Quatro Homens Valorosos II

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2 - Kyle

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