Você está na página 1de 5

A FORMATURA

PRIMEIRO ATO
PRIMEIRO QUADRO
FESTA DE FORMATURA ROLANDO. MÚSICA. CONVIDADOS DE ROUPA DE
GALA, DANÇANDO, BEBENDO AO FUNDO.
PEDRO COM OS AMIGOS SE DIVERTINDO, APROVEITANDO A FESTA. HELENA,
DISTANTE DE PEDRO, O RECONHECE DE COSTAS, SORRI SAUDOSA VAI ATE
ELE.
HELENA – (cutucando Pedro, feliz) Oi!
PEDRO – (se vira, surpreso) Caralho, Helena (sorri, se vira pros amigos) Galera, vou
ali falar com uma amiga daqui a pouco eu volto...(brincalhão) me esperem pra virar o
copinho de vodka juntos hein! (se vira pra Helena)
HELENA – (com vergonha) Ó, não quero te atrapalhar hein...afinal, tem tanto tempo...
PEDRO – (gentil, verdadeiro) E você atrapalha alguém, Helena? (sem acreditar,
admira) Meu Deus, quanto tempo...(tom) tá sozinha?
HELENA – Tô...vim sozinha, sim!
PEDRO – Ótimo (tampa o ouvido, musica incomoda) Vixi, é melhor a gente subir, tem
um andar la em cima que não tem ninguém, da pra gente conversar mais a vontade,
vamo?
HELENA – (desconfiada) La em cima, Pedro...(decide) mas não vamos demorar, hein?
PEDRO ESTENDE A MÃO HELENA QUE OLHA HESITANDO, MAS SE ENTREGA E
COLOCA SUA MÃO NA DELE. CUMPLICES PARTEM PRO ANDAR DE CIMA. LUZ
CAI EM RESISTENCIA.
SEGUNDO QUADRO
A LUZ VOLTA REVELENDO O ANDAR QUE PEDRO HAVIA DITO, MAS NA
VERDADE ERA O TETO DO PREDIO QUE ACONTECIA A FESTA. LUGAR
ABERTO, VAZIO. CEU ESTRELADO. BURBURINHO DOS CONVIDADOS E
MUSICA BEM BAIXINHA SE MISTURANDO AO FUNDO. PEDRO E HELENA
CHEGAM. ELE ANSIOSO POR ELA E ELA CONSTRANGIDA E COM MEDO POR
ESTAR ALI COM ELE SOZINHA.
HELENA – (Brava) Cacete, meu vestido ficou preso num prego de ferro da escada deu
uma rasgada...
PEDRO – (não se importa) Ah, isso é o de menos (olha pro ceu estrelado) olha que
noite linda que está aqui hoje...
HELENA – (ainda no assunto, brava) Não ta ligando porque não é você que morreu
numa grana nesse vestido so pra vir aqui ne? (tom) Eu queria usar mais vezes...
PEDRO – (se espanta, incrédulo) Não...é muito susto pra noite só (enumera com os
dedos) primeiro: eu tô formando,(brincalhão) sério achei que isso não ia acontecer,
segundo: eu te mandei o convite e tinha a absoluta certeza que ia parar direto no lixo e
encontro você aqui, terceiro: acabei de ouvir dessa sua boquinha linda que você,
(enfatico) VOCÊ, ( tom) morreu numa grana num vestido só pra me ver? (estende os
braços faz-se que vai pular do prédio) me segura agora, minha filha, que se não eu me
jogo daqui de susto, hein!
HELENA- (não achando graça) Eu tinha esquecido de como você é desagradável...
(má) e você sabe que uma das minhas grandes amigas ta formando hoje também, acho
que não estudou na sua tur/
PEDRO – (corta) Alicinha da turma B...(debocha) sabe o que os cara faziam quando ela
passava num corredor próximo do nosso? (cantarola, imita a xuxa) A de Alicinha B de
Baixinha C de Cachorrinha D de Dadeira F de Fominha G de Gostosinha H de/
HELENA – (corta, visivelmente irritada) Olha aqui, garoto, eu não te dei intimidade
pra você ficar me contando o que seus amigos machistas falam de uma amiga minha
não...(arrependida) Aonde eu tava com a cabeça de vir te cumprimentar pela formatura,
é nesses momentos que eu percebo a pessoa que você era, quer dizer, que você é:
escrota (se vira indo embora)
PEDRO – (segura Helena impedindo que vá, percebe a falta de educação)
Desculpa...eu tô meio alterado, bebi 6 copinhos de vodka no vira vira no inicio da festa,
desculpa, desculpa, desculpa não queria ter dito isso pra você (alfineta) talvez seja meu
inconsciente querendo te testar/
HELENA –( nervosa, impaciente ) Me testar? De que?
PEDRO – (hesita, toma coragem) Te testar pra ver se a gente ainda perdeu a intimidade
que tinha...aqueles deboches que só nos dois podíamos fazer um com outro que não nos
ofendíamos (tom) pelo visto meu inconsciente, inconsciente não porra, eu mesmo já tem
a resposta...(imita) “olha aqui, garoto, eu não te dei a intimidade”...
HELENA – (irônica) Ué, você queria o que? Depois de 6...(se recorda) não...7 anos que
eu procurasse a intimidade perdida e escutasse sorrindo suas barbáries (debocha) o que
mais que cê quer de mordomia...café, agua, suco, ah, champagne?
PEDRO – (magoado) Chega! Não quero mais esse assunto...ja pedi desculpas (olha pra
ela, admira, sente saudade) Eu quero muito te dar um abraço afinal são 6...(se recorda)
não...7 anos, né?
HELENA SE DESARMA. ELA E PEDRO SE OLHAM SAUDOSOS. SE ABRAÇAM, UM
ABRAÇADO APERTADO. TEMPO.
PEDRO – (cheirando Helena) Seu cheiro continua o mesmo! Usa o mesmo perfume
desde os 18 anos...(conquistador) e eu gosto do seu cheiro...
HELENA – (se desvencilhando do abraço, reflexiva) Sempre achei que perfume é como
se fosse um amuleto de sorte, se você troca de perfume sua sorte também troca...o seu
cheiro mudou...pra melhor (sorri)
PEDRO – (alfineta) Claro...antes eu não usava perfume de marca, né? E nós dois
sabemos que é da marca que você gosta ( rápido) Desculpa, desculpa...essa eu não pude
deixar de passar...cê sabe né/
HELENA – (corta) Sempre foi daqueles que perde os amigos mas não perde a
oportunidade de soltar sua ironia...(alfineta) acho que deve ser por isso que a gente
passou 6...(se recorda) não 7 anos separados ne?
PEDRO – (irônico) Será?(muda de assunto rápido) E o maridão como é que tá?
HELENA – (não quer falar muito sobre) Ah, ta na dele...ta bem...(lembra-se animada)
daqui há um mês ele vai ganhar um premio numa festa...vai ser prestigiado como um
dos mais jovens empresários que tem uma politica forte e verdadeira ambiental
(orgulhosa) ele merece...
PEDRO – (estranha) ué, ele não queria medicina igual nos dois?
HELENA – Queria né, mas ele como um legitimo Siqueira de Almeida o pai meio que
obrigou a fazer administração...e se deu muito bem...ta gostando muito, as vezes a gente
se surpreende com as escolhas que somos obrigados a fazer...
PEDRO – Helena Maria Alves Siqueira de Almeida...(verdadeiro) bonito nome
mesmo...forte, né...se tivesse ficado comigo seria Helena Maria Alves (ênfase de
desgosto) da Silva Pereira (ri espontâneo, Helena também ri) realmente ate eu casaria
com o maridão pra amenizar esse sobrenome horroroso que eu sempre tive. (falso) alias,
esqueci, qual era mesmo o nome dele?
HELENA – Apolo...diz ele que a mãe era louca na época com a mitologia grega e
encasquetou que queria porque queria colocar um nome mitológico nele...e ficou
Apolo...(ênfase, quer provocar) e eu amo esse nome...dá um tesão, menino...(ênfase) A-
p-o-l-o! Mas eu duvido que você tenha esquecido esse nome...não é um nome muito
comum hoje em dia...
PEDRO- É verdade...eu não esqueci mesmo, mas não é porque é um nome diferente
não...é porque foi o nome que me tirou o meu grande e único amor da minha vida...
HELENA- (desconcertada) É...(irreverente) qualquer primeiro amor de qualquer pessoa
é único e grandioso!
PEDRO- E eu fui seu primeiro único e grandioso amor?
HELENA – (mais confortável, ta gostando do papo) Cê sabe que sim...
PEDRO FICA VISIVELMENTE FELIZ COM A AFIRMAÇÃO DE HELENA. SE
ANIMA.
HELENA- Ta namorando?
PEDRO- Tô com uma garota sim...mas não é nada sério não...ela tá por aí na festa...(se
aproxima) mas se você me der a mínima chance que seja eu desço lá agora e termino.
HELENA – (se afasta) É melhor você continuar com ela...ela é bonita?
PEDRO- (maldoso) Mas você não já viu?
HELENA – Eu?! Ta louco?...
PEDRO – (gargalha) Tenho certeza que viu, sim!!! Um dia eu postei uma foto no
Stories do instagram, sabe? E tava lá sua carinha dando que visualizou ( ri) eu é que
tenho que te perguntar, ela é bonita?
HELENA – (nervosa) Sei lá! Eu nem te sigo...nem sei qual é suas redes sociais...
PEDRO – Seguir não segue mesmo...eu é que te sigo, mas que você sempre mata a
curiosidade e vai no meu perfil saber o que eu tô fazendo, isso você faz!!! Outro dia
mesmo deu uma curtida na minha primeira foto lá de 4 anos atrás e no mesmo instante a
curtida desapareceu...(ri) curtiu sem querer...(provocador) confessa vai, confessa você
sempre que pode dá uma conferida nos meus perfis na internet.
HELENA – (constrangida, mente) Se fiz isso eu juro que não lembro...(pega o celular)
mas se isso é tão importante assim me fala o nome do seu perfil que eu sigo agora!
PEDRO- Deixa...nem precisa...minhas fotos nem são tão bonitas assim pra estar a altura
de uma seguidora como você...eu sim te sigo e curto tudo que você posta quer mais fã
que eu? Ah, te dou a dica: é melhor apagar todas que tem seu marido...tá muito veado
isso se ele não for ne...mas que tá veado, tá! (ri) pega mal!!!
HELENA – (irritada, esse assunto a incomoda) Invejoso!!! (curiosa, mexe no celular)
qual das fotos?
PEDRO – (se diverte) Todas!!!!
HELENA – (irritada) Impressionante! homem não pode ver um homem bonito bem-
sucedido e malhado que já inveja e fala (imita) “tá muito veado”.
PEDRO – Mas gente...eu só fiz uma observação. (ri)
HELENA – Tá rindo de que?
PEDRO – (recordando) Acabei de me lembrar de uns boatos aqui com o Apolo no
cursinho. (gargalha)
HELENA – (preocupada) Que boatos?
PEDRO – (maldoso) Não sou eu que falava, hein...não vá descontar em mim...
(risadinhas)
HELENA – (impaciente) Tá, vai, fala logo!
PEDRO – (maldoso) O povo do cursinho chegou a comentar uma época que aquele
professor Ronaldo, sabe? Que ensinava historia do Brasil e era gay enrustido/
HELENA – (corta, apressada, preocupada) E daí?
PEDRO – Calma...(risadinhas, volta ao assunto) E daí que andaram comentando uma
época que esse professor deu uma circulada na lancha do Apolinho, que ele ensinava
historia do Brasil, mas tava mesmo era interessado na da Grécia (gargalhada) Cê sabe
né...Apolo na Grecia é deus/
HELENA – (corta, defende) Mentira!
PEDRO – Verdade!
HELENA – Mentira!
PEDRO – Verdade!
HELENA – É tão mentira que o professor Ronaldo na época pegou uma colega minha
de sala.
PEDRO – A sapata da Maria Carla? É tão verdade que no ano seguinte que ele teve que
sair do país pra terminar o doutorado dele na França ele casou com um negão de 2
metros de altura (vulgar, debochado) e pelo tamanho do sorriso do prof. cê já imagina
ne...(ri)
HELENA – (chocada) Sério que ele casou? E como é que você sabe?
PEDRO – Vi no Instagram.
HELENA – Cê segue todo mundo, hein. Cruz credo...nada passa batido
PEDRO – Tenho que me manter informado, né minha filha!
HELENA – (refletindo) Tá aí esse seu lado fofoqueiro é novidade pra mim...(retorna ao
assunto) e essa historia que você desnecessariamente contou não provou nada que meu
marido andou circulando com professor nenhum na época do cursinho.
PEDRO – (concorda) É...provar não prova...mas que o povo comentou muito na época
isso comentou...

Você também pode gostar