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TDAH

10 MANEIRAS
DE MELHORAR O
COMPORTAMENTO
E ATENÇÃO DO SEU

FILHO
1- Deixe seu filho ficar inquieto

“Pare de se mexer!”, “Tire a mão de mim!”,


“Jogue o chiclete fora”, “Não se agite!”.

Essas frases são comumente ouvidas


quando professores sobrecarregados e pais
supervisionam crianças instaladas em suas
cadeiras fazendo tarefas escolares ou
jogados sobre as mesas da cozinha às
voltas com seu dever de casa. No
momento, surgem novas pesquisas
sugerindo que tais comportamentos, como
bater os pés, mascar chicletes, balançar as
pernas, inclinar a cadeira e tamborilar os
dedos não são tão ruins afinal de contas.
Os cientistas dividiram as crianças entre 10
e 17 anos em dois grupos, aquelas
diagnosticadas com TDAH e as que têm um
desenvolvimento típico. Instalaram
sensores de movimento nos quadris das
crianças como uma maneira de registrar a
movimentação das pernas. Então os
participantes se envolveram em tarefas
computadorizadas que exigiam atenção
aos detalhes e clareza cognitiva. Foi
mostrada aos participantes uma seta na
tela, e eles tinham que pressionar um
botão indicando a direção apontada.
A seta estava ladeada por outras que
apontavam para diferentes direções
(exigindo mais concentração focada para
evitar a confusão). Os resultados indicaram
que as crianças identificadas com o TDAH
tiveram um melhor desempenho na tarefa
quando estavam se mexendo, mas o
mesmo não aconteceu com aquelas com
desenvolvimento típico.

2- Mantenha uma imagem


positiva de seu filho (Idade: 4 a
18 anos)

O poeta alemão Goethe disse uma vez:


“Trate as pessoas como se elas fossem o
que deveriam ser, e assim ajude-as a se
tornar o que elas são capazes de ser”. Isso
significa que devemos manter em nossa
mente a visão mais positiva possível de
nossos filhos. Um dos maiores problemas
que tenho com o mito do TDAH é que ele
cria uma imagem da criança baseada em
doenças, danos e déficit – não em ativos,
asserções e vantagens. É por isso que
recomendo que pais e profissionais evitem
usar termos como o filho com TDAH para
descrever uma criança que está tendo
problemas de aprendizagem ou de
comportamento. Se uma criança está
tendo problemas em casa ou na escola, a
última coisa que ela precisa é ser
carimbada com um novo rótulo. O que ela
precisa acima de tudo é estar cercada por
adultos que vejam suas qualidades, o que
tem de melhor. Os defensores do mito do
TDAH às vezes dizem que a própria
utilização do rótulo do TDAH é libertadora
para muitos pais e filhos. Ter um nome
para colocar em algo que tem sido
preocupante durante anos oferece um
meio de controlar e, em certa medida,
triunfar sobre essa confusão. Não é
incomum que um pai diga: “Eu pensava que
meu filho estava louco..., ...eu estava
louco..., ...que meu filho era preguiçoso e
desmotivado...

Agora eu percebo que é tudo porque ele


tem TDAH!”. Eu concordaria que o uso
dotermo TDAH é um degrau acima em
relação aos rótulos informais como
“estúpido”, “louco”, “pirralho”, “idiota” e
“ameaça à sociedade”. No entanto,
acredito que há mais degraus na escada de
rótulos que podemos adotar para construir
imagens mais positivas dessas crianças.
Imagino que alguns pais tenham
dificuldades iniciais para criar imagens
positivas de seus filhos. Se você teve anos
difíceis de birras, lutas de poder, desafios e
outras dificuldades, então as
características positivas podem não vir
facilmente à mente. No entanto, gostaria
de convidá-lo a reformular alguns dos
termos negativos que você pode estar
usando para descrever seu filho por outros
termos mais positivos que servirão como
“ímãs de esperança” pelos quais seu filho
pode ser atraído. Aqui estão alguns
exemplos:

Em vez de pensar em seu filho como:

Hiperativo; Impulsivo; Distraído;


Sonhador/divagador; Desatento;
Imprevisível; Contestador; Teimoso;
Irritável; Agressivo; Portador do transtorno
de atenção.

Pense nele como:

Energético; Espontâneo; Criativo;


Imaginativo; Pensador de amplo espectro;
Flexível; Independente; Comprometido;
Sensível; Determinado; Único.
3 - Fortaleça a memória de
trabalho de seu filho
Entardeceu e você pede ao seu filho com
diagnóstico de TDAH: “Por
Por favor, tire o lixo, faça seu dever de casa
e depois desça e ajude a preparar a mesa
de jantar. OK?” “Claro, mãe”, ele responde.
Uma hora depois, você se pergunta onde
ele está, então sobe se encontra em seu
quarto jogando um videogame. “Você fez o
que eu pedi?”, você diz, impacientemente
batendo seu pé no chão. “Humm, era algo
sobre o lixo, né?”, ele responde com um
sorriso inocente no rosto. Nesse momento,
você pode estar inclinado a acreditar que
ele está escolhendo jogar videogame e não
escolhendo fazer as outras tarefas. No
entanto, na realidade, pode ser algo
completamente diferente: uma falha em
sua memória de trabalho. A memória de
trabalho é a nossa capacidade de manter a
informação temporariamente em nosso
cérebro enquanto estamos fazendo outras
coisas. Nesse caso, as instruções de
multitarefa que você deu a seu filho
essencialmente “saíram de sua memória
de trabalho” antes mesmo dele chegar à
lata de lixo.
Uma nova pesquisa sugere que uma
grande razão pela qual muitos filhos
rotulados como portadores de TDAH são
desatentos e fáceis de se distrair têm a ver
com suas dificuldades com a memória de
trabalho.

Você pode ajudar seu filho a desenvolver


sua memória de trabalho de várias
maneiras. Aqui estão algumas dicas:

Incentive jogos que exijam a memória


de trabalho como jogo da memória,
batalha naval e xadrez com seu filho.

Cante músicas de memória/parlendas


que seguem adicionando elementos às
letras/versos à medida que seguem
adiante, como “Cadê o toucinho que
estava aqui?” ou “Um dois, feijão com
arroz!”, ou que adicionem movimentos
físicos também.

Coloque objetos pequenos em uma


bandeja e deixe seu filho olhar para
eles por 5 segundos, depois os retire e
veja quantos ele consegue lembrar;
aumente ou diminua o número de
objetos conforme a necessidade, e, ao
longo do tempo, aumente a carga da
memória.
Dê ao seu filho uma sequência de
números, falados em voz alta, depois
peça que tente repetir a série na ordem
em que você falou.

4 - Deixe seu filho envolver-se


em conversas espontâneas
consigo mesmo (autofala)

Observe as crianças pequenas brincando e


você perceberá que muitas vezes, lado a
lado, elas estão totalmente envolvidas em
uma atividade, falando em voz alta para
ninguém em particular. O psicólogo russo
Lev Vygotsky se referiu a esse fenômeno
como discurso privado e o considerou
como o início de um processo de
internalização da linguagem, como
“autofala”. Ele observou que, à medida que
crescem, as crianças internalizam esse
fluxo privado de palavras, transformando-
o em discurso interno. A conversa paralela
de jovens em jogo é substituída pela
conversa mental silenciosa de adultos no
trabalho. Usar essa autofala silenciosa
para voltar a mente em direção a metas
específicas é uma das principais
características da atividade verbal em
seres humanos.
Estudos sugerem que as crianças com
sintomas de TDAH se envolvem com mais
frequência em uma fala espontânea
quando comparadas àquelas com
desenvolvimento típico, e mais
importante, elas também têm bom
desempenho escolar, como as chamadas
crianças normais, quando podem
conversar enquanto estudam.

Em sala de aula tradicional, essa conversa


espontânea pode ser considerada pelos
professores como um comportamento
agressivo (não voltado para a tarefa) ou
disruptivo (e é mesmo usado para
confirmar o diagnóstico do transtorno). No
entanto, ao entender que essas crianças
precisam usar suas habilidades naturais de
autofala para ajudá-las a processar a
informação de forma mais eficaz, os pais e
os professores devem ser encorajados a
garantir que esses tipos de
comportamento sejam considerados não
como algo perturbador, mas como uma
estratégia educacional positiva (esse
processo os conduz, de forma evolutiva, a
um estágio em que finalmente a autofala
se internalizará).
Em casa, forneça ao seu filho um espaço de
estudo seguro, longe de salas onde outros
possam estar angustiados por suas
eventuais verbalizações excessivas. Dessa
forma, ela pode se sentir autorizada e livre
para conversar, em voz alta, com o que vai
em seu coração. Na escola, os professores
devem dar às crianças diagnosticadas com
TDAH a oportunidade de trabalhar em seus
estudos em um espaço separado, onde não
perturbem outros membros de sua classe
com sua auto fala espontânea. O silêncio
pode ser uma oportunidade de ouro para
algumas crianças, mas para a criança
identificada como TDAH, a auto fala
espontânea pode ser o seu passaporte para
uma experiência de aprendizagem bem-
sucedida.

5 - Utilize os melhores recursos


de aprendizagem
informatizada

Limite as mídias de entretenimento. No


entanto, o uso de aplicativos de
computador para fins educacionais é uma
das melhores maneiras de atender às
necessidades de crianças que receberam o
diagnóstico de TDAH.
A maioria dos programas de aprendizado
de computador fornece feedback imediato
(respostas rápidas a perguntas) e reforço
imediato (muitas vezes fornecendo toques
sonoros especiais, crachás ou acesso a
níveis mais elevados quando o usuário faz
as escolhas corretas). Eles permitem que a
criança controle seu próprio ritmo,
evitando problemas que possa ter em
obedecer a autoridades externas. A
plataforma do usuário geralmente é
colorida, animada e graficamente
interessante. Por fim, os programas de
aprendizagem de computador não fazem
julgamentos, levando uma pessoa do seu
nível atual de desempenho para níveis
mais altos de realização em pequenos
incrementos. Não é surpreendente, então,
que pesquisas sugiram que crianças e
adolescentes diagnosticados com TDAH se
saiam muito bem em programas de
aprendizagem computadorizados quando
comparados com métodos pedagógicos
mais tradicionais. Em um estudo, as
crianças identificadas como portadoras de
TDAH melhoraram suas habilidades de
leitura oral e envolvimento em tarefas ao
usarem um programa de leitura
computadorizado em comparação com a
instrução dirigida pelo professor.
6 - Ajude seu filho a
desenvolver habilidades sociais

Três crianças estão jogando


silenciosamente um jogo de cartas. João
entra no quarto rapidamente, empurra
uma das crianças e foge rindo e dizendo:
“Haha! Peguei você!”. Os meninos olham
para João e dizem quase em uníssono: “Cai
fora!”. João fica confuso por um momento,
e depois sai em outra direção procurando
alguém para incomodá-lo. João está tendo
problemas para usar as habilidades sociais
apropriadas. Ele gostaria de fazer amizade
com os meninos, mas não sabe como. Sua
impulsividade age como uma pancada na
delicada rede social criada pelos meninos
enquanto jogam cartas. A situação de João
é comum para muitas crianças
diagnosticadas com TDAH. Seu maior nível
de energia nem sempre se encaixa com o
mundo social à sua volta. Explosões
emocionais, agressividade e hiperatividade
podem fazer com que os pares os rejeitem.
Em um estudo, 52% das crianças
identificadas com TDAH foram rejeitadas
pelos pares em comparação com apenas
14% dos colegas de classe escolhidos de
forma aleatória.
Esse ciclo de rejeição pode criar
sentimentos de tristeza, raiva e depressão,
que, por sua vez, alimentam mais
agressividade e mais interações negativas
com os colegas.

7 - Ensine seu filho a visualizar

A imaginação representa um importante


recurso potencial que as crianças
diagnosticadas com TDAH podem
aproveitar para ajudá-las na
aprendizagem, na participação e no
comportamento. Albert Einstein (ele
mesmo um problema de comportamento
em sua escola secundária prussiana) disse
uma vez em referência a seus próprios
processos de pensamento: “A imaginação é
tudo”. Ele conduziu experiências de
pensamento em que visualizava, por
exemplo, o que seria montar em um feixe
de luz. Essas visualizações foram
fundamentais para ajudá-lo a formular
suas teorias específicas e gerais da
relatividade. Muitas outras figuras da
história usaram sua imaginação para
transformar a sociedade, incluindo o
inventor Elias Howe, o autor Robert Louis
Stevenson e o físico nuclear Niels Bohr.
Esses pensadores, como muitas crianças
denominadas portadoras do transtorno,
eram sonhadores. A única diferença entre
eles era que esses indivíduos eminentes
usavam seus devaneios de forma
produtiva. Com uma orientação adequada,
as crianças com diagnóstico de TDAH
também podem prosperar por meio de sua
capacidade imaginativa. Na escola, os
alunos podem colocar palavras
ortográficas, tabelas de fatos, fórmulas de
matemática ou outro material alternativo
em telas mentais imaginárias como forma
de memorizá-las. Os alunos também
podem visualizar o que leram depois de ler
uma história, imaginar o que ouviram
depois de ouvir as instruções do professor,
ou visualizar uma cena histórica, uma
operação matemática ou uma experiência
científica.

8 - Faça seu filho ensinar a uma


criança mais nova
Uma das imagens clássicas da educação
norte-americana é a educação das crianças
sob a responsabilidade da própria família,
dada em casa, pelos familiares (em inglês,
Homeschooling).
Embora não sejam predominantes no país,
uma estratégia educacional utilizada
nessas instituições educacionais
autônomas – crianças mais velhas
ensinando e cuidando de crianças mais
novas – continua sendo um método de
aprendizagem e ensino muito poderoso.
Essa relação de ensino-aprendizagem
(crianças mais velhas ensinando crianças
mais novas) proporciona benefícios para
ambos os lados participantes, de acordo
com a pesquisa mais recente. E para as
crianças que têm problemas de
aprendizagem ou de comportamento, essa
relação de tutoria (cross-age tutoring*)
pode oferecer um meio de incorporar um
papel mais responsável. Embora possa
parecer que tutores mais velhos têm pouco
a ganhar com a experiência de ensinar
aqueles mais jovens sob sua
responsabilidade, os estudos fornecem
suporte para o antigo ditado latino: qui
docet discit (aquele que ensina, aprende).

9 - Apoie o amadurecimento
tardio de seu filho

Aqueles que simplesmente dizem que as


crianças com amadurecimento tardio vão
crescer por si mesmas e não fazem nada
para ajudar seus filhos, estão falhando em
apoiar seu desenvolvimento. Aqueles que
querem intervir cedo e usar medicações e
modificações de comportamento para
endireitar a criança estão envolvidos no
que poderíamos chamar de “choque de
desenvolvimento”. Precisa haver um meio
termo para as crianças que se desenvolvem
mais tarde do que aquelas com
desenvolvimento típico, que oferece
validação para o seu ritmo diferente e taxa
de crescimento, mas que também fornece
um ambiente enriquecido que dá suporte
ao seu desenvolvimento físico, cognitivo,
comportamental, emocional, social e
criativo. Gostaria de oferecer várias
sugestões para ajudar os pais que têm
crianças que apresentam essa perspectiva
de amadurecimento tardio e com
diagnóstico de TDAH (ou com risco de tê-lo):

Forneça ao seu filho um ambiente de


aprendizado rico, orientado para seus
próprios ritmos de desenvolvimento,
incluindo estimulação das artes da
linguagem, manipulações matemáticas,
explorações científicas, interações sociais
com várias pessoas, experiências artísticas,
aventuras na natureza e muito mais. Essas
formas de estimulação ajudaram direta e
positivamente a sua maturação
em virtude da neuroplasticidade do
cérebro (sua capacidade de se rearranjar
por meio da estimulação ambiental);

Compartilhe com o seu filho imagens da


natureza que mostram diferentes plantas e
animais que amadurecem em velocidades
diferentes, e que ele saiba que o mesmo é
verdadeiro com os seres humanos;

Não trate o seu filho como alguém 2 ou 3


anos mais novo. Algumas áreas de seu
cérebro estão se desenvolvendo no tempo
certo (ou mesmo antes do tempo),
enquanto outras se desenvolverão mais
tarde. Seu filho não é maduro nem
imaturo, mas está amadurecendo.

Conte ao seu filho (criança ou adolescente)


sobre pessoas que conseguiram obter
grandes realizações na vida e que eram
mais imaturas em sua infância ou idade
adulta. Mencione Albert Einstein (que não
começou a falar até ele ter quase 4 anos),
Martha Graham (que não começou a
dançar antes dos 14 anos), Toni Morrison
(que só escreveu seu primeiro romance
com quase 40 anos), e Grandma Moses (que
não começou a pintar seriamente até os 78
anos de idade).
Evite usar palavras como atrasado,
demorado, imaturo ou de desenvolvimento
tardio em suas discussões com outras
pessoas, incluindo professores, parentes e
profissionais de saúde mental. Lembre-os
de que a neotenia, ou a retenção de
características juvenis em fases
posteriores do desenvolvimento, está
associada ao progresso evolutivo.

10 - Apoie o amadurecimento
tardio de seu filho
À primeira vista, pode parecer que um
projeto de meditação para seu filho
diagnosticado com TDAH seria como pedir
para uma borboleta viva ficar posando
como modelo para uma pintura da vida
silvestre em aquarela. Mas o grande
atrativo da meditação consciente
(mindfulness meditation) é que o
meditador não precisa manter seu corpo
ou mente quietos, mas simplesmente se
tornar consciente de tudo o que está
acontecendo dentro de sua mente e fora
no mundo.
Diversos estudos fornecem provas
preliminares de que a meditação
consciente (mindfulness meditation) pode
melhorar a autorregulação da atenção,
diminuir os problemas comportamentais,
aperfeiçoar o funcionamento executivo e
reduzir o estresse dos pais de crianças e
adolescentes com diagnóstico de TDAH.

E aí, o que achou?

Muito obrigado por fazer parte


da turma PROINFA10, você faz
a diferença no mundo.

Diversos novos conteúdos serão


lançados nas próximas semanas,
fique de olho nas publicações e
na sua caixa de e-mail também!

Psicólogo Henrique Ferreira

Instituto de Desenvolvimento
Humano DEHU

Cursos DEHU

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