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CURSO DE TEORIA E PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA DO

REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL (RGPS)


Atualizado com a legislação (EC 103/2019, Leis 14.331 e 14.441 de 2022, IN
PRES/INSS Nº 128/2022 e Portarias 990 a 991 de 2022) e jurisprudência
(STF, STJ e TNU) mais recentes

Instrutor: Ivanir César Ireno Júnior - Mestre em Teoria do Estado e


Direito Constitucional, professor de Direito Previdenciário, juiz federal da 1ª
TR/SJMG e membro titular da TNU (06/2020 a 06/2022)

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I) Objetivo: preparar e atualizar o profissional para o exercício da prática
previdenciária no âmbito administrativo e judicial (enfoque principal)

II) Conteúdo programático:

1. Teoria Geral do RGPS: a) legislação de regência e aplicação da lei no


tempo (direito adquirido e tempus regit actum); b) beneficiários (segurados e
dependentes), filiação e inscrição; c) contribuições previdenciárias e salário
de contribuição; d) qualidade de segurado e período de graça; e) carência; f)
CNIS, salário de benefício e cálculo do valor dos benefícios; g) acidente de
trabalho, moléstias ocupacionais e eventos equiparados;

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2. Benefícios em espécie: a) aposentadoria por incapacidade
permanente; b) auxílio por incapacidade temporária; c) auxílio-
acidente; d) aposentadoria por idade rural; e) aposentadorias
programadas (regras de direito adquirido, transitórias/permanentes e
de transição decorrentes da EC 103/2019; f) aposentadoria especial
(agentes nocivos, com enfoque na caracterização do tempo especial e
regime probatório); g) aposentadoria do deficiente; h) salário-
maternidade; i) pensão por morte; j) auxílio-reclusão; h) BPC/LOAS
idoso e deficiente; i) auxílio-inclusão;

3. Temas diversos: a) acumulação de benefícios; b)


suspensão/cancelamento de benefícios e autotutela da
administração; c) reajustamento e teses revisionais mais importantes
e atuais; d) prescrição e decadência no RGPS;

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4. Processo administrativo previdenciário;

5. Processo judicial previdenciário: a) competência; b)


requerimento administrativo/interesse de agir, fungibilidade,
reafirmação da DER, regime probatório, coisa julgada e ação
rescisória; c) fixação da data de início dos benefícios; d) rito
comum; e) procedimento nos juizados especiais federais; f) fase
recursal (recursos STF, STJ, TNU e TRU);

6. Prática previdenciária: casos práticos, peças e decisões.


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Índice
1. Grandes números do RGPS ........................................................................... 11
1-A. Teoria geral do RGPS ................................................................................. 20
2. Aplicação da lei no tempo (tempus regit actum)............................................ 23
3. Segurados .................................................................................................... 40
3.1. Empregado ..................................................................................... 43
3.2. Empregado doméstico .................................................................... 55
3.3. Trabalhador avulso ......................................................................... 55
3.4. Contribuinte individual ................................................................... 56
3.5. Segurado especial ........................................................................... 59
3.5.1 Requisitos de enquadramento ........................................... 61
3.5.2 Regras de comprovação ..................................................... 86
4. Aquisição da qualidade de segurado (filiação e inscrição) ........................... 120
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5. Salário de contribuição ...................................................................... 165
6. Custeio e contribuição previdenciária dos segurados .................................. 188
7. Manutenção, perda e reaquisição da qualidade de segurado ...................... 204
8. Dependentes ............................................................................................. 236
9. Carência ..................................................................................................... 267
10. Tempo de contribuição e contagem recíproca ........................................... 296
11. Salário de benefício e cálculo do valor do benefício .................................. 320
12. Benefícios em espécie ..................................................................... 361
13. Aposentadoria por incapacidade permanente (Apo Invalidez) ......... 363

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14. Auxílio por incapacidade temporária (Auxílio-Doença) ............................. 406
15. Acidente do trabalho e reflexos nos benefícios previdenciários ................ 466
16. Auxílio-acidente ....................................................................................... 482
17. Aposentadorias voluntárias ...................................................................... 502
18. Aposentadorias por tempo de contribuição (extinta e transição)............... 503
19. Aposentadorias por idade urbana (extinta e transição).............................. 541
20. Aposentadoria programada (novo benefício: comum e professor) ............ 550
21. Aposentadoria por idade do trabalhador rural .......................................... 555
22. Aposentadoria (por idade) híbrida ou mista ............................................. 558
23. Aposentadorias da pessoa com deficiência (PCD) ..................................... 567

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24. Aposentadoria especial (agentes nocivos) ............................................................ 591
24.1. Caracterização e comprovação de atividade especial ........................................ 615
24.2. Enquadramento por categoria profissional ....................................................... 626
24.3. Enquadramento por exposição a agentes nocivos ............................................. 643
24.4. Permanência da exposição ............................................................................... 662
24.5. Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho – LTCAT ........................... 671
24.6. Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP ....................................................... 698
24.7. Equipamentos de proteção coletiva (EPC) e individual (EPI) .............................. 711
24.8. Responsável pelos registros ambientais ............................................................ 733
24.9. Enquadramento por periculosidade .................................................................. 739
24.10. Enquadramento por penosidade .....................................................................752
24.11. Conversão entre tempos de atividade ............................................................. 755
24.12. Análise individualizada de alguns agentes nocivos .......................................... 763

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Ruído .............................................................................................................................. 763
Calor ............................................................................................................................... 773
Frio ............................................................................................................................. .... 782
Biológicos ....................................................................................................................... 784
Vibração ......................................................................................................................... 789
Agentes químicos ........................................................................................................... 763
25. Salário-família .................................................................................................................. 864
26. Salário-maternidade ........................................................................................................ 870
27. Pensão por morte ............................................................................................................ 891
28. Auxílio-reclusão ............................................................................................................... 948
29. Benefício assistencial (BPC/LOAS) das pessoas idosa e deficiente...................................... 971
30. Auxílio-inclusão ............................................................................................................. 1019
31. Prescrição e decadência ................................................................................................. 1024
32. Autotutela da administração e prazos extintivos ............................................................ 1050
33. Suspensão e cancelamento dos benefícios ..................................................................... 1058

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34. Devolução de benefício indevido ou pago além do devido ................................. 1063
35. Processo administrativo previdenciário – PAP .................................................... 1070
36. Processo judicial previdenciário ......................................................................... 1071
36.1. Aspectos gerais ............................................................................................... 1071
36.2. Competência .................................................................................................. 1072
36.3. Interesse de agir (Tema 350 do STF) ................................................................ 1091
36.4 Legitimidade e sucessão processual (Tema 1.057 do STJ) ................................. 1093
36.5. Pedido e fungibilidade .................................................................................... 1094
36.6. Reafirmação judicial da DER (Tema 995 do STJ) ............................................... 1096
36.7. Encargos decorrentes da mora ........................................................................ 1107
36.8. Remessa necessária ........................................................................................ 1109
36.9. Desaposentação indireta (Tema 1018 do STJ) .................................................. 1115
36.10. Novas provas e DIB/DIP dos benefícios (Tema 1124 do STJ) .......................... 1115
36.11. Coisa julgada inconstitucional e ação rescisória no JEF (Tema 100 do STF) ..... 1116

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• Faixas de valor dos benefícios previdenciários: a) até 01 SM: 62,69%; b) entre 01 e 02
SM’s: 19,13%; c) entre 02 e 03: 9,56%; d) entre 03 e 04: 5,5%; e) entre 04 e 05: 2,33%
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1. Teoria Geral do RGPS
1.1. Noções gerais: a) o sistema de seguridade social; b) previdência social e seu
modelo de proteção contributivo; c) princípios da seguridade social aplicados à
previdência social; d) regimes de previdência (RGPS, RPPS, militares e RPC)
1.2. Princípios:
• solidariedade (art. 3º, I, da CF/88)
• contributividade (art. 201, caput, da CF/88)
• universalidade da cobertura e do atendimento (art. 194, § único, da CF/88);
• uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais (art.
194, § único, da CF/88);
• seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços (art. 194, § único, da
CF/88);
• irredutibilidade do valor dos benefícios (art. 194, § único, da CF/88);

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• diversidade da base de financiamento, identificando-se, em rubricas contábeis específicas para cada
área, as receitas e as despesas vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência social,
preservado o caráter contributivo da previdência social (art. 194, § único, da CF/88);

• caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com


participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos
colegiados (art. 194, § único, da CF/88);

• prévia fonte do custeio (art. 195, §5º, da CF/88);

• equilíbrio financeiro e atuarial (art. 201, caput, da CF/88);

• benefício substitutivo da renda não inferior ao valor mensal do salário mínimo (art. 201, §2º, da
CF/88)

• preservação do valor real dos benefícios (art. 201, §4º, da CF/88 e art. 41-A da Lei 8.213/91)

• direito ao melhor benefício (art. 176-E do RPS)

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1.3. Legislação de regência do RGPS:

a) arts. 195, 201 e EC 103/2019 da CF/88

b) Leis 8.212/91 (PCSS), 8.213/91 (PBPS) e outras de menor abrangência como as Leis
10.666/2003 e 11.718/2008

c) Decreto 3.048/99 (RPS)

d) Instrução Normativa PRES/INSS nº 128, de 28/03/2022 (IN 128/2022)

e) Portarias DIRBEN/INSS nº 990 a 999, de 28/03/2022 (Portaria nº 991/2022)

OBS: a influência dos atos normativos do INSS na via judicial: é possível adotar critérios mais
rígidos na via judicial do que os adotados na via administrativa em desfavor dos segurados e
dependentes?
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2. Aplicação da lei no tempo
Tempus regit actum
2.1. Aplicação da lei no tempo: direito adquirido, tempus regit actum e
ultratividade da legislação previdenciária

2.2. Importância do tema: o sistema previdenciário está em constante


mudança (Leis 8.870/94, 9.032/95, 9.527/98, 9.876/99, 10.666/2003,
11.718/2008, 12.470/2011, 12.873/2013, 13.134/2015, 13.135/2015,
13.146/2013, 13.183/2015, 13.189/2015, 13.202/2015, 13.846/2019,
13.847/2019, 13.876/2019, 14.176/2021, Lei 14.331, de 04/05/2022 e Lei
14.441, de 02/09/2022); Leis Complementares 123/2006, 142/2013,
150/2015 e 152/2015; Emendas Constitucionais 20/98, 41/2003, 47/2005 e
103/2019).

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2.3. Legislação aplicável aos benefícios: no que toca aos requisitos de
acesso/concessão/duração (qualidade de segurado/dependente, carência, tempo de contribuição
etc) e à forma de cálculo aplica-se a lei em vigor no momento em que o segurado/dependente
reuniu todos os requisitos legais, ou seja, no momento do fato gerador do benefício (tempus regit
actum). Nesse sentido: súmulas 359 do STF, 340 do STJ e Tema 165 do STF. Assim sendo:

a) a ocorrência do fato gerador produz direito adquirido para o segurado, que não pode ser
alterado por legislação posterior; é o caso de ultratividade da lei de regência, mesmo
depois de revogada

Art. 3º da EC 103/2019: Art. 3º A concessão de aposentadoria ao servidor público federal vinculado a regime
próprio de previdência social e ao segurado do Regime Geral de Previdência Social e de pensão por morte
aos respectivos dependentes será assegurada, a qualquer tempo, desde que tenham sido cumpridos os
requisitos para obtenção desses benefícios até a data de entrada em vigor desta Emenda Constitucional,
observados os critérios da legislação vigente na data em que foram atendidos os requisitos para a concessão
da aposentadoria ou da pensão por morte.
[...]
§ 2º Os proventos de aposentadoria devidos ao segurado a que se refere o caput e as pensões por morte
devidas aos seus dependentes serão apurados de acordo com a legislação em vigor à época em que foram
atendidos os requisitos nela estabelecidos para a concessão desses benefícios.
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• Direito ao melhor benefício: Tese do tema 334 do STF: “Para o cálculo da renda mensal
inicial, cumpre observar o quadro mais favorável ao beneficiário, pouco importando o
decesso remuneratório ocorrido em data posterior ao implemento das condições legais para
a aposentadoria, respeitadas a decadência do direito à revisão e a prescrição quanto às
prestações vencidas. (09/12/2015)

b) produz também o fenômeno da irretroatividade, que impede a retroatividade da lei


mais benéfica ao segurado, salvo se houve previsão expressa e respeito ao princípio da
precedência da fonte de custeio. Tema 165 do STF (cotas de pensão por morte)

c) não existe direito adquirido a regime jurídico previdenciário, que se traduz em mera
expectativa de direito não protegida automaticamente. É hipótese, com base na boa-fé e
na proteção da confiança, do estabelecimento de regras de transição por via legislativa.
Obs: a) benefícios sem regra de transição; b) análise do caso da “Revisão da Vida Toda”.

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d) Impossibilidade de conjugação de regimes/regime híbrido: Tema 70 do STF: “Na sistemática
de cálculo dos benefícios previdenciários, não é lícito ao segurado conjugar as vantagens do novo
sistema com aquelas aplicáveis ao anterior, porquanto inexiste direito adquirido a determinado
regime jurídico.”
EMENTA: INSS. APOSENTADORIA. CONTAGEM DE TEMPO. DIREITO ADQUIRIDO. ART. 3º DA EC 20/98.
CONTAGEM DE TEMPO DE SERVIÇO POSTERIOR A 16.12.1998. POSSIBILIDADE. BENEFÍCIO CALCULADO EM
CONFORMIDADE COM NORMAS VIGENTES ANTES DO ADVENTO DA REFERIDA EMENDA.
INADMISSIBILIDADE. RE IMPROVIDO. I - Embora tenha o recorrente direito adquirido à aposentadoria, nos
termos do art. 3º da EC 20/98, não pode computar tempo de serviço posterior a ela, valendo-se das regras
vigentes antes de sua edição. II - Inexiste direito adquirido a determinado regime jurídico, razão pela qual
não é lícito ao segurado conjugar as vantagens do novo sistema com aquelas aplicáveis ao anterior. III - A
superposição de vantagens caracteriza sistema híbrido, incompatível com a sistemática de cálculo dos
benefícios previdenciários. IV - Recurso extraordinário improvido. (RE 575089, julgado em 10/09/2008,
plenário).
• Obs: neste sentido o art. 188-A, §5º, do RPS, na redação dada pelo Decreto 10.410/2020, que trata
do cálculo da renda mensal das aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial pelas
regras de direito adquirido anteriores à EC 103/2019: “§ 5º O valor da renda mensal da
aposentadoria concedida na forma prevista neste artigo será apurado na data de 13 de novembro de
2019, em conformidade com o disposto nos art. 188-E e art. 188-F, e reajustado pelos mesmos
índices aplicados ao benefício até a data do requerimento.” Também o art. 222, V, da IN 128/2022

• Obs: no mesmo sentido o PUIL 810 do STJ (1ª Seção, julgado em 10/06/2020)
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e) é possível a aplicação prospectiva (para frente) da nova lei previdenciária sobre benefícios já
concedidos, desde que não verse sobre requisitos de concessão/cálculo/duração, ou seja, desde
que trate de elementos que sejam externos ao benefício (regime jurídico), como a instituição de
prazo de decadência para a revisão da prestação. Exs.: (i) decadência do direito de revisão: Lei
9.528/97 e RE 626.489/SE (Tema 312 do STF); (ii) auxílio-acidente e manutenção da qualidade de
segurado: art. 15, I, da Lei 8.213/91, com a redação da Lei 13.846/2019

f) nos casos de acumulação de benefícios, o direito adquirido somente se concretiza quando do


fato gerador do 2º benefício. Ex.: (i) Lei 9.527/98 (aposentadoria e auxílio-acidente) e súmula 507
do STJ; (ii) §4º do art. 24 da EC 103/2019 (acumulação de pensão e aposentadoria)

g) nos benefícios programáveis (aposentadorias, salvo incapacidade permanente) é possível


renunciar o direito adquirido (não ao benefício já concedido, salvo nas hipóteses do 181-B do RPS)
para se valer de normas posteriores mais benéficas. Ex.: art. 245, §2º, da IN 128/2022: § 2º A
análise das aposentadorias programáveis deverá observar a regra vigente na data do
requerimento, ressalvadas as hipóteses de direito adquirido disciplinadas nesta Instrução
Normativa, se mais vantajosa.

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2.4. Medidas provisórias e direito intertemporal: o caos previdenciário

a) previsão constitucional:

Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas
provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.

§ 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a


edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7º,
uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as
relações jurídicas delas decorrentes.

§ 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até sessenta dias após a rejeição ou
perda de eficácia de medida provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos
praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas.

§ 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida provisória, esta
manter-se-á integralmente em vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto.

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b) casos que demandam atenção especial:

(i) MP rejeitada ou não apreciada (vigência encerrada) com edição do decreto:


os eventos previdenciários (fatos geradores) ocorridos na sua vigência serão
regidos pelo decreto

(ii) MP rejeitada ou não apreciada sem decreto: os eventos previdenciários (fatos


geradores) ocorridos na sua vigência serão regidos pela MP

(iii) MP’s alteradas ou com dispositivos somente incluídos na lei de conversão:


existem dois regimes jurídicos a depender da data do fato gerador (o da MP e
o da Lei), salvo previsão expressa dada pela lei de conversão, como ocorreu
com o art. 5º da Lei 13.135/2015 (Art. 5º Os atos praticados com base em
dispositivos da Medida Provisória nº 664, de 30 de dezembro de 2014, serão
revistos e adaptados ao disposto nesta Lei.).

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- Exemplo de duplicidade de regimes: §§5º e 6º do art. 16 da Lei
8.213/91, incluídos pelas MP 871/2019 (18/01/2019 a
17/06/2019) e Lei 13.846/2019 (18/01/2019 em diante)
§ 5º A prova de união estável e de dependência econômica exigem início de prova material
contemporânea dos fatos, não admitida a prova exclusivamente testemunhal, exceto na ocorrência de
motivo de força maior e ou caso fortuito, conforme disposto no Regulamento. (Incluído
pela Medida Provisória nº 871, de 2019)

§ 5º As provas de união estável e de dependência econômica exigem início de prova material


contemporânea dos fatos, produzido em período não superior a 24 (vinte e quatro) meses anterior à
data do óbito ou do recolhimento à prisão do segurado, não admitida a prova exclusivamente
testemunhal, exceto na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no
regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)

§ 6º Na hipótese da alínea c do inciso V do § 2º do art. 77 desta Lei, a par da exigência do § 5º deste


artigo, deverá ser apresentado, ainda, início de prova material que comprove união estável por pelo
menos 2 (dois) anos antes do óbito do segurado. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)

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c) Jurisprudência:

• Tese do tema 176 da TNU: Constatado que a incapacidade do(a) segurado(a) do


Regime Geral da Previdência Social (RGPS) ocorreu ao tempo da vigência das
Medidas Provisórias 739/2016 e 767/2017, aplicam-se as novas regras de carência
nelas previstas.

Obs: a TNU (e, em regra, jurisprudência dos TRF’s), aplicando o tempus regit actum,
considera o momento da ocorrência do fato gerador do benefício (DII, datas do óbito,
prisão, parto etc) como o marco para aplicação do §11 do art. 62 da CF/88 (aplicação
das regras da MP rejeitada ou não apreciada). Obs: não localizei jurisprudência do STJ

No mesmo sentido o art. 200 da IN 128/2022: Art. 200. Para os benefícios requeridos a
partir de 25 de julho de 1991, data da publicação da Lei nº 8.213, de 1991, observado o
§ 1º, quando ocorrer a perda da qualidade de segurado, qualquer que seja a época da
inscrição ou da filiação do segurado no RGPS, as contribuições anteriores a essa data só
poderão ser computadas para efeito de carência, observado o fato gerador, depois que
o segurado contar, a partir da nova filiação ao RGPS, com, no mínimo: [...]
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d) Um exemplo do caos (carência de refiliação/recuperação dos arts. 24, § único e 27-A
da Lei 8.213/91):

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2.5. EC 103/2019: aspectos gerais, estrutura normativa e questões intertemporais

(i) Datas importantes:

a) Promulgação: 12/11/2019

b) Publicação: 13/11/2019

c) Vigência (data da publicação): 13/11/2019

d) Direito adquirido: até 13/11/2019

e) Novo regime: a partir de 14/11/2019


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(ii) Estrutura/sumário da emenda:
- Alterações nas regras permanentes da CF/88 (art. 1º)
- Alterações no ADCT da CF/88 (art. 2º)

– Regra do direito adquirido (art. 3º)

– Regras de transição do RPPS (arts. 4º, 5º, 20 e 21)

- Regras transitórias do RPPS (art. 10, 11, 22, 23 e 26)

- Regras de transição do RGPS (arts. 15, 16, 17, 18 e 20)

- Regras transitórias do RGPS (arts. 19 e 26)


– Regras transitórias diversas

- Cláusulas de revogação e vigência

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(iii) Técnica legislativa, classificação e destinatários das normas

 Garantia expressa do direito adquirido: segurados que


implementaram os requisitos dos benefícios até 13/11/2019

 Desconstitucionalização de normas do RGPS e RPPS: critérios para


concessão de aposentadorias (salvo idade mínima), pensão por
morte etc;

 Constitucionalização para posterior desconstitucionalização:


cálculo dos benefícios, acumulação de benefícios, alíquotas de
contribuições etc

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 Regras transitórias (ou regras de transição ao regramento
permanente):
• servidores (RPPS) e segurados (RGPS) que ingressaram a partir de
14/11/2019 (inclusive);
• servidores e segurados que ingressaram até 13/11/2019 e renunciem às
regras de transição (transitórias mais favoráveis);
• eventos sem transição (óbitos e incapacidade permanente) ocorridos a
partir de 14/11/2019 (inclusive).

Ex: Art. 19. Até que lei disponha sobre o tempo de contribuição a que se refere o inciso I do
§ 7º do art. 201 da Constituição Federal, o segurado filiado ao Regime Geral de
Previdência Social após a data de entrada em vigor desta Emenda Constitucional
será aposentado aos 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, 65 (sessenta e cinco)
anos de idade, se homem, com 15 (quinze) anos de tempo de contribuição, se mulher, e
20(vinte) anos de tempo de contribuição, se homem.

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Art. 23. A pensão por morte concedida a dependente de segurado do Regime Geral
de Previdência Social ou de servidor público federal será equivalente a uma cota
familiar de 50% (cinquenta por cento) do valor da aposentadoria recebida pelo
segurado ou servidor ou daquela a que teria direito se fosse aposentado por
incapacidade permanente na data do óbito, acrescida de cotas de 10 (dez) pontos
percentuais por dependente, até o máximo de 100% (cem por cento).
§ 1º As cotas por dependente cessarão com a perda dessa qualidade e não serão
reversíveis aos demais dependentes, preservado o valor de 100% (cem por cento)
da pensão por morte quando o número de dependentes remanescente for igual ou
superior a 5 (cinco).
[...]
§ 7º As regras sobre pensão previstas neste artigo e na legislação vigente na data
de entrada em vigor desta Emenda Constitucional poderão ser alteradas na
forma da lei para o Regime Geral de Previdência Social e para o regime próprio
de previdência social da União.

37
 Regras de transição: servidores e segurados filiados até a data de entrada
em vigor da emenda (13/11/2019)

Ex: Art. 15. Ao segurado filiado ao Regime Geral de Previdência Social até a data de
entrada em vigor desta Emenda Constitucional, fica assegurado o direito à aposentadoria
quando forem preenchidos, cumulativamente, os seguintes requisitos:
I - 30 (trinta) anos de contribuição, se mulher, e 35 (trinta e cinco) anos de contribuição, se
homem; e
II - somatório da idade e do tempo de contribuição, incluídas as frações, equivalente a 86
(oitenta e seis) pontos, se mulher, e 96 (noventa e seis) pontos, se homem, observado o
disposto nos §§ 1º e 2º.
§ 1º A partir de 1º de janeiro de 2020, a pontuação a que se refere o inciso II do caput será
acrescida a cada ano de 1 (um) ponto, até atingir o limite de 100 (cem) pontos, se mulher,
e de 105 (cento e cinco) pontos, se homem.

38
 Regras transitórias e de transição compartilhadas entre RPPS e
RGPS (art. 23 [pensão por morte], 24 [acumulação], 26 [cálculo do
valor dos benefício], 20 [transição de aposentadorias] etc)

 Revogação de regras de transição das EC 20/1998 (arts. 9º, 13 e


15), 41/2003 (arts. 2º, 6º e 6º-A) e 70/2012 (art. 1º): existe direito
adquirido a regras de transição?
– José Afonso da Silva: defende que as regras de transição transformam,
para os destinatários específicos, expectativa de direito em direito
adquirido.
– ADI 3104: o STF entendeu constitucional a revogação da regra de transição
do art. 8º da EC 20/1998 pela EC 41/2003.

39
3. Segurados do RGPS
 Beneficiários do RGPS: segurados e dependentes
 Segurados: pessoas físicas que contribuem e fazem jus às coberturas
previdenciárias (filiados ao RGPS). Dividem-se em:
a) Segurados obrigatórios: pessoas físicas que exercem atividade remunerada e
contribuem (arts. 12 da Lei 8.212/91, 11 da Lei 8.213/91 e 9º do RPS). Serviço
voluntário não gera filiação (Lei 9.608/98 e art. 2º, §3º, da IN 128/2022)
• Atividades concomitantes: segurado em relação a cada uma delas (Lei 8.213/91,
art. 11, § 2º). Ex.: empregado e contribuinte individual
• Aposentado que retorna à atividade: segurado obrigatório em relação a essa nova
atividade (Lei 8.213/91, art. 11, §3º). Constitucionalidade da contribuição: Tese do
tema 1.065 do STF

40
• Servidor público titular de cargo efetivo:
se filiado ao RPPS, não será segurado do RGPS (Lei 8.213/91, art. 12);
se não filiado ao RPPS, será segurado do RGPS (Lei 8.213/91, art. 12);
se filiado ao RPPS e exercer, concomitantemente, outra(s) atividade(s)
remunerada(s), será segurado do RGPS em relação a essa(s) atividade(s) (Lei
8.213/91, art. 12, §1º)

b) Segurados facultativos (Lei 8.212/91, art. 14 e Lei 8.213/91, art. 13): pessoas
físicas, com 16 anos ou mais (CF, art. 7º, XXXIII, redação da EC 20/98), que não
exercem atividade remunerada e se filiam, voluntariamente, ao RGPS (Lei
8.213/91, art. 13). Ex: dona de casa, estudante, estagiário, quem perdeu a
qualidade de segurado obrigatório etc).
Obs: hipótese de vedação de filiação: participante de regime próprio – RPPS depois de
16/12/1998 (CF, art. 201, §5º, redação dada pela EC 20/1998). Aposentado: sim.
Pensionista: não. Exceção: afastado sem percepção de vencimentos, desde que a lei de
regulação do RPSS não permita, nesta condição, a contribuição.
41
• O enquadramento do preso em regime fechado ou semiaberto que
exerce atividade remunerada dentro ou fora da unidade prisional: (i) o
art. 2º da Lei 10.666/2003 permitia o enquadramento como contribuinte
individual ou facultativo; (ii) o RPS, no art. 11, §1º, XI, com a redação dada
pelo Decreto 7.054/09, o enquadrou como facultativo; (iii) o art. 2º da Lei
10.666/2003 foi revogado pela Lei 13.846/19. Atualmente, o
enquadramento é como facultativo, existindo dúvida quanto ao período de
vigência do art. 2º da Lei 10.666/2003

42
 Segurados obrigatórios: dividem-se em 05 categorias:

3.1. Empregado (empregado e equiparados):

(i) Empregado (CLT): aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à
empresa (ou equiparados), em caráter não eventual, sob sua subordinação e
mediante remuneração. Inclui o intermitente e o temporário. O menor
aprendiz (art. 428 da CLT) é segurado empregado.

(ii) Equiparados (ver rol do art. 11, I, da Lei 8.213/91):


• Servidor público ocupante exclusivamente de cargo em comissão, emprego
público ou outro cargo temporário: na União a partir da Lei 8.647/93 e nos demais
entes federativos a partir da EC 20/98 (16/12/1998).

43
• o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde
que não filiado a regime próprio:

• EC 103/2019: todos os detentores de mandato eletivo passam a ser


filiados ao RGPS (art. 40, §13), observada a regra de transição para
os já filiados;

• Deputados federais e senadores (e estaduais com legislação


própria): possuem regime próprio (PSSC, Lei 9.506/1997), que
continua sendo aplicado para os que optaram por permanecer
filiados (art. 2º), com o pedágio (30%) e acréscimo de idade (65 e 62
anos) do art. 14, §1º, da EC 103/2019.
44
• Vereadores (arts. 138 a 149 da IN 128/2022):

segurados obrigatórios do RGPS a partir de 19/09/2004, data de vigência da Lei


10.887/2004
 de 01/02/1998 a 18/09/2004 o STF afastou a filiação decorrente da Lei 9.506/97 (RE
351.717). Se não entraram na justiça para repetir o valor pago à título de contribuição
podem manter a filiação como facultativos
• O exercente de mandato eletivo estadual ou municipal em período anterior à publicação da
Lei nº 10.887/2004, não vinculado a regime próprio de previdência social, deve comprovar
os recolhimentos de contribuições sociais para o Regime Geral da Previdência Social (RGPS),
ressalvada a hipótese de pagamentos de contribuições efetuadas com fundamento na Lei nº
9.506/97 e não repetidas pelo ente público. (TNU: PUIL 0005130-72.2011.4.03.6302/SP,
12/12/2018)
 período anterior à Lei 9.506/97 não eram segurados obrigatórios do RGPS, por ausência de
previsão legal (art. 5º da Lei 3.807/60). Se não se filiaram e pagaram contribuições como
facultativos, somente podem contar tempo de contribuição se for paga a indenização, na
forma do art. 45-A da Lei 8.212/91 (art. 55, §1º, da Lei 8.213/91 e arts. 121 e 122 do RPS)
 os que foram obrigados a exercer o mandato no período da ditadura militar podem contar
o tempo na forma do art. 10, §1º, da Lei 10.559/2002, independentemente de contribuição.
Ver informativo 32/2018 da TNU, referente ao PUIL n. 0005130-72.2011.4.03.6302
45
• Aluno-aprendiz de escolas técnicas/profissionais (rurais, industriais ou ferroviárias):
possibilidade de cômputo de tempo de contribuição até 16/12/1998 (EC 20/1998),
desde que atendidos os requisitos de comprovação do vínculo empregatício e
remuneração à conta do orçamento. Ver art. 118-G, IX, do RPS e arts. 135 a 137 da IN
128/2022. Ver jurisprudência do TCU (acórdão pleno 2.024/2005), TNU, STJ e STF:

46
CONTRADITÓRIO – PRESSUPOSTOS – LITÍGIO – ACUSAÇÃO. O contraditório, base maior do devido
processo legal, requer, a teor do disposto no inciso LV do artigo 5º da Constituição Federal, litígio ou
acusação, não alcançando os atos sequenciais alusivos ao registro de aposentadoria. PROVENTOS DA
APOSENTADORIA – TEMPO DE SERVIÇO – ALUNO-APRENDIZ – COMPROVAÇÃO. O cômputo do tempo
de serviço como aluno-aprendiz exige a demonstração da efetiva execução do ofício para o qual recebia
instrução, mediante encomendas de terceiros. (MS 31.518, Primeira Turma, Relator(a): Min. MARCO
AURÉLIO, Julgamento: 07/02/2017, Publicação: 06/09/2017)

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. ART. 1.022 DO CPC/2015. VIOLAÇÃO. INOCORRÊNCIA.


ALUNO-APRENDIZ. TEMPO DE SERVIÇO. REQUISITOS. REEXAME. IMPOSSIBILIDADE.
1. Não há violação do art. 1.022 do CPC/2015 quando o Tribunal de origem se manifesta de forma
clara, coerente e fundamentada sobre as teses relevantes à solução do litígio.
3. Consoante o entendimento desta Corte, é possível o cômputo do tempo de estudante como
aluno-aprendiz de escola pública profissional para complementação de tempo de serviço, que
objetiva fins previdenciários, desde que preenchidos os requisitos da comprovação do vínculo
empregatício e da remuneração à conta do orçamento da União.
4. Hipótese em que a apreciação da irresignação recursal esbarra no óbice das Súmulas 7 e 83 do
STJ.
5. Agravo interno desprovido. (AgInt no REsp n. 1.630.637/PE, relator Ministro Gurgel de Faria,
Primeira Turma, julgado em 14/9/2020, DJe de 22/9/2020.)
47
• Seminarista (equiparado ao aluno aprendiz):
Tese do tema 66 da TNU: “O tempo de seminarista em congregação religiosa se aproveita
para fins previdenciários, desde que atendidos os mesmos pressupostos exigidos do aluno
aprendiz de escola pública profissionalizante. Vide Súmula 18/TNU (tese do Tema 216/TNU)”.
Obs: dificuldade de se adaptar às novas exigências do tema 216/sumula 18 da TNU: (i)
retribuição consubstanciada em prestação pecuniária ou em auxílios materiais; (ii) à conta do
Orçamento; (iii) a título de contraprestação por labor; (iv) na execução de bens e serviços
destinados a terceiros.
Eis o teor de recente julgado do STJ:
PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. CÔMPUTO DE
TEMPO DE SERVIÇO COMO ASPIRANTE À VIDA RELIGIOSA. ANALOGIA ALUNO-APRENDIZ. RELAÇÃO
DE EMPREGO NÃO CARACTERIZADA. REVISÃO. INVIABILIDADE. SÚMULA 7/STJ. DISSÍDIO
JURISPRUDENCIAL PREJUDICADO.
1. Com efeito, a jurisprudência do STJ orienta-se no sentido de que é possível o cômputo do tempo de
estudante como aluno-aprendiz de escola pública profissional para complementação de tempo de
serviço, que objetiva fins previdenciários, desde que preenchidos os requisitos da comprovação do
vínculo empregatício e da remuneração à conta do orçamento da União.

48
2. In casu, a Corte de origem, ao decidir a controvérsia, reconheceu não ser
possível computar o tempo de serviço como aspirante à vida religiosa, haja vista
não se verificar o recolhimento das contribuições previdenciárias respectivas nem
a existência de relação de emprego, exigência para que seja possível dar à
espécie tratamento analógico àquele dado ao aluno-aprendiz.
3. Assim, ao consignar que não ficou comprovado o vínculo empregatício no
período pretendido, o acórdão fundou-se nas provas dos autos. Dessa forma, a
alteração das conclusões adotadas pelo Tribunal a quo, tal como colocada a
questão nas razões recursais, demanda novo exame do acervo fático-probatório
constante dos autos, providência vedada em Recurso Especial, conforme o óbice
previsto na Súmula 7/STJ.
4. Por fim, consigne-se que a incidência da referida súmula é óbice também para o
exame da divergência jurisprudencial, o que inviabiliza o conhecimento do Recurso
Especial pela alínea "c" do permissivo constitucional.
5. Agravo Interno não provido. (AgInt no AREsp n. 1.906.844/PR, relator Ministro
Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 21/3/2022, DJe de 25/3/2022.)

49
A TNU, em julgado de 15/09/2022, fez a adaptação das exigências,
dispensando a “despesa à conta do orçamento” e fixando a seguinte tese:

Para aplicação do Tema 66 da TNU, deve se demonstrar que, durante o


período de aprendizado no seminário, houve simultaneamente: (i)
retribuição consubstanciada em prestação pecuniária ou em auxílios
materiais; (ii) a título de contraprestação por labor; (iii) na execução de
bens e serviços destinados a terceiros, ainda que de forma não
exclusiva. (PUIL nº 5012480-91.2020.4.04.7107/RS, julgado em
15/09/2022).

50
• Vínculo entre cônjuges: §27 do art. 9º do RPS: § 27. O vínculo
empregatício mantido entre cônjuges ou companheiros não impede o
reconhecimento da qualidade de segurado do empregado, excluído o
doméstico, observado o disposto no art. 19-B. (Incluído pelo Decreto nº
10.410, de 2020)
TNU: o vínculo é válido, salvo prova de fraude, mas o segurado não faz jus à
presunção de recolhimentos, que deve ser efetiva.
“O fato de se tratar de vínculo empregatício mantido entre cônjuges casados
sob regime de comunhão de bens (parcial ou universal) não impede o
reconhecimento da qualidade de segurado do empregado, contanto que
comprovado o efetivo recolhimento das contribuições sociais pertinentes
ao período que se pretende aproveitar para fins de concessão de benefício
previdenciário” (PUIL 5003697-34.2016.4.04.7210/SC, julgado em
26/10/2018).

51
• Caracterização como rural ou urbano: considera as atividades efetivamente
desenvolvidas pelo segurado (agricultura/agrícola, pecuária/pastoril ou hortifrutigranjeiro)
e não o meio em que se insere o trabalhador (local) ou a classificação do empregador
(natureza da atividade principal). Ver art. 11, I, ‘a’, da Lei 8.213/91 e 6º da IN 128/2022. Essa
é a linha da jurisprudência dominante do STJ (tese do tema 406) e da TNU (tese do tema
115).
Julgado recente da TNU sobre a cozinheira: “A cozinheira, ainda que atue em
propriedade rural ou prédio rústico inserida em ciclo de atividade
agroeconômica, preparando alimentos para os trabalhadores ou para o
empregador, não é trabalhadora rural para os fins do parágrafo 1º do art. 48
da Lei 8.213/91 (PUIL 0000533-96.2016.4.03.6201/SP, julgado em 15/09/2022)
INSS considera urbano: cozinheira, motorista, motosserista, tratorista (ainda
que o empregador seja rural), trabalhador do setor industrial (ainda que não
exclusivamente) de empresa agroindustrial, veterinário (e outras profissões de
nível universitário), trabalhador de loja ou escritório de fazenda etc (art. 6º da
IN 128/2022)

52
TNU: A atividade de motorista de caminhão no meio rural não é equiparada a
de trabalhador rural. (PUIL nº 0531195-20.2019.4.05.8013, julgado em
22/10/2021)

Jurisprudência aceita o enquadramento como rural: tratorista, motosserrista,


trabalhador na silvicultura (eucalipto), administrador de fazenda etc. Obs: é
possível o enquadramento como rural desde que comprovado, por exemplo,
que exerceu a função de tratorista em atividades rurais. Nesse sentido a TNU:
PUIL 0502894-63.2019.4.05.8013/AL, sessão virtual de 18/05/2020 a
01/06/2020. Obs: no caso do administrador, é preciso comprovar atividade
rural além dos atos de gestão

53
Jurisprudência: julgado do TRF1 considerando o tratorista em atividades de
agricultura e pecuária como trabalhador rural para fins previdenciários:

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. TRABALHADOR RURAL.


TRATORISTA. COMPROVAÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO. INCAPACIDADE LABORAL TOTAL
E TEMPORÁRIA. AUXÍLIO-DOENÇA. ARTIGO 59, CAPUT, DA LEI Nº 8.213/91. [...]. A parte
autora comprovou documentalmente sua condição de trabalhador (a) rural, juntado aos
autos, com a inicial, elementos comprobatórios de sua condição de rurícola, bem como de sua
família, e também de seu domicílio rural. Entende esta Turma que o cargo de tratorista é
considerado como trabalho de natureza rural, consoante os termos do artigo 7º, "b" da CLT,
que dispõe não se aplicar os preceitos daquela consolidação aos trabalhadores rurais, assim
considerados aqueles que, exercendo funções diretamente ligadas à agricultura e à
pecuária, não sejam empregados em atividades que, pelos métodos de execução dos
respectivos trabalhos ou pela finalidade de suas operações, se classifiquem como industriais
ou comerciais (AC 0013410-28.2011.4.01.9199/GO, Rel. Des. Federal Mônica Sifuentes,
Segunda Turma, e-DJF1 p.180 de 25/08/2011). (AC 1009742-08.2021.4.01.9999,
DESEMBARGADOR FEDERAL RAFAEL PAULO, TRF1 - SEGUNDA TURMA, PJe 16/03/2022 PAG.)

54
3.2. Empregado doméstico: aquele que presta serviço de forma contínua,
subordinada, onerosa, pessoal e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família,
no âmbito residencial desta, por mais de 02 dias por semana (LC 150/2015). Obs:
a) caseiro de sítio de lazer e motorista particular são empregados domésticos; b)
empregados de condomínios residenciais não são empregados domésticos.

3.3. Trabalhador avulso: aquele que presta, a diversas empresas, sem vínculo
empregatício, serviço de natureza urbana ou rural, definidos no regulamento, com
intermediação do sindicato ou do órgão gestor de mão de obra/OGMO. Podem ser
portuários (Lei 12.815/2013) e não portuários (carga e descarga de mercadorias,
indústria de extração de sal etc). Obs: equipara-se, para fins previdenciários, ao
segurado empregado. Ver art. 7º, XXXIV da CF/88: “igualdade de direitos entre o
trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso”.

55
3.4. Contribuinte individual: equivalem aos antigos contribuintes
autônomos, empresários ou equiparados (até a edição da Lei 9.876/1999).
Exercem atividade remunerada de forma autônoma ou eventual, sem vínculo
empregatício. Classificação com caráter residual. Principais figuras:
a) Produtor rural pessoa física (fazendeiro): área superior a 04 módulos fiscais ou
com empregados permanentes ou por intermédio de prepostos. Obs: não faz jus à
redução da idade para fins de aposentadoria por idade rural (60 e 55), na forma do
art. 201, §7º, II, da CF/88 e art. 48, §1º, da Lei 8.213/91. Nesse sentido a TNU:
PUIL nº 0500763-72.2020.4.05.8307, julgado em 15/09/2022
b) Garimpeiro (que não seja empregado)
c) Ministros de confissão religiosa e membros de instituto de vida consagrada
(padres, pastores, freiras e assemelhados). Obs: não possuem presunção de
recolhimentos (art. 22, §13, da Lei 8.212/91)

56
d) o titular de firma individual urbana ou rural, o MEI, o sócio gerente ou cotista que receba
remuneração de seu trabalho na empresa e o associado eleito para cargo de direção em
cooperativa, associação ou outra entidades desde que remunerado. Obs: o UBER e
assemelhados são pessoalmente responsáveis pelo recolhimento das suas contribuições (art.
11-A da Lei 12.587/2012 e Decreto nº 9.792/2019)
e) o síndico de condomínio, quando remunerado, ainda que a remuneração seja indireta por
meio de isenção da taxa de condomínio;

f) Trabalhador eventual: aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural,


em caráter eventual/ocasional e de curta duração, a uma ou mais empresas (ou
equiparado), com subordinação e sem relação de emprego. Ex.: pintor,
encanador, eletricista etc;
g) Trabalhador autônomo: aquele que exerce, por conta própria, atividade
econômica urbana, com fins lucrativos ou não, sem subordinação jurídica e com
autonomia para escolher, entre outros, lugar, modo, tempo e forma de
execução do seu trabalho. Ex.: advogado, médico, músico, taxista (mesmo se
filiado a cooperativa de trabalho), vendedor ambulante, caminhoneiro
autônomo, camelô, feirante, diarista etc.
57
 Registros importantes do sistema contributivo destes segurados (serão
detalhados oportunamente):

• podem contribuir pelas alíquotas de 20%, 11% ou 5% sobre o salário de


contribuição (art. 21, I e II da Lei 8.212/91);

• são responsáveis, em regra, pelo recolhimento de suas contribuições, não fazendo


jus à proteção previdenciária em caso de não recolhimento;

• a partir de 04/2003, é da pessoa jurídica que contrata o contribuinte individual


(eventual) a responsabilidade de recolher as contribuições previdenciárias, gerando
presunção absoluta de recolhimento/pagamento em seu favor (art. 4º da Lei
10.666/2003)

• não pode recolher contribuição sobre base de cálculo inferior ao salário mínimo,
sob pena de não ser computada para qualquer efeito. Nesse caso, deve
complementar o valor da contribuição (art. 5º da Lei 10.666/2003)

58
3.5. Segurado especial: único segurado com definição expressa na CF/88 (art.
195, §8º). É o pequeno produtor rural ou o pescador artesanal, assim caracterizado:
CF/88: § 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal,
bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia
familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a
aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos
benefícios nos termos da lei.
Art. 11 da Lei 8.213/91:
VII – como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado
urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda
que com o auxílio eventual de terceiros, na condição de: (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008)

a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou


meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, que explore
atividade: (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

59
2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas atividades nos termos do inciso XII do caput
do art. 2º da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, e faça dessas atividades o principal meio de
vida; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

b) pescador artesanal ou a este assemelhado que faça da pesca profissão habitual ou principal meio de
vida; e (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 (dezesseis) anos de idade ou a este
equiparado, do segurado de que tratam as alíneas a e b deste inciso, que, comprovadamente,
trabalhem com o grupo familiar respectivo. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

§ 1o Entende-se como regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos membros
da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo
familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de
empregados permanentes. (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008)

Obs: garimpeiro: deixou de ser segurado especial a parir de 16/12/1998 (EC 20/1998, art. 195, §8º),
passando a contribuinte individual (art. 11, V, ‘b’, da Lei 8.213/91), mas mantém o direito à aposentadoria
com idade reduzida (60 e 55), se laborar em regime de economia familiar (art. 201, §7º, II, da CF/88).
60
• Requisitos para enquadramento/caracterização como segurado especial:
 local de residência: pode residir no imóvel rural ou na zona urbana do município em que se
localiza a propriedade rural na qual trabalha ou município contíguo. Obs: reflexos práticos para o
enquadramento na via judicial

 Atividades: agricultura, pecuária, hortifrutigranjeiro, extrativismo e pesca artesanal (incluindo


aqui as atividades de apoio à pesca)
• Carvogeamento: Tese do tema 214 da TNU: I) O processo de industrialização rudimentar por meio
do carvoejamento não descaracteriza a condição de segurado especial, como extrativista ou
silvicultor, desde que exercido de modo sustentável, nos termos da legislação ambiental; II) O
carvoeiro que não se enquadre como extrativista ou silvicultor, limitando-se a adquirir a madeira de
terceiros e proceder à sua industrialização, não pode ser considerado segurado especial.
• feirante: produção própria (sim). Produção de terceiros (não): contribuinte individual

 Regime jurídico de vinculação com a terra (proprietário, possuidor, parceiro, meeiro,


comodatário, assentado etc): irrelevante a forma de vinculação à terra, sendo importante o
trabalho e a produção; Obs: acampado não, a partir de 16/01/2020 (art. 110, §6º, da IN 128/2022).
Obs: reflexos práticos para o enquadramento na via judicial, inclusive no que toca ao início de prova
material

61
• Cessão de parte do imóvel rural: não descaracteriza a qualidade de segurado especial do cedente,
desde que observados os requisitos legais (art. 11, §8º, I, da Lei 8.213/91):
“a outorga, por meio de contrato escrito de parceria, meação ou comodato, de até 50% (cinqüenta
por cento) de imóvel rural cuja área total não seja superior a 4 (quatro) módulos fiscais, desde que
outorgante e outorgado continuem a exercer a respectiva atividade, individualmente ou em regime
de economia familiar; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
Obs: para o INSS não é segurado especial o arrendador (cessão onerosa) de parte do imóvel rural
(art. 11, §9º, VI, da Lei 8.213/91, art. 114 da IN 128/2022 e art. 44, II, da revogada IN 77/2015)

 Tamanho da propriedade no caso de agropecuária: “explore atividade agropecuária


em área de até 4 módulos fiscais”
• Módulo fiscal: medida definida pelo INCRA ligada à produtividade da terra em número de hectares
(https://www.gov.br/incra/pt-br/acesso-a-informacao/indices_basicos_2013_por_municipio.pdf)

• Valor do módulo fiscal: 5 a 110 hectares (ha). Sete Lagoas: 20 hectares. Hectare: 10.000m2. Em MG,
um alqueire equivale a 4,84 hectares (48.400m2). Um campo de futebol, por exemplo, tem, em
regra, 10.800m2 (120x90), ou seja, 1,08 ha.

62
• Antes da Lei 11.718/2008 (vigência em 23/06/2008) não havia limite.
Aplicava-se a súmula 30 da TNU: “Tratando-se de demanda previdenciária,
o fato de o imóvel ser superior ao módulo rural não afasta, por si só, a
qualificação de seu proprietário como segurado especial, desde que
comprovada, nos autos, a sua exploração em regime de economia
familiar.”
• Tamanho da propriedade ou tamanho da área explorada?
INSS: considera o tamanho da propriedade, independentemente da área
explorada (art. 110, §2º, da IN 128/2022)

Enunciado nº 8 do CRPS: [...] II - A atividade agropecuária efetivamente explorada


em área de até 4 módulos fiscais, individualmente ou em regime de economia
familiar na condição de produtor, devidamente comprovada nos autos do processo,
não descaracteriza a condição de segurado especial, independente da área total do
imóvel rural.

63
• Jurisprudência para o período posterior à Lei 11.718/2008: favorável
(critério relativo) e contrária (critério absoluto)
• STJ: Tese firmada no tema 1115 (REsp’s 1.947.404/RS e 1.947.647/SC): O
tamanho da propriedade não descaracteriza, por si só, o regime de economia
familiar, caso estejam comprovados os demais requisitos legais para a
concessão da aposentadoria por idade rural” (julgado no dia 23/11/2022 e
ainda não transitado em julgado)
 Tamanho da embarcação (pescador artesanal): pode utilizar embarcação de
pequeno porte: 20 toneladas de arqueação bruta (§14 do art. 9º do Decreto
3.048/99 e art. 10, §1º da Lei 11.959/09)
 Assemelhado ao pescador artesanal: realiza atividade de apoio à pesca
artesanal, exercendo trabalhos de confecção e de reparos de artes e petrechos
de pesca e de reparos em embarcações de pequeno porte ou atuando no
processamento do produto da pesca artesanal (art. 9º, §14-A do RPS)

64
 Enquadramento dos demais integrantes do grupo familiar: § 6o Para serem
considerados segurados especiais, o cônjuge ou companheiro e os filhos maiores de
16 (dezesseis) anos ou os a estes equiparados deverão ter participação ativa nas
atividades rurais do grupo familiar. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
 Regime de economia familiar (ainda que individualmente): subsistência X
comercialização X desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar:
• Auxílio eventual de terceiros: § 7o O grupo familiar poderá utilizar-se de
empregados contratados por prazo determinado ou de trabalhador de que trata a
alínea g do inciso V do caput (eventual), à razão de no máximo 120 (cento e vinte)
pessoas por dia no ano civil, em períodos corridos ou intercalados ou, ainda, por
tempo equivalente em horas de trabalho, não sendo computado nesse prazo o
período de afastamento em decorrência da percepção de auxílio-doença. (Redação
dada pela Lei nº 12.873, de 2013). Obs: não pode ter empregados permanentes

• Utilização de máquinas e tratores: não existe vedação, devendo ser analisado o


caso concreto

65
• A quantidade/valor auferido com a comercialização da produção rural: não
existe, a principio, limitação.
• Nesse sentido: art. 109, §1º, da IN 128/2022: § 1º A atividade é desenvolvida em
regime de economia familiar quando o trabalho dos membros do grupo familiar é
indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico, sendo exercida
em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados
permanentes, independentemente do valor auferido pelo segurado especial com a
comercialização da sua produção, quando houver, observado que: [...]

• Obs: dilemas mal resolvidos: (i) segurado especial ou fazendeiro (CI): a distorção do
conceito de economia familiar, fundado no trabalho/produção sem empregados
permanentes; (ii) o que o segurado especial pode usar em sua atividade, o quanto pode
produzir e comercializar e o que pode ter de patrimônio? (iii) a frágil e perigosa alegação de
que “produz somente para o consumo da casa e não comercializa nada”; (iv) a insegurança
jurídica e o jogo de sorte e azar dos processos judiciais; (v) a utilização de presunções e
regras de experiência arbitrárias (quantidade de gado, litros de leite, sacas de café...). Obs:
a necessidade do autor/advogado esclarecer devidamente esses fatos na petição inicial e
no curso do processo.

66
STJ:
PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL. IMPOSSIBILIDADE DE CONSIDERAÇÃO DA
EXTENSÃO DA TERRA. ACÓRDÃO EM CONFRONTO COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE.
I - A jurisprudência desta e. Corte, de fato, não admite que se considere apenas a extensão de
terra para deferir ou indeferir o benefício previdenciário de aposentadoria rural. Entretanto, in
casu, as instâncias ordinárias consideraram outros elementos para indeferir o benefício, como
a utilização de maquinário pesado, bem como o valor expressivo da produção, entendendo
assim pela descaracterização da condição de exercício de atividade rural em regime de
economia familiar.
II - Tal entendimento está em consonância com a jurisprudência desta e. Corte, conforme se
observa dos seguintes precedentes, AgRg no REsp 1398394/GO, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 26/05/2015, DJe 17/08/2015);AgRg no REsp 1471231/SP, Rel.
Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 23/10/2014, DJe
05/11/2014; REsp 1403506/MG, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado
em 03/12/2013, DJe 16/12/2013) III - Agravo interno improvido. (AgInt no AREsp n.
1.067.648/PR, relator Ministro Francisco Falcão, Segunda Turma, julgado em 21/3/2018, DJe
de 26/3/2018.)

67
TRF1:
PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. REMESSA NECESSÁRIA NÃO CONHECIDA. CONDENAÇÃO
INFERIOR A MIL SALÁRIOS MÍNIMOS. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. QUALIDADE DE SEGURADO
ESPECIAL NÃO COMPROVADA. ATIVIDADE RURAL COM FINALIDADE LUCRATIVA. TRABALHO EM
REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR DESCARACTERIZADO. BENEFÍCIO INDEVIDO. INVERTIDOS OS ÔNUS
DA SUCUMBÊNCIA. SENTENÇA REFORMADA. 1. [...].
7. O autor afirma que é trabalhador rural, tendo trazido aos autos, como início de prova material de
sua dedicação às atividades campesinas, os seguintes documentos: a) cópia de seu cadastro no CNIS,
em 21/09/2012, como segurado especial (fl. 10); b) certidões emitidas pelo Cartório de Registro de
Imóveis da Comarca de Alpinópolis/MG em que consta que o autor é proprietário de uma gleba de
terras, com área de 38,71 hectares, no lugar denominado "Mutuca", adquirido em 27/06/1996 (fls. 14,
24/29); c)comprovante e cartão de sua inscrição estadual de produtor rural em 30/12/2009 (fls. 15/16);
d) certificado de cadastro de imóvel rural em seu nome, com vencimento em 28/01/2010, e respectivo
comprovante de quitação (fl. 17); e) declaração de ITR referente ao exercício de 2012 e recibo de
entrega (fls. 18/23).
8. Como se nota, os documentos colacionados efetivamente demonstram a dedicação do autor à
atividade rural em momento muito anterior à data de início da incapacidade, fixada em 24/10/2012 na
perícia judicial (laudo pericial às fls. 67/71). No entanto, do cotejo dos documentos com a prova oral
colhida, consta-se que esta atividade não se deu exclusivamente em regime de economia familiar.

68
9. Conforme declarado pelo próprio autor, ele se dedicava ao plantio de 22 mil pés de café, tendo
uma produção média de 150 a 200 sacas, contando com o auxílio dos filhos na lavoura e também
com a ajuda de terceiras na época da colheita. 10. Ressalte-se, ainda, que o autor possui imóvel na
cidade e um fusca 1977, enquanto seus filhos possuem um trator e um Fiat Palio, o que corrobora a
assertiva de que o seu grupo familiar, de fato, não labora em agricultura de subsistência. 11.
Constata-se, portanto, que a dedicação do autor à produção agrícola não se destinava
exclusivamente ao seu sustento, sendo, na realidade, realizada com finalidade lucrativa, com venda
de produtos em quantidade expressiva, descaracterizando, assim, o regime de economia familiar. A
propósito, vale destacar que a venda de parte da produção pelo pequeno produtor rural, por si só, não
impede a sua caracterização como segurado especial. No entanto, quando a venda passa a ser o foco
da atividade rural e, por conseguinte, a fonte de rendimento, o pequeno produtor não pode mais ser
enquadrado como segurado especial. 12. Assim, ao que se extrai dos elementos probatórios carreados
aos autos, não é possível reconhecer o tempo de serviço rural como segurado especial (art. 11, VII, "a",
1, e §§1º e 7º, da Lei 8.213/91). 13. Em verdade, os elementos de prova carreados aos autos apontam
fortemente no sentido de que o autor é produtor rural, agricultor ou fazendeiro - qualificação que
lhe foi atribuída nos documentos de fls. 24/29 - enquadrando-se, portanto, como segurado
contribuinte individual, o qual depende, para fazer jus às prestações previdenciárias, dos
recolhimentos das respectivas contribuições para o RGPS, inexistentes in casu, conforme se vê do CNIS
de fl. 45. 14. [...] 16. Remessa oficial de que não se conhece. Apelação do INSS provida. (AC 0013045-
27.2018.4.01.9199, TRF1 - 2ª CÂMARA REGIONAL PREVIDENCIÁRIA DE MINAS GERAIS, e-DJF1
15/03/2022 PAG.)

69
TRF3:
PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. REGIME DE
ECONOMIA FAMILIAR NÃO COMPROVADO. APELAÇÃO DO INSS PROVIDA. - Requisito etário adimplido.
- Embora os depoimentos testemunhais convirjam para o exercício de atividades rurícolas, o conjunto
probatório demonstra que a propriedade rural tocada pela autora e marido é destinada a fins
comerciais, não se amoldando à situação prevista no artigo 11, § 1º, da LBPS.
- As notas fiscais de produtor rural, em nome do cônjuge da autora, relativas à venda de aves para
abate, indicam que as atividades não são exercidas na forma de agricultura de subsistência,
indispensável à sobrevivência, sustento próprio e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo
familiar, mas, sim, de forma lucrativa e organizada como verdadeiro empreendimento rural, em
sistema de integração com grande frigorífico. As notas fiscais emitidas no período de 2004 a 2012,
denotam grande quantidade de aves comercializadas na propriedade da autora.
- A atividade da parte autora identifica-se com o produtor rural-contribuinte individual,
afastando do disposto no art. 12, VII, da Lei n. 8.212/1991, e enquadrando-se na prevista no art. 12, V,
"a", da mesma lei.
- Não se aplicam as regras do art. 39 da Lei n. 8.213/1991, porque não comprovado o trabalho
exclusivamente rural, em regime de economia familiar.
- Apelação do INSS provida. (APELAÇÃO CÍVEL ..SIGLA_CLASSE: ApCiv 0000757-94.2014.4.03.6139
..PROCESSO_ANTIGO: ..PROCESSO_ANTIGO_FORMATADO:, ..RELATORC:, TRF3 - 9ª Turma, e - DJF3
Judicial 1 DATA: 06/10/2020 ..FONTE_PUBLICACAO1: ..FONTE_PUBLICACAO2:
..FONTE_PUBLICACAO3:.)
70
 Possibilidade de exercer outras atividades e cumular outras rendas sem perder
a qualidade de segurado especial (art. 11, §§8º e 9º da Lei 8.213/91)
• exploração turística da propriedade por até 120 dias por ano (art. 11, §8º, II). (Incluído pela Lei nº
11.718, de 2008)

• atividade artesanal desenvolvida com matéria-prima produzida pelo respectivo grupo


familiar, podendo ser utilizada matéria-prima de outra origem, desde que a renda mensal
obtida na atividade não exceda ao menor benefício de prestação continuada da Previdência
Social; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

• atividade artística, desde que em valor mensal inferior ao menor benefício de prestação
continuada da Previdência Social. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

• exercício de mandato de vereador do Município em que desenvolve a atividade rural ou de


dirigente de cooperativa rural constituída, exclusivamente, por segurados especiais,
observado o disposto no §13 do art. 12 da Lei 8.212, de 24 de julho de 1991; (Incluído pela Lei nº
11.718, de 2008)

71
• a utilização pelo próprio grupo familiar, na exploração da atividade, de processo de
beneficiamento ou industrialização artesanal, na forma do §11 do art. 25 da Lei 8.212, de
24 de julho de 1991; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

• a participação do segurado especial em sociedade empresária, em sociedade


simples, como empresário individual ou como titular de empresa individual de
responsabilidade limitada de objeto ou âmbito agrícola, agroindustrial ou agroturístico,
considerada microempresa nos termos da Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de
2006, não o exclui de tal categoria previdenciária, desde que, mantido o exercício da sua
atividade rural na forma do inciso VII do caput e do § 1o, a pessoa jurídica componha-se
apenas de segurados de igual natureza e sedie-se no mesmo Município ou em Município
limítrofe àquele em que eles desenvolvam suas atividades. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013). Obs:
nesse caso, pode incidir IPI sobre os produtos comercializados

• exercer as atividades de industrialização, comercialização e prestação de serviços no âmbito


rural como MEI, cumulando contribuições sobre a comercialização da produção e as do
MEI (DAS)

72
MEI RURAL: Lei complementar 123/2006
Art. 18-A [...]

§ 1º Para os efeitos desta Lei Complementar, considera-se MEI quem tenha auferido receita bruta,
no ano-calendário anterior, de até R$ 81.000,00 (oitenta e um mil reais), que seja optante pelo
Simples Nacional e que não esteja impedido de optar pela sistemática prevista neste artigo, e seja
empresário individual que se enquadre na definição do art. 966 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro
de 2002 (Código Civil), ou o empreendedor que exerça: (Redação dada pela Lei Complementar nº 188, de 2021)
III - as atividades de industrialização, comercialização e prestação de serviços no âmbito
rural. (Incluído pela Lei Complementar nº 188, de 2021)

Art. 18-C. Observado o disposto no caput e nos §§ 1o a 25 do art. 18-A


desta Lei Complementar, poderá enquadrar-se como MEI o
empresário individual ou o empreendedor que exerça as atividades de
industrialização, comercialização e prestação de serviços no âmbito
rural que possua um único empregado que receba exclusivamente um
salário mínimo ou o piso salarial da categoria profissional. (Redação dada pela Lei Complementar nº 155, de
2016)

73
Art. 18-E. O instituto do MEI é uma política pública que tem por objetivo a
formalização de pequenos empreendimentos e a inclusão social e
previdenciária. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)

§ 5o O empreendedor que exerça as atividades de industrialização,


comercialização e prestação de serviços no âmbito rural que efetuar
seu registro como MEI não perderá a condição de segurado especial
da Previdência Social. (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016) .

• Obs: se contratar um empregado permanente perde a condição de segurado


especial?
§ 7o O empreendedor que exerça as atividades de industrialização,
comercialização e prestação de serviços no âmbito rural manterá todas
as suas obrigações relativas à condição de produtor rural ou de
agricultor familiar. (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016)

74
• benefício de pensão por morte, auxílio-acidente ou auxílio-reclusão, cujo valor não
supere o do menor benefício de prestação continuada da Previdência
Social; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008). Obs: se o valor do benefício for
superior ao salário mínimo, o membro do grupo titular da renda deixa de ser
segurado especial

• ser beneficiário ou fazer parte de grupo familiar que tem algum componente que
seja beneficiário de programa assistencial oficial de governo;

• a associação em cooperativa agropecuária ou de crédito rural;

• a participação em plano de previdência complementar instituído por entidade


classista a que seja associado em razão da condição de trabalhador rural ou de
produtor rural em regime de economia familiar;

75
• exercício de atividade remunerada em período não superior a 120
(cento e vinte) dias, corridos ou intercalados, no ano civil
(i) autoriza que o segurado especial, sem perder essa qualidade, exerça atividade remunerada
- urbana ou rural - por período não superior a 120 (cento e vinte) dias, corridos ou
intercalados, no ano civil;
(ii) desde que recolha as contribuições respectivas dessa atividade remunerada (de forma
presumida ou real, conforme a legislação de regência e levando em conta a natureza da
filiação), esse período pode ser computado como de exercício de atividade rural
(carência) para fins de benefício rural, em especial a aposentadoria por idade rural pura;

(iii) se a atividade urbana do segurado especial ultrapassar 120 dias no ano, este perderá a
sua filiação originária, se enquadrando na nova categoria pertinente de segurado obrigatório,
não podendo mais contar o tempo urbano para fins de "carência" de benefício rural;
(iv) para recuperar a qualidade de segurado especial deverá voltar a exercer, com
exclusividade, a atividade rural (inclusive com a produção de nova e contemporânea prova
material), na forma do art. 11, VI, da Lei 8.213/91, com as ressalvas dos §§ 8º e 9º do mesmo
art. 11 da Lei 8.213/91.

76
• Controvérsia relevante: "saber se, à luz da exigência de que o período de
exercício de atividade rural seja imediatamente anterior ao requerimento
de benefício ou implemento da idade, ainda que descontínuo, conforme
arts. 39, I, 48, §2º e 143, todos da Lei 8.213/91, o exercício de atividade
urbana por mais de 120 dias, corridos ou intercalados, no ano civil, na
vigência da Lei 11.718/2008, implica, além da perda da qualidade de
segurado especial, ruptura do perfil de trabalhador rural e interrupção da
contagem do tempo de atividade rural (carência), impedindo o somatório
dos períodos de atividade campesina anterior e posterior ao vínculo
urbano que extrapolou o limite legal, exigindo nova contagem integral do
intervalo exigido por lei para a aposentadoria por idade rural pura. (Tema
301 da TNU)

77
- STJ: no que toca ao período anterior à Lei 11.718/2008, a Corte tem afirmado que a
ruptura está caracterizada com o decurso de 24 meses de afastamento da atividade
rural, provocando a perda da qualidade de segurado especial. Tem sinalizado que
ocorre, também, a interrupção da contagem da carência. Nesse sentido:
PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. PERDA DA
QUALIDADE DE SEGURADO ESPECIAL. ATIVIDADE URBANA. TEMPO DE SERVIÇO RURAL. DESCONTINUIDADE.
DESCARACTERIZAÇÃO. CARÊNCIA NÃO COMPROVADA. 1. A jurisprudência desta Corte Superior entende que há a
descaracterização da atividade rural e a perda da qualidade de segurado quando a interrupção de período laboral é
superior à assinalada pela legislação previdenciária.
2. Em decorrência do contexto acima descrito, a segurada não detém, no período imediatamente anterior ao
requerimento de aposentadoria, o tempo necessário à concessão do benefício, conforme entendimento firmado em
recurso especial repetitivo (REsp 1.354.908/SP, Rel. Ministra Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, julgado em
9/9/2015, DJe 10/2/2016). 3. Agravo interno a que se nega provimento. (AgInt no REsp 1590573/PR, Rel. Ministro OG
FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em 11/09/2018, DJe 18/09/2018)

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL. EXERCÍCIO DE ATIVIDADE URBANA. PERÍODO. PRAZO DE CARÊNCIA.


SEGURADA ESPECIAL. PERDA. 1. A Primeira Turma desta Corte, no julgamento do AgRg no REsp n. 1.354.939/CE,
decidiu pela aplicação analógica do art. 15 da Lei n. 8.213/91, que dispõe sobre a manutenção da qualidade de
segurado àquele que, por algum motivo, deixa de exercer a atividade contributiva por até 24 (vinte e quatro)
meses, o denominado "período de graça". 2. Demonstrado que a parte recorrente exerceu atividade urbana por
período superior a 24 (vinte e quatro) meses no período de carência para a aposentadoria rural por idade, forçosa
é a manutenção da decisão agravada. 3. Agravo interno desprovido. (AgInt nos EDcl no AREsp 1063248/RS, Rel.
Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 08/06/2020, DJe 16/06/2020)

78
- Já para o período posterior à Lei 11.718/2008, o STJ tem sinalizado que esse prazo passou a ser
de 120 dias para a perda da qualidade de segurado, mas ainda não se manifestou acerca da
interrupção da carência.
- TNU: tinha posição dominante no sentido de que, após a Lei 11.718/2008, a ruptura se dá com
12 meses de afastamento das atividades rurais, provocando, também, a interrupção da
carência:
APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. EXERCÍCIO DE ATIVIDADE URBANA QUE DESCARACTERIZE O LABOR NO CAMPO.
REGRA RÍGIDA DE 120 DIAS NO ART. 11, §9º, III, DA LEI 8.213/91 QUE SERIA MAIS PREJUDICIAL AO SEGURADO DO QUE
SE NÃO TIVESSE EXERCIDO ATIVIDADE ALGUMA, INCLUSIVE IGNORANDO MAIOR VANTAGEM EM FAVOR DA SEGURIDADE
SOCIAL EM FUNÇÃO DO RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÕES. PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE NO PRAZO DE
MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO: 12 MESES. HIPÓTESE QUE SUPERA A PROPOSTA. RECURSO DO INSS
PROVIDO.
[...]
Nesse aspecto, a TNU já firmou a compreensão de ser vedada a descontinuidade do labor rural superior a 12 (doze)
meses, sob pena de ruptura da vocação ou do perfil de trabalhador rurícola, perda da qualidade de segurado especial
e proibição de que o tempo remoto de atividade rural, aquele situado antes da referida descontinuidade, seja somado
com o tempo de atividade rural recente, sendo certo que após o retorno ao campo, deverá ser reiniciada a contagem
completa do tempo necessário da atividade rural prevista na legislação, ressalvada a possibilidade do cômputo de
ambos os períodos para fins de concessão da aposentadoria por idade híbrida ou mista, desde que cumprido o requisito
etário diferenciado e observada a tese firmada no Tema 1007/STJ (REsp n. 1674221/SP e REsp n. 1788404/PR (PEDILEF -
Turma - 0505254-78.2018.4.05.8312. Relator: Juiz Federal Atanair Nasser Ribeiro Lopes. Data do julgamento:
12/12/2019. Data do trânsito em julgado: 12.02.2020)

79
• Obs: sobre o tema, a nova IN 128/2022 (arts. 188, 258 e 259) e a Portaria 991/2022
(art. 267) dispuseram:
Art. 188. Para benefícios requeridos a partir de 25 de julho de 1991, data da publicação da Lei
nº 8.213, de 1991, o exercício de atividade rural entre atividades urbanas, ou vice-versa,
assegura a manutenção da qualidade de segurado, quando, entre uma atividade e outra, não
tenha ocorrido interrupção que acarrete a perda dessa qualidade.
Art. 258. Para fins de concessão de aposentadoria por idade dos trabalhadores rurais, o
segurado deve estar exercendo a atividade rural ou em período de graça na DER ou na data
em que implementou todas as condições exigidas para o benefício.
Art. 259. Para as aposentadorias por idade dos trabalhadores rurais, não será considerada a
perda da qualidade de segurado nos intervalos entre as atividades rurícolas.

Art. 267. Para a aposentadoria por idade do trabalhador rural não será considerada a perda
da qualidade de segurado nos intervalos entre as atividades rurícolas, devendo, entretanto,
estar o segurado exercendo a atividade rural ou em período de graça decorrente de atividade
rural na DER ou na data em que implementou todas as condições exigidas para o benefício,
observado o disposto no art. 269.

80
Obs: tese firmada pela TNU na sessão do dia 15/09/2022: possibilidade de somar tempo
rural remoto e contemporâneo, desde que: (i) esteja exercendo atividade rural quando do
implemento da idade/DER (tema 642 do STJ); (ii) comprove o retorno à atividade rural,
inclusive mediante novo início de prova material, após cada intervalo de perda de qualidade
de segurado (Obs: a importância dos pedidos subsidiários de reconhecimento/averbação de
períodos, mesmo que não concedido o benefício)
Cômputo do Tempo de Trabalho Rural
I. Para a aposentadoria por idade do trabalhador rural não será considerada a perda da
qualidade de segurado nos intervalos entre as atividades rurícolas.
Descaracterização da condição de segurado especial
II. A condição de segurado especial é descaracterizada a partir do 1º dia do mês seguinte ao
da extrapolação dos 120 dias de atividade remunerada no ano civil (Lei 8.213/91, art. 11, §
9º, III).
III. Cessada a atividade remunerada referida no item II e comprovado o retorno ao trabalho
de segurado especial, na forma do art. 55, § 3º, da Lei 8.213/91, o trabalhador volta a se
inserir imediatamente no inciso VII, do art. 11, da Lei 8.213/91, ainda que no mesmo ano civil.
81
 A posição da jurisprudência acerca do trabalho urbano de um dos membros do grupo
familiar e os reflexos na qualidade de segurado especial dos demais:
STJ: teses dos temas repetitivos 532 e 533 do STJ (no mesmo sentido súmula 41 da TNU):

532: O trabalho urbano de um dos membros do grupo familiar não descaracteriza, por si só,
os demais integrantes como segurados especiais, devendo ser averiguada a dispensabilidade
do trabalho rural para a subsistência do grupo familiar, incumbência esta das instâncias
ordinárias (Súmula 7/STJ). OBS: o que seria dispensável e indispensável?

533: Em exceção à regra geral (...), a extensão de prova material em nome de um integrante
do núcleo familiar a outro não é possível quando aquele passa a exercer trabalho
incompatível com o labor rurícola, como o de natureza urbana. 6. Recurso Especial do INSS
não provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do
STJ. (REsp 1304479 SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
10/10/2012, DJe 19/12/2012)”

82
 O enquadramento do boia-fria e do diarista:
• Se houve formação de vinculo de emprego: empregado (safrista ou
trabalhador temporário por pequeno prazo da Lei 5.889/73, alterada pela
11.718/2008)
• contribuinte individual (necessidade de recolhimentos de contribuição a
partir de 01/01/2011 (art. 3º da Lei 11.718/2008). Obs: posição
tecnicamente correta
• Segurado especial: jurisprudência dominante do STJ e TNU. Obs: violação do
caráter contributivo do RGPS (interpretação que dispensa, sempre, o
pagamento de contribuições)
Tese firmada: (i) O trabalhador rural denominado boia-fria, diarista ou volante
é equiparado ao segurado especial e (ii) o tempo devidamente comprovado
como empregado rural, avulso rural, contribuinte individual rural (eventual) e
segurado especial podem ser somados para fins de aposentadoria por idade
rural, respeitada a descontinuidade prevista nos arts. 39, I e 48, §2º, da Lei
8.213/91. (PUIL 0001191-142016.4.01.3506, julgado em 28/02/2021)
83
PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIA RURAL POR
IDADE. BOIA FRIA. EQUIPARAÇÃO À CONDIÇÃO DE SEGURADO ESPECIAL. RECURSO
ESPECIAL NÃO PROVIDO.
1. Não merece prosperar a tese de violação do art. 1.022 do CPC, porquanto o acórdão
combatido fundamentou, claramente, o posicionamento por ele assumido, de modo a
prestar a jurisdição que lhe foi postulada.
2. O entendimento do Superior Tribunal de Justiça é de que o trabalhador rural boia-fria,
diarista ou volante, é equiparado ao segurado especial de que trata o inciso VII do art. 11
da Lei n. 8.213/1991, quanto aos requisitos necessários para a obtenção dos benefícios
previdenciários.
3. Recurso especial a que se nega provimento. (REsp n. 1.667.753/RS, relator Ministro Og
Fernandes, Segunda Turma, julgado em 7/11/2017, DJe de 14/11/2017.)

• Tema 554 STJ: Aplica-se a Súmula 149/STJ ('A prova exclusivamente testemunhal não basta à
comprovação da atividade rurícola, para efeitos da obtenção de benefício previdenciário') aos
trabalhadores rurais denominados 'boias-frias', sendo imprescindível a apresentação de início
de prova material. Por outro lado, considerando a inerente dificuldade probatória da condição
de trabalhador campesino, a apresentação de prova material somente sobre parte do lapso
temporal pretendido não implica violação da Súmula 149/STJ, cuja aplicação é mitigada se a
reduzida prova material for complementada por idônea e robusta prova testemunhal.
84
 Necessidade de estar laborando no momento do implemento dos
requisitos legais para fazer jus ao benefício: preenchimento
simultâneo da idade mínima e do exercício de atividade rural e não
aplicação do art. 3º da Lei 10.666/2003

TEMA 642 DO STJ: "O segurado especial tem que estar laborando no
campo, quando completar a idade mínima para se aposentar por
idade rural, momento em que poderá requerer seu benefício.
Ressalvada a hipótese do direito adquirido, em que o segurado
especial, embora não tenha requerido sua aposentadoria por idade
rural, preenchera de forma concomitante, no passado, ambos os
requisitos carência e idade."

85
 Regras de comprovação da qualidade de segurado especial:

(i) Sempre foi necessária a presença de início de prova material: art. 55,
§3º, da Lei 8.213/91 e súmula 149 do STJ.

(i) Até a edição da Lei 13.849/2019: juntada de documentos (lista


exemplificativa do art. 106 da Lei 8.213/91 e art. 116 da IN 128/2022
[revogado art. 54 da IN 77/2015]) + consulta a bancos de dados como o
CNIS + entrevista rural com o segurado e com
testemunhas/confrontantes (entrevista não mais realizada a partir de
07/08/2017: Portaria nº 1/DIRBEN/DIRAT/INSS). Exigia-se na via
administrativa a declaração sindical (com eficácia probatória cada vez
mais reduzida na via judicial).
86
(iii) Após a edição da Lei 13.849/2019: comprovação por meio de autodeclaração
do segurado (ver anexo VIII da IN 128/2022) ratificada por entidades públicas
credenciadas no PRONATER (Lei 12.188/2010) ou outros órgãos públicos (o próprio
INSS, inclusive), com juntada de outros documentos se houver divergência de
informações (ver ofício-circular DIRBEN nº46, de 13/09/2019 e art. 115 da IN
128/2022). Declaração sindical não mais utilizada (inciso III do art. 106 da Lei
8.213/91 revogado). Sem entrevista rural.

(iv) A partir de 01/01/2023: comprovação exclusivamente por meio das


informações constantes do cadastro específico de segurados especiais (CNIS do
segurado especial), com atualização anual, na forma dos arts. 38-A e 38-B da Lei
8.213/91. Obs: sistema de comprovação sem previsão de começar efetivamente a
vigorar (art. 25, §1º, da EC 103/2019)

87
 Procedimento atual na via administrativa (Ofício Circular nº 46/2019, arts. 115 a
118 da IN 128/2022 e arts. 75 a 94 da Portaria DIRBEN/INSS nº 990/2022):
1. Preencher autodeclaração (requer atenção, cuidado e responsabilidade)
2. Conferência das informações prestadas, com indeferimento em caso de informações
incompatíveis com a qualidade de segurado (área maior que 4 módulos, por
exemplo);
3. Consulta a banco de dados governamentais para ratificação (ou não): Obs: é exigido,
no mínimo, um instrumento ratificador ou documento contemporâneo para cada
metade do período de carência do benefício (aposentadoria por idade rural) ou
anterior ao fato gerador (demais benefícios), conforme art. 94 da Portaria 990/2022
3.1. Principais bancos de dados: InfoDAP, SDPA (seguro desemprego do pescador
artesanal) SNCR (Sistema de Cadastro Rural), RGP (Registro Geral de Pesca), CCIR
(Certificado de Cadastro de Imóvel Rural), SIPRA (Sistema de Informações de Projetos de
Reforma Agrária), DICFN (Divisão de Negócios de Controle Financeiro), MEI (Portal do
Microempreendedor), CNIS, Juntas Comerciais/Castros de Pessoas Jurídicas, E-social etc
88
3.2. Principais documentos:

(i) Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura


Familiar - DAP: documento que identifica os beneficiários do Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF; e (art. 2º, II, da Lei 12.188/2020)

(ii) Registro de inscrição no CAF – Cadastro Nacional da Agricultura Familiar


(instrumento utilizado para identificar e qualificar o agricultor familiar, permitindo o
seu acesso às ações e políticas públicas da agricultura familiar (substitui a DAP,
progressivamente, até 30/06/2022). Ver PORTARIA SAF/MAPA Nº 242, DE 8 DE
NOVEMBRO DE 2021 E PORTARIA SAF/MAPA Nº 264, DE 14 DE DEZEMBRO DE 2021.

Obs: o prazo da DAP vem sendo prorrogado, conforme se vê da Portaria MDA nº 1, de


07/02/2023, do Ministério de Estado do Desenvolvimento Agrário e Agricultura
Familiar

89
4. Se as bases governamentais não tiverem informações suficientes, o INSS
deverá notificar o segurado para apresentar os documentos dos arts. 106 da
Lei 8.213/91 e 116 da IN 128/2022. Obs: o segurado já pode apresentar os
documentos, de ofício, junto com a autodeclaração (celeridade)

5. Análise da autodeclaração, confrontada com bases governamentais


(anexo V do Ofício-Circular nº 46/2019):

90
91
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96
 Via judicial: início de prova material + prova testemunhal
• Início de prova material: documento contemporâneo representativo de um fato, não
produzido com finalidade probatória específica (administrativa ou judicial), que, de
forma principal ou secundária, traz elementos/indícios/vestígios de exercício de
atividade rural pelo segurado ou membro do grupo familiar, a ser complementado por
outros meios de prova. Não se trata de prova plena da atividade rural.
 diferença entre prova material e prova documental ou documentada (declarações de
terceiros, por exemplo [tema 199 da TNU]);

 deve ser autêntico, íntegro, datado e fidedigno (Obs: o caso emblemático e reiterado das
fichas médicas rasuradas ou preenchidas com letras diversas, em especial a profissão)

• Documentos aceitos pelo INSS (art. 106 da Lei 8.213/91 e art. 116 da IN 128/2022):
em juízo, muitos são desconsiderados de plano (porque não são públicos ou possuem
fé pública ou porque fazem prova das declarações neles contidas mas não dos fatos em
si), quando, na verdade, deveriam ser analisados casuisticamente e no contexto do
caso concreto.

97
• Análise casuística de alguns documentos:
I - contrato de arrendamento, parceria, meação ou comodato rural, cujo período da atividade
será considerado somente a partir da data do registro ou do reconhecimento de firma do
documento em cartório;
II - Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura
Familiar, de que trata o inciso II do caput do art. 2º da Lei nº 12.188, de 11 de janeiro
de 2010, ou por documento que a substitua; Obs: (i) não confundir a DAP (extrato) com
a mera solicitação de credenciamento (formulário de credenciamento); (ii) a DAP deve
ser ativa (válida + última versão). Ver informações relevantes:
https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/agricultura-
familiar/dap/manuais/cadernos-da-agricultura-familiar-2013-perguntas-frequentes-
sobre-a-dap.pdf

III - bloco de notas do produtor rural;


IV - notas fiscais de entrada de mercadorias, de que trata o § 7º do art. 30 da Lei nº 8.212, de
1991, emitidas pela empresa adquirente da produção, com indicação do nome do segurado
como vendedor;
98
V - documentos fiscais relativos à entrega de produção rural a cooperativa
agrícola, entreposto de pescado ou outros, com indicação do segurado como
vendedor ou consignante;

VI - comprovantes de recolhimento de contribuição à Previdência Social


decorrentes da comercialização da produção;

VII - cópia da declaração de imposto de renda, com indicação de renda proveniente


da comercialização de produção rural;

• Obs: os documentos dos incisos II a VII possuem elevada força probatória,


mas são pouco vistos em nossa região/ações judiciais

99
VIII - licença de ocupação ou permissão outorgada pelo Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária - INCRA ou qualquer outro documento emitido por esse órgão que indique
ser o beneficiário assentado do programa de reforma agrária;
IX - comprovante de pagamento do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR,
Documento de Informação e Atualização Cadastral do Imposto sobre a Propriedade Territorial
Rural - DIAC e/ou Documento de Informação e Apuração do Imposto sobre a Propriedade
Territorial Rural - DIAT, com comprovante de envio à RFB, ou outros que a RFB vier a instituir;
X - certidão fornecida pela FUNAI, certificando a condição do índio como trabalhador rural,
observado o contido no § 5º;
XI - certidão de casamento civil ou religioso ou certidão de união estável; Obs: (i) deve
constar a profissão de lavrador, agricultor ou outro elemento que evidencie a atividade rural;
(ii) a data a ser considerada é a do registro/assento do ato e não a da emissão da certidão,
que pode ser segunda via, por exemplo; (iii) verificar se não existe averbação em relação às
evidências de atividade rural (profissão, por exemplo)
XII - certidão de nascimento ou de batismo dos filhos; Obs: mesmas observações do item XI
retro

100
XIII - certidão de tutela ou de curatela;
XIV - procuração;
XV - título de eleitor, ficha de cadastro eleitoral ou certidão eleitoral; Obs: (i)
título/formulário original X certidão atualizada (praticamente sem valor probatório); (ii) se
possível, identificar local/zona eleitoral de votação (zona rural), tempo de permanência do
título na localidade e tempo em que a informação “lavrador” consta do cadastro
XVI - certificado de alistamento ou de quitação com o serviço militar; Obs:
informação/formulário arquivado quando do alistamento X certificado com profissão escrita a
lápis (valor probatório reduzido)
XVII - comprovante de matrícula ou ficha de inscrição em escola, ata ou boletim escolar do
trabalhador ou dos filhos; Obs: (i) informação/formulário arquivado quando da matrícula e
renovações X declaração atual; (ii) importância de constar na declaração que o documento do
qual foi extraída a informação (profissão: “lavrador”) se encontra arquivado na repartição, à
disposição do INSS ou do Poder Judiciário para consulta
XVIII - ficha de associado em cooperativa;

101
XIX - comprovante de participação como beneficiário em programas governamentais para a
área rural nos Estados, no Distrito Federal ou nos Municípios;
XX - comprovante de recebimento de assistência ou de acompanhamento de empresa de
assistência técnica e extensão rural; Obs: importância de constar na declaração que o
documento do qual foi extraída a informação (profissão: “lavrador”) se encontra arquivado na
repartição, à disposição do INSS ou do Poder Judiciário para consulta
XXI - escritura pública de imóvel; Obs: (i) documento de caráter permanente, art. 116, §2º,
III, da IN 128/2022, que serve, a princípio, para todo o período de carência; (ii) importância de
destacar as datas e informações relevantes e identificar as pessoas de interesse; (iii) se
constar como comprador, explicar, se for o caso, possível aquisição/posse anterior à data da
aquisição; (iv) se constar como vendedor, explicar o porquê da venda e a que título e em que
área passou a exercer atividade rural; (v) se o imóvel for diminuto, 01 ou 02 ares, por exemplo
(100 ou 200m2, respectivamente), explicar melhor qual a atividade rural exercida e como era
suficiente para manutenção do grupo familiar
XXII - recibo de pagamento de contribuição federativa ou confederativa;
XXIII - registro em processos administrativos ou judiciais, inclusive inquéritos, como
testemunha, autor ou réu;
102
XXIV - ficha ou registro em livros de casas de saúde, hospitais, postos de saúde ou do
programa dos agentes comunitários de saúde;
XXV - carteira de vacinação e cartão da gestante;
XXVI - título de propriedade de imóvel rural; Obs: mesmas observações do item XXI retro;
XXVII - recibo de compra de implementos ou de insumos agrícolas; Obs: documentos de
reduzida força probatória (fidedignidade), em especial no contexto em que estão sendo
apresentados: em recibos sem qualquer formalidade, trazendo a informação de compra de
produtos unitários e eventuais como como uma enxada, um pouco de sementes etc
XXVIII - comprovante de empréstimo bancário para fins de atividade rural;
XXIX - ficha de inscrição ou registro sindical ou associativo junto ao sindicato de
trabalhadores rurais, colônia ou associação de pescadores, produtores ou outras entidades
congêneres;
XXX - contribuição social ao sindicato de trabalhadores rurais, à colônia ou à associação de
pescadores, produtores rurais ou a outras entidades congêneres;
XXXI - publicação na imprensa ou em informativos de circulação pública;
103
XXXII - registro em livros de entidades religiosas, quando da participação em batismo, crisma,
casamento ou em outros sacramentos;
XXXIII - registro em documentos de associações de produtores rurais, comunitárias,
recreativas, desportivas ou religiosas;
XXXIV - título de aforamento; ou
XXXV - ficha de atendimento médico ou odontológico. Obs: documentos de reduzida força
probatória (fidedignidade), em especial no contexto em que estão sendo apresentados:
rasurados, com letras divergentes (em especial na grafia da profissão) e sem identificação dos
responsáveis pelo preenchimento
• A ficha de atendimento médico/hospitalar contemporânea aos fatos a comprovar e sem defeito
formal que lhe comprometa a fidedignidade, na qual conste a profissão de trabalhador rural do
segurado, serve como início de prova material de atividade rural. (TNU: PUIL 5001020-
97.2017.4.04.7015, julgado em 28/04/2021)
§ 1º Os documentos elencados nos incisos XI a XXXV do caput poderão ser utilizados desde
que neles conste a profissão ou qualquer outro elemento que demonstre o exercício da
atividade na categoria de segurado especial.

104
105
• Documentos que somente indicam domicílio rural são suficientes? A TNU tem precedente nesse
sentido no que toca aos documentos escolares, embora se trate de prova muito frágil: PUIL 5000636-
73.2018.4.02.5005/ES (julgado em 20/11/2020). Tese firmada: “CONSTITUEM INÍCIO DE PROVA
MATERIAL DA CONDIÇÃO DE TRABALHADOR RURAL: (I) DOCUMENTOS ESCOLARES DO SEGURADO OU
SEUS DESCENDENTES EMITIDOS POR ESCOLA RURAL; E (II) CERTIDÕES DE NASCIMENTO E CASAMENTO
DOS FILHOS, QUE INDIQUEM A PROFISSÃO RURAL DE UM DOS GENITORES.”
• É preciso que o início de prova material alcance todo o período de carência? Não, sendo
ideal, no entanto, a presença de documentos para o início, meio e fim do período. Caso
contrário, além de prova oral convincente, é importante não existirem elementos a indicar o
abandono da atividade rural, como, por exemplo, vínculo urbano. Súmula 14 da TNU: Para a
concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material
corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício. Obs: (i) ver art. 94 da
Portaria 990/2022 (um documento para cada metade da carência exigida); (ii) no PUIL 293,
julgado em 14/12/2022, o STJ afirmou que se “exige prova contemporânea, que deve
corresponder, pelo menos, a uma fração do período alegado”. (OBS: o PUIL será estudo no
tópico “processo judicial previdenciário”)
• A certidão de óbito do instituidor (qualificado como trabalhador rural) constituiu início de
prova material para pleito de pensão por morte: Sim. Tema 32 da TNU: Certidão de óbito
configura início de prova material para caracterização da atividade rural, para fins de pensão
por morte. Obs: cuidados necessários para se acolher esse documento

106
• Os documentos do responsável pelo grupo familiar valem para todos os
componentes do grupo familiar? A princípio, sim. Súmula 6 da TNU: A certidão
de casamento ou outro documento idôneo que evidencie a condição de
trabalhador rural do cônjuge constitui início razoável de prova material da
atividade rurícola.
• Situações específicas, que, em regra, demandam prova material em nome próprio:
• Diversidade de grupos familiares: art. 109, IV, da IN 128/2022: “não integram o grupo familiar
do segurado especial os filhos casados, separados, divorciados, viúvos e ainda aqueles que estão
ou estiveram em união estável, inclusive os homoafetivos, os irmãos, os genros e as noras, os
sogros, os tios, os sobrinhos, os primos, os netos e os afins;”. Obs: no âmbito dos juizados, a
jurisprudência vem acolhendo essa posição administrativa do INSS

• Separação e divórcio entre cônjuges ou companheiros


• o titular do documento deixa de ser segurado especial: Tema 533 do STJ: Em exceção à
regra geral (...), a extensão de prova material em nome de um integrante do núcleo
familiar a outro não é possível quando aquele passa a exercer trabalho incompatível
com o labor rurícola, como o de natureza urbana.

107
• Cônjuge ou titular do grupo familiar é empregado rural: importante divergência
instalada no âmbito das turmas recursais dos JEF’s (como o cônjuge empregado rural
pode transferir para o outro, por presunção, qualidade que não tem, como, por
exemplo, de segurado especial)? Obs: a TNU afetou a controvérsia para julgamento no
Tema 327: “Saber se constitui início de prova material do exercício de atividade rural a
documentação em nome do cônjuge que o qualifica como empregado rural para fins de
concessão de benefício previdenciário na condição de segurado especial.” (PUIL
0040819-60.2014.4.01.3803/MG, afetado em 19/04/2023)
• É possível reconhecer tempo rural anterior ao documento mais antigo? Sim. Súmula
577 do STJ: É possível reconhecer o tempo de serviço rural anterior ao documento mais
antigo apresentado, desde que amparado em convincente prova testemunhal colhida
sob o contraditório.
Obs: a partir da MP 871/2019, convertida na Lei 13.849/2019, essa prova material deve ser
“contemporânea”, ou seja, estar dentro do período a ser comprovado? Qual o limite dessa
retroatividade? Essa alteração legislativa afeta a súmula 577 do STJ (opinião pessoal: sim)?
Obs: ver recente decisão do STJ no PUIL 293 (ver afetação do tema 1188 do STJ, em
26/04/2023):

108
[...] VII.
A jurisprudência desta Corte, embora não exija que o documento apresentado como início
de prova material abranja todo o lapso controvertido, considera indispensável a sua
contemporaneidade com os fatos alegados, devendo, assim, corresponder, pelo menos, a uma
fração do período alegado, corroborado por idônea e robusta prova testemunhal, que amplie sua
eficácia probatória. Nesse sentido: STJ, AgInt no AREsp 1.562.302/AM, Rel. Ministro NAPOLEÃO
NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, DJe de 04/06/2020; AREsp 1.550.603/PR, Rel. Ministro
HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de 11/10/2019; REsp 1.768.801/PR, Rel. Ministro
HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de 16/11/2018
VIII. Em regra, a sentença trabalhista homologatória de acordo não é, por si só, contemporânea dos
fatos que provariam o tempo de serviço, referindo-se ela a fatos pretéritos, anteriores à sua prolação,
e, nessa medida, não atende ao art. 55, § 3º, da Lei 8.213/91, que exige início de prova material
contemporânea dos fatos, e não posterior a eles.
IX. Tese jurídica firmada: "A sentença trabalhista homologatória de acordo somente será considerada início
válido de prova material, para os fins do art. 55, § 3º, da Lei 8.213/91, quando fundada em elementos
probatórios contemporâneos dos fatos alegados, aptos a evidenciar o exercício da atividade laboral, o
trabalho desempenhado e o respectivo período que se pretende ter reconhecido, em ação previdenciária.“
[...]
XI. Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei acolhido, devendo os autos retornar à origem, para que
se prossiga na análise do pedido da parte autora, à luz da tese ora firmada. (PUIL n. 293/PR, relator
Ministro Og Fernandes, relatora para acórdão Ministra Assusete Magalhães, Primeira Seção, julgado em
14/12/2022, DJe de 20/12/2022.)
109
• Pode ser dispensado o início de prova material para o diarista/boia-fria? Não (ver tema 554
do STJ, já transcrito retro)
• Após o exercício de atividade urbana é necessário novo início de prova material? Sim, se a
atividade urbana durou mais de 120 dias (art. 116, §2º, V, da IN 128/2022). Obs: ver tema 301
da TNU
• A Lei 13.846/2019 dispensou a produção de prova oral/testemunhal nos processos judiciais
de benefícios rurais? Não. Súmula 60 da TR da SJMG: Havendo início de prova material, é
imprescindível a produção de prova oral em audiência para comprovação da qualidade de
segurado especial, exigência não dispensada, na via judicial, pela Lei 13.846/2019, que alterou
a Lei 8.213/91.
• A ausência de início de prova material deve conduzir à improcedência da ação e formar coisa
julgada material? Tema 629 do STJ: A ausência de conteúdo probatório eficaz a instruir a inicial,
conforme determina o art. 283 do CPC, implica a carência de pressuposto de constituição e
desenvolvimento válido do processo, impondo sua extinção sem o julgamento do mérito (art.
267, IV do CPC) e a consequente possibilidade de o autor intentar novamente a ação (art. 268
do CPC), caso reúna os elementos necessários à tal iniciativa. Obs: (i) o dilema da análise do
tema 629 na fase recursal; (ii) recomenda-se recorrer caso o juiz extinguir o processo com
julgamento do mérito (improcedência fundada, exclusivamente, na ausência de prova
material), para alterar o fundamento da “improcedência” (para sem julgamento do mérito),
sob pena de coisa julgada material.
110
PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. COISA JULGADA MATERIAL. INAPLICABILIDADE DO
TEMA 629/STJ. ACÓRDÃO EM CONFORMIDADE COM O ENTENDIMENTO DESTA CORTE.
SÚMULA 83/STJ. AGRAVO INTERNO DO PARTICULAR A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
1. O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento, no julgamento dos REsps 1.352.721/SP
e 1.352.875/SP, Tema 629/STJ, da relatoria do eminente Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA
FILHO, o seguinte: a ausência de conteúdo probatório eficaz a instruir a inicial, conforme
determina o art. 283 do CPC/1973, implica a carência de pressuposto de constituição e
desenvolvimento válido do processo, impondo a sua extinção sem o julgamento do mérito
(art. 267, IV, do CPC/1973) e a consequente possibilidade de o autor intentar novamente a
ação (art. 268 do CPC), caso reúna os elementos necessários à tal iniciativa.
2. Não é caso de aplicação do precedente vinculante formado no Tema 629/STJ. Isso porque a
demanda ajuizada anteriormente teve seu mérito julgado, formando coisa julgada material.
Portanto, como não foi adotada a tese da coisa julgada secundum eventum probationis, a
existência de nova prova não autoriza a rediscussão da questão. Incidência da Súmula 83/STJ.
3. Agravo interno do particular a que se nega provimento. (AgInt no AREsp n. 1.887.906/PR,
relator Ministro Manoel Erhardt (Desembargador Convocado do TRF5), Primeira Turma,
julgado em 21/2/2022, DJe de 24/2/2022.)

111
PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. REPETIÇÃO DE DEMANDA ANTERIOR. TRÍPLICE
IDENTIDADE. COISA JULGADA. FLEXIBILIZAÇÃO. DESCABIMENTO.
1. A Corte Especial, no julgamento do REsp n. 1.352.721/SP, e a Primeira Seção (REsp n.
1.352.875/SP) decidiram que, no âmbito de demandas previdenciárias, a ausência de
conteúdo probatório eficaz a instruir a inicial implica a carência de pressuposto de
constituição e desenvolvimento válido do processo, impondo a sua extinção sem o julgamento
do mérito (art. 267, IV do CPC). Ressalva de entendimento do relator.
2. A excepcionalidade da flexibilização da norma processual reconhecida em ambos os
julgados repetitivos aplica -se ao processo em curso, ainda sem o trânsito em julgado, e não a
demandas diversas, já alcançadas pelo efeito da imutabilidade, sendo certo que eventual
pretensão de desconstituir a coisa julgada deve ser formulada na via adequada, na forma
disciplinada pelo art. 966, VII, do CPC.
3. Hipótese em que o acórdão da instância ordinária consignou que a parte autora já havia
ajuizado uma ação anterior, com o mesmo pedido e causa de pedir, tendo sido julgada
improcedente por ausência de prova do labor agrícola.
4. Agravo interno desprovido. (AgInt no AREsp n. 1.778.853/RS, relator Ministro Gurgel de
Faria, Primeira Turma, julgado em 9/11/2022, DJe de 30/11/2022.)

112
 Principais orientações (teses e súmulas) da jurisprudência sobre o início de prova
material:
• Súmula 149 do STJ: A prova exclusivamente testemunhal não basta a comprovação da atividade rurícola,
para efeito da obtenção de benefício previdenciário.

• Súmula 577 do STJ: É possível reconhecer o tempo de serviço rural anterior ao documento mais antigo
apresentado, desde que amparado em convincente prova testemunhal colhida sob o contraditório.

• Tema 532 do STJ: O trabalho urbano de um dos membros do grupo familiar não descaracteriza, por si só,
os demais integrantes como segurados especiais, devendo ser averiguada a dispensabilidade do trabalho
rural para a subsistência do grupo familiar, incumbência esta das instâncias ordinárias (Súmula 7/STJ).

• Tema 533 do STJ: Em exceção à regra geral (...), a extensão de prova material em nome de um integrante
do núcleo familiar a outro não é possível quando aquele passa a exercer trabalho incompatível com o
labor rurícola, como o de natureza urbana.

• Tema 554 do STJ: Aplica-se a Súmula 149/STJ ('A prova exclusivamente testemunhal não basta à
comprovação da atividade rurícola, para efeitos da obtenção de benefício previdenciário') aos
trabalhadores rurais denominados 'boias-frias', sendo imprescindível a apresentação de início de prova
material. Por outro lado, considerando a inerente dificuldade probatória da condição de trabalhador
campesino, a apresentação de prova material somente sobre parte do lapso temporal pretendido não
implica violação da Súmula 149/STJ, cuja aplicação é mitigada se a reduzida prova material for
complementada por idônea e robusta prova testemunhal.
113
• Tema 629 do STJ: A ausência de conteúdo probatório eficaz a instruir a inicial, conforme determina o art.
283 do CPC, implica a carência de pressuposto de constituição e desenvolvimento válido do processo,
impondo sua extinção sem o julgamento do mérito (art. 267, IV do CPC) e a consequente possibilidade de
o autor intentar novamente a ação (art. 268 do CPC), caso reúna os elementos necessários à tal
iniciativa.

• TEMA 642 DO STJ: "O segurado especial tem que estar laborando no campo, quando completar a idade
mínima para se aposentar por idade rural, momento em que poderá requerer seu benefício. Ressalvada a
hipótese do direito adquirido, em que o segurado especial, embora não tenha requerido sua
aposentadoria por idade rural, preenchera de forma concomitante, no passado, ambos os requisitos
carência e idade."

• Súmula 6 da TNU: A certidão de casamento ou outro documento idôneo que evidencie a


condição de trabalhador rural do cônjuge constitui início razoável de prova material da
atividade rurícola.

• Súmula 14 da TNU: Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início
de prova material corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício.

• Tema 34 da TNU: Para fins de comprovação do tempo de labor rural, o início de prova material
deve ser contemporâneo à época dos fatos a prova.
114
• Tema 2 da TNU: No caso de aposentadoria por idade rural, a certidão de casamento vale como
início de prova material, ainda que extemporânea.
• Súmula 54 da TNU: Para a concessão de aposentadoria por idade de trabalhador rural,
o tempo de exercício de atividade equivalente à carência deve ser aferido no período
imediatamente anterior ao requerimento administrativo ou à data do implemento da
idade mínima.
• Tema 18 da TNU: A certidão do INCRA ou outro documento que comprove propriedade de imóvel
em nome de integrantes do grupo familiar do segurado é razoável início de prova material da
condição de segurado especial para fins de aposentadoria rural por idade, inclusive dos
períodos trabalhados a partir dos 12 anos de idade, antes da publicação da Lei n. 8.213/91.
Desnecessidade de comprovação de todo o período de carência.
• Tema 32 da TNU: Certidão de óbito configura início de prova material para caracterização da
atividade rural, para fins de pensão por morte.
• Tema 199 da TNU: A declaração extemporânea de ex-empregador não é documento
hábil à formação do início de prova material necessário à comprovação de atividade
laboral em determinado período.

115
• Tema 240 da TNU: I) É extemporânea a anotação de vínculo empregatício em CTPS,
realizada voluntariamente pelo empregador após o término do contrato de trabalho;
(II) Essa anotação, desacompanhada de outros elementos materiais de prova a
corroborá-la, não serve como início de prova material para fins previdenciários.
• Tema 301 da TNU:
Cômputo do Tempo de Trabalho Rural I. Para a aposentadoria por idade do trabalhador
rural não será considerada a perda da qualidade de segurado nos intervalos entre as
atividades rurícolas.
Descaracterização da condição de segurado especial II. A condição de segurado especial
é descaracterizada a partir do 1º dia do mês seguinte ao da extrapolação dos 120 dias de
atividade remunerada no ano civil (Lei 8.213/91, art. 11, § 9º, III); III. Cessada a atividade
remunerada referida no item II e comprovado o retorno ao trabalho de segurado especial,
na forma do art. 55, parag. 3o, da Lei 8.213/91, o trabalhador volta a se inserir
imediatamente no VII, do art. 11 da Lei 8.213/91, ainda que no mesmo ano civil.

116
• Tema 303 da TNU: 1. Nos termos do artigo 2º, § 2º, inciso I, da Lei nº 10.779/2003, a
regularidade do Registro Geral da Atividade Pesqueira (RGP) é requisito necessário
para concessão de seguro-defeso ao(à) pescador(a) artesanal; 2. Este requisito poderá
ser substituído pelo Protocolo de Solicitação de Registro Inicial para Licença de
Pescador Profissional Artesanal - PRGP, observados os termos do acordo judicial
firmado entre o INSS e a DPU, no âmbito da Ação Civil Pública - ACP nº 1012072-
89.2018.401.3400, com efeitos nacionais.
• Súmula 60 da TR da SJMG: Havendo início de prova material, é imprescindível a
produção de prova oral em audiência para comprovação da qualidade de segurado
especial, exigência não dispensada, na via judicial, pela Lei 13.846/2019, que alterou a
Lei 8.213/91.
• Tema 319 da TNU: Definir se, para se reconhecer o regular recolhimento de
contribuição previdenciária, na condição de segurado especial pescador
artesanal, é suficiente a apresentação de uma única Guia de Recolhimento, no
valor mínimo, englobando oito competências retroativas, sem apontamento da
base de cálculo ou alusão à venda de pescado. (afetado no dia 15/02/2023 e ainda
não julgado)

117
 Tempo de segurado especial/rural para fins de aposentadoria por tempo de
contribuição (regras de transição e nova aposentadoria programada da EC 103/2019):
sim, mesmo sem indenização/contribuição, desde que anterior a 11/1991 (Lei
8.213/91). Se posterior, somente com indenização/contribuição: STJ (súmula 72 e tese
do tema 609) e TNU (súmulas 10 e 24):

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO


RESCISÓRIA. APOSENTADORIA RURAL POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. LABOR
RURAL. COMPROVAÇÃO. INVERSÃO DO JULGADO. INVIABILIDADE. REEXAME FÁTICO-
PROBATÓRIO. SÚMULA 7/STJ. PERÍODO POSTERIOR À EDIÇÃO DA LEI 8.213/1991.
NECESSIDADE DE RECOLHIMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES. REAFIRMAÇÃO DA DER.
AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS 282 E 356/STF. AGRAVO INTERNO DO
PARTICULAR NÃO PROVIDO.
[...]

118
4. No que toca ao pleito de reconhecimento de tempo de serviço rural posterior
à edição da Lei 8.213/1991 sem o recolhimento das contribuições, a pretensão
recursal é manifestamente contrária ao entendimento desta Corte sobre o
tema, segundo o qual, para fins de concessão de aposentadoria por tempo de
contribuição, com o reconhecimento de atividade rural referente a períodos
posteriores à edição da Lei 8.213/1991, faz-se necessário o recolhimento de
contribuições previdenciárias.
[...]
7. Agravo interno do particular não provido. (AgInt no AREsp n. 1.713.652/SP, relator
Ministro Manoel Erhardt (Desembargador Convocado do TRF5), Primeira Turma,
julgado em 3/11/2021, DJe de 18/11/2021.)

119
4. Aquisição da qualidade de segurado
4.1. Filiação: é o vínculo jurídico que se estabelece entre pessoas que contribuem para a
previdência social e esta, do qual decorrem direitos e obrigações (RPS, art. 20). É o ato de
se tornar segurado do RGPS, que, como regra, deve ser sempre anterior à ocorrência de
algum evento coberto pelo RGPS.

4.2. Filiação do segurado obrigatório:


• compulsória (CF, art. 201)
• em regra, é automática, decorrente do mero exercício de atividade remunerada
lícita (art. 20, §1º, do RPS), salvo para o contribuinte individual por conta própria
(responsável direto pelo pagamento de suas contribuições), que deve, além de
exercer atividade remunerada, pagar as suas contribuições para confirmar a filiação
e manter-se filiado (ver itens I e II do enunciado 5 do CRPS)
• Independente de ato formal
120
4.3. Idades para filiação do segurado obrigatório:
a) Mínima: deve observar o limite mínimo de idade para o trabalho previsto na
CF (art. 7º, §1º, da IN INSS PRES 77/2015):

§ 1º O limite mínimo de idade para ingresso no RGPS do segurado obrigatório que exerce
atividade urbana ou rural, do facultativo e do segurado especial, é o seguinte:
I - até 14 de março de 1967, véspera da vigência da Constituição Federal de 1967, 14 anos;
II - de 15 de março de 1967, data da vigência da Constituição Federal de 1967, a 4 de outubro
de 1988, véspera da promulgação da Constituição Federal de 1988, 12 anos;
III - a partir de 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal de 1988 a
15 de dezembro de 1998, véspera da vigência da Emenda Constitucional nº 20, de 1998, 14
anos, exceto para menor aprendiz, que conta com o limite de 12 anos, por força do art. 7º, inciso
XXXIII, da Constituição Federal; e
IV - a partir de 16 de dezembro de 1998, data da vigência da Emenda Constitucional nº 20, de
1998, 16 anos, exceto para menor aprendiz, que é de 14 anos, por força do art. 1º da referida
Emenda, que alterou o inciso XXXIII do art. 7º da Constituição Federal de 1988
121
 Exceção: violação da idade mínima para o trabalho em
detrimento do trabalhador (trabalho infantil). A posição da
jurisprudência e seus prós e contras:

• Trabalho rural: a jurisprudência do STJ (ver AR 2872, Dje 04/10/2016) e da


TNU sempre foram firmes no sentido de que o trabalho rural do menor a
partir dos 12 anos pode ser reconhecido para fins previdenciários, em
qualquer espécie de segurado (inclusive segurado especial), desde que
devidamente comprovado. Obs: aumentou muito o número de ações
judiciais para reconhecimento de tempo rural precoce, em especial para
fins de aposentadoria por tempo de contribuição.

• Tese firmada pela TNU no tema 219: É possível o cômputo do tempo de


serviço rural exercido por pessoa com idade inferior a 12 (doze) anos na
época da prestação do labor campesino. (julgado em 23/06/2022)
122
• Matéria pacificada pelo STF: o período exercido (e devidamente comprovado) como
segurado obrigatório (rural ou urbano) realizado abaixo da idade mínima permitida à
época (qualquer idade) deverá ser aceito para todos os fins de reconhecimento de
direitos a benefícios e serviços previdenciários (AgR no RE nº 1225475, publicado em
05/02/2021, que confirmou o acórdão na ACP nacional nº 5031617-
51.2018.4.04.7100)

• No âmbito administrativo a decisão na ACP vem sendo cumprida por meio da Portaria
Conjunta 7/DIRBEN/INSS, de 09/04/2020. Obs: no âmbito judicial, antevejo
dificuldades fático-probatórias para reconhecimento de períodos em favor de crianças
com idade inferior a 12 anos

b) máxima: não existe idade máxima para filiação (existia até a vigência da Lei 8.213/91:
art. 26 do Decreto 83.080/79: 60 anos). Obs: o problema de tentativas de fraude
(“compra de benefícios”) envolvendo as filiações tardias

123
4.4. Contribuinte individual (CI) por conta própria e recolhimento de contribuições após o
óbito: posição pacífica da jurisprudência (STJ: tema 21 e súmula 416 e TNU: súmula 52) em
sentido contrário, sendo certo que esse entendimento não se aplica ao CI que presta serviço
para pessoa jurídica a partir de 04/2003 (Lei 10.666.2003). Obs: atenção para essa distinção.
PREVIDENCIÁRIO. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. PENSÃO POR MORTE. CONTRIBUIÇÃO POST
MORTEM. IMPOSSIBILIDADE. TESE FIRMADA EM RECURSO ESPECIAL REPETITIVO.
1. Este Superior Tribunal firmou a tese, em recurso especial repetitivo (REsp 1.110.565/SE), no
sentido da impossibilidade de recolhimento pelos dependentes, para fins de concessão do
benefício de pensão por morte, de contribuições vertidas após o óbito do instituidor, no caso
de contribuinte individual. 2. [...]. (AgInt no REsp n. 1.410.837/PR, relator Ministro Og
Fernandes, Segunda Turma, julgado em 4/10/2018, DJe de 11/10/2018.)
Súmula 52 da TNU: “Para fins de concessão de pensão por morte, é incabível a regularização
do recolhimento de contribuições de segurado contribuinte individual posteriormente a seu
óbito, exceto quando as contribuições devam ser arrecadadas por empresa tomadora de
serviços”.
No mesmo sentido o recente §7º do art. 17 da Lei 8.213/2019, incluído pelo Lei 13.846/2019,
que vedou a filiação após o óbito de segurados contribuinte individual e facultativo.

124
4.5. Filiação do segurado facultativo
 Facultativa/voluntária: ato de vontade (Lei 8.213/91, art. 13)
 depende de ato formal: inscrição + pagamento da 1ª contribuição, só
produzindo efeitos desde então (RPS, art. 20, §1º).

 Idade mínima: a lei fala em 14 anos (art. 13 da Lei 8.213/91). No entanto,


INSS (art. 11 do RPS) e doutrina defendem 16 anos (acompanhando a
idade mínima do segurado obrigatório)

125
4.6. Os graves problemas com a filiação e a qualidade de segurado do
facultativo de baixa renda (dona de casa):

(i) Previsão constitucional (CF/88, art. 201, § 12 e 13 [redação da EC


103/2019]) e legal (art. 21 da Lei 8.212/91) :
§ 12. Lei instituirá sistema especial de inclusão previdenciária, com alíquotas
diferenciadas, para atender aos trabalhadores de baixa renda, inclusive os que se
encontram em situação de informalidade, e àqueles sem renda própria que se dediquem
exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde que
pertencentes a famílias de baixa renda. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
103, de 2019)
§ 13. A aposentadoria concedida ao segurado de que trata o § 12 terá valor de 1
(um) salário-mínimo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

126
Art. 21. ...
§ 2o No caso de opção pela exclusão do direito ao benefício de aposentadoria por
tempo de contribuição, a alíquota de contribuição incidente sobre o limite mínimo
mensal do salário de contribuição será de: (Redação dada pela Lei nº 12.470,
de 2011)
II - 5% (cinco por cento): (Incluído pela Lei nº 12.470, de 2011)
b) do segurado facultativo sem renda própria que se dedique exclusivamente ao
trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde que pertencente a família
de baixa renda. (Incluído pela Lei nº 12.470, de 2011)
§ 4o Considera-se de baixa renda, para os fins do disposto na alínea b do inciso II
do § 2o deste artigo, a família inscrita no Cadastro Único para Programas Sociais
do Governo Federal - CadÚnico cuja renda mensal seja de até 2 (dois) salários
mínimos. (Redação dada pela Lei nº 12.470, de 2011)

127
(ii) Requisitos:
a) inscrição no CadÚnico: os efeitos da falta de inscrição e da não
atualização/revalidação das informações após a inscrição (art. 12 do Decreto
11.016/2022).
- Tese do tema 181 da TNU: A prévia inscrição no Cadastro Único para Programas
Sociais do Governo Federal - CadÚnico é requisito essencial para validação das
contribuições previdenciárias vertidas na alíquota de 5% (art. 21, § 2º, inciso II, alínea
"b" e § 4º, da Lei 8.212/1991 - redação dada pela Lei n. 12.470/2011), e os efeitos
dessa inscrição não alcançam as contribuições feitas anteriormente.

- Tese do tema 285 da TNU: A atualização/revalidação extemporânea das


informações do CadÚnico, realizada antes da exclusão do cadastro na forma
regulamentar, autoriza a validação retroativa das contribuições pela alíquota de
5%, desde que comprovados os requisitos de enquadramento como segurado
facultativo, na forma do art. 21, §2º, II, alínea b', da Lei 8.212/91. (12/11/2021,
relator juiz federal Ivanir César Ireno Júnior)
128
b) Não possuir renda própria: qualquer renda, ainda que não proveniente do trabalho (aluguéis,
pensão alimentícia, benefício previdenciário...). Não entram auxílios assistenciais de natureza
eventual, temporária e de programas sociais de transferência de renda. LOAS/BPC é considerado
renda (art. 199-A, §6º do RPS, art. 5º, VI, do Decreto 11.016/2022 e art. 107, XIV, da IN 128/2022).

c) se dedicar exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência (não


exercer atividade remunerada): e os casos de renda mínima decorrente de atividade
informal/subemprego?

- Tese do tema 241 TNU: O exercício de atividade remunerada, ainda que


informal e de baixa expressão econômica, obsta o enquadramento como
segurado facultativo de baixa renda, na forma do art. 21, §2º, II, alínea 'b',
da Lei 8.212/91, impedindo a validação das contribuições recolhidas sob a
alíquota de 5%. (21/10/2021, relator juiz federal Ivanir César Ireno Júnior)

129
d) integrar família de baixa renda (renda mensal de até 02 SM’s)

(iii) Procedimento de filiação/inscrição, pagamento e validação: os problemas gerados


pela validação posterior ao pagamento (ausência de validação automática):

a) inscrição no RGPS nos canais de atendimento + pagamento da contribuição pelo


próprio segurado (código da guia de recolhimento 1929)

b) Não existe validação automática, o que somente ocorre quando do pedido de


benefício ou se formalizado requerimento específico de validação (Memorando-
Circular Conjunto nº 43 / DIRBEN/DIRAT/INSS, de 22/11/2017 e Memorando-Circular
Conjunto no 41 /DIRBEN/DIRAT/CGTIC/INSS de 19/09/2018
(https://www.inss.gov.br/servicos-do-inss/solicitar-validacao-de-segurado-facultativo-
de-baixa-renda/)

130
c) Possibilidade de não validação das contribuições a partir do cruzamento
de dados do CNIS e CadÚnico: consequência: as contribuições não validadas
não produzem efeitos previdenciários (qualidade de segurado, tempo de
contribuição e carência)

d) Interoperabilidade entre CNIS e Cadúnico: as novidades da Portaria


Interministerial MPS/MDS nº 30, de 9 de maio de 2023

 Segue modelo de CNIS com contribuições validadas e não validadas:

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d) Soluções:

(i) Sanar possíveis falhas/erros de informação no CadÚnico (difícil conseguir efeitos


retroativos na via administrativa)
(ii) Em caso de cadastro desatualizado e não excluído, buscar na justiça a validação
retroativa das contribuições, nos termos do tema 285 da TNU

(iii) Complementar as contribuições para a alíquota de 11% (pagar mais 6%):


possibilidade mesmo após o fato gerador de benefícios de risco (invalidez, maternidade,
óbito ou prisão). Nesse sentido ver Nota Técnica SEI nº 44843/2020 da Secretaria de
Previdência do Ministério da Economia.

Tese do tema 286 da TNU: Para fins de pensão por morte, é possível a
complementação, após o óbito, pelos dependentes, das contribuições recolhidas em
vida, a tempo e modo, pelo segurado facultativo de baixa renda do art. 21, §2º, II, 'b', da
Lei 8.212/91, da alíquota de 5% para as de 11% ou 20%, no caso de não validação dos
recolhimentos. (julgado em 23/06/2022, relator juiz federal Ivanir César Ireno Júnior).
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4.7. A EC 103/2019, o Decreto 10.410/2020 e o pagamento de contribuições sobre
salário de contribuição inferior ao valor do salário mínimo: haverá aquisição e
manutenção da qualidade de segurado? Obs: o tema será abordado no próximo
tópico

4.8. Inscrição: é o ato pelo qual o segurado ou dependente é cadastrado no RGPS,


mediante comprovação dos dados pessoais e de outros elementos úteis e necessários
à sua caracterização (art. 17 da Lei 8.213/91, art. 18 do RPS e art. 2º da Portaria 990/2022). É a
formalização da filiação
• Inscrição do segurado: é feita no CNIS, por intermédio de um NIT – número de
identificação do trabalhador

• Inscrição do dependente: promovida quando do requerimento de benefício


(Lei 8.213/91, art. 17, §1º). Exceção: dependente inválido ou deficiente (art. 23 da EC 103/2019)
142
• CNIS (Lei 8.213/91, art. 29-A e RPS, art. 19): sistema de dados do RGPS responsável pelo
armazenamento, atualização e controle dos dados previdenciários dos segurados (vínculos,
remunerações, contribuições, benefícios etc).
• Os dados constantes do CNIS fazem prova (presunção relativa), a qualquer tempo, de filiação,
vínculo de emprego, tempo de contribuição/carência e salários de contribuição (arts. 29-A da
Lei 8.213/91, 19 do RPS e 10 a 31 da IN 128/2022). Podem ser solicitadas inclusão, exclusão,
retificação e alteração de dados do CNIS, independentemente de requerimento de benefício.
• É o documento previdenciário de maior importância, porque utilizado pelo INSS para
conceder, negar e calcular o valor dos benefícios.
• Obs: a) para fins previdenciários, as informações do CNIS, em regra, prevalecem sobre as
constantes da CTPS (art. 29-A, §§ 3º a 5º, da Lei 8.213/91 e art. 19-B, §1º, do RPS); b) a CTPS é
documento complementar para fins previdenciários, que deve, para fazer prova de tempo de
contribuição não constante ou anotado diversamente no CNIS, ter registros contemporâneos
(tema 240 da TNU) e totalmente regulares, coerentes e fidedignos (súmula 75 da TNU e
jurisprudência do STJ), sob pena de, no máximo, servir como início de prova material a ser
complementado por outros elementos de convicção
• É ferramenta essencial para o êxito do processo eletrônico (Meu INSS e INSS Digital), que deve
ser bem compreendido e explorado por todo operador do direito previdenciário
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5. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO
5.1. Conceito: é o valor dos rendimentos auferidos (segurados obrigatórios) ou declarados
(segurados facultativos) pelos segurados do RGPS, que serve de base de cálculo para a
incidência da contribuição previdenciária do próprio segurado e que será utilizado para
apuração do salário de benefício e, por conseguinte, para o cálculo do valor do benefício.
(art. 28 da Lei 8.212/91)

• Obs: segurado especial e exceção ao conceito (não utilização). Exceção: §4º do art.
48 da Lei 8.213/91 (cálculo da RMI da aposentadoria por idade híbrida)

• Benefício previdenciário considerado salário de contribuição: somente o salário-


maternidade (§2º do art. 28). Obs: dúvidas acerca do alcance do decidido pelo STF
no tema 72: “É inconstitucional a incidência de contribuição previdenciária a
cargo do empregador sobre o salário maternidade.”

165
5.2. Definição por segurado:
Art. 28. Entende-se por salário-de-contribuição:
I - para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou
mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou
creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho,
qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a
forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos
serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou
tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou
acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (Redação dada pela
Lei nº 9.528, de 10.12.97)

II - para o empregado doméstico: a remuneração registrada na Carteira de


Trabalho e Previdência Social, observadas as normas a serem estabelecidas em
regulamento para comprovação do vínculo empregatício e do valor da
remuneração;
166
III - para o contribuinte individual: a remuneração auferida em uma ou mais
empresas ou pelo exercício de sua atividade por conta própria, durante o mês,
observado o limite máximo a que se refere o § 5o;
IV - para o segurado facultativo: o valor por ele declarado, observado o limite
máximo a que se refere o § 5o.
§ 1º Quando a admissão, a dispensa, o afastamento ou a falta do empregado
ocorrer no curso do mês, o salário-de-contribuição será proporcional ao número de
dias de trabalho efetivo, na forma estabelecida em regulamento. Obs: salário de
contribuição proporcional
§ 3º O limite mínimo do salário-de-contribuição corresponde ao piso salarial, legal
ou normativo, da categoria ou, inexistindo este, ao salário mínimo, tomado no seu
valor mensal, diário ou horário, conforme o ajustado e o tempo de trabalho efetivo
durante o mês. Obs: trabalhadores com jornada parcial, reduzida ou
intermitentes (art. 443 da CLT)

167
5.3. Limites mínimo e máximo:

 Mínimo: § 3º O limite mínimo do salário-de-contribuição corresponde ao piso


salarial, legal ou normativo, da categoria ou, inexistindo este, ao salário mínimo,
tomado no seu valor mensal, diário ou horário, conforme o ajustado e o tempo
de trabalho efetivo durante o mês.

• SM para 2023: R$ 1.302,00 para o mês de janeiro / valor diário de R$ 43,40 / valor
hora de 5,92 (MP 1.143/2022). A partir de 01/05/2023 o SM passou a ser de R$
1.320,00 (MP 1.172/2023 e Portaria Interministerial MPS/MF nº 27 de 04/05/2023)

• Obs: alguns Estados possuem salário mínimo de valor diferenciado (LC 103/2000)

168
 Máximo: teto estabelecido na forma do § 5º do art. 28 da Lei 8.212/91 e reajustado
anualmente. Em 2023, o valor é de R$ 7.507,49
• Obs: não confundir o teto do SC do segurado com a base de cálculo da contribuição
patronal da empresa (CPP), que é a folha de salários e não tem limite máximo

5.4. (Im)possibilidade de salário de contribuição inferior ao valor de um


salário mínimo (inovações da EC 103/2019)
 Contribuinte individual e facultativo: mesmo antes da EC
103/2019 o valor nominal do salário de contribuição não poderia
ser inferior a um salário mínimo, sob pena de não produzir efeitos
previdenciários (qualidade de segurado, carência, tempo de
contribuição e cálculo do salário/valor de benefício), já existindo o
instituto da complementação (art. 5º da Lei 10.666/2003 e art. 66
da IN RFB 971/2009)

169
 Empregado, avulso e doméstico:

(i) até a EC 103/2019, nos casos de salário de contribuição proporcional e


trabalhadores com jornada reduzida/intermitentes, com remuneração
inferior ao SM, o valor nominal do salário de contribuição poderia ser
inferior a um salário mínimo, sem prejuízo para fins previdenciários
(qualidade de segurado, carência, tempo de contribuição e cálculo do valor
do benefício);

(ii) após a EC 103/2019 (13/11/2019), o valor nominal do salário de


contribuição não pode ser inferior a um salário mínimo em nenhuma
hipótese, sob pena de não produzir efeitos previdenciários (qualidade de
segurado, carência, tempo de contribuição e cálculo do valor do benefício)
Obs: posição do INSS.

170
CF/88, art. 195, §14º: O segurado somente terá reconhecida como tempo de contribuição ao
Regime Geral de Previdência Social a competência cuja contribuição seja igual ou superior à
contribuição mínima mensal exigida para sua categoria, assegurado o agrupamento de
contribuições. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
Novos conceitos: “contribuição mínima mensal” e “limite mínimo mensal do
salário de contribuição” (01 SM: art. 124, §2º, II, da IN 128/2022)
Regra transitória (art. 29 da EC 103/2019):
Art. 29. Até que entre em vigor lei que disponha sobre o § 14 do art. 195 da Constituição
Federal, o segurado que, no somatório de remunerações auferidas no período de 1 (um) mês,
receber remuneração inferior ao limite mínimo mensal do salário de contribuição poderá:
I - complementar a sua contribuição, de forma a alcançar o limite mínimo exigido;
II - utilizar o valor da contribuição que exceder o limite mínimo de contribuição de uma
competência em outra; ou
III - agrupar contribuições inferiores ao limite mínimo de diferentes competências, para
aproveitamento em contribuições mínimas mensais.
Parágrafo único. Os ajustes de complementação ou agrupamento de contribuições previstos
nos incisos I, II e III do caput somente poderão ser feitos ao longo do mesmo ano civil.
171
5.5. Complementação (base de cálculo), transferência/utilização do valor
excedente e agrupamento de salários de contribuição (arts. 13, §8º, 26, 19-E e
§27-A do art. 216 do RPS, arts. 124 a 132 da IN 128/2022 e arts. 116 a 125 da
Portaria 990/2022):

§ 8º do art. 13. O segurado que receber remuneração inferior ao limite mínimo mensal do
salário de contribuição somente manterá a qualidade de segurado se efetuar os ajustes
de complementação, utilização e agrupamento a que se referem o § 1º do art. 19-E e o §
27-A do art. 216. (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)

Art. 26. Período de carência é o tempo correspondente ao número mínimo de


contribuições mensais indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao benefício,
consideradas as competências cujo salário de contribuição seja igual ou superior ao seu
limite mínimo mensal. (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020).

172
Art. 19-E. A partir de 13 de novembro de 2019, para fins de aquisição e manutenção da
qualidade de segurado, de carência, de tempo de contribuição e de cálculo do salário
de benefício exigidos para o reconhecimento do direito aos benefícios do RGPS e para fins de
contagem recíproca, somente serão consideradas as competências cujo salário de contribuição seja
igual ou superior ao limite mínimo mensal do salário de contribuição.
§ 1º Para fins do disposto no caput, ao segurado que, no somatório de remunerações
auferidas no período de um mês, receber remuneração inferior ao limite mínimo mensal do
salário de contribuição será assegurado:

I - complementar a contribuição das competências, de forma a alcançar o limite mínimo do


salário de contribuição exigido;
II - utilizar o excedente do salário de contribuição superior ao limite mínimo de uma
competência para completar o salário de contribuição de outra competência até atingir o
limite mínimo; ou
III - agrupar os salários de contribuição inferiores ao limite mínimo de diferentes competências
para aproveitamento em uma ou mais competências até que estas atinjam o limite mínimo.

173
§ 2º Os ajustes de complementação, utilização e agrupamento previstos no § 1º poderão ser
efetivados, a qualquer tempo, por iniciativa do segurado, hipótese em que se tornarão irreversíveis e
irrenunciáveis após processados.
§ 3º A complementação de que trata o inciso I do § 1º poderá ser recolhida até o dia quinze do mês
subsequente ao da prestação do serviço e, a partir dessa data, com os acréscimos previstos no art. 35
da Lei nº 8.212, de 1991.
§ 4º Os ajustes de que tratam os incisos II e III do § 1º serão efetuados na forma indicada ou autorizada
pelo segurado, desde que utilizadas as competências do mesmo ano civil definido no art. 181-E, em
conformidade com o disposto nos § 27-A ao § 27-D do art. 216.
§ 5º A efetivação do ajuste previsto no inciso III do § 1º não impede o recolhimento da contribuição
referente à competência que tenha o salário de contribuição transferido, em todo ou em parte, para
agrupamento com outra competência a fim de atingir o limite mínimo mensal do salário de
contribuição.
§ 6º Para complementação ou recolhimento da competência que tenha o salário de contribuição transferido, em
todo ou em parte, na forma prevista no § 5º, será observado o disposto no § 3º.

§ 7º Na hipótese de falecimento do segurado, os ajustes previstos no § 1º poderão ser


solicitados por seus dependentes para fins de reconhecimento de direito para benefício a
eles devidos até o dia quinze do mês de janeiro subsequente ao do ano civil correspondente,
observado o disposto no § 4º.

174
Art. 216. A arrecadação e o recolhimento das contribuições e de outras importâncias devidas à seguridade social,
observado o que a respeito dispuserem o Instituto Nacional do Seguro Social e a Secretaria da Receita Federal,
obedecem às seguintes normas gerais: [...]
§ 27-A. O segurado que, no somatório de remunerações auferidas no período de um mês, receber remuneração
inferior ao limite mínimo mensal do salário de contribuição poderá solicitar o ajuste das competências
pertencentes ao mesmo ano civil, na forma por ele indicada, ou autorizar que os ajustes sejam feitos
automaticamente, para que o limite mínimo mensal do salário de contribuição seja alcançado, por meio da
opção por: (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
[...]
b) para o empregado, o empregado doméstico e o trabalhador avulso, a complementação será efetuada por meio
da aplicação da alíquota de sete inteiros e cinco décimos por cento, inclusive para o mês em que exista
contribuição concomitante na condição de contribuinte individual; e (Incluída pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
c) para o contribuinte individual que preste serviço a empresa, de que trata o § 26, e que contribua exclusivamente
nessa condição, a complementação será efetuada por meio da aplicação da alíquota de vinte por cento; (Incluída
pelo Decreto nº 10.410, de 2020)

• Obs: ajustes podem ser solicitados no “Meu INSS”, sendo que o CNIS já está emitindo o
“Extrato de Ano Civil”, com somatório dos salários de contribuição por competência
(Portaria 990/2022, arts. 116 a 125). Orientações sobre os procedimentos: Anexo III da
Portaria 990/2022.
175
• A complementação poderá ser feita mesmo após o fato gerador de benefício de risco
(invalidez, morte, prisão etc)?: sim (ver, nesse sentido, inclusive, a Portaria PRES/INSS nº
1.382, de 19/11/2021 e a IN 128/2022 [arts. 185, §4º e 192, §2º], que não trata os
recolhimentos efetuados a título de complementação como contribuições recolhidas com
atraso).

5.6. Questionamentos em aberto/polêmicos acerca da novidade – contribuição mínima -


instituída pela EC 103/2019?

• Para o empregado, o avulso e o empregado doméstico o limite mínimo do § 4º do art. 195 da


CF88 e 23 da EC 103/2019 deve ser sempre o salário mínimo ou devem ser excepcionadas as
hipóteses dos §§1º e 3º do art. 28 da Lei 8.212/91 (salário de contribuição proporcional e
trabalhadores com jornada parcial/reduzida/intermitentes)?

• Como a EC 103/2019 fala somente em “tempo de contribuição”, o RPS poderia ter incluído na
vedação a aquisição e manutenção da qualidade de segurado, a carência e o cálculo do
salário de benefício? (I)legalidade da inclusão?

176
PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE. CONTRIBUIÇÕES COMO SEGURADO EMPREGADO
APÓS O ADVENTO DA EC 103/2019. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO INFERIOR AO SALÁRIO MÍNIMO.
VALIDADE PARA FINS DE MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO E CARÊNCIA.
1. O § 14 do art. 195 da CF/88, incluído pela EC 103/2019, passou a excluir da contagem como “tempo
de contribuição” do RGPS os salários-de-contribuição inferiores ao mínimo legal. Vedação que não se
estende aos critérios de carência e de manutenção da qualidade de segurado. Inconstitucionalidade
parcial dos artigos 13, § 8º, e 26, do Decreto 3048/99.
2. O conceito de limite mínimo legal para fins de contribuição mínima mensal deve ser interpretado
de acordo com o artigo 28, da Lei 8.212/91, não podendo ser equiparado a salário mínimo para a
categoria dos segurados empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso.
3. Hipótese em que o Decreto nº 3.048/99 extrapola o poder regulamentador previsto no artigo 84, VI,
da Constituição Federal.
4. Validados os requisitos qualidade de segurado e carência na DII, é devida a concessão de auxílio por
incapacidade temporária desde a DER, quando comprovadamente havia incapacidade temporária.
5. Recurso da parte autora provido.(Processo 5008573-74.2021.4.04.7107, QUARTA TURMA RECURSAL
DO RS, Relatora MARINA VASQUES DUARTE, julgado em 23/03/2022)

177
• Comunicado INSS (divulgado em 03/06/2022):
Encaminhamos o Comunicado sobre nova versão CNIS que contempla os ajustes previstos no Art. 29 da Emenda
Constitucional nº 103/2019: complementação / utilização / agrupamento. (http://www-
inss.prevnet/comunicado-esta-disponivel-a-nova-versao-da-extrato-cnisfique-de-olho-nas-mudancas/?ol=)
Informações importantes:
As opções de ajustes (complementação/utilização/agrupamento) estarão disponíveis ao filiado através do MEU
INSS pelo serviço "Ajustes para alcance do salário mínimo - Emenda Constitucional 103/2019". Desta forma,
quando identificado na análise dos requerimentos a possibilidade de ajustes, o segurado deverá ser cientificado
por carta de exigência, quanto ao procedimento necessário a ser executado exclusivamente pelo MEU INSS.
As possibilidades de ajustes são:
1° - complementação da contribuição das competências por Documento de Arrecadação de Receitas Federais -
Darf;
2° - utilização do valor do salário de contribuição que exceder ao limite mínimo, de uma ou mais competências,
para completar o salário de contribuição de uma ou mais competências;
3° - agrupamento dos salários de contribuição inferiores ao limite mínimo, de diferentes competências, para
aproveitamento em uma ou mais competências, de forma que o resultado do agrupamento não ultrapasse o valor
mínimo do salário de contribuição .

178
Conforme demonstração do vídeo (http://www-inss.prevnet/wp-
content/uploads/2022/04/WhatsApp-Video-2022-04-11-at-15.40.13.mp4), o filiado ao
observar o extrato ano civil, poderá optar entre o tipo de ajuste no MEU INSS. O requerimento
é intuitivo e disponibiliza automaticamente as opções de complementação, utilização e
agrupamento para seleção e confirmação pelo segurado.

O serviço "Ajustes para alcance do salário mínimo - Emenda Constitucional 103/2019" gera
tarefa no GET com a conclusão automática quando da confirmação do requerimento pelo
filiado.

Apesar de o serviço ter opção de gerar Darf, permanece vigente a orientação de que o INSS
não é o responsável por tal documento de arrecadação. Portanto, há o atalho dentro do novo
layout que permite a geração do Darf, mas apenas como uma ferramenta de auxílio ao nosso
filiado usuário.

Como os sistemas ainda não estão integrados (INSS x RFB), o Darf emitido pelo MEU INSS não
gera código de barras. A previsão inicial da integração das bases (INSS x RFB) para
apropriação do Darf paga no CNIS é para julho/2022.

179
Por enquanto, a verificação do pagamento do Darf permanece sendo documental com a apresentação
do comprovante com autenticação bancária (físico ou digital).

Quando houver opção somente pela forma de ajuste de utilização ou agrupamento de contribuições, ao
finalizar o requerimento no MEU INSS, automaticamente será disponibilizado no CNIS do segurado,
possibilitando o prosseguimento nas análises.

Entretanto, quando houver complementações por Darf, será necessário ação manual no CNIS, assim
que estiver disponibilizado o módulo (previsão para semana de 18 a 20/04/2022).

Quando o módulo no CNIS de inserção/ajuste manual do DARF estiver disponível, o servidor poderá:

1º - Darf gerada pelo MEU INSS, migra para o CNIS (aba “atualização VRCE” e opção “Darf manual”) e,
após a análise documental pelo servidor (comprovante de pagamento, etc), bastará clicar no botão
“Inserir Darf pendente”, informar a data de pagamento que a mesma será apropriada na competência
complementada;

2º – Darf gerada pelo Sicalc da RFB, com inclusão manual, botão “inserir novo darf”.

180
Será emitido Comunicado quando estiver disponível a possibilidade de inclusão manual do
Darf no CNIS, bem como vídeo tutorial da operacionalização.

Importante a leitura da PORTARIA DIRBEN/INSS Nº 1.005, DE 11 DE ABRIL DE 2022 que


alterou a Portaria DIRBEN/INSS Nº 990, de 28 de março de 2022 (Livro I das Normas
Procedimentais em Matéria de Benefícios), que incluiu o tema tratado nesta orientação, bem
como os respectivos anexos. Acessível pelo link: https://www-inss.prevnet/norma/portaria-
dirbeninss-no-1-005-de-11-de-abril-de-2022/?ol=

Favor dar amplo conhecimento das orientações.

Atenciosamente,

RENATO VEIGA SOARES Chefe do Serviço de Administração de Informações do Segurado

181
5.7. Parcelas que integram o salário de contribuição: verbas remuneratórias destinadas a
retribuir o trabalho prestado ou o tempo à disposição do empregador (salário, abonos
incorporados, gorjetas, prestações in natura, ganhos habituais, 13º etc. Obs: ver tema 20
do STF (caráter remuneratório e habitualidade). Rol exemplificativo (art. 28 da Lei
8.212/91):
• 13º salário (§7º do art. 28, súmula 688 do STF e temas 215 e 216 do STJ)
• salário-maternidade (§2º do art. 28). Obs: dúvida acerca do alcance do tema 72 do STF
• ganhos e utilidades habituais, salvo isenções legais (§9º do art. 28 e tema 20 do STF)
• adicionais de periculosidade, noturno e hora extra (STJ: temas 687, 688 e 689)
• Salário-paternidade (Tema 740 do STJ)
• Adicional de quebra de caixa do bancário
• Férias gozadas e faltas justificadas/abonadas
• Aviso-prévio trabalhado
182
5.8. Parcelas que não integram o salário de contribuição (§9º do art. 28, art. 457, §2º, da CLT e
jurisprudência): em regra, verbas indenizatórias. Rol exemplificativo:
• benefícios da previdência social, exceto o salário maternidade. Obs: dúvida acerca do alcance
do tema 72 do STF, que se refere à cota patronal (empregador)
• diárias de viagem (valor integral a partir da Lei 13.467/2017)
• os 15 primeiros dias de afastamento do segurado empregado no caso de auxílio-doença ou
aposentadoria por incapacidade permanente (art. 43, §2º e 60, §3º, da Lei 8.213/91). Tese do
tema 738 do STJ
• Adicional de 1/3 de férias indenizadas (art. 28, §9, ‘d’, da Lei 8.212/91 e Tese do tema 737 do
STJ)
• Adicional de 1/3 de férias gozados: segundo a Lei 8.213/91 integra o SC. No entanto, o STJ
entende que não (Tese do tema 479). Obs: dúvida acerca do alcance do decidido pelo STF no
tema 985, cuja controvérsia versava sobre contribuição previdenciária patronal (empregador):
Tese: É legítima a incidência de contribuição social sobre o valor satisfeito a título de terço
constitucional de férias.
• Aviso prévio indenizado (tese do tema 478 do STJ)
• Participação nos lucros e resultados pagos de acordo com a Lei 10.101/2000
183
• Vale refeição recebido in natura ou por meio de documentos de legitimação, tais como
tíquetes, vales, cupons, cheques, cartões eletrônicos destinados à aquisição de refeições ou
de gêneros alimentícios, a partir da edição da Lei 13.467/2017. Obs: quando pago em
pecúnia incide contribuição (súmula 67 da TNU e tema 1164 do STJ)

Tese do tema 244 TNU (ainda não transitado em julgada: pendente RE 1413882):

I) Anteriormente à vigência da Lei n. 13.416/2017, o auxílio-alimentação, pago em espécie e com


habitualidade ou por meio de vale-alimentação/cartão ou tíquete-refeição/alimentação ou
equivalente, integra a remuneração, constitui base de incidência da contribuição previdenciária
patronal e do segurado, refletindo no cálculo da renda mensal inicial do benefício, esteja a
empresa inscrita ou não no Programa de Alimentação do Trabalhador - PAT;

II) A partir de 11/11/2017, com a vigência da Lei n. 13.416/2017, que conferiu nova redação ao § 2º
do art. 457 da CLT, somente o pagamento do auxílio-alimentação em dinheiro integra a
remuneração, constitui base de incidência da contribuição previdenciária patronal e do
segurado, refletindo no cálculo da renda mensal inicial do benefício, esteja a empresa inscrita
ou não no Programa de Alimentação do Trabalhador - PAT.

184
• Férias indenizadas, incentivo a demissão e multa de 40% do FGTS
• Vale-transporte, desde que o empregador efetue o desconto legal de 6%
do salário-base do empregado previsto no art. 4º da Lei 7.418/85
• Auxílio-creche
• Prêmios e gratificações de caráter eventual
• Valor de vestuário, equipamentos e outros acessórios utilizados no
trabalho
• Valor relativo à assistência médica e odontológica
• Demais verbas de natureza indenizatória

185
• Reforma trabalhista:

Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os


efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador,
como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber. (Redação
dada pela Lei nº 1.999, de 1.10.1953)

2o As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo,


auxílio-alimentação, vedado seu pagamento em dinheiro, diárias para
viagem, prêmios e abonos não integram a remuneração do empregado, não
se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência
de qualquer encargo trabalhista e previdenciário. (Redação dada
pela Lei nº 13.467, de 2017)

186
5.9. Salário de contribuição e atividades concomitantes (emprego
+ emprego; emprego + prestação de serviço a pessoa jurídica;
prestação de serviços a mais de uma empresa etc): o somatório
não deve ultrapassar o teto. O procedimento para evitar
contribuição aquém ou além da devida consta dos arts. 36 e 39 da
IN RFB nº 2.110, de 17/10/2022 (que substituiu a IN 971/2009 da
RFB)

187
6. Custeio e contribuição previdenciária dos segurados
6.1. Disciplina constitucional:
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos
termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à
pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;
b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro;
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre
aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201;

188
III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.

6.2. Contribuintes:
• Empresas e equiparados (Lei 8.212/91, art. 15 e parágrafo único): firma individual, sociedades,
órgãos da administração púbica, contribuinte individual e a pessoa física proprietária/dona de
obra de construção civil em relação ao segurado que lhe presta serviço, cooperativa,
associação ou entidade de qualquer natureza, missão diplomática ou repartição consular
estrangeira
• Empregador doméstico (Lei 8.212/91, art. 15, II)
• Segurados (Lei 8.212/91, art. 12)
• Importador de bens e serviços e equiparados (Lei 10.865/2004)

189
6.3. Contribuições dos segurados:
 Empregado, trabalhador avulso e empregado doméstico (art. 20 da Lei
8.212/91)
• Responsabilidade pelo recolhimento: empregador (art. 30, I e V e 33, §5º, da Lei
8.212/91: presunção absoluta de recolhimentos)

• Data do recolhimento: a) empregado e avulso: até o dia 20 do mês seguinte ao da


competência (ou dia útil anterior); b) doméstico: até o dia 20 do mês seguinte ao da
competência. Obs: alteração promovida pelo art. 11 da Lei 14.438/2022 (era até o
dia 7)

190
• Faixas do salário de contribuição e alíquotas para 2020 (vigoraram até
fevereiro de 2020): regime anterior à EC 103/2019 (incidência não cumulativa)

Salário de contribuição (R$) Alíquotas


Até 1.830,29 8%
De 1.830,30 até 3.050,52 9%
De 3.050,53 até 6.101,06 11%

• Alíquotas progressivas simples (únicas): forma de tributação


validada pelo STF no tema 833 de repercussão geral.
191
• Faixas do salário de contribuição e alíquotas (progressivos por faixas) para
2023 (na forma do SM fixado pela MP 1.143/2022 / Portaria MPS/MF nº
26/2023 e MP 1.172/2023 / Portaria Interministerial MPS/MF nº 27 de
04/05/2023): regime posterior à EC 103/2019, com vigência a partir de
01/03/2020 (mínima de 7,5% e máxima de 14%):

Faixa do Salário de Contribuição Alíquota


(R$)
De zero até 1.320,00 (01 SM) 7,5%

De 1.320,01 até 2.571,29 9%

De 2.571,30 até 3.856,94 12%

De 3.856,95 até 7.507,49 (teto 14%


RGPS)
192
 NOVAS ALÍQUOTAS CONTRIBUTIVAS DO RGPS
• Exemplo: segurado empregado com remuneração de R$ 7.000,00:
• Valor total da contribuição antes da reforma = R$ 7.000 (SC) x 11% = R$
770,00
• Valor total da contribuição após a reforma (2023) =
 7,5% sobre R$ 1.302,00: R$ 97,65;

9% sobre R$ 1.269,28: R$ 114,23;


12% sobre R$ 1.285,64: R$ 154,27;
 14% sobre R$ 3143,05: R$ 440,02 = R$ 806,17

193
 Contribuinte individual:

(i) Contribuinte individual por conta própria (códigos GPS 1007, 1104, 1163,
1180, 1287, 1228, 1236 e 1252):
• Responsabilidade pelo recolhimento: pessoal do próprio segurado (art. 30, II, da Lei
8.212/91: sem presunção de recolhimentos)

• Data do recolhimento: até o 15 do mês seguinte ao da competência (ou dia útil


imediatamente posterior). Se o SC for de 01 SM, o recolhimento pode ser trimestral;
MEI recolhe até o dia 20.

• Alíquotas:

Plano comum ou convencional: 20% (art. 21 da Lei 8.212/91)

194
 Plano simplificado (1163 e 1180): contribuinte individual que trabalhe por
conta própria, sem relação de trabalho com empresa ou equiparado e que faça
a opção pela exclusão da aposentadoria por tempo de contribuição (§§12 e 13
da CF/1988 e art. 21, §2º, I, da Lei 8.212/91). Alíquota de 11% sobre SC de 01
SM, a partir da competência 04/2007
 Plano super simplificado: microempreendedor individual – MEI, que também
não terá direito à aposentadoria por tempo de contribuição (§§12 e 13 da
CF/1988 e art. 21, §2º, II, ‘a’ da Lei 8.212/91). Alíquota de 5% sobre SC de 01
SM, a partir da competência 09/2011. Recolhimento via DAS/MEI

Obs: (i) se, posteriormente, esses segurados quiserem aposentadoria por tempo
de contribuição ou contagem recíproca devem complementar a contribuição para
atingir a alíquota de 20% (§3º do art. 21 da Lei 8.212/91); (ii) com a extinção da
aposentadoria por tempo de contribuição pela EC 103/2019, a necessidade de
complementação vai ficar restrita às regras de transição dos arts. 15, 16, 17 e 20
da EC 103/2019 e para a contagem recíproca.
195
(ii) Contribuinte individual que presta serviço a pessoa jurídica:
• Responsabilidade pelo recolhimento (a partir de 04/2003): da pessoa jurídica (art. 4º
da Lei 10.666/2003 e art. 33, §5º, da Lei 8.212/91: presunção absoluta). Havendo
necessidade de complementação para atingir SC de 01 SM (art. 5º da Lei 10.666/2003)
a responsabilidade será do próprio segurado

• Não são equiparados a pessoa jurídica (§3º do art. 4º, da Lei 10.666/2003): a)
contribuinte individual equiparado a empresa; b) produtor rural pessoa física; c)
missão diplomática e repartição consular de carreira estrangeiras

• Data do recolhimento: até o 20 do mês seguinte (ou dia útil imediatamente anterior).

• Alíquotas: 11% (art. 21 c/c §4º do art. 30 da Lei 8.212/91). Se prestar serviço a
entidade beneficente de assistência social será de 20% (art. 216, §26, do RPS)
• Se prestar serviços a mais de uma pessoa jurídica, deve ser observado o teto máximo
do SC, utilizando procedimento do art. 216, §§ 28 e 29 do RPS e IN RFB 2.110/2022

196
• Obs: Contribuinte individual sócio-administrador, gerente, cotista
de pessoa jurídica X presunção de recolhimentos: a princípio, a
responsabilidade pelo recolhimento é da empresa (art. 30, I, ‘b’
da Lei 8.212/91 e art. 4º da Lei 10.666/2003)
 TNU: PUIL nº 0023473-93.2018.4.01.3500/GO, julgado em 26/08/2021:
pessoal e direta
“De seu turno, consoante disposto no art. 4º, caput, da Lei nº 10.666/2003, a obrigação
de efetuar o recolhimento previdenciário é da empresa para a qual o contribuinte
individual esteve a serviço, de modo que, a princípio e em certas situações, eventual
extemporaneidade do pagamento não poderia prejudicá-lo, já que este não era ônus a ele
imputável.
Sucede que, nas hipóteses em que contribuinte individual é o sócio-
administrator/gerente/cotista da pessoa jurídica para a qual presta serviços, impõe-
se o reconhecimento de que o segurado é o verdadeiro responsável pelos
recolhimentos previdenciários, de modo que o atraso, nesse caso, é a ele atribuível.

197
Nesse sentido, alinho-me ao entendimento esposado pela Turma Recursal de Santa
Catarina, trazido como paradigma de divergência, para concluir que sendo do próprio
segurado a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições previdenciárias
(diretamente ou na condição de gestor da empresa tomadora de serviços), não há
como afastar a vedação contida no artigo 27, II, da Lei de Benefícios, que impede o
aproveitamento das contribuições recolhidas em atraso para fins de carência do
benefício.”

 Enunciado 5, V, do Conselho de Recursos da Previdência Social – CRPS: pessoal e


direta
O recolhimento em atraso de contribuições previdenciárias devidas pelo contribuinte individual
exige a comprovação do efetivo exercício de atividade remunerada, na forma do art. 55, §3º
da Lei nº 8.213/91.
[...]
V - As contribuições do contribuinte individual empresário não se presumem descontadas e
recolhidas, nos termos do art. 4º da Lei nº 10.666/03, quando exercida atividade na empresa
da qual seja titular, diretor não empregado, membro de conselho de administração, sócio ou
administrador não empregado.
198
 Novidade trazida pelo art. 98 da Portaria DIRBEN/INSS nº 991, de
28/03/2022:
Art. 98. Não será considerado em débito o período sem contribuição a partir de 1º de abril de
2003, por força da Medida Provisória nº 83, de 2002, convertida na Lei nº 10.666, de 2003,
para o contribuinte individual empresário, cooperado e o prestador de serviço, sendo
presumido o recolhimento das contribuições dele descontadas e seu período considerado para
efeito de carência.

• SIMPLES NACIONAL E CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DO EMPRESÁRIO:


Tese TNU: Na forma da Lei Complementar 123/2006, o Simples Nacional não abrange
a contribuição devida pelo empresário sobre o valor de sua remuneração, na
qualidade de segurado obrigatório e contribuinte individual. (PUIL nº 0000410-
82.2019.4.03.6334, julgado em 06/10/2022)

199
 Segurado facultativo:
• Responsabilidade pelo recolhimento: pessoal do próprio segurado (art. 30, II, da Lei
8.212/91: sem presunção de recolhimentos)

• Data do recolhimento: até o 15 do mês seguinte ao da competência (ou dia útil


imediatamente posterior). Se o SC for de 01 SM, o recolhimento pode ser trimestral.

• Alíquotas:

• Plano comum ou convencional (código GPS 1406 e 1457): 20% (art. 21 da Lei
8.212/91)

200
• Plano simplificado (1473 e 1490): segurado facultativo que faça a opção pela
exclusão da aposentadoria por tempo de contribuição (§§12 e 13 da CF/1988 e
art. 21, §2º, I, da Lei 8.212/91). Alíquota de 11% sobre SC de 01 SM, a partir da
competência 04/2007
• Plano super simplificado (1929 e 1937): segurado facultativo sem renda própria
que se dedique exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua
residência, desde que pertencente a família de baixa renda, que também não
terá direito à aposentadoria por tempo de contribuição (§§12 e 13 da CF/1988 e
art. 21, §2º, II, ‘b’ da Lei 8.212/91. Alíquota de 5% sobre SC de 01 SM, a partir
da competência 09/2011
• Obs: (i) se, posteriormente, esses segurados quiserem aposentadoria por tempo
de contribuição ou contagem recíproca devem complementar a contribuição
para atingir a alíquota de 20% (§3º do art. 21 da Lei 8.212/91); (ii) com a
extinção da aposentadoria por tempo de contribuição pela EC 103/2019, a
necessidade de complementação vai ficar restrita às regras de transição dos
arts. 15, 16, 17 e 20 da EC 103/2019 e para a contagem recíproca.
201
 Segurado especial

a) Segurado especial do art. 39, I, da Lei 8.213/91 (sem direito à aposentadoria por
tempo de contribuição ou benefícios superiores ao SM)

• Não recolhe sobre o SC, mas sim sobre a receita bruta proveniente da
comercialização da produção rural (§8º do art. 195 da CF/88 e art. 25 da Lei
8.212/91). Obs: o recolhimento da contribuição não é pressuposto para a concessão
do benefício ou interfere no seu valor

• Responsabilidade pelo recolhimento: da empresa ou cooperativa adquirente da


produção, salvo se comercializar no exterior, diretamente no varejo a consumidor
pessoa física ou outro segurado especial, quando a responsabilidade será pessoal
(art. 30, III, IV e X da Lei 8.212/91)

202
• Data do recolhimento: até o dia 20 do mês seguinte

• Alíquotas: 1,3% (Lei 13.606/2018) + 0,2% para o SENAR

b) Segurado especial do art. 39, II, da Lei 8.213/91 (com direito à aposentadoria por
tempo de contribuição ou benefícios superiores ao SM): recolhe facultativamente,
como se fosse contribuinte individual (art. 25, §1º, da Lei 8.213/91).

203
7. Manutenção, perda e reaquisição da qualidade de segurado
7.1. Importância da manutenção: salvo exceções previstas em lei (art. 3º da Lei
10.666/2003 e § 2º do art. 102 do PBPS), a aquisição/manutenção da qualidade de segurado é
requisito essencial (não único) para fazer jus à cobertura previdenciária (benefícios
e serviços)

7.2. Espécies:

• Ordinária: mantendo o exercício de atividade remunerada e o pagamento das


contribuições previdenciárias (segurados obrigatórios) ou somente o
pagamento de contribuições (segurados facultativos)

• Extraordinária: durante o período de graça, independentemente do pagamento de


contribuições

204
7.3. Período de graça (Lei 8.213/91, art. 15 e §3º): período em que o
segurado mantém essa qualidade e conserva todos os seus direitos perante a
previdência social, independentemente do exercício de atividade
remunerada e/ou do pagamento de contribuições. Obs: não haverá cômputo
de tempo de contribuição e carência
7.4. Hipóteses e prazos (arts. 15 da Lei 8.213/91, 13 do RPS e 183 da IN
128):
Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de
contribuições:
I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício;
I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício, exceto do auxílio-
acidente; (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)

205
II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o
segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela
Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem
remuneração;
III - até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado
acometido de doença de segregação compulsória;
IV - até 12 (doze) meses após o livramento, o segurado retido ou
recluso;
V - até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado incorporado
às Forças Armadas para prestar serviço militar;
VI - até 6 (seis) meses após a cessação das contribuições, o segurado
facultativo.
206
§ 1º O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses
se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais
sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado.

§ 2º Os prazos do inciso II ou do § 1º serão acrescidos de 12 (doze) meses


para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo
registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social.

§ 3º Durante os prazos deste artigo, o segurado conserva todos os seus


direitos perante a Previdência Social.

§ 4º A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do


término do prazo fixado no Plano de Custeio da Seguridade Social para
recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao
do final dos prazos fixados neste artigo e seus parágrafos.
207
 I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício, exceto do auxílio-
acidente; (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) Obs: vigência da Lei 13.846/2019: 18/06/2019
• Direito intertemporal e tempus regit actum referente à alteração da Lei
13.846/2019:
a) aplica-se somente para os auxílios-acidente com fato gerador a partir da vigência da Lei
13.846/2019, ou seja, os benefícios anteriores (DIB até 17/06/2019) continuam a garantir a
manutenção da qualidade de segurado mesmo após a alteração legislativa? Não
b) aplica-se também aos auxílios-acidente concedidos antes da Lei 13.846/2019, com perda
imediata da qualidade de segurado a partir da alteração legislativa? Não
c) aplica-se também aos auxílios-acidente concedidos antes da Lei 13.846/2019 (DIB até
17/06/2019), mas iniciando o prazo do período de graça (12 meses) em 18/06/2019, com
perda da qualidade de segurado somente em 16/08/2020? Sim
Obs: (i) no âmbito administrativo, prevaleceu o entendimento do item “c)”, conforme Portaria
nº 231/DIRBEN/INSS, de 23 de março de 2020 e art. 44, §1º, da Portaria DIRBEN/INSS nº
991/2022; (ii) no âmbito judicial, a TNU considerou ilegal a Portaria do INSS, aplicando o
entendimento do item “b” (PUIL 0503820-95.20204.05.8502/SE, julgado na sessão virtual de
17/06/2022 a 23/06/2022)

208
• Basta fazer jus ao benefício (direito adquirido), não se exigindo concessão
ou mesmo requerimento (casuística e ônus da prova):
Lei 8.213/91
Art. 102. A perda da qualidade de segurado importa em caducidade dos
direitos inerentes a essa qualidade.
§ 1º A perda da qualidade de segurado não prejudica o direito à
aposentadoria para cuja concessão tenham sido preenchidos todos os
requisitos, segundo a legislação em vigor à época em que estes requisitos
foram atendidos.
§ 2º Não será concedida pensão por morte aos dependentes do segurado
que falecer após a perda desta qualidade, nos termos do art. 15 desta Lei,
salvo se preenchidos os requisitos para obtenção da aposentadoria na forma
do parágrafo anterior.

209
IN 128/2022 (e arts. 58 e 63 da Portaria 991/2022):
Art. 186. A perda da qualidade de segurado importa em caducidade dos direitos inerentes a
essa qualidade. [...]
§ 2º A perda da qualidade de segurado não prejudica o direito à pensão por morte para os
dependentes do falecido que tenha preenchido todos os requisitos para uma aposentadoria
antes de seu falecimento. [...]
§ 4º Se o fato gerador ocorrer durante os prazos fixados para a manutenção da qualidade de
segurado e todos os demais requisitos estiverem atendidos, o benefício poderá ser concedido
mesmo que o requerimento tenha sido realizado após a perda da qualidade de segurado.
[...]
Art. 368. Caberá a concessão de pensão aos dependentes mesmo que o óbito tenha
ocorrido após a perda da qualidade de segurado, desde que:
I - o instituidor do benefício tenha implementado todos os requisitos para obtenção de
uma aposentadoria até a data do óbito; ou
II - fique reconhecido o direito, dentro do período de graça, à aposentadoria por
incapacidade permanente, o qual deverá ser verificado pela Perícia Médica Federal, que
confirmem a existência de incapacidade permanente até a data do óbito.
210
Súmula 26 da AGU: Para a concessão de benefício por incapacidade, não será
considerada a perda da qualidade de segurado decorrente da própria moléstia
incapacitante.
Enunciado nº 7 do CRPS: [...] I - Fixada a Data de Início da Incapacidade (DII) antes da
perda da qualidade de segurado, a falta de contribuição posterior não prejudica o seu
direito às prestações previdenciárias. II - Não será considerada a perda da qualidade
de segurado decorrente da própria moléstia incapacitante para a concessão de
prestações previdenciárias
STJ: AgRg no REsp 1245217 / SP, de 2/06/2012 e súmula 416
TNU: Após o período de graça, somente mantém a qualidade de segurado aquele que,
antes de seu término, tornar-se incapaz para o trabalho. (PUIL 0000668-
17.2017.4.01.3813/MG, julgado em 18/08/2022)

211
Importante/novidade:
• esse entendimento se aplica somente ao direito adquirido à aposentadoria por
incapacidade permanente (invalidez) ou também ao auxílio por incapacidade
temporária (auxílio-doença)?

• A ambos, uma vez que a jurisprudência nunca fez essa distinção.


• Registre-se que, por força de decisão proferida na ACP nº 5012756-
22.2015.4.04.7100/RS, de âmbito nacional, o INSS editou a Portaria Conjunta
DIREBEN/PFE/INSS nº 60, de 07/03/2022, e inseriu o §1º no art. 63 da Portaria
991/2022, nos seguintes termos:
§ 1º Por força da decisão judicial proferida na Ação Civil Pública nº 5012756-
22.2015.4.04.7100/RS, de âmbito nacional, para os requerimentos efetuados a partir de 5
de março de 2015, aplica-se o disposto no caput aos casos em que ficar reconhecido o
direito, dentro do período de graça, ao auxílio por incapacidade temporária, o qual será
verificado na mesma forma do inciso II.

212
• Ocorre que o STF, no julgamento do RE 1.404.402/RS, por decisão monocrática do
ministro Edson Fachin, transitada em julgado em 09/05/2023, deu provimento ao
recurso do INSS e julgou improcedente a ACP, com o seguinte fundamento:
“Verifica-se que o Tribunal de origem, ao concluir pela extensão da qualidade de segurado daquele
que ao falecer ou durante o período de graça havia implementado todos os requisitos para a
obtenção do auxílio doença, está em dissonância da jurisprudência desta Corte, que estabelece que
nenhum benefício da seguridade, incluídos os benefícios assistenciais, para a saúde e os
previdenciários, podem ser criados, majorados ou estendidos sem respectiva fonte de custeio total,
por expressa imposição do art. 195, § 5°, da CF.”
• Assim, segundo o decidido no RE, a inclusão do auxílio-doença não concedido/usufruído
(direito adquirido), com DII dentro do período de graça, como hipótese de
extensão/manutenção da qualidade de segurado, implica extensão indevida do direito de
acesso à pensão por morte para os dependentes de quem faleceu após aos prazos do art.
15 da Lei 8.213/91, em violação ao art. 195, §5º, da CF/88. (Obs: ver, nesse sentido, parecer
da PGR acolhido pelo ministro)
• Em 31/05/2023, foi editada a Portaria Conjunta DIRBEN/PFE/INSS nº 79, revogando a
Portaria 60/2022 e o §1º do art. 63 da Portaria 991/2022.
• Obs: contextualização, casuística e reflexos da decisão no cenário jurisprudencial
(comentários)

213
• Revogação/cessação de benefícios concedidos indevidamente nas vias
administrativa e judicial e manutenção da qualidade de segurado:
Administrativa: Tese do tema 245 da TNU: “A invalidação do ato de concessão de benefício
previdenciário não impede a aplicação do art. 15, I da Lei 8.213/91 ao segurado de boa-fé.”

Judicial: PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. PREVIDENCIÁRIO.


BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE. TUTELA DE URGÊNCIA. MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO.
PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO CONHECIDO E DESPROVIDO. 1. O segurado em gozo de benefício
previdenciário por incapacidade laborativa, concedido por meio de tutela de urgência, não está
obrigado a recolher contribuições previdenciárias, uma vez que não consta do rol do artigo 11, da lei
8.213/91 e não se enquadra no disposto no artigo 13, da lei n. 8.213/91. Embora opere efeitos ex tunc,
a revogação da tutela antecipada ou da tutela de urgência não impede a utilização do período de
percepção de benefício previdenciário, concedido por força de tutela provisória, para efeitos de
manutenção da qualidade de segurado. 2. Fixação da tese de que o período de percepção de
benefício previdenciário, concedido por força de tutela provisória, pode ser utilizado para efeitos de
manutenção da qualidade de segurado. 3. incidente de uniformização desprovido.
(50029073520164047215, juiz federal Fabio César dos Santos Oliveira, eproc 13/03/2018.)
Obs: não localizei julgado do STJ

214
 O seguro-desemprego se enquadra no art. 15, I, da Lei 8.213/91: não, em razão das
dúvidas acerca de sua natureza jurídica (previdenciária ou assistencial), por não ser
regulado pela Lei 8.213/91, por ser custeado pelo FAT e por implicar cumulação
indevida com o inciso II do art. 15 da Lei 8.213/91. Nesse sentido a TNU (PEDILEF
000119874.2011.4.01.9360, de 31/05/2013). Não localizei jurisprudência do STJ.

 II - até doze meses após a cessação das contribuições, o segurado


que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela
Previdência Social, que estiver suspenso ou licenciado sem
remuneração;

• Redação do art. 13, II, do RPS: “II - até doze meses após a cessação de
benefício por incapacidade ou das contribuições, observado o disposto nos §
7º e § 8º e no art. 19-E;

215
• Tese do tema 251 da TNU: “O início da contagem do período de graça para o segurado que se
encontra em gozo de auxílio-doença, para fins de aplicação do disposto no artigo 15, inciso II e
parágrafos 1º e 2° da lei nº 8.213/91, é o primeiro dia do mês seguinte à data de cessação do
benefício previdenciário por incapacidade.”
• Interpretar o dispositivo lembrando-se dos segurados que fazem jus à presunção de
recolhimentos (até 12 meses após o término da relação de trabalho)
• Limbo jurídico trabalhista-previdenciário: como é computado o período de graça?: Tema
300 da TNU: “Como é contado o período de graça do art. 15, II, da Lei n.º 8.213/91, quando
o empregador não autoriza o retorno do segurado ao trabalho por considerá-lo
incapacitado, mesmo após a cessação de benefício por incapacidade pelo INSS?
Tese firmada: Quando o empregador não autorizar o retorno do segurado, por
considerá-lo incapacitado, mesmo após a cessação de benefício por incapacidade
pelo INSS, a sua qualidade de segurado se mantém até o encerramento do vínculo
de trabalho, que ocorrerá com a rescisão contratual, quando dará início a contagem
do período de graça do art. 15, II, da Lei n. 8.213/1991. (sessão dia 07/12/2022.
Ainda não transitado em julgado)

216
• Aviso prévio indenizado e termo inicial do período de graça: questão polêmica, em
razão de não se tratar de salário de contribuição. Para a TNU, o termo inicial é o dia
seguinte ao término do período de aviso prévio indenizado, que se integra ao
contrato de trabalho:

Tese do tema 250 da TNU: O período de aviso prévio indenizado é válido para
todos os fins previdenciários, inclusive como tempo de contribuição para
obtenção de aposentadoria. (Sem trânsito em julgado: pendente PUIL STJ
2391/DF e RE)

• Tempo em RPPS: aplicam-se as regras do período de graça do RGPS ao


segurado que migrou do RPPS e se filiou ao RGPS, considerando o período
contributivo do RPPS (§6º do art. 184 da IN 128/2022).

217
• Prorrogação do período de graça:
(i) § 1º O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o
segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem
interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado. (12 + 12 = 24)
• As 121 contribuições ou mais não precisam ser consecutivas, no entanto, não pode
haver perda da qualidade de segurado entre elas, o que impede o somatório (PUIL
0002594-12.2017.4.03.6324, TNU, julgado em 11/02/2022).
• Período de percepção de benefício por incapacidade: não pode ser considerado
em razão da ausência de contribuição.
• Segurado especial: a TNU tem posicionamento favorável. Tese: “Uma vez satisfeitas
as condições do art. 15 da Lei n.º 8.213/91, o segurado especial pode ter o seu
"período de graça" prorrogado por até 36 meses” (PUIL nº 0503487-
95.2019.4.05.8303/PE, julgado em 27/05/2021). OBS: Existe divergência com o
tema 642 do STJ?

218
• Utilização única (uma única vez) ou sucessiva (incorporação ao
patrimônio jurídico do segurado):
INSS: única. Art. 184, §4º, da IN 128/2022: § 4º O prazo do inciso II do caput será acrescido de 12
(doze) meses se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem
interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado, observando que, na hipótese desta
ocorrência, a prorrogação somente será devida em outra oportunidade quando o segurado completar
120 (cento e vinte) novas contribuições mensais sem perda da qualidade de segurado.

TNU: sucessiva. Tese do tema 255: “O pagamento de mais de 120 (cento e vinte)
contribuições mensais, sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado,
garante o direito à prorrogação do período de graça, previsto no parágrafo 1º, do art. 15 da
Lei 8.213/91, mesmo nas filiações posteriores àquela na qual a exigência foi preenchida,
independentemente do número de vezes em que foi exercido.” (transitado em julgado / PUIL
1973 não conhecido pelo STJ)
STJ: única. A 2ª Turma vem se manifestando pela utilização única (REsp 1517010/SP, Rel.
Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Rel. p/ acórdão Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, 2ª T,
julgado em 16/10/2018, DJe 19/12/2018 e AgInt no AREsp n. 1.687.013/SE, relator Ministro
Og Fernandes, Segunda Turma, julgado em 30/5/2022, DJe de 3/6/2022.)

219
PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. POSSIBILIDADE DE
PRORROGAÇÃO DO PERÍODO DE GRAÇA. ART. 15, § 1º, DA LEI N. 8.213/1991. VIABILIDADE.
INCORPORAÇÃO AO PATRIMÔNIO JURÍDICO DO SEGURADO. PODE SER USADA A QUALQUER
TEMPO, POR UMA SÓ VEZ, E DESDE QUE NÃO PERDIDA A QUALIDADE DE SEGURADO.
1. A norma do art. 15 da Lei n. 8.213/1991 é cogente de que somente será perdida a condição
de segurado depois de exauridas todas as possibilidades de manutenção da qualidade de
segurado nela previstas.
2. Contudo, se o segurado já havia adquirido o direito à prorrogação do período de graça, na
forma do § 1º do art. 15 da Lei n. 8.213/1991, e se, posteriormente, após utilizadas e
exauridas as três modalidades de prorrogação do período de graça, ainda assim, perdeu a
qualidade de segurado, é possível concluir que o benefício de prorrogação do período de
graça já foi usufruído, não sendo possível utilizá-lo novamente, no futuro.
3. Essa regra somente se excepciona se o direito for readquirido, mediante o pagamento de
mais de 120 (cento e vinte) novas contribuições, sem perda da qualidade de segurado, o que
não ocorreu.
4. Agravo interno a que se nega provimento. (AgInt no AREsp n. 1.687.013/SE, relator Ministro
Og Fernandes, Segunda Turma, julgado em 30/5/2022, DJe de 3/6/2022.)

220
(ii) § 2º Os prazos do inciso II ou do § 1º serão acrescidos de 12 (doze) meses para o
segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no
órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social. (12 + 12 = 24 ou 12 +
12 + 12 = 36)

Segurados beneficiados: empregado, avulso, empregado


doméstico e contribuinte individual (§10 do art. 184 da IN
128/2022)
Tese do tema 239 da TNU: “A prorrogação da qualidade de segurado
por desemprego involuntário, nos moldes do §2º do art. 15 da Lei
8.213/91, se estende ao segurado contribuinte individual se
comprovada a cessação da atividade econômica por ele exercida por
causa involuntária, além da ausência de atividade posterior.”

221
• Segurado especial: a TNU tem posicionamento favorável. Tese: “Uma vez satisfeitas as
condições do art. 15 da Lei n.º 8.213/91, o segurado especial pode ter o seu "período de
graça" prorrogado por até 36 meses”. PUIL nº 0503487-95.2019.4.05.8303/PE, JULGADO
EM 27/05/2021. OBS: Existe divergência com o tema 642 do STJ?
• STJ e TNU entendem que a prorrogação do período de graça na forma do §2º do
art. 15 da Lei 8.213/91 somente se aplica à hipótese de desemprego (ou ausência
de trabalho) involuntário (STJ: Resp 1367113, 1ª Turma, Dje 08/08/2018; TNU:
PEDILEF 200972550043947, DOU 06/07/2012). Assim, desemprego decorrente de
pedido de demissão não autoriza a prorrogação.
• Obs: na via administrativa não consta essa exigência, não havendo diferenciação
entre desemprego voluntário e involuntário (art. 184, §§ 5º e 8º da IN 128/2022
arts. 54 a 56 da Portaria 991/2022)
O exercício habitual de atividade ilícita pode descaracterizar o desemprego involuntário e
inviabilizar a prorrogação do período de graça com fundamento no art. 15, § 2º, da Lei n.º
8.213/1991. (TNU: PUIL nº 0510335-13.2019.4.05.8202, julgado em 07/04/2022)
• Prova do desemprego:
(i) Registro no órgão do MTE não é o único meio de prova;
222
(ii) Via administrativa: a revogada IN 77/2015 (art. 137, §4º) e a IN 128/2022 (§5º do art. 184)
admitem, além do registro no MTE: comprovação de recebimento de seguro-desemprego ou inscrição
no SINE (entidade responsável pela política de emprego nos Estados da Federação), efetuados dentro
do período de manutenção da qualidade de segurado do último vínculo de trabalho

(iii) Via judicial: a situação de desemprego (ou de ausência de trabalho) involuntário pode
ser comprovada por todos os meios de prova existentes em direito (testemunhal, por
exemplo), e não apenas pelo registro do desemprego no órgão do Ministério do Trabalho. No
entanto, mera ausência de registro em CTPS/CNIS/TRCT não é suficiente:

• TNU: "a prorrogação do período de graça prevista no §2º do art. 15 da Lei 8.213/91
somente se aplica às hipóteses de desemprego involuntário, o qual não se comprova
pela simples ausência de anotação em CTPS, registros no CNIS ou exibição de termo
de rescisão de contrato de trabalho, devendo ser oportunizada a dilação probatória
para afastar o exercício de atividade remunerada na informalidade (PUIL 0008710-
71.2011.4.03.6315/SP, julgado em 20/10/2016).

223
• STJ:
“a ausência de anotação laboral na CTPS, CNIS ou exibição de TRCT não são suficientes para comprovar
a situação de desemprego involuntário” (STJ na PET. 7.115/PR, 3ª Seção, julgada em 10/03/2010)

PREVIDENCIÁRIO. QUALIDADE DE SEGURADO. PRORROGAÇÃO DO PERÍODO DE GRAÇA. AUSÊNCIA DE


COMPROVAÇÃO DE DESEMPREGO PERANTE O ÓRGÃO DO MINISTÉRIO DE TRABALHO OU DA
PREVIDÊNCIA SOCIAL. INSUFICIÊNCIA DE ELEMENTOS PROBATÓRIOS. COMPROVAÇÃO DO
DESEMPREGO POR OUTROS MEIOS DE PROVA. POSSIBILIDADE. RETORNO DOS AUTOS À ORIGEM.
1. No caso concreto, no que diz respeito à demonstração da qualidade de segurado do recorrente, a
Corte de origem, ao se embasar unicamente na ausência de comprovação do desemprego perante o
órgão do Ministério de Trabalho ou da Previdência Social, destoou da jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça, razão pela qual merece prosperar a irresignação.
2. Com efeito, segundo entendimento da Terceira Seção do STJ, a ausência de registro perante o
Ministério do Trabalho e da Previdência Social poderá ser suprida quando for comprovada a situação
de desemprego por outras provas constantes dos autos, inclusive a testemunhal. (AgRg na Pet
8.694/PR, Rel. Ministro Jorge Mussi, Terceira Seção, julgado em 26.9.2012, DJe 9.10.2012).
3. Recurso Especial provido, determinando o retorno dos autos à origem para que oportunize ao
recorrente a produção de provas e, então, julgue a causa como entender de direito. (REsp n.
1.668.380/SP, relator Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 13/6/2017, DJe de
20/6/2017.)

224
• Obs: a TNU vem entendendo que o desempenho de atividades esporádicas,
conhecidas como “bicos”, de baixa expressão econômica, não impede a prorrogação da
qualidade de segurado pelo desemprego involuntário, uma vez que a situação não se
equipara ao desempenho de atividade habitual e regular na informalidade, como
suscitou o STJ na PET 7.115 (ver PUIL 0028855-13.2017.4.01.3400, julgado em
06/10/2022).
• importante:
(i) trazer o tema como causa de pedir na inicial (para todos os intervalos
superiores a 13,5 meses sem contribuições, se for o caso);
(ii) produzir prova idônea de desemprego involuntário (prova de que não
exerceu atividade remunerada na informalidade, de que procurou
emprego, de que foi recusado em processos admissionais, de que o
negócio faliu e não conseguiu se reinserir no comércio etc);
(iii) ter cuidado com a alegação de desemprego baseada em incapacidade, que,
em regra, não é adequada e de fácil comprovação.
225
 III - até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado acometido de doença
de segregação compulsória;

 IV - até 12 (doze) meses após o livramento, o segurado retido ou recluso;

• deve possuir qualidade de segurado quando da prisão

• fuga: é ou não hipótese de livramento do inciso IV?

art. 117, §2º, do RPS: No caso de fuga, o benefício será suspenso e, se houver recaptura, do
segurado, será restabelecido a contar da data em que esta ocorrer, desde que ainda seja
mantida a qualidade de segurado.

Art. 187 da IN 128/2022: Art. 187. No caso de fuga do recolhido à prisão, será descontado do
prazo de manutenção da qualidade de segurado, a partir da data da fuga, o período de graça
já usufruído antes da reclusão.

226
Art. 48 da Portaria DIRBN/INSS Nº 991, de 28 de março de 2022: Art. 48. No caso de fuga do
segurado recluso, será descontado do prazo de manutenção da qualidade de segurado a que
tinha direito antes da reclusão, o período já usufruído anteriormente à prisão, e todo o período
que durar a fuga.
TNU: não.
PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. MANUTENÇÃO
DA QUALIDADE DE SEGURADO. PRESO FORAGIDO. DEFINIÇÃO DO SENTIDO DO TERMO
“LIVRAMENTO”, PRESENTE NA REGRA DO ART. 15, IV, DA LEI N.º 8.213/91. TERMO VAGO.
DEFINIÇÃO DE TESE JURÍDICA. DECISÃO JUDICIAL CONSTRUÍDA A PARTIR DA CONSIDERAÇÃO
DE PRINCÍPIO JURÍDICO-POLÍTICO. ESTADO DE DIREITO. RESPEITO À LEI E À
ORDEM. INCIDENTE CONHECIDO E PROVIDO. [...] TESE: “tratando-se de preso foragido, não se
aplica a regra de manutenção da qualidade de segurado por 12 meses a partir do livramento,
nos termos do art. 15, IV, da Lei n.º 8213/91”. (PUIL 0067318-03.2008.4.01.3800/MG, julgado
em 18/09/2019)
Solução: após a fuga, o fugitivo mantém a qualidade de segurado pelo prazo restante do
período de graça que estava gozando antes de ser preso (que foi suspenso com a prisão),
podendo o auxílio-reclusão ser restabelecido se for recapturado enquanto mantida a
qualidade de segurado

227
• Nesse sentido a TRU da 4ª Região:
• Tese firmada: A fuga é causa de cessação do auxílio-reclusão e, sendo
recapturado o segurado, a concessão de novo benefício depende do
preenchimento dos requisitos legais conforme a lei vigente na data da
nova prisão (PUIL 5000624063.2021.4.04.7118/RS, julgado em
28/04/2023)
• Tese firmada: Em caso de fuga, o prazo do chamado período de graça
é contado a partir da cessação das contribuições, ficando suspenso
durante o período de recolhimento à prisão (PUIL 5000468-
02.2021.4.04.7100/RS, julgado em 28/04/2023).

228
 V - até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado incorporado às Forças Armadas para
prestar serviço militar;
• Quais os reflexos do serviço militar no contrato de trabalho em curso? Suspensão (se
necessário/incompatível), com direito ao retorno (ver art. 60 da Lei 4.375/64, art. 472 da CLT e art. 49,
parágrafo único, da Portaria DIRBEN 991/2022)
• Durante o serviço militar ele mantém a qualidade de segurado que tinha anteriormente? Sim
• A prestação do serviço militar gera, por si só, sem filiação anterior, qualidade de segurado e período de
graça junto ao RGPS?

 VI - até 6 (seis) meses após a cessação das contribuições, o segurado facultativo.


• Regras de contagem mais favoráveis ao segurado facultativo (12 meses ao invés de 6): art. 137, §§
6º e 7º da IN 77/2015:
§7º O segurado facultativo, após a cessação de benefícios por incapacidade e salário-maternidade, manterá a
qualidade de segurado pelo prazo de doze meses. (OBS: regra não reproduzida na IN 128/2015. No entanto, no
caso de cessação de benefício foi incapacidade, a prazo de 12 meses continua previsto no art. 71 da Portaria
DIRBEN/INSS Nº 991/2022)
§ 8º O segurado obrigatório que, durante o gozo de período de graça [12 (doze), 24 (vinte e quatro) ou 36 (trinta e
seis) meses, conforme o caso], se filiar ao RGPS na categoria de facultativo, ao deixar de contribuir nesta última,
terá direito de usufruir o período de graça de sua condição anterior, se mais vantajoso. (OBS: regra mantida na IN
128/2015: art. 184, §7º)
229
7.5. Perda da qualidade de segurado (Lei 8.213/91, art. 102)
 Consequência: caducidade (perda) do direito a toda e qualquer cobertura
previdenciária para o segurado e seus dependentes, salvo as hipóteses expressamente
previstas em lei
 Exceções:
• aposentadorias por tempo de contribuição, especial e por idade (Lei 8.213/91, art.
102, §1º e Lei 10.666/03, art. 3º) e paras as novas aposentadorias programadas da
EC 103/2019
• pensão por morte nas hipóteses em que o óbito ocorreu quando já havia direito
adquirido a benefício de aposentadoria (Lei 8.213/91, art. 102, §2º e sumula 416 do
STJ);
• Direito a benefício por incapacidade dentro do período da qualidade de segurado,
ainda que não requerido ou deferido: não perde a qualidade de segurado aquele
que deixa de trabalhar/contribuir em razão de incapacidade (direito adquirido:
analogia com os arts. 15, I e 102, §1º, da Lei 8.213/91). Obs: matéria já estudada
anteriormente.
230
7.6. Termo inicial da perda (Lei 8.213/91, art. 15, §4º): “A perda da
qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do término do prazo
fixado no Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da
contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao do final dos
prazos fixados neste artigo e seus parágrafos”
• Art. 14 do RPS. O reconhecimento da perda da qualidade de segurado no termo
final dos prazos fixados no art. 13 ocorrerá no dia seguinte ao do vencimento da
contribuição do contribuinte individual relativa ao mês imediatamente posterior ao
término daqueles prazos. Obs: o vencimento do CI é dia 15 (unificação para todos os
segurados). E para os segurados que recolhem no dia 20?

231
Exemplo para período de graça de segurado empregado (12 meses)

Término do vínculo de trabalho 10/07/2018

Período de graça: projeção de 12 meses (art. 10/07/2019


15, II)
Mês imediatamente posterior ao término do 08/2019
período de graça
Último dia para recolhimento da 15/09/2019
contribuição
Perda da qualidade de segurado (dia 16/09/2019 (16º dia do 14º
seguinte) mês)
232
Exemplo para período de graça de CI (24 meses: 120
contribuições)
Última contribuição 08/2015

Período de graça: projeção de 12 meses (art. 15, II) 08/2016

Prorrogação: projeção de 12 meses (art. 15, §1º) 08/2017

Mês imediatamente posterior ao término do período de 09/2017


graça prorrogado

Último dia para recolhimento da contribuição 15/10/2017

Perda da qualidade de segurado (dia seguinte) 16/10/2017 (16º dia do


26º mês)
233
Exemplo para período de graça após término de benefício
por incapacidade (12 meses)
Último dia do auxílio-doença (DCB) 13/11/2017
Período de graça: projeção de 12 meses (art. 15, II) 13/11/2018

Mês imediatamente posterior ao término do período 12/2018


de graça

Último dia para recolhimento da contribuição 15/01/2019

Perda da qualidade de segurado (dia seguinte) 16/01/2019 (16º dia do 14º


mês)

234
7.7. Reaquisição: voltar a exercer atividade remunerada e contribuir
(segurado obrigatório) ou somente contribuir (segurado facultativo)

7.8. Manutenção da qualidade de segurado e recolhimento de


contribuições em atraso: sim. As contribuições recolhidas
(integralmente) em atraso (CI e facultativo), mesmo após a perda da
qualidade de segurado (salvo para o facultativo), poderão ser
computadas para efeito de manutenção da qualidade de segurado,
desde que o recolhimento seja anterior ao fato gerador do benefício
(art. 185 da IN 128/2022). Obs: para o INSS, os recolhimentos efetuados
a título de complementação não devem ser considerados para fins do
reconhecimento do atraso nas contribuições (§4º do art. 185 da IN
128/2022)
235
8. Dependentes
8.1. Conceito: pessoas físicas previstas em lei que dependem economicamente do
segurado, fazendo jus, para a garantia de sua manutenção, a prestações
previdenciárias específicas
8.2. Características da proteção previdenciária: a) indireta; b) surgimento com os
eventos óbito e prisão; c) limitada a benefícios específicos; d) ausência de
cobertura simultânea; e) inscrição contemporânea ao pedido de benefício
(exceção: dependente inválido/deficiente: EC 103/2019, art. 23); f) taxatividade do
rol (avós, netos, padrastro/madastra etc)

8.3. Rol de dependentes (art. 16 da Lei 8.213/91):

Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de


dependentes do segurado:

236
I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21
(vinte e um) anos ou inválido; (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)
I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21
(vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou
relativamente incapaz, assim declarado judicialmente; (Redação dada pela Lei nº 12.470, de 2011)
Vigência: óbitos ocorridos entre 01/09/2011 a 02/01/2016

I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer


condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual
ou mental ou deficiência grave; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) Vigência:
óbitos ocorridos a partir de 03/01/2016

II - os pais;
III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido; (Redação
dada pela Lei nº 9.032, de 1995)
III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência
intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente; (Redação
dada pela Lei nº 12.470, de 2011)
237
III - o irmão de qualquer condição menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual
ou mental ou deficiência grave, nos termos do regulamento; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de
2015) (Vigência)

III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido
ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave; (Redação dada pela Lei nº
13.146, de 2015) Vigência: óbitos ocorridos a partir de 03/01/2016

IV - a pessoa designada, menor de 21 (vinte e um) anos ou maior de 60(sessenta) anos ou


inválida. (Revogada pela Lei nº 9.032, de 1995)

§ 1º A existência de dependente de qualquer das classes deste artigo exclui do direito às prestações
os das classes seguintes.
§ 2º Equiparam-se a filho, nas condições do inciso I, mediante declaração do segurado: o enteado;
o menor que, por determinação judicial, esteja sob a sua guarda; e o menor que esteja sob sua
tutela e não possua condições suficientes para o próprio sustento e educação.

§ 2º O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do segurado e desde


que comprovada a dependência econômica na forma estabelecida no
Regulamento. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997)

238
§ 3º Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, mantém
união estável com o segurado ou com a segurada, de acordo com o § 3º do art. 226 da
Constituição Federal.

§ 4º A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a das


demais deve ser comprovada

§ 5º A prova de união estável e de dependência econômica exigem início de prova material


contemporânea dos fatos, não admitida a prova exclusivamente testemunhal, exceto na ocorrência
de motivo de força maior e ou caso fortuito, conforme disposto no Regulamento. (Incluído pela
Medida Provisória nº 871, de 2019) Vigência: a partir de 18/01/2019

§ 5º As provas de união estável e de dependência econômica exigem início de prova


material contemporânea dos fatos, produzido em período não superior a 24 (vinte e
quatro) meses anterior à data do óbito ou do recolhimento à prisão do segurado, não
admitida a prova exclusivamente testemunhal, exceto na ocorrência de motivo de força
maior ou caso fortuito, conforme disposto no regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
Vigência: a partir de 18/06/2019

239
§ 6º Na hipótese da alínea c do inciso V do § 2º do art. 77 desta Lei, a par da exigência do
§ 5º deste artigo, deverá ser apresentado, ainda, início de prova material que comprove
união estável por pelo menos 2 (dois) anos antes do óbito do segurado. (Incluído pela Lei
nº 13.846, de 2019) Vigência: a partir de 18/06/2019

§ 7º Será excluído definitivamente da condição de dependente quem tiver sido


condenado criminalmente por sentença com trânsito em julgado, como autor, coautor ou
partícipe de homicídio doloso, ou de tentativa desse crime, cometido contra a pessoa do
segurado, ressalvados os absolutamente incapazes e os inimputáveis. (Incluído
pela Lei nº 13.846, de 2019)

240
8.4. Natureza da dependência (Lei 8.213/91, art. 16, §4º)

 presumida: 1ª classe (salvo para os equiparados)


• O entendimento é de que se trata de presunção absoluta, inclusive no âmbito do
INSS
• Tese do tema 226 da TNU: ”A dependência econômica do cônjuge ou do
companheiro relacionados no inciso I do art. 16 da Lei 8.213/91, em atenção
à presunção disposta no §4º do mesmo dispositivo legal, é absoluta”.

 a ser comprovada: 2ª e 3ª classes

 Caracterização da relação de dependência:

• não existe um conceito legal do que seja dependência previdenciária, devendo a


análise ser feita a partir do caso concreto. Importância da prova produzida!
241
• Requisitos mínimos: o auxílio econômico deve ser substancial, permanente e
necessário, cuja falta acarretaria o desequilíbrio dos meios de subsistência do
dependente (enunciado n. 4 do CRPS)

• Balizas importantes: (i) ausência de renda por parte dos genitores/irmãos ou, no
mínimo, um desnível acentuado a justificar a dependência; (ii) caráter duradouro da
renda percebida pelo instituidor (Obs: o caso de óbito de filhos muito jovens)

• Incremento do bem-estar ou mero auxílio financeiro de filho no custeio das


despesas domésticas não geram, por si só, dependência previdenciária (Tese do
tema 147 da TNU)

• Não precisa ser exclusiva, integral ou total, podendo ser parcial (Súmula 229 do
extinto TFR e IN 128, §2º do art. 178). Exs: (i) uma mãe pode ter renda própria e
ainda depender de um filho; (ii) um pai pode depender de 02 filhos.
242
Tese do tema 147 da TNU: A dependência econômica dos genitores em relação aos filhos não
necessita ser exclusiva, porém a contribuição financeira destes deve ser substancial o bastante
para a subsistência do núcleo familiar, e devidamente comprovada, não sendo mero auxílio
financeiro o suficiente para caracterizar tal dependência

 Regime probatório:
• Importante: a partir da MP 871/2019 (óbitos/prisões a partir de 18/01/2019) e da Lei
13.846/2019 (óbitos/prisões a partir de 18/06/2019), a prova da dependência
econômica (e da união estável) exige início de prova material contemporânea ao
evento previdenciário (morte ou prisão). Obs: mais um caso de tarifação de provas na
esfera previdenciária. Obs: o INSS adota o fato gerador (óbito ou prisão) para fins
termo inicial de aplicação da nova regra probatória (art. 8º, §3º, da Portaria 991/2022)

• Até então, admitia-se prova exclusivamente testemunhal (STJ e súmula 63 da


TNU). O RPS (art. 22) traz rol exemplificativo de documentos no art. 22 (exige,
no mínimo, 02 documentos).
243
Resumo:
• Óbito/prisão até 17/01/2109: comprovação por qualquer meio de prova,
inclusive exclusivamente testemunhal
• Óbito/prisão entre 18/01/2019 até 17/06/2019 (período de vigência da
MP 871/2019): a comprovação exige início de prova material
contemporânea dos fatos (sem fixar marco temporal específico para o
documento), não admitida prova exclusivamente testemunhal, salvo
motivo de força maior/caso fortuito
• Óbito/prisão a partir de 18/06/2019 (vigência da Lei 13.846/2019): a
comprovação exige início de prova material contemporânea dos fatos,
produzido em período não superior a 24 meses do evento
previdenciário (óbito ou prisão), não admitida prova exclusivamente
testemunhal, salvo motivo de força maior/caso fortuito.

244
 (In)constitucionalidade da exigência e da limitação temporal:
• Formal: violação do art. 62, §1º, I, ‘b’, que impede a edição de MP para tratar de
matéria processual, no caso, regime de provas. Obs: alegação afastada pelo STF,
que entendeu que “as normas estão inseridas no contexto dos procedimentos
administrativos relacionados à concessão de benefícios previdenciários, de maneira
que possuem primordialmente natureza de direito administrativo e previdenciário.
Portanto, não causam interferência no direito das provas regulado pelo Código
Civil e pelo Código de Processo Civil. O fato do magistrado apreciar os dispositivo
para o exercício da atividade decisória não transforma a sua natureza” (ADI 6096,
Relator(a): EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 13/10/2020, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-280 DIVULG 25-11-2020 PUBLIC 26-11-2020)
• Material: proporcionalidade, razoabilidade, devido processo legal, inafastabilidade
da jurisdição, persuasão racional e livre convencimento motivo, liberdade
probatória etc. Obs: o STF, por diversas vezes, reconheceu a constitucionalidade da
exigência de início de prova material para tempo de contribuição, prevista no art.
55, §3º, da Lei 8.213/91 (ver, por exemplo, RE 226772, 2ª T, DJU 27/04/2001 e a
ADI 2.555, Tribunal Pleno, DJ 02/05/2003)

245
8.5. Cônjuge:
 a sociedade conjugal deve perdurar até o óbito, sob pena de ter que se habilitar como
ex-cônjuge, com a exigência de comprovação de dependência econômica na forma
abaixo. Obs: a importância da escolha (causa de pedir) na via judicial, em especial à luz
da súmula 336 do STJ

 Dissolução do casamento (separação judicial ou de fato e divórcio): mantém a


qualidade de dependente, na mesma classe, desde que receba pensão de alimentos
ou ajuda financeira substancial e permanente sob qualquer forma (Obs: interpretação
administrativa mais favorável). Perde a presunção de dependência. (Lei 8.213/91, art.
76, §§1º e 2º e IN 77/2015 [art. 371, §1º] e art. 181, §2º, da IN 128).

• Obs: muitos casos de fraude (a exigência de declaração de inexistência de


separação de fato, instituída pelo §4º do art. 178 da IN 128/2022, foi revogada pela
IN 141 de 06/12/2022)

246
 Súmula 336 do STJ: “A mulher que renunciou aos alimentos na separação
judicial tem direito à pensão previdenciária por morte do ex-marido,
comprovada a necessidade superveniente”. Obs: Superveniente à renúncia e não
ao óbito do instituidor.
• Obs: a dependência econômica superveniente está comprovada pela mera
necessidade ou se exige a prestação de auxílio financeiro efetivo?
• Melhor interpretação: A pessoa que não exerceu o direito à prestação
alimentícia na separação judicial, no divórcio, na dissolução de união estável
ou de relação homoafetiva terá direito à pensão por morte em decorrência
do falecimento do respectivo segurado, desde que demonstrada a
necessidade econômica superveniente, até a data do óbito do instituidor,
através do recebimento de pensão alimentícia ou efetiva ajuda econômica
substancial e permanente sob qualquer forma. (Frederico Amado, Curso de
Direito e Processo Previdenciário)

247
PENSÃO POR MORTE. EX-ESPOSA. PRESTAÇÕES MENSAIS E REGULARES
RECEBIDAS DO SEGURADO EM VIDA. COMPROVAÇÃO DA DEPENDÊNCIA
ECONÔMICA. DIREITO AO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.
1. Nos termos do enunciado 336 da Súmula/STJ, "a mulher que renunciou
aos alimentos na separação judicial tem direito à pensão previdenciária por
morte do ex-marido, comprovada a necessidade econômica superveniente".
2. No acórdão recorrido, expressamente se consignou que a autora recebia
depósitos mensais efetuados pelo ex-marido. A despeito da informalidade
da prestação, esse fato comprova a sua dependência econômica.
Recurso especial conhecido em parte e provido. (REsp n. 1.505.261/MG,
relator Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 1/9/2015,
DJe de 15/9/2015.)

248
 Cônjuges masculinos para óbitos ocorridos antes da vigência da Lei 8.213/91:
• No regime anterior à Lei 8.213/91 (art. 11, I, da Lei 8.807/60 e art. 12, I, do Decreto
83.080/79), o cônjuge masculino somente era dependente se fosse inválido. Assim,
somente para óbitos a partir da vigência da Lei 8.231/91 o cônjuge masculino não inválido
passou a ser dependente
• A jurisprudência do STF, primeiro, pacificou no sentido de que essa diferenciação acabou
com a CF/88 de 1988, em razão do princípio da isonomia, traduzido no art. 5º e no art. 201,
V (RE 607.970, Dje. 29/07/2011)
• Agora, também vem dizendo que esse regime isonômico alcança óbitos anteriores à CF/88
(RE 880521, Dje. 28/03/2016).

• A TNU se alinhou ao STF: Tese do tema 204: É possível a concessão de pensão por
morte ao marido não inválido ainda que o óbito da instituidora tenha ocorrido
anteriormente ao advento da Constituição Federal de 1988.
• Certamente, ainda existem diversos potenciais interessados nessa tese
249
 Duração da pensão (art. 77, §2º, da Lei 8.213/91, na redação da MP 664/2014 e Lei
13.135/2015): o tempo de casamento/união estável e a idade do dependente na data
do óbito do segurado passaram a interferir na duração do benefício de pensão por
morte (04 meses, 03, 06, 10, 15 e 20 anos ou vitalícia). Óbitos a partir de 14/01/2015.

8.6. Companheiro(a), inclusive o homoafetivo: pessoa que, não sendo casada ou que
esteja separada de fato (arts. 1.723, §1º, do CC e 16, §6º do RPS), mantém união estável
(convivência pública, contínua e duradoura, com o objetivo de constituir família) com o
segurado ou com a segurada, de acordo com o §3º do art. 226 da CF (Lei 8.213/91, art. 16,
§3º)

 a sociedade conjugal deve perdurar até o óbito, sob pena de ter que se habilitar como
ex-companheiro(a), com a exigência de comprovação de dependência econômica
(mesma situação do cônjuge)

250
 Uniões paralelas, simultâneas ou adúlteras em relação ao casamento ou à união
estável:
• Amante: não
• Concubinato (Art. 1.727 do CC: “As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de
casar, constituem concubinato”): não, conforme jurisprudência do STF, STJ e TNU
• Concubinato de longa duração: a) relacionamento contínuo, estável e de longa duração; b)
aparência familiar; c) comprovação de dependência econômica: não, conforme STF:
 Tese do tema 526 do STF: “É incompatível com a Constituição Federal o reconhecimento de
direitos previdenciários (pensão por morte) à pessoa que manteve, durante longo período e
com aparência familiar, união com outra casada, porquanto o concubinato não se equipara,
para fins de proteção estatal, às uniões afetivas resultantes do casamento e da união
estável.” (RE 883168, julgado em 03/08/2021)
 Tese do tema 529 do STF: “A preexistência de casamento ou de união estável de um dos
conviventes, ressalvada a exceção do artigo 1.723, § 1º, do Código Civil, impede o
reconhecimento de novo vínculo referente ao mesmo período, inclusive para fins
previdenciários, em virtude da consagração do dever de fidelidade e da monogamia
pelo ordenamento jurídico-constitucional brasileiro.” (trânsito em julgado em
29/05/2021)

251
 Duração da pensão (art. 77, §2º, da Lei 8.213/91, na redação da MP 664/2014 e Lei
13.135/2015): situação idêntica à dos cônjuges

 Prova da união estável:


• (i) a sentença cível (juízo de família), por si só, não é suficiente na esfera previdenciária, em
especial no âmbito judicial. O INSS aceita, com ressalvas, como um dos dois documentos
passiveis de comprovação da união estável (ver arts. 8º, XVII, §6º e 9º, §§ 1º a 3º da
Portaria 991/2022);
• (ii) a partir da MP 871/2019 (óbitos/prisões a partir de 18/01/2019) e da Lei 13.846/2019
(óbitos/prisões a partir de 18/06/2019), a prova da união estável (e da dependência
econômica) exige início de prova material contemporânea ao evento previdenciário (morte
ou prisão). Obs: aplicam-se as mesmas regras já estudadas para a prova da dependência
econômica;
• (iii) (In)constitucionalidade e casos difíceis: a) certidões de nascimento de filhos superiores
a 02 anos; b) escritura pública da união estável superior a 02 anos...

252
8.7. Filhos:

 Limite: 21 anos, sem possibilidade de prorrogação (jurisprudência pacífica: tese do tema 643
STJ)

 Emancipação: CC, art. 5º, menores entre 16 e 18 anos.


• Aplica-se, também, aos filhos entre 18 e 21 anos (chamada de emancipação
previdenciária: art. 131, §2º, da IN 77/2015 e §3º do art. 181 da IN 128/2022
• Para o INSS a união estável e a colação de grau em curso superior não geram
emancipação (art. 128, parágrafo único da IN 77/2015 / IN 128, §3º do art. 181)
• Estabelecimento civil ou comercial ou relação de emprego (economia própria): para o
INSS não emancipa (§9º do art. 181 da IN 128/2022)
• OBS: é causa de exclusão do rol de dependentes mas não de cancelamento da pensão já
concedida (§2º do art. 77 da Lei 8.213/91)

253
 Filho inválido ou com deficiência mental, intelectual ou grave:
 Inválido: pessoa com incapacidade total e permanente para o trabalho.
 A incapacidade parcial e permanente caracteriza invalidez? A TNU tem julgado acolhendo
a posição, desde que demonstrada a invalidez em sentido amplo (na forma da súmula 47 da
TNU): Tese firmada: “A existência de uma incapacidade laborativa definitiva e parcial impõe a
necessidade de se analisar as condições socioeconômicas do requerente para fins de avaliação
quanto ao direito ao benefício de pensão por morte na condição de filho maior de idade inválido
do segurado falecido.”(PUIL n. 0002022-30.2014.4.03.6302/SP, julgado em 28/04/2021)
 Pessoa com deficiência (deficiente): “Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem
impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação
com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de
condições com as demais pessoas (art. 2º da Lei 13.146/2015)
• Tipos ou categorias de deficiência: intelectual (limitação cognitiva com dificuldade de
aprendizado e entendimento), mental (alterações que afetam o intelecto e o
comportamento), física (alteração de segmentos do corpo com comprometimento da
função física: paraplegia, tetraplegia, amputação etc) e sensorial (perda total ou parcial de
um ou mais dos cinco sentidos (cegueira, baixa visão ou audição etc). Obs: qualquer dos
tipos caracteriza o filho como pessoa com deficiência.
254
• graus: leve, moderado e grave
• Comprovação/instrumento de caracterização: perícia biopsicossocial (art. 2º, §1º,
da Lei 13.146/2015), por meio do instrumento previsto na Portaria Interministerial
SDH/MPS/MF/MOG/AGU n. 01, de 27/01/2014 (para fins de aposentadoria do
deficiente da LC 142/2013). Obs: regra transitória prevista no art. 4º do Decreto
10.410/2020.

• Somente a deficiência grave caracteriza a dependência? As possibilidade


interpretativas para a confusa redação legal “ou inválido ou que tenha deficiência
intelectual ou mental ou deficiência grave”: (i) deficiência física e sensorial tem que
ser grave; (ii) deficiência intelectual ou mental pode ser leve ou moderada.
 Eis o que diz o art. 77,§ 6ª da Lei 8.213/91: “O exercício de atividade remunerada, inclusive na
condição de microempreendedor individual, não impede a concessão ou manutenção da parte
individual da pensão do dependente com deficiência intelectual ou mental ou com deficiência
grave. (Incluído pela Lei nº 13.183, de 2015)”

255
 Para o INSS a invalidez/deficiência tem que ser anterior ao óbito do segurado e também à
maioridade previdenciária (21 anos ou emancipação). Arts. 17 do RPS e §9º do art. 178 da IN
128)
• OBS: no entanto, desde 05/03/2020, está em vigor decisão proferida na ACP nº 0059826-
86.2010.4.01.2800/MG – Portaria Conjunta DIRBEN/INSS nº 4, de 05/03/2020,
determinando o reconhecimento da dependência do filho inválido ou deficiente após a
maioridade/emancipação mas antes do óbito
• Jurisprudência pacífica do STJ e TNU: entende que a invalidez deve ser anterior ao óbito
(tempus regit actum) mas pode ser posterior à maioridade previdenciária (idade ou
emancipação).
• OBS: nesse caso, no entanto, deixa de existir presunção absoluta de dependência, que
passa a ser relativa (podendo ser afastada por prova contrária produzida pelo INSS) ou deve
ser comprovada pelo filho, ainda que de forma parcial, quando ele, por exemplo, tiver
renda própria.
Tese do tema 114 da TNU: “Para fins previdenciários, a presunção de dependência econômica do
filho inválido é relativa, motivo pelo qual fica afastada quando este auferir renda própria, devendo ela
ser comprovada.”

256
PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. ENUNCIADO ADMINISTRATIVO 3/STJ. PENSÃO POR
MORTE. FILHO MAIOR INVÁLIDO. RELAÇÃO DE DEPENDÊNCIA ECONÔMICA ENTRE
SEGURADO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL E BENEFICIÁRIO. PRESUNÇÃO RELATIVA.
NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA DEPENDÊNCIA. PERCEPÇÃO DE BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO QUE AFASTA A PRESUNÇÃO DE DEPENDÊNCIA. SÚMULA 7/STJ.
ORIENTAÇÃO CONSOLIDADA NA MACIÇA JURISPRUDÊNCIA DO STJ. PRECEDENTES.
RECURSO ESPECIAL NÃO CONHECIDO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
RESSARCIMENTO DE VALORES RECEBIDOS POR ERRO DA ADMINISTRAÇÃO
PREVIDENCIÁRIA (ART. 115, II, DA LEI N. 8.213/1991). AFETAÇÃO PARA JULGAMENTO SOB
O RITO DOS RECURSOS REPETITIVOS. RESP N. 1.381.734/RN. TEMA 979. SUSPENSÃO DO
FEITO. DEVOLUÇÃO DOS AUTOS À ORIGEM. (REsp 1567171/SC, Rel. Ministro NAPOLEÃO
NUNES MAIA FILHO, Rel. p/ Acórdão Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 07/05/2019, DJe 22/05/2019)

• OBS: Invalidez (deficiência) instalada entre a data do início da pensão (após o


óbito) e antes do término da maioridade previdenciária (21 anos ou
emancipação): manterá o direito ao benefício (IN 128/2022, §4º do art. 378)
enquanto inválido/deficiente

257
 Interdição por deficiência mental ou intelectual: não comprova invalidez/deficiência
perante o INSS (salvo a deficiência para óbitos no período de vigência da Lei 12.470/2011:
01/09/2011 a 02/01/2016), devendo haver perícia na via administrativa/judicial, se for o
caso. A interdição e o termo de curatela sequer são exigidos para a concessão de benefício
no caso de segurado/dependente com incapacidade civil/deficiência (Lei 8.213/91, art.
110-A). Nesse sentido a jurisprudência da TNU:
Pedido de Uniformização Nacional de Interpretação de Lei Federal. Previdenciário. Benefício de
prestação continuada à pessoa com deficiência. Reflexos da interdição decretada na justiça estadual em
demanda previdenciária. Presunção absoluta ou relativa de incapacidade total e permanente. A
interdição judicial, por si só, não pressupõe a incapacidade total e permanente, ou a existência de
deficiência na forma definida pelo art. 20, § 2º da Lei 8.742/93, situação que deve ser examinada à luz
da perícia médica realizada na ação previdenciária e das particularidades do caso concreto. Precedentes
da TNU. Questão de ordem 13 da TNU. Paradigma da TNU (Pedilef 5001105-62.2012.4.04.7111) que não
dá suporte à pretensão da recorrente, na medida em que não classifica como absoluta a presunção de
incapacidade devido à interdição, e adverte que é possível a modificação do quadro clínico com o passar
do tempo. Ausência de divergência jurisprudencial. Questão de ordem 22 da TNU. Recurso da parte
autora não admitido. (Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei (Turma) 5001583-
44.2019.4.04.7105, TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO, 17/12/2021.)

258
PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. DIREITO PREVIDENCIÁRIO.
APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. PROCESSO DE INTERDIÇÃO JUDICIAL NÃO
VINCULA O INSS. INCIDENTE CONHECIDO E DESPROVIDO. 1. A interdição é medida
judicial requerida no âmbito do direito privado, sempre no interesse daquele que a
requer, posto que já não possa administrar os próprios bens, podendo ser desfeita,
nos termos do art. 756, §4.º, do CPC. Por sua vez, a aposentadoria por invalidez é
deferida, no âmbito do direito público, à vista de prova médica pericial, àqueles
que demonstrarem incapacidade total e permanente para suas atividades laborais.
2. A interdição, portanto, não obriga o INSS a conceder benefício por incapacidade,
devendo ser lembrado que eventual perícia realizada no aludido procedimento tem
a função de evitar o exercício do abuso de direito por parte do requerente ou de
seu representante. 3. Incidente conhecido e desprovido, fixando a seguinte
conclusão de tese: "A interdição judicial, perante a Justiça Estadual, por si só, não
conduz à conclusão da presença da incapacidade total e permanente para fins de
concessão da aposentadoria por invalidez".(Pedido de Uniformização de
Interpretação de Lei (Turma) 5045811-65.2018.4.04.7000, GUSTAVO MELO
BARBOSA - TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO, 03/05/2021.)

259
 Equiparado a filhos: o enteado e o menor tutelado, mediante comprovação de
dependência econômica e apresentação de declaração de equiparação emitida pelo
segurado ou qualquer outro meio de prova que substitua a declaração (art. 178, §7º,
da IN 128/22, na redação dada pela IN 141/2022).
 Menor sob guarda:
• Excluído do rol de dependentes a partir da Lei 9.528/97. E a guarda para fins de
adoção, na forma do art. 71-A da Lei 8.213/91?
• Tese do tema repetitivo 732 do STJ: Tese: “O menor sob guarda tem direito à
concessão do benefício de pensão por morte do seu mantenedor, comprovada a sua
dependência econômica, nos termos do art. 33, § 3o. do estatuto da criança e do
adolescente, ainda que o óbito do instituidor da pensão seja posterior à vigência da medida
provisória 1.523/96, reeditada e convertida na lei 9.528/97. Funda-se essa conclusão na
qualidade de lei especial do estatuto da criança e do adolescente (8.069/90), frente à
legislação previdenciária. (REsp 1411258/RS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 11/10/2017, DJe 21/02/2018).

260
STF: ADI 4878 e ADI 5083
[...]. 4. O deferimento judicial da guarda, seja nas hipóteses do art. 1.584, § 5º, do Código Civil (Lei n.º
10.406/2002); seja nos casos do art. 33, do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n.º 8.069/1990),
deve observar as formalidades legais, inclusive a intervenção obrigatória do Ministério Público. A
fiel observância dos requisitos legais evita a ocorrência de fraudes, que devem ser
combatidas sem impedir o acesso de crianças e de adolescentes a seus direitos
previdenciários. 5. A interpretação constitucionalmente adequada é a que assegura ao “menor sob
guarda” o direito à proteção previdenciária, porque assim dispõe o Estatuto da Criança e do
Adolescente e também porque direitos fundamentais devem observar o princípio da máxima eficácia.
Prevalência do compromisso constitucional contido no art. 227, § 3º, VI, CRFB. 6. ADI 4878 julgada
procedente e ADI 5083 julgada parcialmente procedente para conferir interpretação
conforme ao § 2º do art. 16, da Lei n.º 8.213/1991, para contemplar, em seu âmbito de
proteção, o “menor sob guarda”, na categoria de dependentes do Regime Geral de
Previdência Social, em consonância com o princípio da proteção integral e da prioridade absoluta,
nos termos do art. 227 da Constituição da República, desde que comprovada a dependência
econômica, nos termos em que exige a legislação previdenciária (art. 16, § 2º, Lei 8.213/1991 e
Decreto 3048/1999). (ADI 4878, Relator(a): GILMAR MENDES, Relator(a) p/ Acórdão: EDSON FACHIN,
Tribunal Pleno, julgado em 08/06/2021, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-157 DIVULG 05-08-2021
PUBLIC 06-08-2021)
261
• EC 103/2019 e seus reflexos no tratamento da matéria: Art. 23, §6º. Equiparam-se a filhos,
para fins de recebimento da pensão por morte exclusivamente o enteado e o menor tutelado,
desde que comprovada a dependência econômica.
• Obs: a constitucionalidade do dispositivo não foi analisada nas ADI’s 4878 e 5083 (vide
embargos de declaração na ADI 4878, julgamento em 18/12/2021). Assim, para óbitos a
partir de 14/11/2019 a controvérsia continua em aberto.
• A TNU já declarou a inconstitucionalidade do dispositivo: “É inconstitucional a expressão
"exclusivamente", constante do §6º, do art. 23 da Emenda Constitucional 103/2019, e, da
mesma forma, viola o núcleo essencial da Constituição Federal exegese que importe em
exclusão do menor sob guarda da proteção previdenciária, na condição de dependente para
fins de concessão de pensão por morte” (PUIL 5021979-86.2021.4.04.7100/RS, julgado na
sessão virtual de 09/09/2022 A 15/09/2022)
• Dúvida: É necessário comprovar a legitimidade da guarda para evitar as chamadas “guardas
previdenciárias”? O juízo previdenciário pode sindicar essa situação em detrimento da decisão
do juízo de família/ECA?

• Dúvida: as decisões do STJ e STF acolhem a guarda de fato ou somente a judicial?

262
• Obs: o INSS, cumprindo as ADI’s 4878 e 5083 (efeitos vinculantes), editou a Portaria
DIRBEN/INSS 1.080/2022 (alterou a Portaria 991/2022), nos seguintes termos, limitando a
dependência às guardas judiciais até os 18 anos:
Art. 26. ..............................................................................
§ 1º Para óbitos ocorridos entre 14 de outubro de 1996 e 13 de novembro de 2019,
equipara-se a filho o menor sob guarda que comprove a dependência econômica,
conforme determinado pelo STF no julgamento vinculante das ADI's 4878 e 5083.
§ 2º Para fins do disposto no §1º, a guarda consiste no direito definido em juízo de
terceiro ficar com a responsabilidade de ter o menor em sua companhia.
§3º O menor sob guarda perde a qualidade de dependente ao completar 18
(dezoito) anos de idade, aplicando-se todas as demais causas de perda da
qualidade de dependente previstas no art. 25.
Obs: os arts. 2º, 22 e 33 do ECA X art. 16, I e §2º da Lei 8.213/91. Obs: o STJ já
aplicou essa restrição no RPPS (REsp 1947690, T2, julgado em 17/05/2022, Dje
23/05/2022)

263
8.8. Pais: a partir da MP 871/2019 e Lei 13.846/2019 (§§ 5º e 6º da Lei 8.213/91), a
prova da dependência econômica exige início de prova material contemporânea,
produzida em período não superior a 24 meses do evento previdenciário (óbito ou
prisão).

8.9. Irmãos: respeitada a preferência de classes e a necessidade de comprovar


dependência econômica, seguem as mesmas regras dos filhos.

8.10. Regras dos dependentes:

(i) Regras da classe preferencial ou exclusão: § 1º A existência de dependente de


qualquer das classes deste artigo exclui do direito às prestações os das classes
seguintes. Obs: situação que pode gerar desproteção social no caso concreto.

264
(ii) Regra da concorrência e igualdade dentro da mesma classe: Art. 77. A
pensão por morte, havendo mais de um pensionista, será rateada entre todos
em parte iguais.

(iii) Regra do acréscimo da cota dentro da mesma classe ou reversão: §


1º Reverterá em favor dos demais a parte daquele cujo direito à pensão
cessar.

• Importante: para os óbitos/prisões ocorridos a partir 14/11/2019, inclusive, não


existe o direito de reversão, na forma do art. 23, §1º, da EC 103/2019: § 1º As cotas
por dependente cessarão com a perda dessa qualidade e não serão reversíveis aos
demais dependentes, preservado o valor de 100% (cem por cento) da pensão por
morte quando o número de dependentes remanescente for igual ou superior a 5
(cinco).
265
(iv) Regra da habilitação tardia: Art. 76. A concessão da pensão por morte não será
protelada pela falta de habilitação de outro possível dependente, e qualquer inscrição ou
habilitação posterior que importe em exclusão ou inclusão de dependente só produzirá
efeito a contar da data da inscrição ou habilitação. (Obs: será estudada com detalhes no
tópico “pensão por morte”)

(v) Regra da habilitação provisória ou reserva de cota (art. 74, §§ 3º ao 6º da Lei


8.213/91); Obs: será analisada no tópico da pensão por morte.

(vi) Regra da perda da qualidade de dependente/cessação da pensão por morte por


indignidade (arts. 16, §7º, 74, §1º e 77, § 7º da Lei 8.213/91): sentença transitada em
julgado pela prática de homicídio doloso (consumado ou tentado) contra o segurado.
Admite tutela antecipada na via administrativa para suspensão provisória

(vii) Regra da cessação da cota de pensão por morte do cônjuge ou companheira pela
prática de simulação ou fraude no casamento ou união estável (art. 74, §2º, da Lei
8.213/91): exige processo judicial (e para não conceder também exige?)

266
9. CARÊNCIA
9.1. Conceito: é o tempo correspondente ao número mínimo de contribuições
mensais indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao benefício, consideradas
a partir do transcurso do 1º dia dos meses de suas competências, observados os
recolhimentos (presumidos ou reais) sobre salário de contribuição igual ou
superior ao mínimo mensal/contribuição mínima mensal (obs: posição do INSS
após a EC 103/2019) e a tempestividade do pagamento prevista em lei.
9.2. Regulamentação: arts. 24 a 27 da Lei 8.213/91, arts. 26 a 30 do RPS e arts. 189
a 205 da IN/INSS nº 128/2022
9.3. Carência para o segurado especial: sempre dispensada, na forma do art. 26,
III, da Lei 8.213/91. Obs: requisito substituído pelo tempo mínimo de efetivo
exercício de atividade rural/pesqueira/extrativista, ainda que de forma
descontínua, igual ao número de meses correspondentes à carência do benefício
requerido (art. 39, I, da Lei 8.213/91). Obs: tecnicamente, não é correto fala em
carência para o segurado especial
267
9.4. Carência X Tempo de contribuição: são institutos/requisitos diversos
para fins de acesso aos benefícios. Em regra, o que é computado como
carência é computado também como tempo de contribuição. O inverso nem
sempre é verdade

Período de vinculação ao RGPS com recolhimento de


TEMPO DE contribuições (efetivo ou presumido), contado DIA A DIA
CONTRIBUIÇÃO (até a EC 103/2019), além dos períodos expressamente
previstos em lei, mesmo que sem contribuições

Período referente ao número de contribuições mensais


CARÊNCIA recolhidas MÊS A MÊS

268
CARÊNCIA X TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO (até a EC 103/2019)

Início das Atividades (empregado): 30/11/2018

Fim das Atividades: 20/12/2018

Tempo de Contribuição: 20 dias de tempo de contribuição

Carência: 02 meses de carência (duas contribuições mensais)

269
9.5. Objetivos: a) garantir recursos financeiros para custear os benefícios; b)
promover o equilíbrio financeiro e atuarial, fazendo com que o segurado se mantenha
vinculado ao RGPS; c) evitar fraudes, eliminando/diminuindo a possibilidade de que o
segurado já ingresse no RGPS trazendo consigo o risco coberto pelo benefício

9.6. Formas de comprovação da carência:


 Recolhimentos efetivos ou presumidos (arts. 30, I, ‘a’ e V e §5º do art. 33 da
Lei 8.212/91): empregado, empregado doméstico, trabalhador avulso e
contribuinte individual que presta serviço a pessoa jurídica a partir de 04/2003
(bastam comprovar o exercício de atividade remunerada, não podendo ser
prejudicados pela omissão do empregador/tomador de serviços em recolher as
contribuições);
• Empregado doméstico: situação peculiar quanto à presunção, solucionada pela LC
150/2015 (vigência a partir de 02/06/2015), pela IN 128/2022 (art. 190, §1º), Portaria
DIRBEN/INSS 991/2022 (arts. 88, 93 e 124 a 126) e Portaria DIRBEN/INSS 990/2022 (arts. 43
a 52)

270
 Recolhimentos efetivos: contribuinte individual por conta própria e facultativo
(somente terão a carência computada nas competências em que houver pagamento
das contribuições)
9.7. Momento de se aferir qual a carência aplicável: legislação em vigor na data do fato
gerador/implemento dos requisitos para concessão do benefício (Tese do tema 176 da TNU);
9.8. Momento em que a carência deve estar implementada:
a) até a data do fato gerador (incapacidade [DII], parto/aborto/adoção/guarda para fins de
adoção e prisão), não sendo computadas as contribuições recolhidas após esta data
(mesmo que o benefício seja requerido posteriormente), ainda que referentes a
competências anteriores (art. 189, §§4º e 5º, da IN 128/2022). Nesse sentido a TNU: PUIL
0010795-98.2017.4.01.3300, PUIL julgado em 16/10/2020.
b) também não se pode antecipar o pagamento de contribuições para fins de carência. Nesse
sentido jurisprudência do STJ e TNU.
9.9. Congelamento da carência: na aposentadoria por idade a carência deve ser
aplicada considerando o ano em que o segurado completa a idade mínima, ainda
que o número de contribuições exigido somente seja preenchido posteriormente
(INSS, STJ e TNU [súmula 44])
271
9.10. Regra de transição da carência: “Art. 142. Para o segurado inscrito na
Previdência Social Urbana até 24 de julho de 1991, bem como para o trabalhador e o
empregador rural cobertos pela Previdência Social Rural, a carência das aposentadorias
por idade, por tempo de serviço e especial obedecerá à seguinte tabela, levando-se em
conta o ano em que o segurado implementou todas as condições necessárias à obtenção
do benefício: (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)”

272
Ano de implementação das Meses de contribuição exigidos
condições
1991 60 meses
1992 60 meses
1993 66 meses
1994 72 meses
1995 78 meses
1996 90 meses
1997 96 meses
1998 102 meses
1999 108 meses
2000 114 meses
2001 120 meses
273
2002 126 meses
2003 132 meses
2004 138 meses
2005 144 meses
2006 150 meses
2007 156 meses
2008 162 meses
2009 168 meses
2010 174 meses
2011 180 meses
 Observação: Para o segurado com filiação anterior a 24/07/1991, que nesta data não
tenha qualidade de segurado e que se refilie posteriormente, continua sendo aplicada
a tabela progressiva de carência. Nesse sentido: art. 199, I, da IN 128/2022, STJ (REsp
1.412.566-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 27/3/2014.) e TNU.

274
9.11. Termo inicial da contagem e contribuições consideradas para fins de carência (Lei
8.213/91, art. 27, incisos I e II):

Art. 27. Para cômputo do período de carência, serão consideradas as


contribuições:

I - referentes ao período a partir da data de filiação ao Regime Geral de Previdência Social


(RGPS), no caso dos segurados empregados, inclusive os domésticos, e dos trabalhadores
avulsos; (Redação dada pela Lei Complementar nº 150, de 2015)

II - realizadas a contar da data de efetivo pagamento da primeira contribuição sem atraso,


não sendo consideradas para este fim as contribuições recolhidas com atraso referentes a
competências anteriores, no caso dos segurados contribuinte individual, especial e
facultativo, referidos, respectivamente, nos incisos V e VII do art. 11 e no art.
13.

275
 Segurados empregado, empregado doméstico (LC 150/2015), trabalhador
avulso e contribuinte individual que presta serviços a pessoa jurídica (este a
partir da competência 04/2003): todas as contribuições desde a data da filiação
ao RGPS, ou seja, desde o início do exercício da atividade remunerada (inciso I)

 Segurados contribuinte individual (que não preste serviços à pessoa jurídica) e


o facultativo: todas as contribuições contadas da data do efetivo recolhimento
da primeira sem atraso, não sendo consideradas para esse fim as contribuições
recolhidas com atraso referentes às competências anteriores à primeira (inciso
II)

 Segurado especial: a partir do efetivo exercício da atividade rural, pesqueira,


seringueira ou extrativista

276
9.12. Períodos reconhecidos judicialmente:
 Período de benefício por incapacidade (auxílio por incapacidade temporária e
aposentadoria por incapacidade permanente) se intercalados com períodos de
atividade laboral ou contribuição
• Súmula 73 da TNU: “O tempo de gozo de auxílio-doença ou de aposentadoria por invalidez não
decorrentes de acidente de trabalho só pode ser computado como tempo de contribuição ou para fins
de carência quando intercalado entre períodos nos quais houve recolhimento de contribuições para a
previdência social”.

• Tese do tema 1125 do STF: “É constitucional o cômputo, para fins de carência, do período
no qual o segurado esteve em gozo do benefício de auxílio-doença, desde que
intercalado com período de atividade laborativa” (julgado no dia 19/02/2021.
Embargos de declaração do INSS rejeitados na sessão virtual de 23/06 a 30/06/2023).

• Ação Civil Pública com efeitos nacional: benefícios com DER a partir de 20/12/2019
(Portaria Conjunta INSS/PFE/DIRBEN nº 12 de 19/05/2020.

277
• Benefício acidentário: intercalado ou não. Dúvida: após 01/07/2020 (art. 19-C, §1º, do RPS,
introduzido pelo Decreto 10.410/2020) precisa ser intercalado? Sim (IN 128/2022, art. 211,
VI)
• Dúvida: manutenção desse entendimento após a EC 103/2019, à luz da inclusão do §14 do
art. 201 na CF/88: “É vedada a contagem de tempo de contribuição fictício para efeito
de concessão dos benefícios previdenciários e de contagem recíproca”. Posição
pessoal: o entendimento prevalece aplicável
- Dúvidas a partir da redação da tese do tema 1125 do STF: (i) precisa trabalhar ou basta
contribuir (facultativo)? (ver art. 211, VI, ‘a’ da IN 128/2022); (ii) é necessário um número
mínimo de contribuições?; (iii) é necessário que a contribuição seja em momento
imediatamente posterior ao término do benefício?; (iv) cada benefício deve ser
considerado de forma individual para verificar a existência de contribuições intercaladas?;
(v) contribuição recolhida durante o período de percepção de mensalidades de recuperação
valem?
Seguem os atuais posicionamentos da TNU. STJ sem posicionamento específico sobres as
citadas controvérsias:

278
Ementa: PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. PREVIDENCIÁRIO.
POSSIBILIDADE DE O SEGURADO UTILIZAR O TEMPO INTERCALADO EM QUE ESTEVE EM GOZO
DE AUXÍLIO-DOENÇA OU APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COMO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO E
PARA FINS DE CARÊNCIA. SÚMULA 73 DA TNU. DESNECESSIDADE DE O BENEFÍCIO SER
IMEDIATAMENTE SUCEDIDO POR PERÍODO DE CONTRIBUIÇÃO/LABOR. INCIDENTE
CONHECIDO E PROVIDO. 1. O tempo de gozo de auxílio-doença ou de aposentadoria por
invalidez não decorrentes de acidente de trabalho só pode ser computado como tempo de
contribuição ou para fins de carência quando intercalado entre períodos nos quais houve
recolhimento de contribuições para a previdência social (Súmula 73 da TNU). 2. Para a
configuração de períodos intercalados, inexiste qualquer obrigatoriedade de que haja tempo
de contribuição/serviço no mês imediatamente anterior e no mês imediatamente posterior ao
intervalo do auxílio-doença percebido, bastando a existência de gozo de benefício por
incapacidade entre períodos contributivos/de labor. 3. Igualmente, também não há
necessidade de que cada benefício seja individualmente considerado para análise da
existência de contribuições de forma intercalada. 4. Incidente conhecido e provido. (Pedido de
Uniformização de Interpretação de Lei (Turma) 1007090-90.2018.4.01.3801, GUSTAVO MELO
BARBOSA - Turma Nacional de Uniformização, 30/08/2021.)

279
Ementa: PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL.
PREVIDENCIÁRIO. POSSIBILIDADE DE O SEGURADO UTILIZAR O TEMPO
INTERCALADO EM QUE ESTEVE EM GOZO DE AUXÍLIO-DOENÇA OU
APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COMO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO E PARA FINS DE
CARÊNCIA. SÚMULA 73 DA TNU. REAFIRMAÇÃO DA TESE DE QUE: "o tempo de gozo
de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez não decorrentes de acidente do
trabalho deve ser computado para fins de tempo de contribuição e carência,
quando intercalado com períodos de contribuição, independentemente do número
de contribuições vertido e o título a que realizadas", COM RESSALVA DE
ENTENDIMENTO PESSOAL. INCIDENTE PROPOSTO PELA PARTE AUTORA
CONHECIDO E PROVIDO. (Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei
(Turma) 5000453-62.2019.4.04.7220, GUSTAVO MELO BARBOSA - TURMA
NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO, 21/06/2021.)

280
EMENTA: PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. PREVIDENCIÁRIO.
POSSIBILIDADE DE O SEGURADO UTILIZAR O TEMPO INTERCALADO EM QUE ESTEVE EM GOZO DE
AUXÍLIO-DOENÇA OU APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COMO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO E PARA FINS
DE CARÊNCIA. SÚMULA 73 DA TNU. POSSIBILIDADE DE PAGAMENTO DE CONTRIBUIÇÃO DE RETORNO
DURANTE O RECEBIMENTO DA MENSALIDADE DE RECUPERAÇÃO. INCIDENTE CONHECIDO E
DESPROVIDO.
1. O tempo de gozo de auxílio-doença ou de aposentadoria por invalidez não decorrentes de acidente
de trabalho só pode ser computado como tempo de contribuição ou para fins de carência quando
intercalado entre períodos nos quais houve recolhimento de contribuições para a previdência social
(súmula 73 da TNU).
2. Nos termos do art. 47, II, da lei n.º 8.213/1991, o segurado em gozo de mensalidade de recuperação
é autorizado a retornar ao trabalho, de maneira que não há óbice ao recolhimento de contribuições
individuais ou como segurado facultativo nesse período.
3. Incidente conhecido e desprovido. (PUIL Nº 1018931-17.2020.4.01.3800/MG, sessão virtual de
17/06/2022 A 23/06/2022).

No mesmo sentido: PUIL Nº 0001076-85.2020.4.03.6322/SP, julgado na sessão virtual de 11/05/2023


A 17/05/2023

281
 Tempo de atividade rural anterior à Lei 8.213/91 (novembro de
1991):

• O § 2º do art. 55 da Lei 8.213/91 veda expressamente: “O tempo de


serviço do segurado trabalhador rural, anterior à data de início de vigência
desta Lei, será computado independentemente do recolhimento das
contribuições a ele correspondentes, exceto para efeito de carência,
conforme dispuser o Regulamento.”

• No mesmo sentido o art. 26, §3º, do RPS.

• O STJ permite para o caso do segurado rural empregado (Tese do tema


644)

282
• Regra especial de contagem de carência do empregado rural: art. 3º da
Lei 11.718/2008 e art. 203 da IN 128/2022)

Art. 3o Na concessão de aposentadoria por idade do empregado rural, em valor


equivalente ao salário mínimo, serão contados para efeito de carência:

I – até 31 de dezembro de 2010, a atividade comprovada na forma do art. 143 da Lei


8.213, de 24 de julho de 1991;

II – de janeiro de 2011 a dezembro de 2015, cada mês comprovado de emprego,


multiplicado por 3 (três), limitado a 12 (doze) meses, dentro do respectivo ano civil; e

III – de janeiro de 2016 a dezembro de 2020, cada mês comprovado de emprego,


multiplicado por 2 (dois), limitado a 12 (doze) meses dentro do respectivo ano civil.

283
 Tempo de serviço militar, obrigatório ou voluntário: o art. 55, I, da Lei 8.213/91
somente fala em cômputo para tempo de contribuição e o art. 194, I, da IN 128/2022
veda a contagem, salvo para períodos posteriores à EC 103/2019

• TNU aceita:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR


IDADE. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. TEMPO DE SERVIÇO MILITAR. CÔMPUTO
PARA FINS DE CARÊNCIA. POSSIBILIDADE. INCIDENTE CONHECIDO E PROVIDO, PARA
RESTABELECER A SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA, COM BASE NA. QUESTÃO DE ORDEM N.
38/TNU. (PEDILEF n. 05270597820174058100, Rel. JUIZ FEDERAL SERGIO DE ABREU BRITO,
julgado em 27/6/2019)

 Aviso prévio indenizado: TNU aceita. Tese do tema 250: “O período de aviso prévio
indenizado é válido para todos os fins previdenciários, inclusive como tempo de
contribuição para obtenção de aposentadoria”. (PUIL STJ 2391 e RE pendentes de
julgamento). Questão polêmica, por não ser salário de contribuição (período não
contributivo).

284
9.13. Contribuições recolhidas com atraso e contagem da carência
 Somente se aplica aos segurados contribuinte individual por conta própria e
facultativo (os demais gozam da presunção absoluta de recolhimentos).

 A partir da 1ª contribuição paga sem atraso as demais poderão ser pagas com atraso,
desde que antes da ocorrência do fato gerador do benefício de risco (incapacidade,
prisão e maternidade)
 As contribuição recolhidas em atraso, referentes a período anterior à primeira paga em
dia, nunca serão computadas para fins de carência
 As contribuições recolhidas em atraso, referentes a período posterior à primeira paga
em dia, serão computadas como carência, desde que mantida a qualidade de
segurado (dentro do período de graça), ou seja, desde que o atraso não tenha
implicado perda da qualidade de segurado (pagamentos dos valores atrasados
enquanto mantida a qualidade de segurado):
285
- Art. 28, §4º, do RPS: “§ 4º Para os segurados a que se refere o inciso II do caput, na
hipótese de perda da qualidade de segurado, somente serão consideradas, para fins de
carência, as contribuições efetivadas após novo recolhimento sem atraso, observado o
disposto no art. 19-E. (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)”

Tese do tema 192 da TNU: Contribuinte individual. Recolhimento com atraso das
contribuições posteriores ao pagamento da primeira contribuição sem atraso. Perda da
qualidade de segurado. Impossibilidade de cômputos das contribuições recolhidas com
atraso relativas ao período entre a perda da qualidade de segurado e a sua reaquisição
para efeito de carência. (TNU: 50389377420124047000, JUIZ FEDERAL JANILSON
BEZERRA DE SIQUEIRA, DJ 22/03/2013.)

 OBS: os recolhimentos efetuados a título de complementação não


devem ser considerados para fins de reconhecimento do atraso nas
contribuições (art. 192, §2º, da IN 128/2022)
286
9.14. Período indenizado: não serve para fins de carência:
 Atenção: não confundir com instituto anterior (recolhimentos em atraso para fins de
carência). Em regra, envolve contribuições de contribuinte individual em período
anterior à inscrição, à obrigatoriedade de filiação e/ou decaídas
 A indenização NÃO serve para fins de carência, somente para tempo de contribuição

 Procedimento denominado reconhecimento de filiação e retroação da data de início das


contribuições: Art. 96, IV, da Lei 8.213/91, art. 45-A da Lei 8.212/91, arts. 121 a 124 e 239, §8º-
A do RPS, arts. 98 e 99 da IN 128/2022 e arts. 67 a 74 da Portaria 990/2022. Obs: exige
comprovação do exercício de atividade remunerada, que se considera presumida no caso de
haver inscrição com atividade cadastrada, sem notícia de encerramento

 Principais hipóteses: (i) contribuinte individual por conta própria para períodos sem
contribuição já alcançados pela decadência (05 anos); (ii) atividade que, à época, não se
enquadrava como de filiação obrigatória; (iii) trabalhador rural antes de novembro de 1991 e
segurado especial para fins de CTC
287
9.15. Períodos não computados para carência (rol exemplificativo):

• Atividade rural anterior a novembro de 1991, salvo segurado empregado (tese do tema 664
STJ);

• Período sem contribuição do contribuinte individual por conta própria e facultativo e período
indenizado;

• Período em que recebeu auxílio-acidente (também não conta como tempo de contribuição).
Posição pacífica do STJ.

• O acréscimo de tempo de contribuição decorrente da conversão de tempo especial em comum


(conversão pelos fatos 1.4 [H] e 1.2 [M]);

• Períodos de recolhimento (efetivo ou presumido) após a EC 103/2019 sob salário de


contribuição inferior ao valor do salário mínimo, salvo complementação/utilização de
excedente ou agrupamento (obs: ver discussões anteriores acerca da legalidade dessa
exigência para os segurados empregado, doméstico e avulso)

288
9.16. Benefícios e prazos de carência:
Art. 25. A concessão das prestações pecuniárias do Regime Geral de Previdência Social depende dos
seguintes períodos de carência, ressalvado o disposto no art. 26:
I - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez: 12 (doze) contribuições mensais;

II - aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de serviço e aposentadoria especial: 180
contribuições mensais. Obs: requisito mantido para as chamadas aposentadorias voluntárias ou
programadas, mesmo não previsto expressamente na EC 103 (ver RPS e IN 128/2022)
III - salário-maternidade para as seguradas de que tratam os incisos V e VII do caput do art. 11 e o art. 13
desta Lei: 10 (dez) contribuições mensais, respeitado o disposto no parágrafo único do art. 39 desta Lei;
e
IV -auxílio-reclusão: vinte e quatro contribuições mensais. (Incluído pela Medida Provisória nº 871, de 2019)
IV - auxílio-reclusão: 24 (vinte e quatro) contribuições mensais. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019). Prisões a partir
de 18/01/2019.
Parágrafo único. Em caso de parto antecipado, o período de carência a que se refere o inciso III será reduzido
em número de contribuições equivalente ao número de meses em que o parto foi antecipado.

289
9.17. Casos de dispensa de carência:
Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes prestações:
I - pensão por morte, salário-família e auxílio-acidente; (Redação dada pela Lei nº 13.846, de
2019)
II - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de qualquer natureza ou
causa e de doença profissional ou do trabalho, bem como nos casos de segurado que, após filiar-
se ao RGPS, for acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em lista elaborada
pelos Ministérios da Saúde e da Previdência Social, atualizada a cada 3 (três) anos, de acordo com
os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência ou outro fator que lhe confira
especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado; (Redação dada pela
Lei nº 13.135, de 2015)
III - os benefícios concedidos na forma do inciso I do art. 39, aos segurados especiais referidos no
inciso VII do art. 11 desta Lei;
IV - serviço social;
V - reabilitação profissional.
VI – salário-maternidade para as seguradas empregada, trabalhadora avulsa e empregada
doméstica.

290
 Art. 151. Até que seja elaborada a lista de doenças mencionada no inciso II do art. 26,
independe de carência a concessão de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez ao
segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido das seguintes doenças: tuberculose ativa,
hanseníase, alienação mental, esclerose múltipla, hepatopatia grave, neoplasia maligna,
cegueira, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson,
espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estado avançado da doença de Paget (osteíte
deformante), síndrome da deficiência imunológica adquirida (aids) ou contaminação por
radiação, com base em conclusão da medicina especializada. (Redação dada pela Lei nº 13.135,
de 2015)

 Lista: Portaria Ministerial MPAS/MS nº 2.998, de 23/08/2001 (mesmas doenças do art. 151),
atualizada pela Portaria Interministerial MTP/MS nº 22, de 31/08/2022, que incluiu o acidente
vascular encefálico (agudo) e o abdome agudo cirúrgico e alterou a nomenclatura “alienação
mental” para “transtorno mental grave, desde que esteja cursando com alienação mental”.
• Obs: a nova portaria definiu: a) quadro clínico de evolução aguda: doença ou afecção de
instalação súbita, excluindo-se os episódios agudos de doenças crônicas; b) critério de
gravidade: risco iminente de morte ou de perda da função de órgão ou sistema que requer
cuidado de natureza clínica ou cirúrgica, podendo apresentar instabilidade das funções
vitais e necessidade de substituição artificial de funções.

291
 Cegueira monocular: a TNU entende que dispensa: “Independe de carência a
concessão de auxílio-doença quando a incapacidade laborativa do segurado
decorrer de cegueira monocular, uma vez que as regras dos art. 151 da Lei
8.213/91 e art. 1º da Portaria Interministerial dos Ministros da Previdência e
Assistência Social e da Saúde n. 2.998/2001 não fazem distinção entre cegueira
binocular e monocular.” (PUIL 5004134-79.2019.4.04.7100/RS, julgado em
25/02/2021)

A relação de doenças é taxativa ou exemplificativa?


• Recentemente a TNU decidiu: “a dispensa de carência, nos termos do
art. 26, II, da Lei 8.213/91, nos casos de acidente vascular cerebral,
somente é possível nas hipóteses de paralisia irreversível e
incapacitante (PUIL N. 5058365-57.2017.4.04.7100/RS)

292
• Tema 220 da TNU: 1. O rol do inciso II do art. 26 da lei 8.213/91 é exaustivo. 2. A lista de
doenças mencionada no inciso II, atualmente regulamentada pelo art. 151 da Lei nº
8.213/91, não é taxativa, admitindo interpretação extensiva, desde que demonstrada a
especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado. 3. A gravidez de alto
risco, com recomendação médica de afastamento do trabalho por mais de 15 dias
consecutivos, autoriza a dispensa de carência para acesso aos benefícios por incapacidade.
(PUIL 2266/STJ e RE pendentes de julgamento)
• STJ: tem um julgado que sinaliza que o rol é taxativo (AgInt no AREsp 664855/SP, 1ª T,
julgado em 12/08/2019, Dje 14/08/2019).
9.18. Carência de recuperação ou refiliação: hipótese aplicável aos casos de perda da
qualidade de segurado e necessidade de recuperar a carência anterior
 somente se aplica aos benefícios de auxílio por incapacidade temporária,
aposentadoria por incapacidade permanente, salário-maternidade e auxílio-reclusão
 Não se aplica aos casos de aposentadoria por idade, tempo de contribuição e especial
(e às novas aposentadorias programadas da EC 103/2019: arts. 15, 16, 17, 18, 19 e 20),
uma vez que dispensam a qualidade de segurado para sua concessão (art. 3º da Lei
10.666/2003)
293
Art. 24. Período de carência é o número mínimo de contribuições mensais indispensáveis para
que o beneficiário faça jus ao benefício, consideradas a partir do transcurso do primeiro dia
dos meses de suas competências.

Parágrafo único. Havendo perda da qualidade de segurado, as contribuições anteriores a essa


data só serão computadas para efeito de carência depois que o segurado contar, a partir da
nova filiação à Previdência Social, com, no mínimo, 1/3 (um terço) do número de contribuições
exigidas para o cumprimento da carência definida para o benefício a ser requerido.
(Vide Medida Provisória nº 242, de 2005) (Revogado pela Medida Provisória nº 767,
de 2017) (Revogado pela lei nº 13.457, de 2017)

Art. 27-A Na hipótese de perda da qualidade de segurado, para fins da concessão dos
benefícios de auxílio-doença, de aposentadoria por invalidez, de salário-maternidade e
de auxílio-reclusão, o segurado deverá contar, a partir da data da nova filiação à
Previdência Social, com metade dos períodos previstos nos incisos I, III e IV do caput
do art. 25 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)

294
 Regime intertemporal levando-se em conta a data do fato gerador do benefício (ver
tese do tema 176 da TNU):

295
10. Tempo de contribuição e contagem recíproca
10.1. Do tempo de serviço ao tempo de contribuição: a mudança de paradigma
introduzida pela EC 20/1998
10.2. Tempo de contribuição fictício: as dificuldades de conceituar e caracterizar esse
instituto
• Vedação de contagem de tempo de contribuição fictício: §10 do art. 40 (RPPS),
introduzido pela EC 20/98
• Regra de transição (art. 4º da EC 20/98): “Art. 4º - Observado o disposto no art. 40, §10, da
Constituição Federal, o tempo de serviço considerado pela legislação vigente para efeito de
aposentadoria, cumprido até que a lei discipline a matéria, será contado como tempo de
contribuição.” Obs: lei ainda não editada

• Reprodução pela EC 103/2019 no âmbito do RGPS: art. 201, §14: É vedada a contagem de tempo
de contribuição fictício para efeito de concessão dos benefícios previdenciários e de contagem
recíproca.

296
• Regra de transição da EC 103/2019: Será assegurada a contagem de tempo de contribuição
fictício no Regime Geral de Previdência Social decorrente de hipóteses descritas na legislação
vigente até a data de entrada em vigor desta Emenda Constitucional para fins de concessão de
aposentadoria, observando-se, a partir da sua entrada em vigor, o disposto no §14 do art. 201
da Constituição Federal. Obs: mais um dos erros da EC 103/2019
• Conceito legal: ainda não existe
• Conceito do RPPS (art. 11, §1º da Portaria MPS 154/2008 [revogada], art. 195, §1º, da
Portaria MTP 1.467/2022 e art. 29, §1º, do anexo II da Portaria SGP/SEDGG/ME nº
10.360/2022): § 1º Entende-se como tempo fictício aquele considerado em lei como tempo de
contribuição para fins de concessão de aposentadoria sem que tenha havido, por parte do
servidor, a prestação de serviço ou a correspondente contribuição.
• Conceito RGPS: art. 447, §3º, da IN 77/2015: § 3º Excluindo-se a hipótese de atividade exercida
em condições especiais previstas nos §§ 1º e 2º deste artigo, é vedada a contagem de tempo de
contribuição fictício, entendendo-se como tal todo aquele considerado em lei anterior como
tempo de serviço público ou privado, computado para fins de concessão de aposentadoria sem
que haja, por parte do servidor ou segurado, cumulativamente, a prestação de serviço e a
correspondente contribuição social.
297
Importante: o INSS, mesmo após a EC 103/2019, vai continuar computando tempo
intercalado de benefício por incapacidade (art. 55, II, da Lei 8.213/91 e arts. 19-C, § 1º e 118-
G do RPS), no qual o segurado não trabalhou e efetuou contribuições. Obs: correta a posição
do INSS, uma vez que, além da previsão legal, se trata de exceção razoável e justificada ao
caráter contributivo do sistema, na forma da tese firmada no tema 88 do STF.
10.3. Conceito de tempo de contribuição:
• Revogado art. 59 do RPS: Considera-se tempo de contribuição o tempo, contado de data a data, desde o
início até a data do requerimento ou do desligamento de atividade abrangida pela previdência social,
descontados os períodos legalmente estabelecidos como de suspensão de contrato de trabalho, de
interrupção de exercício e de desligamento de atividade.
• Novo art. 19-C do RPS: Considera-se tempo de contribuição o tempo correspondente aos períodos para
os quais tenha havido contribuição obrigatória ou facultativa ao RGPS, dentre outros, o
período: (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
• Regra geral: tempo correspondente aos períodos em que houve exercício de atividade
remunerada e contribuição (real ou presumida, a depender da categoria de segurado) pelo
segurado obrigatório ou somente recolhimento de contribuição pelo segurado facultativo, apto
a ser utilizado para fins previdenciários (benefícios que exijam tempo de contribuição), salvo
exceções legais/regulamentares (mesmo sem contribuições) que não caracterizem tempo ficto
ou violem o caráter contributivo do RGPS
298
10.4. Forma de contagem:
(i) Até 13/11/2019 (data de vigência da EC 103/2019): data a data (em dias), na forma do
revogado art. 59 do RPS. Obs: para o contribuinte individual e o facultativo era utilizado o
regime de competência mensal, independente do número de dias trabalhado no mês;

(ii) A partir de 14/11/2019: por competência (mês de 30 dias), para todas as categorias de
segurado (inclusive o empregado), desde que o salário de contribuição mensal (contribuição
mínima mensal) tenha sido igual ou superior ao limite mínimo mensal (01 SM)

Art. 19-C, §2º do RPS: § 2º As competências em que o salário de contribuição mensal tenha
sido igual ou superior ao limite mínimo serão computadas integralmente como tempo de
contribuição, independentemente da quantidade de dias trabalhados. (Incluído pelo
Decreto nº 10.410, de 2020). Ver, também, art. 206 da IN 128/2022

Obs: as competências com salário de contribuição inferior ao mínimo não serão


computadas, salvo complementação/agrupamento/transferência de excedente

299
Empregado - antes da EC 103/2019 Empregado – após a EC 103

• Inicio do vínculo: 10/01/2018 • Inicio do vínculo: 10/01/2020

• Término do vínculo: 10/05/2018 • Término do vínculo: 10/05/2020

• Tempo de contribuição: 120 dias (4 • Tempo de contribuição: 150 dias (5


meses / 120 : 30) meses / 150 : 30)

• Obs: nos meses 01 e 05 de 2020 os


salários de contribuição foram iguais
ou superiores a 01 SM, mesmo sem
trabalho em todos os dias

300
10.5. Contribuições recolhidas com atraso: são computadas, desde que o recolhimento
seja anterior ao fato gerador e, para o segurado facultativo, não tenha havido a perda da
qualidade de segurado (art. 208 da IN 128/2022)

10.6. Contribuições abaixo do mínimo: a partir de 14/11/2019 (EC 103/2019) não serão
computadas, salvo complementação, agrupamento ou utilização de excedente, na forma
do art. 19-E do RPS e arts. 124 a 132 e 209 da IN 128/2022. (Obs: analisar o exemplo do
slide anterior)

10.7. Período indenizado (procedimento denominado reconhecimento de filiação e


retroação da data de início da contribuição): é computado, após quitado o valor da
indenização, conforme art. 96, IV, da Lei 8.213/91, art. 45-A da Lei 8.212/91, art. 124 do
RPS e arts. 98 e 99 da IN 128/2022. Ver item 9.14 retro.

10.8: indenização X direito adquirido X implemento dos requisitos de acesso X termo


inicial (DIB) do benefício: a indenização produz efeitos pretéritos ou prospectivos ao
pagamento? Em se tratando de fato constitutivo do direito, os efeitos são prospectivos
(opinião pessoal)
301
 Essa é a posição do INSS: ver Portaria DIRBEN/INSS nº 991/2022:

Art. 149. O recolhimento realizado em atraso pelo contribuinte individual que exerce atividade por
conta própria, pelo segurado especial que esteja contribuindo facultativamente ou
pelo Microempreendedor Individual, de que tratam os arts. 18-A e 18-C da Lei Complementar nº
123, de 2006, ou pelo segurado facultativo, poderá ser computado para tempo de contribuição,
desde que o recolhimento seja anterior à data do fato gerador do benefício pleiteado.

§ 4º Para cumprimento do disposto no caput, no que se refere ao recolhimento anterior à data do


fato gerador, será oportunizada a alteração da data de entrada do requerimento - DER nos
requerimentos de benefícios programáveis.

Art. 150. Para fins de cômputo do tempo de contribuição, não deverão ser consideradas as
contribuições efetuadas em atraso após o fato gerador, independentemente de se referirem a
competências anteriores, para os segurados a que se refere o art. 149.

302
§ 2º O recolhimento efetuado em atraso após o fato gerador não será computado para
nenhum fim, ainda que dentro do prazo de manutenção da qualidade de segurado, observada
a possibilidade de alteração da DER para os benefícios programáveis.
§ 4º Para fins de análise a direito adquirido, somente poderão ser considerados os
recolhimentos em atraso efetuados até a data da verificação do direito. Os recolhimentos
com data de pagamento posterior à data da análise do direito não integrarão o cálculo de
tempo de contribuição nessa regra, mesmo que se refiram a competências anteriores,
inclusive na situação de pagamento de indenização previdenciária.
§ 5º Para fins de verificação do tempo de contribuição apurado até 13 de novembro de 2019,
utilizado para verificação das regras de transição da aposentadoria por tempo de
contribuição com pedágio de 50% (cinquenta por cento) e de 100% (cem por cento), previstos
nos arts. 17 e 20 da Emenda Constitucional nº 103, de 12 de novembro de 2019, os
recolhimentos realizados em atraso em data posterior não serão considerados.
§ 6º Todos os recolhimentos em atraso realizados até a data de entrada do requerimento
serão considerados, inclusive para cômputo no tempo total calculado para a verificação do
direito às regras de transição aplicadas nas aposentadoria por idade, tempo de contribuição,
do professor e especial, observado o disposto no § 5º.

303
 Decisões recentes da TNU sobre o tema:

• PUIL Nº 5001844-45.2020.4.04.7114/RS (SESSÃO VIRTUAL DE 17/06/2022 A 23/06/2022).


TESE FIXADA: “HAVENDO NECESSIDADE DE INDENIZAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES
PREVIDENCIÁRIAS PARA FINS DE CONTAGEM DE TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO, O TERMO
INICIAL DO BENEFÍCIO ESTÁ CONDICIONADO AO SEU PAGAMENTO”.

• PUIL Nº 5008508-13.2020.4.04.7108/RS (SESSÃO VIRTUAL DE 17/06/2022 A 23/06/2022).


TESE FIXADA: “HAVENDO NECESSIDADE DE COMPLEMENTAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES
PREVIDENCIÁRIAS PARA FINS DE TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO E CARÊNCIA, O TERMO INICIAL
DO BENEFÍCIO ESTÁ CONDICIONADO AO SEU PAGAMENTO”.

304
 Julgado antigo do STJ no mesmo sentido:
PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. RECONHECIMENTO DE PERÍODO
COMO AUTÔNOMO. RECOLHIMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES. NECESSIDADE. EFEITOS
FINANCEIROS.
1. Para o reconhecimento do período compreendido entre julho de 1982 e outubro de 1989
como segurado autônomo, impõe-se o recolhimento das contribuições correspondentes.
2. Assim, referido lapso temporal só será computado para fins de concessão de benefício
previdenciário se houver o pagamento da respectiva indenização. Somente a partir desse
momento os requisitos restarão implementados e a parte autora fará jus à aposentadoria.
3. Recurso especial a que se nega provimento. (REsp n. 1.213.106/RS, relatora Ministra Maria
Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, julgado em 3/5/2012, DJe de 14/5/2012.)

 Complementação: o entendimento deve ser diverso, não sendo tratadas como


contribuições em atraso pelo próprio INSS. Nesse sentido: IN nº 128/2022 (art. 208,
§4º) e Portaria nº 991/2022 (art. 149, §5º e 150, §3º)

305
10.8. Períodos computados: art. 55 da Lei 8.213/91, arts. 19-C e 188-G do RPS e art. 211 da IN
128/2022. Destaco alguns:

• Períodos de contribuição regulamente laborados como segurado obrigatório/facultativo


(contribuição)

• Tempo de serviço militar, inclusive o voluntário (ver, inclusive, o art. 103, VI, da Lei 8.112/91);

• Tempo intercalado (períodos de atividade ou contribuição) em que esteve em gozo de


benefício por incapacidade;

• Tempo rural anterior à vigência da Lei 8.213/91 (competência 11/1991), independentemente


de indenização, exceto para carência (art. 188-G, IV, do RPS)

• Tempo como aluno aprendiz até 16/12/1998 (EC 20/1998);

• Tempo de contagem recíproca devidamente certificado por CTC

306
10.9. Contagem recíproca (arts. 201, §§9º e 9º-A da CF/88, arts. 96 a 99 da Lei
8.213/19, arts. 125 a 134 do RPS e arts. 511 a 522 da IN 128/2022):
 Conceito: direito dos segurados do RGPS de computarem tempo do RPPS/serviço militar e
vice-versa para fins de aposentadoria e outros benefícios/efeitos previdenciários previstos
em lei, observada a compensação financeira entre os regimes (Lei 9.796/99 e Decreto
10.188/2019)
 Requisito obrigatório: emissão de certidão de tempo de contribuição (CTC) pelo INSS
(RGPS) ou pelo órgão gestor do respectivo RPPS/serviço militar, na forma e com os
requisitos da Portaria MPS 154/2008 [revogada], arts. 511 a 519 e anexo XV da IN
128/2022) e dos arts. 20 a 39 do Anexo II da Portaria SGP/SEDGG/ME nº 10.360/2022
(para o RPPS da União)
• Tese reafirmada pela TNU: A CTC - Certidão de Tempo de Contribuição - é documento
essencial para fins de aproveitamento e contagem recíproca de tempo trabalhado sob o
regime próprio, no Regime Geral de Previdência Social, a qual deverá ser emitida
observando-se os ditames do art. 130 do Decreto n.º 3.048/99. (PUIL nº 1002780-
30.2020.4.01.3200, julgado em 15/09/2022)

307
 Regras mais importantes (art. 96 da Lei 8.213/91):
• I - não será admitida a contagem em dobro ou em outras condições especiais;
• II - é vedada a contagem de tempo de serviço público com o de atividade privada, quando
concomitantes;
• III - não será contado por um sistema o tempo de serviço utilizado para concessão de
aposentadoria pelo outro;
• IV - o tempo de serviço anterior ou posterior à obrigatoriedade de filiação à Previdência
Social só será contado mediante indenização da contribuição correspondente ao período
respectivo
• V - é vedada a emissão de Certidão de Tempo de Contribuição (CTC) com o registro exclusivo
de tempo de serviço, sem a comprovação de contribuição efetiva, exceto para o segurado
empregado, empregado doméstico, trabalhador avulso e, a partir de 1º de abril de 2003,
para o contribuinte individual que presta serviço a empresa obrigada a arrecadar a
contribuição a seu cargo, observado o disposto no § 5º do art. 4º da Lei nº 10.666, de 8 de
maio de 2003

308
• VI - a CTC somente poderá ser emitida por regime próprio de previdência social para ex-
servidor;

• VII - é vedada a contagem recíproca de tempo de contribuição do RGPS por regime


próprio de previdência social sem a emissão da CTC correspondente, ainda que o tempo
de contribuição referente ao RGPS tenha sido prestado pelo servidor público ao próprio
ente instituidor; Obs: fim da averbação automática em 17/01/2019 (MP 871/2019). Ver
art. 512 da IN 128/2022

• VIII - é vedada a desaverbação de tempo em regime próprio de previdência social


quando o tempo averbado tiver gerado a concessão de vantagens remuneratórias ao
servidor público em atividade

• IX - para fins de elegibilidade às aposentadorias especiais referidas no § 4º do art. 40 e


no § 1º do art. 201 da Constituição Federal, os períodos reconhecidos pelo regime
previdenciário de origem como de tempo especial, sem conversão em tempo comum,
deverão estar incluídos nos períodos de contribuição compreendidos na CTC e
discriminados de data a data. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)

309
 Casos específicos:
• Tempo rural anterior a novembro de 1991 (RGPS para RPPS): será reconhecido apenas
se houver indenização (STF [informativo 587], STJ: tese do tema 609, TCU: súmula 268
e TNU: súmula 10). Obs: e se for tempo de empregado rural?
• Somatório dos salários de contribuição para cálculo da RMI (contagem recíproca de
salários de contribuições) quando vedada a contagem recíproca de tempo de
contribuição por envolver períodos concomitantes (RPPS para RGPS) / aplicação do
art. 32 da Lei 8.213/91 (atividades concomitantes): INSS: impossibilidade (art. 223,
§1º, da IN 128/2022); STJ: possibilidade (REsp 1428981, 2ª T, 06/08/2015: único julgado
localizado), TNU: impossibilidade (PUIL 0014106-46.2014.4.01.3801, julgado em
27/06/2019)
• Responsabilidade pela emissão de CTC no caso de RPPS operado mediante convênio:
a emissão ou homologação da CTC caberá à unidade gestora do RPPS do ente
federativo que seria diretamente responsável pela concessão do benefício de
aposentadoria (art. 21-A da Portaria MPS 154/2008)

310
• Contagem recíproca para fins de duração da pensão por morte (RPPS para RGPS e vice-
versa): § 5o O tempo de contribuição a Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) será
considerado na contagem das 18 (dezoito) contribuições mensais de que tratam as alíneas “b” e
“c” do inciso V do § 2o. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)

• Aposentadoria cassada no RPPS: Tese do tema 233 da TNU: O servidor público aposentado no
RPPS e que sofrer pena de cassação de sua aposentadoria pode utilizar o respectivo período
contributivo para requerer aposentadoria no RGPS, devidamente comprovado por meio de
Certidão de Tempo de Contribuição fornecida pelo órgão público competente.

• Filiação obrigatória ao RGPS daquele oriundo de RPPS: TNU: “o trabalhador que contribuiu,
exclusivamente, para o Regime Próprio de Previdência (RPPS) deve estar formalmente filiado do
RGPS para obter a concessão de benefícios previdenciários” (PUIL 0501480-
38.2016.4.05.8109/CE, julgado em 22/08/2019). Obs: se era ex-segurado do RGPS, fica
dispensada a refiliação para a contagem recíproca (art. 3º da Lei 10.666/2003)

311
• Contagem recíproca e tempo especial: aplica-se a vedação do art. 96, I, da
Lei 8.213/91?
 A jurisprudência (STF e STJ) era pacífica no sentido contrário à possibilidade de
contagem recíproca, salvo na hipótese do servidor público ex-celetista que
trabalhava sob condições especiais antes de ser transposto para o regime
estatutário (art. 243 da Lei 8.112/90). Este faz jus à conversão do tempo de
atividade especial em tempo comum (período anterior à transposição) com o
devido acréscimo legal, para efeito de contagem recíproca no regime previdenciário
próprio dos servidores públicos (STF: RE 603581, 1ª T, 04/12/2014 e RE 408338, 2ª
T, 28/11/2008; TNU: súmula 66)

 Após o decidido pelo STF no tema 942 (possibilidade de contagem recíproca dentro
do RPPS até a EC 103/2019) e da emissão das notas técnicas SEI
792/2021/SRPPS/SPREV/SEPRT/ME, de 21/01/2021, pela Subsecretaria dos
Regimes Próprios de Previdência Social e SEI 6178/2021/SRGPS/SPREV/SEPRT, de
10/02/2021, pela Subsecretaria do Regime Geral de Previdência Social, ambos do
Ministério da Economia, a TNU alterou o seu posicionamento, na forma da tese do
tema 278:
312
Tema 278 da TNU:

I - O(A) segurado(a) que trabalhava sob condições especiais e passou, sob qualquer condição, para
regime previdenciário diverso, tem direito à expedição de certidão desse tempo identificado
como especial, discriminado de data a data, ficando a conversão em comum e a contagem
recíproca à critério do regime de destino, nos termos do art. 96, IX, da Lei n.º 8.213/1991;

II - Na contagem recíproca entre o Regime Geral da Previdência Social - RGPS e o Regime Próprio
da União, é possível a conversão de tempo especial em comum, cumprido até o advento da EC
n.º 103/2019.

O STJ parece seguir no mesmo sentido:


PREVIDENCIÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. CONVERSÃO DE TEMPO ESPECIAL EM COMUM.
CERTIDÃO DE TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO DO RGPS. SERVIDOR PÚBLICO. CONTAGEM RECÍPROCA.
APOSENTADORIA EM REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA. JUÍZO DE ADEQUAÇÃO. POSSIBILIDADE.
TEMA N. 942/STF.
I - A impetrante pretende a conversão de tempo especial em comum, com ulterior emissão de certidão
por tempo de contribuição, para poder utilizar o tempo de serviço exercido no Regime Geral da
Previdência Social - RGPS, na sua aposentadoria no Regime Próprio de Previdência Social - RPPS.

313
II - No EREsp n. 524.267/PB, rel. Ministro Jorge Mussi, Terceira Seção, DJe 24.3.2014, foi
sedimentado o entendimento de que, objetivando a contagem recíproca de tempo de serviço,
não se admite a conversão do tempo de serviço especial em comum, em razão da expressa
vedação legal (arts. 4º, I, da Lei n. 6.226/1975 e 96, I, da Lei n. 8.213/1991). Contudo, o
Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE n. 1.014.286, firmou a tese no sentido de
que, "até a edição da EC 103/2019, não havia impedimento à aplicação, aos servidores
públicos, das regras do RGPS para a conversão do período de trabalho em condições nocivas
à saúde ou à integridade física em tempo de atividade comum".

III - Dessa forma, forçosa a reforma do acórdão para realinhar o entendimento desta Corte
Superior e, nos termos do art. 1.040 do CPC/2015, fazer a devida adequação ao decidido pelo
Supremo Tribunal Federal, no Tema n. 942.

V - Agravo regimental provido, em juízo de retratação, nos termos dos arts. 1.030, II e 1.040,
II, do CPC/2015, para negar provimento ao recurso especial do INSS. (REsp 1592380/SC, Rel.
Ministro FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA TURMA, julgado em 08/02/2022, DJe 10/02/2022)

314
PROCESSUAL CIVIL. JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE
JURISPRUDÊNCIA. DIREITO MATERIAL NÃO APRECIADO NA ORIGEM. INADMISSIBILIDADE DO
INCIDENTE. DESPROVIMENTO DO AGRAVO INTERNO. MANUTENÇÃO DA DECISÃO RECORRIDA.
I - Trata-se de pedido de uniformização de interpretação de lei, com fundamento no art. 14, §
4°, da Lei n. 10.259/2001, em desfavor de julgado da Turma Nacional de Uniformização - TNU,
que conheceu do incidente de uniformização da União e negou-lhe provimento, julgando-o
como representativo de controvérsia, para fixar a tese do Tema 278 dos Representativos de
Controvérsia da TNU.
II - Alega a requerente que o acórdão da TNU contraria jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça. Assim, entende que o presente incidente merece ser conhecido e acolhido a fim de
seja vedado à parte recorrida a conversão do tempo de serviço especial em comum para fins
de contagem recíproca de tempo de serviço, em que se soma o tempo de serviço de atividade
privada.
III – [...] V - No caso em comento, o julgado resistido está em harmonia com o atual
entendimento desta Corte Superior que, por sua vez, alinhou-se ao decidido pelo Supremo
Tribunal Federal, em repercussão geral, no Recurso Extraordinário n. 1.014.286/SP-RG.

315
VI - Portanto, o direito à contagem recíproca do tempo de serviço exercido em condições
especiais com a conversão em tempo comum, é hoje reconhecido pela jurisprudência de
ambas as Cortes (STF e STJ). Nesse sentido: AREsp 1.141.255/SC, relator Ministro Francisco
Falcão, Segunda Turma, julgado em 15/3/2022, DJe 18/3/2022 e EDcl no AgInt no AREsp
1.268.697/ES, relator Ministro Gurgel de Faria, Primeira Turma, julgado em 15/3/2021,
DJe 6/4/2021.

VII - Agravo interno improvido. (AgInt no PUIL n. 2.674/RS, relator Ministro Francisco
Falcão, Primeira Seção, julgado em 20/9/2022, DJe de 22/9/2022.)

• Obs: PUIL já transitado em julgado.

• Obs: ainda está pendente RE (1.414.790) contra o decidido pela TNU no tema 278

316
• Períodos concomitantes de RGPS com transformação de um dos
vínculos em RPPS: jurisprudência favorável do STJ à acumulação de
aposentadorias em ambos os regimes (RPPS e RGPS)

PROFESSOR. ATIVIDADES CONCOMITANTES. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC.


INOCORRÊNCIA. RECOLHIMENTOS DISTINTOS COMO EMPREGO PÚBLICO E
CONTRIBUINTE INDIVIDUAL PARA O MESMO REGIME PREVIDENCIÁRIO.
TRANSFORMAÇÃO DO EMPREGO PÚBLICO EM CARGO PÚBLICO. APOSENTADORIA
ESTATUTÁRIA. AUSÊNCIA DE CONTAGEM DE TEMPO DE SERVIÇO EM DUPLICIDADE.
APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO NO RGPS.
POSSIBILIDADE. OMISSÃO. AUSÊNCIA DE VÍCIO.

I – [...].
III - Como delimitado pelo tribunal de origem, não há que falar em contagem em
duplicidade do lapso temporal durante o qual o segurado exerceu simultaneamente uma
atividade privada e outra sujeita a regime próprio de previdência, porquanto uma é
decorrente da contratação estatutária e outra da condição de contribuinte.

317
• IV - Não há óbice à utilização, para a obtenção de benefício previdenciário junto
ao regime próprio de previdência social, do tempo de serviço como emprego
público no qual houve recolhimento para o RGPS, exercido de
forma concomitante com outra atividade na iniciativa privada, e, da mesma
forma, é possível o aproveitamento do tempo de filiação ao RGPS, exercido na
iniciativa privada e prestado de forma concomitante ao emprego público, para o
deferimento de aposentadoria pelo INSS, mesmo que o período relativo ao
emprego público já tenha sido computado na inativação concedida
pelo regime próprio. Precedentes. V - Recurso especial desprovido. (REsp.
1.584.339/RS, Rel. Min. REGINA HELENA COSTA, DJe 3/08/2017).
• No mesmo sentido: REsp n. 1.805.144/SP, relator Ministro Herman Benjamin,
Segunda Turma, julgado em 3/9/2019, DJe de 11/10/2019. Também a TNU:
PEDILEF 50022719-04.2013.4.04.7003/PR, Dj 22/02/2018.
• Obs: importante verificar se houve contribuição para os dois regimes. Caso não
tenha havido (em razão do teto, por exemplo), não é possível a duplicidade de
benefícios
318
• Contagem recíproca e segurados contribuinte individual e facultativo que
recolhem sob as alíquotas de 11% e 5%: somente fazem jus à contagem
recíproca se realizarem a complementação para atingir 20% (9% e 15%).
Nesse sentido: art. 21, §3º, da Lei 8.212/91

• Tese do tema 522 STF: A imposição de restrições, por legislação local, à contagem
recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada
para fins de concessão de aposentadoria viola o art. 202, § 2º, da Constituição Federal,
com redação anterior à EC 20/98.

319
11. Salário de benefício e cálculo do valor do benefício
11.1. Regulamentação: arts. 28 a 40 da Lei 8.213/91, art. 26 da EC 103, arts.
31 a 39 do RPS e arts. 219 a 242 da IN 128/2022

11.2. Institutos afins/conceitos básicos:

 Salário de contribuição: conceito já trabalhado

 Salário de benefício: é a base de cálculo da renda mensal inicial (RMI) do


benefício (com exceção de alguns), apurada a partir de uma média dos
salários de contribuição

320
 Período básico de cálculo (PBC): é o intervalo de tempo, computado em meses, dentro do
qual são considerados os salários de contribuição utilizados para cálculo do salário de
benefício.
• Início: mês da filiação ou no plano real (07/1994).
• Término: mês anterior à data de entrada do requerimento (DER) ou de início do benefício
(DIB) ou da concretização do fato gerador de benefício não programado: o mês da DER/DIB
ou do fato gerador não é computado. Nesse sentido a redação original do art. 29 da Lei
8.213/91 alterada pela Lei 9.876/99, o art. 33 do RPS e art. 222, §1º, da IN 128/2022. Obs:
o STJ tem um julgado em sentido contrário, computando o mês da DER/DIB/fato gerador
(REsp 1577666, 1ª TR, Dje 14/02/2020)
 Fator previdenciário: componente atuarial instituído pela Lei 9.876/99 que visa estimular a
permanência do segurado como contribuinte do RGPS, retardando a opção pela
aposentadoria. Envolve as grandezas tempo de contribuição, idade e expectativa de vida e
atua reduzindo (em regra) ou elevando a renda mensal inicial do benefício, conforme o caso
(§§ 7º a 9º do art. 29 da Lei 8.213/91). Obs: extinto com a EC 103/2019, salvo em uma regra
específica de transição (art. 17)
321
 Renda mensal inicial do benefício (RMI): é o valor integral da primeira prestação
do benefício (que vai substituir a renda do trabalhador), calculada, em regra, pela
aplicação de um percentual sobre o salário de benefício
 Renda mensal do benefício ou renda mensal atual (RM ou RMA): é o valor do benefício
auferido mensalmente pelo beneficiário, inclusive com os reajustes anuais
11.3. Salário de benefício:

 Utilizado para cálculo dos benefícios de (art. 28 da Lei 8.213/91): a)


aposentadorias (todas); b) auxílio-doença (incapacidade temporária) e auxílio-
acidente; c) pensão por morte (indiretamente) e auxílio-reclusão (não mais a
partir da EC 103/2019: 01 SM)
 Não utilizado para o cálculo dos benefícios de: salário-família (valor fixo),
salário-maternidade (usa o valor da remuneração mensal ou do salário de
contribuição (Lei 8.213/91, arts. 28, 66, 72 e 73) e auxílio-reclusão após a EC 103/2019
(01 SM)

322
 Limites (Lei 8.213/91, art. 29, §2º): “O valor do salário de benefício não será
inferior ao de um salário mínimo, nem superior ao do limite máximo do
salário de contribuição na data de início do benefício.”
 Atualização dos salários de contribuição (CF, art. 201, § 3º) “Todos os
salários de contribuição considerados para o cálculo do benefício serão
devidamente atualizados, na forma da lei.” e (Lei 8.213/91, art. 29-B) “Os
salários-de-contribuição considerados no cálculo do valor do benefício serão
corrigidos mês a mês de acordo com a variação integral do Índice Nacional de
Preços ao Consumidor - INPC, calculado pela Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE”.
 Segurados especiais (Lei 8.213/91, art. 29, § 6º): “O salário-de-benefício do
segurado especial consiste no valor equivalente ao salário-mínimo, ressalvado o
disposto no inciso II do art. 39 e nos §§ 3o e 4o do art. 48 desta Lei.”
323
 Salários de contribuição constantes do PBC que são computados
para fins de salário de benefício:
• Segurados empregado, doméstico, trabalhador avulso e contribuintes
individuais que prestam serviços a pessoa jurídica pós 04/2003: os salários
de contribuição de todos os vínculos (mesmo que as contribuições não
tenham sido recolhidas pelos empregadores), sendo que existindo vínculo
e não existindo salário de contribuição será considerado o SM, com
possibilidade de revisão posterior (arts. 27, I, 34, I, 35 e 37 da Lei 8.213/91,
arts. 32, §22, I e 36, 2º, do RPS e art. 223 da IN 128/2022. Obs: reflexos na
revisão da vida toda.
• para o contribuinte individual por conta própria e o facultativo: os salários
de contribuição referentes aos meses de contribuição efetivamente
recolhidas (arts. 27, II e 34, III da Lei 8.213/91, art. 32, §22, III e 36, §1º,
do RPS e art. 223 da IN 128/2022
324
 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO SB

• Lei Eloy Chaves (1932): Média dos 60 últimos salários;

• Lei 3.807/1960: Média dos 12 últimos SC;

• Lei 5.890/73: 1/12 ou 1/36 do soma dos 12 ou 36 últimos SC;

• CF/1988: Média dos 36 últimos SC;

• Lei 8.213/1991 (redação original): Média de 36 SC;

• Lei 8.213/1991 (redação atual): M.a.s dos 80% > SC x FP ou M.a.s dos 80% > SC

• EC 103/2019 (regra geral): M.a.s dos 100% > SC com regra de descarte nos benefícios
programados

325
 Formas de cálculo do SB: 03 regimes importantes desde a CF/88:
• 1º Regime (vigorou até 29/11/1999, data da edição da Lei 9.876/99,
salvo ultratividade/direito adquirido): Art. 29. O salário-de-benefício
consiste na média aritmética simples de todos os últimos salários-de-
contribuição dos meses imediatamente anteriores ao do afastamento da
atividade ou da data da entrada do requerimento, até o máximo de 36
(trinta e seis), apurados em período não superior a 48 (quarenta e oito)
meses. (Art. 202 da CF e art. 29 da Lei 8.213/91)

• PBC de 48 meses

• Número de SC utilizados: 36

326
• 2º Regime (vigorou de 29/11/1999, data da edição da Lei 9.876/99, até
13/11/2019, data de entrada em vigor da EC 103/2019, salvo
ultratividade/direito adquirido):
• Segurados filiados a partir de 29/11/1999 (regra permanente: arts. 29, I
e II, da Lei 8.213/91):
Aposentadoria por idade e tempo de contribuição: média aritmética
simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a 80% de
todo o período contributivo (PBC), multiplicada pelo fator previdenciário.

OBS: A incidência do fator previdenciário é obrigatória para a


aposentadoria por tempo de contribuição - salvo se cumprida a regra do
85/95 pontos, prevista na Lei 13.183/2015 - e facultativa (somente se
vantajosa) para a aposentadoria por idade (Lei 9.876/1999, art. 7º). Nas
aposentadorias do deficiente (tempo de contribuição e idade) o fator é
sempre facultativo.
327
 Aposentadoria por invalidez e especial, auxílios doença e acidente: média
aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80%
de todo o período contributivo (sem o fator previdenciário)
• Segurados filiados até o dia anterior à Lei 9.876/99, ou seja, 28/11/99, (regra
transição: art. 3º da Lei 9.876/99): Obs: hipótese que envolve a “revisão da vida
toda” (tema 1102 do STF)
 Aposentadoria por idade e tempo de contribuição: média aritmética simples
dos maiores salários de contribuição correspondentes a 80% de todo o período
contributivo a partir da competência julho de 1994 ou desde o início da
contribuição se posterior a julho de 1994 (PBC), multiplicada pelo fator
previdenciário.

OBS 1: A incidência do fator previdenciário é obrigatória para a aposentadoria


por tempo de contribuição - salvo se cumprida a regra do 85/95 pontos,
prevista na Lei 13.183/2015 - e facultativa (somente se vantajosa) para a
aposentadoria por idade (Lei 9.876/1999, art. 7º)
328
 Aposentadoria por invalidez e especial, auxílios doença e acidente: média
aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a
80% de todo o período contributivo a partir da competência julho de 1994 ou
desde o início da contribuição se posterior a julho de 1994 (sem o fator
previdenciário)

OBS 2: para os benefícios de aposentadoria por tempo de contribuição, idade e


especial aplica-se o divisor mínimo de 60% (art. 3º, §2º da Lei 9.876/1999: §
2o No caso das aposentadorias de que tratam as alíneas b, c e d do inciso I
do art. 18, o divisor considerado no cálculo da média a que se refere
o caput e o § 1o não poderá ser inferior a sessenta por cento do período
decorrido da competência julho de 1994 até a data de início do benefício,
limitado a cem por cento de todo o período contributivo.
329
• Exemplos de aplicação do divisor mínimo para cálculo do SB:

a) Segurado com 10 contribuições entre julho de 1994 a junho de 2001 (DER da


aposentadoria por idade: junho de 2001). Julho/94 a junho/2001 (PBC) são 7 anos ou 84
meses. 60% desse período são 50. Como o número de contribuições é inferior a 60% desse
período (50), aplica-se o divisor mínimo, ou seja, o SB será calculado dividindo-se a soma
total do valor dos 10 salários de contribuição atualizados (numerador) por 50
(denominador ou divisor = 60% de 84) e não por 10

b) Segurado com 55 e não 10 contribuições nos mesmos PBC e DER acima. Como o número
de contribuições é superior a 60% desse período (50), não se aplica o divisor mínimo, ou
seja, o SB será calculado dividindo-se a soma total do valor dos 55 salários de contribuição
atualizados (numerador) por 55 (denominador ou divisor)

330
 Regra de exclusão do fator previdenciário (Lei 13.183, de 04/11/2015,
decorrente da conversão da MP 676, de 17/06/2015):
• OBS: não foi recepcionada pela EC 103/2019 (perdeu a eficácia), salvo para
hipóteses de ultratividade/direito adquirido
Art. 29-C. O segurado que preencher o requisito para a aposentadoria por tempo de
contribuição poderá optar pela não incidência do fator previdenciário no cálculo de sua
aposentadoria, quando o total resultante da soma de sua idade e de seu tempo de
contribuição, incluídas as frações, na data de requerimento da aposentadoria, for:
I - igual ou superior a noventa e cinco pontos, se homem, observando o tempo mínimo de
contribuição de trinta e cinco anos; ou
II - igual ou superior a oitenta e cinco pontos, se mulher, observado o tempo mínimo de
contribuição de trinta anos.
§ 1º Para os fins do disposto no caput, serão somadas as frações em meses completos de
tempo de contribuição e idade.

331
§ 2º As somas de idade e de tempo de contribuição previstas no caput serão majoradas em um ponto
em:
I - 31 de dezembro de 2018; (86/96)
II - 31 de dezembro de 2020; (não chegou a ser aplicada)
III - 31 de dezembro de 2022;
IV - 31 de dezembro de 2024; e
V - 31 de dezembro de 2026.

§ 3º Para efeito de aplicação do disposto no caput e no § 2º, o tempo mínimo de contribuição do


professor e da professora que comprovarem exclusivamente tempo de efetivo exercício de magistério
na educação infantil e no ensino fundamental e médio será de, respectivamente, trinta e vinte e cinco
anos, e serão acrescidos cinco pontos à soma da idade com o tempo de contribuição.
§ 4º Ao segurado que alcançar o requisito necessário ao exercício da opção de que trata o caput e
deixar de requerer aposentadoria será assegurado o direito à opção com a aplicação da pontuação
exigida na data do cumprimento do requisito nos termos deste artigo.

332
• Exemplo do 2º Regime:
– Segurado com 1º filiação em 01/2000 (regra permanente)
– Aposentadoria por tempo de contribuição com DER em 01/2019
– PBC de 01/2000 até 12/2018 = 216 meses (18 anos)
– Nº SC = 210
– SB = M. a. s dos 80% > SC X FP (salvo exclusão pela regra da
pontuação de 85/95)
– SB = M.a.s de 173 SC X FP (salvo exclusão pela regra da pontuação de
85/95)
– RMI = SB X 100%

333
• Exemplo do 2º Regime:
– Segurado com filiação desde 01/1988 (regra transitória)
– Aposentadoria por tempo de contribuição com DER em 01/2017
– PBC de 07/94 até 12/2017 = 281 meses (23 anos e 5 meses)
– Nº SC = 270
– SB = M. a. s dos 80% > SC X FP (salvo exclusão pela regra da
pontuação de 85/95)
– SB = M.a.s de 216 SC X FP(salvo exclusão pela regra de pontuação de
85/95)
– RMI = SB X 100%

334
• Obs: Revisão da Vida Toda – RVT (tese firmada pelo STF no RE 1.276.977/DF,
tema 1102):
“O segurado que implementou as condições para o benefício previdenciário após a
vigência da Lei 9.876, de 26.11.1999, e antes da vigência das novas regras
constitucionais, introduzidas pela EC 103/2019, tem o direito de optar pela regra
definitiva, caso esta lhe seja mais favorável.” (RE 1276977, julgado em 01/12/2022 e
ainda não transitado em julgado)

• Decisão recorrida: julgado do STJ no REsp 1.596.203/PR (Tema 999) que acolheu a tese
• Trânsito em julgado: não. O INSS interpôs embargos de declaração alegando/postulando: (i)
atribuição de efeito suspensivo dos processos até solução final; (ii) falta de decisão quanto à
nulidade do acórdão recorrido por inobservância do art. 97 da CF/88 (cláusula de reserva de
plenário); (iii) omissão a respeito da prescrição e decadência; (iv) omissão sobre o divisor
mínimo de 60% do período básico de cálculo (PBC); (v) necessidade de adstrição ao pedido do
caso piloto (benefícios de aposentadoria por tempo de contribuição); (vi) omissão sobre a
modulação dos efeitos da decisão

335
• Parâmetros e alcance do julgado:
i. Benefício concedidos nos termos do art. 3º da Lei 9.876/99: de 26/11/1999 (vigência da
lei) até 13/11/2019 (vigência da EC 103);
ii. Alcança todos os benefícios dentro o período citado (inclusive os já extintos: auxílio-
doença, por exemplo), cuja renda mensal inicial foi calculada com base no salário de
benefício (ficam de fora o salário-família, salário-maternidade, aposentadoria rural do
segurado especial do art. 39, I, da Lei 8.213/91).
iii. Recálculo do salário de benefício utilizando todos os salários de contribuição da vida
contributiva do segurado: sem o recorte de julho de 1994
iv. Se o salário de contribuição não estiver no CNIS e não houver prova documental (à cargo
do segurado), será considerado o salário-mínimo (art. 35 da Lei 8.213/91). Obs: ver
detalhamento do slide 292;
v. A princípio, não se aplica o divisor mínimo de 60% previsto no §2º do art. 3º da Lei
9.876/99, que não consta da regra permanente. Obs: ver tese do INSS nos embargos

336
vi. Incide decadência do direito de revisão (inclusive para a aposentadoria por invalidez e
pensão por morte/auxílio-reclusão, levando em conta o benefício originário) e a
prescrição quinquenal das parcelas vencidas, na forma do art. 103 da Lei 8.213/91, por
ser tratar de revisão do ato de concessão/RMI
vii. Aplicação de índices de correção litigiosos (não adotados na via administrativa, a
exemplo do IRSM de 02/1994). Obs: questão que merece atenção
viii. Necessidade de apresentação de planilha de cálculo com a inicial, para fins de aferir o
interesse de agir, pois em muitos casos a aplicação da tese no caso concreto não gera
elevação da RMI/RMA;
ix. Dispensa de prévio requerimento administrativo, por ser pedido de revisão e se tratar de
tese notoriamente rejeitada na via administrativa (Tema 350 do STF)

Obs: discussões interessantes sobre os números envolvidos na “Revisão da Vida Toda”: (i)
Nota Técnica 12/2022/DIRBEN-INSS, de 04/03/2022; (ii) artigo publicado pelo IEPREV
(https://www.ieprev.com.br/conteudo/categoria/3/9171/os_ardilosos_dados_economicos_tr
azidos_pelo_inss_na_revisao_da_vida_toda#:~:text=Desta%20vez%20utilizaram%20a%20m%
C3%ADdia,dos%20R%24%20360%20bilh%C3%B5es%E2%80%9D.)
337
• 3º Regime (em vigor a partir de 14/11/2019 [inclusive], data da
entrada em vigor da EC 103/2019): média aritmética simples correspondente a
100% do período contributivo desde a competência julho de 1994 ou desde o início da
contribuição, se posterior àquela competência, com as exclusões aplicáveis na forma do art.
26, §6º, da EC 103

Art. 26. Até que lei discipline o cálculo dos benefícios do regime próprio de previdência social
da União e do Regime Geral de Previdência Social, será utilizada a média aritmética simples
dos salários de contribuição e das remunerações adotados como base para contribuições a
regime próprio de previdência social e ao Regime Geral de Previdência Social, ou como base
para contribuições decorrentes das atividades militares de que tratam os arts. 42 e 142 da
Constituição Federal, atualizados monetariamente, correspondentes a 100% (cem por cento)
do período contributivo desde a competência julho de 1994 ou desde o início da contribuição,
se posterior àquela competência.

338
§ 6º Poderão ser excluídas da média as contribuições que resultem
em redução do valor do benefício, desde que mantido o tempo
mínimo de contribuição exigido, vedada a utilização do tempo
excluído para qualquer finalidade, inclusive para o acréscimo a que se
referem os §§ 2º e 5º, para a averbação em outro regime
previdenciário ou para a obtenção dos proventos de inatividade das
atividades de que tratam os arts. 42 e 142 da Constituição Federal.
(regra de descarte)
• OBS: a regra do descarte somente se aplica às aposentadorias voluntárias
(programada, especial, idade e tempo de contribuição, inclusive nas regras
de transição), únicos benefícios que exigem tempo mínimo de
contribuição. Art. 32, §§ 24 a 27 do RPS. Não se aplica aos benefícios de
risco. Obs: sobre a aplicação na aposentadoria do deficiente, ver slide no
tópico específico de análise do benefício
339
• Atenção 1: o regime implementado pela EC/103 para cálculo do SB (PBC
de 100%, sem exclusão dos 20% menores SC) se aplica ao auxílio-doença e
ao auxílio-acidente ou para estes benefícios continua sendo aplicável o
regime anterior (80%)?
Posição 1: Não se aplica
Posição 2: se aplica, sendo esta a posição do INSS (art. 32 do RPS) e que
se mostra correta, considerado o caput do art. 26, que abrange todos os
benefícios sem distinção
• Atenção 2: e para as aposentadorias da pessoa com deficiência?
Posição do INSS: sim (arts. 70-J e 32 do RPS)
Posição da doutrina: não, devendo ser observado o art. 29 da Lei 8.213/91 (m.a.s
dos 80% > SC, na forma da parte final do art. 22 da EC 103/2019 e do art. 8º da LC
142/2013. Obs: parece a posição correta.

340
• Atenção: o fim do “milagre da contribuição única”
– A EC 103/2019 não estabeleceu um divisor mínimo para os segurados filiados ao RGPS
em período anterior a 07/1994, como previsto no art. 3º, §2º, da Lei 9.876/94 (ver slides
retros)
– Esta omissão, aliada à regra de descarte do art. 26, §6º, da EC 103/2019, permitiu o
chamado “milagre da contribuição única”, com cálculo da RMI do benefício valendo-se de
apenas uma contribuição realizada após 07/1994. Neste caso, a RMI era calculada no valor
de 60% do teto do RGPS

– Este erro crasso (que gerou e ainda vai gerar [direito adquirido] muito prejuízo ao RGPS) foi
corrigido com a edição da Lei 14.331/2022, vigente desde 05/05/2022, que recriou o
divisor mínimo, agora com número fixo de 108 meses:
– “Art. 135-A. Para o segurado filiado à Previdência Social até julho de 1994, no cálculo do
salário de benefício das aposentadorias, exceto a aposentadoria por incapacidade
permanente, o divisor considerado no cálculo da média dos salários de contribuição não
poderá ser inferior a 108 (cento e oito) meses.”. (Ver §4 do art. 228 da IN 128/2022)

341
• Exemplo do 3º Regime:
• Aposentadoria voluntária comum com DER em 07/2020
• Segurado com filiação desde 01/1985
• PBC de 07/94 até 06/2020 = 312 Meses
• Nº SC = 300
• SB = M. a. s de todos (300) os SC (100%) com as exclusões do
§6º do art. 26 da EC 103/2019, se possível
• RMI = SB X 60% + 2% por ano que ultrapassar 15 (M) ou 20 (H)

342
11.4. Especificidades sobre o salário de benefício:
 Salário de benefício e CNIS: Art. 29-A. O INSS utilizará as informações constantes no Cadastro
Nacional de Informações Sociais – CNIS sobre os vínculos e as remunerações dos segurados,
para fins de cálculo do salário-de-benefício, comprovação de filiação ao Regime Geral de
Previdência Social, tempo de contribuição e relação de emprego.
 Não é considerado o 13º salário (§3º do art. 29 da Lei 8.213/91), salvo quando os requisitos de
concessão foram preenchidos em data anterior à vigência da Lei 8.870/94 (Tese do tema 904
do STJ)
 Benefício por incapacidade no PBC intercalado com período de atividade: § 5º do art. 29: Se,
no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua
duração será contada, considerando-se como salário-de-contribuição, no período, o salário-de-
benefício que serviu de base para o cálculo da renda mensal, reajustado nas mesmas épocas e
bases dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1 (um) salário mínimo.
• Obs: se não for intercalado não conta (ver art. 224 da IN 128/2022).
343
 Conversão de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez sem solução de
continuidade (sem retorno ao trabalho ou novas contribuições):
• Auxílio-doença (fato gerador: DII) e aposentadoria por invalidez (fato gerador: DII)
até 13/11/2019 (EC 103/2019): aplica-se o §7º do art. 36 do RPS, na forma das
teses dos temas 88 do STF e 704 do STJ e súmula 557 do STJ:
A aposentadoria por invalidez decorrente da conversão de auxílio-doença, sem retorno do segurado
ao trabalho, será apurada na forma estabelecida no art. 36, § 7º, do Decreto 3.048/99, segundo o
qual a renda mensal inicial - RMI da aposentadoria por invalidez oriunda de transformação de
auxílio-doença será de cem por cento do salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da
renda mensal inicial do auxílio-doença, reajustado pelos mesmos índices de correção dos benefícios
em geral.
• Auxílio-doença (fato gerador: DII) até 13/11/2019 e aposentadoria por invalidez (fato
gerador: DII) a partir de 14/11/2019: recalcula o salário de benefício (média de 100% dos
salários de contribuição e não mais de 80%) e aplica-se o quociente de 60% + 2% a cada
ano de contribuição que ultrapassar 15 (M) ou 20 (H) anos. Obs: art. 233, §1º, da IN
128/2022

344
• Auxílio-doença (fato gerador: DII) e aposentadoria por invalidez (fato gerador: DII)
a partir de 14/11/2019: aplica-se a metodologia do revogado §7º do art. 36 do RPS,
valendo-se do mesmo salário de benefício do auxílio-doença, devidamente
reajustado, aplicando-se o quociente de 60% + 2% a cada ano de contribuição que
ultrapassar 15 (M) ou 20 (H) anos;
 Percepção de auxílio-acidente no PBC para as aposentadorias: Art. 31. O valor mensal
do auxílio-acidente integra o salário-de-contribuição, para fins de cálculo do salário-de-
benefício de qualquer aposentadoria, observado, no que couber, o disposto no art. 29 e
no art. 86, § 5º.
OBS:
(i) aplica-se, inclusive, no caso do segurado especial, conforme art. 36, §6º, do RPS (a
aposentadoria passa a ser de 1,5 SM). Obs: a matéria foi afetada para julgamento pela
TNU no tema 322 (PUIL 5014634-54.2021.4.04.7202/SC, 15/03/2023);
(ii) inexistindo período de contribuição ou de benefício por incapacidade intercalado
dentro do PCB, o valor do auxílio-acidente não supre a falta do salário de contribuição
(art. 224, §6º, da IN 128/2022)

345
 SB nas Atividades concomitantes (art. 32 da Lei 8.213/91 [revogado pela Lei
13.856/2019], art. 34 do RPS, arts. 190 a 195 da IN 77/2015 e art. 225 da IN 128/2022):

• Situação 1: Quando o segurado satisfizer, em relação a cada atividade, os


requisitos para a concessão do benefício, o SB será calculado com base na
soma integral dos respectivos SC’s, limitado ao teto

• Situação 2: Quando o segurado preencher os requisitos para a concessão


do benefício em apenas uma das atividades, o SB correspondia à soma das
seguintes parcelas: a) SB calculado com base nos SC’s da atividade em que
cumpridos os requisitos (atividade principal); b) um percentual da média
dos SC’s das demais atividades (atividade secundária)

346
• Exemplo da situação 2: Maria foi professora universitária por 30 anos
e contadora por 10 anos (concomitantes). Assim, completou os
requisitos para se aposentar por tempo de contribuição como
professora e não como contadora. O seu SB da atividade de
professora foi de R$ 2.000,00 e da atividade de contadora de R$
1.500,00. No entanto, do SB como contadora Maria vai receber
somente um percentual de 10/30 avos, ou seja, R$ 500,00. Assim,
seu SB será de R$ 2.500,00, gerando uma RMI de R$ 2.500,00 (100%
do SB)

347
• Situação 3: quando o segurado não preencher os requisitos em nenhuma
das atividades, mas somente com os somatório delas, permanecendo a
concomitância em um ou mais períodos, será tida como atividade
principal aquela na qual o segurado possua mais tempo de contribuição
(INSS) ou que lhe proporcione maior proveito econômico/maior salário de
benefício (STJ) e a outra como secundária (sofrerá o percentual)

• Exemplo da situação 3: Maria trabalhou 23 anos como professora e 10


como contadora, sendo que somente 3 anos são concomitantes. Assim
sendo, somados os 23 anos de professora e 7 de contadora não
concomitantes, tem 30 anos de contribuição e pode se aposentar. Nos 3
anos concomitantes o cálculo do SB será feito com proporcionalização da
atividade de contadora.
348
 A TNU, na tese do tema 167, afastou a aplicação do artigo 32 a partir da
vigência da Lei 10.666/2003: “O cálculo do salário de benefício do segurado
que contribuiu em razão de atividades concomitantes vinculadas ao RGPS e
implementou os requisitos para concessão do benefício em data posterior a
01/04/2003, deve se dar com base na soma integral dos salários-de-
contribuição (anteriores e posteriores a 04/2003) limitados ao teto”.

 Tese do tema 1.070 STJ: “Após o advento da Lei 9.876/99, e para fins de
cálculo do benefício de aposentadoria, no caso do exercício de atividades
concomitantes pelo segurado, o salário-de-contribuição deverá ser composto
da soma de todas as contribuições previdenciárias por ele vertidas ao
sistema, respeitado o teto previdenciário”. Obs: vigência da Lei: 29/11/1999

 Com a Lei 13.846/2019, o artigo 32 foi revogado, não se aplicando mais para
os benefícios requeridos a partir de 18/06/2019. Assim, a partir de sua
vigência, sempre haverá a soma integral dos salários de contribuição até o
teto do RGPS
349
11.5. RMI/RMA do benefício (art. 33 a 40 da Lei 8.213/91, art. 26, §2º, da EC 103/2019, arts. 35
a 39 do RPS e arts. 231 a 242 da IN 128/2022):
 Limites:
• Mínimo (piso): 01 salário mínimo (CF, art. 201, §2º), ressalvados o auxílio-acidente, o
salário-família, a parcela a cargo do RGPS dos benefícios por totalização decorrentes de
acordos internacionais (Decreto 3.048/99, art. 42, parágrafo único) e o auxílio por
incapacidade temporária nos casos de atividades concomitantes e incapacidade somente
para uma delas
• Máximo (teto): limite máximo do salário de contribuição (para 2023: R$ 7.507,49),
ressalvadas a aposentadoria por incapacidade permanente (invalidez) no caso de
necessidade de assistência permanente de outra pessoa (Lei 8.213/91, art. 45) e o salário-
maternidade das seguradas empregada e trabalhadora avulsa (STF, ADI 1946/DF)
• Contribuinte individual por conta própria e facultativo que contribuem pelo plano
simplificado (11%) ou supersimplificado (5%): a RMI/RMA será de 01 SM, na forma dos §§
12 a 13 da CF/88. Obs: na forma do §6º do art. 39 do RPS, a RMI/RMA somente ficará
limitada ao SM, obrigatoriamente, se todo o período contributivo foi de 5% ou 11%
(“exclusivamente”). Caso contrário, devem ser calculados o SB e a RMI/RMA conforme
metodologia aplicável à espécie de benefício/período

350
 Percentuais (coeficiente) para cálculo da RMI
• 1º Regime: até a entrada em vigor da EC 103/2019

Auxílio-doença (Lei 8.213/91, art. 61): 91% do SB.

• OBS: Para os benefícios com fato gerador a partir de 01/03/2015, a RMI


do auxílio-doença tem um limitador externo: Art. 29, § 10, da Lei
8.213/91. O auxílio-doença não poderá exceder a média aritmética
simples dos últimos 12 (doze) salários-de-contribuição, inclusive em caso
de remuneração variável, ou, se não alcançado o número de 12 (doze), a
média aritmética simples dos salários-de-contribuição existentes. (Incluído
pela Lei nº 13.135, de 2015)

Aposentadorias por invalidez, tempo de contribuição e especial (Lei


8.213/91, arts. 44, 53 e 57, §1º): 100% do SB
351
 Aposentadoria por idade (Lei 8.213/91, art. 50): 70% do SB mais 1% por
grupo de 12 contribuições até o limite de 100%. O acréscimo de 1% exige
contribuição efetiva (ou presumida), não sendo admitido, por exemplo,
tempo rural não contributivo (STJ: AgRg no REsp 1.529.617/SP, Dje
19/06/2015 e súmula 76 da TNU). Do segurado especial é de 01 SM.
 Pensão por morte ou auxílio-reclusão (Lei 8.213/91, arts. 75 e 80): 100%
do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria
direito se estivesse aposentado por invalidez
 Auxílio-acidente (Lei 8.213/91, art.86, §1º): 50% do salário de benefício.
• Obs: fatos geradores entre 12/11/2019 a 19/04/2020 (período de
vigência da MP 905/2019, revogada pela MP 955/2020): será de 50%
do valor da aposentadoria por incapacidade permanente (invalidez) a
que teria direito o segurado

352
 Salário família (Lei 8.213/91, art. 66): fixado por portaria interministerial.
Para o ano de 2019 (até a vigência da EC 103/2019) vigorou a Portaria 9/2019 do
Ministério da Economia, que estabeleceu o valor do salário-família em R$ 46,54
por filho de até 14 anos incompletos ou inválido para quem ganhar até R$
907,77. Já para o trabalhador que receber acima de R$ 907,77 até R$
1.364,43 (teto da baixa renda), o valor do salário-família por filho de até 14
anos de idade ou inválido de qualquer idade será de R$ 32,80

 Salário maternidade (Lei 8.213/91, arts. 72 3 73): Segurada empregada e


avulsa: valor igual ao de sua última remuneração, limitado ao teto do STF
(art. 248 da CF/88); empregada doméstica: valor correspondente ao seu
último salário de contribuição; contribuinte individual, facultativa e segurada
desempregada (período de graça): 1/12 da soma dos doze últimos salários de
contribuições, apurados em período não superior a quinze meses; segurada
especial: 01 SM, salvo a hipótese do art. 39, II.

353
• 2º Regime: após a entrada em vigor da EC 103/2019
 Auxílio-doença (Lei 8.213/91, art. 61): 91% do SB.
• continua sendo aplicado o limitador externo do art. 29, §9º, da Lei 8.213/91? Para o
INSS sim (art. 32, §23, do RPS e art. 233, I, ‘b’, da IN 128/2022), posição que parece
correta, uma vez que a EC 103/2019 trata de SB e não de RMI/RMA

• A situação de perplexidade (?) em relação ao percentual da aposentadoria por


incapacidade permanente (60% + 2%).

 Aposentadorias por incapacidade permanente (art. 26, §2º, III e §5º da EC


103): 60% do SB + 2% a cada ano de contribuição que exceder a 20 para o
homem e 15 para a mulher

Obs: quando a incapacidade permanente decorrer de acidente de trabalho, de


doença profissional e de doença do trabalho: 100% do SB (§3º, II).

354
 Aposentadorias programadas (regras transitórias e de transição)

a) Regra geral: 60% do SB + 2% por ano de contribuição que ultrapassar 20 anos para o
homem e 15 para a mulher, com aplicação às seguintes aposentadorias (art. 26, §2º):

• Regra transitória do art. 19, caput (aposentadoria programada comum, especial


e do professor)

• Regra de transição do artigo 15, inclusive do professor (tempo de contribuição


com pontuação e sem idade mínima)

• Regra de transição do art. 16, inclusive do professor (tempo de contribuição com


idade mínima)

355
• Regra de transição do art. 21 (aposentadoria especial), sendo que para as atividades
nocivas de 15 anos o acréscimo de 2% incide a partir dos 15 anos para homens e
mulheres

• Regra de transição do art. 18 (aposentadoria por idade)

Obs: (i) tempo rural não contributivo anterior à Lei 8.213/91, (ii) tempo de benefício
por incapacidade intercalado e (iii) tempo especial convertido em comum geram o
aumento de 2% na RMI ou atraem a incidência do §14 do art. 195 da CF/88 (tempo
ficto) e da súmula 76 da TNU? Opinião pessoal: sim. O acréscimo exige, somente, “ano
de contribuição” e não “grupo de 12 contribuições” (art. 50 da Lei 8.213/91), não
existe ato normativo vedando e o próprio INSS vem computando na via administrativa.

356
b) Regras específicas:
• Regra de transição do artigo 17 (tempo de contribuição superior a 28 e 33 anos na
data de vigência da EC 103, sem idade mínima e pedágio de 50%): 100% do SB
multiplicado pelo fator previdenciário, sem a regra do 85/95 para excluir o fator
(parágrafo único do art. 17)
• Regra de transição do art. 20, inclusive para o professor (tempo de
contribuição com idade mínima e pedágio): 100% do SB (art. 20, §2º, II e art,
26, §3º, I)

 Pensão por morte (art. 23 da EC 103): será aplicado o regime de cotas


(familiar [50%] com acréscimo individual [10%] até o máximo de 100% sobre
o valor da aposentadoria que o segurado recebia ou daquela que teria direito
se estivesse aposentado por incapacidade permanente na data do óbito
(base de cálculo). No caso de dependente inválido ou com deficiência
intelectual ou mental grave será de 100% da base de cálculo. Obs: critério de
cálculo declarado constitucional pelo STF na ADI 7051 (julgamento finalizado
em 23/06/2023).
357
 Auxílio-reclusão (art. 27, §1º, da EC 103): será sempre de 01 SM
 Auxílio-acidente (Lei 8.213/91, art.86, §1º): 50% do salário de benefício.
• Obs: fatos geradores entre 12/11/2019 a 19/04/2020 (período de vigência da MP
905/2019, revogada pela MP 955/2020): será de 50% do valor da aposentadoria por
incapacidade permanente (invalidez) a que teria direito o segurado

 Salário família (Lei 8.213/91, art. 66): fixado por portaria interministerial.
Para o ano de 2023 (Portaria MPS/MF nº 26, de 10/01/2023), o valor do
salário-família é de R$ 59,82 (cota única) por filho de até 14 anos
incompletos ou inválido para quem ganhar até R$ 1.754,18 (limite da baixa
renda)
 Salário maternidade (Lei 8.213/91, arts. 72 3 73): sem alteração em relação
ao regime anterior
358
Sistemática de cálculo esquematizada: ANTES da EC
103/2019
• 1ª etapa: separação dos salários de contribuição a serem utilizados
no cálculo do benefício, levando-se em conta o PBC
• 2ª etapa: atualização, mês a mês, de todos os salários de contribuição
separados na etapa anterior
• 3ª etapa: apuração do salário de benefício a partir da média
aritmética simples dos 80% maiores salários de contribuição (com
descarte dos 20% menores) e da incidência do fator previdenciário, se
for o caso
• 4ª etapa: apuração da RMI, a partir da incidência do coeficiente
específico sobre o salário de benefício

359
Sistemática de cálculo esquematizada: DEPOIS da EC
103/2019
• 1ª etapa: separação dos salários de contribuição a serem utilizados no
cálculo do benefício levando-se em conta o PBC
• 2ª etapa: atualização, mês a mês, de todos os salários de contribuição
separados na etapa anterior
• 3ª etapa: apuração do salário de benefício a partir da média aritmética
simples dos 100% maiores salários de contribuição (com as exclusões
possíveis, na forma do §6º do art. 26 da EC 103)
• 4ª etapa: apuração da RMI a partir da incidência do coeficiente específico
sobre o salário de benefício (em regra, 60% + 2% por anos após 20
(homem) e 15 (mulheres)

360
12. BENEFÍCIOS EM ESPÉCIE
12.1. Requisitos genéricos para a concessão de benefícios previdenciários:

(i) ter qualidade de segurado quando da ocorrência do fato gerador coberto pelo
RGPS, salvo hipóteses expressamente previstas em lei

(ii) ter qualidade de dependente quando da ocorrência do fato gerador coberto pelo
RGPS nos casos de pensão por morte e auxílio-reclusão;

(iii) ter implementado a carência antes da ocorrência do fato gerador coberto pelo
RGPS, salvo as hipóteses de dispensa previstas em lei

(iv) estar caracterizado o fato gerador coberto pelo RGPS

361
12.2. Rol e classificação dos benefícios (art. 25 do RPS adaptado)

• Benefícios não programados ou • Benefícios programados


de risco
• Aposentadoria por incapacidade • Aposentadorias voluntárias:
permanente (antiga aposentadoria • Aposentadoria programada (comum e
do professor)
por invalidez)
• Aposentadoria por idade do
• Auxílio por incapacidade trabalhador rural
temporária (antigo auxílio-doença) • Aposentadoria especial
• Auxílio-acidente • Aposentadoria da pessoa com
deficiência (PCD)
• Salário-maternidade
• Aposentadorias em regras de direito
• Salário-família adquirido e transição
• Pensão por morte
• Auxílio-reclusão

362
13. Aposentadoria por incapacidade permanente (antiga
aposentadoria por invalidez)
13.1. Regulamentação: Lei 8.213/91 (arts. 42 a 47), RPS (arts. 43/50)
e IN 128/2022 (arts. 326 a 334)

13.2. Códigos de concessão: a) B92: aposentadoria por incapacidade


permanente por acidente de trabalho ou acidentária; b) B32:
aposentadoria por incapacidade permanente previdenciária (ou
comum)

13.3. Beneficiários: todos os segurados (sem exceção)

363
13.4. Requisitos:

1º: Qualidade de segurado: sim, na data do fato gerador (DII: data de início da
incapacidade)

2º: Carência: sim, que deve estar totalmente implementada na data do fato
gerador (DII), salvo hipótese legal de dispensa

3º: Fato gerador: Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida,
quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou
não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de
reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-
á paga enquanto permanecer nesta condição. = incapacidade total e
permanente/definitiva (invalidez)
364
13.5. Conceito de incapacidade laborativa e suas classificações:

 Conceito (Manual de Perícias do INSS: Resolução 637/2018 do INSS):


• Principal (não posso): Incapacidade laborativa é a impossibilidade de
desempenho das funções específicas de uma atividade, função ou
ocupação habitualmente exercida pelo segurado, em consequência de
alterações morfopsicofisiológicas provocadas por doença ou acidente
(Manual de Perícias do INSS: Resolução 637/2018 do INSS)

• Complementar ou secundário (não devo): Deverá estar


implicitamente incluído no conceito de incapacidade, desde que
palpável e indiscutível no caso concreto, o risco para si ou para
terceiros, ou o agravamento da patologia sob análise, que a
permanência em atividade possa acarretar

365
 Classificação: grau, duração e profissão desenvolvida

• Grau (conceito do manual de perícias do INSS):


• I) parcial: limita o desempenho das atribuições do cargo, sem risco de
morte ou de agravamento, embora não permita atingir a meta de
rendimento alcançada em condições normais; ou
• II) total: gera impossibilidade de desempenhar as atribuições do cargo,
função ou emprego.
• Grau (conceito utilizado na prática previdenciária):
• I) parcial: aquela que gera impossibilidade do segurado exercer o seu
trabalho ou a sua atividade habitual, existindo capacidade residual para o
exercício de outros trabalhos/atividades; ou
• II) total: aquela que gera impossibilidade do segurado exercer qualquer
trabalho que possa garantir a sua manutenção

366
• Duração (conceito do manual de perícias do INSS):
• I) temporária: para a qual se pode esperar recuperação dentro de prazo
previsível; ou
• II) indefinida: é aquela insuscetível de alteração em prazo previsível
com os recursos da terapêutica e reabilitação disponíveis à época

• Duração (conceito utilizado na prática previdenciária):


• I) temporária: para a qual se pode esperar recuperação dentro de
prazo previsível; ou
• II) permanente ou definitiva: aquela que não tem prognóstico de
cessação/recuperação dentro de um prazo determinado,
considerados os recursos da terapêutica e reabilitação disponíveis à
época
367
 Reflexos da impossibilidade de se impor a realização de cirurgia ou transfusão de
sangue) ao segurado (art. 101, III, da Lei 8.213/91) na classificação da incapacidade
(duração): transforma, em regra, a incapacidade de temporária em permanente, mas
não autoriza, de pronto e por si só, a concessão da aposentadoria por incapacidade
permanente, que exige, também, incapacidade total e inviabilidade de reabilitação
profissional

Tese do tema 272 da TNU: A circunstância de a recuperação da capacidade depender de


intervenção cirúrgica não autoriza, automaticamente, a concessão de aposentadoria por
invalidez (aposentadoria por incapacidade permanente), sendo necessário verificar a
inviabilidade de reabilitação profissional, consideradas as condições pessoais do
segurado, e a sua manifestação inequívoca a respeito da recusa ao procedimento
cirúrgico

368
• Profissão desenvolvida (conceito do manual de perícias do INSS):
I - uniprofissional: aquela que alcança apenas uma atividade, função ou ocupação
específica;
II - multiprofissional: aquela que abrange diversas atividades, funções ou
ocupações profissionais; ou
III - omniprofissional: aquela que implica na impossibilidade do desempenho de
toda e qualquer atividade, função ou ocupação laborativa

 Incapacidade que caracteriza o fato gerador do benefício:

• incapacidade permanente (EC 103/2019) = incapacidade total e


permanente/definitiva (antiga invalidez): incapacidade laborativa total
(ominiprofissional: toda e qualquer atividade) e de duração indefinida, sem
possibilidade plausível (insusceptibilidade) de recuperação ou reabilitação
profissional, que inviabiliza o exercício de atividade remunerada que possa garantir
a manutenção do segurado
369
 Conceitos, possibilidades e casuística envolvendo a caracterização da
incapacidade permanente (invalidez):

a) a dificuldade, de plano, somente sob o ângulo biofísico (físico, mental,


sensorial e fisiológico) de se caracterizar uma incapacidade omniprofissional

b) a necessidade de se conhecer o meio ambiente de trabalho, os riscos


ocupacionais, o cargo e as atividades/manobras desenvolvidas pelo segurado;
(obs: a profissiografia pode/deve ser demonstrada no processo, para orientar o
perito e o juízo, por meio, por exemplo, do perfil profissiográfico previdenciário
(PPP), documento que será estudado oportunamente, quando da análise da
aposentadoria especial). Ver art. 129-A, I, ‘a’ e ‘b’ da Lei 8.213/91, introduzido
pela Lei 14.331/2022
370
c) (im)possibilidade de habilitação e reabilitação profissional (arts. 62 e 83 a 93 da
Lei 8.213/91, arts. 136 a 141 do RPS, Portaria DIRBEN/INSS nº 999/2022 e Manual de
Habilitação/Reabilitação do INSS):

• Conceito: é a assistência educativa ou reeducativa e de adaptação ou


readaptação profissional, instituída sob a denominação genérica de habilitação e
reabilitação profissional (RP), visando proporcionar aos beneficiários
incapacitados parcial ou totalmente para o trabalho, em caráter obrigatório,
independente de carência, e às pessoas com deficiência, os meios indicados para
o reingresso no mercado de trabalho e no contexto em que vivem

• avaliação do potencial laboral (critérios de elegibilidade): objetiva definir a real


capacidade de retorno de segurados ao trabalho. Consiste na análise global dos
seguintes aspectos: perdas funcionais, funções que se mantiveram conservadas,
potencialidades e prognósticos para o retorno ao trabalho, habilidades e aptidões,
potencial para aprendizagem, experiências profissionais e situação empregatícia, nível
de escolaridade, faixa etária e mercado de trabalho (ver o manual);

371
 Análise da tese do tema 177 da TNU: não cabe ao Judiciário determinar que o INSS
promova a reabilitação, mas sim que avalie se o segurado é elegível ao serviço. Análise
crítica da decisão:
Tese:
1. Constatada a existência de incapacidade parcial e permanente, não sendo o caso de
aplicação da Súmula 47 da TNU, a decisão judicial poderá determinar o encaminhamento
do segurado para análise administrativa de elegibilidade à reabilitação profissional, sendo
inviável a condenação prévia à concessão de aposentadoria por invalidez condicionada ao
insucesso da reabilitação;
2. A análise administrativa da elegibilidade à reabilitação profissional deverá adotar como
premissa a conclusão da decisão judicial sobre a existência de incapacidade parcial e
permanente, ressalvada a possibilidade de constatação de modificação das circunstâncias
fáticas após a sentença.

Obs: o STJ, ao que parece, tem interpretação diversa, autorizando a imposição ao INSS de
promover a reabilitação profissional (obrigação de fazer). Nesse sentido: REsp n. 1.584.771/RS,
relatora Ministra Regina Helena Costa, Primeira Turma, julgado em 28/5/2019, DJe de
30/5/2019.
372
d) Teoria da incapacidade social:
 1º aspecto (aplicação restrita): transforma uma incapacidade parcial em total, frustrando
a possibilidade de reabilitação profissional e acesso/permanência no mercado de trabalho:
• A incapacidade é avaliada em sentido amplo (biopsicossocial), não somente sob o ponto de
vista biofísico/médico (físico, mental, sensorial e fisiológico). Leva-se em conta, também, os
aspectos pessoais, sociais, econômicos, culturais, ambientais e laborais que envolvem o
segurado, como: idade, nível de escolaridade, histórico e formação profissional, local de
residência, características do mercado de trabalho, perdas funcionais, capacidade residual etc

STJ: PROCESSUAL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ACÓRDÃO EMBASADO


EM OUTROS ELEMENTOS ALÉM DO LAUDO PERICIAL. POSSIBILIDADE. 1. Na análise da
concessão da aposentadoria por invalidez, o magistrado não está adstrito ao laudo pericial,
devendo considerar também aspectos socioeconômicos, profissionais e culturais do segurado
a fim de aferir-lhe a possibilidade ou não de retorno ao trabalho. A invalidez laborativa não
decorre de mero resultado de uma disfunção orgânica, mas da somatória das condições de
saúde e pessoais de cada indivíduo. Precedentes. (...) 4. Agravo regimental não provido. (AgRg
no AREsp 196.053/MG, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em
25/09/2012, DJe 04/10/2012)

373
• Súmula 47 da TNU: Uma vez reconhecida a incapacidade parcial para o trabalho, o juiz
deve analisar as condições pessoais e sociais do segurado para a concessão de
aposentadoria por invalidez.

• Súmula 77 da TNU: O julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e


sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade
habitual.

Exemplo: Maria, 57 anos, trabalhando há 20 anos como empregada doméstica. Possui


ensino fundamental incompleto, sem cursos profissionalizantes, sem conhecimento de
informática e residente em cidade do interior. Sofre de problemas de coluna e dores nas
costas. Perícia constatou incapacidade parcial (multiprofissional: para a atividade de
doméstica e todas que demandem esforço físico, agachamento e carregamento de peso) e
definitiva/permanente, com possibilidade de reabilitação para atividades diversas,
compatíveis com suas limitações (balconista, operadora de telemarketing etc). É caso
concessão de auxílio-doença ou aposentadoria por incapacidade permanente?

374
 2º aspecto (aplicação ampla): em razão do forte caráter estigmatizante de algumas doenças
(AIDS, hanseníase, obesidade mórbida, doenças graves de pele etc) a incapacidade permanente
(e até temporária) pode restar caracterizada mesmo que não constatada sequer incapacidade
parcial pela perícia sob os aspectos físico/psíquico. Seria uma exceção à súmula 77 da TNU.
Crítica à aplicação ampla.
• Como regra, seja para doenças estigmatizantes, seja para situações específicas (idade
avançada, longo afastamento do mercado de trabalho etc), não é admitida: Não havendo
no processo reconhecimento pelo julgador de alguma incapacidade da pessoa segurada,
nem mesmo parcial, não se admite concessão/restabelecimento judicial de aposentadoria
por invalidez, mediante apenas a análise das condições pessoais e sociais. (TNU: PUIL
1000086-80.2020.4.01.3817, julgado em 16/12/2021)
• a doença pode trazer segregação social, com forte impacto sobre o acesso e permanência
no mercado de trabalho, impedindo que o segurado consiga exercer uma atividade
remunerada que lhe garanta a subsistência
• no entanto, não é o mero fato de ser portador dessas doenças que autoriza a aplicação da
teoria da incapacidade social e a concessão do benefício. Cabe ao segurado comprovar
(estudo social, estudo socioeconômico, análise de CTPS e CNIS testemunhas etc) que, no
caso concreto, a doença gerou estigma que afetou de forma efetiva e relevante o acesso e a
permanência no mercado de trabalho
375
• Nesse sentido a súmula 78 da TNU: Comprovado que o requerente do
benefício é portador do vírus HIV, cabe ao julgador verificar as condições
pessoais, sociais, econômicas e culturais, de forma a analisar a
incapacidade em sentido amplo, em face da elevada estigmatização social
da doença. Obs: caso de aplicação ampla da teoria por não fazer menção à
incapacidade parcial?
• Exigindo a incapacidade parcial e permanente para autorizar a
aposentadoria em doenças estigmatizantes diversas da AIDS/HIV o
recente tema 274 da TNU:
“É possível a concessão de aposentadoria por invalidez, após análise das condições
sociais, pessoais, econômicas e culturais, existindo incapacidade parcial e
permanente, no caso de outras doenças, que não se relacionem com o vírus HIV, mas,
que sejam estigmatizantes e impactem significativa e negativamente na
funcionalidade social do segurado, entendida esta como o potencial de acesso e
permanência no mercado de trabalho.”
376
 EXEMPLO DE APLICAÇÃO INDEVIDA DA INCAPACIDADE SOCIAL EM SENTIDO AMPLO NO
PERÍODO DE COVID:
PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. PREVIDENCIÁRIO. RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-
DOENÇA. LAUDO MÉDICO PERICIAL QUE RECONHECE A CAPACIDADE PARA O TRABALHO E QUE NÃO É AFASTADO
PELA TURMA DE ORIGEM. BENEFÍCIO DEFERIDO COM FUNDAMENTO NA PANDEMIA DE COVID-19. IMPOSSIBILIDADE
DE CRIAÇÃO DE POLÍTICA PÚBLICA PELO PODER JUDICIÁRIO. INCIDENTE CONHECIDO E PROVIDO.
1. O Juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar seu convencimento com outros elementos ou fatos
provados nos autos. Portanto, com base no livre convencimento motivado, o Magistrado pode reconhecer a
incapacidade para o trabalho e conceder o benefício previdenciário de auxílio-doença, afastando-se da conclusão do
laudo médico judicial.
2. Sem se afastar da conclusão pericial e criando verdadeira política pública, o julgado recorrido equiparou as
limitações sociais decorrentes do momento de pandemia, como a dificuldade de acesso aos serviços públicos e a
necessidade de isolamento social, à incapacidade “para o seu trabalho ou para sua atividade habitual por mais de
15(quinze) dias consecutivos”, conforme previsão do art. 59 da Lei n.º 8.213/1991.
3. No que tange às políticas públicas destinadas à assistência no período de pandemia, especialmente no curso do ano
de 2020, Poder Executivo e Legislativo fizeram sua opção de como assistir a população mais desfavorecida, criando o
auxílio-emergencial previsto na Lei n.º 13.982/2020, entre outras providências.
4. Assim, deve a decisão recorrida ser reformada, pois não cabe ao Poder Judiciário, subvertendo a lógica do auxílio-
doença, transformá-lo em política pública de assistência social para enfrentamento da pandemia de COVID-19.
5. Incidente conhecido e provido. (PUIL 0502141-97.2019.4.05.8501/SE, sessão de 28/04/2021)

377
13.6. Doença pré-existente x incapacidade pré-existente: § 2º A doença ou lesão de que o
segurado já era portador ao filiar-se ao Regime Geral de Previdência Social não lhe
conferirá direito à aposentadoria por invalidez, salvo quando a incapacidade sobrevier por
motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão.
• Obs: (i) a doença ou a lesão (DID) podem ser anteriores à filiação/refiliação, já a
incapacidade (DII) não; (ii) casuística e potencial de fraudes; (iii) importância da
argumentação, provas e quesitação adequadas do agravamento em alguns casos
É incabível a concessão de benefício de auxílio-doença ou de aposentadoria por invalidez quando a
incapacidade (e não a doença) é preexistente ao ingresso ou reingresso no RGPS, em consonância
com o disposto no art. 42, §2.º, e art. 59, § 1º, da Lei n.º 8.213/91. (TNU: 0000692-
37.2016.4.03.6331, julgado em 17/03/2022)
13.7. Perícia: à cargo da previdência social (arts. 42, §1º, da Lei 8.213/91).
• Obs: não se aplica a hipótese de dispensa de perícia/análise documental prevista no §14 do
art. 60 da Lei 8.213/91, restrita ao auxílio-doença
• Obs: presença de não médicos (acompanhantes) durante o ato médico pericial: somente se
autorizado pelo perito do INSS (§11 do art. 30 da Lei 11.907/2009)

378
13.8. Acréscimo de 25% (grande invalidez):
Art. 45. O valor da aposentadoria por invalidez do segurado que necessitar da assistência
permanente de outra pessoa será acrescido de 25% (vinte e cinco por cento).
Parágrafo único. O acréscimo de que trata este artigo: a) será devido ainda que o valor da
aposentadoria atinja o limite máximo legal (pode superar o teto do RGPS); b) será recalculado
quando o benefício que lhe deu origem for reajustado; c) cessará com a morte do aposentado,
não sendo incorporável ao valor da pensão.

Situações (Anexo I do RPS): 1 - Cegueira total; 2 - Perda de nove dedos das mãos ou
superior a esta; 3 - Paralisia dos dois membros superiores ou inferiores; 4 - Perda dos
membros inferiores, acima dos pés, quando a prótese for impossível; 5 - Perda de uma
das mãos e de dois pés, ainda que a prótese seja possível; 6 - Perda de um membro
superior e outro inferior, quando a prótese for impossível; 7 - Alteração das faculdades
mentais com grave perturbação da vida orgânica e social; 8 - Doença que exija
permanência contínua no leito; 9 -Incapacidade permanente para as atividades da
vida diária. Rol exemplificativo

379
 Data de início do acréscimo (art. 328 da IN 128/2022):

• I - da data do início do benefício, quando comprovada a situação na


perícia que sugeriu a aposentadoria por invalidez; ou

• II - da data do pedido do acréscimo, quando comprovado que a


situação se iniciou após a concessão da aposentadoria por invalidez,
ainda que a aposentadoria tenha sido concedida em cumprimento de
ordem judicial.

380
 Data de início (termo inicial) de acordo com a tese do tema 275 da TNU:
O termo inicial do adicional de 25% do art. 45 da Lei 8.213/91, concedido judicialmente, deve ser:
I. a data de início da aposentadoria por invalidez (aposentadoria por incapacidade permanente),
independentemente de requerimento específico, se nesta data já estiver presente a necessidade
da assistência permanente de outra pessoa;
II. a data do primeiro exame médico de revisão da aposentadoria por invalidez no âmbito
administrativo, na forma do art. 101 da Lei 8.213/91, independentemente de requerimento
específico, no qual o INSS tenha negado ou deixado de reconhecer o direito ao adicional, se nesta
data já estiver presente a necessidade da assistência permanente de outra pessoa;
III. a data do requerimento administrativo específico do adicional, se nesta data já estiver presente a
necessidade da assistência permanente de outra pessoa;
IV. a data da citação, na ausência de qualquer dos termos iniciais anteriores, se nesta data já estiver
presente a necessidade da assistência permanente de outra pessoa;
V. a data da realização da perícia judicial, se não houver elementos probatórios que permitam
identificar fundamentadamente a data de início da necessidade da assistência permanente de
outra pessoa em momento anterior.

381
 Extensão do adicional para outros tipos de aposentadoria: não

• Tese do tema 982 do STJ: “Comprovadas a invalidez e a necessidade de


assistência permanente de terceiro, é devido o acréscimo de 25% (vinte e
cinco por cento), previsto no art. 45 da Lei n. 8.213/91, a todos os
aposentados pelo RGPS, independentemente da modalidade de
aposentadoria.” (obs: reformado pelo tema 1095 do STF)

• Tese do tema 1095 STF: No âmbito do Regime Geral de Previdência Social


(RGPS), somente lei pode criar ou ampliar benefícios e vantagens
previdenciárias, não havendo, por ora, previsão de extensão do auxílio
da grande invalidez a todas às espécies de aposentadoria.

382
13.9. Reflexos trabalhistas da aposentadoria por invalidez:
• Suspensão do contrato de trabalho: o empregado aposentado por invalidez terá
suspenso o contrato de trabalho, sendo-lhe assegurado o retorno ao emprego caso
cessado o benefício em razão da recuperação da capacidade de trabalho (mesmo
que após 05 anos, não se aplicando a súmula 217 do STF), podendo o empregador
rescindir o contrato, indenizando-o na forma da lei (CLT, art. 475 e súmula 160 do
TST)
• Aposentadoria por invalidez e manutenção de plano de plano saúde: Súmula 440 do TST:
“Assegura-se o direito à manutenção de plano de saúde ou de assistência médica oferecido
pela empresa ao empregado, não obstante suspenso o contrato de trabalho em virtude de
auxílio-doença acidentário ou de aposentadoria por invalidez.”
• Aposentadoria por invalidez acidentária e depósitos de FGTS: não, uma vez que o art. 15,
§5º, da Lei 8.036/90 somente contempla a auxílio-doença acidentário. Posição do TST.

383
13.10. Obrigações do aposentado por invalidez (arts. 101, 62 e 43, §4º, da Lei 8.213/91, art. 46
do RPS e art. 330 da IN 128/2022):
Art. 101. O segurado em gozo de auxílio por incapacidade temporária, auxílio-acidente ou
aposentadoria por incapacidade permanente e o pensionista inválido, cujos benefícios tenham
sido concedidos judicial ou administrativamente, estão obrigados, sob pena de suspensão do
benefício, a submeter-se a: (Redação dada pela Lei nº 14.441, de 2022)
I - exame médico a cargo da Previdência Social para avaliação das condições que ensejaram
sua concessão ou manutenção; (Incluído pela Lei nº 14.441, de 2022)
II - processo de reabilitação profissional prescrito e custeado pela Previdência Social; e (Incluído
pela Lei nº 14.441, de 2022)

III - tratamento oferecido gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de sangue, que são
facultativos. (Incluído pela Lei nº 14.441, de 2022)

Art. 43, §4º: O segurado aposentado por invalidez poderá ser convocado a qualquer
momento para avaliação das condições que ensejaram o afastamento ou a
aposentadoria, concedida judicial ou administrativamente, observado o disposto no
art. 101 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.457, de 2017)

384
1ª) submeter-se a exame médico periódico de 02 em 02 anos ou quando convocado:

• Casos de dispensa/isenção do exame (arts. 101, §1º e 2º e 43, §5º da Lei


8.213/91):

§ 1o O aposentado por invalidez e o pensionista inválido que não tenham


retornado à atividade estarão isentos do exame de que trata o caput deste
artigo: (Redação dada pela lei nº 13.457, de 2017)
I - após completarem cinquenta e cinco anos ou mais de idade e quando decorridos
quinze anos da data da concessão da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença
que a precedeu; ou (Incluído pela lei nº 13.457, de 2017)

II - após completarem sessenta anos de idade. (Incluído pela lei nº 13.457, de 2017)
§ 5º A pessoa com HIV/aids é dispensada da avaliação referida no § 4º deste
artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.847, de 2019)
385
• A dispensa não se aplica:

§ 2o A isenção de que trata o § 1o não se aplica quando o exame tem as seguintes


finalidades: (Incluído pela Lei nº 13.063, de 2014)

I - verificar a necessidade de assistência permanente de outra pessoa para a concessão


do acréscimo de 25% (vinte e cinco por cento) sobre o valor do benefício, conforme
dispõe o art. 45;

II - verificar a recuperação da capacidade de trabalho, mediante solicitação do


aposentado ou pensionista que se julgar apto;

III - subsidiar autoridade judiciária na concessão de curatela, conforme dispõe o art.


110.

386
• Recorte intertemporal para aplicação da Lei 13.847/2019: dispensa do exame em
razão de HIV/AIDS

• vigência da Lei em 21/06/2019

(i) INSS: leva em conta a data do exame pericial que constatou a ausência de incapacidade
e determinou a cessação do benefício (se a perícia foi realizada antes de 21/06/2019,
cessa o benefício);

(ii) TNU: leva em conta a data da efetiva cessação do benefício, incluindo as mensalidades
de recuperação (se a perícia foi realizada antes de 21/06/2019 mas, nesta data, o
benefício ainda estiver ativo, aplica-se a dispensa e mantém a aposentadoria)

Tema 266 da TNU: A dispensa de avaliação a que se refere o art. 43 § 5º da Lei n.


8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 13.847/19, não alcançará os benefícios cessados
antes da sua edição.

387
 Coisa julgada e revisão/cessação do benefício:

• A revisão administrativa incide mesmo nos casos concedidos judicialmente, em


razão de previsão legal expressa (art. 43, §4º, da Lei 8.213/91 e art. 71 da Lei
8.212/91) e por se tratar de benefício de trato continuado ou sucessivo, que atrai a
incidência da cláusula rebus sic stantibus (enquanto as coisas estão assim) e da regra
do art. 505, I, do NCPC (modificação no estado de fato ou de direito, que autoriza a
revisão do estatuído na sentença). Nesse sentido a TNU (temas 106 e 164).

• No entanto, a perícia do INSS, nesses casos, deve, para fazer cessar o benefício,
demonstrar que o quadro de incapacidade constatado judicialmente e acobertado
pela coisa julgada se alterou (ver Portaria Conjunta INSS/PGF nº 1, de 12/01/2017).
Obs: em regra, isso não acontece e a perícia é genérica (nova perícia administrativa
desvinculada da judicial)

• A jurisprudência do STJ é contrária, exigindo ação revisional:

388
PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. CESSAÇÃO ADMINISTRATIVA. DO BENEFICIO. AUXÍLIO-DOENÇA. CONCESSÃO POR
MEIO DE DECISÃO JUDICIAL. CANCELAMENTO ADMINISTRATIVO. INADMISSIBILIDADE. NECESSIDADE DE AÇÃO JUDICIAL.
I - Trata-se de ação para concessão de auxílio-doença de segurada da Previdência Social. O Juízo de 1º grau de jurisdição
julgou o pedido procedente, sendo mantido pelo Tribunal de origem no julgamento da apelação.
II - Não merece prosperar a pretensão da parte recorrente em legitimar a "alta programada", sob o fundamento de que
a manutenção do benefício concedido depende obrigatoriamente de pedido de prorrogação.
III - Com efeito, o Decreto n. 5.844/06 alterou o Regulamento da Previdência Social - RPS (Decreto n. 3.048/99) para
acrescentar os §§ 1º a 3º do art. 78, estabelecendo regra para o cancelamento do auxílio-doença, em que, após
determinado período de tempo definido em perícia, o benefício é cancelado automaticamente. Tal regra passou a ser
denominada "alta programada".
IV - O referido decreto possibilita ainda ao segurado o pedido de prorrogação, quando não se sentir capacitado para o
trabalho ao fim do prazo estipulado.
V - A referida alteração no RPS foi considerada pela jurisprudência desta Corte como contrária ao disposto no art. 62 da
Lei n. 8.213/1991, artigo que determina que o benefício seja mantido até que o segurado esteja considerado reabilitado
para o exercício de atividade laboral, o que deverá ocorrer mediante procedimento administrativo com contraditório.
VI - A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça firmou-se no sentido de somente ser possível a revisão da
aposentadoria por incapacidade permanente concedida judicialmente mediante outra ação judicial. A propósito:
REsp n. 1.201.503/RS, relatora Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, DJe 26/11/2012, AgRg no REsp
n. 1.267.699/ES, relatora Ministra Alderita Ramos de Oliveira, Desembargadora convocada do TJ/PE, Sexta Turma,
julgado em 16/5/2013, DJe 28/5/2013.
VII - No mais, o fato de a lei impor à autarquia previdenciária a fiscalização administrativa não afasta a
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, que exige o ajuizamento de demanda perante o Poder Judiciário para o
cancelamento do benefício judicialmente conferido.
VIII - Agravo interno improvido. (AgInt no AREsp n. 1.778.732/SP, relator Ministro Francisco Falcão, Segunda Turma,
julgado em 31/5/2021, DJe de 2/6/2021.)
389
PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. CONCESSÃO JUDICIAL. TRÂNSITO EM JULGADO. CANCELAMENTO
ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE AÇÃO REVISIONAL. ALEGADA NECESSIDADE
DE SOBRESTAMENTO DO FEITO. MATÉRIA DIVERSA DO TEMA EM REPERCUSSÃO GERAL
1.196/STF.AGRAVO INTERNO DESPROVIDO.

1. A matéria retratada nos autos é diversa da questão que será apreciada sob a sistemática da
repercussão geral nos autos do RE 1.347.526, Tema 1.196/STF, a saber: a definição da
constitucionalidade da Medida Provisória 739/2016, substituída pela Medida Provisória 767/2017 e
convertida na Lei 13.457/2017, as quais alteraram a Lei 8.213/1991, inserindo preceito sobre prazo
estimado para a duração do benefício de auxílio-doença.

2. O caso dos autos versa sobre aposentadoria por invalidez, não havendo, pela própria natureza do
benefício, fixação automática da data de cessação do benefício (DCB) pela Corte de origem, embora o
acórdão tenha ressaltado a possibilidade de submissão do segurado a revisões periódicas para
avaliação da persistência da incapacidade laborativa, nos termos do art. 101 da Lei 8.213/1991.

3. Agravo interno a que se nega provimento. (AgInt no AREsp n. 1.942.110/SP, relator Ministro
Manoel Erhardt (Desembargador Convocado do Trf5), Primeira Turma, julgado em 6/6/2022, DJe de
9/6/2022.)

390
Obs: no dia 30/06/2022, o STJ afetou o tema para julgamento
como recurso especial repetitivo (tema 1157):

391
2ª) participar de processo de reabilitação profissional: necessidade de compatibilizar os arts. 42 e
101 da Lei 8.213/91, ou seja, o aposentado por incapacidade permanente somente deve ser
convocado para reabilitação quando demonstrado que houve evolução/melhora no seu estado
clínico desde a concessão da aposentadoria
• Obrigatoriedade da reabilitação e consequências: Tese: O benefício por
incapacidade não deve ser pago no período de recusa do segurado em participar do
processo de reabilitação profissional, que é uma medida compulsória, na forma dos art. 62
e 101 da Lei 8.213/1991. Se o segurado manifestar interesse na reabilitação, desde que
ainda presente a incapacidade e a qualidade de segurado, o benefício por incapacidade será
reativado, com efeitos para o futuro, sem gerar crédito desde a suspensão. (TNU: PUIL
0508210-72.2019.4.05.8202, julgado em 07/04/2022
3ª) se submeter tratamento dispensado gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de
sangue, que são facultativos
Tese do tema 272 da TNU: A circunstância de a recuperação da capacidade depender de
intervenção cirúrgica não autoriza, automaticamente, a concessão de aposentadoria por
invalidez (aposentadoria por incapacidade permanente), sendo necessário verificar a
inviabilidade de reabilitação profissional, consideradas as condições pessoais do segurado, e a
sua manifestação inequívoca a respeito da recusa ao procedimento cirúrgico. (julgado em
10/02/2022)
392
13.11. Data de início do benefício (DIB): momento a partir do qual o
segurado passa a receber a aposentadoria (art. 43 da Lei 8.213/91)
Art. 43. A aposentadoria por invalidez será devida a partir do dia imediato ao da cessação do auxílio-
doença, ressalvado o disposto nos §§ 1º, 2º e 3º deste artigo.
§ 1º Concluindo a perícia médica inicial pela existência de incapacidade total e definitiva para o trabalho, a
aposentadoria por invalidez será devida:
a) ao segurado empregado, a contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade ou a partir da
entrada do requerimento, se entre o afastamento e a entrada do requerimento decorrerem mais de trinta
dias;
b) ao segurado empregado doméstico, trabalhador avulso, contribuinte individual, especial e facultativo,
a contar da data do início da incapacidade ou da data da entrada do requerimento, se entre essas datas
decorrerem mais de trinta dias.
§ 2o Durante os primeiros quinze dias de afastamento da atividade por motivo de invalidez, caberá à
empresa pagar ao segurado empregado o salário.

393
• A fixação depende:

a) da espécie de segurado;

b) se houve ou não prévia concessão de auxílio por incapacidade


temporária;

c) qual a DII fixada, levando-se em conta a DER/DCB e a data da citação


(fixação judicial)

394
1) Caso tenha havido a prévia concessão de auxílio por incapacidade
temporária: a DIB será no dia imediato à DCB do auxílio-doença (caso a DII
seja na DCB ou anterior: hipótese de conversão de auxílio-doença em
aposentadoria por invalidez)

2) Caso não tenha havido a prévia concessão de auxílio por incapacidade


temporária:

– Segurado empregado: a) DIB será o 16º dia de afastamento da atividade (os 15 primeiros
serão pagos pela empresa), caso o segurado tenha requerido o benefício em até 30 dias do
afastamento da atividade; b) a partir da DER, caso tenha requerido após 30 dias do
afastamento da atividade (caso a DII seja na DER ou anterior)

– Demais segurados: a) a DIB será na DII caso tenha requerido o benefício (DER) em até 30
dias da DII; b) a partir da DER, caso tenha sido requerido após 30 dias da DII

395
3) Caso não tenha havido requerimento administrativo (em regra, para as
ações interpostas antes da decisão do STF no tema 350): a DIB será na data
da citação válida do INSS (caso a DII seja anterior à citação), que funciona
como requerimento administrativo (STJ: tese do tema 626 e súmula 576)

4) Caso a DII seja fixada após a última DER/DCB e antes da citação: a DIB
será fixada na data da citação. Obs: os riscos de extinção do processo por
falta de interesse de agir (decisão judicial, em regra, equivocada)

5) Caso a DII seja fixada após a citação: a DIB será fixada na DII

396
 No âmbito dos JEF’s, incluindo a TNU, estão sendo adotados os seguinte
parâmetros para a DII e DIB:

a) a DIB deve ser fixada na data do requerimento administrativo (DER), se nesta


data já estiver presente a incapacidade ou impedimento/deficiência (DII). Nesse
sentido a súmula 22 da TNU: “Se a prova pericial realizada em juízo dá conta de
que a incapacidade já existia na data do requerimento administrativo, esta é o
termo inicial do benefício assistencial”;

b) se não houve requerimento administrativo, a DIB deve ser fixada na data da


citação, se nesta data já estiver presente a incapacidade ou
impedimento/deficiência (DII). Nesse sentido: STJ, 1ª. Seção, RESp n.
1.369.165/SP, rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe 07/03/2014; STJ, 1ª. T., REsp nº
1311665, rel. para Ac. Min. Sérgio Kukina, DJe de 17/10/2014; ambos sob o regime
representativo de controvérsia. Súmula 576 do STJ.

397
c) se houve requerimento administrativo e a data de início da incapacidade ou
impedimento/deficiência (DII) foi fixada após a DER (legitimando a recusa do INSS) e antes
da citação, o benefício será devido desde a citação. Nesse sentido: STJ, 1ª. Seção, RESp n.
1.369.165/SP, rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe 07/03/2014, sob o regime representativo de
controvérsia; TNU, PEDILEF 05003021-49.2012.4.04.7009, rel. Frederico Augusto Leopoldino
Koehler, DOU 13/11/2015;

d) para os casos de restabelecimento, se a DII for fixada até a data da cessação do


benefício (DCB), a DIB será fixada na DCB ( = DER). Inteligência da súmula 22 da TNU.

e) para os casos de restabelecimento, se a DII for fixada após a DCB (legitimando a


cessação) e antes da citação, a DIB será a data da citação. Nesse sentido: STJ, 1ª.
Seção, RESp n. 1.369.165/SP, rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe 07/03/2014, sob o
regime representativo de controvérsia; TNU, PEDILEF 05003021-49.2012.4.04.7009,
rel. Frederico Augusto Leopoldino Koehler, DOU 13/11/2015;

398
f) se a data de início da incapacidade (DII) for fixada depois da citação e
antes da realização da perícia, a DIB será a DII (PUIL n. 0000784-
46.2018.4.03.6201/MS, rel. p/ acórdão Juiz Federal Gustavo Melo Barbosa,
data de julgamento 10/02/2022; PEDILEF n.º 0503279-
98.2020.4.05.8102; PEDILEF n.º 0505622-69.2017.4.05.8200, rel. p/ acórdão
Juiz Federal Gustavo Melo Barbosa, j. 28.04.2021).

g) a Data do Início do Benefício – DIB é fixada na data da realização da


perícia quando ela (a perícia) “não consegue especificar a data do início da
incapacidade” (TNU – PEDILEF n.º 200763060094503, Rel. Juíza Federal
Jacqueline Michels Bilhalva, j. 14.09.2009) e “não houver elementos
probatórios que permitam identificar fundamentadamente o início da
incapacidade em data anterior” (TNU – PEDILEF n.º 200834007002790, Rel.
Juiz Federal Wilson José Witzel, j. 25.05.2017).

399
13.12. Salário de Benefício (SB) e renda mensal inicial (RMI):
Antes da EC 103/2019 (DII até 13/11/2019) Depois da EC 103/2019 (DII a partir de
14/11/2019)
• SB: m. a. s. de todos (100%) dos SC a partir de
07/1994 ou a partir da data da 1ª contribuição
• SB: m. a. s. dos 80% > SC a partir de se posterior a 07/1994
07/1994 ou a partir da data da 1ª
• Percentual ou alíquota: a) 60% + 2% por ano
contribuição se posterior a 07/1994. que ultrapassar 20 (H) ou 15 (M); b) 100% no
Obs: ver hipótese de “Revisão da Vida caso de aposentadoria de natureza
acidentária (art. 26, §1º c/c §3º, I). Obs: já
Toda” existem diversas decisões judicias igualando o
coeficiente em 100% (Ex. TRU da 4ª Região:
PUIL 5019205-93.2020.4.04.7107/RS,
• Percentual ou alíquota: 100% (art. 44 11/03/2022). Obs: tema 318 da TNU
pendente de julgamento (decisão de afetação
da Lei 8.213/91) em 15/02/2023). Obs: matéria
implicitamente enfrentada na ADI 7051,
apontando a constitucionalidade da regra
• RMI: SB x 100%
• RMI: SB x alíquota

400
13.13. Data de cessação do benefício (DCB) e mensalidades de recuperação
(arts. 46 e 47 da Lei 8.213/91, art. 47 do RPS e art. 333 e 334 da INS
128/2022):
• Óbito do segurado
• Retorno voluntário à atividade (cancelada a partir da data do retorno)
• Quando houver recuperação da capacidade para o trabalho ou reabilitação,
sendo a aposentadoria cancelada a partir do término do recebimento das
mensalidades de recuperação, se for o caso
Tese firmada: A aposentadoria por incapacidade permanente apenas pode ser
cessada, nos termos do art. 47 de Lei 8.213/91, caso o segurado efetivamente
recupere a capacidade de trabalho, sendo insuficiente a simples previsão de
recuperação. (PUIL nº 0503229-91.2019.4.05.8204, julgado em 18/08/2022)

401
• Aposentadoria por invalidez e exercício de mandato eletivo:

PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. CUMULAÇÃO COM


SUBSÍDIO DECORRENTE DO EXERCÍCIO DE MANDATO ELETIVO. VEREADOR. POSSIBILIDADE.

1. Cinge-se a controvérsia em estabelecer a possibilidade de recebimento de benefício por


invalidez, com relação a período em que o segurado permaneceu no exercício de mandato
eletivo.

2. A Corte de origem decidiu a questão em acordo com a jurisprudência do STJ de que não há
óbice à cumulação da aposentadoria por invalidez com subsídio decorrente do exercício de
mandato eletivo, pois o agente político não mantém vínculo profissional com a Administração
Pública, exercendo temporariamente um munus público. Logo, a incapacidade para o exercício
da atividade profissional não significa necessariamente invalidez para os atos da vida política.

3. Recurso Especial não conhecido. (REsp n. 1.786.643/SP, relator Ministro Herman


Benjamin, Segunda Turma, julgado em 21/2/2019, DJe de 11/3/2019.)

402
 Mensalidades de recuperação:

Art. 47. Verificada a recuperação da capacidade de trabalho do aposentado por


invalidez, será observado o seguinte procedimento:
I - quando a recuperação ocorrer dentro de 5 (cinco) anos, contados da data do
início da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença que a antecedeu sem
interrupção, o benefício cessará:
a) de imediato, para o segurado empregado que tiver direito a retornar à função
que desempenhava na empresa quando se aposentou, na forma da legislação
trabalhista, valendo como documento, para tal fim, o certificado de capacidade
fornecido pela Previdência Social; ou
b) após tantos meses quantos forem os anos de duração do auxílio-doença ou da
aposentadoria por invalidez, para os demais segurados;

403
II - quando a recuperação for parcial, ou ocorrer após o período do inciso I,
ou ainda quando o segurado for declarado apto para o exercício de trabalho
diverso do qual habitualmente exercia, a aposentadoria será mantida, sem
prejuízo da volta à atividade:

a) no seu valor integral, durante 6 (seis) meses contados da data em que for
verificada a recuperação da capacidade;

b) com redução de 50% (cinqüenta por cento), no período seguinte de 6 (seis)


meses;

c) com redução de 75% (setenta e cinco por cento), também por igual período
de 6 (seis) meses, ao término do qual cessará definitivamente.

404
• Não são pagas se houver retorno voluntário ao trabalho sem requerer nova perícia ao
INSS, na forma do art. 46 (penalidade)

• No pagamento são considerados 03 fatores: a) o prazo de duração da aposentadoria


recebida; b) tipo de segurado, c) o grau de restauração da capacidade

• o período de mensalidades de recuperação é tempo de contribuição, se intercalado


com períodos de atividade (§ 5º do art. 333 da IN 128/2022)

• O período de mensalidades de recuperação pode ser cumulado com trabalho e


remuneração (§ 4º do art. 333 da IN 128/2022)

• O segurado pode renunciar as mensalidades de recuperação e requerer novo benefício,


inclusive optando pelo mais favorável (art. 50 do RPS e art. 334 da IN 128/2022)

405
14. Auxílio por incapacidade temporária (antigo auxílio-doença)

14.1. Regulamentação: Lei 8.213/91 (arts. 59 a 63), RPS (arts. 71


a 80) e IN 128/2022 (arts. 335 a 351)

14.2. Códigos de concessão: a) B91: auxílio por incapacidade


temporária por acidente de trabalho ou acidentário; b) B31:
auxílio por incapacidade temporária previdenciário (ou comum)

14.3. Beneficiários: todos os segurados (sem exceção)

406
14.4. Requisitos:
1º: Qualidade de segurado: sim, na data do fato gerador (DII: data de início da
incapacidade)

2º: Carência: sim, que deve estar totalmente implementada na data do fato
gerador (DII), salvo hipótese legal de dispensa

3º: Fato gerador: Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que,
havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido
nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua
atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.

• Obs: se a incapacidade for inferior a 15 dias trata-se de risco não coberto


pelo RGPS

407
14.5. Conceito de incapacidade laborativa e suas classificações: conceito
trabalhado quando do estudo da aposentadoria por incapacidade
permanente (ver slides anteriores)

14.6. Incapacidades que caracterizam o fato gerador do benefício:

• 1ª: Total e temporária: incapacidade laborativa temporária para toda e


qualquer atividade, com previsão de recuperação para o exercício da
mesmo trabalho ou atividade habitual. Exs: a) torneiro mecânico que
quebra a perna; b) bancário em episódio grave de depressão;
• 2ª: Parcial e temporária: incapacidade laborativa temporária para o seu
trabalho ou ocupação habitual, com previsão de recuperação para o
mesmo trabalho ou atividade. Exs: a) faxineira com crise aguda de
coluna; b) professor com inflamação nas cordas vocais
408
• 3ª: parcial e permanente: incapacidade laborativa permanente (definitiva) para o
seu trabalho ou ocupação habitual, sem previsão de recuperação e com possibilidade
de reabilitação profissional para outros(s) trabalho(s) ou atividade(s). Exs: a) vaqueiro
com graves problemas de coluna que impedem o carregamento de peso ou esforços
físicos; b) vigilante armado com esquizofrenia; c) motorista profissional com visão
monocular
 Conceitos, possibilidades e casuística envolvendo a caracterização da
incapacidade ensejadora do auxílio por incapacidade temporária:
a) a necessidade de se conhecer bem a profissão/cargo e as atividades desenvolvidas
(manobras laborais) pelo segurado, o meio ambiente de trabalho e os riscos
ocupacionais, uma vez que para este benefício deve ser considerada, apenas, a
profissão que o segurado exerce ou sua atividade habitual. Ver art. 129-A, I, ‘a’ e
‘b’ da Lei 8.213/91, introduzido pela Lei 14.331/2022.

• Atividade habitual: a última atividade exercida antes da DII.

409
DIREITO PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. INCAPACIDADE LABORATIVA DEVE SER
ANALISADA À LUZ DA ATIVIDADE HABITUAL DO SEGURADO, OU SEJA, DA ÚLTIMA
FUNÇÃO EXECUTADA AO TEMPO DO INÍCIO DA INCAPACIDADE. NECESSIDADE DE
ADEQUAÇÃO DO JULGADO. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL PROVIDO.
(TNU: PEDILEF n. 0526749-83.2019.4.05.8300, Relatora Juíza Federal POLYANA
FALCAO BRITO, TNU, Data de Publicação: 30/04/2021)

Ainda que o segurado esteja apto para trabalhar em ocupações por ele já executadas
anteriormente, a incapacidade laborativa há que ser apurada em razão da sua última
ocupação, sendo esta considerada o seu labor habitual. (TNU: PUIL 0003617-
25.2018.4.03.6302, julgado em 23/06/2022)

410
b) Reabilitação profissional (arts. 83 a 93 da Lei 8.213/91, arts. 136 a 141 do RPS, Portaria
DIRBEN/INSS nº 999/2022 e Manual de Habilitação/Reabilitação do INSS):

• Conceito: é a assistência educativa ou reeducativa e de adaptação ou


readaptação profissional, instituída sob a denominação genérica
de habilitação e reabilitação profissional (RP), visando proporcionar aos
beneficiários incapacitados parcial ou totalmente para o trabalho, em
caráter obrigatório, independente de carência, e às pessoas com
deficiência, os meios indicados para o reingresso no mercado de trabalho e
no contexto em que vivem
• avaliação do potencial laboral (critérios de elegibilidade): objetiva definir a real
capacidade de retorno de segurados ao trabalho. Consiste na análise global dos
seguintes aspectos: perdas funcionais, funções que se mantiveram conservadas,
potencialidades e prognósticos para o retorno ao trabalho, habilidades e
aptidões, potencial para aprendizagem, experiências profissionais e situação
empregatícia, nível de escolaridade, faixa etária e mercado de trabalho (ver
manual);
411
• Análise do tema 177 da TNU: não cabe ao Judiciário determinar que o INSS
promova a reabilitação, mas sim analise se o segurado é elegível ao
serviço (crítica à tese firmada):
Tese:
1. Constatada a existência de incapacidade parcial e permanente, não sendo o caso de
aplicação da Súmula 47 da TNU, a decisão judicial poderá determinar o encaminhamento
do segurado para análise administrativa de elegibilidade à reabilitação profissional, sendo
inviável a condenação prévia à concessão de aposentadoria por invalidez condicionada ao
insucesso da reabilitação;
2. A análise administrativa da elegibilidade à reabilitação profissional deverá adotar como
premissa a conclusão da decisão judicial sobre a existência de incapacidade parcial e
permanente, ressalvada a possibilidade de constatação de modificação das circunstâncias
fáticas após a sentença.

Obs: o STJ, ao que parece, tem interpretação diversa, autorizando a imposição ao INSS de
promover a reabilitação profissional (obrigação de fazer). Nesse sentido: REsp n. 1.584.771/RS,
relatora Ministra Regina Helena Costa, Primeira Turma, julgado em 28/5/2019, DJe de
30/5/2019.
412
c) Segurado que exerce (e é filiado) em mais de uma atividade: caso a incapacidade
alcance somente uma das atividades, receberá auxílio-doença por esta e poderá
continuar exercendo a outra (art. 60, §7º da Lei 8.213/91, arts. 73 e 74 do RPS e
art. 342 da IN 128/2022)

• segurado em gozo de benefício pode trabalhar em atividade diversa sem perder o


benefício (obs: os riscos de cessação do benefício na via administrativa até
esclarecimento da situação e compreensão do direito):

§ 6o O segurado que durante o gozo do auxílio-doença vier a exercer atividade que lhe
garanta subsistência poderá ter o benefício cancelado a partir do retorno à
atividade. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)

§ 7º Na hipótese do § 6o, caso o segurado, durante o gozo do auxílio-doença, venha a


exercer atividade diversa daquela que gerou o benefício, deverá ser verificada a
incapacidade para cada uma das atividades exercidas. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)

413
• Tese do tema 259 da TNU: É possível a cumulação de benefício de auxílio-
doença (auxílio por incapacidade temporária) com o exercício de mandato
eletivo de vereador, desde que observado o disposto no § 7º do artigo 60
da Lei nº 8.213/91.
d) Sobre-esforço e possibilidade de cumulação de remuneração com
benefício de auxílio por incapacidade temporária:
• Súmula 72 da TNU: É possível o recebimento de benefício por incapacidade durante
período em que houve exercício de atividade remunerada quando comprovado que
o segurado estava incapaz para as atividades habituais na época em que trabalho”

• Tese do tema 1.013 do STJ: No período entre o indeferimento


administrativo e a efetiva implantação de auxílio-doença ou de
aposentadoria por invalidez, mediante decisão judicial, o segurado do
RPGS tem direito ao recebimento conjunto das rendas do trabalho
exercido, ainda que incompatível com sua incapacidade laboral, e do
respectivo benefício previdenciário pago retroativamente.
414
e) Teoria da incapacidade social: para evitar repetições e diante da
semelhança envolvida, ver análise detalhada do tema no item referente
à aposentadoria por incapacidade permanente (slides 38 a 372)
• Súmula 47 da TNU: Uma vez reconhecida a incapacidade parcial para o trabalho, o juiz
deve analisar as condições pessoais e sociais do segurado para a concessão de
aposentadoria por invalidez.

• Súmula 77 da TNU: O julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e


sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade
habitual.

415
• Exemplo: Paulo, 27 anos, trabalha há 05 anos como vigilante
armado. Tem segundo grau completo e experiência profissional
anterior como auxiliar de contabilidade. Mora em uma cidade
grande. Sofreu um acidente que implicou em amputação
traumática da perna direita abaixo do joelho. Perícia constatou
incapacidade parcial (multiprofissional: para a atividade de
vigilante armado e todas que demandem esforço físico, longos
períodos de deambulação etc) e definitiva/permanente, com
possibilidade de reabilitação para atividades diversas, compatíveis
com suas limitações. É caso concessão de auxílio por incapacidade
temporária ou aposentadoria por incapacidade permanente?

416
14.7. Doença pré-existente x incapacidade pré-existente: § 1º Não será devido o auxílio-doença
ao segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social já portador da doença ou da lesão
invocada como causa para o benefício, exceto quando a incapacidade sobrevier por motivo de
progressão ou agravamento da doença ou da lesão.
• Obs: (i) a doença ou a lesão (DID) podem ser anteriores à filiação/refiliação, já a
incapacidade (DII) não; (ii) casuística e potencial de fraudes; (iii) importância da
argumentação, provas e quesitação adequadas do agravamento em alguns casos.
• É incabível a concessão de benefício de auxílio-doença ou de aposentadoria por invalidez quando a
incapacidade (e não a doença) é preexistente ao ingresso ou reingresso no RGPS, em consonância
com o disposto no art. 42, §2.º, e art. 59, § 1º, da Lei n.º 8.213/91. (TNU: 0000692-
37.2016.4.03.6331, julgado em 17/03/2022)
14.8. Perícia: à cargo da previdência social
• Obs: Art. 60, § 14. Ato do Ministro de Estado do Trabalho e Previdência poderá estabelecer as
condições de dispensa da emissão de parecer conclusivo da perícia médica federal quanto à
incapacidade laboral, hipótese na qual a concessão do benefício de que trata este artigo será feita
por meio de análise documental, incluídos atestados ou laudos médicos, realizada pelo INSS. (Incluído
pela Lei nº 14.441, de 2022)

• Procedimento denominado: “Auxílio por incapacidade temporária – Análise Documental – AIT”

417
Portaria Conjunta MTP/INSS nº 7, de 28 de julho de 2022
Art. 1º Esta Portaria disciplina a dispensa de emissão de parecer conclusivo da Perícia Médica Federal
quanto à incapacidade laboral e a concessão do benefício por meio de análise documental pelo Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS), de que trata o § 14 do art. 60 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991.
Art. 2º A concessão de benefício de auxílio por incapacidade temporária, com dispensa da emissão de
parecer conclusivo da Perícia Médica Federal quanto à incapacidade laboral, será realizada por meio de
análise documental do INSS quando o tempo de espera para a realização da perícia médica na unidade for
superior a 30 (trinta) dias, observadas as demais condições estabelecidas nesta Portaria.
Parágrafo único. Não caberá a concessão de benefício por incapacidade da natureza acidentária por meio
do procedimento de análise documental.
Art. 3º A concessão do benefício de auxílio por incapacidade temporária por meio de análise documental
ficará condicionada à apresentação de atestado ou laudo médico, legível e sem rasuras, contendo os
seguintes elementos:
I - nome completo do requerente;
II - data de emissão do documento médico, a qual não poderá ser superior a 30 (trinta) dias da data de
entrada do requerimento;

418
III - informações sobre a doença ou CID;
IV - assinatura do profissional emitente e carimbo de identificação, com registro do Conselho de Classe,
que poderão ser eletrônicos ou digitais, desde que respeitados os parâmetros estabelecidos pela
legislação vigente; e
V - a data de início do repouso e o prazo estimado necessário;
§ 1º A emissão ou a apresentação de atestado falso ou que contenha informação falsa configura crime
de falsidade documental e sujeitará os responsáveis às sanções penais e ao ressarcimento dos valores
indevidamente recebidos.
§ 2º A análise dos documentos apresentados será realizada pela Perícia Médica Federal.
Art. 4º Observados os demais requisitos necessários para o benefício de auxílio por incapacidade
temporária, a concessão de que trata esta Portaria será devida a partir da data de início do benefício,
determinada nos termos do art. 60 da Lei nº 8.213, de 1991.
Parágrafo único. Os beneficiários que tiverem auxílios por incapacidade temporária concedidos na
forma desta Portaria, ainda que de forma não consecutiva, não poderão ter a soma de duração dos
respectivos benefícios superior a 90 (noventa) dias.
Art. 5º Quando não for possível a concessão do benefício de auxílio por incapacidade temporária por
meio de análise documental, em razão do não atendimento dos requisitos estabelecidos nesta Portaria,
bem como quando ultrapassado o prazo máximo estabelecido para a duração do benefício, será
facultado ao requerente a opção de agendamento para se submeter a exame médico-pericial.

419
§ 1º Não caberá recurso da análise documental realizada pela Perícia Médica Federal.
§ 2º O requerimento de novo benefício por meio de análise documental somente será possível após 30
(trinta) dias da última análise realizada.
Art. 6º Para os benefícios concedidos mediante o procedimento estabelecido nesta Portaria não se
aplica o restabelecimento do benefício anterior, previsto no § 3º do art. 75 do Regulamento da
Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999.
Art. 7º O requerente que tiver exame médico-pericial agendado na data de entrada em vigor desta
Portaria poderá optar pelo procedimento de análise documental, garantida a observância da data
de entrada do requerimento.
Parágrafo único. A duração do benefício concedido com base no procedimento estabelecido nesta
Portaria será limitada ao período de que trata o parágrafo único do art. 4º.
Art. 8º Atos complementares do INSS e da Subsecretaria da Perícia Médica Federal estabelecerão os
demais procedimentos operacionais para a concessão do benefício de auxílio por incapacidade
temporária por meio de análise documental.
Art. 9º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação e terá vigência por 30 (trinta) dias,
prorrogáveis por ato conjunto do Ministério do Trabalho e Previdência e do INSS. (Obs: o prazo de
vigência já foi prorrogado por outras portarias)

Obs: passo a passo para formalização do requerimento: https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-


br/imagens-capa/docmtar2_auxilio-por-incapacidade-temporaria_08-2022_atual-1.pdf

420
Portaria PRES/INSS Nº 1.486, DE 25/08/2022
Art. 1º Estabelecer procedimentos a serem observados para solicitação e análise de requerimento
do auxílio por incapacidade temporária, com dispensa da emissão de parecer conclusivo da Perícia
Médica Federal quanto à incapacidade laboral, de que tratam o § 14 do art. 60 da Lei nº 8.213, de
24 de julho de 1991, e a Portaria Conjunta MTP/INSS nº 7, de 28 de julho de 2022.
Art. 2º A solicitação de benefício de auxílio por incapacidade temporária, com análise documental,
será realizada exclusivamente pelo aplicativo Meu INSS.
§ 1º Os documentos médicos anexados ao requerimento devem:
[...]
Art. 3º Os interessados que já possuem prévio agendamento de perícia presencial poderão solicitar
o "Auxílio por incapacidade temporária - Análise Documental - AIT", ocasionando o
cancelamento da perícia presencial já marcada, sendo mantida a DER.
[...]
Art. 5º Por ocasião da solicitação do "Auxílio por incapacidade temporária - Análise Documental",
caso o interessado não preencha algum dos requisitos necessários à sua análise, deve-se
observar o procedimento constante do art. 9º.
§ 1º Nas situações em que o benefício de auxílio por incapacidade temporária com análise
documental for direcionado para realização de perícia presencial, será garantida a manutenção
da DER original.
421
Art. 7º Após análise documental pela Perícia Médica Federal e existindo pendência administrativa, será
gerada tarefa "Auxílio-Doença - Rural (Acerto Pós-perícia)" ou "Auxílio-Doença - Urbano (Acerto Pós-
perícia)" para tratamento de pendências administrativas.
§ 3º Após o tratamento das pendências administrativas, não ocorrendo concessão do benefício, se for o
caso, o servidor responsável pela análise deve comunicar ao segurado que o mesmo deverá providenciar o
agendamento de perícia médica presencial, por meio do serviço "Perícia Presencial por não conformação da
documentação médica", observado o disposto no § 1º do art. 5º. (Redação do parágrafo dada Portaria INSS
Nº 1489 DE 02/09/2022).
Art. 8º Em caso de concessão do benefício e ausência de pendências administrativas, o interessado será
comunicado do prazo de duração do benefício e que, caso a incapacidade permaneça, poderá solicitar novo
o benefício.
§ 1º O requerimento de novo benefício por meio de análise documental somente será possível após 30
(trinta) dias da última análise realizada ou no dia seguinte após a Data da Cessação do Benefício - DCB, caso
a data de 30 (trinta) dias após a análise seja anterior à DCB.
§ 2º Se a soma dos períodos de duração dos benefícios concedidos de acordo com esta Portaria for maior
que 90 (noventa) dias, o segurado deverá solicitar a realização de perícia presencial.
Art. 9º Nas situações em que houver a necessidade de realização de perícia presencial, o interessado será
comunicado de que deverá providenciar o agendamento de perícia médica presencial, por meio do serviço
"Perícia Presencial por não conformação da documentação médica", observado o disposto no § 1º do art.
5º. (Redação do caput dada pela Portaria INSS Nº 1489 DE 02/09/2022).
Parágrafo único. A ausência do agendamento no prazo de 30 (trinta) dias, de que trata o caput, implicará
em arquivamento do processo por desistência do pedido.
422
• Possibilidade de dispensa da perícia em razão da COVID:

Tese do tema 288 da TNU: Em resposta emergencial e preventiva, para


evitar o risco de transmissão e contágio por Coronavírus (SARS-CoV-2)
durante a crise pandêmica, é possível a dispensa de perícia médica
para concessão de benefício por incapacidade laboral, quando
apresentados pareceres técnicos ou documentos médicos elucidativos,
suficientes à formação da convicção judicial, desde que observado o
contraditório, a ampla defesa e o princípio da não surpresa.

423
14.9. Reflexos trabalhistas do auxílio por incapacidade temporária:
• Suspensão do contrato de trabalho: o empregado em gozo de auxílio-por
incapacidade temporária será considerado pela empresa como licenciado, ou seja, o
contrato de trabalho fica suspenso (art. 63 da Lei 8.213/91 e art. 476 da CLT)

• Manutenção de plano de plano saúde: Súmula 440 do TST: “Assegura-se o direito à


manutenção de plano de saúde ou de assistência médica oferecido pela empresa ao
empregado, não obstante suspenso o contrato de trabalho em virtude de auxílio-
doença acidentário ou de aposentadoria por invalidez.”

424
14.10. Auxílio por incapacidade temporária/auxílio-doença acidentário:

 Competência: Justiça Estadual

 Carência: dispensada

 Recolhimentos do FGTS: sim, na forma do art. 15, §5º, da Lei 8.036/90

 Estabilidade provisória, direito a reintegração e indenização substitutiva:


12 meses após a cessação do benefício, na forma do art. 118 da lei
8.213/91 (ver súmulas 378, II e 396 do TST). Não se aplica ao empregado
doméstico.

 RMI: 91% do SB
425
14.11. Limbo jurídico trabalhista-previdenciário ou emparedamento: segurado tem o
benefício por incapacidade cessado (ou sequer concedido) pelo INSS por recuperação da
capacidade e é impedido de reassumir as suas funções, porque o serviço médico do
empregador entende que o mesmo ainda está incapaz para o trabalho. Fica sem benefício
e salário.
 Ausência de regulamentação específica no nosso ordenamento jurídico
 Em regra, após o término do auxílio-doença, o contrato de trabalho retoma o seu curso
(termina a suspensão do art. 476 da CLT), voltando o empregado a ficar à disposição do
empregador, que não pode recusar o retorno
 Somente se fala em situação de limbo quando o empregador impede o retorno ao
trabalho. Se não ocorrer o retorno por decisão do empregado o caso pode gerar perda
da qualidade de segurado (caso ultrapassado o período de graça) e até abandono de
emprego (súmula 32 do TST). Obs: importância de fazer prova do impedimento
 Presunção de veracidade e prevalência hierárquica do laudo médico do INSS (Lei
605/49 e súmula 15 do TST)

426
 A jurisprudência TST é firme no sentido de que a empresa deve receber o empregado e
pagar os seus salários em caso de cessação de benefício por incapacidade. Se não o
receber de volta, será caso de licença remunerada:

I - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI


13.467/2017. RETORNO DA EMPREGADA APÓS ALTA PREVIDENCIÁRIA. TRABALHADORA
CONSIDERADA INAPTA PELA EMPRESA. LIMBO PREVIDENCIÁRIO. PAGAMENTO DOS SALÁRIOS.
RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO. No caso concreto, as matérias impugnadas no
recurso de revista e reiteradas nas razões do agravo de instrumento não possuem transcendência
econômica, política, jurídica ou social. Agravo de instrumento não provido. II - RECURSO DE
REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DE LEI 13.467/2017. LIMBO PREVIDENCIÁRIO. PAGAMENTO
DA PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. RECUSA DO EMPREGADOR EM FORNECER
TRABALHO. ATO ILÍCITO. AUSÊNCIA DE TRANSCENDÊNCIA. Decisão do Tribunal Regional em
conformidade com a jurisprudência desta Corte Superior, segundo a qual, concedida alta
previdenciária ao obreiro é ilícito o empregador não permitir o retorno do empregado ao
trabalho, devendo este assumir o ônus decorrente do indeferimento de prorrogação ou
restabelecimento do benefício a cargo do INSS. Condenação da reclamada ao pagamento dos
salários do período em que obstado o retorno da empregada ao trabalho, inclusive em relação a
PLR do período. [...] (ARR-1001086-08.2016.5.02.0467, 2ª Turma, Relatora Ministra Delaíde
Miranda Arantes, DEJT 21/02/2020).

427
AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA
LEI 13.015/2014. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017.
DIFERENÇAS SALARIAIS DIANTE DA RECUSA INJUSTIFICADA DA EMPREGADORA EM ACEITAR
O TRABALHO OBREIRO APÓS A ALTA PREVIDENCIÁRIA - LIMBO PREVIDENCIÁRIO -
PAGAMENTO DOS SALÁRIOS DEVIDOS - RESCISÃO INDIRETA. [...]A decisão recorrida se
harmoniza com a ordem jurídica atual, que aloca o indivíduo em posição especial no cenário
social, despontando nítido o caráter precursor do direito à dignidade da pessoa humana (1º,
III, da CF) sobre todo o sistema constitucional. Ademais, a Convenção nº 161 da OIT impõe,
como princípio de uma política nacional, "a adaptação do trabalho às capacidades dos
trabalhadores, levando em conta seu estado de sanidade física e mental". Dessa forma, cabia
ao Empregador, ante a cessação do benefício previdenciário, reintegrar ou readaptar o
Reclamante. Isso porque, segundo o ordenamento jurídico pátrio, o empregador também é
responsável pela manutenção e respeito aos direitos fundamentais do empregado, devendo
zelar pela afirmação de sua dignidade e integração no contexto social - e a readequação de
suas funções no processo produtivo da empresa faz parte deste mister. Assim sendo, a
decisão agravada foi proferida em estrita observância às normas processuais (art. 557, caput,
do CPC/1973; arts. 14 e 932, IV, "a", do CPC/2015), razão pela qual é insuscetível de reforma
ou reconsideração. Agravo desprovido (Ag-AIRR-10179-55.2018.5.15.0022, 3ª Turma, Relator
Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT 25/06/2021).

428
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À LEI
13.467/2017.
1. (...). 2. LIMBO PREVIDENCIÁRIO. RECUSA INJUSTIFICADA DA EMPREGADORA EM ACEITAR O TRABALHO OBREIRO APÓS
A ALTA PREVIDENCIÁRIA. PAGAMENTO DOS SALÁRIOS DEVIDO. SÚMULA 126/TST.
O Tribunal Regional registrou que já havia cessado a percepção do auxílio-doença pela Reclamante e que a
Reclamada não autorizou o retorno do Autor ao trabalho. Extrai-se, portanto, que a Autora foi colocada em
um "limbo jurídico-previdenciário", ante o fim do benefício previdenciário consistente no auxílio-doença, o
consequente término da suspensão contratual (art. 476 da CLT) e a recusa da Reclamada em proceder ao
retorno imediato da obreira aos serviços. Logo, a decisão recorrida se harmoniza com a ordem jurídica atual,
que aloca o indivíduo em posição especial no cenário social, despontando nítido o caráter precursor do
direito à dignidade da pessoa humana (1º, III, da CF) sobre todo o sistema constitucional. Ademais, a
Convenção nº 161 da OIT impõe, como princípio de uma política nacional, "a adaptação do trabalho às
capacidades dos trabalhadores, levando em conta seu estado de sanidade física e mental". Dessa forma,
cabia à Empregadora, ante a cessação da licença, reintegrar ou readaptar o Reclamante em atividade
compatível com suas limitações físicas, e não puramente recusar seu retorno ao trabalho. Isso porque,
segundo o ordenamento jurídico pátrio, o empregador também é responsável pela manutenção e respeito
aos direitos fundamentais do empregado, devendo zelar pela afirmação de sua dignidade e integração no
contexto social - e a readequação de suas funções no processo produtivo da empresa faz parte desse
mister. Assim, permanecendo o vínculo empregatício, é da Reclamada a responsabilidade pelo pagamento
dos salários após a alta médica conferida pelo INSS - tal como decidido pelo TRT. Agravo de instrumento
desprovido. (TST - AIRR: 2818120115020262, Relator: Mauricio Godinho Delgado, Data de Julgamento:
24/02/2021, 3ª Turma, Data de Publicação: 26/02/2021)

429
 Limbo trabalhista-previdenciário e termo inicial do período de graça:
matéria enfrentada pela TNU no tema 300, com a seguinte controvérsia:

• Tema 300: “Como é contado o período de graça do art. 15, II, da Lei n.º
8.213/91, quando o empregador não autoriza o retorno do segurado ao
trabalho por considerá-lo incapacitado, mesmo após a cessação de
benefício por incapacidade pelo INSS?

• Tese firmada: Quando o empregador não autorizar o retorno do segurado, por


considerá-lo incapacitado, mesmo após a cessação de benefício por
incapacidade pelo INSS, a sua qualidade de segurado se mantém até o
encerramento do vínculo de trabalho, que ocorrerá com a rescisão contratual,
quando dará início a contagem do período de graça do art. 15, II, da Lei n.
8.213/1991. (julgado no dia 07/12/2022 e ainda não transitado em julgado)

430
 Obrigação/orientação ao empregado:

• insistir junto ao INSS para prorrogação do benefício (administrativo ou judicial)


se entender que ainda está incapaz;
• sem prejuízo, se apresentar ao empregador para trabalhar, sob pena de
demissão por abandono de emprego, na forma da súmula 32 do TST: Configura-
se o abandono de emprego quando o trabalhador não retornar ao serviço no
prazo de 30 dias após a cessação do benefício previdenciário, nem justificar o
motivo de não o fazer.
• Poderá mover ação de reintegração junto à Justiça do Trabalho para voltar a
trabalhar, receber os valores atrasados e possível dano moral

• Se, por decisão própria, entendendo estar incapaz, decidir não retornar ao
trabalho, não é hipótese de limbo, correndo o risco de perder o emprego e a
qualidade de segurado. Poderá, nessa hipótese, recolher contribuições como
facultativo, para manter a qualidade de segurado (Art. 11, §5º, do RPS e art. 107,
§6º, da IN 128/2022)
431
 Obrigação/orientação ao empregador:
• Deve agir com muita prudência nesse cenário para evitar prejuízos (ter que pagar salários
atrasados, penalidades e dano moral)
• Em regra, deve receber de volta o empregado, caso tenha condições de trabalhar sem
colocar em risco a vida, a saúde e a integridade física própria e de terceiros e o patrimônio
da empresa. Se necessário, pode readaptar o empregado para exercer outra atividade
compatível com o seu estado de saúde (§2º do art. 62 da Lei 8.213/91)
• Se não houver capacidade de trabalho pode se antecipar e mover uma ação contra o INSS
(inclusive, em conjunto com o empregado), para concessão do benefício previdenciário ao
empregado (tem legitimidade processual para tanto: arts. 76-A e 76-B do RPS)
• Pode pagar o “período de limbo”, mantendo o empregado afastado, em uma forma de
“licença remunerada”. Depois, pode tentar se ressarcir diretamente junto ao INSS ou ao
empregado (caso este tenha tido êxito na ação junto ao INSS)
• Deve cobrar de seu serviço de saúde a emissão de um ASO detalhado (não somente com a
expressão: inapto), que exponha todo o quadro de saúde e a impossibilidade/limitação/riscos
laborais em caso de retorno, encaminhando-o ao INSS para tentar minimizar possíveis prejuízos
futuros, inclusive com danos morais e agravamento da patologia

432
14.12. Obrigações do segurado em percepção de auxílio-doença (arts. 101 e
62 da Lei 8.213/91 e 77 do RPS):
Art. 101. (...) (já transcrito anteriormente)

Art. 62. O segurado em gozo de auxílio-doença, insuscetível de recuperação para sua atividade
habitual, deverá submeter-se a processo de reabilitação profissional para o exercício de outra
atividade. (Redação dada pela Lei nº 13.457, de 2017)

§ 1º. O benefício a que se refere o caput deste artigo será mantido até que o segurado seja
considerado reabilitado para o desempenho de atividade que lhe garanta a subsistência ou,
quando considerado não recuperável, seja aposentado por invalidez. (Redação dada pela
Lei nº 13.846, de 2019)

§ 2º A alteração das atribuições e responsabilidades do segurado compatíveis com a limitação que


tenha sofrido em sua capacidade física ou mental não configura desvio de cargo ou função do
segurado reabilitado ou que estiver em processo de reabilitação profissional a cargo do INSS.
(Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019).

433
1ª) exames médicos periódicos (“perícia/exame de revisão”):
• art. 60, §10, da Lei 8.213/91: § 10. O segurado em gozo de auxílio-doença, concedido
judicial ou administrativamente, poderá ser convocado a qualquer momento para
avaliação das condições que ensejaram sua concessão ou manutenção, observado o
disposto no art. 101 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.457, de 2017)

• Periodicidade: em regra, a cada 06 meses (art. 315 da IN 77). No entanto, este regime
foi alterado pela cobertura previdenciária estimada (COPES) do art. 60, §§ 8º a 11,
conforme veremos à frente

• Possibilidade de perícia remota ou documental: sim, na forma do art. 101, §§ 6º e 7º,


incluídos pela Lei 14.441/2022
• Dispensa de exames do art. 101 em razão da idade ou doença: não, por ausência de
previsão legal (somente se aplicação à aposentadoria por incapacidade permanente)

434
Coisa julgada: (Obs: ver, também, slides anteriores [383 e seguintes] referentes
ao benefício de aposentadoria por incapacidade permanente, em especial o tema 1157
do STJ)
• A revisão administrativa incide mesmo nos casos concedidos judicialmente, em razão de
previsão legal expressa (art. 60, §10, da Lei 8.213/91 e art. 71 da Lei 8.212/91) e por se
tratar de benefício de trato continuado ou sucessivo, que atrai a incidência da cláusula
rebus sic stantibus (enquanto as coisas estão assim) e da regra do art. 505, I, do NCPC
(modificação no estado de fato ou de direito, que autoriza a revisão do estatuído na
sentença)
• No entanto, a perícia do INSS, nesses casos, deve, para fazer cessar o benefício, demonstrar
que o quadro de incapacidade constatado judicialmente e acobertado pela coisa julgada se
alterou (ver Portaria Conjunta INSS/PGF nº 1, de 12/01/2017). Obs: em regra, isso não
acontece e a perícia é genérica (nova perícia administrativa desvinculada da judicial)
• Nova ação judicial intentada com novo requerimento administrativo indeferido: certeza
de descaracterização da coisa julgada? NÃO. A descaracterização ocorre pela alteração da
situação de fato (progressão, agravamento, nova patologia etc) e não em face de uma nova
postulação administrativa por si só. (obs: trabalhar exemplos).

435
• IMPORTANTE: Ver a nova redação do art. 129-A, I, ‘d’, da Lei 8.213/91, com
redação incluída pela Lei 14.331, de 4 de maio de 2022, com vigência a partir
de 05/05/2022 (novos requisitos da petição inicial):

“Art. 129-A. Os litígios e as medidas cautelares relativos aos benefícios por


incapacidade de que trata esta Lei, inclusive os relativos a acidentes do trabalho,
observarão o seguinte:
I – quando o fundamento da ação for a discussão de ato praticado pela perícia
médica federal, a petição inicial deverá conter, em complemento aos requisitos
previstos no art. 319 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo
Civil):
[...]
d) declaração quanto à existência de ação judicial anterior com o objeto de que
trata este artigo, esclarecendo os motivos pelos quais se entende não haver
litispendência ou coisa julgada, quando for o caso;

436
2º) Tratamento dispensado gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de
sangue, que são facultativos (ver slides aposentadoria por incapacidade permanente)
3º) Reabilitação profissional (ver slides aposentadoria por incapacidade permanente)

14.13. MP 871/2019 e Lei 13.846/2019: restrições ao recebimento


do auxílio pelo segurado preso:
Art. 59 da Lei 8.213/91:
§ 2º Não será devido o auxílio-doença para o segurado recluso em regime fechado. (Incluído pela Medida
Provisória nº 871, de 2019) Vigência: a partir de 18/01/2019

§ 2º Não será devido o auxílio-doença para o segurado recluso em regime fechado. (Incluído
pela Lei nº 13.846, de 2019) Vigência: a partir de 18/06/2019
§ 3º O segurado em gozo de auxílio-doença na data do recolhimento à prisão terá o benefício suspenso.
(Incluído pela Medida Provisória nº 871, de 2019)

§ 3º O segurado em gozo de auxílio-doença na data do recolhimento à prisão terá o benefício


suspenso. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
437
§ 4º A suspensão prevista no § 3º será de até sessenta dias, contados da data do recolhimento à prisão,
cessado o benefício após o referido prazo. (Incluído pela Medida Provisória nº 871, de 2019)

§ 4º A suspensão prevista no § 3º deste artigo será de até 60 (sessenta)


dias, contados da data do recolhimento à prisão, cessado o benefício após o
referido prazo. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)

§ 5º Na hipótese de o segurado ser colocado em liberdade antes do prazo previsto no § 4º, o benefício será
restabelecido a partir da data da soltura. (Incluído pela Medida Provisória nº 871, de 2019)

§ 5º Na hipótese de o segurado ser colocado em liberdade antes do prazo


previsto no § 4º deste artigo, o benefício será restabelecido a partir da data da
soltura. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)

§ 6º Em caso de prisão declarada ilegal, o segurado terá direito à percepção do


benefício por todo o período devido. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)

438
§ 7º O disposto nos §§ 2º, 3º, 4º, 5º e 6º deste artigo aplica-se
somente aos benefícios dos segurados que forem recolhidos à
prisão a partir da data de publicação desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.846, de
2019).

• Publicação: 18/06/2019: peculiaridade do direito intertemporal

§ 8º O segurado recluso em cumprimento de pena em regime


aberto ou semiaberto terá direito ao auxílio-doença.
(Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)

439
14.14. Data de início do benefício (DIB): momento a partir do qual o
segurado passa a receber o auxílio (art. 60 da Lei 8.213/91)
Art. 60. O auxílio-doença será devido ao segurado empregado a contar do décimo sexto dia do
afastamento da atividade, e, no caso dos demais segurados, a contar da data do início da
incapacidade e enquanto ele permanecer incapaz.

§ 1º Quando requerido por segurado afastado da atividade por mais de 30 (trinta) dias, o
auxílio-doença será devido a contar da data da entrada do requerimento.

§ 3o Durante os primeiros quinze dias consecutivos ao do afastamento da atividade por motivo


de doença, incumbirá à empresa pagar ao segurado empregado o seu salário integral.

440
 A fixação depende:
• a) da espécie de segurado;

• b) qual a DII fixada, levando-se em conta a DER e a data da citação


(fixação judicial)
1) Segurado empregado (não se aplica ao doméstico):

1.1) DIB será o 16º dia de afastamento da atividade (os 15 primeiros serão
pagos pela empresa, art. 60, §3º, da Lei 8.213/91), caso o segurado tenha
requerido o benefício até 30 dias antes do afastamento da atividade (DAT);

1.2) a partir da DER caso tenha requerido após 30 dias de afastamento da


atividade (DAT)
441
OBS: prorrogação/reabertura do benefício e contagem dos 15 dias (art. 75 do RPS e
arts. 345 a 347 da IN 128/2022):

§ 3º Se concedido novo benefício decorrente do mesmo motivo que gerou a incapacidade no


prazo de sessenta dias, contado da data da cessação do benefício anterior, a empresa ficará
desobrigada do pagamento relativo aos quinze primeiros dias de afastamento, prorrogando-
se o benefício anterior e descontando-se os dias trabalhados, se for o caso. (Redação
dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020)

§ 4º Se o segurado empregado, por motivo de incapacidade, afastar-se do trabalho durante


o período de quinze dias, retornar à atividade no décimo sexto dia e voltar a se afastar no
prazo de sessenta dias, contado da data de seu retorno, em decorrência do mesmo motivo
que gerou a incapacidade, este fará jus ao auxílio por incapacidade temporária a partir da
data do novo afastamento. (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020)

§ 5º Na hipótese prevista no § 4º, se o retorno à atividade tiver ocorrido antes do período de


quinze dias do afastamento, o segurado fará jus ao auxílio por incapacidade temporária a
partir do dia seguinte ao que completar aquele período. (Redação dada pelo Decreto
nº 10.410, de 2020)
442
2) Demais segurados (doméstico, avulso, CI, segurado especial e facultativo):
(i) DIB a partir da DII/DAT caso tenha requerido o benefício (DER) em até 30 dias da
DII/DAT;
(ii) a partir da DER, caso tenha requerido após 30 dias da DII/DAT (art. 60, §1º, da Lei
8.213/91 c/c/ art. 72, III do RPS). Obs: DER > DCI (data de cessação da incapacidade) =
hipótese de direito ao benefício sem efeitos financeiros ou de indeferimento do
benefício?
3) Caso não tenha havido requerimento administrativo (em regra, ações interpostas
antes da decisão do STF no tema 350): a DIB será na data da citação válida do INSS
(caso a DII seja anterior à citação), que funciona como requerimento administrativo
(STJ: tese do tema 626 e súmula 576)
4) Caso a DII seja fixada após a última DER/DCB e antes da citação: a DIB será fixada
na data da citação. Obs: os riscos de extinção do processo por falta de interesse de
agir (comportamento, em regra, equivocado do juiz)
5) Caso a DII seja fixada após a citação: a DIB será fixada na DII

443
 No âmbito dos JEF’s, incluindo a TNU, estão sendo adotados os seguinte
parâmetros para a DII e DIB:

a) a DIB deve ser fixada na data do requerimento administrativo (DER), se nesta


data já estiver presente a incapacidade ou impedimento/deficiência (DII). Nesse
sentido a súmula 22 da TNU: “Se a prova pericial realizada em juízo dá conta de
que a incapacidade já existia na data do requerimento administrativo, esta é o
termo inicial do benefício assistencial”;

b) se não houve requerimento administrativo, a DIB deve ser fixada na data da


citação, se nesta data já estiver presente a incapacidade ou
impedimento/deficiência (DII). Nesse sentido: STJ, 1ª. Seção, RESp n.
1.369.165/SP, rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe 07/03/2014; STJ, 1ª. T., REsp nº
1311665, rel. para Ac. Min. Sérgio Kukina, DJe de 17/10/2014; ambos sob o regime
representativo de controvérsia. Súmula 576 do STJ.

444
c) se houve requerimento administrativo e a data de início da incapacidade ou
impedimento/deficiência (DII) foi fixada após a DER (legitimando a recusa do INSS) e antes
da citação, o benefício será devido desde a citação. Nesse sentido: STJ, 1ª. Seção, RESp n.
1.369.165/SP, rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe 07/03/2014, sob o regime representativo de
controvérsia; TNU, PEDILEF 05003021-49.2012.4.04.7009, rel. Frederico Augusto Leopoldino
Koehler, DOU 13/11/2015;

d) para os casos de restabelecimento, se a DII for fixada até a data da cessação do


benefício (DCB), a DIB será fixada na DCB ( = DER). Inteligência da súmula 22 da TNU.

e) para os casos de restabelecimento, se a DII for fixada após a DCB (legitimando a


cessação) e antes da citação, a DIB será a data da citação. Nesse sentido: STJ, 1ª.
Seção, RESp n. 1.369.165/SP, rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe 07/03/2014, sob o
regime representativo de controvérsia; TNU, PEDILEF 05003021-49.2012.4.04.7009,
rel. Frederico Augusto Leopoldino Koehler, DOU 13/11/2015;

445
f) se a data de início da incapacidade (DII) for fixada depois da citação e
antes da realização da perícia, a DIB será a DII (PUIL n. 0000784-
46.2018.4.03.6201/MS, rel. p/ acórdão Juiz Federal Gustavo Melo Barbosa,
data de julgamento 10/02/2022; PEDILEF n.º 0503279-
98.2020.4.05.8102; PEDILEF n.º 0505622-69.2017.4.05.8200, rel. p/ acórdão
Juiz Federal Gustavo Melo Barbosa, j. 28.04.2021).

g) a Data do Início do Benefício – DIB é fixada na data da realização da


perícia quando ela “não consegue especificar a data do início da
incapacidade” (TNU – PEDILEF n.º 200763060094503, Rel. Juíza Federal
Jacqueline Michels Bilhalva, j. 14.09.2009) e “não houver elementos
probatórios que permitam identificar fundamentadamente o início da
incapacidade em data anterior” (TNU – PEDILEF n.º 200834007002790, Rel.
Juiz Federal Wilson José Witzel, j. 25.05.2017).

446
14.15. Salário de Benefício (SB) e renda mensal inicial (RMI):

Antes da EC 103/2019 Depois da EC 103/2019

• SB: m. a. s. dos 80% > SC a partir de • SB: m. a. s. de todos (100%?) dos SC a


07/1994 ou a partir da data da 1ª partir de 07/1994 ou a partir da data da
contribuição se posterior a 07/1994. Obs: 1ª contribuição se posterior a 07/1994
ver se é hipótese de “Revisão da Vida
Toda”
• Coeficiente ou alíquota: 91% (não foi
• Coeficiente ou alíquota: 91% (art. 61 da
Lei 8.213/91) alterado pela reforma)

• RMI: SB x 91%
• RMI: SB x alíquota (91%)
• Limitador externo ou teto extra:
benefícios com fato gerador (DII) a partir
de 01/03/2015 (art. 29, §10, da Lei • Limitador externo ou teto extra: continua
8.213/91) sendo aplicável? Sim.

447
14.16. Data de cessação do benefício (DCB): art. 78 do RPS
• Óbito do segurado

• Transformação em aposentadoria por incapacidade permanente

• Transformação em auxílio-acidente

• Reabilitação com êxito para o exercício de outra atividade

• Recuperação da capacidade (retorno voluntário ao trabalho, COPES ou constatação


em perícia)

448
14.17. Cobertura Previdenciária Estimada ou Alta programada: art.
60, §§8º a 10 da Lei 8.213/91
§ 8º Sempre que possível, o ato de concessão ou de reativação de auxílio-doença, judicial ou administrativo,
deverá fixar o prazo estimado para a duração do benefício. (Incluído pela Medida Provisória nº
739, de 2016)(Vigência encerrada)

§ 8o Sempre que possível, o ato de concessão ou de reativação de auxílio-doença, judicial


ou administrativo, deverá fixar o prazo estimado para a duração do benefício (Incluído pela Lei
nº 13.457, de 2017)

§ 9º Na ausência de fixação do prazo de que trata o § 8º, o benefício cessará após o prazo de cento e vinte
dias, contado da data de concessão ou de reativação, exceto se o segurado requerer a sua prorrogação junto
ao INSS, na forma do regulamento, observado o disposto no art. 62. (Incluído pela Medida
Provisória nº 739, de 2016) (Vigência encerrada)

§ 9o Na ausência de fixação do prazo de que trata o § 8o deste artigo, o benefício cessará


após o prazo de cento e vinte dias, contado da data de concessão ou de reativação do
auxílio-doença, exceto se o segurado requerer a sua prorrogação perante o INSS, na forma
do regulamento, observado o disposto no art. 62 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.457, de 2017)

449
§ 10. O segurado em gozo de auxílio-doença, concedido judicial ou
administrativamente, poderá ser convocado a qualquer momento, para
avaliação das condições que ensejaram a sua concessão e a sua manutenção,
observado o disposto no art. 101. (Incluído pela Medida Provisória nº
739, de 2016)

§ 10. O segurado em gozo de auxílio-doença, concedido


judicial ou administrativamente, poderá ser convocado a
qualquer momento para avaliação das condições que
ensejaram sua concessão ou manutenção, observado o
disposto no art. 101 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.457, de 2017)
§ 11. Sempre que possível, o ato de concessão ou de reativação de auxílio-
doença, judicial ou administrativo, deverá fixar o prazo estimado para a
duração do benefício. (Incluído pela Medida Provisória nº 767, de 2017)

450
 Instituição: inicialmente pelo Decreto 5.844/2006, que incluiu os §§ 1º, 2º e 3º
no art. 78 do RPS e Orientação Interna 138 DIRBEN/INSS, DE 11/05/2006
 Conceito: trata-se da possibilidade de o INSS estabelecer, com base na avaliação
médico pericial, a data estimada para a recuperação da capacidade de trabalho
do segurado, dispensada nesta hipótese a realização de nova perícia (“perícia de
revisão ou cessação”), salvo no caso de pedido de prorrogação do segurado (PP).
A partir da MP 739/2016, criou-se, também, a figura subsidiária da “data
presumida” de recuperação da capacidade (120 dias).
 Mecanismo de racionalização do trabalho pericial e gestão de benefícios por
incapacidade. Dados da Subsecretaria de Perícia Médica Federal: (i) 2018:
1.586.811 perícias em pedidos de prorrogação; (ii) 2019: 1.486.601. Favoráveis:
53,94%
 Legalização do instituto: MP 739/2016 (vigência: 08/07/2016 a 04/11/2016);
MP 767/2017 (vigência: 06/01/2017 a 26/06/2017), convertida na Lei
13.457/2017 (vigência a partir de 27/06/2017)
451
 OBS: Aplicável às incapacidades temporárias, uma vez que as permanentes levam à
aposentadoria por invalidez ou necessidade de reabilitação profissional (ver remissão
ao art. 62 da Lei 8.213/91 no §9º)
 Pedido de prorrogação (PP): formulado junto aos canais de atendimento do INSS nos
15 dias que antecedem a DCB/DCA. Procedimento: art. 339, §3º, da IN 128/2022 e
Portaria INSS/DIRBEN nº 991/2022 (arts. 386 e seguintes). OBS: a carta de concessão
deve informar a DCB estimada e a possibilidade de manejo do PP;
 Requerido o PP, o benefício será pago normalmente até a realização da nova perícia
(art. 389 da Portaria DIRBEN/INSS 991/2022). OBS: não cabe repetição dos valores
pagos caso a nova perícia seja negativa.
 Prorrogação automática (art. 387 da Portaria 991/2022):

Art. 387. Estando a agenda médica com prazo superior a 30 (trinta) dias para os serviços de
perícia, a prorrogação do benefício será automática pelo prazo de 30 (trinta) dias contados da
DCB, gerando um requerimento de Prorrogação de Manutenção - PMAN, até o limite de 2 (dois)
requerimentos, sem a necessidade de realização de perícia médica.

452
 Limites (4) para utilização do PP (art. 388 da Portaria 991/2022):
Art. 388. Após as duas prorrogações automáticas, ou caso o prazo da agenda
médica esteja com prazo inferior a 30 (trinta) dias, o segurado terá direito ainda a
2 (dois) pedidos de prorrogação que são o Pedido de Perícia Médica Conclusiva -
PPMC e o Pedido de Perícia Médica Resolutiva - PPMRES, os quais passarão por
perícia médica para delimitação da incapacidade e fixação do prazo de duração.

 Se o PP for indeferido, poderá ser interposto recurso para a JR/CRPS no


prazo de 30 dias (art. 78, §7, do RPS).
 “Trava” para pedido de novo benefício por incapacidade: art. 346 da IN
128/2022: Art. 346. Somente poderá ser realizado novo requerimento de
benefício por incapacidade após 30 (trinta) dias, contados da Data de Realização
do Exame - DRE, ou da DCB, ou da Data de Cessação Administrativa - DCA,
conforme o caso.

453
 Posição da jurisprudência acerca da constitucionalidade/legalidade do
procedimento:
• STJ: contrária (antes da edição da lei). Já existe julgamento favorável após a lei, no entanto,
a posição majoritária e dominante é contrária (AgInt no Resp 1.935.704/RS, 2T, julgado em
05/10/2021)
• TNU: favorável (Tese do tema 164)
• STF: vai decidir no tema 1.196 (pendente de julgamento)
 COPES ou alta programada judicial: o juiz, na própria sentença, a partir da
indicação do perito no laudo pericial, já fixa a DCB. Se não fixar, aplica-se o prazo
de 120 dias. Não havia previsão legal. A jurisprudência, inclusive da TNU, era
contrária. A partir das MP’s 739/2016 e 767/2017 e Lei 13.457/2017 foi
legalizada. Regulamentação de cumprimento pelo INSS: Memorando-Circular
Conjunto nº7/DIRSAT/DIRBEN/PFE/DIRAT/INSS, de 09/06/2017
 Aplica-se o PP à alta programada judicial

454
Julgados importantes da TNU sobre o tema:
• Tese do tema 164 da TNU: (legalidade da alta programada)
Por não vislumbrar ilegalidade na fixação de data estimada para a cessação do auxílio-doença, ou
mesmo na convocação do segurado para nova avaliação da persistência das condições que levaram à
concessão do benefício na via judicial, a Turma Nacional de Uniformização, por unanimidade, firmou as
seguintes teses:

a) os benefícios de auxílio-doença concedidos judicial ou administrativamente, sem Data de Cessação


de Benefício (DCB), ainda que anteriormente à edição da MP nº 739/2016, podem ser objeto de
revisão administrativa, na forma e prazos previstos em lei e demais normas que regulamentam a
matéria, por meio de prévia convocação dos segurados pelo INSS, para avaliar se persistem os
motivos de concessão do benefício;

b) os benefícios concedidos, reativados ou prorrogados posteriormente à publicação da MP nº


767/2017, convertida na Lei n.º 13.457/17, devem, nos termos da lei, ter a sua DCB fixada, sendo
desnecessária, nesses casos, a realização de nova perícia para a cessação do benefício;
c) em qualquer caso, o segurado poderá pedir a prorrogação do benefício, com garantia de
pagamento até a realização da perícia médica."

455
• Tese do tema 246 da TNU: (DCB judicial em caso de alta programada):
importância e dificuldades do tema no caso de sentença/acórdão com
DCB vencida (parcelas vencidas)
I - Quando a decisão judicial adotar a estimativa de prazo de recuperação
da capacidade prevista na perícia, o termo inicial é a data da realização do
exame, sem prejuízo do disposto no art. 479 do CPC, devendo ser garantido
prazo mínimo de 30 dias, desde a implantação, para viabilizar o pedido
administrativo de prorrogação.
II - quando o ato de concessão (administrativa ou judicial) não indicar o
tempo de recuperação da capacidade, o prazo de 120 dias, previsto no § 9º,
do art. 60 da Lei 8.213/91, deve ser contado a partir da data da efetiva
implantação ou restabelecimento do benefício no sistema de gestão de
benefícios da autarquia.

456
Alguns dos cenários possíveis:

1ª situação: DER: 25/06/2018; Propositura da ação: 25/11/2018; Perícia:


25/05/2019. Conclusão: incapacidade total e temporária; DII: 25/06/2018.
Estimativa de cessação da incapacidade (DCB): não. Sentença (com tutela
antecipada para implantação do benefício): 25/11/2019. DIB: 25/06/2018.
Neste caso, a sugestão é usar a fórmula:

Em face do exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso para: a) conceder à parte autora


auxílio por incapacidade temporária com DIB em 25/06/2018 (DER), DIP no primeiro
dia do mês seguinte ao qual o INSS for intimado deste julgado (tutela antecipada
concedida), RMI/RMA conforme legislação de regência e dados do CNIS e DCB na
forma do §9º do art. 60 da Lei 8.213/91 (120 dias contados da DDB, com
possibilidade de PP); c) pagar as parcelas vencidas da DIB até a DIP, com correção
monetária e juros de mora na forma do MCJF, atualizado pela Resolução nº 784/2022
do CJF; d) descontar valores recebidos a título de benefício inacumulável percebido
entre a DIB e a DIP, se for o caso. Sem custas e honorários (recorrente vencedor).

457
2ª situação: DER: 25/06/2018; Propositura da ação: 25/11/2018; Perícia:
25/05/2019. Conclusão: incapacidade total e temporária; DII: 25/06/2018.
Estimativa de cessação da incapacidade (DCB): 150 dias. Sentença: 25/02/2020.
Tutela antecipada: ?. DIB: 25/06/2018.

 a princípio, o prazo estimado de incapacidade se encerrou em 25/10/2019 (150


dias contatos da perícia), ou seja, antes da sentença (25/02/2020);
• Concede o benefício (DIB) com tutela antecipada e aplicação da fórmula
anterior?
• Concede o benefício somente entre a DIB e a DCB estimada (25/06/2018 a
25/10/2019), ou seja, somente parcelas vencidas sem implantação?
• Concede o benefício (a partir da DIB) com tutela para implantação somente por
30 (ou 60 dias) dias, garantindo assim o manejo do PP?
• Concede o benefício entre a DIB e a DCB estimada (parcelas vencidas entre
25/06/2018 a 25/10/2019), com tutela antecipada excepcional para implantação
somente por 30 (ou 60 dias) dias, garantindo assim o manejo do PP?
458
3ª situação: DER: 25/06/2018; Propositura da ação: 25/11/2018; Perícia:
25/05/2019. Conclusão: incapacidade total e temporária; DII: 25/06/2018.
Estimativa de cessação da incapacidade (DCB): 150 dias. Sentença:
25/02/2020 concedeu somente parcelas vencidas entre a DIB e a DCB
estimada (25/06/2018 a 25/10/2019). Recurso inominado pedindo a
aplicação do tema 246, I, da TNU: julgado em 25/10/2021

• Negar provimento?
• Dar provimento para implantar o benefício por 30 (ou 60) dias a partir da
data da sessão de julgamento, garantindo o manejo do PP e pagando as
parcelas vencidas entre a DCB fixada na sentença e a implantação?
• Dar provimento para implantar o benefício por 30 (ou 60) dias a partir da
data da sessão de julgamento, garantindo o manejo do PP e não pagando
as parcelas vencidas entre a DCB fixada na sentença e a implantação?

459
• Tese do tema 277 da TNU: (Pedido de prorrogação/PP – e interesse de
agir)
O direito à continuidade do benefício por incapacidade temporária com estimativa
de DCB (alta programada) pressupõe, por parte do segurado, pedido de
prorrogação (art. 60, § 9º, da Lei n. 8.213/1991), recurso administrativo ou pedido
de reconsideração, quando previstos normativamente, sem o que não se configura
interesse de agir em juízo.

– Exigência posteriormente legalizada: art. 129-A, II, ‘a’ da Lei 8.213/91, com redação
dada pela Lei 14.331, de 04/05/2022

– Obs: atenção com as hipóteses de frustração do PP na via administrativa. Por


exemplo: DCB igual ou menor que a data de realização do exame pericial (DRE), com
concessão exclusiva de parcelas vencidas, sem implantação do benefício. Neste
caso, existe interesse de agir

460
14.18. Acumulação do auxílio por incapacidade temporária com outros
benefícios (Art. 124 da Lei 8.213/91):

• Não pode ser cumulado com qualquer espécie de aposentadoria, salário-


maternidade (art. 102 do RPS) e seguro-desemprego

• Pode ser cumulado com pensão por morte

• Pode ser cumulado com auxílio-acidente desde que as causas (fato gerador)
sejam diversas

14.19. Auxílio-doença parental: risco social não previsto na legislação. A


jurisprudência não vem reconhecendo o direito por ausência de previsão legal. Ver
STF: ARE 1337709, 2ª T, julgado em 03/11/2022, publicação em 08/11/2022

461
14.20. Auxílio-doença e Lei Maria da Penha: o INSS deve pagar o benefício para a mulher
que tiver que se afastar do seu trabalho para se proteger da violência doméstica?
http://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/Para-Sexta-Turma--
INSS-deve-arcar-com-afastamento-de-mulher-ameacada-de-violencia-domestica.aspx

14.21. Auxílio-doença e COVID-19: normatização extraordinária:

• Lei 13.982/2020 (Portaria 9.381/2020): autorizou a antecipação do benefício (valor de


01 SM) por até 03 meses ou até a realização da perícia médica, mediante análise dos
documentos médicos. Não há indeferimento (exige perícia presencial, se for o caso),
mas, somente, não antecipação

• Lei 14.131/2021 (Portaria conjunta 32/2021): autorizou a concessão do benefício por


até 90 dias com base na análise dos documentos médicos (até 31/12/2021). Não há
indeferimento (mesma situação da lei anterior)

462
14.22. IMPORTANTE: nova legislação trazendo requisitos para a petição inicial
e alteração de procedimento nos processos de benefício por incapacidade (Lei
14.331, de 04/05/2022, em vigor desde 05/05/2022):
Art. 3º A Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, passa a vigorar acrescida dos seguintes arts.
129-A e 135-A:
Art. 129-A. Os litígios e as medidas cautelares relativos aos benefícios por incapacidade de que
trata esta Lei, inclusive os relativos a acidentes do trabalho, observarão o seguinte:
Novos requisitos da petição inicial:
I – quando o fundamento da ação for a discussão de ato praticado pela perícia médica federal,
a petição inicial deverá conter, em complemento aos requisitos previstos no art. 319 da Lei nº
13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil):
a) descrição clara da doença e das limitações que ela impõe;
b) indicação da atividade para a qual o autor alega estar incapacitado;
c) possíveis inconsistências da avaliação médico-pericial discutida; e (Obs: a perícia
administrativa [SABI] passou a ser documento essencial à propositura da ação?)
463
d) declaração quanto à existência de ação judicial anterior com o objeto de que trata este
artigo, esclarecendo os motivos pelos quais se entende não haver litispendência ou coisa
julgada, quando for o caso;

Novos documentos que devem instruir a inicial:

II - para atendimento do disposto no art. 320 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015


(Código de Processo Civil), a petição inicial, qualquer que seja o rito ou procedimento
adotado, deverá ser instruída pelo autor com os seguintes documentos:

a) comprovante de indeferimento do benefício ou de sua não prorrogação, quando for o caso,


pela administração pública; (ver Tese do tema 277 da TNU)

b) comprovante da ocorrência do acidente de qualquer natureza ou do acidente do trabalho,


sempre que houver um acidente apontado como causa da incapacidade;

c) documentação médica de que dispuser relativa à doença alegada como a causa da


incapacidade discutida na via administrativa.

464
Novo requisito exigido do perito/laudo pericial:

§ 1º Determinada pelo juízo a realização de exame médico-pericial por perito do juízo, este
deverá, no caso de divergência com as conclusões do laudo administrativo, indicar em seu
laudo de forma fundamentada as razões técnicas e científicas que amparam o dissenso,
especialmente no que se refere à comprovação da incapacidade, sua data de início e a sua
correlação com a atividade laboral do periciando.

Nova hipótese de improcedência liminar do pedido e inversão do momento da produção da


prova técnica: Obs: vantagens e desvantagens da inversão

§ 2º Quando a conclusão do exame médico pericial realizado por perito designado pelo juízo
mantiver o resultado da decisão proferida pela perícia realizada na via administrativa, poderá
o juízo, após a oitiva da parte autora, julgar improcedente o pedido.

§ 3º Se a controvérsia versar sobre outros pontos além do que exige exame médico-pericial,
observado o disposto no § 1º deste artigo, o juízo dará seguimento ao processo, com a citação
do réu.”

465
15. Acidente do trabalho e reflexos nos benefícios previdenciários

15.1. Acidente de trabalho típico:

Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre (nexo causal) pelo exercício do
trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício
do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei
(segurado especial), provocando lesão corporal ou perturbação funcional que
cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da
capacidade para o trabalho. (Redação dada pela Lei Complementar nº 150, de 2015)

466
15.2. Doenças equiparadas (ocupacionais): são aquelas que guardam nexo
com o exercício da atividade laborativa

Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as


seguintes entidades mórbidas:

I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício


do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação
elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social;

• Ex: silicose que afeta os mineiros em razão da inalação da sílica existente no ar dos
túneis e galerias

• O nexo causal é presumido, na forma do anexo II do RPS

467
Anexo II do RPS
LISTA A: AGENTES OU FATORES DE RISCO DE NATUREZA OCUPACIONAL RELACIONADOS COM A ETIOLOGIA
DE DOENÇAS PROFISSIONAIS E DE OUTRAS DOENÇAS RELACIONADAS COM O TRABALHO

AGENTES ETIOLÓGICOS OU FATORES DOENÇAS CAUSALMENTE RELACIONADAS COM OS


DE RISCO DE NATUREZA RESPECTIVOS AGENTES OU FATORES DE RISCO
OCUPACIONAL (DENOMINADAS E CODIFICADAS SEGUNDO A CID-10)

• Transtornos de personalidade e de comportamento decorrentes de


XIII - Hidrocarbonetos alifáticos doença, lesão e de disfunção de personalidade (F07.-)
ou aromáticos (seus derivados • Transtorno Mental Orgânico ou Sintomático não especificado (F09.-
)
halogenados tóxicos) • Episódios Depressivos (F32.-)
• Neurastenia (Inclui "Síndrome de Fadiga") (F48.0)
• Outras formas especificadas de tremor (G25.2)
• Transtorno extrapiramidal do movimento não especificado (G25.9)
• Transtornos do nervo trigêmio (G50.-)
• Polineuropatia devida a outros agentes tóxicos (G52.2) (n-Hexano)
• Encefalopatia Tóxica Aguda (G92.1)
• Encefalopatia Tóxica Crônica (G92.2)
• Conjuntivite (H10)
• Neurite Óptica (H46)
• Distúrbios visuais subjetivos (H53.-)
• .....
468
II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função
de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione
diretamente, constante da relação mencionada no inciso I.

• Ex.: surdez adquirida por um garçom que trabalhe em ambiente


extremamente barulhento

• Nexo causal não é presumido

469
§ 1º Não são consideradas como doença do trabalho:
a) a doença degenerativa;
b) a inerente a grupo etário;
c) a que não produza incapacidade laborativa;
d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que
ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou
contato direto determinado pela natureza do trabalho.
§ 2º Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na
relação prevista nos incisos I e II deste artigo resultou das condições
especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente,
a Previdência Social deve considerá-la acidente do trabalho. (o rol do Anexo
II do RPS é exemplificativo)

470
• Rol exemplificativo de doenças ocupacionais consta do anexo II do
RPS, relacionando fatores ou agentes de risco, patologias e CNAE
(classificação nacional de atividades econômicas), inclusive para fins
de nexo técnico epidemiológico previdenciário (NETP: lista C)

• Dia do acidente: Art. 23. Considera-se como dia do acidente, no caso


de doença profissional ou do trabalho, a data do início da
incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual, ou o
dia da segregação compulsória, ou o dia em que for realizado o
diagnóstico, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro.

471
15.3. Acidente do trabalho por equiparação:
Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta
Lei:
I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única,
haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou
perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija
atenção médica para a sua recuperação;

• hipótese de concausas que caracterizam acidente do trabalho:


a) preexistente (portador de hemofilia que sofre um corte no trabalho e morre);
b) concomitante (no momento do acidente o segurado sofre um infarto);
c) superveniente (infecção hospitalar após o acidente)

472
II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em
conseqüência de:

a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro


de trabalho;

b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao


trabalho;

c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro


de trabalho;

d) ato de pessoa privada do uso da razão;

e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força


maior;

473
III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua
atividade;
IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho:
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa;
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou
proporcionar proveito;
c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta
dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente do
meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado;

d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela,


qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do
segurado. (acidente de trajeto ou “in itinere”).
• Obs: No período de 12/11/2019 a 19/04/2020, em razão da vigência da MP 905/2019
(revogada pela MP 955/2020), não caracterizou acidente do trabalho

474
§ 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da
satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou
durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho.

§ 2º Não é considerada agravação ou complicação de acidente do


trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra origem, se associe
ou se superponha às conseqüências do anterior. (concausa que não
caracteriza acidente de trabalho)

475
15.4. Comprovação do acidente: mediante a expedição de CAT (art. 22 da Lei
8.213/91)

15.5. Nexo técnico epidemiológico previdenciário (NETP): estabelece um


vínculo entre o CNAE (ramo/atividade do empregador) e a CID
Art. 21-A. A perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) considerará
caracterizada a natureza acidentária da incapacidade quando constatar ocorrência de
nexo técnico epidemiológico entre o trabalho e o agravo, decorrente da relação entre a
atividade da empresa ou do empregado doméstico e a entidade mórbida motivadora
da incapacidade elencada na Classificação Internacional de Doenças (CID), em
conformidade com o que dispuser o regulamento. (Redação dada pela Lei Complementar nº 150,
de 2015)

476
Exemplo de aplicação do NTEP: intervalo de CID A15-A19
tuberculose pulmonar e outras) e empresas com CNAE código
0810 (ardósia, granito, mármore etc). Assim, para quem
trabalha com extração de ardósia e desenvolve tuberculose
pulmonar o NTEP impõe a presunção de tratar-se de doença
do trabalho e, portanto, equiparada a acidente do trabalho,
cabendo ao empregador, se discordar, impugnar a conclusão.

477
LISTA C
(Incluído pelo Decreto nº 6.957, de 2009)
Nota: 1 - São indicados intervalos de CID-10 em que se reconhece Nexo
Técnico Epidemiológico, na forma do § 3o do art. 337, entre a entidade
mórbida e as classes de CNAE indicadas, nelas incluídas todas as subclasses
cujos quatro dígitos iniciais sejam comuns.
INTERVALO CID-10 CNAE
0810 1091 1411 1412 1533 1540 2330 3011 3701 3702 3811
3812 3821 3822 3839 3900 4120 4211 4213 4222 4223 4291
4299 4312 4321 4391 4399 4687 4711 4713 4721 4741 4742
A15-A19 4743 4744 4789 4921 4923 4924 4929 5611 7810 7820 7830
8121 8122 8129 8610 9420 9601

478
15.6. Segurados cobertos: segurados empregado, trabalhador avulso, doméstico (a partir
da LC 150/2015) e segurado especial
• Polêmica em relação aos contribuintes individuais que prestam serviços à pessoa
jurídica (ver a redação do art. 19)? Jurisprudência dominante afasta a hipótese de
acidente do trabalho.
PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. SEGURADO
CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL.
1. A Primeira Seção do STJ, no julgamento do CC 140.943/SP, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, DJe 16.2.2017, firmou o entendimento de que "o acidente sofrido por trabalhador
classificado pela lei previdenciária como segurado contribuinte individual, por expressa
determinação legal, não configura acidente do trabalho, não ensejando, portanto, a
concessão de benefício acidentário, apenas previdenciário, sob a jurisdição da Justiça
Federal".
2. Agravo Interno não provido. (AgInt nos EDcl no REsp n. 1.983.825/RS, relator Ministro
Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 10/10/2022, DJe de 4/11/2022.)

479
15.7. Principais consequências jurídicas do reconhecimento do acidente do
trabalho:
• O evento entrará na estatística da empresa para majoração do FAP/SAT
• Após a cessação do auxílio-doença acidentário o empregado tem garantia à
estabilidade provisória no emprego por 12 meses (art. 118 da Lei 8.213/91. Não
aplicável ao doméstico.
• O empregador obriga-se a depositar o FGTS durante o período de licença por
acidente de trabalho (art. 15, §5º, da Lei 8.036/90). O TST entende que esse
dispositivo aplica-se somente ao auxílio por incapacidade temporária e não à
aposentadoria por incapacidade permanente.
• Dispensa de carência para os benefícios por incapacidade (como o acidente
comum)

480
• Ação judicial de competência originária da Justiça Estadual

• Importante: tratamento vantajoso no cálculo da aposentadoria por


incapacidade permanente a partir da EC 103/2019 (100% do SB ao
invés de 60% + 2%). Agora, a discussão da origem da incapacidade
vai ser extremamente relevante, inclusive para fins de pensão por
morte (arts. 225, II, §3º da Portaria 991/2022).

• Ação regressiva do INSS contra as empresas para indenizarem os


gastos com benefícios previdenciários de natureza acidentária (art.
120 da Lei 8.213/91)

481
16. Auxílio-acidente
16.1. Regulamentação: Lei 8.213/91 (art. 86), RPS (art. 104) e IN 128/2022 (arts. 352 a 361)

16.2. Códigos de concessão: a) B94: auxílio-acidente por acidente de trabalho ou acidentário;


b) B36: auxílio-acidente previdenciário (ou comum)

16.3. Beneficiários (art. 18, §1º, da Lei 8.213/91): apenas os segurados empregado,
empregado doméstico (a partir da LC 150/2015: 02/06/2015), trabalhador avulso e segurado
especial dos arts. 39, I e II da Lei 8.213/91 (ver tese do tema 627 do STJ).

• O contribuinte individual não faz jus: O contribuinte individual não faz jus ao auxílio-
acidente, diante de expressa exclusão legal. (Tese do tema 201 da TNU)

16.4. Natureza jurídica: indenizatória, não substituindo a remuneração do segurado. Trata-se


de parcela indenizatória para reforçar os rendimentos obtidos com a capacidade laborativa
reduzida (§ 2º do art. 86 da Lei 8.213/91). A partir de 18/06/2019 (Lei 13.846/2019) não
mais mantém a qualidade de segurado na forma do art. 15, I (Obs: ver regra de
transição para os benefícios em manutenção no dia 18/06/2019)

482
16.5. Requisitos:

1º: Qualidade de segurado: sim, na data do acidente (?) e na data do fato gerador
(consolidação das lesões)

2º: Carência: não (dispensada na forma do art. 26, I, da Lei 8.213/91

Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como


3º: Fato gerador:
indenização, ao segurado quando, após a consolidação das lesões
decorrentes de acidente, resultarem sequelas que impliquem redução
da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia. ( = danos
funcionais que afetem/reduzem a capacidade de trabalho

483
16.6. Fato gerador (configuração e casuística):
 Acidente de qualquer natureza: comum ou do trabalho (incluindo os
equiparados). Obs: até 28/04/1995, véspera da vigência da Lei 9.032/95,
somente o acidente do trabalho gerava direito ao benefício
• Conceito de acidente (art. 30, parágrafo único do RPS): evento de origem traumática e
por exposição a fatores exógenos (físicos [atos de violência, por exemplo], químicos e
biológicos), que acarrete lesão corporal ou perturbação funcional que causa morte, a perda
ou redução permanente ou temporária da capacidade laborativa. Não é acidente, por
exemplo: AVC, infarto, rompimento natural de aneurisma, doenças causadas por vírus,
bactérias, protozoários etc....
• Tese do tema 269 da TNU: O conceito de acidente de qualquer natureza, para os
fins do art. 86 da Lei 8.213/91 (auxílio-acidente), consiste em evento súbito e de
origem traumática, por exposição a agentes exógenos físicos, químicos ou
biológicos, ressalvados os casos de acidente do trabalho típicos ou por
equiparação, caracterizados na forma dos arts. 19 a 21 da Lei 8.213/91. (Julgado
em 05/05/2022)
484
Consolidação de lesões que gere sequelas: qualquer
lesão anatômica ou funcional que permaneça depois de
encerrada a evolução clínica de uma doença ou acidente
(ver quadro Anexo III do RPS)

Ver a seguir rol exemplificativo de sequelas do Anexo III do


RPS:

485
ANEXO III
RELAÇÃO DAS SITUAÇÕES QUE DÃO DIREITO AO AUXÍLIO-ACIDENTE

QUADRO Nº 1

Aparelho visual

Situações:

a) acuidade visual, após correção, igual ou inferior a 0,2 no olho acidentado;


b) acuidade visual, após correção, igual ou inferior a 0,5 em ambos os olhos, quando ambos tiverem sido
acidentados;
c) acuidade visual, após correção, igual ou inferior a 0,5 no olho acidentado, quando a do outro olho for
igual a 0,5 ou menos, após correção;
d) lesão da musculatura extrínseca do olho, acarretando paresia ou paralisia;
e) lesão bilateral das vias lacrimais, com ou sem fístulas, ou unilateral com fístula.
NOTA 1 - A acuidade visual restante é avaliada pela escala de Wecker, em décimos, e após a
correção por lentes.
NOTA 2 - A nubécula e o leucoma são analisados em função da redução da acuidade ou do
prejuízo estético que acarretam, de acordo com os quadros respectivos.
486
QUADRO Nº 5

Perdas de segmentos de membros

Situações:

a) perda de segmento ao nível ou acima do carpo;


b) perda de segmento do primeiro quirodáctilo, desde que atingida a falange distal;
b) perda de segmento do primeiro quirodáctilo, desde que atingida a falange proximal; (Redação
dada pelo Decreto nº 4.032, de 2001)
c) perda de segmentos de dois quirodáctilos, desde que atingida a falange distal em pelo menos
um deles;
c) perda de segmentos de dois quirodáctilos, desde que atingida a falange proximal em pelo menos
um deles; (Redação dada pelo Decreto nº 4.032, de 2001)
d) perda de segmento do segundo quirodáctilo, desde que atingida a falange distal;
d) perda de segmento do segundo quirodáctilo, desde que atingida a falange proximal; (Redação
dada pelo Decreto nº 4.032, de 2001)
e) perda de segmento de três ou mais falanges, de três ou mais quirodáctilos;
...
487
QUADRO Nº 6

Alterações articulares

Situações:

a) redução em grau médio ou superior dos movimentos da mandíbula;

b) redução em grau máximo dos movimentos do segmento cervical da coluna vertebral;

c) redução em grau máximo dos movimentos do segmento lombo-sacro da coluna vertebral;

d) redução em grau médio ou superior dos movimentos das articulações do ombro ou do cotovelo;

e) redução em grau médio ou superior dos movimentos de pronação e/ou de supinação do antebraço;

...

488
 Redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia:
• Levará em conta a atividade exercida pelo segurado na data do acidente (art. 104,
§8º, do RPS). Assim, a mudança de função pelo empregador, após o acidente, não
prejudica o direito ao benefício (ver art. 104, §4º, II, do RPS)

• Entende-se como redução da capacidade de trabalho:

redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia e/ou exija


maior esforço para o desempenho;

impossibilidade de desempenho da atividade que exercia à época do acidente,


porém permita o desempenho de outra, após processo de reabilitação
profissional

489
• Obs: ver redação do art. 104, II, do RPS, revogada pelo Decreto 10.410/2020. Ex:
hipótese de concessão inicial de auxílio por incapacidade temporária, submissão
a procedimento de reabilitação profissional e concessão de auxílio-acidente

• Nesse sentido a TNU: A impossibilidade de desempenho da atividade exercida à


época do acidente, ainda que permita o desempenho de outra, após processo de
reabilitação profissional, configura redução da capacidade de trabalho, para fins
de concessão de auxílio-acidente. (PUIL 0520365-59.2018.4.05.8100/CE, julgado
em 27/05/2021)

490
 Deficiência auditiva (diacusia) e nexo causal com o trabalho: Art. 86, §4º, da Lei
8.213/91: § 4º A perda da audição, em qualquer grau, somente proporcionará a
concessão do auxílio-acidente, quando, além do reconhecimento de causalidade
entre o trabalho e a doença, resultar, comprovadamente, na redução ou perda
da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia. (Restabelecido com nova
redação pela Lei nº 9.528, de 1997)

• Obs: hipótese em que somente o acidente do trabalho/doença ocupacional


equiparada autoriza a concessão o benefício (ver Tema 213 do STJ)

• Tese do tema 22 do STJ: Comprovados o nexo de causalidade e a redução


da capacidade laborativa, mesmo em face da disacusia em grau inferior
ao estabelecido pela Tabela Fowler, subsiste o direito do obreiro ao
benefício de auxílio-acidente.

491
 A redução da capacidade para o trabalho decorrente da sequela deve ser
permanente (indefinida) mas a doença ocupacional não precisa ser
irreversível:
• Tese do tema 156 do STJ: “será devido o auxílio-acidente quando demonstrado o nexo de
causalidade entre a redução de natureza permanente da capacidade laborativa e a
atividade profissional desenvolvida, sendo irrelevante a possibilidade de reversibilidade da
doença”
 Lesão/sequela mínima (na verdade, redução mínima da capacidade de
trabalho) e direito ao benefício:
• Tese do tema 416 do STJ: “exige-se, para a concessão do auxílio-acidente, a existência de
lesão, decorrente de acidente de qualquer natureza, que implique redução da capacidade
para o labor habitualmente exercido. O nível do dano e, em consequência, o grau do maior
esforço, não interferem na concessão do benefício, o que será devido ainda que a lesão
seja mínima”.
Em resumo: havendo sequela com redução da capacidade de trabalho, o benefício é
devido, ainda que a sequela e a redução sejam mínimas. Obs: crítica à posição do STJ.
Obs: a importância de uma prova pericial bem feita, com quesitos adequados.

492
 Reversão/cessação da sequela e da redução da capacidade e possibilidade
de revisão e cessação do benefício:
• Possibilidade fática: segurado recebe auxílio-acidente em razão de sequela que reduziu
a flexão do seu braço. Após alguns anos, se submete a uma cirurgia que restabelece por
completo a flexão do membro
• Em regra, o INSS nunca procedeu à revisão e cessação nesse caso, embora, no meu
entendimento, pudesse fazê-lo. Assim, o benefício era devido até a concessão de uma
aposentadoria

• Lei 14.441, de 02/09/2022 (conversão da MP 1.113/2022, de 20/04/2022):


submete o auxílio-acidente a revisão periódica
Art. 101. O segurado em gozo de auxílio por incapacidade temporária, auxílio-acidente ou aposentadoria
por incapacidade permanente e o pensionista inválido, cujos benefícios tenham sido concedidos judicial
ou administrativamente, estão obrigados, sob pena de suspensão do benefício, a submeter-se
a: (Redação dada pela Lei nº 14.441, de 2022)

I - exame médico a cargo da Previdência Social para avaliação das condições que ensejaram sua
concessão ou manutenção; (Incluído pela Lei nº 14.441, de 2022)

493
16.7. Data de início do benefício (DIB): § 2º O auxílio-acidente será devido
a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença,
independentemente de qualquer remuneração ou rendimento auferido
pelo acidentado, vedada sua acumulação com qualquer
aposentadoria.
(i) Precedido de auxílio-doença: desde a DCB do auxílio-doença, uma vez
comprovados os requisitos legais (consolidação das lesões, sequelas e redução
da capacidade para o trabalho) nesta data (regra geral). Se os requisitos
somente foram preenchidos após a DCB (sequela tardia ou retardada, por
exemplo), desde a DER do pedido de auxílio-acidente ou citação na ação
judicial (obs: ver acórdão nos embargos de declaração do tema 862 do STJ)
• Tese do tema 862 do STJ: O termo inicial do auxílio-acidente deve recair no
dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença que lhe deu origem, conforme
determina o art. 86, § 2º, da Lei 8.213/91, observando-se a prescrição
quinquenal da Súmula 85/STJ. Obs: STF declarou a matéria
infraconstitucional, não admitindo o RE (Tese do tema 1225).
494
• Tema 315 da TNU: Saber se, nos casos de ausência de pedido de prorrogação, o
início dos efeitos financeiros do auxílio-acidente, decorrente da cessação do auxílio-
doença, deve ser fixado na data da citação válida ou no dia seguinte ao da cessação
do auxílio-doença (PUIL 5063339-35.2020.4.04.7100/RS, afetado em 10/11/2022)
Na sessão do dia 17/05/2023, o relator votou no sentido de negar provimento
ao PUIL, fixando a seguinte tese: “Na fixação do termo inicial do auxílio-
acidente, a ausência de pedido de prorrogação do auxílio por incapacidade
temporária (auxílio-doença) que o antecedeu inviabiliza a aplicação do disposto
no art. 86, §2º, da Lei 8.213/91”. Obs: houve pedido de vista (julgamento não
concluído)

Não precedido: desde a DER do pedido de auxílio-acidente ou da citação (se


(ii)
não houve requerimento administrativo). Ver art. 352, §6º, da IN 128/2022

495
16.8. Auxílio-acidente e interesse de agir em juízo
• Como regra, aplica-se o decidido pelo STF no tema 350, ou seja, necessita de prévio
requerimento administrativo. No entanto, existem peculiaridades:

• Prévia concessão de auxílio por incapacidade temporária: hipótese em que o INSS, na


perícia de revisão/cessação deve, de ofício, conceder o benefício, uma vez presentes os
requisitos legais. A não concessão implica “indeferimento presumido” e presença de
interesse de agir. Obs: inclusive, o formulário SABI traz campo específico sobre a hipótese
de auxílio-acidente
• Prévia concessão e cessação de auxílio por incapacidade temporária sem formulação de
pedido de pedido de prorrogação (PP) pelo segurado: em tese, impede a concessão de
ofício (afasta a hipótese de “indeferimento presumido”) e pode gerar falta de interesse de
agir

• Sem requerimento de auxílio por incapacidade temporária ou de auxílio-acidente:


falta de interesse de agir (tema 350 do STF);
496
16.9. Necessidade de pedido na inicial e aplicação do princípio da fungibilidade:
• “Melhor prevenir que remediar”: deve ser feito o pedido subsidiário na inicial (ou no
decorrer da lide), se for o caso
• aplica-se o princípio da fungibilidade, não havendo violação ao princípio da demanda
(art. 492 do CPC), podendo o juiz conceder benefício por incapacidade diverso do
postulado na inicial, desde que atendidos os requisitos legais e respeitado o
contraditório (art. 9º do CPC), a regra da não surpresa (art. 10 do CPC) e a causa de
pedir (aspectos fáticos) constante da inicial. Jurisprudência pacífica STJ e TNU.

16.10. Salário de benefício (SB) e renda mensal inicial (RMI): 50% do salário de benefício

• Obs: fatos geradores entre 12/11/2019 a 19/04/2020 (período de vigência da MP


905/2019, revogada pela MP 955/2020): será de 50% do valor da aposentadoria por
incapacidade permanente (invalidez) a que teria direito o segurado

497
16.11. Cessação:
• Óbito

• Concessão de qualquer aposentadoria

• não manutenção das condições que ensejaram a concessão do


benefício (reversão ou cessação da sequela e da redução da
capacidade para o trabalho). Obs: novidade introduzida pela MP
1.113/2002, convertida na Lei 14.441/2022 (revisão periódica e
perícia)

498
16.12. Cumulação com outros benefícios (art. 124 da Lei 8.213/91): Art. 86, § 3º O
recebimento de salário ou concessão de outro benefício, exceto de aposentadoria,
observado o disposto no § 5º, não prejudicará a continuidade do recebimento do
auxílio-acidente. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997)
• Pode ser cumulado com remuneração do trabalho, pensão por morte, auxílio-reclusão e
salário-maternidade

• Não pode ser cumulado com aposentadoria para fatos geradores posteriores a 10/11/197:
Súmula 507 do STJ: “A acumulação de auxílio-acidente com aposentadoria pressupõe que a
lesão incapacitante e a aposentadoria sejam anteriores a 11/11/1997, observado o critério
do art. 23 da Lei 8.213/91 para definição do momento da lesão nos casos de doença
profissional ou do trabalho”.

Obs: para aplicação da súmula importa a data da consolidação das lesões (sequelas) e
não do acidente (ver súmula 44 da AGU)

499
• Não pode cumular mais de um auxílio-acidente (art. 124, V), podendo optar pelo
mais vantajoso em caso de novo fato gerador (§3º do art. 355 da IN 128/2022)

• Pode ser cumulado com auxílio por incapacidade temporária (auxílio-doença) desde
que decorrente de fatos geradores distintos. Obs: casos de reabertura do auxílio-
doença geram a suspensão do auxílio-acidente

• Pode ser cumulado com seguro-desemprego (art. 124, parágrafo único da Lei
8.213/91)

• Tese do tema 253 da TNU: É inacumulável o benefício de prestação continuada -


BPC/LOAS com o auxílio-acidente, na forma do art. 20, §4º, da Lei nº 8.742/1993,
sendo facultado ao beneficiário, quando preenchidos os requisitos legais de ambos
os benefícios, a opção pelo mais vantajoso. (Relator juiz federal Ivanir César Ireno
Júnior, trânsito em julgado em 29/06/2021)

500
16.13. Cessação em razão da concessão de qualquer aposentadora e utilização da renda
do auxílio-acidente como salário de contribuição para cálculo da aposentadoria:
• Art. 31. O valor mensal do auxílio-acidente integra o salário-de-contribuição, para fins de
cálculo do salário-de-benefício de qualquer aposentadoria, observado, no que couber, o
disposto no art. 29 e no art. 86, § 5º. Obs: inexistindo período de atividade ou gozo de
benefício por incapacidade no PBC, essa regra não se aplica: art. 224, §6º, da IN 128/2022)
• O caso específico do segurado especial do art. 39, I, da Lei 8.213/91: o benefício de
aposentadoria pode ser superior ao SM (1,5), na forma do art. 36, §6º do RPS:
Art. 36. No cálculo do valor da renda mensal do benefício serão computados:
§ 6º Para o segurado especial que não contribui facultativamente, o disposto no
inciso II será aplicado somando-se ao valor da aposentadoria a renda mensal do
auxílio-acidente vigente na data de início da referida aposentadoria, não sendo,
neste caso, aplicada a limitação contida no inciso I do § 2º do art. 39 e do art. 183.
Obs: matéria controvertida na TNU no tema 322 (afetado para julgamento como
representativo em 15/03/2023)
501
17. Aposentadorias voluntárias
 Benefícios extintos pela EC 103/2019, com direito adquirido para os segurados
que cumpriram os requisitos até 13/11/2019

 Benefícios em regras de transição instituídos pela EC 103/2019, para os


segurados filiados até 13/11/2019, com os requisitos cumpridos após a EC
103/2019

 Benefícios mantidos pela EC 103/2019 (regras transitórias), para os segurados


filiados antes e após a EC 103/2019 (13/11/2019)

 Novos benefícios instituídos pela EC 103/2019 (regras transitórias), para os


segurados filiados a partir de 14/11/2019 (ou que renunciem às regras de direito
adquirido ou de transição)

502
18. Aposentadorias por tempo de contribuição
18.1. Aposentadoria por tempo de contribuição comum
(extinta)

18.2. Aposentadoria por tempo de contribuição do professor


(extinta)

18.3. Aposentadorias por tempo de contribuição comum dos


arts. 15, 16, 17 e 20 da EC 103/2019 (transição) e do professor
dos arts. 15, 16 e 20 da EC 103/2019 (transição)
503
18.1. Aposentadoria por tempo de contribuição comum
(extinta)
 Regulamentação: CF/88 (art. 201, §7º, I), Lei 8.213/91 (arts. 52 a 56), RPS
(art. 188-A, II) e IN 128/2022 (art. 320)

 Código de concessão do INSS: B42

 Evento ou fato gerador: tempo de contribuição (crítica). É concedida ao


segurado após cumprir determinado tempo de contribuição e a carência
previstos em lei. Não exige idade mínima

504
 Extinção do benefício pela EC 103/2019: ressalvado o direito adquirido, ou seja,
fato gerador implementado até 13/11/2019 (ultratividade da legislação
previdenciária - tempus regit actun)
• Redação anterior do art. 201, §7º, I da CF/88:
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei,
obedecidas as seguintes condições: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
1998): I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de
contribuição, se mulher; (Incluído dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
• Redação dada pela EC 103/2019:
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei,
obedecidas as seguintes condições: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
1998): I - 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 62 (sessenta e
dois) anos de idade, se mulher, observado tempo mínimo de contribuição;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

505
 Beneficiários: todos os segurados, exceto o segurado especial que
contribua exclusivamente sobre a comercialização da produção (Lei
8.213/91, art. 39, I e súmula 272 do STJ) e o contribuinte individual e o
facultativo que optem pelo regime simplificado/supersimplificado de
recolhimento (alíquotas reduzidas de 11% ou 5%), na forma do art. 21,§2º,
da Lei 8.213/91, salvo se complementarem para atingir 20%

 Requisitos:

1º Qualidade de segurado: não (Lei 10.666/2003, art. 3º)

2º Carência: 180 contribuições, na forma do art. 25, II, da Lei 8.213/91 (observar a
regra de transição do art. 142 da Lei 8.213/91, se for o caso)

506
3º Tempo de contribuição: é o tempo, contado de data a data, desde o início até a
data do requerimento ou do desligamento da atividade abrangida pela previdência
social, descontados os períodos legalmente estabelecidos como de suspensão de
contrato de trabalho, de interrupção de exercício ou desligamento de atividade (RPS,
art. 59)

• Mulher (30) e Homem (35)

• Rol exemplificativo de períodos considerados como de tempo de contribuição: Lei


8.213/91 (art. 55) e Decreto 3.048/99 (art. 60)

• Tempo rural não contributivo anterior à Lei 8.213/91 (competência 11/1991): sim,
em qualquer espécie de segurado (inclusive o especial), mas não para carência
(exceto o empregado – tese do tema 664 do STJ). Art. 55, §2, da Lei 8.213/91 e art.
188-G, IV, do RPS. Jurisprudência pacífica TNU e STJ.

507
• Tempo especial convertido em comum (o acréscimo): sim, mas não para carência

• Rol de períodos não computados pelo INSS como tempo de contribuição: art. 166
da IN 77/2015

 Aposentadoria proporcional: era devida aos homens com 30 anos de


serviço e as mulheres com 25, com renda de 70% do salário de benefício,
acrescida de 6% por cada ano completo adicional de atividade, até o
máximo de 100%. Foi extinta pela EC 20/1998, somente subsistindo para
quem fizer jus às regras de transição do art. 9º, §1º, da referida emenda
(idade mínima [H: 53; M: 48], tempo de contribuição [H: 30; M: 25] e
período adicional de tempo de serviço [pedágio: 40%]. A regra de
transição foi extinta pela EC 103/2019.

508
 DIB (arts. 49 e 54 da Lei 8.213/91): em regra, da DER

• Art. 49. A aposentadoria por idade será devida:

• I - ao segurado empregado, inclusive o doméstico, a partir:

• a) da data do desligamento do emprego, quando requerida até essa data ou até 90


(noventa) dias depois dela; ou

• b) da data do requerimento, quando não houver desligamento do emprego ou


quando for requerida após o prazo previsto na alínea "a";

• II - para os demais segurados, da data da entrada do requerimento.

509
 Salário de benefício e renda mensal inicial:
• SB: m. a. s. dos 80% > salários de contribuição (a partir de julho de 1994 ou da 1ª
contribuição se posterior a essa data. Obs: aplicar, se for o caso, a tese da RVT) X pelo
FP (salvo se excluído o FP pela regra do 85/95). Obs: para a mulher são acrescidos 5
anos de contribuição no cálculo do FP (art. 29, §9º, I da Lei 8.213/91). Obs: observar o
art. 188-A, §5º, do RPS (apuração da RMI em 13/11/2019).

 RMI: 100% do SB
 Cessação: com o óbito (benefício vitalício)
 Prova do tempo de contribuição: § 3º A comprovação do tempo de serviço para os
fins desta Lei, inclusive mediante justificativa administrativa ou judicial, observado o
disposto no art. 108 desta Lei, só produzirá efeito quando for baseada em início de prova
material contemporânea dos fatos, não admitida a prova exclusivamente testemunhal,
exceto na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, na forma prevista no
regulamento. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) Obs: matéria estudada ao
longo do curso (tópicos “segurado especial” e “processo judicial previdenciário”)
510
18.2. Aposentadoria por tempo de contribuição do professor
(extinta)

 Regulamentação: CF/88 (art. 201, §8º), Lei 8.213/91 (art. 56), RPS (art.
188-A, II) e IN 128/2022 (art. 251)

 Código de concessão do INSS: B57

 Evento ou fato gerador: tempo exclusivo de contribuição como professor


(efetivo exercício de magistério) do ensino infantil, fundamental ou médio
(educação básica). É concedida ao segurado após cumprir determinado
tempo de contribuição e a carência previstos em lei. Não exige idade
mínima
511
 Natureza jurídica do benefício: não se trata de aposentadoria especial, mas sim de
regra diferenciada de aposentadoria por tempo de contribuição. Assim sendo, a partir
de 09/07/1981, data de vigência da EC 18/1981, não mais se aplica o enquadramento
como atividade especial previsto no item 2.1.4 do Quadro Anexo do Decreto 53.831/64
(atividade penosa). OBS: para períodos laborados após essa data o tempo não pode ser
convertido de especial para comum (Tese do tema 772 do STF) ou contado de forma
proporcional em outra espécie de aposentadoria (STF: AgR no RE nº 486.155/MG, Dje
01/02/2011)

 Extinção do benefício pela EC 103/2019: ressalvado o direito adquirido, ou seja, fato


gerador implementado até 13/11/2019 (ultratividade da legislação previdenciária -
tempus regit actun)
• Redação anterior do art. 201, §8º da CF/88:
• § 8º Os requisitos a que se refere o inciso I do parágrafo anterior serão reduzidos em cinco
anos, para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções
de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

512
• Redação dada pela EC 103/2019:
• § 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social,
nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições: (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 20, de 1998):

I - 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 62 (sessenta e


dois) anos de idade, se mulher, observado tempo mínimo de
contribuição; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

§ 8º O requisito de idade a que se refere o inciso I do § 7º será reduzido


em 5 (cinco) anos, para o professor que comprove tempo de efetivo
exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino
fundamental e médio fixado em lei complementar. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

513
 Beneficiários: professores do ensino infantil, fundamental e médio
(educação básica: Lei 9.394/96 - LDB). Os professores universitários foram
excluídos pela EC 20/1998 (a partir de 16/12/1998)

 Requisitos:

• 1º Qualidade de segurado: não (Lei 10.666/2003, art. 3º)

• 2º Carência: 180 contribuições, na forma do art. 25, II, da Lei 8.213/91 (observar a
regra de transição do art. 142 da Lei 8.213/91, se for o caso)

• 3º Tempo de contribuição: Professor: 30 anos e Professora: 25 anos

514
• Regra (tempo em sala de aula): somente faz jus ao direito o professor(a) que
comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na
educação infantil e no ensino fundamental e médio (educação básica).

• A partir da EC 20/1998 (16/12/1998), o professor universitário (3º grau) não tem


mais direito à redução de 05 anos no tempo de contribuição (ver regra transitória
dos 17% do art. 9º, §2º, da EC 20/1998)

• Exceção (tempo fora de sala de aula): nos termos da Lei 11.301/2006 e do decidido
pelo STF na ADI 3.772, em 29.10.2008, as funções de direção, coordenação,
assessoramento pedagógicos, administração, planejamento, supervisão, inspeção e
orientação educacional integram a carreira do magistério, desde que exercidos em
estabelecimentos de ensino básico, por professores de carreira, excluídos os
especialistas em educação (sem formação em pedagogia), ficando afastada, neste
caso, a aplicação da súmula 726 do STF (tempo de serviço fora de sala).
515
IN 128/2022:

Art. 214. Considera-se como tempo de contribuição para aposentadoria de professor os seguintes
períodos:

I - os períodos desempenhados em entidade educacional de ensino básico em função de magistério:

a) como docentes, a qualquer título;

b) em funções de direção de unidade escolar, de coordenação e assessoramento pedagógico, desde que


exercidos por professores admitidos ou contratados para esta função, excluídos os especialistas em
educação; ou

c) em atividades de administração, planejamento, supervisão, inspeção e orientação educacional,


desde que exercidos por professores admitidos ou contratados para esta função, excluídos os
especialistas em educação.

II - de afastamento em decorrência de percepção de benefício por incapacidade, entre períodos de


atividade de magistério, desde que à data do afastamento o segurado estivesse exercendo as
atividades indicadas nas alíneas "a", "b" e "c" do inciso I;
516
III - de afastamento em decorrência de percepção de benefício por incapacidade decorrente de
acidente do trabalho: a) até 30 de junho de 2020, ainda que não seja intercalado com
períodos de atividade de magistério, desde que à data do afastamento, o segurado estivesse
exercendo as atividades indicadas nas alíneas "a", "b" e "c" do inciso I; e b) a partir de 1º de
julho de 2020, data da publicação do Decreto nº 10.410, de 2020, somente se intercalado com
períodos de atividade indicadas, nas alíneas "a", "b" e "c" do inciso I;
IV - de licença-prêmio no vínculo de professor;
V - os períodos de descanso determinados pela legislação trabalhista, inclusive férias e
salário-maternidade; e
VI - de professor auxiliar que exerce atividade docente, nas mesmas condições do titular.
§ 1º Função de magistério é a exercida por professores em estabelecimento de educação
básica em seus diversos níveis e modalidades, bem como em cursos de formação
autorizados e reconhecidos pelos Órgãos competentes do Poder Executivo Federal, Estadual,
do Distrito Federal ou Municipal, nos termos da Lei de Diretrizes e Bases - LDB, Lei nº 9.394,
de 1996.
§ 2º A educação básica é formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino
médio nas modalidades presencial e a distância.
517
 Comprovação da atividade de professor (art. 54, §§ 2º e 3º do RPS, arts. 240 a
242 da revogada IN 77/2015 e arts. 263 e 264 da Portaria DIRBEN/INSS Nº 991/2022):

Art. 263. A comprovação do período de atividade de professor far-se-á:

I - mediante a apresentação da CP ou CTPS, complementada, quando for o caso, por declaração do


estabelecimento de ensino onde foi exercida a atividade, sempre que necessária essa informação,
para efeito de sua caracterização;

II - informações constantes no CNIS; ou

III - CTC nos termos da Contagem Recíproca para o período em que esteve vinculado a RPPS.

Art. 264. A comprovação do exercício da atividade de magistério é suficiente para o


reconhecimento do período trabalhado para fins de concessão de aposentadoria de professor,
presumindo-se a existência de habilitação.

518
 DIB (arts. 49 e 54 da Lei 8.213/91): aplica-se a mesma regra da
aposentadoria por tempo de contribuição comum (em regra, da DER)
 Salário de benefício e renda mensal inicial:
• SB: m. a. s. dos 80% > salários de contribuição (a partir de julho de 1994 ou da 1ª
contribuição se posterior a essa data. Obs: ver RVT) X pelo FP (salvo se excluído o FP
pela regra do 85/95 [com acréscimo de 5 anos na soma da idade e tempo de
contribuição, na forma do art. 29-C, §3º, da Lei 8.213/91])
• Para fins de FP, para o professor se acresce 5 anos ao tempo de contribuição e para
a professora 10 anos (art. 29, §9º, II e II da Lei 8.213/91)
• OBS: na tese do tema 1.091, o STF reconheceu a constitucionalidade da incidência
do fator previdenciário na aposentadoria do professor
 RMI: 100% do SB
 Cessação: com o óbito (benefício vitalício)
519
18.3.1. Aposentadoria por tempo de contribuição comum
Regra de transição do art. 15 da EC 103 (art. 188-I do RPS)
Tempo de contribuição + pontuação progressiva (sem idade mínima)
Art. 15. Ao segurado filiado ao Regime Geral de Previdência Social até a data
de entrada em vigor desta Emenda Constitucional, fica assegurado o direito à
aposentadoria quando forem preenchidos, cumulativamente, os seguintes
requisitos:

I - 30 (trinta) anos de contribuição, se mulher, e 35 (trinta e cinco) anos de


contribuição, se homem; e

II - somatório da idade e do tempo de contribuição, incluídas as frações,


equivalente a 86 (oitenta e seis) pontos, se mulher, e 96 (noventa e seis)
pontos, se homem, observado o disposto nos §§ 1º e 2º.

520
§ 1º A partir de 1º de janeiro de 2020, a pontuação a que se refere o inciso II do caput será
acrescida a cada ano de 1 (um) ponto, até atingir o limite de 100 (cem) pontos, se mulher, e de 105
(cento e cinco) pontos, se homem.

§ 2º A idade e o tempo de contribuição serão apurados em dias para o cálculo do somatório de


pontos a que se referem o inciso II do caput e o § 1º.

§ 4º O valor da aposentadoria concedida nos termos do disposto neste artigo será apurado na
forma da lei.

 Idade mínima: não

 Carência: 180 contribuições

 Períodos considerados tempo de contribuição: tema já estudado anteriormente em tópico


específico

 Valor (RMI): 60% do SB + 2% por ano que ultrapassar 20 anos de contribuição para o homem e
15 para a mulher
521
522
18.3.2. Aposentadoria por tempo de contribuição professor
Regra de transição do art. 15 da EC 103/2019 (art. 188-M do RPS)
Tempo de contribuição + pontuação progressiva (sem idade mínima)
§ 3º Para o professor que comprovar exclusivamente 25 (vinte e cinco) anos de
contribuição, se mulher, e 30 (trinta) anos de contribuição, se homem, em efetivo
exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e
médio, o somatório da idade e do tempo de contribuição, incluídas as frações, será
equivalente a 81 (oitenta e um) pontos, se mulher, e 91 (noventa e um) pontos, se
homem, aos quais serão acrescidos, a partir de 1º de janeiro de 2020, 1 (um) ponto a
cada ano para o homem e para a mulher, até atingir o limite de 92 (noventa e dois)
pontos, se mulher, e 100 (cem) pontos, se homem.

 Tempo de contribuição: 25 (professora) e 30 (professor)

 Pontos progressivos (TC + idade): 81 (professora) e 91 (professor) para 2019, com


acréscimo de 1 ponto por ano até 92 e 100, respectivamente

523
Idade mínima: não

Carência: 180 contribuições

Períodos considerados tempo de contribuição: tema já


estudado anteriormente em tópico específico

Valor (RMI): 60% do SB + 2% por ano que ultrapassar 20


anos de contribuição para o homem e 15 para a mulher

524
525
18.3.3. Aposentadoria por tempo de contribuição comum
Regra de transição do art. 16 da EC 103/2019 (art. 188-J do RPS)
Tempo de contribuição + idade progressiva

Art. 16. Ao segurado filiado ao Regime Geral de Previdência Social até a data de entrada
em vigor desta Emenda Constitucional fica assegurado o direito à aposentadoria quando
preencher, cumulativamente, os seguintes requisitos:
I - 30 (trinta) anos de contribuição, se mulher, e 35 (trinta e cinco) anos de contribuição, se
homem; e
II - idade de 56 (cinquenta e seis) anos, se mulher, e 61 (sessenta e um) anos, se homem.

§ 1º A partir de 1º de janeiro de 2020, a idade a que se refere o inciso II


do caput será acrescida de 6 (seis) meses a cada ano, até atingir 62 (sessenta e
dois) anos de idade, se mulher, e 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem.

526
§ 3º O valor da aposentadoria concedida nos termos do disposto neste artigo será
apurado na forma da lei

 Idade mínima: sim (56/M e 61/H em 2019), com progressão anual de 6 meses
até 62/M e 65/H

 Carência: 180 contribuições

 Períodos considerados como tempo de contribuição: tema já estudado


anteriormente em tópico específico

 Valor (RMI): 60% do SB + 2% por ano que ultrapassar 20 anos de contribuição


para o homem e 15 para a mulher

527
528
18.3.4. Aposentadoria por tempo de contribuição professor
Regra de transição do art. 16 da EC 103/2019 (art. 188-N do RPS)
Tempo de contribuição + idade progressiva
§ 2º Para o professor que comprovar exclusivamente tempo de efetivo
exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino
fundamental e médio, o tempo de contribuição e a idade de que tratam os
incisos I e II do caput deste artigo serão reduzidos em 5 (cinco) anos, sendo, a
partir de 1º de janeiro de 2020, acrescidos 6 (seis) meses, a cada ano, às
idades previstas no inciso II do caput, até atingirem 57 (cinquenta e sete)
anos, se mulher, e 60 (sessenta) anos, se homem.

 Tempo de contribuição: 25 (professora) e 30 (professor)

 Idade mínima: sim: 51 (professora) e 56 (professor) em 2019, com


acréscimo de 06 meses até 57 e 60, respectivamente

529
 Carência: 180 contribuições

 Períodos considerados tempo de contribuição: tema já estudado


anteriormente em tópico específico

 Valor (RMI): 60% do SB + 2% por ano que ultrapassar 20 anos de


contribuição para o homem e 15 para a mulher

530
531
18.3.5. Aposentadoria por tempo de contribuição comum
Regra de transição do art. 17 da EC 103/2019 (art. 188-K do RPS)
TC mínimo na data da EC + TC + pedágio de 50% (sem idade mínima)
Art. 17. Ao segurado filiado ao Regime Geral de Previdência Social até a data
de entrada em vigor desta Emenda Constitucional e que na referida data
contar com mais de 28 (vinte e oito) anos de contribuição, se mulher, e 33
(trinta e três) anos de contribuição, se homem, fica assegurado o direito à
aposentadoria quando preencher, cumulativamente, os seguintes requisitos:
I - 30 (trinta) anos de contribuição, se mulher, e 35 (trinta e cinco) anos de
contribuição, se homem; e
II - cumprimento de período adicional correspondente a 50% (cinquenta por
cento) do tempo que, na data de entrada em vigor desta Emenda
Constitucional, faltaria para atingir 30 (trinta) anos de contribuição, se
mulher, e 35 (trinta e cinco) anos de contribuição, se homem.

532
 Idade mínima: não

 Carência: 180 contribuições

 Períodos considerados como tempo de contribuição: tema já estudado


anteriormente em tópico específico

 Valor (RMI): 100% do SB X FP (parágrafo único do art. 17)

 Exemplo: Segurado do sexo masculino que, na data de vigência da EC 103/2019,


tinha 34 anos de tempo de contribuição. Terá que cumprir 01 que falta para 35 e
um pedágio de 50% sobre 01 ano (06 meses), devendo integralizar 35,5 anos
(independentemente da idade).

533
534
18.3.6. Aposentadoria por tempo de contribuição comum
Regra de transição do art. 20 da EC 103/2019 (art. 188-L do RPS)
TC + pedágio de 100% + idade mínima fixa
Art. 20. O segurado ou o servidor público federal que se tenha filiado ao Regime Geral
de Previdência Social ou ingressado no serviço público em cargo efetivo até a data de
entrada em vigor desta Emenda Constitucional poderá aposentar-se voluntariamente
quando preencher, cumulativamente, os seguintes requisitos:

I - 57 (cinquenta e sete) anos de idade, se mulher, e 60 (sessenta) anos de idade, se


homem;

II - 30 (trinta) anos de contribuição, se mulher, e 35 (trinta e cinco) anos de


contribuição, se homem;

III - para os servidores públicos, 20 (vinte) anos de efetivo exercício no serviço público e
5 (cinco) anos no cargo efetivo em que se der a aposentadoria;

535
IV - período adicional de contribuição correspondente ao tempo que, na data
de entrada em vigor desta Emenda Constitucional, faltaria para atingir o
tempo mínimo de contribuição referido no inciso II. (100%)

 Idade mínima: sim (fixa: 57/M e 60/H)

 Carência: 180 contribuições

 Períodos considerados como tempo de contribuição: tema já estudado


anteriormente em tópico específico

 Valor (RMI): 100% do SB (art. 26, §3º, I)

536
537
18.3.7. Aposentadoria por tempo de contribuição professor
Regra de transição do art. 20 da EC 103/2019 (art. 188-O do RPS)
TC + pedágio de 100% + idade mínima fixa
§ 1º Para o professor que comprovar exclusivamente tempo de efetivo
exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino
fundamental e médio serão reduzidos, para ambos os sexos, os
requisitos de idade e de tempo de contribuição em 5 (cinco) anos.

 Tempo de contribuição mínimo: 25 (professora) e 30 (professor)

 Idade mínima fixa: 52 (professora) e 55 (professor)

 Pedágio: 100%

538
 Carência: 180 contribuições

 Períodos considerados tempo de contribuição: tema já estudado


anteriormente em tópico específico

 Valor (RMI): 100% do SB (art. 26, §3º, I)

539
540
19. Aposentadorias por idade urbana

19.1. Aposentadoria por idade urbana sem tempo de


contribuição (extinta)

19.2. Aposentadoria por idade urbana do art. 18 da EC


103/2019 (transição)

541
19.1. Aposentadoria por idade urbana sem tempo de contribuição
(extinta)
 Regulamentação: CF/88 (art. 201, §7º, II), Lei 8.213/91 (arts. 48 a 51), RPS
(art. 188-A, I) e IN 128/2022 (art. 316)

 Código de concessão: B41

 Evento ou fato gerador: idade avançada, desde que cumprida a carência


exigida por lei. Obs: não há que se falar, para esse benefício, em tempo de
contribuição

 Beneficiários: todas as espécies de segurado

542
 Extinção do benefício pela EC 103/2019: ressalvado o direito adquirido, ou seja,
fato gerador implementado até 13/11/2019 (ultratividade da legislação
previdenciária - tempus regit actun)
• Redação do art. 201, §7º, I da CF/88, antes e após a EC 103/2019:

§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei,


obedecidas as seguintes condições: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
1998)
II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, reduzido
em cinco anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam
suas atividades em regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o
garimpeiro e o pescador artesanal. (Incluído dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
1998)

I - 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 62 (sessenta e dois) anos de idade, se


mulher, observado tempo mínimo de contribuição;

543
 Requisitos:
1º Qualidade de segurado: não (Lei 10.666/2003, art. 3º)
2º Carência: 180 contribuições, na forma do art. 25, II, da Lei 8.213/91 (observar a regra
de transição do art. 142 da Lei 8.213/91, se for o caso). Obs: matéria já estudada
anteriormente em tópico específico
3ª Idade: 60 (mulher) e 65 (homem)

 DIB (arts. 49 e 54 da Lei 8.213/91): em regra, da DER


Art. 49. A aposentadoria por idade será devida:
I - ao segurado empregado, inclusive o doméstico, a partir:
a) da data do desligamento do emprego, quando requerida até essa data ou até 90
(noventa) dias depois dela; ou
b) da data do requerimento, quando não houver desligamento do emprego ou quando for
requerida após o prazo previsto na alínea "a";
II - para os demais segurados, da data da entrada do requerimento.
544
 Salário de benefício e renda mensal inicial:
• SB: m. a. s. dos 80% > salários de contribuição (a partir de julho de 1994 ou da 1ª
contribuição se posterior a essa data. Obs: ver RVT) X pelo FP (opcional: se favorável)
• RMI: 70% do SB + 1% a cada grupo de 12 contribuições até o máximo de 100%. O acréscimo
de 1% exige contribuição efetiva (ou presumida), não sendo admitido, por exemplo, tempo
rural não contributivo (STJ: AgRg no REsp 1.529.617/SP, Dje 19/06/2015 e súmula 76 da
TNU)
 Cessação: com o óbito (benefício vitalício)
 Aposentadoria compulsória: Art. 51. A aposentadoria por idade pode ser requerida
pela empresa, desde que o segurado empregado tenha cumprido o período de carência
e completado 70 (setenta) anos de idade, se do sexo masculino, ou 65 (sessenta e cinco)
anos, se do sexo feminino, sendo compulsória, caso em que será garantida ao
empregado a indenização prevista na legislação trabalhista, considerada como data da
rescisão do contrato de trabalho a imediatamente anterior à do início da
aposentadoria. Obs: (i) instituto não utilizado na prática; (ii) constitucionalidade à luz
do decidido na ADI 1721, Dje 28/06/2007?
545
 Nova figura de aposentadoria compulsória criada no âmbito do RGPS: art. 201, §16,
da CF/88, incluído pela EC 103/2019:

§ 16. Os empregados dos consórcios públicos, das empresas públicas, das


sociedades de economia mista e das suas subsidiárias serão aposentados
compulsoriamente, observado o cumprimento do tempo mínimo de contribuição,
ao atingir a idade máxima de que trata o inciso II do § 1º do art. 40, na forma
estabelecida em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

OBS: instituto pendente de regulamentação por lei e sem aplicabilidade até o


momento

546
19.2. Aposentadoria por idade urbana com tempo de contribuição
Regra de transição do art. 18 (art. 188-H do RPS)
Idade progressiva para as mulheres
Art. 18. O segurado de que trata o inciso I do § 7º do art. 201 da
Constituição Federal filiado ao Regime Geral de Previdência Social até
a data de entrada em vigor desta Emenda Constitucional poderá
aposentar-se quando preencher, cumulativamente, os seguintes
requisitos:

I - 60 (sessenta) anos de idade, se mulher, e 65 (sessenta e cinco) anos


de idade, se homem; e

II - 15 (quinze) anos de contribuição, para ambos os sexos. Obs: os


períodos de contribuição do contribuinte individual e do facultativo nas alíquotas
de 11% e 5% podem ser computados, independentemente de complementação.

547
§ 1º A partir de 1º de janeiro de 2020, a idade de 60 (sessenta) anos da
mulher, prevista no inciso I do caput, será acrescida em 6 (seis) meses a cada
ano, até atingir 62 (sessenta e dois) anos de idade.

§ 2º O valor da aposentadoria de que trata este artigo será apurado na


forma da lei.

 Carência: 180 contribuições

 Valor (RMI): 60% do SB + 2% por ano que ultrapassar 20 anos de


contribuição para o homem e 15 para a mulher

548
549
20. Aposentadoria programada (idade + TC)
Novo benefício da EC 103/2019

20.1. Aposentadoria programada comum (novo)

20.2. Aposentadoria programada do professor (novo)

Obs: segurados filiados após a EC 103/2019 (a partir de 14/11/2019)

550
20.1. Aposentadoria programada comum (idade + TC)
 Regulamentação: CF/88 (art. 201, §7º, I), EC 103/2019 (art. 19), Lei 8.213/91 (arts.
52 a 56), RPS (art. 51) e IN 128/2022 (art. 249)

 Código de concessão do INSS: B42


 Requisitos:

1º Qualidade de segurado: não (Lei 10.666/2003, art. 3º)

2º Carência: 180 contribuições mensais, na forma do art. 25, II, da Lei 8.213/91

3º Tempo de contribuição: mulher (15 anos) e homem (20 anos). Obs: os períodos de
contribuição do contribuinte individual e do facultativo nas alíquotas de 11% e 5% podem ser
computados, independentemente de complementação (art. 51 do RPS)

4º Idade mínima: mulher (62 anos) e homem (65 anos)

551
Renda mensal inicial (art. 26 da EC 103/2019): 60% do SB + 2% a
cada ano de contribuição que exceder 15 anos para a mulher e
20 anos para o homem

DIB: mesmas regras da aposentadoria por tempo de contribuição

552
20.2. Aposentadoria programada do professor(a)
 Regulamentação: CF/88 (art. 201, §8º), EC 103/2019 (art. 19, II),
Lei 8.213/91 (arts. 52 a 56), RPS (art. 54) e IN 128/2022 (art. 250)
 Código de concessão do INSS: B42
 Requisitos:
1º Qualidade de segurado: não (Lei 10.666/2003, art. 3º)
2º Carência: 180 contribuições mensais, na forma do art. 25, II, da Lei 8.213/91
3ª Tempo de contribuição exclusivamente como professor na educação infantil,
fundamental ou média: 25 anos para ambos os sexos. Obs: aplicam-se as mesmas
regras de contagem de tempo de contribuição do item 18.2.
4º Idade mínima: mulher (57 anos) e homem (60 anos)

553
Renda mensal inicial (art. 26 da EC 103/2019): 60% do SB + 2% a
cada ano de contribuição que exceder 15 anos para a mulher e
20 anos para o homem

DIB: mesmas regras da aposentadoria por tempo de contribuição

554
21. Aposentadoria por idade do trabalhador rural
 Mantida sem alteração pela EC 103/2019: mesmos requisitos de
acesso
 Regulamentação: CF/88 (art. 201, §7º, II), Lei 8.213/91 (art. 48),
RPS (arts. 56) e IN 128/2022 (art. 256) e IN 77/2015 (arts. 239 a
245)
 Redação da EC 103/2019: II - 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e
55 (cinquenta e cinco) anos de idade, se mulher, para os trabalhadores
rurais e para os que exerçam suas atividades em regime de economia
familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador
artesanal.
 Código de concessão: B41
555
 Beneficiários: trabalhadores rurais (empregado, contribuinte individual, avulso e
segurados especiais), garimpeiros e pescadores artesanais. Obs: ver art. 247 da IN
128/2022, que não incluiu o fazendeiro (CI) ou o administrador/gerente, por exemplo.
Obs: para implemento da carência, podem ser somados períodos de atividade rural
exercidos nas diversas espécies de trabalhador rural (segurado especial + empregado,
por exemplo)
• Tese firmada: (i) A real natureza da atividade desempenhada é que determinará se
o exercente é trabalhador rural ou urbano; (ii) somente o trabalhador rural que de
fato exerça atividade agropecuária, faz jus à aposentadoria por idade com redução
no limite etário. (TNU: PUIL nº 0500763-72.2020.4.05.8307, julgado em
15/09/2022)

 Requisitos:
1º Qualidade de segurado: sim, ou seja, o trabalhador rural deve estar exercendo
atividade rural na data do implemento da idade ou na DER (art. 48, §2º, da Lei 8.213/91,
art. 258 da IN 128/2022, tese do tema 642 do STJ e súmula 54 da TNU)

556
2º Carência: 180 meses de atividade rural (não pode computar atividade urbana),
exercidos no período imediatamente anterior ao implemento da idade ou da DER, ainda
que de forma descontínua (art. 48, §2º, da Lei 8.213/91 e art. 274 da Portaria 990/2022).
Obs: peculiaridades da carência do segurado especial e do empregado rural (ver tópico
carência e arts. 201 a 205 da IN 128/2022). Obs: a tese do tema 300 da TNU permitiu o
somatório de tempo rural remoto e contemporâneo para fins de carência deste benefício
3ª Idade: 55 anos (mulher) e 60 anos (homem)

 DIB: mesmas regras da aposentadoria por idade urbana (DER)


 RMI (art. 256, §2º, da IN 128/2022):
• a) para os segurados especiais que não contribuem facultativamente, a RMI será de um salário
mínimo; e
• b) para os trabalhadores rurais referidos nos incisos I a IV do art. 247, bem como para o segurado
especial que contribui facultativamente: 70% (setenta por cento) do salário de benefício, com
acréscimo de 1% (um por cento) para cada ano de contribuição;
 Obs: as questões referentes à caracterização do segurado especial e do
cômputo/comprovação de tempo rural foram tratados em tópico específico do curso
557
22. Aposentadoria híbrida ou mista
 Mantida com pequenas alterações pela EC 103/2019

 Regulamentação: Lei 8.213/91 (art. 48, §§ 3º e 4º, introduzidos pela Lei 11.718/2008), RPS
(art. 57 do RPS), IN 128/2022 (art. 257) e Portaria DIRBEN/INSS Nº 991/2022 (arts. 273 a
276 e 325 a 330)
 Finalidade: reparar uma situação típica de desproteção social do RGPS (por exemplo,
migração da cidade para o campo e vice-versa), garantindo um benefício para pessoas em
idade avançada, a partir do somatório da carência/tempo de atividade rural e urbana
 Código de concessão: B41
 Natureza jurídica: tratada pelo INSS como uma espécie de aposentadoria por idade rural,
que, até a EC 103/2019, não demandava tempo de contribuição, mas somente idade e
carência. Depois da EC 103/2019 existe dúvida sobre a natureza jurídica do benefício. O
INSS continua tratando como uma espécie de aposentadoria por idade rural (ver art. 257
da IN 128/2022). No entanto, parece ser mais uma das espécies de aposentadoria
voluntária, urbana ou rural, a depender da caracterização do último período computado

558
 Especificidades e reflexos decorrentes da EC 103/2019:
I. benefício sem previsão constitucional;

II. não foi objeto de regulamentação direta pela EC 103/2019;

III. reflexos indiretos EC 103/2019: a) elevação progressiva da idade da mulher


(correto); (ii) introdução do requisito tempo de contribuição, em especial
de 20 anos para o homem filiado após a EC 103/2019 (?). Posição pessoal:
correto

Evento ou fato gerador: idade avançada, desde que cumprida a


carência exigida por lei, com a soma de tempo rural e urbano.
Obs: após a EC 103/2019 será exigido, também, tempo de
contribuição.

559
Art. 48. A aposentadoria por idade será devida ao segurado que, cumprida a carência exigida nesta Lei, completar
65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta), se mulher.
§ 1o Os limites fixados no caput são reduzidos para sessenta e cinqüenta e cinco anos no caso de trabalhadores
rurais, respectivamente homens e mulheres, referidos na alínea a do inciso I, na alínea g do inciso V e nos incisos
VI e VII do art. 11.
§ 2o Para os efeitos do disposto no § 1o deste artigo, o trabalhador rural deve comprovar o efetivo
exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao
requerimento do benefício, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à
carência do benefício pretendido, computado o período a que se referem os incisos III a VIII do § 9o do
art. 11 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11,718, de 2008)
§ 3o Os trabalhadores rurais de que trata o § 1o deste artigo que não atendam ao disposto no
§ 2o deste artigo, mas que satisfaçam essa condição, se forem considerados períodos de
contribuição sob outras categorias do segurado, farão jus ao benefício ao completarem 65
(sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta) anos, se mulher. (Incluído pela Lei nº
11,718, de 2008)

§ 4o Para efeito do § 3o deste artigo, o cálculo da renda mensal do benefício será apurado de
acordo com o disposto no inciso II do caput do art. 29 desta Lei, considerando-se como
salário-de-contribuição mensal do período como segurado especial o limite mínimo de salário-
de-contribuição da Previdência Social. (Incluído pela Lei nº 11,718, de 2008)

560
 Beneficiários: todas as espécies de segurado, independente da natureza da
atividade desenvolvida no período imediatamente anterior ao implemento do
requisito etário ou do requerimento administrativo (Tese do tema 1.007 do STJ)
 Requisitos:
1º Qualidade de segurado: não (Lei 10.666/2003, art. 3º), inobstante o INSS venha exigindo
equivocadamente (ver arts. 257, §1º, 316 e 317 da IN 128/2022)
2º Idade: 60 (mulher) e 65 (homem: sem alteração). Para fatos geradores posteriores
à EC 103/2019, a idade da mulher passa para 62 anos, observada a regra de transição do
art. 18 (acréscimo de 6 meses por ano a partir de 01/01/2020). Para 2023, a idade já é de 62
anos.
3º Carência: 180 contribuições, na forma do art. 25, II, c/c 39, I e 48, §§ 2º e 3º da Lei
8.213/91 (observar a regra de transição do art. 142 da Lei 8.213/91, se for o caso). Obs: o
tempo como segurado especial, antes ou depois da Lei 8.213/91, ainda que sem
contribuições, é computado como carência e tempo de contribuição (tese do tema 1.007 do
STJ)

561
4º Tempo de contribuição: não, pelo menos para fatos geradores até a EC
103/2019 (direito adquirido)
 Para o INSS, por força de uma interpretação sistemática da EC 103/2019:
(i) para os filiados até 13/11/2019, que cumpram os requisitos após essa data, passa a ser
exigido, também, tempo de contribuição de 15 anos para homens e mulheres (arts. 257,
§3º e 317 da IN 128/2022 e art. 327 da Portaria 991/2022);

(ii) para os filiados após a EC 103/2019 (13/11/2019), passa a ser exigido, também, tempo
de contribuição de 20 anos para os homens e 15 anos para as mulheres (art. 57 do RPS,
art. 257 da IN 128/2022 e art. 273 da Portaria 991/2022)

• Obs: (i) dúvida acerca da legalidade dessa exigência (opinião pessoal: legal); (ii)
necessidade de interpretação que acolha o tempo de segurado especial após a Lei
8.213/91 (11/1991), ainda que não contributivo, como tempo de contribuição. O
próprio INSS já acolheu essa interpretação: §2º do art. 215 e §2º do art. 220 da IN
128/2022

562
 Especificidades do benefício e da contagem da carência:
• (i) Irrelevância da ordem cronológica das atividades, (ii) da não exigência de
que a última atividade seja rural e (iii) da possibilidade de cômputo de tempo
rural remoto:
Tese do tema 1.007 do STJ: O tempo de serviço rural, ainda que remoto e descontínuo, anterior
ao advento da Lei 8.213/1991, pode ser computado para fins da carência necessária à obtenção da
aposentadoria híbrida por idade, ainda que não tenha sido efetivado o recolhimento das contribuições,
nos termos do art. 48, § 3o. da Lei 8.213/1991, seja qual for a predominância do labor misto exercido
no período de carência ou o tipo de trabalho exercido no momento do implemento do requisito etário
ou do requerimento administrativo”.
Tese do tema 1.104 do STF: entendeu infraconstitucional a matéria e afastou a repercussão geral
(mantida a decisão vinculante do STJ)
• Obs: o INSS, no entanto, insiste que o última atividade seja rural. Nesse sentido o art. 257,
§1º, da IN 128/2022: § 1º O disposto no caput aplica-se exclusivamente aos segurados que,
na data da implementação dos requisitos, comprovem a condição de trabalhador rural,
ainda que na DER o segurado não mais se enquadre como trabalhador rural, conforme
dispõe o § 2º do art. 57 do RPS. Obs: existe ACP nacional em sentido contrário (art. 273,
§2º, da Portaria 991/2022)
563
• São computados para fins de carência:
Tempo rural ainda que sem contribuições, anterior ou posterior a 24/07/1991
(Lei 8.213/91), inclusive como segurado especial. Não incide, no caso, a
vedação prevista no §14 do art. 201 da CF/88 (tempo ficto) e a limitação
temporal do art. 25 da EC 103/2019

Contribuições em todas as espécies de segurado, inclusive facultativo

 DIB (arts. 49 e 54 da Lei 8.213/91): mesmas regras da aposentadoria por


idade urbana, ou seja, em regra é da DER

564
 Salário de benefício (SB) e RMI:
• Antes da EC 103/2019 (fatos geradores anteriores a 13/11/2019)

• SB: m. a. s. dos 80% > salários de contribuição (a partir de julho de 1994


ou da 1ª contribuição se posterior a essa data) X fator previdenciário
(facultativo), sendo que nos períodos como segurado especial o salário
de contribuição será de 01 SM

• RMI: 70% do SB + 1% a cada grupo de 12 contribuições até o máximo


de 100% (ver súmula 76 da TNU)

565
• Após a EC 103/2019 (fatos geradores a partir de 14/11/2019)

• SB: m. a. s. dos 100% salários de contribuição (a partir de julho


de 1994 ou da 1ª contribuição se posterior a essa data), sendo
que nos períodos como segurado especial o salário de
contribuição será de 01 SM

• RMI: 60% do SB + 2% a cada ano de contribuição (inclusive de


segurado especial) que exceder 15 anos para as mulheres e 20
anos para os homens (art. 257, §2º, da IN 128/2022)

Cessação: com o óbito (benefício vitalício)

566
23. Aposentadoria da pessoa com deficiência (PCD)
Mantida sem alteração pela EC 103/2019: mesmos requisitos de
acesso

23.1. Aposentadoria por tempo de contribuição da pessoa com


deficiência

23.2. Aposentadoria por idade da pessoa com deficiência

567
23.1. Aposentadoria por tempo de contribuição da Pessoa com
Deficiência (PcD)
 Regulamentação: CF/88 (art. 201, §1º, I), EC 103 (art. 22), LC 142/2013 (vigência em
09/11/2013), RPS (arts. 70-A a 70-J do RPS) e IN 128/2022 (arts. 303 a 315)

 Código de concessão: B42 (tratado como aposentadoria por tempo de contribuição)

 Evento ou fato gerador: tempo de contribuição como deficiente, sem idade mínima

 EC 103/2019: manteve o mesmo regramento anterior:


Art. 22. Até que lei discipline o §4º-A do art. 40 e o inciso I do § 1º do art. 201 da Constituição
Federal, a aposentadoria da pessoa com deficiência segurada do Regime Geral de Previdência
Social ou do servidor público federal com deficiência vinculado a regime próprio de previdência
social, desde que cumpridos, no caso do servidor, o tempo mínimo de 10 (dez) anos de efetivo
exercício no serviço público e de 5 (cinco) anos no cargo efetivo em que for concedida a
aposentadoria, será concedida na forma da Lei Complementar nº 142, de 8 de maio de 2013,
inclusive quanto aos critérios de cálculo dos benefícios.

568
 Beneficiários: todos os segurados, exceto o segurado especial que contribua
exclusivamente sobre a comercialização da produção (Lei 8.213/91, art. 39, I e súmula
272 do STJ) e o contribuinte individual e o facultativo que optem pelo regime
simplificado/supersimplificado de recolhimento (alíquotas reduzidas de 11% ou 5%), na
forma do art. 21,§2º, da Lei 8.213/91, salvo se complementarem para atingir 20%
 Requisitos:
• 1º) Condição de segurado com deficiência na DER ou na data de implemento dos
requisitos legais (art. 70-A do RPS)

• 2º) Tempo de contribuição como deficiente:


Art. 3o É assegurada a concessão de aposentadoria pelo RGPS ao segurado com deficiência,
observadas as seguintes condições:
I - aos 25 (vinte e cinco) anos de tempo de contribuição, se homem, e 20 (vinte) anos, se
mulher, no caso de segurado com deficiência grave;

569
II - aos 29 (vinte e nove) anos de tempo de contribuição, se homem, e 24 (vinte e quatro) anos,
se mulher, no caso de segurado com deficiência moderada;

III - aos 33 (trinta e três) anos de tempo de contribuição, se homem, e 28 (vinte e oito) anos, se
mulher, no caso de segurado com deficiência leve; ou

Grau de deficiência Tempo de contribuição

Grave Homem: 25 anos


Mulher: 20 anos
Moderado Homem: 29 anos
Mulher: 24 anos
Leve Homem: 33 anos
Mulher: 28 anos

570
3º) Carência: 180 contribuições mensais (não precisa ser concomitante com a deficiência: art.
314, §3º, da IN 128/2022)

 Identificação/comprovação da condição de pessoa com deficiência e do grau


da deficiência

• Conceito: “considera-se pessoa com deficiência aquela que tem


impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou
sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua
participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as
demais pessoas” (art. 2º da LC 142/2013)

• Perícia do INSS: Art. 5o O grau de deficiência será atestado por perícia própria do
Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, por meio de instrumentos desenvolvidos
para esse fim.

571
• Modelo de perícia: biopsicossocial (avaliação médica/médico e
funcional/assistente social), conforme arts. 201, §1º, I, da CF/88, 4º da LC
142/2013 e 2º da Lei 13.146/2015 (Estatuto do Deficiente):

Art. 2º da Lei 13.146/2015: (...)


§ 1º A avaliação da deficiência, quando necessária, será biopsicossocial, realizada por
equipe multiprofissional e interdisciplinar e considerará: (Vigência) (Vide Decreto
nº 11.063, de 2022)
I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo;
II - os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais;
III - a limitação no desempenho de atividades; e
IV - a restrição de participação.
§ 2º O Poder Executivo criará instrumentos para avaliação da deficiência.
572
Art. 3º. Para fins de aplicação desta Lei, consideram-se:
IV - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que limite ou impeça a
participação social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à
acessibilidade, à liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso à
informação, à compreensão, à circulação com segurança, entre outros, classificadas em:
a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos espaços públicos e privados abertos ao
público ou de uso coletivo;
b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios públicos e privados;
c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e meios de transportes;
d) barreiras nas comunicações e na informação: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou
comportamento que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens e
de informações por intermédio de sistemas de comunicação e de tecnologia da informação;
e) barreiras atitudinais: atitudes ou comportamentos que impeçam ou prejudiquem a
participação social da pessoa com deficiência em igualdade de condições e oportunidades com
as demais pessoas;
f) barreiras tecnológicas: as que dificultam ou impedem o acesso da pessoa com deficiência às
tecnologias;

573
• Instrumento utilizado: IFBrA - Índice de Funcionalidade Brasileiro Aplicado para fins
de classificação e concessão de aposentadoria da pessoa com deficiência, previsto
na Portaria Interministerial SDH/MPS/MF/MOG/AGU 1, de 27 de janeiro de 2014

• Resumo da metodologia:

(i) Perícia médica: identificar a CID, o tipo de deficiência (auditiva, visual, motora,
mental ou cognitiva), as funções corporais acometidas, a data de início do
impedimento de longo prazo (DIIMP), seu período de duração (em especial se persiste
até a DER/implemento dos requisitos) e possíveis datas de alteração da DIIMP
(DAIMP). Ao final, por meio de uma pontuação, define a deficiência e o seu grau

• Obs: para períodos anteriores à LC 142/2013, não é admitida a comprovação da


deficiência ou da DIIMP com base em prova exclusivamente testemunhal (art. 6º, §2º,
da LC 142/2013). Mais um caso de prova tarifada.

574
(ii) Perícia social: realizada após a perícia médica. Avalia somente domínios,
atividades, barreiras, fatores socioambientais, psicológicos, pessoais etc, ou seja,
não avalia CID, tipos de deficiência, DIIMP, que são atribuições exclusivas do
médico.
(iii) Pontuação:
- Leva em conta o MIF – Medida de Independência Funcional, considerando as
barreiras vivenciadas, no caso concreto, pelo periciado:

• 25/totalmente dependente: não realiza a atividade ou é totalmente dependente de


terceiros para realizá-la;
• 50/parcialmente dependente: realiza a atividade com o auxílio de terceiros;
• 75/independência modificada: realiza a atividade de forma adaptada, sendo necessário
algum tipo de modificação ou realiza a atividade de forma diferente da habitual ou mais
lentamente;
• 100/independente: realiza a atividade de forma independente, sem nenhum tipo de
adaptação ou modificação, na velocidade habitual e em segurança.

575
– Aplicação da pontuação a cada um dos 7 domínios e suas 41 atividades
predefinidas: (i) sensorial, (ii) comunicação, (iii) mobilidade, (iv) cuidados pessoais,
(v) vida doméstica, (vi) educação, trabalho e vida econômica e (vii) socialização e
vida comunitária
– Ajuste da pontuação levando-se em conta o Método Linguístico Fuzzy: confere
mais peso aos domínios preponderantes para cada tipo de deficiência, a fim de
identificar situações de maior fragilidade e risco social

– Cálculo final: soma da pontuação do médico e do assistente social para definir a


deficiência e o seu respectivo grau:

(i) Igual ou maior que 7.585: insuficiente para a concessão do benefício


(ii) Maior ou igual a 6.355 e menor ou igual a 7.584: leve
(iii) Maior ou igual a 5.740 e menor ou igual a 6.354: moderada
(iv) Menor ou igual a 5.739: grave

576
• Visão monocular: mesmo com Lei 14.126/2021 é necessária a avaliação pericial
(IFBra). Ver Decreto 10.654/2021
• Perícia judicial: na forma do art. 201, §1º, I, da CF/88, art. 4º da LC 142/2013 e
art. 2º da Lei 13.146/2015, deve adotar o instrumento previsto em lei, que, no
momento, é o IFBRA. A TNU tem julgado nesse sentido: PUIL: 0512729-
92.2016.4.05.8300, julgado em 21/11/2019. Obs: em regra, percebe-se que a
perícia judicial não vem observando o mecanismo do IFBRA.
 Conversão de tempo qualificado como deficiente em tempo comum e
vice-versa (art. 7º da LC 142/2013 e arts. 70-E e 70-F do RPS):
• Art. 7o Se o segurado, após a filiação ao RGPS, tornar-se pessoa com deficiência,
ou tiver seu grau de deficiência alterado, os parâmetros mencionados no art.
3o serão proporcionalmente ajustados, considerando-se o número de anos em
que o segurado exerceu atividade laboral sem deficiência e com deficiência,
observado o grau de deficiência correspondente, nos termos do regulamento a
que se refere o parágrafo único do art. 3o desta Lei Complementar.
577
• Tabelas dos fatores de conversão (deficiente X comum e vice-versa):

578
• Tabelas dos fatores de conversão (deficiente X especial):

579
Obs: os exemplos estudados a seguir foram extraídos da obra de João Marcelino
Soares, Manual de Aposentadoria da Pessoa com Deficiência, Editora Alteridade, 1ª
ed., 2021
• Conversão de tempo comum (sem deficiência) em tempo qualificado do
deficiente: sim, quando existe deficiência na DER/data do implemento dos
requisitos.
Exemplo: segurada trabalhou de 01/01/1984 a 31/12/2009 (26 anos) e de
01/01/2011 a 01/01/2014 (03 anos e 01 dia). A perícia identificou uma deficiência em
grau leve de 01/01/2010 até a DER (01/01/2014)
Nesse caso, os 26 anos de atividade comum podem ser convertidos em tempo
qualificado com deficiência leve, para serem somados aos 03 anos e 01 dia.
Fator de conversão: 0,93 (tempo base comum de 30 anos para tempo base com
deficiência de 28 anos). Tempo convertido: 24 anos, 02 meses e 04 dias),
Total: 27 anos, 02 meses e 05 dias, insuficientes para a concessão do benefício (exige
28 anos).

580
• Conversão de tempo como deficiente para tempo como deficiente de
grau diverso: sim, quando existe deficiência na DER/data do implemento
dos requisitos
Exemplo: segurada trabalhou com deficiência leve de 01/01/1990 a 31/12/2009 (20
anos) e com deficiência moderada de 01/01/2010 até a DER em 31/12/2014 (05
anos).
Para a conversão, deve-se verificar o grau de deficiência preponderante (art. 70-E,
§1º do RPS), que servirá de parâmetro: aquele em que o segurado cumpriu maior
tempo de contribuição antes da conversão. No caso, é a leve.

Fator de conversão: 1,17 (tempo base como deficiente de 24 anos para tempo base
com deficiência de 28 anos). Tempo convertido: 05 anos, 10 meses e 06 dias

Total: 25 anos, 10 meses e 06 dias, insuficientes para a concessão do benefício (exige


28 anos).

581
• Conversão de tempo como deficiente em tempo comum (conversão
reversa): sim, quando não existe deficiência na DER/data do implemento
dos requisitos
Exemplo: segurada nascida em 01/01/1958. Tempo de contribuição de 01/01/1970 a
20/12/1994. Período com deficiência leve definido pela perícia: 01/01/1970 a
31/12/1979 (10 anos). DER em 01/01/2014

Nesse caso, os 10 anos laborados como deficiente podem ser convertidos em tempo
comum, para fins de aposentadoria por tempo de contribuição com 30 anos.

Fator de conversão: 1,07 (tempo base como deficiente de 28 anos para tempo base
comum de 30 anos). Tempo convertido: 10 anos, 08 meses e 12 dias

Total: 25 anos, 08meses e 02 dias, insuficientes para a concessão do benefício (exige


30 anos).

582
• Conversão de especial (agentes nocivos) em tempo como deficiente: sim,
desde que os tempos não sejam concomitantes (não pode ter dupla
redução: art. 10 da LC 142/2013) e que exista deficiência na DER/data do
implemento dos requisitos
Exemplo: períodos de contribuição da segurada: (i) 01/01/1984 a 31/12/2000 (17
anos) como atividade especial de 25 anos; (ii) 01/01/2001 a 31/12/2009 (09 anos);
(iii) 01/01/2011 a 01/01/2014 (03 anos). Total de 29 anos. Período com deficiência
moderada: 01/01/1996 a 01/01/2014 (17 anos). DER: 01/01/2014
O período de 01/01/1984 a 31/12/1995 (12 anos) foi laborado sem deficiência e em
atividade especial. Nesse caso, esse período especial pode ser convertido em período
com deficiência moderada.
Fator de conversão: 0,96 (tempo base especial de 25 anos para tempo base como
deficiente de 24 anos). Tempo convertido: 11 anos, 06 meses e 09 dias
Total: 28 anos, 06 meses e 10 dias, autorizando a concessão da aposentadoria por
tempo de contribuição do deficiente (deficiência moderada: 24 anos)

583
• Quando houver tempo de contribuição como deficiente e especial concomitantes,
embora não seja possível a dupla redução, será considerada no período a menor
base. Se a menor for a especial (por exemplo: agente nocivo de 25 anos e
deficiência leve de 28 anos), é possível converter o período especial em período
com deficiência (de 25 para 28: fator de conversão 1,12)
• Não é possível converter tempo como deficiente em tempo especial (art. 70-F, §2º
do RPS)

 RMI: arts. 8º, I e 9º, I da LC 142/2013:


Art. 8o A renda mensal da aposentadoria devida ao segurado com deficiência será
calculada aplicando-se sobre o salário de benefício, apurado em conformidade com o
disposto no art. 29 da Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, os seguintes percentuais:
I - 100% (cem por cento), no caso da aposentadoria de que tratam os incisos I, II e III do art. 3o; ou

Art. 9o Aplicam-se à pessoa com deficiência de que trata esta Lei Complementar:

I - o fator previdenciário nas aposentadorias, se resultar em renda mensal de valor mais elevado;
584
• Como se calcula o salário de benefício para direito formado após a EC
103/2019?

O INSS entende que é na forma do caput do art. 26 da EC 103/2019 (ver art. 70-J
do RPS): m.a.s dos 100% salários de contribuição a partir de 07/1994 (arts. 32, §§
24 e 25 e 70-J do RPS). Ao que parece, afasta, inclusive, a regra do descarte do art.
26, §6º, da EC 103/2019 (não elenca o benefício no rol do §25 do art. 32 do RPS)
 Parte da doutrina entende é que na forma do art. 29 da Lei 8.213/01 (ver parte
final do art. 22 da EC 103/2019): m.a.s dos 80% maiores salários de contribuição.
Obs: esse parece ser o melhor entendimento
 DIB: aplicam-se as mesmas regras da aposentadoria programada
 Contagem recíproca de tempo de contribuição como deficiente entre RPPS, RGPS e militares:
sim (art. 9º, II, da LC 142/2013)
 Aplicação subsidiária das Leis 8.212/91 e 8.213/91: sim (art. 9º, III e IV da LC 142/2013)
 Possibilidade de continuar trabalhando após a aposentadoria: sim, não se aplicando o art. 57,
§8º, da Lei 8.213/91 e a tese do tema 709 do STF. Ver art. 306 da IN 128/2022.
585
23.2. Aposentadoria por idade da Pessoa com Deficiência (PcD)
 Regulamentação: CF/88 (art. 201, §1º, I), EC 103 (art. 22), LC 142/2013, RPS (arts.
70-A a 70-J do RPS) e IN 128/2022 (arts. 303 a 315)
 Código de concessão: B41 (tratado como aposentadoria por idade)

 Evento ou fato gerador: implemento da idade mínima + tempo de 15 anos de


contribuição como deficiente
 EC 103/2019: manteve o mesmo regramento anterior:
• Art. 22. Até que lei discipline o §4º-A do art. 40 e o inciso I do § 1º do art. 201 da Constituição
Federal, a aposentadoria da pessoa com deficiência segurada do Regime Geral de Previdência Social
ou do servidor público federal com deficiência vinculado a regime próprio de previdência social,
desde que cumpridos, no caso do servidor, o tempo mínimo de 10 (dez) anos de efetivo exercício no
serviço público e de 5 (cinco) anos no cargo efetivo em que for concedida a aposentadoria, será
concedida na forma da Lei Complementar nº 142, de 8 de maio de 2013, inclusive quanto aos
critérios de cálculo dos benefícios.

586
 Requisitos:
1º) Condição de segurado com deficiência na DER ou na data de
implemento dos requisitos legais (art. 70-A do RPS)

2º) Idade: 60 anos, se homem, e 55, se mulher

3º) Carência: 180 contribuições mensais (não precisa ser concomitante


com a deficiência: art. 311, §1º, da IN 128/2022)

4º) 15 anos de tempo de contribuição cumpridos na condição de


pessoa com deficiência, independentemente de seu grau (art. 70-C,
§1º do RPS)

587
Art. 3o É assegurada a concessão de aposentadoria pelo RGPS ao segurado com
deficiência, observadas as seguintes condições:
IV - aos 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e 55 (cinquenta e cinco) anos de idade,
se mulher, independentemente do grau de deficiência, desde que cumprido tempo
mínimo de contribuição de 15 (quinze) anos e comprovada a existência de deficiência
durante igual período.

• Os 15 anos de deficiência devem coincidir com tempo de contribuição? A TNU


entendeu que sim, fixando a seguinte tese:

“Para efeitos de concessão de aposentadoria por idade do art. 3º, IV, da LC 142/2012, o
segurado deve contar com no mínimo quinze anos de tempo de contribuição,
cumpridos na condição de pessoa com deficiência, independentemente do grau” (PUIL
00622-38.2015.4.01.3800/MG, julgado em 28/04/2021, relator juiz federal Ivanir
Ireno)

588
 Identificação/comprovação da condição de pessoa com deficiência e do grau da
deficiência: aplicam-se as mesmas regras/metodologias/procedimentos da
aposentadoria por tempo de contribuição

 Conversão de tempo: não

 RMI: arts. 8º, II e 9º, I da LC 142/2013:

Art. 8o A renda mensal da aposentadoria devida ao segurado com deficiência será calculada aplicando-
se sobre o salário de benefício, apurado em conformidade com o disposto no art. 29 da Lei no 8.213, de
24 de julho de 1991, os seguintes percentuais:
II - 70% (setenta por cento) mais 1% (um por cento) do salário de benefício por grupo de 12 (doze)
contribuições mensais até o máximo de 30% (trinta por cento), no caso de aposentadoria por idade.
Art. 9o Aplicam-se à pessoa com deficiência de que trata esta Lei Complementar:

I - o fator previdenciário nas aposentadorias, se resultar em renda mensal de valor mais elevado;

589
• Como se calcula o salário de benefício para direito formado após a
EC 103/2019: mesma regra aplicável à aposentadoria por tempo de
contribuição (ver slides anteriores)
 DIB: aplicam-se as mesmas regras da aposentadoria programada

 Contagem recíproca de tempo de contribuição como deficiente entre RPPS, RGPS e


militares: sim (art. 9º, II, da LC 142/2013)

 Aplicação subsidiária das Leis 8.212/91 e 8.213/91: sim (art. 9º, III e IV da LC
142/2013)

 Possibilidade de continuar trabalhando após a aposentadoria: sim, não se aplicando o


art. 57, §8º, da Lei 8.213/91 e o tema 709 do STF. Ver art. 306 da IN 128/22.

590
24. Aposentadoria especial por exposição a agentes
nocivos
24.1. Aposentadoria especial sem idade mínima (extinta)

24.2. Aposentadoria especial com exigência de pontos (idade +


tempo de contribuição) do art. 21 da EC 103/2019 (transição)

24.3. Aposentadoria especial com idade mínima do art. 19, §1º,


da EC 103/2019 (novo: regra transitória)

591
24-A. Aposentadoria Especial sem idade mínima
(extinta)
 Regulamentação: CF/88 (art. 201, §1º), Lei 8.213/91 (arts. 57 e 58), RPS (art. 188-A, III)
e IN 128/2022 (arts. 261 e 263 a 302)
 Código de concessão do INSS: B46

 Evento ou fato gerador: trabalho em condições especiais que prejudiquem a saúde ou


a integridade física durante 15, 20 ou 25 anos. Não exige idade mínima

 Redação da CF/88 anterior à EC 103/2019:


Art. 201. (...)
§ 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos
beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob
condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados
portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar.

592
Benefício extinto pela EC 103/2019, que passou a autorizar a
exigência de idade mínima:
Art. 201. (...)

§ 1º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados para concessão de benefícios,


ressalvada, nos termos de lei complementar, a possibilidade de previsão de idade e tempo de
contribuição distintos da regra geral para concessão de aposentadoria exclusivamente em
favor dos segurados: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

II - cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos
e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a
caracterização por categoria profissional ou ocupação. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)

593
 Art. 19 da EC 103/2019 (regra transitória):
Art. 19. Até que lei disponha sobre o tempo de contribuição a que se refere o inciso I do § 7º do art. 201
da Constituição Federal, o segurado filiado ao Regime Geral de Previdência Social após a data de
entrada em vigor desta Emenda Constitucional será aposentado aos 62 (sessenta e dois) anos de idade,
se mulher, 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, com 15 (quinze) anos de tempo de
contribuição, se mulher, e 20(vinte) anos de tempo de contribuição, se homem.
§ 1º Até que lei complementar disponha sobre a redução de idade mínima ou tempo de
contribuição prevista nos §§ 1º e 8º do art. 201 da Constituição Federal, será concedida
aposentadoria:
I - aos segurados que comprovem o exercício de atividades com efetiva exposição a agentes
químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a
caracterização por categoria profissional ou ocupação, durante, no mínimo, 15 (quinze), 20
(vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, nos termos do disposto nos arts. 57 e 58 da Lei 8.213, de 24 de
julho de 1991, quando cumpridos:
a) 55 (cinquenta e cinco) anos de idade, quando se tratar de atividade especial de 15 (quinze) anos de contribuição;
b) 58 (cinquenta e oito) anos de idade, quando se tratar de atividade especial de 20 (vinte) anos de contribuição; ou
c) 60 (sessenta) anos de idade, quando se tratar de atividade especial de 25 (vinte e cinco) anos de
contribuição;

594
 Alterações da EC 103/2019: quais os objetivos perseguidos e alcançados?
• Tornou a aposentadoria especial facultativa a critério do legislador complementar?: ver
expressão: (...) a possibilidade de previsão de idade e tempo de contribuição distintos da
regra geral para concessão de aposentadoria exclusivamente em favor dos segurados
• Autorizou que lei complementar estabeleça idade mínima para o benefício (regra
permanente da CF/88), o que foi feito, de forma transitória, pelo art. 19, §1º, I
• Substitui a expressão “que prejudiquem a saúde ou a integridade física” por “prejudiciais à
saúde”. Obs: ainda existe previsão/autorização de enquadramento por periculosidade após
a exclusão da “integridade física”?
• Substituiu a expressão “atividades exercidas sob condições especiais” por “com efetiva
exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses
agentes”, constitucionalizando o termo “efetiva” (já presente no §1º do art. 58 da Lei
8.213/19 e nas teses dos temas 555 e 852 do STF) e a limitação dos agentes nocivos em
físicos, químicos, biológicos ou associados. Obs: mais uma clara investida contra a
periculosidade ou outros agentes nocivos, como os mecânicos, por exemplo
595
• Constitucionalizou a vedação do enquadramento por categoria profissional ou ocupação (já
prevista na Lei 8.213/91 desde 28/04/1995)
• Vedou a conversão de tempo especial em comum para períodos laborados a partir de
13/11/2019 (art. 25, §2º)
• Alterou a forma de cálculo do salário de benefício e da renda mensal inicial (RMI), que não
será mais de 100% do salário de benefício
 Alterações em disputa da ADI 6309: (i) estabelecimento de idades mínimas; (ii) vedação à
conversão de tempo especial em comum para fins de aposentadoria voluntária; (iii)
redução do valor do benefício de 100% do salário de benefício para 60% (+ 2%).
• Voto ministro Roberto Barroso (relator): improcedência do pedido, reconhecendo a constitucionalidade
das mudanças. Acompanhado pelo ministro Gilmar Mendes. Voto ministro Edson Fachin: procedência,
reconhecendo a inconstitucionalidade das mudanças. Acompanhado pela ministra Rosa Weber. Pedido de
destaque do ministro Dias Toffoli (sessão virtual de 23/06 a 30/06/2023): o julgamento será reiniciado
no plenário físico (sem data prevista)
• Obs: O PLP 245/2019, já aprovado no Senado Federal, cria as seguintes figuras para as
aposentadorias de 15 e 20 anos (arts. 7º e 8º): a) continuidade da atividade especial por um
período adicional de 40%; b) obrigatoriedade de readaptação e estabilidade por 12 meses;
c) auxílio-exposição de 15% do salário de benefício

596
 Beneficiários:
(i) para o INSS: segurados empregado, trabalhador avulso e contribuinte
individual cooperado à cooperativa de trabalho ou de produção (art. 64
do RPS). Obs: também concede ao contribuinte individual por conta
própria, por categoria profissional, para períodos laborados até
28/04/1995 (art. 263, III, da IN 128/2022);
(ii) para a jurisprudência: todos os segurados, com exceção do segurado
especial do art. 39, I, da Lei 8.213/91 e do facultativo (STJ: REsp
1.436.794/SC, Dje 28/09/2015 e súmula 62 da TNU).
Obs: (i) o não pagamento do adicional do SAT/GILRAT (§§ 6º e 7º do art. 57 da Lei
8.213/91) não obsta a concessão do benefício (STF e STJ); (ii) as peculiaridades e
dificuldades de comprovação pelo contribuinte individual por conta própria (prova
do exercício da atividade e permanência, LTCAT e PPP) e doméstico (LTCAT e PPP)

597
 Requisitos:

1º) Qualidade de segurado: não (Lei 10.666/2003, art. 3º)

2º) Carência: 180 contribuições, na forma do art. 25, II, da Lei 8.213/91 (observar
a regra de transição do art. 142 da Lei 8.213/91, se for o caso)

3ª) tempo de contribuição/trabalho em condições especiais por 15, 20 ou 25


anos: tempo de exposição permanente, não ocasional nem intermitente (após
28/04/1995, data de vigência da Lei 9.032/95), aos agentes químicos, físicos,
biológicos ou associação desses agentes, prejudiciais a saúde ou a integridade
física.

4ª) Idade mínima: não

598
 Lei 8.231/91:
Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado
que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física,
durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei.
§ 3º A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o
Instituto Nacional do Seguro Social–INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem
intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o
período mínimo fixado.
§ 4º O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos
químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo
período equivalente ao exigido para a concessão do benefício.
Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à
saúde ou à integridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o
artigo anterior será definida pelo Poder Executivo.
§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante
formulário, na forma estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela
empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho
expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho nos termos da
legislação trabalhista.
599
 DIB (arts. 57, §2º da Lei 8.213/91): mesma regra da aposentadoria por
idade/programada (em regra, da DER)

 Salário de benefício e renda mensal inicial:


• SB: m. a. s. dos 80% > salários de contribuição (a partir de julho de 1994 ou da 1ª
contribuição se posterior a essa data. Obs: ver RVT), sem incidência do fator previdenciário.
Obs: observar o art. 188-A, §5º, do RPS (apuração da RMI em 13/11/2019)
• RMI: 100% do SB

 Regra especial de suspensão/cessação (art. 57, §8º, da Lei 8.213/91): será


suspensa/cancelada a aposentadoria especial do segurado que voltar a exercer atividade
sujeita a condições especiais. Regra declarada constitucional pelo STF no tema 709.

600
• Tese do tema 709:
I) É constitucional a vedação de continuidade da percepção de
aposentadoria especial se o beneficiário permanece laborando em
atividade especial ou a ela retorna, seja essa atividade especial aquela
que ensejou a aposentação precoce ou não.
II) Nas hipóteses em que o segurado solicitar a aposentadoria e continuar a
exercer o labor especial, a data de início do benefício será a data de
entrada do requerimento, remontando a esse marco, inclusive, os efeitos
financeiros. Efetivada, contudo, seja na via administrativa, seja na
judicial a implantação do benefício, uma vez verificado o retorno ao
labor nocivo ou sua continuidade, cessará o pagamento do benefício
previdenciário em questão.
Obs: na verdade, o caso é de suspensão, conforme reconheceu o próprio STF em
embargos de declaração. Ver rito para a suspensão na via administrativa, observado o
contraditório (art. 69, parágrafo único do RPS e art. 267, §2º, da IN 128/2022)
601
• Modulação de efeitos:
(i) exclusão dos profissionais de saúde do rol do art. 3º-J da Lei 13.979/2020 que
estejam trabalhando diretamente no combate à pandemia de COVID-19, enquanto
vigorar a referida lei e o estado de emergência (situação, ao que parece, cessada em
23/05/2022, com a edição do Decreto 11.077, que cessou o estado de emergência
decorrente da COVID-19);
(ii) preservar a coisa julgada a favor dos segurados e declarar a irrepetibilidade dos valores
recebidos de boa-fé até o dia 24/02/2021 (proclamação do resultado)

• A questão das implantações judiciais provisórias: estão abrangidas ou não pela


decisão? Na minha opinião sim (houve pedido, nos embargos de declaração, para
aplicação da tese somente nos casos de trânsito em julgado da concessão, que foi
rejeitado)

 Obs: as questões referentes ao


enquadramento/reconhecimento/comprovação/conversão das atividades especiais
(direito material e processual) serão tratadas em módulo específico

602
24-B. Aposentadoria Especial com exigência de pontos
Regra de transição do art. 21 da EC 103/2019

 Regulamentação: CF/88 (art. 201, §1º, II), EC 103/2019 (art. 21), Lei
8.213/91 (arts. 57 e 58), RPS (art. 188-P) e IN 128/2022 (art. 262)

 Código de concessão do INSS: B46

 Beneficiários: os mesmos do benefício extinto (ver slides anteriores)

 Evento ou fato gerador: trabalho em condições especiais que prejudiquem


a saúde ou a integridade física durante 15, 20 ou 25 anos e implemento
dos pontos necessários
603
Art. 21. O segurado ou o servidor público federal que se tenha filiado ao Regime Geral de Previdência
Social ou ingressado no serviço público em cargo efetivo até a data de entrada em vigor desta
Emenda Constitucional cujas atividades tenham sido exercidas com efetiva exposição a agentes
químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a
caracterização por categoria profissional ou ocupação, desde que cumpridos, no caso do servidor, o
tempo mínimo de 20 (vinte) anos de efetivo exercício no serviço público e de 5 (cinco) anos no cargo
efetivo em que for concedida a aposentadoria, na forma dos arts. 57 e 58 da Lei nº 8.213, de 24 de julho
de 1991, poderão aposentar-se quando o total da soma resultante da sua idade e do tempo de
contribuição e o tempo de efetiva exposição forem, respectivamente, de:

I - 66 (sessenta e seis) pontos e 15 (quinze) anos de efetiva exposição;

II - 76 (setenta e seis) pontos e 20 (vinte) anos de efetiva exposição; e

III - 86 (oitenta e seis) pontos e 25 (vinte e cinco) anos de efetiva exposição.

§ 1º A idade e o tempo de contribuição serão apurados em dias para o cálculo do somatório de pontos
a que se refere o caput. § 2º O valor da aposentadoria de que trata este artigo será apurado na forma
da lei.

604
 Requisitos:

1º) Qualidade de segurado: não (Lei 10.666/2003, art. 3º)

2º) Carência: 180 contribuições, na forma do art. 25, II, da Lei 8.213/91

3ª) Tempo de contribuição/trabalho em condições especiais por 15, 20 ou 25 anos:


tempo de efetiva exposição permanente, não ocasional nem intermitente (após
28/04/1995, conforme Lei 9.032/95), a agentes químicos, físicos, biológicos ou associação
desses agentes, prejudiciais à saúde. Obs: para o período anterior a 13/11/2019, para
caracterização e comprovação da atividade especial, aplicam-se as regras anteriores
(tempus regit actum)

4ª) Pontuação (idade + Tempo de contribuição [tempo comum + especial]): (i) 66 para
exposição de 15 anos, (ii) 76 para exposição de 20 anos e (iii) 86 para exposição de 25
anos. Obs: o PLP 245/2019, aprovado no Senado Federal em maio de 2023 (e enviado à
Câmara dos Deputados), mantém o mesmo regime jurídico e pontuações (art. 2º, I)
605
 Exemplo 1: Jorge começou a trabalhar exposto ao agente nocivo ruído acima dos
limites de tolerância em 1993, aos 21 anos de idade. Foi o seu primeiro emprego. Em
2018, aos 46 anos, completou 25 anos de contribuição/exposição na mesma atividade.
Requereu e teve o benefício concedido. Obs: aplicação da regra do benefício
extinto/direito adquirido (teria direito mesmo que a DER fosse posterior à EC
103/2019)

 Exemplo 2: Jorge começou a trabalhar exposto ao agente nocivo ruído acima dos
limites de tolerância em 1995, aos 21 anos de idade. Foi o seu primeiro emprego.
Quando entrou em vigor a EC 103/2019 (tinha 45 anos), tinha 24 anos de atividade
especial, não fazendo jus ao benefício pela regra do benefício extinto/direito adquirido.
Obs: somente vai poder se aposentar, desde que permaneça em atividade especial
(por pelo menos mais um ano, para completar 25) e continue a contribuir sem
interrupção (especial ou não), em 2027 ou 2028, quando completa 86 pontos (idade
de 53,5 anos e TC de 32,5 anos), conforme tabela a seguir:

606
Ano Tempo de efetiva Idade Pontos
exposição e/ou
contribuição
2019 24 45 69
2020 25 46 71
2021 26 47 73
2022 27 48 75
2023 28 49 77
2024 29 50 79
2025 30 51 81
2026 31 52 83
2027 32 53 85
2027 ou 2028 32,5 53,5 86

607
 DIB (arts. 57, 2º da Lei 8.213/91): mesma regra da aposentadoria por
idade/programada (em regra, da DER)
 Salário de benefício e renda mensal inicial:
• SB: m. a. s. de todos os salários de contribuição a partir de julho de 1994 ou
desde o início da contribuição, se posterior àquela competência. Obs: aplica-se a
regra de descarte do art. 26, §6º, da EC 103/2019
• RMI: 60% do SB + 2% a cada ano de contribuição que exceder 15 anos para a mulher e 20
anos para o homem. No caso de atividade com exposição a 15 anos, o acréscimo de 2%
tem como termo inicial 15 anos de contribuição
• Obs: o PLP 245/2019, aprovado no Senado Federal em maio de 2023 (e enviado à Câmara
dos Deputados) não trata de SB e RMI, mantendo o regime da EC 103/2019
 Regra especial de suspensão/cessação (art. 57, §8º, da Lei 8.213/91): mesmo
regramento do benefício extinto (aplicação da tese do tema 709 do STF). Obs: o
PLP 245/2019, aprovado no Senado Federal em maio de 2023, mantém a
previsão de suspensão, inclusive com obrigação de ressarcimento, se for o caso
(art. 9º)
608
 Conversão de tempo especial em comum: vedada para períodos laborados a
partir de 13/11/2019 (art. 25, §2º da EC 103/2019). Obs: o PLP 245/2019,
aprovado no Senado Federal em maio de 2023, mantém a vedação (art. 6º, §2º)

 Obs: as questões referentes ao


enquadramento/reconhecimento/comprovação/conversão das atividades
especiais (direito material e processual) serão tratadas em módulo específico

609
24-C. Aposentadoria Especial com idade mínima
Regra transitória do art. 19, §1º, da EC 103/2019

 Regulamentação: CF/88 (art. 201, §1º, II), EC 103/2019 (art. 19, §1º), Lei
8.213/91 (arts. 57 e 58), RPS (art. 64) e IN 128/2022 (arts. 260 e 263 a 302)

 Código de concessão do INSS: B46

 Beneficiários: os mesmos do benefício extinto (ver slides anteriores)

 Evento ou fato gerador: trabalho em condições especiais que prejudiquem a


saúde durante 15, 20 ou 25 anos e implemento da idade mínima

610
• Art. 19, §1º, da EC 103/2019:
§ 1º Até que lei complementar disponha sobre a redução de idade mínima ou tempo de contribuição
prevista nos §§ 1º e 8º do art. 201 da Constituição Federal, será concedida aposentadoria:

I - aos segurados que comprovem o exercício de atividades com efetiva exposição a agentes químicos,
físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a caracterização por
categoria profissional ou ocupação, durante, no mínimo, 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco)
anos, nos termos do disposto nos arts. 57 e 58 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, quando
cumpridos:

a) 55 (cinquenta e cinco) anos de idade, quando se tratar de atividade especial de 15 (quinze) anos de
contribuição;

b) 58 (cinquenta e oito) anos de idade, quando se tratar de atividade especial de 20 (vinte) anos de
contribuição; ou

c) 60 (sessenta) anos de idade, quando se tratar de atividade especial de 25 (vinte e cinco) anos de
contribuição;

611
 Requisitos:

1º) Qualidade de segurado: não (Lei 10.666/2003, art. 3º)

2º) Carência: 180 contribuições, na forma do art. 25, II, da Lei 8.213/91

3º) Tempo de contribuição/trabalho em condições especiais por 15, 20 ou 25 anos:


tempo de efetiva exposição permanente, não ocasional nem intermitente, a agentes
químicos, físicos, biológicos ou associação desses agentes, prejudiciais à saúde. Obs: para
o período anterior a 13/11/2019, para caracterização e comprovação da atividade
especial, aplicam-se as regras anteriores (tempus regit actum)

4º) Idade mínima: sim, 55 (15 anos de exposição), 58 (20 anos de exposição) ou 60 (25
anos de exposição). Obs: o PLP 245/2019, aprovado no Senado Federal em maio de 2023
(e enviado à Câmara dos Deputados), mantém o mesmo regime jurídico e idades (at. 2º,
II)
612
 DIB (arts. 57, 2º da Lei 8.213/91): mesma regra da aposentadoria por
idade/programada (em regra, da DER)
 Salário de benefício e renda mensal inicial:
• SB: m. a. s. de todos os salários de contribuição a partir de julho de 1994 ou desde o início
da contribuição, se posterior àquela competência. Obs: aplica-se a regra de descarte do art.
26, §6º, da EC 103/2019
• RMI: 60% do SB + 2% a cada ano de contribuição que exceder 15 anos para a mulher e 20
anos para o homem. No caso de atividade com exposição a 15 anos, o acréscimo de 2%
tem como termo inicial 15 anos de contribuição

• Obs: o PLP 245/2019, aprovado no Senado Federal em maio de 2023 (e enviado à


Câmara dos Deputados) não trata de SB e RMI, mantendo o regime da EC 103/2019
 Regra especial de suspensão/cessação (art. 57, §8º, da Lei 8.213/91): mesmo
regramento do benefício extinto (aplicação da tese do tema 709 do STF). Obs: o PLP
245/2019, aprovado no Senado Federal em maio de 2023, mantém a previsão de
suspensão, inclusive com obrigação de ressarcimento, se for o caso (art. 9º)

613
 Conversão de tempo especial em comum: vedado para períodos laborados a
partir de 13/11/2019 (art. 25, §2º, da EC 103/2019). Obs: o PLP 245/2019,
aprovado no Senado Federal em maio de 2023, mantém a vedação (art. 6º, §2º)

 Obs: as questões referentes ao


enquadramento/reconhecimento/comprovação/conversão das atividades
especiais (direito material e processual) serão tratadas em módulo específico

614
24-1. Caracterização e comprovação de atividades exercidas em
condições especiais
 Fato a ser caracterizado/comprovado: tempo de efetiva exposição permanente, não
ocasional nem intermitente (obs: a partir de 28/04/1995: antes, não era exigida a
permanência), a agentes químicos, físicos, biológicos ou associação desses agentes,
prejudiciais a saúde (obs: a partir de 14/11/2019: antes, poderia ser prejudicial a saúde
ou a integridade física)

 Termo inicial da possibilidade de reconhecimento da atividade especial: qualquer


período, mesmo antes da Lei 3.807/60, que institui o benefício. Nesse sentido a
jurisprudência dominante do STJ: AgRg no REsp n. 1.008.380/RS, relator Ministro Og
Fernandes, 6ª Turma, julgado em 28/6/2011, DJe de 3/8/2011. Obs: no entanto, o
benefício somente é devido a partir da vigência da lei que o criou

 Legislação aplicável para caracterização e comprovação da atividade especial: a que


estiver em vigor na data da prestação do serviço (tempus regit actum). Nesse sentido o
art. 188-P, §6º, do RPS e a pacífica jurisprudência do STJ e TNU
615
 Rol de agentes nocivos:
• Lei 8.213/91: Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou
associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física considerados para fins de
concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definida pelo Poder
Executivo.
• Decretos regulamentadores, relação de agentes nocivos, categorias profissionais*
e vigência:
Período trabalhado Norma de enquadramento

Até 28/04/1995 - Quadro Anexo ao Decreto nº 53.831, de 1964 (códigos 1.0.0 e 2.0.0*)
- Anexos I e II* do RBPS, aprovado pelo Decreto nº 83.080, de 1979

De 29/04/1995 a - Código 1.0.0 do Quadro Anexo ao Decreto nº 53.831, de 1964


05/03/1997 - Anexo I do RBPS, aprovado pelo Decreto nº 83.080, de 1979

De 06/03/1997 a Anexo IV do RBPS, aprovado pelo Decreto nº 2.172, de 1997


06/05/1999
A partir de 07/05/1999 Anexo IV do RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 1999
616
• Para o INSS a relação de agentes nocivos do Anexo IV do RPS (e decretos anteriores) é
exaustiva (art. 68 do RPS e art. 286, §3º, da IN 128/2022). Já o rol de atividades nas quais
pode haver exposição é exemplificativo (item 1.0.0 do Anexo IV do RPS). A IN 128/2022
entende que o rol de atividades somente é exemplificativo para os agentes químicos (art.
286, §4º)
• Jurisprudência pacífica do STJ e TNU entende que o rol de agentes nocivos do Anexo IV do
RPS é exemplificativo, sendo possível reconhecer a especialidade em razão da exposição a
outros agentes, desde que comprovada (prova técnica) a nocividade que coloque em risco a
saúde (integridade física) do segurado.
 Nesse sentido o tema 534 do STJ, que tratou da eletricidade após o Decreto 2.172/97: As
normas regulamentadoras que estabelecem os casos de agentes e atividades nocivos à
saúde do trabalhador são exemplificativas, podendo ser tido como distinto o labor que a
técnica médica e a legislação correlata considerarem como prejudiciais ao obreiro, desde
que o trabalho seja permanente, não ocasional, nem intermitente, em condições especiais
(art. 57, § 3º, da Lei 8.213/1991). No mesmo sentido o tema 1.031 (vigilante).
 [...] 2. A jurisprudência desta Corte, na linha do disposto na Súmula 198 do extinto Tribunal
Federal de Recursos, consolidou o entendimento de que o rol constante desses decretos é
meramente exemplificativo; [...] (AgInt no AREsp n. 1.592.440/SP, relator Ministro Sérgio
Kukina, Primeira Turma, julgado em 24/8/2020, DJe de 31/8/2020.)
617
 Julgados da TNU referentes à radiação não ionizante e formol:
Tese: O período laborado com exposição à radiação não ionizante pode ser reconhecido como especial:
I – com fundamento no item 1.1.4 do Quadro Anexo ao Decreto n.º 53.831/1964, até 05 de março de
1997, ou;
II – nos termos do Anexo 07 da NR 15, quando a exposição ocorrer sem proteção adequada (EPI eficaz) e
for comprovadamente prejudicial à saúde ou à integridade física do trabalhador, mediante prova
técnica (PPP, LTCAT). (PUIL 0003957-27.2014.4.03.6328/SP, julgado em 05/05/2022)

Tese: (i) “é cabível o reconhecimento das condições especiais do labor exercido sob exposição
ao agente químico cancerígeno formol (formaldeído) no ambiente de trabalho, inclusive
durante a vigência do Decreto n° 2.172/97”; (PUIL 0008621-16.2013.4.03.6303/SP, julgado
em 26/08/2021)

• Exemplos de agentes que não constam do rol atual: (i) frio, umidade, radiação não
ionizante e eletricidade (excluídos a partir de 05/03/1997, data de vigência do Decreto
2.172); (ii) agente químico formol (constava do item 1.2.11 do Quadro Anexo ao Decreto
53.831/64 – Tóxicos Orgânicos/Aldehydos e deixou de constar a partir do Decreto
2.172/1997

618
• Obs: o PLP 245/2019, aprovado no Senado Federal em maio de 2023 (pendente de
apreciação pela Câmara dos Deputados), reafirma a necessidade dos agentes nocivos
constarem de lista definida pelo Poder Executivo e cria a figura das “atividades
equiparadas” (a ser apreciada oportunamente):

619
• Agentes nocivos listados no Anexo IV do RPS:
• Químicos: arsênio, asbesto, benzeno, berílio, bromo, cádmio, carvão mineral e seus derivados,
chumbo, cloro, cromo, dissulfeto de carbono, fósforo, iodo, manganês, mercúrio, níquel, petróleo,
xisto betuminoso, gás natural e seus derivados, sílica livre, outras substâncias químicas (código
1.0.19)

• Físicos: ruído, vibrações, radiação ionizante, temperaturas anormais, pressão atmosférica


anormal

• Biológicos: microorganismos e parasitas infecto-contagiosos vivos e suas toxinas: a) trabalhos


em estabelecimentos de saúde em contato com pacientes portadores de doenças infecto-
contagiosas ou com manuseio de materiais contaminados; b) trabalhos com animais infectados
para tratamento ou para o preparo de soro, vacinas e outros produtos; c) trabalhos em
laboratórios de autópsia, de anatomia e anátomo-histologia; d) trabalho de exumação de corpos
e manipulação de resíduos de animais deteriorados; e) trabalhos em galerias, fossas e tanques
de esgoto; f) esvaziamento de biodigestores; g) coleta e industrialização do lixo.

• Associação de agentes (físicos, químicos e biológicos): mineração subterrânea

620
• Exemplos da descrição no RPS:
 1.0.8 CHUMBO E SEUS COMPOSTOS TÓXICOS: a) extração e processamento de minério de chumbo; b)
metalurgia e fabricação de ligas e compostos de chumbo; c) fabricação e reformas de acumuladores
elétricos; d) fabricação e emprego de chumbo-tetraetila e chumbo-tetrametila; e) fabricação de tintas,
esmaltes e vernizes à base de compostos de chumbo; (...). 25 anos.

 1.0.18 SÍLICA LIVRE: a) extração de minérios a céu aberto; b) beneficiamento e tratamento de produtos
minerais geradores de poeira contendo sílica livre cristalizada; (...). 25 anos.

 2.0.1 RUÍDO: exposição a Níveis de Exposição Normalizados (NEN) superiores a 85 dB(A). 25 anos.

 2.0.4 Temperaturas anormais: trabalhos com exposição ao calor acima dos limites de tolerância
estabelecidos na NR-15, da Portaria no 3.214/78. 25 anos.

 3.0.0 BIOLÓGICOS: exposição aos agentes citados unicamente nas atividades relacionadas. 3.0.1
MICROORGANISMOS E PARASITAS INFECTO-CONTAGIOSOS VIVOS E SUAS TOXINAS: a) trabalhos em
estabelecimentos de saúde em contato com pacientes portadores de doenças infectocontagiosas ou
com manuseio de materiais contaminados. 25 anos.

621
• A NR-15 (Portaria MTb nº 3.214/78: estabelece Atividades e Operações Insalubres) e a
LINACH – Lista Nacional de Agentes Cancerígenos para Humanos (Portaria Interministerial
nº 9, de 07/10/2014) atuam como normas de extensão para identificação de agentes
presumidamente nocivos:
Anexos da LINACH:
• Grupo 1 – Agentes confirmados como carcinogênicos para humanos (114 agentes:
asbestos ou amianto, benzeno, formaldeído etc)
• Grupo 2A – Agentes provavelmente carcinogênicos para humanos (65 agentes)
• Grupo 2B – Agentes possivelmente carcinogênicos para humanos (284 agentes)
• Obs: para os agentes nocivos não previstos no anexo IV do RPS (nocividade
presumida) é importante verificar, no caso concreto (agente nocivo associado à
atividade desenvolvida, situações e duração da exposição, limites de tolerância etc),
se a prova técnica indica que ele é realmente prejudicial à saúde. Muitas vezes, o
PPP não é suficiente, sendo necessário o LTCAT e até mesmo estudos ou pareceres
técnicos.

622
Anexos da NR 15:
Anexos Agentes Nocivos
1 Limites de tolerância para Ruído Contínuo ou Intermitente
2 Limites de Tolerância para Ruído de Impacto
3 Limites de Tolerância para Exposição ao Calor
4 Iluminação – revogado
5 Radiações Ionizantes
6 Trabalho sob Condições Hiperbáricas
7 Radiações não-ionizantes
8 Vibração
9 Frio
10 Umidade
11 Agentes Químicos cuja insalubridade é caracterizada por limite de tolerância e inspeção no local de
trabalho
12 Limites de tolerância para poeiras minerais
13 Agentes Químicos
13-A Benzeno
14 Agentes Biológicos
623
 Obs: os agentes da NR-15 que não constam do rol do RPS não autorizam, por si só, o
reconhecimento da nocividade/especialidade. Quanto aos qualitativos, por exemplo, a NR-
15 traz os agentes associados às respectivas atividades nas quais eles se mostram nocivos
(anexo 13 – agentes químicos, por exemplo). Fora dessas atividades eles sequer são aptos
a gerar adicional de insalubridade na esfera trabalhista, conforme item I da súmula 448 do
TST: “Não basta a constatação da insalubridade por meio de laudo pericial para que o
empregado tenha direito ao respectivo adicional, sendo necessária a classificação da
atividade insalubre na relação oficial elaborada pelo Ministério do Trabalho.”

 Tempo de exposição (o PLP 245/2019 mantém os períodos/agentes: art. 2º, §§ 3º a


8º):
• 15 (quinze) anos: trabalhos em mineração subterrânea, em frentes de produção, com
exposição à associação de agentes físicos, químicos ou biológicos (código 4.0.1)
• 20 (vinte) anos: a) trabalhos com exposição ao agente químico asbestos (amianto) (código
1.0.2); b) trabalhos em mineração subterrânea, afastados das frentes de produção, com
exposição à associação de agentes físicos, químicos ou biológicos (código 4.0.2)
• 25 (vinte e cinco) anos: para todos os demais agentes noviços (regra geral)
624
Critérios de enquadramento das atividades especiais:

• Categoria profissional: o mero exercício de função ou atividade


listadas nos decretos regulamentadores autoriza o enquadramento
(presunção de nocividade: periculosidade, insalubridade e
penosidade). Vigorou até 28/04/1995 (véspera da publicação da Lei
9.032/95)

• Exposição a agentes nocivos: deve ser comprovada pelo segurado,


na forma da legislação de regência (tempus regit actum), a exposição
a agentes físicos, químicos e biológicos (ou associação deles)
prejudiciais à saúde (ou integridade física: até a EC 103/2019)

625
24.2. Enquadramento por categoria profissional
• Normatização: arts. 269 a 275 da IN 77/2015, arts. 274 e 275 da IN 128/2022 e arts. 298 a
310 da Portaria 991/2022
• Duração e termo final de enquadramento: de 28/08/1960 (Lei 3.807/60) a 28/04/1995 (Lei
9.032/95)
• Rol de profissões/atividades: quadro anexo ao Decreto 53.831/64 (a partir do código 2.0.0:
ocupações) e Anexo II do Decreto 83.080/79. Obs: o INSS, no Anexo III da Portaria 991/2022, fez
um compilado das profissões, incluindo algumas por analogia/posição pacífica da jurisprudência
(tratorista e operador de máquinas pesadas, por exemplo), facilitando a pesquisa e reduzindo a
judicialização
• Rol taxativo ou exemplificativo:
 INSS: rol taxativo, com uma exceção para as hipóteses em que atos administrativos específicos
autorizarem o enquadramento. Ver artigo 298, §§ 1º e 2º da Portaria 991/2022 (arts. 271 e 272
da IN 77/2015)
§ 2º Serão consideradas as atividades arroladas em outros atos administrativos, decretos ou leis
previdenciárias que determinem o enquadramento por atividade para fins de caracterização de
atividades exercidas em condições especiais.

626
§ 3º Não será admitido enquadramento por categoria profissional por analogia, ou
seja, a função ou atividade profissional deve estar expressamente contida no
"Quadro das atividades passíveis de enquadramento por categoria profissional até 28
de abril de 1995", constante no Anexo III.
Obs: existem diversos pareceres ministeriais e de órgãos internos do INSS/MTE
esclarecendo profissões e situações de enquadramento (ou não), inclusive por
analogia (anexo V da CANSB – Consolidação de Atos Normativos sobre Benefício).
Nesse sentido a TNU:
PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. DIREITO PREVIDENCIÁRIO.
DEFEITO FORMAL (OMISSÃO) DO ACÓRDÃO DE ORIGEM SUPERADO PARA ENFRENTAMENTO DO
MÉRITO. ECONOMIA PROCESSUAL. REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE CUMPRIDOS. ATIVIDADE
ESPECIAL. ATIVIDADES EXERCIDAS EM TECELAGENS (INDÚSTRIAS TÊXTEIS). ENQUADRAMENTO
PROFISSIONAL. ANALOGIA CÓDIGOS 2.5.1 DO DECRETO 53.831/64 E 1.2.11 DO DECRETO
83.080/79. POSSIBILIDADE. JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DA TNU. PUIL CONHECIDO E PROVIDO.
[...]
Tese firmada: É possível o reconhecimento da especialidade da atividade exercida em indústria
têxtil em razão do Parecer MT-SSMT n. 085/78, do Ministério do Trabalho (emitido no processo n.
42/13.986.294), que estabeleceu que todos os trabalhos efetuados em tecelagens dão direito ao
enquadramento como atividade especial, devido ao alto grau de ruído inerente a tais ambientes
fabris. (PUIL nº 0004536-29.2014.4.03.6310/SP, julgado em 25/03/2021)

627
Jurisprudência: rol exemplificativo (admite analogia/similaridade de
profissões/funções), mas sem a presunção legal de nocividade para
enquadramento, devendo ser comprovado que a profissão/atividade do
segurado foi exercida em condições semelhantes de nocividade
(periculosidade, insalubridade ou penosidade) da profissão/atividade
paradigma (mesmos agentes nocivos), prevista nos decretos
regulamentadores

Nesse sentido o STJ e a TNU:

628
PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. RECONHECIMENTO DE TEMPO ESPECIAL. (I) O ROL DE
ATIVIDADES ESPECIAIS DISPOSTO NA LEGISLAÇÃO É EXEMPLIFICATIVO. ORIENTAÇÃO FIRMADA EM SEDE
RECURSO ESPECIAL REPETITIVO 1.306.113/SC. REL. MIN. HERMAN BENJAMIN. DJE 7.3.2013. (II)
ATIVIDADE: TRATORISTA. POSSIBILIDADE DE ENQUADRAMENTO POR ANALOGIA. SÚMULA 70 DA TNU.
ORIENTAÇÃO PACIFICADA PELA SEGUNDA TURMA DESTA CORTE. RECURSO ESPECIAL DO INSS A QUE SE
NEGA PROVIMENTO.
1. Esta Corte pacificou a orientação de que as normas regulamentadoras que estabelecem os casos de
agentes e atividades nocivos à saúde do trabalhador são exemplificativas, podendo ser reconhecida a
especialidade do tempo de serviço exercido em outras atividades não especificadas no referido rol,
desde que a nocividade da atividade esteja devidamente demonstrada no caso concreto.
2. Admite-se, assim, possível o enquadramento por categoria profissional o exercício de atividade não
elencada nos decretos regulamentadores, por analogia a outra atividade, desde que comprovado o seu
exercício nas mesmas condições de insalubridade, periculosidade ou penosidade.
3. No caso dos autos, a Corte de origem, soberana na análise fático-probatória dos autos, consignou
que as provas carreadas aos autos comprovam que atividade de tratorista foi exercida em condições
nocivas, o que garante o reconhecimento da atividade especial.
4. Recurso Especial do INSS a que se nega provimento. (REsp n. 1.460.188/PR, relator Ministro
Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, julgado em 26/6/2018, DJe de 8/8/2018.)

629
PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE ESPECIAL. ENGENHEIRO AGRÔNOMO. ROL DE ATIVIDADES E
AGENTES NOCIVOS. CARÁTER EXEMPLIFICATIVO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE
CONTRIBUIÇÃO. ATIVIDADE ESPECIAL. ARTS. 57 E 58 DA LEI 8.213/1991. IMPOSSIBILIDADE DE
REVOLVIMENTO DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO DOS AUTOS. SÚMULA 7/STJ.
1. (...)
3. A jurisprudência do STJ orienta-se no sentido de que o rol de atividades consideradas prejudiciais à saúde
ou à integridade física descritas pelos Decretos 53.831/1964, 83.080/1979 e 2.172/1997 é meramente
exemplificativo, e não taxativo, sendo admissível, portanto, que atividades não elencadas no referido rol
sejam reconhecidas como especiais, desde que tal situação seja devidamente demonstrada no caso
concreto. A Propósito: REsp 1.306.113/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, Primeira Seção, julgado em 14/11/2012, DJe
7/3/2013.
4. In casu, o Tribunal a quo, com base nos elementos fáticos coligidos aos autos, concluiu pela
especialidade da atividade de Engenheiro Agrônomo em analogia para com a atividade de
"Engenheiros de Construção Civil, de minas, de metalurgia, eletricistas" (fls. 347-348, e-STJ).
5. Assim, o exame das questões trazidas no Recurso Especial demandaria o revolvimento do conjunto
fático-probatório dos autos, (...)
6. Ademais, a jurisprudência do STJ reconhece o direito ao cômputo do tempo de serviço especial exercido antes da Lei
9.032/95, com base na presunção legal de exposição aos agentes nocivos à saúde pelo mero enquadramento das
categorias profissionais previstas nos Decretos 53.831/64 e 83.080/79. Precedentes do STJ.
7. Recurso Especial não provido. (REsp n. 1.534.801/RS, relator Ministro Herman Benjamin, Segunda
Turma, julgado em 23/6/2015, DJe de 5/8/2015.)

630
PREVIDENCIÁRIO. EXERCÍCIO DE ATIVIDADE LABORAL ANTERIOR À VIGÊNCIA DA LEI N. 9.032/95.
IMPOSSIBILIDADE DE RECONHECIMENTO DO DIREITO À CONTAGEM DIFERENCIADA NA HIPÓTESE.
QUESTÃO DECIDIDA NA ORIGEM COM BASE EM FATOS E PROVAS. SÚMULA 7/STJ. INCIDÊNCIA.
1. Até o advento da Lei n. 9.032/95, revelava-se possível o reconhecimento de trabalho em condições
especiais por enquadramento, na medida em que os anexos dos Decretos n. 53.831/64 e n. 83.080/79
listavam as categorias profissionais que estavam sujeitas a agentes físicos, químicos e biológicos
considerados prejudiciais à saúde ou à integridade física do segurado.
2. A jurisprudência desta Corte, na linha do disposto na Súmula 198 do extinto Tribunal Federal de
Recursos, consolidou o entendimento de que o rol constante desses decretos é meramente
exemplificativo; assim, é possível que outras atividades não relacionadas sejam reconhecidas como
insalubres, perigosas ou penosas, desde que devidamente comprovadas nos autos.
3. Na espécie, uma vez que o Tribunal de origem concluiu que não houve a devida comprovação de
exposição a condições nocivas à saúde do segurado no exercício de seu labor, não há como reconhecer
a contagem especial do tempo de serviço, na medida em que sua atividade não consta dos Decretos n.
53.831/64 e n. 83.080/79.
4. Nesse contexto, a alteração das conclusões adotadas pela Corte de origem, tal como colocada a
questão nas razões recursais, demandaria, necessariamente, novo exame do acervo fático-probatório
constante dos autos, providência vedada em recurso especial, conforme o óbice previsto na Súmula
7/STJ.
5. Agravo interno a que se nega provimento. (AgInt no AREsp n. 1.592.440/SP, relator Ministro Sérgio
Kukina, Primeira Turma, julgado em 24/8/2020, DJe de 31/8/2020.)
631
. Súmula 198 do extinto TFR: “Atendidos os demais requisitos, é devida a aposentadoria especial
se perícia judicial constata que a atividade exercida pelo segurado é perigosa, insalubre ou penosa,
mesmo não inscrita em Regulamento”

. Tema 198 da TNU: No período anterior a 29/04/1995, é possível fazer-se a qualificação


do tempo de serviço como especial a partir do emprego da analogia, em relação às
ocupações previstas no Decreto n.º 53.831/64 e no Decreto n.º 83.080/79. Nesse caso,
necessário que o órgão julgador justifique a semelhança entre a atividade do segurado e a
atividade paradigma, prevista nos aludidos decretos, de modo a concluir que são
exercidas nas mesmas condições de insalubridade, periculosidade ou penosidade. A
necessidade de prova pericial, ou não, de que a atividade do segurado é exercida em
condições tais que admitam a equiparação deve ser decidida no caso concreto.
. Súmula 70 da TNU: A atividade de tratorista pode ser equiparada à de motorista de caminhão
para fins de reconhecimento de atividade especial mediante enquadramento por categoria
profissional. Obs: conforme item 2.4.2 do Quadro Anexo III da Portaria Dirben/INSS 991 de 2022, o
INSS incluiu o tratorista e o operador de máquina pesada como profissões passíveis de
enquadramento

632
. Tema 56 da TNU: O tempo de serviço laborado pelo segurado na condição de
engenheiro mecânico até a edição da Lei n. 9.032/95 deve ser enquadrado como
especial, conforme descrito no código 2.1.1 do Anexo II do Decreto n. 83.080/79.
. Tema 238 da TNU: Para fins de reconhecimento do tempo especial de serviço dos
trabalhadores de serviços gerais em limpeza e higienização de ambientes hospitalares
é exigível a prova de exposição aos agentes biológicos previstos sob o código 1.3.2 do
quadro anexo ao Decreto nº 53.831/64, que deve ser realizada por meio dos
correspondentes laudos técnicos e/ou formulários previdenciários, não se admitindo o
reconhecimento por simples enquadramento de categoria profissional.
. Tema 268 da TNU: A ocupação de técnico agrícola não é equiparável à do
"trabalhador na agropecuária", prevista no item 2.2.1 do Decreto 53.831/64, para fins
de enquadramento por mera presunção de categoria profissional.
. Tema 157 da TNU: Não há presunção legal de periculosidade da atividade do
frentista, sendo devida a conversão de tempo especial em comum, para concessão de
aposentadoria por tempo de contribuição, desde que comprovado o exercício da
atividade e o contato com os agentes nocivos por formulário ou laudo, tendo em vista
se tratar de atividade não enquadrada no rol dos Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79.
633
. Súmula 26 da TNU: A atividade de vigilante enquadra-se como especial, equiparando-se à de guarda,
elencada no item 2.5.7. do Anexo III do Decreto n. 53.831/64.
. PUIL 5001447-82.2012.4.04.7205 da TNU: O reconhecimento da caráter especial das atividades
desenvolvidas como eletricista depende da efetiva comprovação da exposição do segurado a
agentes nocivos (serviços expostos a tensão superior a 250 volts), não se dando pelo mero
enquadramento por categoria profissional, mesmo no período anterior ao advento da Lei 9.032/95
(julgado em 30/03/2017).
• Obs: eletricista não é categoria profissional. O enquadramento é por exposição a agente nocivo
(tensão elétrica superior a 250 volts), conforme código 1.1.8 do Decreto 53.831/64.
. PUIL 0500016-18.2017.4.05.8311 da TNU: A periculosidade do trabalho de pedreiro está restrita às
atividades desempenhadas nos locais indicados no código 2.3.3 do Decreto nº 53.831/64 (julgado em
12/09/2018).
• Obs: edifícios, barragens, pontes e torres (classificação: perigoso). Tese reafirmada no PUIL
0500960-30.2020.4.05.8500/SE, julgado em 18/08/2022
• Súmula 71 da TNU: O mero contato do pedreiro com o cimento não caracteriza condição
especial de trabalho para fins previdenciários

634
. Tema 156 da TNU: A expressão "trabalhadores na agropecuária", contida no item 2.2.1 do anexo do
Decreto n. 53.831/64, se refere aos trabalhadores rurais que exercem atividades agrícolas como
empregados em empresas agroindustriais e agrocomerciais, fazendo jus os empregados de tais empresas ao
cômputo de suas atividades como tempo de serviço especial.

• Obs: tese cancelada no julgamento do PEDILEF 5005553-38.2017.4.04.7003/PR (sessão de


julgamento - 18/9/2020). Vide PUIL 452/STJ - entendimento firmado: não deve ser equiparada
a categoria profissional de agropecuária à atividade exercida pelo empregado rural na lavoura da
cana-de-açúcar.
• Tese adaptada pela TNU: A atividade rural do empregado rural de usina açucareira não pode ser
equiparado a trabalhador da atividade agropecuária, para os fins do item 2.2.1 do Decreto
53.831/1964. (PUIL 0503675-35.2017.4.05.8311, julgado em 27/05/2021).
• Item 2.2.1: trabalhadores na agropecuária. segundo o STJ, exige-se trabalho conjunto em
atividades agrícolas e pecuárias
• Empresas agroindustriais e agrocomerciais: o trabalhador rural segurado especial ou
empregado de produtor rural pessoa física/jurídica (fazenda), que não se enquadre como
empresa agroindustrial ou agrocomercial, não faz jus ao enquadramento até 24/07/1991, em
razão da ausência de contribuições (filiação ao PRORURAL/FUNRURAL e não à previdência
social [ver art. 3º, II, da Lei 3.807/60)
635
• Enunciado 15 do CRPS (Obs: superado pelo STJ no ponto específico que aceita, somente, a
atividade na agricultura):
Para os efeitos de reconhecimento de tempo especial, o enquadramento do tempo de atividade do trabalhador
rural, segurado empregado, sob o código 2.2.1 do Quadro anexo ao Decreto nº 53.831/64, é possível quando o
regime de vinculação for o da Previdência Social Urbana, e não o da Previdência Rural (PRORURAL), para os
períodos anteriores à unificação de ambos os regimes pela Lei nº 8.213/91, e aplica-se ao tempo de atividade
rural exercido até 28/04/95, independentemente de ter sido prestado exclusivamente na lavoura ou na pecuária.
I - Até a edição da Lei nº 8.213, de 24/07/91, é possível o enquadramento como especial do labor prestado na
agricultura (cód 2.2.1 do Decreto nº 53.831/64) desde que o trabalhador estivesse vinculado ao setor rural da
agroindústria e a respectiva empresa necessariamente inscrita no extinto Instituto de Aposentadoria e Pensões
dos Industriários - IAPI.
II - Após a Lei nº 8.213/91 e até a Lei 9.032/95, admite-se o reconhecimento como especial o trabalho exercido pelo
empregado rural na agropecuária, agricultura ou pecuária.

• Obs: entre 25/07/1991 a 28/04/1995, os empregados rurais (independentemente do


empregador) podem ser enquadrados no item 2.2.1 do Decreto 53.831/64 (ver arts. 308 e
309 da Portaria 991/2022), desde que exerçam as suas atividades, conjuntamente, na
agricultura e na pecuária

636
. PUIL 0038498-83.2017.4.01.3500/GO da TNU: A atividade de técnico/auxiliar de laboratório,
exercida até 28/04/1995, não está expressamente prevista nos Decretos 53.831/64 e 83.080/79,
não se admitindo o enquadramento por categoria profissional, sendo possível o reconhecimento
da condição especial de trabalho mediante efetiva comprovação de exposição a agentes nocivos à
saúde, consoante tese firmada no Tema 534 do STJ. (julgado em 27/05/2021)

. PUIL 0027691-56.2016.4.01.3300/BA da TNU: A atividade de pedreiro não é equiparável à


de engenheiro, para fins de reconhecimento de especialidade do labor, pela mera
anotação em CTPS, nos termos do códigos 2.1.13 e 2.3.34 do Decreto nº 53831/64,
mesmo para o período anterior a 28/04/1995. (julgado em 28/06/2021)

. PUIL 0525223-36.2018.4.05.8100/CE da TNU: As profissões de torneiro mecânico e de ajudante de


torneiro mecânico somente autorizam o enquadramento por categoria profissional se
atendidos os requisitos do tema 198 da TNU, sendo que para a segunda ainda deve ser
demonstrado que era exercida nas mesmas condições e ambiente da primeira. (julgado em
21/06/2021)

637
• Formas de comprovação:
1. Não será exigido o requisito permanência (IN 128/2022, art. 268, II)
2. INSS:

a) CTPS (ficha ou livro de registro de empregado) com dispensa de formulário (DSS-8030,


SB-40, por exemplo), quando a profissão/função anotada for idêntica às constantes dos
decretos, devendo ser observadas contemporaneidade, fidedignidade, rasuras,
adulterações, compatibilidade com as atividades da empresa e as anotações profissionais
e as alterações de cargo em todo o período a ser enquadrado (art. 274, §1º, da IN 128 e
arts. 299 e 300 da Portaria 991);

b) se as anotações não foram suficientes (requisitos acima) ou se tratar de hipótese de


auxiliar/ajudante de alguma das profissões/funções dos decretos, a CTPS deve estar
acompanhada de formulários, para esclarecer/complementar a profissão e/ou comprovar
as condições semelhantes de nocividade e mesmo ambiente de trabalho (ver tema 198
da TNU). Obs: o auxiliar e o técnico de enfermagem são equiparados ao enfermeiro,
ficando dispensados de comprovar a similitude (art. 303, §1º, I, da Portaria 991/2022). O
atendente e o ajudante de enfermagem não (inciso II).

638
c) em caso de empresa extinta a ausência de formulário (quando necessário) pode
ser suprida por justificação administrativa – JA (art. 299, §§3º a 5º, da Portaria
991)

d) Contribuinte individual: apresentação de documentação que comprove, ano a


ano, a habitualidade no exercício da profissão/função

3. CRPS: Enunciado 14:


“A atividade especial efetivamente desempenhada pelo segurado, permite o enquadramento por
categoria profissional até 28/04/1995 nos anexos dos Decretos nº 53.831/64 e 83.080/79, ainda que
divergente do registro em Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), Ficha ou Livro de Registro
de Empregados, desde que comprovado o exercício nas mesmas condições de insalubridade,
periculosidade ou penosidade.
I - É dispensável a apresentação de PPP ou outro formulário para enquadramento de atividade
especial por categoria profissional, desde que a profissão ou atividade comprovadamente exercida
pelo segurado conste nos anexos dos Decretos nº 53.831/64 e 83.080/79.

639
4. Judicial:
a) Em regra, aceita somente a CTPS, com dispensa de formulário ou prova
complementar
b) Admite prova documental e/ou testemunhal para esclarecer e confirmar a profissão.
Ex.: motorista, para identificar ou esclarecer qual o veículo dirigia
c) Enquadra por analogia, conforme visto retro
Tese fixada pela TNU no PUIL 0009650-19.2018.4.02.5054/ES: “A apresentação de CTPS
descrevendo o exercício da atividade de motorista, sem especificar o tipo de veículo
utilizado na jornada de trabalho, é insuficiente para o enquadramento da atividade nos
códigos 2.4.4 e 2.4.2 dos anexos aos Decretos 53.831/64 e 83.080/79, não se podendo
presumir que o segurado era motorista de caminhão ou de ônibus tão somente com base
no ramo da atividade da empresa" (Sessão virtual de 06/06/2023 a 14/06/2023)
 Algumas das profissões constantes dos decretos (anexo III Portaria 991/2022):
engenheiros (construção civil, metalurgia, minas, eletricistas e químicos), médicos,
dentistas, enfermeiros, técnico em raio X, trabalhadores florestais, motoristas/cobradores
de ônibus, motoristas/ajudantes de caminhão de carga em transporte urbano, pintores de
pistola, impressores, guardas, bombeiros, soldadores (indústrias metalúrgicas, mecânicas
ou solda elétrica e oxiacetileno), caldeireiros, forneiros, trabalhadores na agropecuária,
aeronautas, pescadores etc
640
Obs: a previsão do §10 do art. 198 da CF/88, incluído pela EC 120/2022,
garante aos agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias
aposentadoria especial pelo mero exercício da atividade (categoria profissional),
independentemente de comprovação de exposição a agentes nocivos?
• § 10. Os agentes comunitários de saúde e os agentes de combate às
endemias terão também, em razão dos riscos inerentes às funções
desempenhadas, aposentadoria especial e, somado aos seus vencimentos,
adicional de insalubridade. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 120, de 2022)
• Em regra, são vinculados ao RGPS. Ver artigo 8º da Lei 11.350/2006: “Art. 8º Os
Agentes Comunitários de Saúde e os Agentes de Combate às Endemias admitidos pelos
gestores locais do SUS e pela Fundação Nacional de Saúde - FUNASA, na forma do
disposto no §4º do art. 198 da Constituição, submetem-se ao regime jurídico
estabelecido pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, salvo se, no caso dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, lei local dispuser de forma diversa”.

641
• Possíveis riscos e contradições da interpretação de tratar-se de
“categoria profissional”. As possibilidades interpretativas.

• Ao que parece, salvo edição de lei complementar para compatibilizar o


texto da EC 120/2022 com os arts. 40, §4º e 201, §1º, II, da CF/88, será
necessária a comprovação da exposição a agentes nocivos/risco,
seguindo as mesmas regras dos demais agentes nocivos/risco, não se
tratando de mero enquadramento por categoria profissional. Obs:
ainda não existe sequer regulamentação na via administrativa
• Obs: o PLP 245/2019 não trata do tema

642
24.3. Enquadramento por exposição a agentes nocivos:
1) Duração e termo final de enquadramento: de 28/08/1960 (Lei 3.807/60) em diante, sem
termo final
2) Rol de agentes nocivos (INSS):
• Quadro anexo ao Decreto 53.831/64 (código 1.0.0) e Anexo I do Decreto 83.080/79 (até
05/03/1997)
• Anexo IV do Decreto nº 2.172/97 (entre 06/03/1997 a 06/05/1999)
• Anexo IV do Decreto nº 3.048/99 (a partir de 07/05/1999)
• INSS: rol taxativo (art. 287, §3º, da IN 128/2022)

• Jurisprudência: rol exemplificativo (pacífica: ver temas 534 e 1.031 do STJ),


ou seja, outros agentes não listados nos decretos podem ser considerados,
desde que reste comprovado, no caso concreto, por prova técnica, que são
prejudiciais (nocivos) à saúde (ou integridade física até 13/11/2019).

643
• Tema 534 do STJ: As normas regulamentadoras que estabelecem os casos de agentes e atividades
nocivos à saúde do trabalhador são exemplificativas, podendo ser tido como distinto o labor que a
técnica médica e a legislação correlata considerarem como prejudiciais ao obreiro, desde que o
trabalho seja permanente, não ocasional, nem intermitente, em condições especiais (art. 57, § 3º, da
Lei 8.213/1991).
• Tema 1.031 do STJ: É possível o reconhecimento da especialidade da atividade de Vigilante, mesmo
após EC 103/2019, com ou sem o uso de arma de fogo, em data posterior à Lei 9.032/1995 e ao
Decreto 2.172/1997, desde que haja a comprovação da efetiva nocividade da atividade, por
qualquer meio de prova até 5.3.1997, momento em que se passa a exigir apresentação de laudo
técnico ou elemento material equivalente, para comprovar a permanente, não ocasional nem
intermitente, exposição à atividade nociva, que coloque em risco a integridade física do Segurado.
(Obs: tese com aplicação suspensa pelo STF, em razão da repercussão geral reconhecida no tema
1209)
• Agentes fora do rol dos decretos: (i) em regra, não têm presunção de nocividade;
(ii) deve ser produzida prova idônea (LTCAT ou documento equivalente, estudos e
pareceres técnicos etc) de que o agente, no caso concreto (agente nocivo
associado à atividade desenvolvida, situações e duração da exposição etc), é
prejudicial à saúde; (iii) o PPP nem sempre é suficiente, porque reservado somente
para agentes arrolados nos decretos, com presunção de nocividade (ver art. 276, V,
da IN 128/2022). Obs: ver normas de extensão: LINACH e NR-15
644
3. Comprovação do tempo especial (nocividade): ônus da prova é do segurado, embora o
formulário tenha que ser expedido pela empresa (art. 57, §§3º e 4º, da Lei 8.213/91):
§ 3º A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado,
perante o Instituto Nacional do Seguro Social–INSS, do tempo de trabalho permanente, não
ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade
física, durante o período mínimo fixado.
§ 4º O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos
químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física,
pelo período equivalente ao exigido para a concessão do benefício.
§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante
formulário, na forma estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido
pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do
trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho nos
termos da legislação trabalhista.

• Obs: a importância de verificar, previamente, antes da propositura da ação judicial, o conteúdo


e a correção dos documentos (CTPS, CNIS, formulários, PPP e LTCAT), sob pena de preclusão
645
4) Comprovação do tempo especial (nocividade): documentos e tempus regit actum
• 4.1. O INSS segue as seguintes regras (anexo XVI da IN 128/2022):

646
• Formulários: para comprovação da exposição aos agentes nocivos
 sempre foram exigidos pelo INSS para qualquer período

emitidos pela empresa/empregador

os antigos formulários em suas diversas denominações (ver tabela


documento/norma/vigência) são aceitos desde que emitidos até 31/12/2003,
independentemente da data de regência de cada um, desde que já previstos na
legislação na data de sua emissão (arts. 272, 273 e 274 da IN 128/2022 e art. 291 da
Portaria 991/2022)

para o agente nocivo RUÍDO os antigos formulários devem estar obrigatoriamente


acompanhados de Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho - LTCAT,
independentemente do período

para os demais agentes nocivos (inclusive o frio e o calor) os antigos formulários


devem estar obrigatoriamente acompanhados de LTCAT somente a partir de
14/10/1996 (publicação da MP 1.523, convertida na Lei 9.528/98). Obs: CRPS:
enunciado 11, item III
647
A partir de 01/01/2004, o único formulário admitido é o PPP – Perfil Profissiográfico
Previdenciário (emitido com base em LTCAT), podendo ser utilizado para comprovar
períodos anteriores, desde que emitido a partir de 01/01/2004 (art. 291, §1º, da
Portaria 991/2022)

A partir de 01/01/2023, deverá ser utilizado o PPPE – Perfil Profissiográfico


Previdenciário Eletrônico (Portaria MTP nº 313/2021 e Portaria MTP nº 334/2022)

648
4.2. A jurisprudência dominante (STJ e TNU) segue as seguintes regras:
• Período até 27/04/1995 (véspera da vigência da Lei 9.032/95): comprovação da exposição
aos agentes nocivos por qualquer meio de prova (dispensados os formulários), salvo a
exigência de LTCAT para o agente nocivo ruído. Obs: existe jurisprudência, divorciada de
previsão legal e da própria posição do INSS, que exige LTCAT para frio e calor em qualquer
período. Parece errado confundir a exigência de quantificação/identificação de limites
mínimo ou máximo de temperatura e/ou da atividade desenvolvida com a exigência de
LTCAT.
• Período de 28/04/1995 até 05/03/1997 (véspera da vigência do Decreto 2.172/1997, que
regulamentou a MP 1.523/96, convertida na Lei 9.528/97): comprovação da efetiva
exposição aos agentes nocivos por meio de formulários, salvo a exigência de LTCAT para o
agente nocivo ruído
• Período de 06/03/1997 a 31/12/2003: comprovação da efetiva exposição aos agentes
nocivos por meio de formulários, com apresentação obrigatória de LTCAT para todos os
agentes nocivos (Obs: ver tema 1.031 do STJ)
• Período de 01/01/2004 em diante: comprovação da exposição aos agentes nocivos por
meio de PPP (emitido com base em LTCAT)

649
5. Nocividade e critérios de enquadramento dos agentes nocivos:
5.1. Nocividade: situação de efetiva exposição permanente, não ocasional nem intermitente,
no ambiente de trabalho, a agentes físicos, químicos, biológicos ou associação desses
agentes, capaz de ocasionar danos a saúde ou a integridade física (até 13/11/2019) do
trabalhador, caracterizada de forma quantitativa (regra) ou qualitativa e não eliminada ou
neutralizada por medidas de controle e proteção coletivas ou individuais
5.2. Eis o teor da Lei 8.213/91:
Art. 58. [...]
§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante
formulário, na forma estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa
ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico
do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho nos termos da legislação
trabalhista. (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 11.12.98)
§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de
tecnologia de proteção coletiva ou individual que diminua a intensidade do agente agressivo a limites
de tolerância e recomendação sobre a sua adoção pelo estabelecimento respectivo. (Redação dada
pela Lei nº 9.732, de 11.12.98)

650
5.3. Eis o teor do RPS:
Art. 64. [...]
§ 1º A efetiva exposição a agente prejudicial à saúde configura-se quando, mesmo após a adoção das
medidas de controle previstas na legislação trabalhista, a nocividade não seja eliminada ou
neutralizada. (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020).
§ 1º-A Para fins do disposto no § 1º, considera-se: (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)

I - eliminação - a adoção de medidas de controle que efetivamente impossibilitem a exposição ao


agente prejudicial à saúde no ambiente de trabalho; e (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)

II - neutralização - a adoção de medidas de controle que reduzam a intensidade, a concentração ou a


dose do agente prejudicial à saúde ao limite de tolerância previsto neste Regulamento ou, na sua
ausência, na legislação trabalhista. (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)

§ 2º Para fins do disposto no caput, a exposição aos agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à
saúde, ou a associação desses agentes, deverá superar os limites de tolerância estabelecidos segundo
critérios quantitativos ou estar caracterizada de acordo com os critérios da avaliação qualitativa de que
trata o § 2º do art. 68. (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)

651
Art. 68. [...]
§ 2º A avaliação qualitativa de riscos e agentes prejudiciais à saúde será comprovada
pela descrição: (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020)

I - das circunstâncias de exposição ocupacional a determinado agente ou associação de


agentes prejudiciais à saúde presentes no ambiente de trabalho durante toda a jornada
de trabalho; (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020)

II - de todas as fontes e possibilidades de liberação dos agentes mencionados no inciso I;


e (Incluído pelo Decreto nº 8.123, de 2013)

III - dos meios de contato ou exposição dos trabalhadores, as vias de absorção, a


intensidade da exposição, a frequência e a duração do contato. (Incluído pelo Decreto nº 8.123,
de 2013)

Item 1.0.0 do Quadro Anexo IV: Agentes Químicos: O que determina o direito ao
benefício é a exposição do trabalhador ao agente nocivo presente no ambiente de
trabalho e no processo produtivo, em nível de concentração superior aos limites de
tolerância estabelecidos. (Redação dada pelo Decreto, nº 3.265, de 1999)

652
O PLP 245/2019, aprovado no Senado Federal, incorpora as previsões
regulamentares:

Art. 2º [...]

653
5.4. Limite de tolerância: é a concentração (químicos) ou intensidade/dose (físicos) máxima ou
mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará dano à
saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral (conceito da NR 15). Obs: atenção para alguns
agentes químicos do anexo 11 da NR-15 que além de limites de tolerância possuem “Valor Teto –
VR” (não é considerado para fins de aposentadoria especial).
5.5. Avaliação/agentes quantitativos: a nocividade é considerada pela ultrapassagem dos
limites de tolerância previstos no RPS, NR-15 ou outra norma trabalhista/previdenciária (art. 288,
II, da IN 128/2022).
• Agentes com avaliação quantitativa: anexos 1 (ruído contínuo ou intermitente), 2 (ruído de
impacto), 3 (calor), 8 (vibração), 11 (agentes químicos quantitativos: gases e vapores) e 12
(poeiras minerais) da NR-15; eletricidade (250 volts: Decreto 53.831/64, código 1.1.8).
• Obs: o INSS (ver Manual de Aposentadoria Especial) entende que a avaliação do agente
radiação ionizante (Anexo 5 da NR-15 e NHO-05 da Fundacentro) é quantitativa desde
06/03/1997 (limites de tolerância da Norma CNEN NN-3.01: “Diretrizes Básicas de Proteção
Radiológica”, aprovada pelas Resoluções 12/1988 e 164/2014). Somente para as radiações
ionizantes reconhecidamente cancerígenas (na forma da LINACH / Portaria Interministerial
nº 9/2014) a avaliação é qualitativa a partir de 08/10/2014. No entanto, existe
jurisprudência da TNU em sentido contrário, afirmando ser sempre qualitativa, inclusive o
raio X:
654
TNU: Pedido de Uniformização Nacional. Previdenciário. Tempo de serviço especial.
Atividade de operador/técnico em radiologia em ambiente hospitalar, com manejo
de aparelhos de raio-x e exposição à radiação ionizante, exercida em períodos
posteriores ao ano de 1995. Turma de origem considerou suficiente a mera
presença desse agente no ambiente de trabalho. Apesar de a LINACH ter sido criada com
a Portaria Interministerial 9, de 07/10/2014, é assente nesta TNU que, por serem
os agentes cancerígenos extremamente nocivos à saúde, não se exige medição
quantitativa para fins de contagem diferenciada de tempo de serviço,
independentemente do período em que foi prestado. O número de registro no
CAS (Chemical Abstracts Service) não é requisito indispensável para incidência do art.
68, 4º do Decreto 3.048/99 (na redação então conferida pelo decreto 8.123/2013), uma
vez que o próprio ato normativo não faz essa distinção. Ademais, o Decreto 3.048/99, no
código 2.0.3 do seu anexo IV, classifica a radiação ionizante como agente nocivo, quando
presente em algumas atividades, sem impor limites de tolerância. Tema 170 da TNU e
outros precedentes. Questão de ordem 13 da TNU. Recurso do INSS não admitido. (PUIL
0500215-20.2019.4.05.8101, julgado em 12/11/2021)

655
5.6. Termo inicial para avaliação quantitativa: a partir de 03/12/1998, com o advento da MP
1.729, convertida na Lei nº 9.732/98, que determinou a observância da legislação trabalhista
(em especial da NR-15 e seus limites de tolerância) para confecção do LTCAT. Obs: o ruído (o
calor e o frio em determinadas situações) sempre teve limites de tolerância. Obs: parte da
doutrina defende que o termo inicial é 30/11/1999, data de vigência do Decreto 3.265/99,
que alterou o RPS (item 1.0.0 do Anexo IV), regulamentando a alteração feita pela Lei
9.732/98. Obs: o INSS aplica a partir de 06/03/1997 (vigência do Decreto 2.172/197. Ver
inciso II do art. 297 da IN 128/22)
• A TNU adotou a data de 03/12/1998:
Tese firmada: “Para o reconhecimento do tempo de atividade especial prestada com exposição
ao tolueno e à acetona, há necessidade de observância do limite de tolerância previsto no
Anexo 11 da NR-15 a partir de 03/12/1998 (PUIL 5024605-25.2019.4.04.7108/RS, julgado na
sessão virtual de 11/03/2022 a 17/03/2022)
EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO. RECONHECIMENTO DE TEMPO ESPECIAL.
EXPOSIÇÃO À AMÔNIA. AGENTE PREVISTO NO ANEXO 11 DA NR-15. NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO
DE ANÁLISE QUANTITATIVA A PARTIR DE 03/12/1998. INCIDENTE PROVIDO" (PUIL n. 0026578-
04.2015.4.01.3300/BA, rel. Juiz Federal Francisco Glauber Pessoa Alves, data de julgamento
16.11.2021),
656
5.7. Avaliação/agentes qualitativos: a nocividade é considerada independentemente da
quantia mensurada (concentração, intensidade ou dose), constatada pela presença do
agente nocivo no ambiente de trabalho com efetiva exposição, aferida a partir das
circunstâncias, fontes e possibilidades de liberação dos agentes, meios de contato, vias de
absorção, intensidade, frequência e duração do contato, conforme art. 68, §2º, do RPS.
Obs: a simples presença do agente no ambiente de trabalho, sem efetiva exposição ou
potencial nocivo, não autoriza o enquadramento.
• Na Nota Técnica nº 2/2022/EARJ (processo nº 00804.00002/2022-67), emitida como amicus
curiae nos autos do processo referente ao tema 298 da TNU, a FUNDACENTRO frisou:
2.7.5. Ressaltando que a exposição ocupacional é caracterizada pelo contato entre o
agente químico e o organismo do trabalhador, por via respiratória (inalação) ou
dérmica (contato e/ou absorção), em decorrência de suas atividades laborais. Sendo
assim, a avaliação da exposição ocupacional deverá levar em consideração o contato do
trabalhador com o agente químico durante sua atividade laboral. É necessário
caracterizar se realmente ocorre a exposição ocupacional e não a mera presença do
agente no ambiente de trabalho.

657
2.7.6. Na avaliação da exposição ocupacional aos agentes químicos para fins concessão de
tempo especial de serviço há a necessidade da comprovação de exposição aos agentes
nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes. Assim, desde publicação da
Lei nº 9.032, de 28 de abril de 1995, a legislação previdenciária não prevê enquadramento
por atividade profissional, portanto o reconhecimento da exposição ocupacional ao agente
carcinogênico deverá ser realizado avaliando-se caso a caso.
2.7.7. Em relação a caracterização da exposição ocupacional, quando for necessário
utilizar a abordagem qualitativa, prevista no Decreto no 3.048, de 6 de maio de 1999, no §
2º do Art. 68, a exposição será comprovada pela descrição de: [...]
2.7.8. Portanto, conforme previsto na legislação previdenciária não há como considerar a
avaliação qualitativa como a simples presença da substância no ambiente de trabalho.

• Agentes com avaliação qualitativa: (i) anexos 6 (pressão atmosférica/condições


hiperbáricas), 7 (radiação não ionizante), 9 (frio), 10 (umidade), 12 (poeiras
minerais asbesto e sílica: cancerígenas), 13 (agentes químicos qualitativos), 13-
A (Benzeno) e 14 (agentes biológicos) da NR 15; (ii) agentes comprovadamente
cancerígenos
658
5.8. Agentes cancerígenos:
• para o INSS, na forma do art. 68, §4º, do RPS, da Portaria Interministerial
MTE/MS/MPS nº 9, de 08/10/2014 e da Nota Técnica nº
00001/2015/GAB/PRFE/INSS/SÃO/PGF/AGU, são enquadrados pelo critério
qualitativo a partir de 08/10/2014, desde que:
(i) constem do anexo IV do RPS (Obs: existem agentes no grupo 1 da LINACH que
não constam do RPS);
(ii) constem no grupo 1 da LINACH (agentes confirmados como carcinogênicos);
(iii) tenham registro no CAS (Chemical Abstract Service);
Exs.: asbestos, benzeno, arsênio, cádmio, fósforo 32, sílica livre, algumas espécies de
radiação ionizante (Rádio 224, 226 e 228) etc
• Obs: até 30/06/2020, véspera da vigência do Decreto 10.410/2020, o
enquadramento se dava independentemente da presença de EPC ou EPI eficazes
(posição do INSS)

659
• Art. 68, §4º, do RPS:
§ 4o A presença no ambiente de trabalho, com possibilidade de exposição a ser apurada na
forma dos §§ 2o e 3o, de agentes nocivos reconhecidamente cancerígenos em humanos,
listados pelo Ministério do Trabalho e Emprego, será suficiente para a comprovação de efetiva
exposição do trabalhador. (Redação dada pelo Decreto nº 8.123, de 2013)
§ 4º Os agentes reconhecidamente cancerígenos para humanos, listados pela Secretaria
Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, serão avaliados em
conformidade com o disposto nos § 2º e § 3º deste artigo e no caput do art. 64 e, caso sejam
adotadas as medidas de controle previstas na legislação trabalhista que eliminem a
nocividade, será descaracterizada a efetiva exposição. (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de
2020)

• Tese firmada no tema 170 da TNU: possibilidade de aplicação retroativa do


enquadramento pelo critério qualitativo dos agentes cancerígenos
"A redação do art. 68, § 4º, do Decreto 3.048/99 dada pelo Decreto 8.123/2013 pode
ser aplicada na avaliação de tempo especial de períodos a ele anteriores, incluindo-se,
para qualquer período: (1) desnecessidade de avaliação quantitativa; e (2) ausência
de descaracterização pela existência de EPI". Obs: julgamento anterior ao Decreto
10.410/2020 que previu a possibilidade de eliminação da nocividade pelo EPI.
660
• Obs: a TNU vem dispensando o registro no CAS (ver, também, julgado anterior da
radiação ionizante):

Trata-se de pedido de uniformização nacional destinado a reformar acórdão, no qual


examinado direito ao reconhecimento da especialidade de períodos laborados sob condições
especiais. Passo a decidir: A matéria trazida a debate foi objeto do Tema n. 170/TNU, cuja tese
enuncia: A redação do art. 68, § 4º, do Decreto 3.048/99 dada pelo Decreto 8.123/2013 pode
ser aplicada na avaliação de tempo especial de períodos a ele anteriores, incluindo-se, para
qualquer período: (1) desnecessidade de avaliação quantitativa; e (2) ausência de
descaracterização pela existência de EPI. Quanto à desnecessidade de indicação do registro
no CAS aos agentes do Grupo 1 da LINACH, firmou-se a seguinte tese: Para o reconhecimento
da insalubridade no caso de exposição a agentes nocivos
reconhecidamente cancerígenos, constantes do Grupo 1 da lista da LINACH,
independentemente de constar no CAS, basta a comprovação da sua presença no ambiente de
trabalho (análise qualitativa), sendo certo que a utilização de Equipamentos de Proteção
Coletiva - EPC e/ou Equipamentos de Proteção Individual não elide a exposição
desses agentes, ainda que considerados eficazes. (PEDILEF 0518362-84.2016.4.05.8300, data
de julgamento: 12/12/2018). Sob essa perspectiva, nota-se que o acórdão recorrido está
conforme o entendimento da TNU. [...]". Ante o exposto, nego seguimento ao incidente, com
fundamento no art. 16, I, a, do RITNU. Intimem-se. (Pedido de Uniformização de Interpretação de
Lei (Presidência) 5000755-65.2017.4.04.7219, MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO - TURMA
NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO, 09/09/2019.)
661
24.4. Permanência da exposição:
 Lei 8.213/91 e RPS:
Art. 57. [...]
§ 3º A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo
segurado, perante o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, do tempo de trabalho
permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que
prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o período mínimo fixado. (Redação
dada pela Lei nº 9.032, de 1995)

Art. 65. Considera-se tempo de trabalho permanente aquele que é exercido de forma
não ocasional nem intermitente, no qual a exposição do empregado, do trabalhador
avulso ou do cooperado ao agente nocivo seja indissociável da produção do bem ou
da prestação do serviço. (Redação dada pelo Decreto nº 8.123, de 2013)

662
 Termo inicial: somente para períodos posteriores a 28/04/1995 (véspera da publicação da
Lei 9.032/95)

• INSS: arts. 268, §2º, da IN 128/2022 (categoria profissional e agentes nocivos)

• Súmula 49 da TNU: Para o reconhecimento de condição especial de trabalho antes de 29/04/1995, a


exposição a agentes nocivos à saúde ou à integridade física não precisa ocorrer de forma
permanente.

• Obs: no mesmo sentido é pacífica a jurisprudência do STJ (AgInt no REsp 1695360 / SP, 1ª T,
julgado em 01/04/2019). Obs: não confundir a dispensa de permanência com a não
exigência de exposição minimamente continuada (não ocasional ou acidental)

 Caracterização da permanência:
• Até 2003 (Decreto 4.882), o INSS se utilizava dos seguintes conceitos: (i) habitual: exposição ao
agente nocivo durante todos os dias de trabalho; (ii) permanente: exposição em todas as atividades
executadas durante a jornada de trabalho (ver pág. 29 do Manual de Aposentadoria Especial do
INSS)
663
• A permanência está relacionada à atividade do segurado e não ao tempo de efetiva
exposição/contato com o agente nocivo

• A exposição ao agente nocivo deve ser inerente, obrigatória, necessária e


indissociável da atividade desenvolvida, independentemente do tempo de
exposição (não precisa ocorrer durante toda a jornada de trabalho)

• O tempo de exposição influi, na verdade, no conceito de nocividade, quando em


discussão agente quantitativo (definição do nível de concentração ou
intensidade/dose e verificação de superação de limites de tolerância)

• O fato de exercer várias atividades e em locais diversos, com e sem exposição, não
descaracteriza, por si só, a permanência

664
• Art. 297, §5º, da Portaria nº 991/2022: § 5º O exercício de funções de chefe,
gerente, supervisor ou outra atividade equivalente e servente, desde que observada
a exposição a agentes prejudiciais à saúde químicos, físicos, biológicos ou a
associação de agentes, não impede o reconhecimento de enquadramento do tempo
de serviço exercido em condições especiais.

• A exposição/contato ocasional (eventual, fortuita, acidental etc) afasta a permanência

• Disse o STJ no julgamento do tema 1.083 (ruído): “A jurisprudência do STJ é assente no


sentido de que a exigência legal de habitualidade e permanência não pressupõe a exposição
contínua ao agente nocivo durante toda a jornada de trabalho. [...]. Ou seja, nem a
autarquia, em seu regulamento, exige a exposição ininterrupta ao agente agressivo, mas a
habitual, esta entendida como aquela que esteja presente na própria rotina do labor e
seguindo a dinâmica de cada ambiente de trabalho”.

665
• Sobre o tema, definiu a TNU: crítica à utilização do termo “probabilidade” que
contrasta, a princípio, com a necessidade de “exposição efetiva”
Tese do tema 210: Para aplicação do artigo 57, §3º, da Lei n.º 8.213/91 à tensão
elétrica superior a 250 V, exige-se a probabilidade da exposição ocupacional,
avaliando-se, de acordo com a profissiografia, o seu caráter indissociável da produção
do bem ou da prestação do serviço, independente de tempo mínimo de exposição
durante a jornada.
Tese do tema 211: Para aplicação do artigo 57, §3º, da Lei n.º 8.213/91 a agentes
biológicos, exige-se a probabilidade da exposição ocupacional, avaliando-se, de
acordo com a profissiografia, o seu caráter indissociável da produção do bem ou da
prestação do serviço, independente de tempo mínimo de exposição durante a jornada.
 Comprovação da permanência e PPP:
• O PPP não traz nenhum campo específico para a empresa informar sobre a permanência
da exposição

666
• No caso, a permanência deve ser extraída das informações referentes a lotação e
atribuição (campo 13: setor, cargo, função e CBO) e profissiografia (campo 14.1), ou seja, da
descrição das atividades, que aponte o contato indissociável do segurado com o(s)
agente(s) nocivo(s) indicado(s) no campo 15
• Obs: Havendo impugnação específica e idônea do INSS acerca da caracterização
permanência, o PPP se torna insuficiente, devendo ser apresentado o LTCAT para
esclarecimentos (STJ: PET 10.262/RS, rel. Ministro Sérgio Kukina, julgado em
08/02/2017, Dje 16.02.2017)

 Períodos de afastamento da atividade especial:


• Parágrafo único do art. 65 do RPS:
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput aos períodos de descanso determinados pela
legislação trabalhista, inclusive férias, aos de afastamento decorrentes de gozo de benefícios
de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez acidentários, bem como aos de percepção
de salário-maternidade, desde que, à data do afastamento, o segurado estivesse exercendo
atividade considerada especial. (Incluído pelo Decreto nº 4.882, de 2003)

667
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput aos períodos de descanso determinados pela legislação
trabalhista, inclusive férias, aos de afastamento decorrentes de gozo de benefícios de auxílio-doença
ou aposentadoria por invalidez acidentários, bem como aos de percepção de salário-maternidade,
desde que, à data do afastamento, o segurado estivesse exposto aos fatores de risco de que trata o art.
68. (Redação dada pelo Decreto nº 8.123, de 2013)

Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput aos períodos de descanso determinados pela legislação
trabalhista, inclusive ao período de férias, e aos de percepção de salário-maternidade, desde que, à
data do afastamento, o segurado estivesse exposto aos fatores de risco de que trata o art.
68. (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020)

• Para o INSS, são computados como atividade especial:


 até 30/06/2020: períodos de descanso trabalhista, férias, salário-
maternidade e auxílio-doença/aposentadoria por invalidez acidentários
A partir de 01/07/2020: períodos de descanso trabalhista, férias e salário-
maternidade. Foi excluído o período de benefício por incapacidade
acidentário
668
• Para a jurisprudência, são computados como atividade especial:
 até 30/06/2020: períodos de descanso trabalhista, férias, salário-maternidade e
auxílio-doença/aposentadoria por invalidez acidentário ou
comum/previdenciário (este, desde que intercalado entre períodos de atividade
especial). Nesse sentido o tema 998 do STJ:
Tese firmada: O Segurado que exerce atividades em condições especiais, quando em
gozo de auxílio-doença, seja acidentário ou previdenciário, faz jus ao cômputo desse
mesmo período como tempo de serviço especial. Obs: (opinião pessoal: hipótese de
sobreproteção)
A partir de 01/07/2020: os mesmos períodos, uma vez que os embargos de
declaração no tema 998, julgados em 03/11/2021, que enfrentaram a alteração
trazida pelo Decreto 10.410/2022 (exclusão do período de benefício por
incapacidade acidentário), foram rejeitados, com trânsito em julgado em
15/02/2022. O STF, no tema 1107, afastou a repercussão geral da matéria. Obs:
os períodos de benefício por incapacidade acidentário ou comum, a partir de
01/07/2020, devem ser intercalados com períodos de atividade especial
669
• O PLP 245/2019, aprovado no Senado Federal, limita a especialidade
aos períodos de benefícios acidentários:

Art. 6º [...]

670
24.5. Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho – LTCAT
 Conceito: documento previdenciário (para fins de aposentadoria especial) que
apresenta as conclusões de exame técnico realizado no ambiente de trabalho, com o
objetivo de aferir a presença (ou não) de agentes nocivos prejudiciais a saúde
(nocividade) e que servirá de base para emissão do PPP
 Lei 8.213/91:
• Art. 58. [...]
§ 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante
formulário, na forma estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa
ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por
médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho nos termos da legislação
trabalhista.
§ 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia
de proteção coletiva ou individual que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e
recomendação sobre a sua adoção pelo estabelecimento respectivo.
§ 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no
ambiente de trabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em
desacordo com o respectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei.

671
 É obrigatório para os seguintes períodos:

• Agente nocivo ruído: todos os períodos (INSS e jurisprudência)

• Demais agentes nocivos (inclusive frio e calor: ver slide retro)

INSS: desde 14/10/1996 (data de publicação da MP 1.523, convertida na Lei 9.528/98)

Jurisprudência: desde 06/03/1997 (data da vigência do Decreto 2.172/1997, que


regulamentou a MP 1.523/96, convertida na Lei 9.528/97)

 Responsável pela elaboração: empresa

 Profissional responsável pelos exames e emissão do laudo: médico do trabalho ou


engenheiro de segurança do trabalho. Obs: sem eficácia previdenciária se for
preenchido por técnico de segurança do trabalho ou outro profissional

672
 Pode ser:
• Coletivo: abrange as condições ambientais de vários/todos os locais/setores e empregados
da empresa. Obs: tem que identificar/avaliar os agentes nocivos discriminando e
relacionando com os locais/setores e postos de trabalho

• Individual: se refere exclusivamente a um empregado

 Requisitos dos laudo (art. 276 da IN 128/2022): I - se individual ou coletivo; II -


identificação da empresa; III - identificação do setor e da função; IV - descrição da
atividade; V - identificação do agente prejudicial à saúde, arrolado na Legislação
Previdenciária; VI - localização das possíveis fontes geradoras; VII - via e
periodicidade de exposição ao agente prejudicial à saúde; VIII - metodologia e
procedimentos de avaliação do agente prejudicial à saúde; IX - descrição das medidas
de controle existentes; X - conclusão do LTCAT; XI - assinatura e identificação do médico
do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho; e XII - data da realização da
avaliação ambiental.
673
 Documentos aceitos pelo INSS para completar ou substituir o LTCAT, desde que
informem os seus requisitos (art. 277 da IN 128/2022):
I - laudos técnico-periciais realizados na mesma empresa, emitidos por determinação da Justiça do
Trabalho, em ações trabalhistas, individuais ou coletivas, acordos ou dissídios coletivos, ainda que o
segurado não seja o reclamante, desde que relativas ao mesmo setor, atividades, condições e local de
trabalho;
II - laudos emitidos pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho -
FUNDACENTRO;
III - laudos emitidos por órgãos da Secretaria de Trabalho do Ministério do Trabalho e Previdência -
MTP;
IV - laudos individuais acompanhados de: a) autorização escrita da empresa para efetuar o
levantamento, quando o responsável técnico não for seu empregado; b) nome e identificação do
acompanhante da empresa, quando o responsável técnico não for seu empregado; e c) data e local da
realização da perícia.
V - demonstrações ambientais: a) PPRA (NR 9); b) PGR (NR 1 e NR 22); c) PCMAT (NR 18); d)
PCMSO (NR 7); PGRTR (NR 31). Obs: o PPRA foi substituído pelo PGR a partir de 02/01/2022

674
 O INSS não aceita os seguintes laudos (parágrafo único do art. 277 da IN 128/2022):
I - elaborado por solicitação do próprio segurado, sem o atendimento das condições
previstas no inciso IV do caput;
II - relativo à atividade diversa, salvo quando efetuada no mesmo setor;
III - relativo a equipamento ou setor similar;
IV - realizado em localidade diversa daquela em que houve o exercício da atividade; e
V - de empresa diversa.

 Atualização: sempre que houver alteração no ambiente de trabalho que implique mudança das
informações
 Metodologias e procedimentos de avaliação (art. 288 da IN 128/2022): (i) até 31/12/2003:
NR’s da Portaria nº 3.214/78 do MTE; (ii) a partir de 01/01/2004 (Decreto 4.882/2003): as
NHO’s da FUNDACENTRO (ou outras instituições definidas pela MTE): NHO’s 01 a 11 (ex.: 01 -
ruído, 06 – calor etc)
 Informações sobre tecnologias de proteção: EPC (14/10/1996) e EPI (03/12/1998)

675
 Temporalidade do LTCAT: a questão do laudo extemporâneo
• Contemporâneo: quando os exames/registros ambientais são feitos/atualizados (durante) e
abrangem todo o período em que o segurado trabalhou na empresa. Obs: considerada a
natureza técnica da prova é correto exigir a contemporaneidade do laudo.
• Extemporâneo: quando os exames/registros ambientais são feitos em data anterior ou posterior
ao período laborado. Obs: em razão do caráter protetivo do RGPS e do risco de prejuízo ao
segurado/trabalhador por evento que não deu causa, é necessário, sem descaracterizar a natureza
da prova técnica, estabelecer procedimentos que possam sanar a extemporaneidade, assegurando
que os registros ambientais colhidos refletem as condições ambientais e de nocividade do período
trabalhado

• O INSS (e o CRPS, enunciado 11) aceita declaração de similaridade/extemporaneidade do


empregador (art. 279 da IN 128/2022):

Art. 279. Serão aceitos o LTCAT e os laudos mencionados nos incisos I a IV do caput do art. 277 emitidos
em data anterior ou posterior ao período de exercício da atividade do segurado, desde que a empresa
informe expressamente que não houve alteração no ambiente de trabalho ou em sua organização ao
longo do tempo.
676
Parágrafo único. Para efeito do disposto no caput serão considerados como alteração do
ambiente de trabalho ou em sua organização, entre outras, aquelas decorrentes de:
I - mudança de leiaute;
II - substituição de máquinas ou de equipamentos;
III - adoção ou alteração de tecnologia de proteção coletiva; e
IV - alcance dos níveis de ação estabelecidos na legislação trabalhista, se aplicável.

• A TNU, inicialmente, editou o tema 14 (em 2011), no sentido de exigir


procedimento para sanar a extemporaneidade: “Na aposentadoria especial a
apresentação de laudo pericial extemporâneo não afasta sua força probante, desde
que não modificadas as condições do ambiente”.

• Posteriormente, editou a súmula 68, ao que parece aceitando o laudo


extemporâneo sem o procedimento para sanar a extemporaneidade: “O laudo
pericial não contemporâneo ao período trabalhado é apto à comprovação da atividade
especial do segurado. (editada em 2012)

677
• No entanto, recentemente, por meio do tema 208, passou a exigir a declaração de
similaridade/extemporaneidade ou outro meio de prova para comprovar a inexistência
de alteração no ambiente de trabalho:
Tese do tema 208:

1. Para a validade do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) como prova do tempo


trabalhado em condições especiais nos períodos em que há exigência de preenchimento do
formulário com base em Laudo Técnico das Condições Ambientais de Trabalho (LTCAT), é
necessária a indicação do responsável técnico pelos registros ambientais para a totalidade
dos períodos informados, sendo dispensada a informação sobre monitoração biológica.

2. A ausência total ou parcial da indicação no PPP pode ser suprida pela apresentação de
LTCAT ou por elementos técnicos equivalentes, cujas informações podem ser estendidas
para período anterior ou posterior à sua elaboração, desde que acompanhados da
declaração do empregador ou comprovada por outro meio a inexistência de alteração no
ambiente de trabalho ou em sua organização ao longo do tempo. (Redação da tese
alterada no julgamento de embargos de declaração em 21/06/2021, relator Juiz Federal
Ivanir Ireno)

678
• STJ: não localizei jurisprudência específica sobre o tema

• TRF1 (jurisprudência dominante): “6.


A circunstância de o PPP não
ser contemporâneo à atividade avaliada não lhe retira absolutamente
a força probatória, em face de inexistência de previsão legal para
tanto e desde que não haja mudanças significativas no cenário
laboral (AC 0022396-76.2005.4.01.3800/MG, Rel. Desembargador
Federal Candido Moraes, 2ª Turma, e-DJF1 p.198 de 18/11/2014).
Súmula 68 TNU”. (AC 0003561-90.2016.4.01.3400, DESEMBARGADOR
FEDERAL JOÃO LUIZ DE SOUSA, TRF1 - SEGUNDA TURMA, PJe
25/08/2022 PAG.)

679
 Necessidade de juntada do LTCAT:
• Na via administrativa: (i) junto com os antigos formulários (períodos até 31/12/2003),
observadas as datas e agentes nocivos envolvidos; (ii) se o formulário for o PPP é
dispensada a juntada, na forma dos §§4º e 5º do art. 281 da IN 128/2022:

§ 4º O PPP dispensa a apresentação de laudo técnico ambiental para fins de comprovação de condição
especial de trabalho, desde que todas as informações estejam adequadamente preenchidas e
amparadas em laudo técnico.

§ 5º Sempre que julgar necessário, o INSS poderá solicitar documentos para confirmar ou complementar
as informações contidas no PPP, de acordo com § 7º do art. 68 e inciso III do art. 225, ambos do RPS.

• Na via judicial: (i) junto com os antigos formulários (períodos até 31/12/2003), observadas
as datas e agentes nocivos envolvidos; (ii) se o formulário for o PPP é dispensada a juntada,
salvo se houver impugnação específica e idônea acerca do conteúdo das informações e/ou
registros ambientais. Nesse sentido o STJ:

680
PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. PREVIDENCIÁRIO. COMPROVAÇÃO DE TEMPO
DE SERVIÇO ESPECIAL. RUÍDO. PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO (PPP).
APRESENTAÇÃO SIMULTÂNEA DO RESPECTIVO LAUDO TÉCNICO DE CONDIÇÕES AMBIENTAIS DE
TRABALHO (LTCAT). DESNECESSIDADE QUANDO AUSENTE IDÔNEA IMPUGNAÇÃO AO CONTEÚDO
DO PPP. 1. Em regra, trazido aos autos o Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), dispensável se
faz, para o reconhecimento e contagem do tempo de serviço especial do segurado, a juntada do
respectivo Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho (LTCAT), na medida que o PPP já é
elaborado com base nos dados existentes no LTCAT, ressalvando-se, entretanto, a necessidade da
também apresentação desse laudo quando idoneamente impugnado o conteúdo do PPP. 2. No
caso concreto, conforme destacado no escorreito acórdão da TNU, assim como no bem lançado
pronunciamento do Parquet, não foi suscitada pelo órgão previdenciário nenhuma objeção
específica às informações técnicas constantes do PPP anexado aos autos, não se podendo, por isso,
recusar-lhe validade como meio de prova apto à comprovação da exposição do trabalhador ao
agente nocivo "ruído". 3. Pedido de uniformização de jurisprudência improcedente. (PET
10.262/RS, 1ª Seção, julgado em 08/02/2017)

681
• No mesmo sentido a TNU:

Tese firmada: Na falta de impugnação idônea, o Perfil Profissiográfico


Previdenciário (PPP) regularmente preenchido, conforme exigências das
normas vigentes à época da exposição, se mostra suficiente para fins de
prova de exposição ao agente nocivo ruído, independentemente da
apresentação do Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho
(LTCAT). (PUIL 0078050-09.2009.4.01.38800/MG, julgado em
05/05/2022)

682
 Percepção de adicionais trabalhistas de insalubridade e periculosidade: não
autorizam o reconhecimento de atividade especial por si só:
PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA. CÔMPUTO DE TEMPO ESPECIAL EM RAZÃO DE
RECEBIMENTO DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. INSUFICIÊNCIA. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA
EXPOSIÇÃO HABITUAL E PERMANENTE POR INTERMÉDIO DE FORMULÁRIOS E LAUDOS. 1. Nos termos da
jurisprudência do STJ, "a percepção de adicional de insalubridade pelo segurado, por si só, não lhe confere o
direito de ter o respectivo período reconhecido como especial, porquanto os requisitos para a percepção do
direito trabalhista são distintos dos requisitos para o reconhecimento da especialidade do trabalho no
âmbito da Previdência Social" (EDcl no AgRg no REsp 1.005.028/RS, Rel. Ministro Celso Limongi, Sexta
Turma, DJe 2/3/2009). Precedentes no mesmo sentido: REsp 1.476.932/SP, Rel. Ministro Mauro Campbell
Marques, Segunda Turma, DJe 16/03/2015; AgInt no AREsp 219.422/PR, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia
Filho, Primeira Turma, DJe 31/8/2016.
2. No caso dos autos, Tribunal a quo reconheceu o período trabalhado como especial, tão somente em razão
da percepção pelo trabalhador segurado do adicional de insalubridade, razão pela qual deve ser reformado.
3. [...] 4. Recurso Especial provido. (REsp n. 1.810.794/SP, relator Ministro Herman Benjamin, Segunda
Turma, julgado em 15/8/2019, DJe de 28/10/2019.)

PUIL 0001328-11.2017.4.03.6371/SP DA TNU: A simples percepção de adicional de periculosidade


não enseja especialidade nos termos do art. 57 da Lei n. 8.213/91, demandando-se efetiva prova
da exposição ao fator nocivo nos termos da Lei n. 9.032/95. (julgado em 12/11/2021)
683
 Ausência (ou incorreção) de LTCAT e perícia judicial previdenciária:
possibilidades, dificuldades, requisitos materiais e processuais,
procedimentos e competência
 Ausência (ou incorreção) de LTCAT: impede o reconhecimento da atividade especial
nos períodos em que a sua presença é obrigatória
 Possibilidade de realização de perícia na via judicial previdenciária: sim
(subsidiariamente), inclusive em empresa diversa (similaridade), quando, por exemplo,
a empresa na qual o segurado trabalhou encerrou as suas atividades. Aplicação do art.
503, §1º, do CPC (questão prejudicial necessária ao enfrentamento do mérito da
controvérsia)
• Jurisprudência amplamente majoritária do STJ:
Tema 1.083: O reconhecimento do exercício de atividade sob condições especiais pela exposição ao
agente nocivo ruído, quando constatados diferentes níveis de efeitos sonoros, deve ser aferido por meio
do Nível de Exposição Normalizado (NEN). Ausente essa informação, deverá ser adotado como critério o
nível máximo de ruído (pico de ruído), desde que perícia técnica judicial comprove a habitualidade e a
permanência da exposição ao agente nocivo na produção do bem ou na prestação do serviço.

684
PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE ESPECIAL. CONFIGURAÇÃO. PERÍCIA INDIRETA EM EMPRESA
SIMILAR. LOCAL DE TRABALHO ORIGINÁRIO INEXISTENTE. POSSIBILIDADE.
1. "Mostra-se legítima a produção de perícia indireta, em empresa similar, ante a
impossibilidade de obter os dados necessários à comprovação de atividade especial, visto
que, diante do caráter eminentemente social atribuído à Previdência, onde sua finalidade
primeira é amparar o segurado, o trabalhador não pode sofrer prejuízos decorrentes da
impossibilidade de produção, no local de trabalho, de prova, mesmo que seja de perícia
técnica". (REsp 1.397.415/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe
20.11.2013).
2. Agravo Regimental não provido. (AgRg no REsp n. 1.422.399/RS, relator Ministro Herman
Benjamin, Segunda Turma, julgado em 18/3/2014, DJe de 27/3/2014.)

685
PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIA ESPECIAL. COMPROVAÇÃO
DA EXPOSIÇÃO A AGENTES NOCIVOS. JULGAMENTO ANTECIPADO DO MÉRITO. IMPROVIMENTO DA INICIAL POR FALTA
DE PROVAS. CERCEAMENTO DE DEFESA CARACTERIZADO. AGRAVO INTERNO DO INSS A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
1. Cuida-se de ação em que se busca o reconhecimento de tempo de serviço especial, em razão de exposição a agentes
nocivos, julgada improcedente ao fundamento de que as provas juntadas pelo Segurado não eram suficientes para a
comprovação do direito.
2. Ocorre que, como bem reconhecem as instâncias ordinárias, a parte formulou pedido de produção de prova em
audiência e pedido de perícia técnica na empresa, o que foi negado pelo Juiz sentenciante que entendeu pelo
julgamento antecipado da lide.
3. Verifica-se, assim, que o julgamento antecipado da lide para julgar improcedente o pedido por falta de prova
incorreu em cerceamento de defesa, uma vez que o Juiz a quo impediu a produção da prova oportunamente
requerida pela parte autora, por meio da qual pretendia comprovar seu direito.
4. Em matéria previdenciária, a prova pericial é condição essencial, é certo que as únicas provas discutidas em
contraditório são a prova pericial e a testemunhal. O contraditório não se estabelece no que diz respeito ao formulário
fornecido pela empresa (PPP), um documento criado fora dos autos, isto é, sem a participação do Segurado, razão pela
qual é possível reconhecer que houve o cerceamento do direito de defesa do Segurado. Ademais, não se desconhece a
complexidade da ação que envolve o reconhecimento da atividade especial, assim, razoável e necessário o pedido de
realização de perícia técnica.
5. Não se pode olvidar, ademais, que nas lides previdenciárias o Segurado é hipossuficiente informacional, tem maior
dificuldade de acesso aos documentos que comprovam seu histórico laboral, uma vez que as empresas dificilmente
fornecem esses documentos ao trabalhador na rescisão do contrato de trabalho. E, em muitas vezes, as empresas
perdem tais documentos ou encerram suas atividades sem que seja possível o acesso a tais documentos.
6. Agravo Interno do INSS a que se nega provimento. (AgInt no AREsp n. 576.733/RN, relator Ministro Napoleão Nunes
Maia Filho, Primeira Turma, julgado em 25/10/2018, DJe de 7/11/2018.)

686
PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIA ESPECIAL. PERÍCIA
INDIRETA EM EMPRESA SIMILAR. CABIMENTO. HIPÓTESE EM QUE O ACÓRDÃO RECORRIDO CONCLUIU
PELA AUSÊNCIA DE SIMILARIDADE DAS ATIVIDADES EXERCIDAS PELAS EMPRESAS. ALTERAÇÃO DO
JULGADO. REEXAME FÁTICO-PROBATÓRIO. EXPOSIÇÃO A AGENTES NOCIVOS. AVALIAÇÃO
QUANTITATIVA E QUALITATIVA. VIOLAÇÃO À NORMA REGULAMENTADORA NR-15 DO ENTÃO
MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. NÃO CABIMENTO. NORMA QUE ESCAPA AO CONCEITO DE LEI
FEDERAL. COMPROVAÇÃO DO LABOR ESPECIAL. SÚMULA 7/STJ.
1. Com efeito, "mostra-se legítima a produção de perícia indireta, em empresa similar, ante a
impossibilidade de obter os dados necessários à comprovação de atividade especial, visto que, diante
do caráter eminentemente social atribuído à Previdência, onde sua finalidade primeira é amparar o
segurado, o trabalhador não pode sofrer prejuízos decorrentes da impossibilidade de produção, no local
de trabalho, de prova, mesmo que seja de perícia técnica". (REsp 1.397.415/RS, Rel. Ministro Humberto
Martins, Segunda Turma, DJe 20.11.2013).
2. Contudo, o acórdão recorrido fundou-se nas provas existentes nos autos, concluindo pela ausência de
similaridade das atividades exercidas pelas empresas. Logo, a alteração dessas conclusões, tal como
colocada a questão nas razões recursais, demandaria novo exame do acervo fático-probatório
constante dos autos, providência vedada em Recurso Especial, conforme o óbice previsto na Súmula
7/STJ.
3. [...] (AgInt no REsp n. 2.022.883/RS, relator Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado
em 6/3/2023, DJe de 27/3/2023.)

687
• No mesmo sentido os 5 TRF’s, conforme julgado do TRF4 a seguir:

PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE ATIVIDADE ESPECIAL. RUÍDO. HIDROCARBONETOS. LAUDO TÉCNICO POR


SIMILARIDADE. CONSECTÁRIOS LEGAIS. JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA. HONORÁRIOS
MAJORADOS. 1. O reconhecimento da especialidade e o enquadramento do labor exercido sob
condições nocivas são disciplinados pela lei em vigor na época em que foi efetivamente exercida a
atividade, passando a integrar, como direito adquirido, o patrimônio jurídico do trabalhador. 2. [...]. 5.
Para a verificação da especialidade das atividades exercidas com exposição a agentes nocivos, leva-se
em consideração, via de regra, o conteúdo da documentação técnica lavrada pela empresa
(formulários, laudos e perfil profissiográfico previdenciário (PPP), por exemplo). Contudo, em caso de
dúvida sobre a fidedignidade ou suficiência de tal documentação é plausível não apenas a produção de
laudo pericial em juízo, mas também a utilização de laudo técnico por similaridade. 6. Demonstrada a
similaridade entre a empresa empregadora do autor e aquela em que foi produzido o laudo pericial,
bem como a identidade das atividades, deve ser admitida como prova a perícia realizada em empresa
similar. 7. [...]. (APELREEX - APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO 0009659-69.2014.4.04.9999, OSNI
CARDOSO FILHO, TRF4 - QUINTA TURMA, D.E. 07/12/2018.)

Súmula 106 do TRF4: Quando impossível a realização de perícia técnica no local de trabalho do
segurado, admite-se a produção desta prova em empresa similar, a fim de aferir a exposição aos
agentes nocivos e comprovar a especialidade do labor.

688
• Também a TNU, impondo, no entanto, ônus/requisitos ao autor/segurado para a sua
realização:
EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. TEMPO ESPECIAL. PERÍCIA POR SIMILARIDADE. POSSIBILIDADE, DESDE QUE PRESENTES
DETERMINADOS REQUISITOS. QUESTÃO DE ORDEM N. 20/TNU. INCIDENTE PARCIALMENTE PROVIDO. [...]
Consoante já decidiu a TNU, a impossibilidade de o segurado requerer administrativamente seu
benefício munido de todos os documentos, em virtude da omissão de seu empregador quanto à emissão
dos competentes laudos técnico, não deve prejudicar a parte autora (PEDILEF 200470510073501, Rel.
Juiz Federal Derivaldo de Figueiredo Bezerra Filho, Dj 16/02/2009). Aliás, a jurisprudência da TNU
aponta no sentido de que não pode o empregado ser penalizado pelo não cumprimento de obrigação
imposta ao empregador.
[...]
A perícia indireta ou por similaridade é um critério jurídico de aferição que se vale do argumento da
primazia da realidade, em que o julgador faz uma opção entre os aspectos formais e fáticos da relação
jurídica sub judice, para os fins da jurisdição.
Porém, somente se as empresas nas quais a parte autora trabalhou estiverem inativas, sem
representante legal e não existirem laudos técnicos ou formulários poder-se-ia aceitar a perícia por
similaridade, como única forma de comprovar a insalubridade no local de trabalho. Tratar-se-ia de
laudo pericial comparativo entre as condições alegadas e as suportadas em outras empresas,
supostamente semelhantes, além da oitiva de testemunhas. No caso, contudo, devem descrever: (i)
serem similares, na mesma época, as características da empresa paradigma e aquela onde o trabalho
foi exercido, (ii) as condições insalubres existentes, (iii) os agentes químicos aos quais a parte foi
submetida, e (iv) a habitualidade e permanência dessas condições.
689
Com efeito, são inaceitáveis laudos genéricos, que não traduzam, com precisão, as reais
condições vividas pela parte em determinada época e não reportem a especificidade das
condições encontradas em cada uma das empresas. Ademais, valendo-se o expert de
informações fornecidas exclusivamente pela autora, por óbvio a validade das conclusões está
comprometida. Destarte, não há cerceamento do direito de defesa no indeferimento ou não
recebimento da perícia indireta nessas circunstâncias, sem comprovação cabal da similaridade
de circunstâncias à época.
Oportuno destacar que será ônus do autor fornecer qualquer informação acerca das atividades
por ele executadas, das instalações das empresas, em qual setor trabalhou ou o agente
agressivo a que esteve exposto, ou seja, todos os parâmetros para a realização da prova
técnica.
Portanto, fixa-se a tese de que é possível a realização de perícia indireta (por similaridade) se
as empresas nas quais a parte autora trabalhou estiverem inativas, sem representante legal e
não existirem laudos técnicos ou formulários, ou quando a empresa tiver alterado
substancialmente as condições do ambiente de trabalho da época do vínculo laboral e não for
mais possível a elaboração de laudo técnico, observados os seguintes aspectos: (i) serem
similares, na mesma época, as características da empresa paradigma e aquela onde o
trabalho foi exercido, (ii) as condições insalubres existentes, (iii) os agentes químicos aos quais
a parte foi submetida, e (iv) a habitualidade e permanência dessas condições. (PUIL 0001323-
30.2010.4.03.6318, JUIZ FEDERAL FREDERICO AUGUSTO LEOPOLDINO KOEHLER, DOU
12/09/2017 PÁG. 49/58.)
690
 Dificuldades:
• Resistência judicial à produção da prova, em especial no âmbito dos JEF’s (rito processual,
eficácia/idoneidade da prova, incompetência do juízo, custos, complexidade etc)
• Enunciado 203 do FONAJEF: Não compete à Justiça Federal solucionar controvérsias relacionadas
à ausência e/ou à inexatidão das informações constantes de PPP e/ou LTCAT para prova de tempo de
serviço especial.
• Obs: a própria TNU tem evitado enfrentar o assunto (decisão de produção ou não da
perícia no caso concreto) em sede de PUIL, por considerá-lo matéria processual:
PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. DIREITO PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. NÃO
DEMONSTRAÇÃO DE CERCEAMENTO DE DEFESA POR AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO DA DECISÃO RECORRIDA.
INVIABILIDADE DA REALIZAÇÃO DE PERÍCIA POR SIMILARIDADE PARA COMPROVAÇÃO DE TEMPO ESPECIAL. MATÉRIA
PROCESSUAL. SÚMULA 43 DA TNU. ENQUADRAMENTO DA ATIVIDADE DE AJUDANTE DE MONTAGEM COMO ESPECIAL.
AUSÊNCIA DE SIMILARIDADE FÁTICA E JURÍDICA COM AS DECISÕES PARADIGMAS APRESENTADAS (SOLDADOR).
INCIDENTE NÃO ADMITIDO. 1. Não se vislumbra cerceamento de defesa, por ausência de fundamentação, quando os
argumentos da parte autora são devidamente respondidos. Decisão paradigma da TNU que admite a anulação do
julgamento quando são utilizados argumentos excessivamente genéricos, o que não ocorreu no caso concreto. 2. O
entendimento da Turma de origem de que a perícia por similaridade seria inviável é de cunho processual, atraindo a
incidência da Súmula 43 da TNU (PEDILEF n.º 0002804-57.2012.4.03.6318, Relator Juiz Fábio de Souza Silva, j.
16.12.2021). 3. Pretensão de enquadramento da atividade de ajudante de produção como especial, com fundamento no
Decreto n.° 53.831/1964, código 2.5.3 e no Decreto n.° 83.080/1979, Anexo II, código 2.5.1. Decisões paradigmas que
tratam do soldador. Ausência de similitude fática e jurídica. 4. Incidente não admitido. (PUIL 0000274-
26.2015.4.03.6302, GUSTAVO MELO BARBOSA - TNU, 27/06/2022.)

691
• Impossibilidade/dificuldades para identificar e reconstituir o ambiente e a organização do
trabalho contemporâneos ao período controverso (inclusive para escolha de empresa
similar), em especial em se tratando de períodos remotos: ramo/atividade da empresa,
local/setor de trabalho, cargo/função, leiaute do ambiente, equipamentos/máquinas,
profissiografia, métodos de trabalho e processos produtivos, agentes nocivos aos quais
estava exposto, medidas de controle (EPC/EPI) etc
 Requisitos (materiais e processuais) e procedimentos:
• Empresa ativa:
I. verificar se existe algum documento contemporâneo ao período trabalhado (laudo ou
demonstrações ambientais trabalhistas de outros trabalhadores arquivados na empresa,
em sindicatos, no próprio INSS, na Justiça do Trabalho etc), na forma do art. 277 da IN
128/2022, que possa substituir o LTCAT e tornar desnecessária a perícia, que deve ser
sempre o último meio de prova a ser utilizado;
II. a petição inicial deve conter:
a) indicação e comprovação de que diligenciou junto à empresa para obter o LTCAT/PPP
(notificação extrajudicial, por exemplo) e também que não localizou documentos substitutivos
(importante para fins de interesse de agir e deferimento da prova);

692
• b) pedido justificado e idôneo de produção da prova pericial, inclusive no caso de
incorreção no LTCAT (não sendo suficiente mera especulação de que o laudo não retrata
de forma correta o ambiente de trabalho e a sua nocividade. Por exemplo, alegação
genérica de que “é evidente que o ruído não pode ser inferir a 85dB, conforme
retratado no PPP”);

• c) indicar e descrever o período controverso, o ambiente e a organização do trabalho,


mostrando justa causa acerca da necessidade e adequação da prova (Obs: mais fácil por
estar a empresa ativa, podendo, inclusive, estar inalterado o ambiente e a organização
do trabalho);

III. smj., é melhor optar por intentar previamente ação na Justiça do Trabalho (também
competente) para confecção/correção do LTCAT e emissão/correção do PPP,
acionando, em seguida, o INSS ou a Justiça Federal/Estadual, conforme o caso. Para
essas ações não se aplica a prescrição bienal/quinquenal (CLT, art. 11, §1º):

693
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA - DESCABIMENTO. RITO
SUMARÍSSIMO. 1. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. EMISSÃO DE PPP. A
causa guarda pertinência com a proteção de direitos dos trabalhadores, evidenciando-
se a competência desta Justiça Especializada, nos termos do art. 114, IX, da
Constituição Federal, quando alude a "outras controvérsias decorrentes da relação
de trabalho, na forma da lei". [...] (AIRR - 11346-40.2019.5.03.0044 , Relator Ministro:
Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, Data de Julgamento: 12/08/2021, 3ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 20/08/2021)

"PRESCRIÇÃO. OBRIGAÇÃO DE FAZER. FORNECIMENTO DE PERFIL PROFISSIOGRÁFICO


PREVIDENCIÁRIO. Não há falar em incidência da prescrição prevista no artigo 7º,
inciso XXIX, da Constituição Federal em ação que tem por objetivo o fornecimento de
Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP para fins de prova junto à Previdência
Social, uma vez que à referida ação aplicam-se os termos do artigo 11, § 1º, da CLT.
Precedentes. Agravo de instrumento desprovido" (AIRR-11731-60.2015.5.01.0342, 2ª
Turma, Relator Ministro José Roberto Freire Pimenta, DEJT 21/08/2020).

694
• Empresa fechada:

I. verificar se existe algum documento contemporâneo ao período trabalhado (laudo ou


demonstrações ambientais trabalhistas etc), na forma do art. 277 da IN 128/2022, que
possa substituir o LTCAT e tornar desnecessária a perícia. (Obs: arquivos, massa falida,
agência do INSS, Justiça do Trabalho, Ministério do Trabalho, sindicato etc)
II. indicar/descrever o período controverso, o ambiente e a organização do trabalho,
mostrando justa causa acerca da necessidade e adequação da prova;
III. a petição inicial deve conter: a) indicação e comprovação de que a empresa encerrou as
suas atividades e de que não forneceu/manteve arquivos com LTCAT e PPP; b) indicação
de que não localizou documentos substitutivos; c) pedido justificado e idôneo de
produção da prova pericial, com indicação de cargo, atividade, setor, processo produtivo,
maquinários, agentes nocivos etc; d) indicação de empresa similar

iv. a ação pode/deve ser intentada diretamente na Justiça Federal/Estadual, conforme o


caso;

695
Importante: na sessão do dia 14/12/2022, a 1ª Seção do TRF6, decidindo conflito de
competência entre JEF e Vara Federal Comum (Cível), discutindo a necessidade de produção
de prova pericial para caracterização de atividade especial, concluiu, à unanimidade, pela
competência da Vara Federal Comum:
PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. PREVIDENCIÁRIO. JUÍZO FEDERAL E
JUIZADO ESPECIAL FEDERAL. PROVA PERICIAL. FINALIDADE DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS.
PRINCÍPIOS DE REGÊNCIA. COMPETÊNCIA ABSOLUTA EM RAZÃO DO VALOR DA CAUSA.
CUMULAÇÃO DE PEDIDOS. CAUSAS DE MENOR COMPLEXIDADE MEDIANTE RITO MAIS
SIMPLIFICADO E CÉLERE. PERÍCIA COMPLEXA. COMPETÊNCIA DO JUÍZO FEDERAL COMUM E NÃO
DO JEF.
1. Cuida-se de conflito negativo de competência entre Juízo suscitante (20ª Vara da Subseção
Judiciária de Belo Horizonte- atualmente 11ª Vara) e o Juízo suscitado (1ª Vara do Juizado Especial
Federal da Subseção Judiciária de Contagem/MG), em razão de questão atinente à competência
do JEF, nos casos de produção de prova pericial, no local de prestação de serviços, para fins de
reconhecimento de tempo especial.
[...]

696
4. Embora, da fato, o rito dos juizados não proíba a realização de prova pericial e nem se
possa presumir, de forma absoluta, que a sua necessidade contraindica o rito simplificado,
não há como negar que a complexidade da prova é um indicativo, ainda que não o único, da
complexidade da causa. Conclui-se, à vista do exposto, que não se inclui na competência dos
juizados especiais a demanda previdenciária, que tal qual o caso dos autos, objetive a
produção de prova pericial complexa, assim considerada a instrução processual que busque
a verificação das condições de trabalho no ambiente laboral do segurado ou em
estabelecimento similar, a aferição da semelhança entre atividades da parte com a de
atuais empregados, a constatação da presença de agentes insalubres ou perigosos, o grau
de nocividade dos agentes, entre outros, inclusive para, se for o caso, aquilatar a higidez do
Perfil Profissiográfico Previdenciário. Tais hipóteses configuram onerosidade e complexidade
pericial que afastam a aplicação do art. 12 da Lei 10.259/2001 e a competência do Juizado
Especial Federal.
5. Conflito de Competência conhecido para declarar a competência do Juízo da 11ª Vara da
Subseção Judiciária de Belo Horizonte, ora suscitante (antiga 20ª Vara Federal). (Conflito de
competência nº 1009788-84.2022.4.01.000, 1ª Seção, Rel. Des. Edilson Vitorelli, Pje, julgado
na sessão de 14/12/2022).

697
24.6. Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP (arts. 281 a 285 da IN 128/2022)
 Conceito: documento histórico laboral do trabalhador, segundo modelo instituído pelo INSS,
emitido com base em LTCAT, contendo dados administrativos da empresa e do trabalhador,
registros ambientais e responsáveis pelas informações, com a finalidade (não exclusiva) de
comprovar as condições ambientais de trabalho (exposição a agentes nocivos) para a obtenção
do direito a benefícios perante o RGPS (arts. 281 e 282 da IN 128/2022). Obs: a seção de
monitoração biológica foi excluída do PPP pela IN 128/2022

 Período de utilização: a partir de 01/01/2004 (IN INSS DC nº 99/2003), podendo ser utilizado
para comprovar períodos anteriores, desde que emitido a partir de 01/01/2004 (art. 291, §1º,
da Portaria 991/2022)
 Necessidade de juntada do LTCAT: em regra, não, salvo se houver impugnação específica e
idônea do conteúdo do PPP (PET 10.262/RS, 1ª Seção, julgado em 08/02/2017), exceção
aplicável às vias administrativa e judicial (ver slides retros). Obs: ver hipóteses de agentes
nocivos não previstos nos decretos ou normas de extensão
 Responsável pela emissão: representante legal da empresa/empregador ou seu preposto, que
assume a responsabilidade pela veracidade das informações

698
 Atualização: sempre que houver alteração no ambiente ou organização do trabalho
que implique mudança das informações contidas em suas seções. Obs: as
demonstrações ambientais trabalhistas possuem prazos específicos e mais rígidos
(PGR: até 02 anos, por exemplo)
 Obrigação de fornecer ao empregado: (i) por ocasião da rescisão do contrato de
trabalho ou da desfiliação da cooperativa, sindicato ou órgão gestor de mão de obra,
com fornecimento de uma das vias para o trabalhador, mediante recibo; (ii) sempre
que solicitado pelo trabalhador, para fins de requerimento de reconhecimento de
períodos laborados em condições especiais; (iii) para fins de análise de benefícios e
serviços previdenciários e quando solicitado pelo INSS; etc
 PPP eletrônico - PPPE (art, 68, §8º, do RPS, art. 281, §§7º, da IN 128/2022, Portarias
MTP 313/2021, 1.010/2021 e 334/2022 e Portaria PRES/INSS nº 1.411/2022): será
exigido para os períodos trabalhados a partir de 01/2023, já estando disponível no
MEU INSS a partir de 16/01/2023

699
 Importância do preenchimento correto do PPP:
• Necessidade/conveniência de prévia e detalhada análise e conferência das
informações (aspectos formais e materiais)
• Necessidade/conveniência de sanar previamente as falhas e incorreções
• Juntada de novo PPP no curso do processo: os riscos de preclusão na via
administrativa ou judicial, com inadmissibilidade da prova ou alteração da
DIB
Via administrativa: juntada de novos elementos e fixação da DIB (art. 347 do
RPS, art. 587 da IN 128/2022 e arts. 10 e 11 da Portaria DIRBEN/INSS 997/2022
Tema 1124 afetado pelo STJ (pendente de julgamento): Definir o termo inicial dos
efeitos financeiros dos benefícios previdenciários concedidos ou revisados judicialmente, por
meio de prova não submetida ao crivo administrativo do INSS: se a contar da data do
requerimento administrativo ou da citação da autarquia previdenciária.

700
 Análise individualizada dos campos mais importantes do PPP (modelo
instituído pela IN 128/2022, anexo XVII, alterado pela IN’s 133/2022 e 141/2022):
observar instruções de preenchimento (para cada campo) constantes do anexo
1 Seção: dados administrativos e do trabalhador (campos 1 a 14)

701
• Campo 13.1. Formato DD/MM/AAAA. No caso de trabalhador ativo a data de fim do último
período não deve ser preenchida. Obs: no entanto, o PPP somente faz prova de atividade
especial, para o trabalhador ativo, até a data de sua emissão
• Campo 13.3. Local onde exerce as funções: ex: portaria, administração, almoxarifado,
escritório, oficina, bloco cirúrgico, amamentação, fundição, manutenção elétrica etc. Obs: (i)
setor equivocado pode trazer dificuldade/dúvida de enquadramento, tendo em vista o
“distanciamento” da fonte do agente nocivo, em especial nos casos de LTCAT coletivo; (ii) setor
que gera dúvida em relação à presença/concentração/intensidade do agente nocivo à vezes
demanda o LTCAT ou prova complementar
702
• Campo 13.4. Cargo: o que consta da CTPS

• Campo 13.5. Função: somente se exercer atividade de comando, chefia, coordenação,


supervisão ou gerência. Caso contrário, lançar NA (não se aplica)

• Campo 13.6. CBO: verificar se as atividades relacionadas à CBO, muitas vezes repetidas
no campo 14.2, eram as efetivamente realizadas pelo segurado

• Campo 13.7. GFIP/eSocial: código que indica se houve o pagamento do adicional (6%,
9% e 12%) do SAT referente à aposentadoria especial. Os principais códigos são: 00
(sem exposição a agentes nocivos); 01 (foi exposto mas não mais); 02 (exposição de 15
anos); 03 (exposição de 20 anos); 04 (exposição de 25 anos). Obs: (i) a omissão ou
equívoco nesse campo, em regra, não prejudica o segurado; (ii) o CNIS tem indicador
de exercício de atividade nociva (IEAN); (iii) EPI/EPC e Ato Declaratório Interpretativo
RFB nº 2, de 18/09/2019

703
Campo 14.1. Período: no caso de trabalhador ativo a data de fim do último período não deve
ser preenchida. Obs: no entanto, o PPP somente faz prova de atividade especial, para o
trabalhador ativo, até a data de sua emissão
Campo 14.2. Campo muito importante do PPP, uma vez que a “permanência” da exposição (ou
não), em regra, será aferida das informações nele contidas. As atividades realizadas pelo segurado
devem ser descritas de forma exata e sucinta. Descrições que apontam atividades não vinculadas
com a produção do bem ou prestação do serviço ou que distanciem o trabalhador da fonte do
agente nocivo podem comprometer o enquadramento. Obs: a correta descrição e análise das
atividades de chefe, supervisor, gerente etc (art. 297, §5º, da Portaria 991/2022)
704
2ª Seção: registros ambientais (dados extraídos do LTCAT)

705
• Campo 15. Exposição a fatores de risco: a alteração de qualquer um dos campos do 15.2 ao
15.8 implica, obrigatoriamente, a criação de nova linha, com discriminação do período,
repetindo as informações que não foram alteradas.

• Campo 15.1. Período: no caso de trabalhador ativo, a data de fim do último período não deve
ser preenchida. Obs: no entanto, o PPP somente faz prova de atividade especial, para o
trabalhador ativo, até a data de sua emissão. Obs: o problema, por exemplo, para a
reafirmação da DER

• Campo 15.2. Tipo de agente nocivo: F – Físico, Q – Químico, B – Biológico.


• Campo 15.3. Fatores de risco: ruído, calor, radiação ionizante, vírus, bactérias, protozoários,
chumbo, tolueno, xileno, benzeno etc. Obs: devem ser incluídos os agentes constantes, por
exemplo, da NR-15, mesmo que ausentes no Anexo IV do RPS e desconsiderados pelo INSS a
partir de 06/03/1997 (radiação não ionizante, eletricidade, frio etc), uma vez que, como visto,
são acolhidos pela jurisprudência; Obs: para os agentes químicos deve ser informado o nome
da substância ativa e não citações comerciais. Não são aceitos, em especial a partir de
06/03/1997: tinta, óleo, graxa etc

706
 a identificação do produto químico pode ser feita por meio da consulta da FISPQ – Fichas
de Informação de Segurança de Produtos Químicos (sites de busca na internet), que
contém todas a informações relevantes, entre elas: composição e ingredientes, manuseio e
armazenamento, controle da exposição e EPI, propriedades físico-químicas, informações
toxicológicas etc

 Tese do tema 298 da TNU: A partir da vigência do Decreto 2.172/97, a indicação genérica
de exposição a "hidrocarbonetos" ou "óleos e graxas", ainda que de origem mineral, não é
suficiente para caracterizar a atividade como especial, sendo indispensável a especificação
do agente nocivo. (julgado em 23/06/2022 e já transitado em julgado)

 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. PREVIDENCIÁRIO.


RECONHECIMENTO DE TEMPO ESPECIAL. MENÇÃO GENÉRICA A "HIDROCARBONETOS" NO
PPP E LTCAT. INSUFICIÊNCIA DA PROVA. NECESSIDADE DE ESPECIFICAÇÃO DO AGENTE
QUÍMICO. PRECEDENTES DA TNU. REAFIRMAÇÃO DA TESE DE QUE "A MERA MENÇÃO
GENÉRICA A 'HIDROCARBONETOS' OU 'TINTAS E SOLVENTES', NO PPP OU NO LAUDO
TÉCNICO, É INSUFICIENTE PARA CARACTERIZAR A EXPOSIÇÃO NOCIVA A AGENTES
QUÍMICOS". INCIDENTE CONHECIDO E PROVIDO. (Pedido de Uniformização de
Interpretação de Lei (Turma) 5001548-50.2020.4.04.7105, GUSTAVO MELO BARBOSA -
TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO, 18/11/2021.)

707
 PUIL 0503671-63.2016.4.05.8312/PE da TNU: A menção genérica no Perfil Profissiográfico
Previdenciário (PPP) à exposição do trabalhador a “poeiras minerais”, sem indicação da espécie
(sílica, carvão, cimento, etc.), não é prova suficiente da nocividade/insalubridade da função laboral
desempenhada pelo segurado, para fins de qualificação como tempo especial, mesmo para o período
até 4 de março de 1997. (julgado em 22/11/2017)
 PUIL 5004591-6-.2018.4.04.7203/SC da TNU: A mera menção genérica a 'hidrocarbonetos' ou 'tintas
e solventes', no PPP ou no laudo técnico, é insuficiente para caracterizar a exposição nociva a
agentes químicos. (julgado em 26/08/2021)
 PUIL 0500150-95.2019.4.05.8013/AL da TNU: A menção genérica, no formulário pertinente, a
exposição a 'defensivos agrícolas' não é prova bastante da exposição a agente agressivo prejudicial à
saúde e à integridade física durante a jornada de trabalho para fim de reconhecimento da
especialidade do tempo de contribuição, mesmo para período anterior à edição da Lei nº. 9.032/95.
(julgado em 26/08/2021)
 PUIL 0028473-29.2017.4.01.3300 da TNU: Menção genérica à exposição do trabalhador a "vapores
de fusão de metal" sem especificação dos agentes químicos integrantes. Impossibilidade de
reconhecimento do caráter especial. Tese reafirmada: a menção genérica no perfil profissiográfico
previdenciário-PPP à exposição do trabalhador a "poeiras minerais", sem indicação da espécie (sílica,
carvão, cimento, etc.), não é prova suficiente da nocividade/insalubridade da função laboral
desempenhada pelo segurado, para fins de qualificação como tempo especial. PUIL conhecido e
provido (julgado em 22/11/2017)
 Obs: não localizei jurisprudência específica do STJ sobre o tema
708
Campo 15.4. Intensidade/concentração: quantitativos e qualitativos
• Para os quantitativos indicar a concentração ou a intensidade/dose a partir de
06/03/1997 (INSS) ou 03/12/1998 (jurisprudência), que serão aferidas conforme limites
de tolerância do anexo IV do RPS ou da NR 15. Obs: ruído, calor e frio (todos os
períodos, salvo nas atividades específicas dos Decretos 53.831/64 e 83.080/79 para os
dois últimos).

• Para os qualitativos não passíveis de mensuração (óleos, por exemplo) coloca NA (ou
“qualitativo/inspeção no ambiente de trabalho”). Se passíveis, colocar a concentração
ou intensidade (para comprovar a presença no ambiente de trabalho com possibilidade
de exposição), embora a quantidade não interfira no enquadramento.
 Obs: mesmo para os mensuráveis, ao que parece, o INSS aceita a mera inspeção no
ambiente de trabalho (ver Manual de Aposentadoria Especial, pág. 147, quando
trata do benzeno). Já em relação à Sílica livre cristalizada (quartzo) o mesmo
documento parece exigir medição (fl. 52)

709
• Campo 15.5. Técnica Utilizada: meio/metodologia pelo qual se fará a aferição
e medição dos agentes nocivos. É imprescindível. Agentes quantitativos: até
31/12/2003: NR’s da Portaria nº 3.214/78 do MTE; a partir de 01/01/2004 as
NHO’s da FUNDACENTRO (ou outras instituições definidas pela MTE). Agentes
qualitativos não passíveis de mensuração: NA (não aplicável ou “inspeção no
ambiente de trabalho”).

• Obs: ver relação de técnica/metodologia por agente nocivo no Manual de


Aposentadoria Especial do INSS (https://micalex.com.br/wp-
content/uploads/2018/11/2018_09_25-Manual-Aposentadoria-Especial-Rs-600-
Atualizado-DD479-1.pdf ) e no item 24.12 deste curso.

710
• 24.7. Equipamentos de proteção coletiva (EPC) e individual (EPI)
• Campo 15.6. EPC eficaz (S/N): informação exigida nos LTCAT’s/PPP’s a partir de
13/10/1996 para o INSS e a partir de 10/11/1997 (MP nº 1.596-14/1997, convertida na
Lei 9.528/1997) para a jurisprudência.

• Primeira linha de proteção do trabalhador (NR’s 01, 04, 09 e 10). Exs: exaustores,
sistemas de ventilação, isolamento acústico, sinalização, redes de proteção, guarda
corpo e corrimão, capela química, desenergização da rede elétrica ou tensão de
segurança, bloqueio de religamento automático etc.
• Resposta sim ou não, considerando se houve ou não a eliminação ou neutralização
da nocividade.
• Como o campo 15.6. não tem identificação ou detalhamento acerca do
equipamento, somente com o LTCAT é possível verificar e aferir a existência,
identificação e eficácia do EPC

711
Campo 15.7. EPI eficaz (S/N):
 Conceito: “todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo
trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança
e a saúde no trabalho” (NR 06 do MTE)
 Temporalidade do EPI para fins de possível descaracterização da nocividade: somente
a partir de 04/12/1998 (dia posterior à publicação da MP nº 1.729/98, convertida na
Lei 9.732/98). Nesse sentido: art. 285, II, da IN 128/2022 e súmula 87 da TNU
 Tese do tema 555 do STF:
I - O direito à aposentadoria especial pressupõe a efetiva exposição do trabalhador a
agente nocivo à sua saúde, de modo que, se o EPI for realmente capaz de neutralizar a
nocividade não haverá respaldo constitucional à aposentadoria especial;
II - Na hipótese de exposição do trabalhador a ruído acima dos limites legais de
tolerância, a declaração do empregador, no âmbito do Perfil Profissiográfico
Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamento de Proteção Individual –
EPI, não descaracteriza o tempo de serviço especial para aposentadoria.

712
 RPS:
Art. 64. [...]
§ 1º A efetiva exposição a agente prejudicial à saúde configura-se quando, mesmo após a
adoção das medidas de controle previstas na legislação trabalhista, a nocividade não
seja eliminada ou neutralizada. (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020).
§ 1º-A Para fins do disposto no § 1º, considera-se: (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
I - eliminação - a adoção de medidas de controle que efetivamente impossibilitem a
exposição ao agente prejudicial à saúde no ambiente de trabalho; e (Incluído pelo Decreto nº
10.410, de 2020). Obs: conceito aplicável aos agentes nocivos qualitativos e quantitativos,
se for o caso
II - neutralização - a adoção de medidas de controle que reduzam a intensidade, a
concentração ou a dose do agente prejudicial à saúde ao limite de tolerância previsto
neste Regulamento ou, na sua ausência, na legislação trabalhista. (Incluído pelo Decreto nº
10.410, de 2020) Obs: conceito aplicável aos agentes nocivos quantitativos, se for o caso

713
 Agentes reconhecidamente cancerígenos:

• até 30/06/2020 (edição do Decreto 10.410/2020): o EPI não descaracterizava a


nocividade, ainda que eficaz (§4º do art. 68 do RPS, Portaria Interministerial
MTE/MS/MPS nº 09, de 07/10/2014, Memorando Circular Conjunto n.
2/DIRSAT/DIRBEN/INSS, de 23 de junho de 2015 e Tema 170 da TNU)

• A partir de 01/07/2020: existe previsão de descaracterização da nocividade no caso


de eliminação, conforme §4º do art. 48 do RPS, a depender do caso concreto:

§ 4º Os agentes reconhecidamente cancerígenos para humanos, listados pela


Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, serão
avaliados em conformidade com o disposto nos § 2º e § 3º deste artigo e no caput do
art. 64 e, caso sejam adotadas as medidas de controle previstas na legislação
trabalhista que eliminem a nocividade, será descaracterizada a efetiva
exposição. (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020)

714
Campo 15.8. CA EPI: indicar o número do certificado de aprovação
 Certificado de aprovação: “documento emitido pelo órgão nacional competente em
matéria de segurança e saúde no trabalho autorizando a comercialização e utilização
do EPI no território nacional”. (NR 06 DO MTE)
 CLT (art. 166 e 167):
Art. 166 - A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, equipamento de
proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento,
sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de
acidentes e danos à saúde dos empregados.
Art. 167 - O equipamento de proteção só poderá ser posto à venda ou utilizado com a
indicação do Certificado de Aprovação do Ministério do Trabalho.

 Regulamentação: NR 06 do MTE e Portaria 11.347/2000 do SEPT. A nova NR 06,


aprovada pela Portaria 2.175, de 28/07/2022, entra em vigor em 180 dias após a sua
publicação, que se deu em 05/08/2022.
715
 Responsável pela certificação: organismos e laboratórios credenciados/acreditados
pelo sistema SINMETRO/INMETRO (e não mais pelo MTE)
 Prazo de validade do CA e do EPI:
• Para fabricação e comercialização (validade do CA): em regra, de 05 anos contados da data
de emissão do CA (item 6.9.2 da NR 06, art. 13 da Portaria 11.347/2020 e NT
146/2015/CGNOR/DSST/STI do MTE). A fabricação ou comercialização (inclusive para o
empregador) de CA vencido é infração e torna o equipamento ineficaz
• Para utilização pelos empregados (validade do EPI): observar o prazo de validade do
equipamento informado pelo fabricante (item 6.9.2.1.1 da NR 06)

 Adequação ao risco: verificar EPI’s adequados e exigidos para cada agente


nocivo/risco. Ver listas de equipamentos do anexo I da NR 06 e dos anexos I a III da
Portaria 11.347/2020
 Consulta de CA: sistema de Certificado de Aprovação de Equipamento de Proteção
Individual – CAEPI (http://caepi.mte.gov.br/internet/ConsultaCAInternet.aspx)
716
717
718
719
Campo 15.9. Atendimento aos requisitos das NR-06 e NR-01 do MTP pelos
EPI’s informados:

720
 IN 128/2022 (disposição já presente em normas anteriores, com exigência a partir de
02/05/2008, conforme pág. 13 do Manual de Aposentadoria Especial do INSS)
Art. 291. Somente será considerada a adoção de Equipamento de Proteção Individual - EPI em
demonstrações ambientais emitidas a partir de 3 de dezembro de 1998, data da publicação da Medida
Provisória nº 1.729, convertida na Lei nº 9.732, de 11 de dezembro de 1998, e desde que
comprovadamente elimine ou neutralize a nocividade e seja respeitado o disposto na NR-06 do MTE,
havendo ainda necessidade de que seja assegurada e devidamente registrada pela empresa, no PPP, a
observância:
I - da hierarquia estabelecida na legislação trabalhista, ou seja, medidas de proteção coletiva, medidas
de caráter administrativo ou de organização do trabalho e utilização de EPI, nesta ordem, admitindo-se
a utilização de EPI somente em situações de inviabilidade técnica, insuficiência ou provisoriamente até a
implementação do EPC ou, ainda, em caráter complementar ou emergencial;
II - das condições de funcionamento e do uso ininterrupto do EPI ao longo do tempo, conforme
especificação técnica do fabricante, ajustada às condições de campo;
III - do prazo de validade, conforme Certificado de Aprovação do Ministério do Trabalho e Previdência
ou do órgão que venha sucedê-la;
IV - da periodicidade de troca definida pelos programas ambientais, comprovada mediante recibo
assinado pelo usuário em época própria; e

721
V - da higienização.
Parágrafo único. Entende-se como prova incontestável de eliminação
ou neutralização dos riscos pelo uso de EPI, citado no Parecer
CONJUR/MPS/Nº 616/2010, de 23 de dezembro de 2010, o
cumprimento do disposto neste artigo.
 Requisitos para verificar a eficácia do EPI declarada no PPP (SIM no
campo 15.7):
(i) analisar a temporalidade da informação: EPI eficaz somente a partir de
04/12/1998
(ii) verificar se no campo 15.8 consta(m) CA(s) válido(s) e integralmente adequado(s)
ao(s) agente(s) nocivo(s)/risco(s) ambiental(is) envolvidos(s): caso contrário, o EPI
não será eficaz
(iii) verificar se o campo 15.9 está corretamente preenchido e se todas as exigências das NR’s
06 e 01 e do art. 291 da IN 128/2022 foram cumpridas (resposta S): caso contrário, o EPI não
será eficaz
722
(iv) verificar se o caso envolve ruído (EPI sempre ineficaz: tema 555 do STF), agente
comprovadamente cancerígeno (EPI ineficaz, pelo menos até 30/06/2020) ou outro agente
para o qual exista consenso ou prova técnica acerca da ineficácia do EPI (ver Manual de
Aposentadoria especial do INSS [vibração] e discussão travada no tema 1.090 do STJ)
(v) verificar se o caso é de eliminação ou neutralização, levando em conta o agente
nocivo envolvido
(vi) Contribuinte individual e tese do tema 188 da TNU:

Após 03/12/1998, para o segurado contribuinte individual, não é possível o


reconhecimento de atividade especial em virtude da falta de utilização de equipamento de
proteção individual (EPI) eficaz, salvo nas hipóteses de: (a) exposição ao agente físico
ruído acima dos limites legais; (b) exposição a agentes nocivos reconhecidamente
cancerígenos, constantes do Grupo 1 da lista da LINACH; ou (c) demonstração com
fundamento técnico de inexistência, no caso concreto, de EPI apto a elidir a nocividade da
exposição ao agente agressivo a que se submeteu o segurado.

723
 Aspectos processuais acerca da discussão sobre a eficácia do EPI:
I. Premissa: é possível discutir a eficácia do EPI (e do EPC) nas vias administrativas
e judicial, impugnando a informação constante do campo 15.7 do PPP. Nesse
sentido:
IN 128/2022: parágrafo único do art. 280 e §§5º e 6º do art. 281

Parágrafo único. O INSS poderá solicitar o LTCAT ou as demais demonstrações ambientais,


ainda que não exigidos inicialmente, toda vez que concluir pela necessidade da análise deles
para subsidiar a decisão do enquadramento da atividade especial, estando a empresa
obrigada a prestar as informações na forma do inciso III do art. 225 do RPS.
§ 5º Sempre que julgar necessário, o INSS poderá solicitar documentos para confirmar ou complementar
as informações contidas no PPP, de acordo com § 7º do art. 68 e inciso III do art. 225, ambos do RPS.

§ 6º O trabalhador ou seu preposto terá acesso às informações prestadas pela empresa sobre o seu
perfil profissiográfico previdenciário, podendo inclusive solicitar a retificação de informações quando
em desacordo com a realidade do ambiente de trabalho, conforme orientação a ser estabelecida em ato
do Ministro de Estado do Trabalho e Previdência.

724
Portaria nº 991: art. 294
Art. 294. Constatada divergência de informações entre a CP ou CTPS e os formulários
legalmente previstos para reconhecimento de períodos alegados como especiais, ela deverá
ser esclarecida por meio de ofício à empresa ou exigência ao segurado.
Parágrafo único. Constatada divergência entre o formulário legalmente previsto para
reconhecimento de períodos alegados como especiais e o CNIS, ou entre eles e outros
documentos ou evidências, o INSS deverá analisar a questão no processo administrativo, com
adoção das medidas necessárias.

CRPS: enunciado 13, item IV (utilização analógica)


b) em caso de dúvida ou omissão quanto à indicação da técnica/metodologia utilizada para
aferição da exposição nociva ao agente ruído, o PPP não deve ser admitido como prova da
especialidade, devendo ser apresentado o respectivo Laudo Técnico de Condições Ambientais
do Trabalho (LTCAT) ou solicitada inspeção no ambiente de trabalho, para fins de verificar a
técnica utilizada na medição.

725
Tema 555 do STF (item 11 do acórdão):
“11. A Administração poderá, no exercício da fiscalização, aferir as
informações prestadas pela empresa, sem prejuízo do inafastável
judicial review. Em caso de divergência ou dúvida sobre a real
eficácia do Equipamento de Proteção Individual, a premissa a
nortear a Administração e o Judiciário é pelo reconhecimento do
direito ao benefício da aposentadoria especial. Isto porque o uso
de EPI, no caso concreto, pode não se afigurar suficiente para
descaracterizar completamente a relação nociva a que o
empregado se submete.”
IRDR 15 DO TRF DA 4ª REGIÃO (PROCESSO 5054341-77.2016.4.04.0000)
Tese fixada: A mera juntada do PPP referindo a eficácia do EPI não elide o direito do
interessado em produzir prova em sentido contrário.

726
Tese do tema 213 da TNU:
I - A informação no Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) sobre a existência de
equipamento de proteção individual (EPI) eficaz pode ser fundamentadamente
desafiada pelo segurado perante a Justiça Federal, desde que exista impugnação
específica do formulário na causa de pedir, onde tenham sido motivadamente
alegados: (i.) a ausência de adequação ao risco da atividade; (ii.) a inexistência ou
irregularidade do certificado de conformidade; (iii.) o descumprimento das normas de
manutenção, substituição e higienização; (iv.) a ausência ou insuficiência de
orientação e treinamento sobre o uso o uso adequado, guarda e conservação; ou (v.)
qualquer outro motivo capaz de conduzir à conclusão da ineficácia do EPI.
II - Considerando que o Equipamento de Proteção Individual (EPI) apenas obsta a
concessão do reconhecimento do trabalho em condições especiais quando for
realmente capaz de neutralizar o agente nocivo, havendo divergência real ou dúvida
razoável sobre a sua real eficácia, provocadas por impugnação fundamentada e
consistente do segurado, o período trabalhado deverá ser reconhecido como especial.

727
Importante: tema 1.090 do STJ pendente de julgamento (determinação da
suspensão dos processos em trâmite no 2º grau): processo de origem: IRDR
15 do TRF4. Obs: em 14/04/2023, o relator do processo, em decisão
monocrática, não conheceu do REsp e desafetou o tema (decisão transitada
em julgado em 09/06/2023). Obs: ainda está pendente RE no STF contra o
IRDR 15. As questões controversas eram:
"1) se para provar a eficácia ou ineficácia do EPI (Equipamento de Proteção
Individual) para a neutralização dos agentes nocivos à saúde e integridade física
do trabalhador, para fins de reconhecimento de tempo especial, basta o que consta
no PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário) ou se a comprovação pode ser por
outros meios probatórios e, nessa última circunstância, se a prova pericial é
obrigatória;
2) se é possível impor rito judicial instrutório rígido e abstrato para apuração da
ineficácia do EPI, como fixado pelo Tribunal de origem, ou se o rito deve ser
orientado conforme os elementos de cada contexto e os mecanismos processuais
disponíveis na legislação adjetiva;

728
3) se a Corte Regional ampliou o tema delimitado na admissão do IRDR
e, se positivo, se é legalmente praticável a ampliação;

4) se é cabível fixar de forma vinculativa, em julgamento de casos


repetitivos, rol taxativo de situações de ineficácia do EPI e, sendo
factível, examinar a viabilidade jurídica de cada hipótese considerada
pelo Tribunal de origem (enquadramento por categoria profissional,
ruído, agentes biológicos, agentes cancerígenos e periculosidade);

5) se é admissível inverter, inclusive genericamente, o ônus da prova


para que o INSS demonstre ausência de dúvida sobre a eficácia do EPI
atestada no PPP".

729
II. Hipóteses fáticas, cuidados prévios e orientações: considerando o modelo de
prova documental pré-constituída (PPP), a atribuição do ônus da prova ao
segurado (arts. 57 e 58 da Lei 8.213/91 e art. 373, I, do CPC) e a dificuldade de se
produzir provas (em especial pericial) nas esferas administrativa e judicial do
processo previdenciário:
a) Campo 15.7 (e 15.6 EPC) constando EPI ineficaz (resposta: N/não): o EPC/EPI é ineficaz,
cabendo ao INSS, se for o caso, desconstituir essa informação, através, por exemplo, da
juntada do LTCAT (o que não se vê na prática)
b) Campo 15.7 (e 15.6 EPC) constando EPI eficaz (resposta: S/sim): no caso, tratando-se de
informação que, em tese, foi (ou deveria ter sido) baseada em conclusão técnica (LTCAT),
gera presunção relativa, cabendo ao segurado impugná-la (desde a propositura do pedido
administrativo ou judicial) e desconstituí-la (com argumentos/provas técnicas e não
meras impressões pessoais), se for o caso, sob pena de preclusão e não enquadramento
do período como especial.

730
c) Verificação prévia (antes de fazer o pedido na via administrativa e/ou de intentar a
ação judicial): os campos específicos acerca do EPI/EPC (15.6 a 15.9), sob os aspectos
formal (correto e integral preenchimento) e material (conteúdo das informações),
adotando medidas de saneamento, se for o caso
d) Medidas de saneamento junto à própria empresa: solicitar LTCAT (para verificar o que o
subscritor informou acerca dos EPC’s e EPI’s), ficha de fornecimento de entrega,
higienização, treinamento, guarda e conservação dos equipamentos (obs: importante
documentar essas solicitações para fins de interesse de agir/produção de provas em
juízo)
e) via administrativa, inclusive recursal: possibilidade de renovar pedidos de apresentação
de documentos pela empresa, requerer fundamentadamente inspeção no local de
trabalho ou manifestação da Secretaria de Perícia Médica federal etc
f) Prévia retificação do PPP na Justiça do Trabalho: medida recomendada e de mais fácil
aceitação e execução em relação à justiça previdenciária (federal e estadual),
considerando a expertise (inclusive decorrente da obrigatoriedade impostas pelo art. 195,
§2º, da CLT) e mais facilidade na produção de prova técnica. Obs: os riscos de juntada de
novo PPP no decorrer da lide: preclusão e alteração da DER/DIB (ver Portaria DIRBEN nº
997/2022 e Tema 1124 do STJ)

731
g) realização de perícia no processo previdenciário: (i) necessidade de impugnação
fundamentada e específica na petição inicial acerca da informação de EPI/EPC eficaz
constante do PPP, indicando as provas que pretende produzir, sob pena de preclusão; (ii)
pode ser substituída por prova técnica simplificada (art. 264, §§2º a 4º do CPC),
especificamente a oitiva de médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho
sobre a eficácia do EPC/EPI no caso concreto (passível de ser feita no JEF?); (iii) dificuldades
e resistências da produção de prova pericial em juízo. Premissa: a descaracterização da
informação de EPC/EPI eficaz exige fundamentos/provas técnicas referentes ao caso
concreto e não meras impressões pessoais ou máximas da experiência

h) pareces e estudos técnicos acerca da ineficácia do EPC/EPI aplicado ao caso concreto:


alternativa interessante utilizado na caso do ruído no tema 555 do STF

732
• 24.8. Responsável pelos registros ambientais

• Campo 16. Identifica os responsáveis pelos registros ambientais por períodos, ou seja, quem
foi o médico do trabalho ou o engenheiro de segurança do trabalho que fez o LTCAT.
• Obs: a ausência dessa informação significa que o PPP não foi preenchido com base em LTCAT,
ou seja, não houve verificação/aferição dos agentes nocivos por médico ou engenheiro de
segurança do trabalho. O PPP não tem qualquer eficácia probatória a partir 05/03/1997 (ou
desde sempre para o agente nocivo ruído).
• Obs: para períodos anteriores a 13/10/1996 (INSS) ou 05/03/1997 (jurisprudência), salvo para o
agente nocivo ruído, fica dispensado o preenchimento do campo 16 (art. 285, I, da IN
128/2022)
733
• Tese do tema 208 da TNU:

1. Para a validade do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) como prova do


tempo trabalhado em condições especiais nos períodos em que há exigência de
preenchimento do formulário com base em Laudo Técnico das Condições
Ambientais de Trabalho (LTCAT), é necessária a indicação do responsável
técnico pelos registros ambientais para a totalidade dos períodos informados,
sendo dispensada a informação sobre monitoração biológica.

2. A ausência total ou parcial da indicação no PPP pode ser suprida pela


apresentação de LTCAT ou por elementos técnicos equivalentes, cujas
informações podem ser estendidas para período anterior ou posterior à sua
elaboração, desde que acompanhados da declaração do empregador ou
comprovada por outro meio a inexistência de alteração no ambiente de
trabalho ou em sua organização ao longo do tempo. (Julgado em 21/06/2021,
Tese com redação alterada em sede de embargos de declaração).

734
• Campo 16.1. Indicação das datas de início e do fim do período sob responsabilidade de cada
profissional: comprova a contemporaneidade ou extemporaneidade dos registros ambientais
(LTCAT ). Obs: se o trabalhador estiver em atividade e o profissional for o mesmo, não deve ser
preenchida a data de fim. Seguem exemplos:
i. Período laborado na empresa: 05/03/2002 a 04/09/2012
Agente nocivo: biológicos (vírus, fungos, bactérias etc)
Consta no campo 16.1.: Período 05/01/2002 a 10/03/2015 (com nome, CPF e CRM do médico do
trabalho responsável)
Registros ambientais/LTCAT contemporâneo: a empresa teve responsável técnico e fez
levantamentos ambientais durante todo o contrato de trabalho (PPP correto)

ii. Período laborado na empresa: 05/03/1987 a 04/09/1996


Agente nocivo: ruído
Consta no campo 16.1.: Período 05/01/2012 a 10/03/2015 (com nome, CPF e CRM do médico do
trabalho responsável)
Registros ambientais/LTCAT extemporâneos: a empresa não teve responsável técnico e não fez
levantamentos ambientais durante o contrato de trabalho (PPP incorreto e, a princípio, sem
eficácia probatória

735
• Procedimento (prévio) para correção da extemporaneidade:
i. Verificar se a empresa fez a declaração de extemporaneidade/similaridade (não alteração
no ambiente do trabalho ou em sua organização) no campo “Observações” do PPP, na
forma do art. 279 da IN 128/2022
ii. Caso negativo, solicitar declaração da empresa nesse sentido
iii. Se a empresa estiver fechada: a) verificar se o LTCAT, produzido extemporaneamente, fez
menção às condições ambientais do período pretérito trabalhado; b) utilizar de outros
meios de prova para comprovar a não alteração no ambiente de trabalho ou em sua
organização (ver tema 208 da TNU, II)
• Campo 16.2. CPF do profissional
• Campo 16.3. Registro Conselho de Classe: CRM/UF ou CREA/UF e qual o
número de registro no MTE
• Campo 16.4. Nome do profissional

736
• 3ª Seção: responsáveis pelas informações

• Campo 17. Data de emissão: PPP não tem prazo/data certa para emissão. No
entanto, essa data marca o termo final (vínculos ativos) dos registros ambientais
para fins de reconhecimento na via administrativa ou judicial. Obs: atenção nos
casos de demora entre a expedição do PPP e o protocolo administrativo ou nos
casos de necessidade de reafirmação da DER (necessidade de novo PPP para o
período complementar)
737
• Orientações de preenchimento dos campos 17 a 18.2 e observações:

738
• 24.9. Enquadramento por periculosidade
 Conceito: atividade que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem
risco/perigo acentuado à vida ou integridade física do trabalhador.
 Conceito CLT (art. 193): São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma
da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por
sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de
exposição permanente do trabalhador a: I - inflamáveis, explosivos ou energia
elétrica; II - roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de
segurança pessoal ou patrimonial. § 4o São também consideradas perigosas as
atividades de trabalhador em motocicleta. Previsão Constitucional: art .7º, XIII
 Decretos 53.831/64 e 83.080/79: autorizavam o enquadramento para agentes
perigosos ou para profissões perigosas: eletricidade (item 1.1.8), caça (2.2.2), pesca
(2.2.2), trabalhadores em túneis, edifícios e barragens (2.3.3), aeronautas (2.4.1)
extinção de fogo e guarda (2.5.7)

739
 Decreto 2.172/1997 (vigência a partir de 06/03/1997): exclui a possibilidade de
enquadramento por atividades perigosas, contemplando somente agentes químicos,
físicos ou biológicos e associação desses agentes. Obs: o enquadramento por categoria
profissional havia sido extinto em 28/04/1995 com a Lei 9.032.

 INSS: não faz o enquadramento por periculosidade a partir de 06/03/1997, por


entender que não existe base constitucional, legal e normativa (eletricidade, vigilante,
explosivos etc). Antes, fazia nas atividades listadas nos Decretos.

 Jurisprudência: o STJ entende que a previsão constitucional e legal referente ao


prejuízo “à integridade física”, aliado ao entendimento pacificado de que o rol de
agentes é exemplificativo, asseguram o enquadramento nos casos de risco/perigo após
05/03/1997, desde que a exposição seja permanente. Nesse sentido, seguem os dois
casos mais importantes julgados em sede de recursos repetitivos (eletricidade [534] e
vigilante [1.031]), que mesclam nocividade com risco:

740
741
742
 EC 103/2019: (i) excluiu o termo “prejuízo a integridade física” da previsão
constitucional; (ii) incluiu expressamente a “efetiva exposição a agentes físicos,
químicos e biológicos prejudiciais à saúde”; e (iii) no âmbito do RPPS, limitou de forma
taxativa a aposentadoria especial com base no risco aos policiais, agentes
penitenciários e socioeducativos (art. 40, §§4º e 4º-B)

• Dúvida: existe (antes ou depois da EC 103/2019) autorização constitucional para


enquadramento de atividade especial apenas por periculosidade no âmbito do RGPS?

• Obs: no âmbito do RPPS, por exemplo, desde a EC 47/2005, para legitimar a aposentadoria
diferenciada em razão do risco da atividade (policiais), constam três incisos no §4º do art.
40: I (portadores de deficiência), II (atividades de risco) e III (atividades prejudiciais à saúde
ou integridade física = a redação do art. 201 do RGPS)

• Curiosidade: a disputa acerca do enquadramento por periculosidade, com foco nos


eletricitários e vigilantes, durante a tramitação da PEC 06/2019, que deu origem à EC
103/2019

743
 STF: vai decidir a questão no tema de repercussão geral nº 1209 (RE
1.368.225), originário do tema 1.031 do STJ (com eficácia suspensa), com a
seguinte controvérsia (períodos anterior e posterior à EC 103/2019), que
talvez extrapole a discussão sobre o vigilante:
“Recurso extraordinário em que se discute, à luz dos artigos 201, § 1º, e 202, II, da
Constituição Federal, a possibilidade de concessão de aposentadoria especial, pelo
Regime Geral de Previdência Social (RGPS), ao vigilante que comprove exposição a
atividade nociva com risco à integridade física do segurado, considerando-se o
disposto no artigo 201, § 1º, da Constituição Federal e as alterações promovidas pela
Emenda Constitucional 103/2019.

744
• Obs: acerca da aposentadoria especial de guardas municipais e vigilantes
no RPPS, o STF firmou a sua jurisprudência nos seguintes termos (obs: as
contradições internas do sistema):
Ementa: Direito administrativo. Agravo interno em mandado de injunção. Guarda
municipal. Alegada atividade de risco. Aposentadoria especial. 1. Diante do caráter
aberto da expressão atividades de risco (art. 40, § 4º, II, da Constituição) e da
relativa liberdade de conformação do legislador, somente há omissão
inconstitucional nos casos em que a periculosidade é inequivocamente inerente ao
ofício. 2. A eventual exposição a situações de risco a que podem estar sujeitos os
guardas municipais e, de resto, diversas outras categorias, não garante direito
subjetivo constitucional à aposentadoria especial. 3. A percepção de gratificações
ou adicionais de periculosidade, assim como o porte de arma de fogo, não são
suficientes para reconhecer o direito à aposentadoria especial, em razão da
autonomia entre o vínculo funcional e o previdenciário. 4. Agravo provido para
denegação da ordem. (MI 6770 AgR, Relator(a): ALEXANDRE DE MORAES,
Relator(a) p/ Acórdão: ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em
20/06/2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-251 DIVULG 23-11-2018 PUBLIC 26-11-
2018)
745
EMENTA AGRAVO INTERNO EM MANDADO DE INJUNÇÃO. LACUNA
REGULAMENTADORA DO ART. 40, § 4º, II, DA MAGNA CARTA. REDAÇÃO DADA
PELA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 47/2005. EXERCENTE DO CARGO DE
VIGILANTE EM UNIVERSIDADE ESTADUAL. ATIVIDADE DE RISCO. APOSENTADORIA
ESPECIAL. “PERICULOSIDADE INEQUIVOCAMENTE INERENTE AO OFÍCIO”. NÃO
CONFIGURAÇÃO. 1. Ao julgamento dos MIs nºs 833 e 844, o Plenário deste
Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que a expressão “atividades
de risco”, veiculada no art. 40, § 4º, II, da Carta Magna, na redação dada pela EC
nº 47/2005, por sua natureza aberta, a apontar para a existência de significativa
liberdade de conformação por parte do legislador, só revela omissão
inconstitucional, suscetível de ser colmatada em mandado de injunção, no caso de
periculosidade inequivocamente inerente ao ofício. 2. Na espécie, o agravante
exerce o cargo de vigilante em universidade estadual, integrando, pois, categoria
profissional cujo leque de atribuições especializadas, por não permitir direta ilação
no sentido da presença de risco inerente, conjura a concessão da ordem
injuncional pretendida. 3. Agravo interno conhecido e não provido. (MI 6865 AgR,
Relator(a): ROSA WEBER, Tribunal Pleno, julgado em 29/11/2019, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-282 DIVULG 17-12-2019 PUBLIC 18-12-2019)

746
 Regulamentação em apreciação no Congresso Nacional: o PLP 245/2019, aprovado no
Senado Federal em maio de 2023 e pendente de votação na Câmara, pretende
regulamentar a matéria (art. 201, §1º, II, da CF/88) nos seguintes termos:
• Cria a figura das “atividades equiparadas” à exposição aos agentes nocivos químicos, físicos
e biológicos. Obs: dúvida acerca da constitucionalidade desta figura, por exemplo, em
relação aos vigilantes (categoria profissional “disfarçada”)
• Garante o enquadramento (25 anos) para:
i. a “atividade em que haja exposição a radiação não ionizante oriunda de campos
eletromagnéticos de baixa frequência que tenham como fonte a energia elétrica
oriunda de (...)”;
ii. vigilância ostensiva e transporte de valores (ainda que desarmada)
iii. Guarda municipal
• Veda a caracterização de atividade especial para o “trabalho em atividades ou
operações perigosas segundo a legislação trabalhista” (atividades não citadas
especificamente acima)

747
Art. 2º (...)

748
• Possível parâmetro de controle de constitucionalidade: arts. 40, §4º e art. 201, §1º
Art. 40 (...)
§ 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados para concessão de benefícios
em regime próprio de previdência social, ressalvado o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e
5º. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do respectivo ente federativo idade e tempo de
contribuição diferenciados para aposentadoria de servidores com deficiência, previamente submetidos a avaliação
biopsicossocial realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 103, de 2019)
§ 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do respectivo ente federativo idade e
tempo de contribuição diferenciados para aposentadoria de ocupantes do cargo de agente
penitenciário, de agente socioeducativo ou de policial dos órgãos de que tratam o inciso IV do
caput do art. 51, o inciso XIII do caput do art. 52 e os incisos I a IV do caput do art.
144. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do respectivo ente federativo idade e
tempo de contribuição diferenciados para aposentadoria de servidores cujas atividades sejam
exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou
associação desses agentes, vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

749
Art. 201 (...)

§ 1º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados para concessão de


benefícios, ressalvada, nos termos de lei complementar, a possibilidade de previsão
de idade e tempo de contribuição distintos da regra geral para concessão de
aposentadoria exclusivamente em favor dos segurados: (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

I - com deficiência, previamente submetidos a avaliação biopsicossocial realizada


por equipe multiprofissional e interdisciplinar; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)

II - cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos,


físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a
caracterização por categoria profissional ou ocupação. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)

750
 Periculosidade e rol exemplificativo: a jurisprudência tem limitado o reconhecimento às
atividades perigosas listadas no art. 193 da CLT e NR-16 do MTE: explosivos (anexo 1 e NR-19),
inflamáveis (anexo 2 e NR-20), roubos ou outras espécies de violência física nas atividades
profissionais de segurança pessoal o patrimonial (anexo 3), energia elétrica (anexo 4),
motocicleta (anexo 5) e operações perigosas com radiação ionizantes ou substâncias
radioativas (anexo sem número). Obs: e as diversas outras profissões que expõem os
trabalhadores a risco? Aqui não se aplica o rol exemplificativo como na nocividade?

 Requisito para o enquadramento/forma de constatação da periculosidade no caso concreto:


o LTCAT e o PPP (com registro expresso no campo 15.5) devem fazer o enquadramento da
atividade segundo situações, critérios, locais e especificidades da NR 16. Obs: importante
constar no LTCAT e PPP a menção à NR 16.

 Exemplos de enquadramentos judiciais com forte controvérsia: transporte de combustível


(caminhão tanque) e GLP, fábrica e armazenagem de explosivos, frentistas (etc)
 EPI (in)eficaz: analisar o caso concreto. Obs: na esfera trabalhista não há previsão legal de
neutralização do risco por meio de EPI.
751
24-10. Enquadramento por penosidade
 Conceito: ”desgaste à saúde do trabalhador ocorrido na prestação da
atividade profissional, em virtude da necessidade de dispêndio de esforço
excessivo, da necessidade de concentração permanente e contínua, e/ou
da necessidade de manutenção constante de postura” (conceito extraído
do voto do relator do IAC 5 do TRF4)
 Previsão constitucional: art .7º, XIII. Obs: sem regulamentação
legal, inclusive na esfera trabalhista
 Decretos 53.831/64 e 83.080/79: autorizavam o enquadramento
para agentes ou profissões penosas: poeiras minerais (item 1.2.10),
magistério/professores (item 2.1.4), motorista e cobradores de
ônibus/motorista e ajudante de caminhão (2.4.4)

752
 Decreto 2.172/1997 (vigência a partir de 06/03/1997): exclui a possibilidade de
enquadramento por atividades penosas, contemplando somente agentes químicos,
físicos ou biológicos e associação desses agentes. Obs: o enquadramento por
categoria profissional havia sido extinto em 28/04/1995, com a Lei 9.032.
 INSS: não faz o enquadramento por penosidade a partir de 06/03/1997, por
entender que não existe base constitucional, legal e normativa. Antes, fazia
somente para as atividades/situações listadas nos Decretos.
 Jurisprudência: o TRF4 julgou incidente da assunção de competência (IAC)
reconhecendo a possibilidade de enquadramento por penosidade nas atividades de
motorista de caminhão.
Tese: Deve ser admitida a possibilidade de reconhecimento do caráter especial das atividades
de motorista ou de cobrador de ônibus em virtude da penosidade, ainda que a atividade tenha
sido prestada após a extinção da previsão legal de enquadramento por categoria profissional
pela Lei 9.032/1995, desde que tal circunstância seja comprovada por meio de perícia judicial
individualizada, possuindo o interessado direito de produzir tal prova. (Processos 5033888-
90.2018.4.04.0000 e 5003969-41-2010.4.04.7112, acórdão publicado em 27/11/2020. Obs:
pendente RE e REsp)

753
• A TRU da 4ª Região não enquadra por penosidade:

PREVIDENCIÁRIO. INCIDENTE REGIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DE


JURISPRUDÊNCIA. TEMPO ESPECIAL. MOTORISTA.
COBRADOR. PENOSIDADE.
1. No regime posterior à Lei n. 9.032/95, impeditivo do enquadramento por
categoria profissional, o reconhecimento da natureza especial do tempo de
serviço do motorista e do cobrador de ônibus deve observar a regra geral
que exige a comprovação da efetiva exposição do segurado, de modo
permanente - não habitual, nem intermitente -, a agentes nocivos físicos,
químicos ou biológicos, ou a uma associação desses agentes, excluída
a penosidade.
2. Negado provimento ao Incidente regional de uniformização de
jurisprudência. (PUIL 5005169-49.2020.4.04.7107/RS, julgado em
29/04/2022)

754
• 24.11. Conversão entre tempos de atividade
 Art. 57 da Lei 8.213/91:
• § 3º O tempo de serviço exercido alternadamente em atividade comum e em
atividade profissional sob condições especiais que sejam ou venham a ser
consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a
respectiva conversão, segundo critérios de equivalência estabelecidos pelo
Ministério do Trabalho e da Previdência Social, para efeito de qualquer benefício.

• § 5º O tempo de trabalho exercido sob condições especiais que sejam ou venham a


ser consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a
respectiva conversão ao tempo de trabalho exercido em atividade comum,
segundo critérios estabelecidos pelo Ministério da Previdência e Assistência Social,
para efeito de concessão de qualquer benefício. (Incluído pela Lei nº 9.032, de 1995)

755
 Até 28/04/1995 (Lei 9.032): era possível a conversão de:

• Atividade comum para atividade especial


• Atividade especial para atividade comum
• Atividade especial para outra atividade especial
 Conversão de atividade comum para atividade especial: vedada a partir de 28/04/1995, salvo
para o segurado que preencheu os requisitos para a concessão da aposentadoria especial até
28/04/1995.
• Tese do tema 546 do STJ: A lei vigente por ocasião da aposentadoria é a aplicável ao direito
à conversão entre tempos de serviço especial e comum, independentemente do regime
jurídico à época da prestação do serviço.

• Súmula 85 da TNU: É possível a conversão de tempo comum em especial de período(s)


anterior(es) ao advento da Lei nº 9.032/95 (que alterou a redação do §3º do art. 57 da Lei
nº 8.213/91), desde que todas as condições legais para a concessão do benefício pleiteado
tenham sido atendidas antes da publicação da referida lei, independentemente da data de
entrada do requerimento (DER).
756
• Tabela de conversão de tempo comum para especial (divisão: tempo para : tempo
de):

757
 Conversão de atividade especial para atividade comum: vedada para períodos
laborados a partir da EC 103/2019 (14/11/2019). Foi assegurado o direito adquirido à
conversão, a qualquer tempo, dos períodos laborados antes desta data. Nesse sentido
o art. 25, §2º, da EC 103/2019 (Obs: vedação mantida no PLP 245: §2º do art. 6º)

• § 2º Será reconhecida a conversão de tempo especial em comum, na forma prevista na


Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, ao segurado do Regime Geral de Previdência
Social que comprovar tempo de efetivo exercício de atividade sujeita a condições
especiais que efetivamente prejudiquem a saúde, cumprido até a data de entrada em
vigor desta Emenda Constitucional, vedada a conversão para o tempo cumprido após
esta data. Obs: (in)constitucionalidade da vedação?

• Tese do tema 422 do STJ: Permanece a possibilidade de conversão do tempo de serviço


exercido em atividades especiais para comum após 1998, pois a partir da última reedição da
MP n. 1.663, parcialmente convertida na Lei 9.711/1998, a norma tornou-se definitiva sem
a parte do texto que revogava o referido § 5º do art. 57 da Lei n. 8.213/1991.

758
• Tabela de conversão de tempo especial para comum (divisão: tempo para : tempo de)

759
 Conversão de atividade especial para outra atividade especial: única conversão
possível para períodos laborados após 13/11/2019, uma vez que não vedada pela EC
103. Ver art. 266 da IN 128/2022. Obs: conversão mantida pelo PLP 245 (art. 6º)

• Art. 66 do RPS:
Art. 66. Para o segurado que houver exercido duas ou mais atividades sujeitas a
agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou a associação desses
agentes, sem completar em quaisquer delas o prazo mínimo exigido para a
aposentadoria especial, os respectivos períodos de exercício serão somados após
conversão, hipótese em que será considerada a atividade preponderante para
efeito de enquadramento. (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020
§ 3º A atividade preponderante será aquela pela qual o segurado tenha
contribuído por mais tempo, antes da conversão, e servirá como parâmetro para
definir o tempo mínimo necessário para a aposentadoria especial e para a
conversão. (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)

760
• Tabela de conversão de tempo especial para outro tempo especial (divisão: tempo
para : tempo de)
• :

761
 Fator de conversão: não leva em conta o fator multiplicativo em vigor quando do período
trabalhado, mas, sim, quando da aposentadoria
• Tese do tema 423 do STJ: A adoção deste ou daquele fator de conversão depende, tão
somente, do tempo de contribuição total exigido em lei para a aposentadoria integral, ou
seja, deve corresponder ao valor tomado como parâmetro, numa relação de
proporcionalidade, o que corresponde a um mero cálculo matemático e não de regra
previdenciária.
• Súmula 55 da TNU: A conversão do tempo de atividade especial em comum deve
ocorrer com aplicação do fator multiplicativo em vigor na data da concessão da
aposentadoria.

 Atividade especial do professor: a partir de 09/07/1981, data de vigência da EC


18/1981, não mais se aplica o enquadramento como atividade especial previsto no
item 2.1.4 do Anexo III do Decreto 53.831/64 (atividade penosa). OBS: para períodos
laborados após essa data o tempo não pode ser convertido de especial para comum
(Tese do tema 772 do STF)

762
24.12. Análise individualizada de alguns agentes nocivos
 Ruído (item 2.0.1 do Anexo IV do RPS)
• Art. 292 da IN 128/2022:
Art. 292. A exposição ocupacional a ruído dará ensejo à caracterização de atividade
especial quando os níveis de pressão sonora estiverem acima de 80 (oitenta) dB (A), 90
(noventa) dB (A) ou 85 (oitenta e cinco) dB (A), conforme o caso, observado o seguinte:
I - até 5 de março de 1997, véspera da publicação do Decreto nº 2.172, de 1997, será
efetuado o enquadramento de atividade especial quando a exposição for superior a 80
(oitenta) dB (A), devendo ser informados os valores medidos;
II - de 6 de março de 1997, data da publicação do Decreto nº 2.172, de 1997, até 10 de
outubro de 2001, véspera da publicação da Instrução Normativa INSS/DC nº 57, de 10
de outubro de 2001, será efetuado o enquadramento quando a exposição for superior
a 90 (noventa) dB (A);

763
III - de 11 de outubro de 2001, data da publicação da Instrução Normativa nº
57, de 2001, até 18 de novembro de 2003, véspera da publicação do Decreto
nº 4.882, de 18 de novembro de 2003, será efetuado o enquadramento de
atividade especial quando a exposição for superior a 90 (noventa) dB (A),
devendo ser anexado o histograma ou memória de cálculos; e
IV - a partir de 1º de janeiro de 2004, será efetuado o enquadramento
quando o Nível de Exposição Normalizado - NEN se situar acima de 85
(oitenta e cinco) dB (A), conforme NHO 1 da FUNDACENTRO, sendo facultado
à empresa a sua utilização a partir de 19 de novembro de 2003, data da
publicação do Decreto nº 4.882, de 2003, aplicando:
a) os limites de tolerância definidos no Quadro do Anexo I da NR-15 do MTE;
e
b) as metodologias e os procedimentos de avaliação ambiental definidos nas
NHO-01 da FUNDACENTRO.

764
• Níveis: Até 05/03/1997 (edição do Decreto 2.172) ruído acima de 80 decibéis; Entre
06/03/1997 e 18/11/2003 ruído acima de 90 decibéis; A partir de 19/11/2003 (edição
do Decreto 4.882) ruído acima de 85 decibéis
• Tese do tema 694 do STJ: O limite de tolerância para configuração da especialidade do
tempo de serviço para o agente ruído deve ser de 90 dB no período de 6.3.1997 a
18.11.2003, conforme Anexo IV do Decreto 2.172/1997 e Anexo IV do Decreto
3.048/1999, sendo impossível aplicação retroativa do Decreto 4.882/2003, que reduziu
o patamar para 85 dB, sob pena de ofensa ao art. 6º da LINDB (ex-LICC).
• Metodologias de aferição: (i) NR-15, anexo 1, até 31/12/2003. Obs: na prática, aceita-
se até “dosimetria”; (ii) NHO-01 e NEN a partir de 01/01/2004. Obs: ver teses dos
temas 1.083 do STJ e 174 da TNU
 Tema 1.083 do STJ: O reconhecimento do exercício de atividade sob condições
especiais pela exposição ao agente nocivo ruído, quando constatados diferentes
níveis de efeitos sonoros, deve ser aferido por meio do Nível de Exposição
Normalizado (NEN). Ausente essa informação, deverá ser adotado como critério o
nível máximo de ruído (pico de ruído), desde que perícia técnica judicial comprove
a habitualidade e a permanência da exposição ao agente nocivo na produção do
bem ou na prestação do serviço.
765
 Tema 174 da TNU: (a) "A partir de 19 de novembro de 2003, para a aferição
de ruído contínuo ou intermitente, é obrigatória a utilização das
metodologias contidas na NHO-01 da FUNDACENTRO ou na NR-15, que
reflitam a medição de exposição durante toda a jornada de trabalho, vedada
a medição pontual, devendo constar do Perfil Profissiográfico Previdenciário
(PPP) a técnica utilizada e a respectiva norma"; (b) "Em caso de omissão ou
dúvida quanto à indicação da metodologia empregada para aferição da
exposição nociva ao agente ruído, o PPP não deve ser admitido como prova
da especialidade, devendo ser apresentado o respectivo laudo técnico
(LTCAT), para fins de demonstrar a técnica utilizada na medição, bem como a
respectiva norma".

• Obs: para períodos posteriores a 01/01/2004, o INSS exige que o PPP informe o
valor do nível de pressão sonora em NEN e a metodologia da NHO-01 (ver quadro e
justificativas extraídos do Manual de Aposentadoria Especial):
766
767
• Após o tema 1.083 do STJ, a metodologia/técnica pode ser a NR-15,
conforme tese do tema 174 da TNU?
 O CRPS aceita, conforme Enunciado 13 (transcrito a seguir)

Tema 317 da TNU (afetado em 10/11/2022): A menção à técnica da


dosimetria ou ao dosímetro no PPP é suficiente para se concluir pela
observância das determinações da Norma de Higiene Ocupacional
(NHO-01) da FUNDACENTRO e/ou da NR-15, nos termos do Tema 174
da TNU?
• Como resolver os problemas do dia a dia dos processos?

768
 CRPS: metodologia do ruído: Enunciado 13:
I - Os níveis de ruído devem ser medidos, observado o disposto na Norma
Regulamentadora nº 15 (NR-15), anexos 1 e 2, com aparelho medidor de nível de pressão
sonora, operando nos circuitos de compensação - dB (A) para ruído contínuo ou
intermitente e dB (C) ou dB (linear) para ruído de impacto.
II - Até 31 de dezembro de 2003, para a aferição de ruído contínuo ou intermitente, é
obrigatória a utilização das metodologias contidas na NR-15, devendo ser aceitos ou o
nível de pressão sonora pontual ou a média de ruído, podendo ser informado
decibelímetro, dosímetro ou medição pontual no campo "Técnica Utilizada" do Perfil
Profissiográfico Previdenciário (PPP).
III - A partir de 1º de janeiro de 2004, para a aferição de ruído contínuo ou
intermitente, é obrigatória a utilização da técnica/metodologia contida na Norma de
Higiene Ocupacional 01 (NHO-01) da FUNDACENTRO ou na NR-15, que reflitam a
medição de exposição durante toda a jornada de trabalho, vedada a medição pontual,
devendo constar no PPP o nível de ruído em Nível de Exposição Normalizado - NEN ou
a técnica/metodologia "dosimetria" ou "áudio dosimetria".
769
• Tipos de ruído: conceitos da NHO-01, do Manual de Aposentadoria Especial do INSS
e da NR-15
(i) ruído continuo ou intermitente (anexo I da NR 15): é todo e qualquer ruído que não
está classificado como ruído de impacto ou impulsivo. Obs: para fins de avaliação
quantitativa e nocividade, não existe diferença entre ruído contínuo ou ruído
intermitente.

Ruído contínuo: se dá quando ocorrer variação dos níveis de pressão sonora de 3 dB


durante um período superior a 15 minutos.

Ruído intermitente: se dá naqueles casos em que os níveis de pressão sonora variam


até 3 dB em períodos inferiores a quinze minutos e superiores a 0,2 segundos.

(ii) ruído de impacto (anexo II da NR 15): situações em que os picos de energia acústica
têm duração inferior a um segundo a intervalos superiores a um segundo (tiros de arma
de fogo, por exemplo).

• Obs: não confundir o ruído intermitente com exposição não permanente


770
Anexo 1 da NR-15:

771
• Responsável técnico pelos registros ambientais no PPP: para todos
os períodos, uma vez que o ruído sempre exigiu LTCAT
• Tecnologia de proteção: EPI sempre ineficaz, na forma do tema 555
do STF

772
 Calor (item 2.0.4 do Anexo IV do RPS)
• IN 128/2022:
Art. 293. A exposição ocupacional ao calor dará ensejo à caracterização de atividade especial quando:
I - em ambientes com fonte artificial de calor:
a) até 5 de março de 1997, véspera da publicação do Decreto nº 2.172, de 1997, cumprida
alternativamente as condições abaixo, aplicando-se o enquadramento mais favorável ao segurado,
quando:
1. estiver acima de 28°C (vinte e oito) graus Celsius, conforme previsto no quadro Anexo ao Decreto nº
53.831, de 1964, não sendo exigida a medição em Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo -
IBUTG; ou
2. nas atividades previstas no Anexo II do Decreto nº 83.080, de 1979; Obs: códigos 2.5.1, 2.5.2 e 2.5.5
b) de 6 de março de 1997, data da publicação do Decreto nº 2.172, de 1997, até 18 de novembro de
2003, véspera da publicação do Decreto nº 4.882, de 2003, estiver em conformidade com o Anexo 3 da
NR-15 do MTE, Quadros 1, 2 e 3, atentando para as taxas de metabolismo por tipo de atividade e os
limites de tolerância com descanso no próprio local de trabalho ou em ambiente mais ameno; e

773
c) de 1º de janeiro de 2004 a 10 de dezembro de 2019, véspera da publicação da Portaria
SEPT/ME nº 1.359, para o agente físico calor, forem ultrapassados os limites de tolerância
definidos no Anexo 3 da NR-15 do MTE anteriores à edição da Portaria SEPT/ME nº 1.359, de 9
de dezembro de 2019, com avaliação segundo as metodologias e os procedimentos
adotados pelas NHO-06 da Fundacentro, sendo facultado à empresa a sua utilização a partir
de 19 de novembro de 2003, data da publicação do Decreto nº 4.882, de 2003;

II - em ambientes fechados ou ambientes com fonte artificial de calor, a partir de 11 de


dezembro de 2019, data da publicação da Portaria SEPT/ME nº 1.359, quando forem
ultrapassados os limites de tolerância definidos no Anexo 3 da NR-15 do MTE com a redação
dada pela Portaria ME nº 1.359, de 11 de outubro de 2019, com avaliação segundo as
metodologias e os procedimentos adotados pelas NHO-06 da Fundacentro.

Parágrafo único. Considerando o disposto no item 2 da parte que trata dos Limites de
Tolerância para Exposição ao Calor, em Regime de Trabalho Intermitente com Períodos de
Descanso no Próprio Local de Prestação de Serviço, do Anexo 3 da NR-15 do MTP e no art. 253
da CLT, os períodos de descanso são considerados tempo de serviço para todos os efeitos
legais." (NR)

774
• Fontes naturais X fontes artificiais:
PUIL Nº 0503754-74.2018.4.05.8312 da TNU: Somente após a entrada em vigor do
Decreto nº 2.172/97, é possível o reconhecimento como especial do labor exercido sob
exposição ao calor proveniente de fontes naturais, de forma habitual e permanente,
desde que comprovada a superação dos patamares estabelecidos no Anexo 3 da NR-
15, calculado o IBUTG de acordo com a fórmula prevista para ambientes externos com
carga solar. (julgado em 23/09/2021)
PUIL Nº 0506002-13.2018.4.05.8312 da TNU: Desde o advento do Decreto n. 2.172/97 e até
08.12.2019, é possível o reconhecimento das condições especiais do labor exercido sob
exposição ao calor proveniente de fontes naturais, de forma habitual e permanente, uma vez
comprovada a superação dos patamares estabelecidos no Anexo 3 da NR-15/MTE, calculado o
IBUTG de acordo com a fórmula prevista para ambientes externos com carga solar. A partir
da Portaria SEPRT n.º 1.359, de 09.12.2019, observar-se-á o quanto fixado nesse
normativo. (Julgado em 16/12/2021)
• Obs: A Portaria SEPRT nº 1.359/2019, que alterou o Anexo III da NR 15, somente
reconhece como insalubre a exposição ocupacional ao calor em ambientes fechados ou
ambientes com fonte artificial de calor. Assim, desde 09/12/2019, somente o calor de
fontes artificiais ou de fontes naturais em ambientes fechados autorizam o enquadramento
775
• Limites de tolerância: Anexo 3 da NR-15. Leva em conta o IBUTG, a taxa de metabolismo, o
tempo de exposição e os locais de descanso
• Metodologia de aferição e requisitos dos campos 15.4. e 15.5 do PPP:
Calor (TNU): A medição da exposição nociva ao agente físico CALOR a partir de 6/3/1997 não
prescinde da aplicação da fórmula relativa ao índice IBUTG, nos termos preconizados no Anexo
3 da NR-15 (Portaria MTb n.º 3.214, de 08 de junho de 1978). PUIL nº 0500887-
29.2018.4.05.8500/SE, julgado em 23/05/2019.
PUIL Nº 0502467-23.2020.4.05.8307/PE: A qualificação da atividade como leve, moderada ou
pesada, para fins de definição dos limites de tolerância da exposição a calor no trabalho
intermitente com períodos de descanso no próprio local de trabalho, não pode ser feita a partir da
utilização de máximas de experiência, se o PPP apura a taxa metabólica em conformidade com o
Quadro 3, do Anexo III, da NR-15 (julgado na sessão virtual de 09/09/2022 a 15/09/2022)
Obs: no dia 15/03/2023 a TNU afetou para julgamento como representativo o tema 323, com a
seguinte controvérsia: “Saber quais informações devem constar no documento técnico para
possibilitar o reconhecimento da atividade especial desempenhada com exposição ao agente físico
calor, notadamente se é imprescindível a indicação da taxa de metabolismo média ponderada para
uma hora de atividade do segurado (Kcal/h). (PUIL 0510577-41.2020.4.05.8200/PB)

776
• Metodologia: a partir de 01/01/2004 somente a NHO-06 da Fundacentro

• EPC/EPI: doutrina aponta que não existe EPI eficaz (blusões e mangas, por exemplo),
ficando o controle da exposição ao calor (eliminação ou neutralização) limitadas às
medidas coletivas, administrativas ou de organização do trabalho. (SALIBA, Tuffi
Messias. Insalubridade, Periculosidade e Aposentadoria Especial – Aspectos Técnicos
e Práticos, LUJUR Editora, 2021, p. 54)

777
778
779
780
781
Frio:
• Item 1.1.2 do Quadro anexo ao Decreto 53.831/64: quantitativo (inferior a 12ºC)

• Item 1.1.2 do Quadro anexo ao Decreto 83.080/79: nocividade vinculada à


atividade, independentemente da aferição da temperatura

782
• NR 15 – Anexo 9

• Obs: (i) o RPS deixou de prever o frio como agente nocivo a partir de 05/03/1997. O
INSS não reconhece (art. 301 da IN 128/2022); (ii) a jurisprudência, por considerar o
rol de agentes nocivos exemplificativo, faz o enquadramento com base na NR-15, de
forma qualitativa, analisando a nocividade à saúde no caso concreto, apurada pela
prova pericial (LTCAT ou elemento equivalente). (iii) em tese, existe EPI eficaz
(análise do caso concreto).
783
Biológicos: item 3.0.1 do Anexo IV do RPS

784
IN 128/2022
Art. 299. A exposição ocupacional a agentes prejudiciais à saúde de natureza biológica
infectocontagiosa dará ensejo à caracterização de atividade especial, para a qual se destaca:

I - até 5 de março de 1997, véspera da publicação do Decreto nº 2.172, de 1997, no caso do


enquadramento dos trabalhadores expostos ao contato com doentes ou materiais infecto-
contagiantes, de assistência médica, odontológica, hospitalar ou outras atividades afins, este
poderá ser caracterizado, independentemente da atividade ter sido exercida em
estabelecimentos de saúde e de acordo com o código 1.0.0 do Quadro Anexo ao Decreto nº
53.831, de 1964 e do Anexo I do Decreto nº 83.080, de 1979, considerando as atividades
profissionais exemplificadas; e
II - a partir de 6 de março de 1997, data da publicação do Decreto nº 2.172, de 1997, no que
se refere aos estabelecimentos de saúde, citados no Anexo IV do RBPS e RPS, somente serão
enquadradas nestes casos as atividades exercidas em contato com pacientes acometidos por
doenças infectocontagiosas ou com manuseio de materiais contaminados, considerando
unicamente as atividades relacionadas no Anexo IV do RBPS e RPS, aprovados pelos Decretos
nº 2.172, de 1997 e nº 3.048, de 1999, respectivamente.

785
• Tese do tema 205 da TNU: a) para reconhecimento da natureza especial
de tempo laborado em exposição a agentes biológicos não é necessário o
desenvolvimento de uma das atividades arroladas nos Decretos de
regência, sendo referido rol meramente exemplificativo; b) entretanto, é
necessária a comprovação em concreto do risco de exposição a
microorganismos ou parasitas infectocontagiosos, ou ainda suas toxinas,
em medida denotativa de que o risco de contaminação em seu ambiente
de trabalho era superior ao risco em geral, devendo, ainda, ser avaliado,
de acordo com a profissiografia, se tal exposição tem um caráter
indissociável da produção do bem ou da prestação do serviço,
independentemente de tempo mínimo de exposição durante a jornada.
• Tese do tema 211 da TNU: Para aplicação do artigo 57, §3.º, da Lei n.º
8.213/91 a agentes biológicos, exige-se a probabilidade da exposição
ocupacional, avaliando-se, de acordo com a profissiografia, o seu caráter
indissociável da produção do bem ou da prestação do serviço,
independente de tempo mínimo de exposição durante a jornada.
786
Obs:
(i) a importância da descrição das atividades no PPP, bem como de
constar o contato com pacientes portadores de doenças
infectocontagiosas ou o manuseio de materiais contaminados (se for o
caso), que não pode ser presumido em todos os casos ou
estabelecimentos de saúde, por exemplo (tipos e porte do
estabelecimento de saúde, área específica do hospital, riscos/agentes
nocivos envolvidos etc);
(ii) verificar a necessidade/conveniência de juntar LTCAT;
(iii) casos controversos: trabalhadores na limpeza, cozinheira/copeira,
motorista de ambulância, recepcionista etc

787
• Critério de enquadramento e metodologia: qualitativo e inspeção no local de trabalho
• EPC/EPI: segundo o Manual de Aposentadoria Especial do INSS, atualizado pelo
Despacho Decisório nº 479/DIRSAT/INSS, de 25/09/2018, é possível, em tese, haver EPI
eficaz

788
Vibração/Trepidação:
IN 128/2022

Art. 296. A exposição ocupacional a vibrações, localizadas ou no corpo inteiro, dará ensejo à
caracterização de atividade especial quando:
I - até 5 de março de 1997, véspera da publicação do Decreto nº 2.172, de 1997, poderá ser
qualitativa, nas atividades descritas com o código 1.1.4 no Anexo I do Decreto nº 83.080, de 1979, ou
quantitativa, quando a vibração for medida em golpes por minuto (limite de tolerância de 120/min), de
acordo com o código 1.1.5 do Quadro Anexo do Decreto nº 53.831, de 1964;
II - a partir de 6 de março de 1997, quando forem ultrapassados os limites de tolerância definidos
pela Organização Internacional para Normalização - ISO, em suas Normas ISO nº 2.631 e ISO/DIS nº
5.349, respeitando-se as metodologias e os procedimentos de avaliação que elas autorizam; e
III - a partir de 13 de agosto de 2014, quando forem ultrapassados os limites de tolerância definidos no
Anexo 8 da NR-15 do MTE, com avaliação segundo as metodologias e os procedimentos adotados
pelas NHO-09 e NHO-10 da FUNDACENTRO, sendo facultado à empresa a sua utilização a partir de 10
de setembro de 2012, data da publicação das referidas normas.

789
• Código 1.1.5 do Quadro Anexo do Decreto nº 53.831, de 1964:

• Código 1.1.4 no Anexo I do Decreto nº 83.080, de 1979:

1.1.4 TREPIDAÇÃO Trabalhos com 25 anos


perfuratrizes e marteletes
pneumáticos.

790
• Código 2.0.2 do Anexo IV do Decreto nº 3.048/99:

VIBRAÇÕES
2.0.2 a) trabalhos com perfuratrizes e 25 ANOS
marteletes pneumáticos.

• O INSS somente reconhece nos trabalhos com perfuratrizes e marteletes pneumáticos


• O próprio INSS, no Manual de Aposentadoria Especial, reconhece que somente existem
limites de tolerância a partir de 14/08/2014, com a sua inclusão no Anexo 8 da NR-15
• Limites de tolerância: (i) VMB: aren superior a 5m/s2; (ii) VCI: aren superior a 1,1 m/s2
ou VDVR (valor da dose da vibração resultante) superior a 21,0 m/s1,75
• Metodologia: (i) até 05/03/1997 por inspeção no ambiente do trabalho; (ii) até
12/08/2014 conforme NR-15 e ISO’s 2631 e 5349; (iii) a partir de 13/08/2014 na forma
das NHO’s 09 e 10 da Fundacentro

791
• Na via judicial é possível enquadrar em razão de outras atividades (motorista de
caminhão ou ônibus, por exemplo, desde que ultrapassados os limites de
tolerância), em razão do caráter exemplificativo das atividades, mas o cenário nem
sempre é favorável
• TRF3: [...]. 15 - Além disso, não se considera como trabalho especial a exposição a
vibração de corpo inteiro (VCI) do motorista e do cobrador de ônibus, ante a ausência de
previsão legal nesse sentido. A nocividade desse agente somente é reconhecida aos
trabalhos em que são utilizados "perfuratrizes e marteletes pneumáticos", consoante
indicam o código 1.1.5 do Decreto n° 53.831/64, código 1.1.4 do Decreto n° 83.080/79,
código 2.0.2 do Decreto n° 2.172/97 e código 2.0.2 do Anexo IV do Decreto nº 3.048/99.
Precedentes. [...] (Apelação Cível, 5012016-24.2018.4.03.6183, 7º Turma, julgado em
23/09/2022, DJEN data 29/09/2022)
• EPC/EPI: o controle da exposição é feito somente por meio de medidas coletivas,
administrativas ou de organização (limitação do tempo, por exemplo). O próprio INSS (Manual
de Aposentadoria Especial) reconhece que não existe EPI Eficaz. No mesmo sentido Tuffi
Messias Saliba (ob. cit. ps. 65/66).

792
Agentes químicos
• Conceito: substâncias, compostos ou produtos com composição bem definida que
possam penetrar no organismo pela via respiratória nas formas de poeiras, fumos,
névoas, neblinas, gases, vapores ou particulados dispersos no ar, ou ser absorvidos
pelo contato com a pele/olhos ou ingestão, observadas a natureza e as situações de
exposição ocupacional.
• Exposição ocupacional: geralmente ocorre em recintos fechados, dependente de
vários fatores: atividade ou tarefa desenvolvida, área ou local de trabalho, estado
físico do produto (sólido, líquido ou gasoso) e suas propriedades físico-químicas
(volatilidade, solubilidade, temperatura de ebulição etc), duração da exposição
(intensidade), movimentação dos materiais que são fontes de gases, vapores e
poeiras, condições de ventilação, movimentação dos trabalhadores pelo local etc.
• Nocividade: potencial de causar danos à saúde humana quando inaladas, ingeridas
ou em contato com pele/olhos (corrosão ou irritação da pele, lesões oculares,
sensibilidade respiratória, mutagenicidade, carcinogenicidade, toxicidade à
reprodução etc).
793
• Carcinogenicidade: reconhecida pela legislação brasileira de acordo
com a LINACH (Portaria Interministerial MTE/MS/MPS nº 9, de
07/10/2014), que divide os agentes em três grupos: (i) grupo 1:
carcinogênicos para humanos; (ii) grupo 2A: provavelmente
carcinogênicos para humanos; (iii) grupo 2B: possivelmente
carcinogênicos para humanos. A IARC – Agency for Reserch Cancer
traz a seguinte classificação:

794
AGENTES QUÍMICOS CANCERÍGENOS
AGENTES QUÍMICOS CANCERÍGENOS
• Identificação e composição dos agentes químicos: são utilizados bancos de
dados que identificam a substância química ou sua estrutura molecular para
estabelecer critérios de exposição e utilização, nocividade, limites de tolerância etc.
Como exemplos temos o CAS: Chemical Abstracts Service (EUA).
A ABNT (Norma Brasileira NBR 14725, de 2009) e a NR-26 adotaram o sistema
GHS/ONU (Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação de Rotulagem de
Produtos Químicos), devendo as empresas fornecedores disponibilizar as Fichas de
Informação de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ), que podem ser consultadas
em sites de busca da internet. Essa ficha deve conter: I - identificação do produto e da
empresa; II - identificação dos perigos; III - composição e informação dos ingredientes
- apenas se declaram os ingredientes classificados como perigosos e em concentração
acima dos valores de corte; IV - medidas de primeiros socorros; V - medidas de
combate a incêndio; VI - medidas de controle para derramamento ou vazamento; VII -
manuseio e armazenamento; VIII - controle da exposição e EPI; IX - propriedades
físico-químicas; X - estabilidade e reatividade; XI - informações toxicológicas; XII -
informações ecológicas; XIII - considerações sobre tratamento e disposição; XIV -
informações sobre transporte; XV - regulamentações; e XVI - outras informações.
797
• Exemplo FISPQ: Gasolina
(https://www.vibraenergia.com.br/sites/default/files/2021-09/fispq-
comb-gaso-auto-gasolina-comum-c.pdf)

798
799
800
801
802
803
804
• Exemplo FISPQ: Óleo Diesel
https://www.vibraenergia.com.br/sites/default/files/2021-09/fispq-comb-oleodiesel-
auto-oleodiesel-b-s500-petrobras-grid.pdf

805
806
807
808
809
810
• Exemplo FISPQ: Óleo lubrificante LUBRAX TECNO 15W40
https://www.lubrax.com.br/sites/lubrax/files/fichas-de-
seguranca/FISPQ_BR_PT_LUBRAX_TECNO_15W40.pdf

811
812
813
814
815
816
817
818
819
820
• Exemplo FISPQ: Óleo Mineral USP
https://assets.ctfassets.net/21bfs0ur5idm/2ToLRjsRcxEWbTPhh45gO5/3afa5
7bbe3ecf162babaec55582f5c4a/OLEO_MINERAL_USP_-_FISPQ.PDF

821
822
823
824
• Exemplo FISPQ: THINNER
http://autofix.ind.br/fichas/FISPQ%20THINNER%209100.pdf

825
826
827
828
829
• Exemplo FISPQ: QUEROSENE
http://www.transleone.com.br/img/servicos/FISPQS/QUEROSENE/139%20QUEROSENE%
20-%20ONU1223-convertido.pdf

830
831
832
 Agentes químicos listados nas normas previdenciárias:
• Anexo IV do RPS (itens 1.0.1 a 1.0.19): arsênio, asbesto, benzeno, berílio, bromo, cádmio,
carvão mineral e seus derivados, chumbo, cloro, cromo, dissulfeto de carbono, fósforo, iodo,
manganês, mercúrio, níquel, petróleo, xisto betuminoso, gás natural e seus derivados, sílica
livre, outras substâncias químicas (estireno; butadieno-estireno; acrilonitrila; 1-3 butadieno;
cloropreno; mercaptanos, n-hexano, diisocianato de tolueno (tdi); aminas aromáticas, aminas
aromáticas, aminobifenila, auramina, azatioprina, bis (cloro metil) éter, 1-4 butanodiol,
dimetanosulfonato (mileran), ciclofosfamida, cloroambucil, dietilestil-bestrol, acronitrila,
nitronaftilamina 4-dimetil-aminoazobenzeno, benzopireno, beta-propiolactona, biscloroetileter,
bisclorometil, clorometileter, dianizidina, diclorobenzidina, dietilsulfato, dimetilsulfato,
etilenoamina, etilenotiureia, fenacetina, iodeto de metila, etilnitrosuréias, metileno-
ortocloroanilina (moca), nitrosamina, ortotoluidina, oxime-talona, procarbazina,
propanosultona, 1-3-butadieno, óxido de etileno, estilbenzeno, diisocianato de tolueno (tdi),
creosoto, 4-aminodifenil, benzidina, betanaftilamina, estireno, 1-cloro-2, 4 - nitrodifenil, 3-
poxipro-pano

Obs: em vigor a partir de 05/03/1997 (o rol do Decreto 2.172/1997 era idêntico)


833
• Exemplos de dois itens específicos, relacionando agentes nocivos e atividades
(exemplificativas):

834
• Quadro anexo do Decreto 53.831/64 (itens 1.2.1 a 1.2.11):
arsênio, berílio, cádmio, chumbo, cromo, fósforo, manganês,
mercúrio, outros tóxicos inorgânicos, poeiras minerais nocivas
(sílica, carvão, cimento, asbesto e talco), Tóxicos orgânicos
(hidrocarbonetos[ano, eno, ino], ácidos carboxílicos, álcoois,
aldehydos, cetona, esteres, éteres, amidas, aminas
Obs: no item 1.2.11, referente a tóxicos orgânicos (hidrocarbonetos),
constam como serviços e atividades profissionais: Trabalhos permanentes
expostos às poeiras; gases, vapores, neblinas e fumos de derivados do carbono
constantes da Relação Internacional das Substâncias Nocivas publicada no
Regulamento Tipo de Segurança O.I.T. - Tais como: cloreto de metila, tetracloreto de
carbono, tricoloroetileno, clorofórmio, bromureto de metila, nitro benzeno, gasolina,
alcoois, acetona, acetatos, pentano, metano, hexano, sulfureto de carbono, etc.

Obs: em vigor até 05/03/1997


835
• Quadro anexo I do Decreto 83.080/79 (itens 1.2.1 a 1.2.12): arsênio,
berílio ou Glícínio, cádmio, chumbo, cromo, fósforo, manganês, mercúrio, ouro,
hidrocarbonetos e outros compostos de carbono, outros tóxicos: associação de
agentes, sílica, silicatos, carvão, cimento e amianto)
Obs: no item 1.2.10, referente a hidrocarbonetos, consta como como serviços e atividades
profissionais: Fabricação de benzol, toluol, xílol (benzeno, tolueno e xileno). Fabricação e aplicação
de inseticidas clorados derivados de hidrocarbonetos. Fabricação e aplicação de inseticidas e
fungicidas derivados do ácido carbônlco. Fabricação de derivados halogenados de hidrocarbonetos
alifáticos: cloreto de metila, brometo de metila, clorofórmio, tetracloreto de carbono, dicloretano,
tetracloretano, tricloretileno e bromofórmio. Fabricação e aplicação de Inseticida à base de sulfeto-
de carbono. Fabricação de seda artificial (viscose). Fabricação de sulfeto de carbono. Fabricação de
carbonilida. Fabricação de gás de iluminação. Fabricação de solventes para tintas, lacas e vernizes,
contendo benzol, toluol e xilol.
Obs: em vigor até 05/03/1997
Obs: no que toca aos hidrocarbonetos houve vinculação da nocividade somente a
atividades com intensa exposição, em regra em locais fechados e no processo de
fabricação de produtos.

836
• Agentes listados na NR-15: ver anexos 11, 12 (poeiras minerais), 13 (arsênico, carvão,
chumbo, cromo, fósforo, hidrocarboneto e outros compostos de carbono, mercúrio,
silicatos, substâncias cancerígenas e operações diversas) , e 13-A (benzeno)
No anexo 13 consta para hidrocarbonetos:

837
838
• Agentes quantitativos (somente a partir de 03/12/1998 para a TNU. Para
o INSS a partir de 06/03/1997): agentes químicos listados nos anexos 11 e
12 da NR-15 (gases, vapores e poeiras minerais). Medição em ppm ou
mg/m3. Exemplos: acetaldeído (etanol), acetona, ácido clorídrico, álcool
etílico, amônia, butano, cloreto de etila, cloreto de metila, cloro, chumbo,
bromo, dióxido de carbono, éter elítico, tolueno, xileno etc

839
• Agentes qualitativos: agentes químicos do anexo 13 e 13-A da NR-15 e os
reconhecidamente cancerígenos para humanos (asbesto, sílica, benzeno
etc). Independem da quantidade mensurada (embora alguns sejam
mensuráveis), bastando a presença no ambiente de trabalho com efetiva
exposição ocupacional. Exemplos: arsênio, berilo, cádmio, carvão, cromo,
fósforo, iodo, mercúrio, níquel, alguns hidrocarbonetos etc.

“PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. DIREITO PREVIDENCIÁRIO.


APOSENTADORIA ESPECIAL. HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS: GRAXAS E ÓLEOS.
AVALIAÇÃO APENAS QUALITATIVA. AVALIAÇÃO QUANTITATIVA: INTENSIDADE E
CONCENTRAÇÃO. ART. 58, §1°, DA LEI N. 8.213/91, COM A REDAÇÃO QUE LHE FOI DADA PELA
LEI N. 9.732/98. ANEXO 13 DA NR 15. PRECEDENTES DESTA TURMA NACIONAL. INCIDENTE
CONHECIDO E PROVIDO. (TNU: PEDILEF 0002293-42.2014.4.03.6301, Relator Juiz Federal
Bianor Arruda Bezerra Neto, julgado em: 22/08/2019).

840
• Metodologia/técnica a ser utilizada: art. 297 da IN 128/2022:
Do Agente prejudicial à saúde Químico
Art. 297. Para caracterização da atividade especial por exposição ocupacional a agentes
químicos e a poeiras minerais constantes do Anexo IV do RPS, a análise deverá ser realizada:
I - até 5 de março de 1997, véspera da publicação do Decreto nº 2.172, de 1997, de forma
qualitativa em conformidade com o código 1.0.0 do Quadro Anexo ao Decreto nº 53.831, de
1964 ou Código 1.0.0 do Anexo I do Decreto nº 83.080, de 1979, por presunção de exposição;
II - a partir de 6 de março de 1997, em conformidade com o Anexo IV do RBPS, aprovado pelo
Decreto nº 2.172, de 1997, ou do RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 1999, dependendo
do período, devendo ser avaliados conformes os Anexos 11, 12, 13 e 13-A da NR15 do MTE;
(Obs: quantitativo, a depender do agente nocivo e do período) e
III - a partir de 1º de janeiro de 2004 segundo as metodologias e os procedimentos adotados
pelas NHO-02, NHO-03, NHO-04 e NHO-07 da FUNDACENTRO, sendo facultado à empresa a
sua utilização a partir de 19 de novembro de 2003, data da publicação do Decreto nº 4.882, de
2003.
Obs: para a TNU, a análise quantitativa tem início em 03/12/1998
841
 Hidrocarbonetos: item elaborado a partir da seguinte bibliografia: 1) Nota Técnica nº 1/2022/EARJ
(processo nº 47648.001113/2021-13), emitida pela FUNDACENTRO; 2) Nota Técnica nº
2/2022/EARJ (processo nº 00804.00002/2022-67), emitida pela FUNDACENTRO como amicus curiae
nos autos do processo referente ao tema 298 da TNU; 3 Memorial “Contribuição para Elucidação de
Controvérsia” referente ao tema 298 da TNU, emitido em 25/02/2022 pela ABHO – Associação
Brasileira de Higienistas Ocupacionais; 4) Nota Técnica GSS 001/2022, emitida pela Gerência
Institucional de Saúde e Segurança do Trabalho da FIRJAN/SESI como amicus curiae nos autos do
processo referente ao tema 298 da TNU; 5) SALIBA, Tuffi Messias, Insalubridade e Periculosidade –
Aspectos Técnicos e Práticos (LTr, 14º edição) e Insalubridade, Periculosidade e Aposentadoria
Especial – Aspectos Técnicos e Práticos (Lujur, 1ª edição); 5) Manual de Aposentadoria Especial do
INSS.

• Conceito: são moléculas apolares e formadas por átomos de carbono e hidrogênio unidas
por ligação covalente, muito frequentes em ambientes de trabalho. É uma designação
genérica de todos os produtos que contenham moléculas de hidrogênio (H) e carbono (C ).
São originados (derivados) do petróleo, xisto ou hulha.
• Utilização/destinação: os hidrocarbonetos são considerados os compostos orgânicos mais
simples, estando presentes em diversas substâncias químicas de grande importância
econômica como combustíveis, plásticos, ceras, solventes, óleos, cosméticos e indústria
farmacêutica e alimentícia.
842
• Fatores determinantes de toxicidade: os principais determinantes da toxicidade
relacionada aos hidrocarbonetos são: o seu estado físico, as suas características físico-
químicas, a sua forma de absorção pelo organismo e os seus mecanismos de toxicidade,
além das características de como ocorre a sua exposição (magnitude, duração, frequência).

• Classes: (i) aromáticos: possuem anel aromático (anel benzênico) como parte de sua
estrutura; (ii) alifáticos: não possuem anel aromático (anel benzênico) como parte de sua
estrutura

 Alifáticos: (i) os de baixo peso molecular não possuem toxicidade específica e agem
apenas como asfixiantes simples (metano, etano e acetileno, por exemplo); (ii) os de
médio peso molecular podem apresentar efeitos irritativos em peles e mucosas e por
inalação de seus vapores algum efeito neurotóxico por como o hexano; (iii) os de maior
peso molecular podem ter efeitos adversos como irritação de peles e mucosas como o
octadecano; (iv) nenhum dos hidrocarbonetos alifáticos são classificados como
reconhecidamente carcinogênicos – grupo 1 da LINACH. Apenas o 1,3 Butadieno
consta no grupo 2A da lista.

843
 Aromáticos:
(i) utilizados como aditivos para aumento da octanagem de motores, matéria prima para
borrachas sintéticas, fertilizantes, explosivos etc.
(ii) o fato de possuir um anel aromático (benzênico) em sua estrutura não implica em
apresentar as mesmas propriedades físico-químicas e toxicológicos do agente químico
benzeno. Exemplos: ácido acetilsalicílico (aspirina), dodecil benzeno sulfonato de sódio
(detergente comum), aminoácidos fenilalanina e triptofano etc;
(iii) os de médio peso molecular têm efeitos à saúde semelhantes aos alifáticos, podendo
alguns apresentar efeitos tóxicos específicos;
(iv) “Dentro dessa classe apenas o benzeno é reconhecidamente carcinogênico classificado
como Grupo 1 da LINACH. Por se tratar de molécula e não de um elemento químico, o que
tem relevância para exposição ocupacional é o percentual de benzeno que possa existir
em uma mistura (relevante se a concentração for maior que 0,1% em massa, segundo o
Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Substâncias Químicas
– GHS/NR26).”

844
(v) “Os hidrocarbonetos aromáticos polinucleares de elevado peso molecular são
sólidos e muito pouco voláteis. Suas principais vias de exposição são através do
contato com a pele ou por inalação de aerossóis que podem se formar em algumas
atividades. Essa classe de hidrocarbonetos pode apresentar efeitos sensibilizantes
dérmicos, mutagênicos, carcinogênicos ou tóxicos à reprodução. Ressaltamos que a
única substância nessa classe de hidrocarbonetos que é reconhecidamente
carcinogênica é o benzopireno. (LINACH). Chamados de HAP’s: hidrocarbonetos
aromáticos policíclicos ou polinucleados.
• Frações mais pesadas do petróleo e xisto são ricas em HAP’s. Óleos não refinados
(mais antigos) contém HAP’s. Querosene não.
• Existe uma grande variedade de hidrocarbonetos com propriedades físico-químicas
diferentes, alguns nocivos e outros não nocivos à saúde, a depender de sua
composição química
• A exposição ocupacional se dá por inalação de gases ou vapores e pelo contato
dérmico com líquidos (óleos, por exemplo).

845
• Até 05/03/1997, os decretos faziam menção a hidrocarbonetos de forma genérica,
com citação de substâncias como gasolina, álcoois, acetona, tolueno, xileno etc e
com indicação de algumas atividades nas quais a exposição seria presumidamente
nociva.
• A partir de 05/03/1997, os decretos fazem menção expressa, somente, a
hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAP’s), conforme itens 1.0.17 (petróleo,
xisto betuminoso e gás natural) e 1.0.7 (carvão mineral e seus derivados), além de
hidrocarbonetos específicos conforme relação do item 1.0.3 e 1.0.19 do Anexo IV do
RPS. Obs: no entanto, mantém como agentes nocivos as substâncias deles
derivados.

846
 Óleos Minerais e graxas: informações relevantes das notas técnicas da
FUNDACENTRO e da ABHO:
• Conceito: o termo óleo mineral, diferente dos compostos até agora apresentados, refere-se
a uma mistura de hidrocarbonetos, com estado físico líquido a temperatura ambiente,
composta em sua maior parte por hidrocarbonetos de cadeia aberta com ligações simples e
duplas (alcanos e alcenos).
• FUNDACENTRO:
2.6.1. Os óleos minerais são derivados do petróleo, e portanto, constituídos de mistura complexa
de uma grande variedade de substâncias, principalmente hidrocarbonetos de elevado peso
molecular, de cadeia longa contendo entre 15 a 50 carbonos, podendo tanto ser alifáticos
(hidrocarbonetos de cadeias abertas ou fechadas – cíclicas – não aromáticas) como aromáticos
(apresentam como cadeia principal anéis aromáticos).
2.6.2. O Óleo mineral é uma classe de compostos que compreende uma diversidade de
produtos, tais como óleo básico lubrificante, parafina líquida, petrolato líquido pesado, óleo
branco ou vaselina líquida. É um produto secundário obtido a partir do refino e
beneficiamento do petróleo cru. [...]
2.6.4. Quanto a sua nocividade, os óleos minerais altamente purificados (portanto isentos de
HPAs) não têm potencial carcinogênico e podem ser usados inclusive em medicamentos ou
cosméticos.
847
2.6.5. Como exemplo, algumas unidades de refino tem como produto final Microcrystalline
Parafin Wax 170/190, um tipo de parafina aprovada pela agência governamental americana
responsável pela regulamentação de alimentos e medicamentos para consumo nos EUA - FDA
178.37107 . No Brasil, essa parafina é utilizada nas indústrias alimentícia, farmacêutica e
cosmética. Neste produto obviamente não há agente químico cancerígeno, dada sua utilização
em produtos alimentícios comercializados em grande escala. Já em outras refinarias, um dos
produtos finais é o óleo Spindle 60, que é utilizado pela indústria farmacêutica como base para
a produção de óleo corporal para bebês (por ex.: Óleo Jonhson´s r ).

2.6.6. Óleos minerais não tratados, contendo hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, quais
sejam, óleos minerais não refinados ou parcialmente refinados com teor (% em massa) de
hidrocarbonetos policíclicos aromáticos maior que 3% extraível com DMSO pelo método IP
346, podem ser considerados potencialmente carcinogênicos e por essa razão, estão
relacionados no Anexo XIII da NR15 para análise qualitativa.
2.6.7. Vale dizer que na década de 70, à época da redação do Anexo XIII da NR 15/1978, não
existia o controle do grau de refino dos óleos minerais para remover o conteudo de HPA,
justificando-se que à regulação visava proteger os trabalhadores à exposição desses produtos.
Entretanto a partir da década de 1980, os óleos minerais destinados a fabricação de
lubrificantes e graxas passaram a ser refinados para remoção dos HPAs.
848
2.6.8. A partir da década de 90, o método IP 346 passou a ser utilizado para determinação do teor de
HPA e, atualmente, os óleos minerais utilizados nas indústrias são altamente refinados e contém
menos de 3% em massa de extrato em DMSO determinado pelo método IP 346. Essa informação está
contida, usualmente, nas fichas de óleos minerais ou de produtos produzidos nas refinarias brasileiras.
Como vemos podemos ver, por exemplo, no recorte da ficha de produto abaixo:

Conclusão da FUNDACENTRO:

3. CONCLUSÃO
3.1. Destacamos, por fim, os seguintes pontos:
a) Compreender a classificação e composição química dos compostos químicos
e, a partir desse ponto, concluir a avaliação da sua nocividade.

b) Utilizar o número CAS associado como parâmetro de busca.

849
c) Observar sempre os critérios utilizados para de avaliação qualitativa, afastando
a presunção da exposição ocupacional pela simples presença de qualquer agente
no ambiente de trabalho.
d) Hidrocarbonetos refere-se a uma ampla gama de produtos com composição e toxicidade
variadas desde produtos seguros para consumo humano até produtos cuja exposição pode
causar câncer.
e) Nem toda substância que contêm anel aromático de 06 carbonos (anel benzênico) tem as
mesmas características toxicológicas do benzeno.
f) Os produtos que contêm óleo mineral, tais como lubrificantes, óleos de corte e graxas,
somente são classificados como carcinogênico se o teor de hidrocarbonetos policíclicos
aromáticos (HPA) presente na composição do óleo for maior que 3% extraível com DMSO
pelo método IP 346. O que somente correrá se o óleo não for refinado. Obs: em regra, o
DMSO/IP 346 consta da Seção 3 da FISPQ
3.2. Em função do exposto acima, concluímos que a indicação genérica de exposição a
"hidrocarbonetos" ou "óleos e graxas" não é suficiente para caracterizar a atividade como
especial

850
• ABHO (destaques no original):
Equivoca-se quem afirma, de forma genérica, que a mera manipulação de óleo apresenta risco
à saúde, caracterizando-se a insalubridade, e consequentemente, gerando direito à
aposentadoria especial, usando como base os termos do Anexo 13 da NR-15. O mesmo se diga
com relação à alegação generalizada de que a exposição a hidrocarbonetos, sem se especificar
que hidrocarboneto é, também ensejaria a insalubridade e a aposentadoria especial.
O ponto central, do qual decorrem vários outros aspectos do equívoco, está na premissa de
uma qualidade (uma má qualidade, a carcinogenicidade) como genérica de duas famílias de
substâncias (óleos e graxas / hidrocarbonetos) que, na verdade, possuem centenas a milhares
de elementos químicos, que não são necessariamente “iguais” em suas características e
nocividade. [...]
Com relação ao Anexo 13 da NR-15, vale lembrar que o mesmo é datado de 1978,
sendo essencialmente a replicação de diversas atividades constantes da extinta
Portaria n. 491 de 1965, que previa essa insalubridade para os óleos minerais
utilizados nas décadas de 60/70.

851
Nessa época tal caracterização se justificava porque os óleos e graxas utilizados eram óleos
aromáticos, não refinados, ou com baixo refino, com uma quantidade de contaminantes
presentes, inclusive benzeno, e, que por isso, eram cancerígenos.
Eram óleos comprometidos em sua pureza, sendo que, em pleno século 21, as necessidades
tecnológicas atuais não dão espaço para o uso de óleos de baixa qualidade técnica e, além disso,
de alto risco para a saúde dos trabalhadores.
Em função disso, é necessário, sempre, especificar a COMPOSIÇÃO do óleo ou graxa a que o
trabalhador está exposto. Só com essa informação será possível verificar se ele é ou não uma
substância carcinogênica. [...]
O IARC - Agency for Research on Cancer, maior instituição em pesquisa de câncer no
mundo, classifica as substâncias que estuda em quatro categorias ou Grupos de
classificação de carcinogênicos a saber: [...]
O IARC só classifica como cancerígeno o óleo bruto ou aquele fracamente refinado.
Obs: a LINACH somente enquadra no grupo 1 (carcinogênicos confirmados) os “óleos
minerais (tratados ou pouco tratados)”

852
Os óleos altamente refinados, que são utilizados há décadas em nosso país, são classificados
como “Grupo 3 - Não classificável como carcinogênico para humanos”.
Trata-se de óleos parafínicos ou naftênicos, que são óleos altamente refinados, ao contrário
dos aromáticos, que geralmente eram contaminados com benzeno e outros carcinogênicos
reconhecidos. [...]
Pesquisas mostram que o óleo mineral, por si só, não produz qualquer malefício ao organismo
humano. Ademais, é utilizado para a fabricação de medicamentos, cosméticos e até
equipamento de proteção individual para os membros superiores, tais como: [...]
O simples nome “óleo mineral” não pode ser suficiente para a caracterização de uma
insalubridade. Há que se identificar que óleo é, qual a sua composição. Se pode causar
potencialmente o dano para o qual a norma foi prevista. [...]
Com base em todos os aspectos técnicos apresentados neste Memorial, a resposta concisa à
indagação feita relativamente ao Tema 298: a indicação genérica de exposição a
"hidrocarbonetos" ou "óleos e graxas" é suficiente para caracterizar a atividade como
especial? é NÃO! A INDICAÇÃO GENÉRICA DE EXPOSIÇÃO A HIDROCARBONETOS OU ÓLEOS E
GRAXAS não é suficiente para caracterizar a atividade como especial.

853
1. A necessidade de identificar claramente “de que agente químico se trata”, não devendo ser
aceita a designação genérica das “famílias” óleo mineral ou hidrocarbonetos.
2. Quando o produto químico se tratar de misturas, ou contiver impurezas, identificar os
componentes críticos para verificar, individualmente, primeiramente, o seu enquadramento
no Anexo 11 ou Anexo 12 da NR-15, da Portaria 3.214/78, ensejando sua quantificação
competente. Só não havendo esse enquadramento, verificar se podem ser caracterizados de
forma qualitativa pelo Anexo 13 da mesma Portaria, desde que atendam os requisitos
previstos nesse Anexo e que a avaliação profissional entenda que, de acordo com o
conhecimento técnico atual, a atividade, na forma como exercida, oferece risco à saúde do
trabalhador. Isto é, a caracterização pelo Anexo 13 exige a inspeção especializada no local de
trabalho.
3. Compreender como ocorre a exposição, suas vias de ingresso (respiratória, dérmica).
4. Compreender a adequação e a eficiência dos meios de proteção coletiva e individual na
exposição.
5. Necessariamente reverter para a avaliação quantitativa sempre que qualquer componente
da mistura possuir limite de tolerância definido nos Anexos 11 ou 12 da NR15.

854
 Conclusão: ao que parece, está correta a tese definida pela TNU no tema
298, nos seguintes termos:
A partir da vigência do Decreto 2.172/97, a indicação genérica de exposição
a "hidrocarbonetos" ou "óleos e graxas", ainda que de origem mineral, não
é suficiente para caracterizar a atividade como especial, sendo
indispensável a especificação do agente nocivo. (julgado em 16/09/2022 e
já transitado em julgado)

 Atenção com o enquadramento de agentes químicos: temporalidade das formas


de caracterização/comprovação, identificação da substância nociva (tema 298 da TNU),
critérios (qualitativo, quantitativo e cancerígeno) e metodologias de enquadramento e
EPI

855
 Estudo de caso do frentista: trabalho em postos de serviços revendedores de
combustíveis automotivos - PRC (Resolução ANP 807/2020 e Portaria 427/2021 do
Ministério do Trabalho e Previdência)
 Critério de enquadramento: nunca foi autorizado o enquadramento por categoria
profissional, mas, sim, por exposição a agentes nocivos. Nesse sentido a tese do tema
157 da TNU:
Não há presunção legal de periculosidade da atividade do frentista, sendo devida a conversão de tempo
especial em comum, para concessão de aposentadoria por tempo de contribuição, desde que
comprovado o exercício da atividade e o contato com os agentes nocivos por formulário ou laudo, tendo
em vista se tratar de atividade não enquadrada no rol dos Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79.
 Período até 05/03/1997: enquadramento por exposição a hidrocarbonetos, em especial os
combustíveis gasolina, óleo diesel e álcool, conforme itens 1.2.11 do Decreto 53.831/64 e
item 1.2.10 do Decreto 83.080/79. Sem necessidade de LTCAT. Avaliação qualitativa. Basta
constar no formulário/PPP (não precisa de responsável técnico) a profissiografia que
comprova a exposição e a menção aos citados agentes nocivos. Em alguns
formulários/PPP’s consta, ainda, óleo e graxa (troca de óleo). Para o período é
desnecessário indicar a composição desses óleos/graxas (não aplicação do tema 298 da
TNU)

856
 Período a partir de 05/03/1997:
• Os Decretos 2.172/97 e 3.048/99 não trazem mais citações específicas de
combustíveis como gasolina, óleo diesel etc. O enquadramento deve se dar na
forma dos itens 1.0.17 (derivados de petróleo) e 1.0.3 (benzeno e seus compostos
tóxicos)
• Exigência de formulário com LTCAT ou PPP (01/01/2004) com responsável técnico
• A indicação genérica de exposição a "hidrocarbonetos" ou "óleos e graxas“ não
autoriza o enquadramento (tema 298 TNU)
• Óleo diesel: (em estudo)
• Etanol ou Álcool Etílico: agente de avaliação quantitativa (INSS a partir de
05/03/1997 e TNU a partir de 03/12/1998). Limite de tolerância: Anexo 11, Quadro
nº1, NR1-5 (780 ppm/1.480 mg/m³). O LTCAT/PPP deve trazer a menção expressa da
concentração. Enquadramento: somente se ultrapassar os limites de tolerância.
Obs: e se contiver gasolina, como indica, por exemplo, a FISPQ
https://vibraenergia.com.br/sites/default/files/2021-08/etanol-E85-ficha-
seguranca.pdf ?
857
• Gasolina: natureza química de hidrocarboneto derivado do petróleo. Contém
benzeno em sua composição (percentual máximo permitido de 1% em volume),
agente reconhecidamente cancerígeno.
• Critério de avaliação: qualitativo (para todos os períodos). Limite de tolerância:
não. PPP não precisa indicar concentração (inclusive do benzeno)
• Aplicação do tema 298 da TNU: a gasolina não é nome genérico, ou seja, já
especifica o agente nocivo (tem inclusive CAS). Assim, no campo 15.3 do PPP
pode constar o agente “gasolina”
• Necessidade de constar no PPP “benzeno”: para o INSS não, uma vez que,
conforme legislação nacional sobre o tema, a gasolina sempre contém benzeno
(ver Manual de Aposentadoria Especial). Assim, para o INSS, se consta gasolina
está subentendida a presença do benzeno
• Técnica/metodologia: o INSS aceita a mera menção a “inspeção no local de
trabalho ou inspeção” (ver pág. 147 do Manual de Aposentadoria Especial),
dispensando a mensuração na forma nas NHO’s da Fundacentro
858
• EPI (in)eficaz: o INSS considera EPI eficaz para os períodos de 03/12/98 a
07/10/2014 e a partir de 01/07/2020 (Decreto nº 10.410, de 30 de junho de 2020 e
IN PRES/INSS Nº 128 de 28 /03/2022) se comprovada a eliminação da nocividade. A
jurisprudência da TNU afasta para todos os períodos em razão do benzeno (ver
tema 170).

• Obs: A Portaria 427/2021 do MTP dispensa o uso de equipamentos de proteção


respiratória de face inteira (filtro de vapores orgânicos) e de proteção para a pele para o
frentista na atividade de abastecimento de veículo (art. 12.1.1). É fato notório que
frentistas não usam EPI (salvo roupas/macacões);

• Obs: estabelece EPC’s coletivos a serem implantados progressivamente, como sistema


eletrônico de medição de estoque e sistema de recuperação de vapores;

• Obs: exige hemogramas semestrais, impede a utilização de flanelas e assemelhados


para contenção ou limpeza de respingos ou derramamentos e o enchimento do tanque
após o desarme do sistema automático
859
• Enquadramento pelo INSS: segundo o Manual de Aposentadoria Especial (Anexo III
– Diretrizes em pontos controversos, páginas 144 a 148), a exposição à gasolina em
PRC, com permanência, aferição das circunstâncias de exposição na forma do art.
68, §2º, do Decreto 3.048/99 e preenchimento correto do PPP autoriza o
enquadramento como atividade especial;

• Enquadramento em juízo: deve seguir os mesmos critérios adotados pelo INSS na


via administrativa, superando os argumentos contrários veiculados na
contestação/recurso, por exemplo: (i) concentração de benzeno insignificante e sem
potencial nocivo; (ii) trabalho em ambiente aberto o que dispersa rapidamente os
vapores; (iii) necessidade de quantificação da concentração da gasolina etc.

• Obs: seguem trechos relevantes do Manual de Aposentadoria Especial do INSS:

860
861
862
863
25. SALÁRIO-FAMÍLIA
 Regulamentação: CF/88 (arts. 7º, XII e 201, IV), art. 27 da EC 103/2019, Lei 8.213/91 (arts.
65 a 67), RPS (arts. 81 a 92 do RPS), IN 128/2022 (arts. 362 e 363) e Portaria 992/2022
(arts. 74 a 81)
 Evento ou fato gerador e natureza do benefício: não visa substituir a remuneração dos
segurados, mas apenas complementar as despesas domésticas com filhos menores de
14 anos ou inválidos
 Beneficiários:
• segurados empregado, empregado doméstico (a partir da LC 150/2015) e trabalhador
avulso, inclusive quando em gozo de auxílio por incapacidade temporária
• os segurados que na ativa pertenciam às categorias citadas e que sejam aposentados por
invalidez, idade rural ou qualquer outra aposentadoria, desde que, neste último caso,
contem com 65 anos ou mais de idade, se do sexo masculino, ou com 60 anos ou mais, se
do sexo feminino (art. 65 da Lei 8.213/91; art. 82, II e IV do RPS; e art. 362, §2º, da IN
128/2022).
864
 Requisitos:
1º Qualidade de segurado: sim. Tem de estar trabalhando ou aposentado (art. 88,
IV do RPS)

2º Carência: não (art. 26, I, da Lei 8.213/91)

3º Ser segurado de baixa renda: exigido a partir da EC 20/1998 e fixado


inicialmente pelo art. 13 do citado regramento constitucional. De lá em diante vem
sendo atualizado anualmente e divulgado por portaria ministerial. Para 2023 o
valor é de R$ 1.754,18 (Portaria Interministerial MPS/MF nº 26, de 10/01/2023).

4º Fato gerador: ter filhos ou equiparados menores de 14 anos ou inválidos de


qualquer idade, sendo o benefício pago na proporção do número de filhos.
Equiparados: enteado e menor tutelado, art. 16, §2º, da Lei 8.213/91. Menor sob
guarda: ver tópico 8 do curso sobre dependentes
865
Condicionantes para percepção do benefício:
• apresentação da certidão de nascimento do filho ou da
documentação relativa ao equiparado ou ao inválido
• apresentação anual de atestado de vacinação obrigatória, no
caso de crianças até 06 anos de idade, e de comprovação
semestral de frequência à escola do filho ou equiparado, a
partir dos 04 anos de idade
• Para o empregado doméstico somente se exige a apresentação
da certidão de nascimento do filho ou da documentação
relativa ao equiparado ou ao inválido
866
 DIB: será a data da apresentação da certidão de nascimento,
caderneta de vacinação e comprovante de frequência escolar
(quando for o caso) à Previdência Social, empresa, sindicato/OGMO
ou empregador doméstico (art. 363 da IN 128/2022)

 RMI/valor do benefício:

• É pago uma cota por filho

• Se os dois pais são segurados de baixa renda e se enquadram no rol de


beneficiários citados, ambos recebem o benefício;

867
• Valor: fixado por portaria interministerial. Para o ano de 2019, vigorou a Portaria
MF 09/2019, que estabeleceu o valor do salário-família em R$ 46,54, por filho de
até 14 anos incompletos ou inválido, para quem ganhar até R$ 907,77. Já para o
trabalhador que receber de R$ 907,78 até R$ 1.364,43, o valor do salário-família por
filho de até 14 anos de idade ou inválido de qualquer idade será de R$ 32,80.

• O artigo 27, §2º, da EC 103/2019 unificou as cotas no valor de R$ 46,54

• Para o ano de 2023 (já na vigência da EC 103/2019) vigora Portaria Interministerial


MPS/MF nº 26, de 10/01/2023, que estabeleceu o valor do salário-família em cota
única de R$ 59,82 por filho de até 14 anos incompletos ou inválido para quem
ganhar até R$ 1.754,18 (limite da baixa renda)

868
 Pagamento: as cotas do salário-família serão pagas pela
empresa/empregador doméstico, mensalmente, junto com o salário,
efetivando-se a compensação quando do recolhimento das contribuições,
conforme dispuser o Regulamento. No caso do trabalhador avulso,
mediante convênio, poderá ser pago pelo sindicato. Para o aposentado, o
pagamento será feito pelo INSS.

 Cessação: (i) morte do filho ou equiparado; (ii) quando o filho ou


equiparado completar 14 anos de idade, salvo se inválido; (iii) quando o
filho ou equiparado deixar de ser inválido, se maior de 14 anos; (iv) pelo
desemprego do segurado (art. 364, IV, da IN 128/2022)

869
26. SALÁRIO MATERNIDADE
26.1. Regulamentação: arts. 71 a 73 da Lei 8.213/91, arts. 93 a 103 do RPS,
arts. 357 a 361 da IN 128/2022 e arts. 419 a 465 da Portaria DIRBEN/INSS nº
991, de 28/03/2022

26.2. Código de concessão: B80

26.3. Evento (risco social) ou fato gerador: parto, adoção, guarda para fins
de adoção e aborto não criminoso

26.4. Beneficiários: todas as categorias de segurados


870
• Seguradas do sexo feminino: todos os eventos/fatos geradores
• Segurados do sexo masculino: somente nos eventos adoção, guarda
para fins de adoção (a partir de 25/10/2013, Lei 12.873/2013) ou no caso
de sobreviver à segurada gestante que faleceu (art. 71-B da Lei 8.213/91, a
partir de 23/01/2014)
• Segurada(o) aposentada que continua na ativa ou retorna à atividade:
faz jus ao benefício, na forma dos arts. 103 e 173, II, do RPS (exceção à
restrição do §2º do art. 18 da Lei 8.213/91), sendo hipótese de cumulação.
Obs: não se aplica à aposentadoria por incapacidade
permanente/invalidez.
• Segurada(o) com empregos concomitantes (ativos na data do fato
gerador): fará jus ao benefício em relação a cada vínculo para a qual tenha
cumprido os requisitos legais (art.98 do RPS e art. 361 da IN 128/2022).
Obs: não se aplica ao caso de empregos intermitentes concomitantes (§1º
do citado art. 361)
871
• Segurado empregado e contribuinte individual concomitantemente (ativos na
data do fato gerador): fará jus ao benefício em relação a cada atividade para a qual
tenha cumprido os requisitos legais (art. 98 do RPS e art. 361 da IN 128/2022), salvo
se não contribuir como CI em respeito ao teto do salário de contribuição.

• Obs: possível inconstitucionalidade na exigência de o emprego/vínculo estar ativo


na data do fato gerador para permitir a cumulação, ou seja, não é considerada a
situação de emprego/vínculo em período de graça

• Segurada(o) em atividades simultâneas/concomitantes de contribuinte individual:


gera somente um benefício (art. 361, §1º, da IN 128/2022)

872
26.5. Requisitos:
 Qualidade de segurado: sim, na data dos eventos/fatos geradores.
• Obs: art. 419, §1º, da Portaria DIRBEN/INSS 991/2022: Se a perda da qualidade de segurado vier a
ocorrer no período de 28 (vinte e oito) dias anteriores ao parto, será devido o salário-maternidade.

 Carência:
• Não: para as seguradas empregada, empregada doméstica e trabalhadora avulsa (art. 26, VI, da
Lei 8.213/91), inclusive no período de manutenção da qualidade de segurado, ainda que já tiver
iniciado contribuições como individual ou facultativo (art. 197, II, §3º da IN 128/2022)
• Sim: 10 contribuições mensais para as demais seguradas (art. 25, III, da Lei 8.213/91).
Carência de recuperação: sim (PUIL 0001305-34.2017.4.01.3500 da TNU, 18/03/2020)
• Segurada especial: a carência (recolhimento de contribuições) é substituída pela comprovação
de efetivo exercício de atividade rural pelo período de 10 meses anteriores ao parto
• Parto antecipado: o período de carência será reduzido em número de contribuições
equivalente ao número de meses em que o parto foi antecipado (parágrafo único do art. 25
da Lei 8.213/91)

873
 Ocorrência dos seguintes eventos ou fatos geradores:

1. Parto:

• evento que gerou certidão de nascimento (bebê vivo) ou de óbito (bebê


morto/natimorto: falece no útero ou no trabalho de parto da criança,
conforme art. 343, §3º, da IN 77/2015 e Resolução CFM 1.779/2005: para
fins de caracterização do feto como natimorto e não aborto deve apresentar
quaisquer dos seguintes requisitos: a) gestação igual ou superior a 20 semanas;
b) estatura igual ou superior a 25 cm; c) peso igual ou superior a 500 gramas

• Novo conceito: evento ocorrido a partir da 23ª (vigésima terceira) semana, que
equivale ao 6º (sexto) mês de gestação, inclusive em caso de natimorto (art.
421, I, da Portaria 991/2022)
874
2. Aborto não criminoso: a) involuntário (interrupção por causas naturais antes de
implementadas as hipóteses do parto); b) interrupção voluntária para salvar a vida da
gestante (CP, art. 128, I), em caso de estupro (CP, art. 128, II) ou de anencéfalo (STF: ADPF
54/DF)
3. Adoção: proteção social introduzida por força da Lei 10.421/2002, que incluiu o art.
71-A na Lei 8.213/91.
• A Lei 12.873/2013 estendeu a proteção ao segurado que adota e igualou a duração
do benefício em relação ao parto (120 dias), independentemente da idade da
criança adotada
• É devido independentemente da mãe biológica ter recebido o mesmo benefício
(art. 71-A, §2º, da Lei 8.213/91
• Em caso de adoção simultânea de mais de uma criança é devido somente 01
benefício
• Não poderá ser concedido o benefício a mais de um segurado(a), decorrente do
mesmo processo de adoção ou guarda, ainda que um dos cônjuges pertença a RPPS
(art. 71-A, §2º da Lei 8.213/91)
875
• Adoção de adolescentes: sem previsão legal, uma vez que o art. 71-A da Lei
8.213/91 fala somente de criança. INSS considera criança até 12 anos (art.
93-A do RPS). Existe decisão em ação civil pública garantindo o pagamento no
caso de adoção de adolescente (5019632-23.2011.404.7200)
4. Guarda para fins de adoção: segue o mesmo regime jurídico da adoção,
devendo constar do termo de guarda a observação de que é para fins de
adoção (art. 93-A, §3º do RPS)

5. Salário maternidade derivado: cônjuge ou companheiro sobrevivente em


caso de falecimento do beneficiário: Art. 71-B. No caso de falecimento da
segurada ou segurado que fizer jus ao recebimento do salário-maternidade, o
benefício será pago, por todo o período ou pelo tempo restante a que teria
direito, ao cônjuge ou companheiro sobrevivente que tenha a qualidade de
segurado, exceto no caso do falecimento do filho ou de seu abandono,
observadas as normas aplicáveis ao salário-maternidade. (Incluído pela Lei nº 12.873, de
2013 – vigência a partir de 25/10/2013)
876
• Requisitos específicos do salário-maternidade derivado (eventos posteriores a
23/01/2014, art. 71-B da Lei 8.213/91, incluído pela Lei 12.873/2013):
 Falecimento de segurado que tenha direito ao salário-maternidade (em decorrência de
qualquer evento, salvo o aborto não criminoso), estando ou não em gozo do benefício
 existência de cônjuge ou companheiro (pai da criança: art. 443, IV, da Portaria 991/2022)
que tenha qualidade de segurado. Obs: o INSS também está exigindo que tenha carência
em se tratando de contribuinte individual, segurado especial e facultativo, conforme art.
360 da IN 128/2022 ([i]legalidade da exigência?)
 Manutenção da vida do filho e não abandono da criança
 Apresentação de requerimento ao INSS do salário-maternidade derivado até o último dia
do prazo previsto para pagamento do benefício originário (art. 71-B, §1º), sob pena de
indeferimento (art. 93-B, §§ 1º e 2º do RPS e art. 440, parágrafo único, da Portaria
991/2022). Obs: prazo decadencial de acesso ao benefício: análise da constitucionalidade
à luz do decidido pelo STF no tema 313 e da ADI 6096 do STF

877
• Tese do tema 236 da TNU: É cabível a concessão de salário-maternidade em favor
do genitor segurado em caso de óbito da mãe ocorrido após o parto, pelo período
remanescente do benefício, ainda quando o óbito tenha ocorrido antes da entrada
em vigor da Lei n. 12.873/2013 (que incluiu o art. 72-B na Lei 8.213/91). Obs:
cancelado em razão de decisão do STF

• Tese firmada pelo STF no RE 1333266/MG: "[...] Desse modo, se não existia,
à época do falecimento da mãe, previsão de outorga do salário-maternidade
ao genitor pelo tempo restante de percepção do benefício – o que só veio a
ocorrer com a entrada em vigor da Lei n. 12.873/2013 –, a concessão do
salário-maternidade sem previsão legal ofende o princípio tempus regit
actum, bem assim viola a orientação constitucional quanto a se ter a
indicação prévia da fonte de custeio (CF, art. 195, § 5º)

878
Obs: Licença maternidade e pai solteiro no âmbito do RPPS da União: Tema 1182 do STF
• A controvérsia foi objeto de recurso extraordinário com repercussão geral, em que o INSS recorreu de
decisão que confirmou a concessão da licença-maternidade, por 180 dias, a um perito médico do
próprio INSS, pai de crianças gêmeas geradas nos Estados Unidos, por meio de fertilização in vitro e
barriga de aluguel.

• Tese firmada pelo STF no tema nº 1182: À luz do art. 227 da CF, que confere proteção integral da
criança com absoluta prioridade e do princípio da paternidade responsável, a licença maternidade,
prevista no art. 7º, XVIII, da CF/88 e regulamentada pelo art. 207 da Lei 8.112/1990, estende-se ao
pai genitor monoparental.
• Obs: o caso, a princípio, não envolve nenhum dos eventos previstos em lei para a concessão do
salário-maternidade
• A tese aplica-se ao RGPS? Opinião pessoal: sim

 Exigência de afastamento do trabalho: Art. 71-C. A percepção do salário-maternidade,


inclusive o previsto no art. 71-B, está condicionada ao afastamento do segurado do trabalho ou
da atividade desempenhada, sob pena de suspensão do benefício. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) .
Obs: atenção com contribuintes individuais que continuem a recolher contribuições no período
imediatamente após o parto. O INSS entende que não houve afastamento do trabalho.
879
26.6. Duração do benefício:
• Regra geral (todos os eventos): 120 dias (28º dia que antecede o parto até o 91º
após o referido evento), mesmo em caso de parto antecipado ou de requerimento
posterior ao 28º dia (art. 93, §4º, do RPS e art. 358 da IN 128/2022). Obs: aplica-se,
inclusive, ao natimorto
• Prorrogação excepcional: quando houver risco para a vida da mãe ou do feto e for
necessário período ampliado de repouso, comprovados por atestado médico, a
duração do benefício pode ser prorrogada por mais 02 semanas antes e/ou depois
do parto (até 04), totalizando 148 dias (art. 93, §3º, do RPS). Obs: restrições
aparentemente indevidas: art. 358, §3º da IN 128/2022 e arts. 451 e 452 da
Portaria 991/2022
• Aborto não criminoso: duração de 02 semanas (art. 93, §5º, do RPS)
• Prorrogação em razão do programa Empresa Cidadã: mais 60 dias ou redução da
jornada de trabalho, na forma da Lei 11.770/2008, regulamentada pelo Decreto
7.052/2009. Obs: Trata-se de prorrogação do benefício trabalhista de licença-
maternidade e não do benefício previdenciário de salário-maternidade

880
Importante:

• Ampliação do prazo de benefício e fixação do termo inicial dos 120 dias


em decorrência de internação de longa duração (mais de 14 dias) após o
parto: o benefício é devido desde o parto até a data da alta hospitalar do
recém-nascido ou da mãe, o que ocorrer por último, iniciando, a partir de
então, os 120 dias de duração normal do benefício (STF: ADI 6.327, com
vigência na via administrativa a partir de 13/03/2020 (fato gerador),
conforme Portaria Conjunta DIRBEN/DIRAT/PFE/INSS 28, de 19/03/2021);

• Gestante em atividade insalubre/gravidez de risco (insalubridade em


qualquer grau – ver ADIN 5938): deve ser afastada da atividade insalubre,
fazendo jus ao salário-maternidade por todo o período de afastamento se
a empresa não tiver um lugar salubre onde ela possa exercer as suas
atividades (art. 394-A e §3º da CLT e ADIN 5938 do STF)

881
• Afastamento da empregada gestante do trabalho presencial em razão da
COVID-19: Lei 14.151/2021, alterada pela Lei 14.311/2022:

Art. 1º Durante a emergência de saúde pública de importância nacional do novo


coronavírus, a empregada gestante deverá permanecer afastada das atividades de
trabalho presencial, sem prejuízo de sua remuneração.

Art. 1º Durante a emergência de saúde pública de importância nacional decorrente do coronavírus SARS-
CoV-2, a empregada gestante que ainda não tenha sido totalmente imunizada contra o referido agente
infeccioso, de acordo com os critérios definidos pelo Ministério da Saúde e pelo Plano Nacional de
Imunizações (PNI), deverá permanecer afastada das atividades de trabalho presencial. (Redação dada
pela Lei nº 14.311, de 2022)

§ 1º A empregada gestante afastada nos termos do caput deste artigo ficará à disposição do empregador
para exercer as atividades em seu domicílio, por meio de teletrabalho, trabalho remoto ou outra forma de
trabalho a distância, sem prejuízo de sua remuneração. (Incluído pela Lei nº 14.311, de 2022)

882
27.7. DIB (arts. 95 e 96 do RPS, art. 358 da IN 128/2022 e arts. 421 a 425 da Portaria
991/2022):
 parto:
• na data do nascimento da criança, para a gestante que não se afastar da
atividade antes do parto e para aquela em manutenção da qualidade de
segurado. Documento comprobatório: certidão de nascimento
• na data do afastamento da atividade (DAT) comprovado em atestado
médico específico, se a DAT for anterior ao parto, ainda que o requerimento
seja realizado após o parto. Obs: o benefício pode ser requerido mesmo
antes do nascimento da criança (a partir do 28º dia antes do parto).
Documento comprobatório: atestado médico específico
 na data do óbito, em caso de natimorto. Documento comprobatório: certidão de
natimorto
883
 na data do aborto não criminoso. Documento comprobatório: atestado médico
específico
 na data do registro da certidão de nascimento ou na data da decisão judicial que
determinou a adoção, nos casos de adoção. Documento comprobatório: termo ou
sentença judicial de adoção
 na data do deferimento da medida liminar nos autos de adoção ou na data do
deferimento da guarda judicial para ação, nos casos de guarda. Documento
comprobatório: termo de guarda

26.8. RMI/valor do benefício (arts. 72 e 73 da Lei 8.213/91 e arts. 93-B, 94, 100 e 101 do
RPS e arts. 240 a 242 da IN 128/2022): não utiliza a metodologia do SB e varia de acordo
com a espécie de segurado:
• Segurada empregada e avulsa: valor igual à sua última remuneração, ou em caso de salário
total ou parcialmente variável, na média aritmética simples dos seus 6 últimos salários.
Pode superar teto do RGPS (arts. 7º, XVIII, XX e XXX da CF/88 - ADIN 1946/DF), ficando
limitado ao teto do STF (art. 248 da CF/88);
884
• Empregada intermitente: média aritmética simples das remunerações apuradas no período
referente aos doze meses anteriores ao fato gerador
• Empregada com jornada parcial, cujo salário de contribuição seja inferior ao seu limite
mínimo mensal: o valor será de 01 salário mínimo
• empregada doméstica: valor correspondente ao seu último salário de contribuição. Em
caso de salário variável, aplica-se a regra dos empregados
• contribuinte individual e facultativa: 1/12 da soma dos doze últimos salários de
contribuições, apurados em período não superior a quinze meses
• segurada desempregada (período de graça): 1/12 da soma dos doze últimos salários de
contribuições, apurados em período não superior a quinze meses (parágrafo único do art.
73 da Lei 8.213/91, incluído pela Lei 13.846/2019).
Tese do tema 202 da TNU: O cálculo da renda mensal do salário-maternidade devido à
segurada que, à época do fato gerador da benesse, se encontre no período de graça, com
última vinculação ao RGPS na qualidade de segurada empregada, deve observar a regra
contida no artigo 73, inciso III, da Lei nº 8.213/91.

885
• segurada especial: 01 SM, salvo a hipótese do art. 39, II (hipótese em
que se aplica a regra dos contribuintes individuais)

• Salário-maternidade derivado: leva em conta a categoria de segurado


do cônjuge ou companheiro sobrevivente e não do segurado falecido,
aplicando-se as regras anteriores em cada caso

26.9. Responsabilidade pelo pagamento (art. 72 da Lei 8.213/91 e arts. 426 e 427 da
Portaria nº 991/2022): por se tratar de benefício previdenciário, o devedor é sempre o
INSS

• da empresa (segurado empregado), com direito à compensação com a contribuição


sobre a folha de salários (CPP);

886
• do INSS (art. 100 a 101 RPS): (i) desempregado/manutenção da qualidade de segurado
(tese do tema 113 da TNU); (ii) empregado de MEI; (iii) empregado intermitente ou com
jornada parcial; (iv) empregada doméstica; (v) contribuinte individual; (vi) trabalhador
avulso; (vii) segurado que adotar ou obtiver guarda para fins de adoção, independente da
qualidade de segurado; (viii) segurado especial; (ix) facultativo; (x) cônjuge ou
companheiro sobrevivente (salário-maternidade derivado)

28.10. Extinção do contrato de trabalho, estabilidade da gestante (art. 10, II, ‘b’,
do ADCT da CF/88) e responsabilidade pelo pagamento do benefício:
• Obs: até o Decreto 10.410/2020, que alterou o 97 do RPS, o INSS somente pagava o
benefício em caso de demissão por justa causa ou pedido de demissão, entendendo
que na hipótese de demissão sem justa causa o benefício tinha natureza de verba
trabalhista (ver art. 444 da Portaria 991/2022)
• Duração da estabilidade: desde a confirmação da gravidez até 05 meses após o parto
(ver súmula 244 do TST), compreendendo os 120 dias do salário-maternidade
• Responsabilidade pelo pagamento: pode ser da empresa ou do INSS (que é sempre o
devedor do benefício), a depender da via escolhida pela segurada:
887
Duas ações judiciais: uma trabalhista (empregador) e uma previdenciária (INSS):
na trabalhista, deve ser descontado o valor do período de salário-maternidade
pago pelo INSS (art. 445 da Portaria 991/2022), se for o caso

Ação trabalhista: recebe todo o valor da indenização. Neste caso, a empresa


poderá compensar o valor do salário-maternidade pago

• Tese firmada pela TNU: “O pagamento de indenização trabalhista à empregada


demitida sem justa causa, correspondente ao período em que a gestante gozaria de
estabilidade, exclui o fundamento racional do pagamento do benefício de salário-
maternidade, caso reste demonstrado que a quantia paga pelo ex-empregador
abrange os salários que deveriam ser recebidos pela segurada no período da
estabilidade” (Processo 5010236-43.2016.4.04.7201/SC, julgado em 14/09/2017)

888
26.11. Decadência do direito de acesso ao benefício: não. Tese do tema 313 (I – Inexiste
prazo de decadência para concessão inicial do benefício previdenciário) e ADI 6096 do STF.

• Inconstitucionalidade do prazo de 180 dias para requerer o benefício (contado do parto ou


da adoção), sob pena de decadência, instituído pela MP 871/2019. Dispositivo excluído
quando da conversão da MP na Lei 13.846/2019 (ver parágrafo único do art. 429 da
Portaria 991/2022)

26.12. Prescrição: quinquenal, contada da data em que as prestações deveriam ter sido
pagas (considerando como termo inicial de cada parcela o fato gerador: parto, adoção,
guarda para fins de adoção e aborto não criminoso). Trata-se de prescrição progressiva
(das parcelas, uma a uma) e não do fundo do direito (direito ao benefício). Obs:
necessidade de correta leitura do art. 357, §5º, da IN 128/2022:
• Obs: súmula 74 da TNU: “O prazo de prescrição fica suspenso pela formulação de
requerimento administrativo e volta a correr pelo saldo remanescente após a
ciência da decisão administrativa final.”

889
26.13. Acumulação de benefícios:
• Não poderá ser cumulado com benefício de auxílio por incapacidade
temporária. Nesse caso, o benefício por incapacidade é suspenso e
volta a ser pago após a cessação do salário-maternidade (art. 102 do
RPS), se ainda presente a incapacidade

• Salário-maternidade derivado e pensão por morte: pode haver


cumulação (art. 441 da Portaria 991/2022)

• Pode ser cumulado com aposentadoria (menos por invalidez), desde


que tenha havido retorno à atividade que autorize a concessão do
salário-maternidade (art. 103 do RPS)

890
27. PENSÃO POR MORTE
27.1. Regulamentação: CF/88 (art. 201, V); arts. 74 a 79 da Lei 8.213/91;
arts. 105 a 115 do Decreto 3.048/99 (RPS); arts. 365 a 380 da IN 128/2022 e
arts. 488 a 520 da Portaria 991/2022

27.2. Código de concessão: B93 - pensão por morte por acidente do


trabalho; B21 – pensão por morte comum ou previdenciária

27.3. Contingência ou evento (risco social): morte do segurado aposentado


ou não

27.4. Beneficiários: conjunto de dependentes do segurado, abrangendo


todas as categorias, observada a ordem preferencial de classes
891
27.5. Requisitos:
 Qualidade de segurado: sim, na data do óbito (tempus regit actum). Exceções:
• Arts. 102, §2º da Lei 8.213/91, Súmula 416 do STJ e art. 368 da IN 128/2022: “É devida
a pensão por morte aos dependentes do segurado que, apesar de ter perdido essa
qualidade, preencheu os requisitos legais para a obtenção de aposentadoria até a data
do seu óbito.”
• Também será devida caso reste comprovado que o segurado se incapacitou antes
da perda da qualidade de segurado e a incapacidade persistiu até a data do óbito,
independentemente de ter sido requerida ou concedida aposentadoria por
incapacidade permanente (aposentadoria por invalidez) ou auxílio por incapacidade
temporária (auxílio-doença). Obs: ver item 7.4., I (slides 209 a 213)
• Obs: o estudo da aquisição/manutenção da qualidade de segurado foi feito
anteriormente. Ver, em especial, possibilidade de complementação de contribuições
após o óbito (complementação de alíquota e base de cálculo) para fins de pensão por
morte
892
Carência: não
• A MP 664/2014 introduziu a carência de 24 contribuições mensais.
No entanto, quando da conversão da MP na Lei 13.135/2015, o
requisito não foi aprovado, tendo o art. 5º afastado a exigência de
carência também durante o período de vigência da MP, com a
determinação de revisão dos benefícios indeferidos por esse
fundamento
Morte do segurado:
• Morte real: verificada pela presença do cadáver e certificada por
atestado de óbito

893
• Morte presumida: sem a presença do cadáver (art. 78 da Lei 8.213/91,
arts. 112 do RPS e art. 377 da IN 128/2022)
Art. 78. Por morte presumida do segurado, declarada pela autoridade
judicial competente, depois de 6 (seis) meses de ausência (ausência:
desaparecimento simples), será concedida pensão provisória, na forma
desta Subseção.
§ 1º Mediante prova do desaparecimento do segurado em conseqüência de
acidente, desastre ou catástrofe (desaparecimento qualificado), seus
dependentes farão jus à pensão provisória independentemente da
declaração e do prazo deste artigo.
§ 2º Verificado o reaparecimento do segurado, o pagamento da pensão
cessará imediatamente, desobrigados os dependentes da reposição dos
valores recebidos, salvo má-fé.

894
 Qualidade de dependente: sim, na data do óbito (tempus regit
actum). Obs: o estudo do rol dos dependente foi feito no capítulo 8
do curso

27.6. DIB (data de início do benefício): art. 74 da Lei 8.213/91, art. 105 do RPS,
arts. 369 a 370 da IN 128/2022 e arts. 491 e 492 da Portaria 999/2022:

Art. 74. A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do
segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data do óbito ou da
decisão judicial, no caso de morte presumida.
Art. 74. A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do
segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data: (Redação dada
pela Lei nº 9.528, de 1997) (Vide Medida Provisória nº 871, de 2019)

895
I - do óbito, quando requerida até trinta dias depois deste; (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997)
I - do óbito, quando requerida até noventa dias depois deste; (Redação pela Lei nº 13.183, de 2015)
I - do óbito, quando requerida em até cento e oitenta dias após o óbito, para os filhos menores de dezesseis
anos, ou em até noventa dias após o óbito, para os demais dependentes; (Redação dada pela Medida
Provisória nº 871, de 2019)

I - do óbito, quando requerida em até 180 (cento e oitenta) dias após o óbito, para
os filhos menores de 16 (dezesseis) anos, ou em até 90 (noventa) dias após o
óbito, para os demais dependentes; (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)

II - do requerimento, quando requerida após o prazo previsto no inciso


anterior; (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997)
III - da decisão judicial, no caso de morte presumida. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997)

896
DER, DIB e efeitos financeiros (DIP): uma peculiaridade do
RPS: a DIB é sempre a data do óbito, seja o requerimento do
benefício feito no prazo ou não, e os efeitos financeiros (DIP)
são na data do óbito (se requerido no prazo) ou na DER (se
requerido fora do prazo)

• §1º do art. 105 do RPS: § 1o No caso do disposto no inciso II, a data


de início do benefício será a data do óbito, aplicados os devidos
reajustamentos até a data de início do pagamento, não sendo devida
qualquer importância relativa ao período anterior à data de entrada
do requerimento. Obs: No mesmo sentido o §3º do art. 365 da IN
128/2022

897
 DIB/DIP na data do óbito: as hipóteses a seguir aplicam-se aos casos de morte real e
morte presumida por desaparecimento qualificado (data do óbito = data do
desaparecimento). Ver, em especial, arts. 491 e 492 da Portaria 991/22
• para óbitos ocorridos até o dia 10/11/1997, véspera da publicação da MP 1.596-
14/1997, convertida na Lei 9.529/97, independentemente da DER, tratando-se de
dependente capaz ou incapaz, observada a prescrição quinquenal das parcelas
vencidas, ressalvados os absolutamente incapazes;
• para óbitos ocorridos a partir de 11/11/1997 e até 04/11/2015 (véspera da vigência
da Lei 13.183/2015), se requerida até 30 dias da data do óbito, tratando-se de
dependente capaz. Obs: decadência parcial ou decadência das prestações
pretéritas à DER
• para óbitos ocorridos a partir de 05/11/2015 (até a presente data), data de vigência da Lei
13.183/2015, se requerida até 90 dias da data do óbito, tratando-se de dependente capaz e
relativamente capaz; (Regra atual)
• para óbitos ocorridos a partir de 11/11/1997 e até 04/11/2015 (véspera da vigência da Lei
13.183/2015), se requerida até 30 dias após a cessação do estado de incapacidade
absoluta (art. 79 e 103 da Lei 8.213/91, arts. 198, I e 208 do CC e art. 364, II, ‘a’, 2 e §2º da
IN 77/2015 e art. 491, III, ‘a’, 1 da Portaria 991/2022), tratando-se de dependente
absolutamente incapaz. Obs: a decadência parcial somente tem início após a cessação da
condição de incapacidade absoluta (art. 79 c/c 103 da Lei 8.213/91)
898
• para óbitos ocorridos a partir de 05/11/2015, data de vigência da Lei 13.183/2015,
e até 17/01/2019 (data da publicação da MP 871/2019), se requerida até 90 dias
após a cessação do estado incapacidade absoluta (art. 79 e 103 da Lei 8.213/91, arts.
198, I e 208 do CC e art. 364, II, ‘a’, 2 e §2º da IN 77/2015 e art. 491, II, ‘a’, 1 da Portaria
991/2022), tratando-se de dependente absolutamente incapaz.
Obs: o STJ tem vários precedentes, inclusive recentes, afirmando que “a expressão
pensionista menor, de que trata o art. 79 da Lei 8.213/91, identifica situação que só
desaparece aos 18 anos de idade, nos termos do art. 5º do Código Civil” (REsp n.
1.405.909/AL, relator Ministro Sérgio Kukina, relator para acórdão Ministro Ari
Pargendler, Primeira Turma, julgado em 22/5/2014, DJe de 9/9/2014; AgInt no REsp n.
1.805.428/PB, relator Ministro Manoel Erhardt (Desembargador Convocado do TRF5),
Primeira Turma, julgado em 17/5/2022, DJe de 25/5/2022.) Obs: comentários, inclusive
à luz da revogação do art. 79 da Lei 8.213/91 pela MP 871/2019 e Lei 13.846/2019
Obs: a partir de 03/01/2016, início de vigência da Lei 13.146/2015 (Estatuto do
PCD), somente são absolutamente incapazes os menores de 16 anos (ver art. 369,
§1º, da IN 128/2022). Obs: (in)constitucionalidade/inconvencionalidade da exclusão
dos portadores de enfermidade ou deficiência mental sem discernimento para a
prática dos atos da vida civil do rol do absolutamente incapazes e reflexos
previdenciários? (Obs: a questão será tratada no item 31: “decadência e
prescrição”)
899
• Para óbitos ocorridos a partir de 18/01/2019 (até a presente data), data da
publicação da MP 871/2019, convertida na Lei 13.846/2019, se requerida até
180 dias da data do óbito, para os filhos menores de 16 anos; (Regra atual)
Obs: (in)compatibilidade dessa regra especial de fixação da DIB com o art. 227, §3º e II da
CF/88 (proteção especial e garantia de direitos previdenciários)? Posição pessoal:
compatível
Tese firmada pela TNU no PUIL 5037206-65.2021.4.02.5001/ES: “Para o filho menor de 16
(dezesseis) anos do instituidor de auxílio-reclusão aplica-se o prazo de 180 (cento e oitenta)
dias previsto no art. 74, inciso I, da Lei nº 8.213/91, com a redação dada pela Lei nº
13.846/2019, fixando-se o termo inicial do benefício na data do requerimento administrativo,
caso o benefício não tenha sido requerido naquele prazo“ (Sessão virtual de 13/04/2023 a
19/04/2023)

 DIB/DIP na data do requerimento administrativo: quando requerida após os prazos


previstos anteriormente
 DIB/DIP na data da decisão judicial de ausência: no caso de morte presumida por
desaparecimento simples
900
 DIB/DIP na habilitação posterior ou tardia: art. 76 da Lei 8.213/91: A
concessão da pensão por morte não será protelada pela falta de habilitação de outro
possível dependente, e qualquer inscrição ou habilitação posterior que importe em
exclusão ou inclusão de dependente só produzirá efeito a contar da data da inscrição
ou habilitação.

• Obs: data da habilitação ou inscrição = DER

• Obs: a regra da habilitação tardia também se aplica aos menores


absolutamente incapazes, prevalecendo sobre a regra do revogado art. 79
(não incidência de prescrição e decadência, que gerava DIB sempre na data
do óbito, mesmo quando a pensão fosse requerida após o prazo do art. 74, I,
da Lei 8.213/91)

901
STJ:
PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PENSÃO
POR MORTE. BENEFICIÁRIO MENOR À ÉPOCA DO FALECIMENTO DO INSTITUIDOR. HABILITAÇÃO
TARDIA. EXISTÊNCIA DE COPENSIONISTA. PAGAMENTO EM DOBRO. FUNDAMENTO DO ARESTO
REGIONAL QUE REMANESCEU ÍNTEGRO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 283/STF. HIPÓTESE EM QUE O
BENEFÍCIO JÁ ERA PAGO A OUTROS BENEFICIÁRIOS HABILITADOS. PRECEDENTES DO STJ.
1. O recurso especial não impugnou fundamento basilar que ampara o acórdão recorrido, qual seja, no
caso da chamada "habilitação tardia de menor", não se pode obrigar a autarquia a pagar em dobro a
pensão a habilitado posterior, do qual não tinha conhecimento, quando já pagava o benefício a outro(s)
dependente(s) legalmente habilitado(s). Incidente, pois, o óbice da Súmula 283/STF.
2. O acórdão recorrido não se afastou da orientação jurisprudencial deste Superior Tribunal segundo a
qual, quando se trata de habilitação tardia, na qual o benefício já foi deferido a copensionista, a
incapacidade do pensionista legitima sua percepção tão somente a partir do requerimento, sob pena de
dupla condenação da autarquia.
3. Agravo interno não provido. (AgInt no AREsp 1335278/RJ, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 26/08/2019, DJe 02/09/2019)

902
PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. PENSÃO POR MORTE. HABILITAÇÃO
TARDIA. MENOR. EXISTÊNCIA DE OUTROS BENEFICIÁRIOS HABILITADOS. EFEITOS FINANCEIROS. DATA DO
REQUERIMENTO.
I - Na origem, trata-se de ação ajuizada objetivando o pagamento das parcelas devidas a título de pensão
por morte desde a data do óbito até a concessão e início de pagamento do benefício.
II - Na sentença, julgou-se procedente o pedido. No Tribunal Regional Federal da 4ª Região, a sentença foi
parcialmente reformada para determinar que a quota parte da data do óbito até 8/1/2012 seja de 25% e, a
partir de 9/1/2012, passe para 33,33% e para alterar a forma de cálculo da correção monetária e dos juros
de mora.
III - Com efeito, o STJ entende que, comprovada a absoluta incapacidade do requerente da pensão por morte,
faz ele jus ao pagamento das parcelas vencidas desde a data do óbito do instituidor do benefício, ainda que
não postulado administrativamente no prazo de trinta dias.
IV - Contudo, tal entendimento é excepcionado se outros dependentes já recebiam o benefício, sendo que,
nessa hipótese, o benefício é devido apenas a partir do requerimento administrativo.
V - Evita-se, assim, que a autarquia previdenciária seja condenada duplamente a pagar o valor da pensão,
não havendo que se falar em ofensa ao princípio da isonomia. Nesse sentido: REsp n. 1.655.424/RJ, Rel.
Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 21/11/2017, DJe 19/12/2017 e AgInt no REsp n.
1.608.639/SP, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 4/10/2018, DJe 10/10/2018).
VI - No caso concreto, o acórdão recorrido informa que a pensão por morte já vinha sendo paga, desde a
data do óbito, a outros dependentes habilitados.
VII - Agravo interno improvido. (AgInt no REsp n. 1.742.593/RS, relator Ministro Francisco Falcão, Segunda
Turma, julgado em 24/8/2020, DJe de 28/8/2020.)

903
• Tese do tema 223 TNU: O dependente absolutamente incapaz faz jus à pensão por
morte desde o requerimento administrativo, na forma do art. 76 da Lei 8.213/91,
havendo outro dependente previamente habilitado e percebendo benefício, do
mesmo ou de outro grupo familiar, ainda que observados os prazos do art. 74 da Lei
8.213/91. (relator juiz federal Ivanir César Ireno Júnior, 26/02/2021)

 Definição de habilitação tardia: aquela que ocorre após os prazos do art. 74, I, da
Lei 8.213/91 ou aquela promovida após a concessão e pagamento de benefício a
outro pensionista (copensionista)? A TNU, no tema 223, acolheu o segundo
conceito (ver trecho do voto vencedor):
[...]
8. Na minha compreensão, como tentarei demonstrar a seguir, habilitação tardia, para
fins do art. 76 da Lei 8.213/91, é toda aquela promovida após a concessão e pagamento
de benefício a outro pensionista (copensionista). Assim, mesmo que a habilitação do
absolutamente incapaz ocorra dentro dos prazos do art. 74 da Lei 8.213/91, se outro
pensionista já estiver habilitado e recebendo o benefício, trata-se de habilitação tardia,
aplicando-se o artigo 76 do PBPS.

904
[...]
10. O texto legal veicula opções claras do legislador:
(i) com o objetivo de efetivar imediatamente a proteção social, a concessão de pensão por
morte não pode ser retardada diante da eventual existência de outros dependentes. Assim, o
INSS, vinculado ao princípio da legalidade, concede o benefício à medida em que forem
ocorrendo as habilitações (DER);
(ii) o art. 74 da Lei 8.213/91 veicula regra geral do termo inicial do benefício de pensão morte,
para os dependentes que, isolada ou cumulativamente, postulem a proteção em primeiro
lugar após o óbito;
(iii) em opção legislativa clara e legítima, de proteção ao erário, à saúde financeira do sistema
previdenciário e para evitar pagamentos em duplicidade, foi instituída a regra especial do art.
76 da Lei 8.213/91, determinando que em qualquer caso de habilitação posterior à primeira,
que importe inclusão de novo dependente, o termo inicial dos efeitos financeiros é a nova
habilitação (DER);
(iv) a regra geral do art. 74 cede, em qualquer hipótese, inclusive de habilitação posterior de
dependente absolutamente incapaz, para a do art. 76.

905
 Habilitação provisória com reserva e suspensão temporária do pagamento
de cota (§§3º ao 6º do art. 74 da Lei 8.213/91):
§ 3º Ajuizada a ação judicial para reconhecimento da condição de dependente, este poderá requerer a
sua habilitação provisória ao benefício de pensão por morte, exclusivamente para fins de rateio dos
valores com outros dependentes, vedado o pagamento da respectiva cota até o trânsito em julgado da
decisão judicial que reconhecer a qualidade de dependente do autor da ação. (Vigência)
§ 3º Ajuizada a ação judicial para reconhecimento da condição de dependente, este poderá
requerer a sua habilitação provisória ao benefício de pensão por morte, exclusivamente para
fins de rateio dos valores com outros dependentes, vedado o pagamento da respectiva cota
até o trânsito em julgado da respectiva ação, ressalvada a existência de decisão judicial em
contrário. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)
§ 4º Julgada improcedente a ação prevista no § 3º, o valor retido, corrigido pelos índices legais de
reajustamento, será pago de forma proporcional aos demais dependentes, de acordo com as suas cotas
e o tempo de duração de seus benefícios. (Incluído pela Medida Provisória nº 871, de 2019)
§ 4º Nas ações em que o INSS for parte, este poderá proceder de ofício à habilitação
excepcional da referida pensão, apenas para efeitos de rateio, descontando-se os valores
referentes a esta habilitação das demais cotas, vedado o pagamento da respectiva cota até o
trânsito em julgado da respectiva ação, ressalvada a existência de decisão judicial em
contrário. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
906
§ 5º Julgada improcedente a ação prevista no § 3º ou § 4º deste artigo, o valor retido
será corrigido pelos índices legais de reajustamento e será pago de forma
proporcional aos demais dependentes, de acordo com as suas cotas e o tempo de
duração de seus benefícios. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
§ 6º Em qualquer caso, fica assegurada ao INSS a cobrança dos valores indevidamente
pagos em função de nova habilitação. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)

• Objetivo da inovação legislativa: mais um mecanismo para evitar o pagamento em


duplicidade de cota de pensão pelo INSS
• Procedimento: pode ser requerida pelo segurado (inclusive em ação judicial da qual o
INSS não é parte) ou efetivada de ofício pelo INSS nas ações em que for parte
• Devolução dos valores recebidos indevidamente em caso de nova habilitação: o
objetivo do novo §6º foi legitimar essa cobrança pelo INSS, que vinha sendo afastada
pela jurisprudência:
907
RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. PENSÃO POR MORTE. TERMO
INICIAL. MENOR ABSOLUTAMENTE INCAPAZ. DATA DO ÓBITO. TEMPUS REGIT ACTUM.
PLURALIDADE DE PENSIONISTAS. RATEIO DO BENEFÍCIO. RECONHECIMENTO DA
PATERNIDADE POST MORTEM. RECEBIMENTO DE VALORES PELA VIÚVA, PREVIAMENTE
HABILITADA. INEXISTÊNCIA DE MÁ-FÉ. PRINCÍPIO DA IRREPETIBILIDADE DAS VERBAS
PREVIDENCIÁRIAS.
1. A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é a vigente na data do óbito
do segurado (tempus regit actum).
2. Aplica-se o art. 74 da Lei de Benefícios, na redação vigente à época da abertura da
sucessão (saisine), motivo pelo qual o termo inicial da pensão por morte é a data do óbito.
3. Havendo mais de um pensionista, a pensão por morte deverá ser rateada entre todos, em
partes iguais, visto ser benefício direcionado aos dependentes do segurado, visando à
manutenção da família.
4. Antes do reconhecimento da paternidade, seja espontâneo, seja judicial, o vínculo paterno
consiste em mera situação de fato sem efeitos jurídicos. Com o reconhecimento é que tal
situação se transforma em relação de direito, tornando exigíveis os direitos subjetivos do filho.

908
5. Ainda que a sentença proferida em ação de investigação de paternidade
produza efeitos ex tunc, há um limite intransponível: o respeito às situações
jurídicas definitivamente constituídas.
6. O mero conhecimento sobre a existência de ação de investigação de
paternidade não é suficiente para configurar má-fé dos demais
beneficiários anteriormente habilitados no recebimento de verbas
previdenciárias e afastar o princípio da irrepetibilidade de tais verbas.
7. A filiação reconhecida em ação judicial posteriormente ao óbito do
instituidor do benefício configura a hipótese de habilitação tardia prevista no
art. 76 da Lei n. 8.213/1991.
8. Recurso especial conhecido e provido. (REsp n. 990.549/RS, relator
Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, relator para acórdão Ministro João
Otávio de Noronha, Terceira Turma, julgado em 5/6/2014, DJe de
1/7/2014.)

909
27.7. RMI/valor do benefício: o valor pago ao conjunto dos dependentes não
poderá ser inferior ao SM (art. 201, V e §2º da CF/88); já a cota-parte individual de
cada um sim
 Regime antigo: óbitos até 13/11/2019 (data de vigência da EC 103/2019): 100% do
valor da aposentadoria que o segurado recebia ou daquela que teria direito se
estivesse aposentado por invalidez na data do óbito (art. 75 da Lei 8.213/91). Existe
o direito de reversão de cotas (art. 77, §1º, da Lei 8.213/91)
 Regime novo: óbitos a partir de 14/11/2019 (art. 23 da EC 103): será aplicado o
regime de cotas (familiar [50%] com acréscimo individual [10%] por dependente até
o máximo de 100%) sobre o valor da aposentadoria que o segurado recebia ou
daquela que teria direito se estivesse aposentado por incapacidade permanente na
data do óbito (Obs: ver art. 225, II e §3º da Portaria 991/2022 quando se tratar de
benefício acidentário). Não existe o direito de reversão de cotas (art. 23, §1º, da EC
103/2019). Obs: o valor do benefício, considerado o conjunto de dependentes,
ainda que ao final reste somente um pensionista, nunca fica abaixo de 01 SM
910
• No caso de dependente inválido ou com deficiência intelectual, mental ou
grave o percentual aplicado sob a mesma base de cálculo será de 100%

• Quando não houver mais dependente inválido ou com deficiência intelectual,


mental ou grave, o valor da pensão será recalculado (50% + cotas de 10%)
Art. 23. A pensão por morte concedida a dependente de segurado do Regime Geral de Previdência
Social ou de servidor público federal será equivalente a uma cota familiar de 50% (cinquenta por cento)
do valor da aposentadoria recebida pelo segurado ou servidor ou daquela a que teria direito se fosse
aposentado por incapacidade permanente na data do óbito, acrescida de cotas de 10 (dez) pontos
percentuais por dependente, até o máximo de 100% (cem por cento).

§ 1º As cotas por dependente cessarão com a perda dessa qualidade e não serão reversíveis aos demais
dependentes, preservado o valor de 100% (cem por cento) da pensão por morte quando o número de
dependentes remanescente for igual ou superior a 5 (cinco).

911
§ 2º Na hipótese de existir dependente inválido ou com deficiência intelectual,
mental ou grave, o valor da pensão por morte de que trata o caput será
equivalente a:

I - 100% (cem por cento) da aposentadoria recebida pelo segurado ou servidor ou


daquela a que teria direito se fosse aposentado por incapacidade permanente na
data do óbito, até o limite máximo de benefícios do Regime Geral de Previdência
Social; e

II - uma cota familiar de 50% (cinquenta por cento) acrescida de cotas de 10 (dez)
pontos percentuais por dependente, até o máximo de 100% (cem por cento), para
o valor que supere o limite máximo de benefícios do Regime Geral de Previdência
Social. (dispositivo direcionado ao RPPS)

§ 3º Quando não houver mais dependente inválido ou com deficiência


intelectual, mental ou grave, o valor da pensão será recalculado na forma do
disposto no caput e no § 1º.
912
Tabela ilustrativa

 Importante: o STF, julgando a ADI 7051, em sessão virtual finalizada em 23/06/2023,


declarou constitucional (por 8 a 2) os novos critérios de cálculo da pensão por morte
introduzidos pelo art. 23 da EC 103/2019, fixando a seguinte tese: "É constitucional o
art. 23, caput, da Emenda Constitucional nº 103/2019, que fixa novos critérios de
cálculo para a pensão por morte no Regime Geral e nos Regimes Próprios de
Previdência Social”.
913
Exemplos práticos:
1º exemplo: segurado aposentado 2º exemplo: segurado aposentado
(proventos de R$ 5.000,00), 02 (proventos de R$ 5.000,00), 02
dependentes e óbito em 13/11/2019 dependentes e óbito em 14/11/2019
(regra antiga): (regra nova):
a) base de cálculo: o valor dos a) Base de cálculo: valor dos proventos
proventos de aposentadoria (5 mil); de aposentadoria (5 mil).
b) b) 100% da base de cálculo. b) Cota familiar (50%) + 02 dependentes
c) RMI: R$ 5.000,00. (20%). Total: 70%
d) Obs: independe do número de c) RMI: R$ 3.500,00.
dependentes d) Obs: cessado o direito de um
dependente, a pensão para o
remanescente passa a ser de R$
3.000,00 (60%).

914
Exemplos práticos
3º exemplo: segurado não 4º exemplo: segurado não aposentado,
aposentado, com 20 anos de TC, com 20 anos de TC, remuneração de R$
remuneração de R$ 5.000,00), 02 5.000,00, 02 dependentes e óbito em
dependentes e óbito em 13/11/2019 14/11/2019 (regra nova):
(regra antiga): a) Base de cálculo: valor da aposentadoria
a) base de cálculo: o valor da apo por por incapacidade permanente a que
invalidez a que teria direito (100% teria direito (média [100%] x 60%
do SB [média dos 80% maiores [coeficiente] = R$ 2.100,00).
SC’s] = R$ 4.000,00; b) Cota familiar (50%) + 02 dependentes
b) pensão de 100% do valor da apo (20%). Total: 70%.
invalidez c) RMI: R$ 1.470,00.
c) RMI: R$ 4.000,00 d) Obs: cessado o direito de um
d) Obs: independe do número de dependente, a pensão para o
dependentes. remanescente passa a ser de R$
* Reduzi 20% na apuração da média (R$ 4.000,00) 1.260,00(60%).
e) * Reduzi 30% para apurar a média (R$ 3.500,00)
915
27.8. Duração do benefício ou da cota parte do dependente (art.
77§§ 2º, 2º-A e 2º-B, art. 375 da IN 128/2022 e 493 da Portaria
999/2022):
 Filhos e irmãos: até 21 anos ou até a cessação da invalidez ou
superação da deficiência (regra)
 Pais: vitalícia
 Cônjuge ou companheiro:

(i) Para óbitos até 13/01/2015, data de vigência da MP 664/2015, será


vitalícia;

916
(ii) Para óbitos ocorridos a partir de 01/01/2021, data do início da vigência da
Portaria ME nº 424, de 29/12/2020 (entre 2015 e 2020 a expectativa de sobrevida ao
nascer aumentou em 1,7 anos), será de:
• De 04 meses, se o óbito ocorrer sem que o segurado tenha vertido, a qualquer tempo, 18
(dezoito) contribuições mensais ou sem que tenha sido comprovado pelo menos de 2 (dois)
anos de casamento ou união estável com o instituidor em período anterior ao fato gerador;
• de acordo com a idade do dependente no momento do óbito do segurado, conforme
tabela a seguir, se comprovado casamento ou união estável iniciado há pelo menos 2 (dois)
anos antes do óbito e o instituidor tenha vertido, a qualquer tempo, no mínimo, 18
(dezoito) contribuições mensais:

917
• até a cessação da invalidez, caso se trate de dependente inválido, respeitado o
maior período previsto para recebimento: quatro meses, ou a idade do
dependente na data do fato gerador, ou a superação da condição de inválido; e

• até a superação da deficiência, se dependente deficiente, respeitado o maior


período previsto para recebimento: quatro meses, ou a idade do dependente na
data do fato gerador, ou a superação da condição de deficiente.

• Obs: não se aplicará a regra de duração de 4 (quatro) meses para a cota e/ou
benefício do cônjuge ou companheiro(a) quando o óbito do segurado for
decorrente de acidente de qualquer natureza ou doença profissional ou do
trabalho, independentemente do recolhimento de 18 (dezoito) contribuições
mensais ou da comprovação de 2 (dois) anos de casamento ou união estável,
sendo aplicadas as regras referentes à idade ou invalidez/deficiência

918
(iii) para óbitos ocorridos no período de 1º de março de 2015 a 31/12/2020
será de:

• de 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer sem que o segurado tenha vertido, a


qualquer tempo, 18 (dezoito) contribuições mensais ou sem que tenha sido
comprovado pelo menos de 2 (dois) anos de casamento ou união estável com o
instituidor em período anterior ao fato gerador;

• de acordo com a idade do dependente no momento do óbito do segurado,


conforme tabela que vigorou para óbitos até 31/12/2020 (a seguir), se
comprovado casamento ou união estável iniciado há pelo menos 2 (dois) anos antes
do óbito e o instituidor tiver vertido, a qualquer tempo, no mínimo, 18 (dezoito)
contribuições mensais:

919
• até a cessação da invalidez, caso se trate de dependente inválido, respeitado o
maior período previsto para recebimento: 4 (quatro) meses, ou a idade do
dependente na data do fato gerador, ou a superação da condição de inválido; e
920
• até a superação da deficiência, se dependente deficiente, respeitado o
maior período previsto para recebimento: quatro meses, ou a idade do
dependente na data do fato gerador, ou a superação da condição de
deficiente.

• Obs: não se aplicará a regra de duração de 4 (quatro) meses para a


cota e/ou benefício do cônjuge ou companheiro(a) quando o óbito
do segurado for decorrente de acidente de qualquer natureza ou
doença profissional ou do trabalho, independentemente do
recolhimento de 18 (dezoito) contribuições mensais ou da
comprovação de 2 (dois) anos de casamento ou união estável, sendo
aplicadas as regras referentes à idade ou invalidez/deficiência
921
(iv) para óbitos ocorridos no período de 14 de janeiro de 2015 a 28 de
fevereiro de 2015, será:
• de 4 (quatro) meses, se comprovado período inferior a 2 (dois) anos de
casamento ou união estável com o instituidor antes do óbito, salvo se o óbito
decorreu de acidente de qualquer natureza ou doença profissional ou do
trabalho

• até a cessação da invalidez, em se tratando de dependente inválido, respeitado


o maior período previsto para recebimento da cota: 4 (quatro meses)

• vitalícia, se comprovado, no mínimo, 2 (dois) anos de casamento ou união


estável com o instituidor, anteriores ao óbito
• Obs: ainda não estava em vigor a exigência das 18 contribuições e o tempo de
duração em razão da idade do dependente

922
(v) para o ex-cônjuge ou companheiro que recebia pensão alimentícia na data do
óbito do instituidor, referente a fatos geradores (óbitos) a partir de 18/01/2019 (MP
871/2019 e Lei 13.846/2019, que incluíram o §3º no art. 76 da Lei 8.213/91):
• § 3º Na hipótese de o segurado falecido estar, na data de seu falecimento, obrigado por
determinação judicial a pagar alimentos temporários a ex-cônjuge, ex-companheiro ou ex-
companheira, a pensão por morte será devida pelo prazo remanescente na data do óbito, caso não
incida outra hipótese de cancelamento anterior do benefício.

• Se os alimentos foram temporários: pelo prazo remanescente da pensão, salvo se


incidir, anteriormente, hipótese legal de cessação (04 meses, prazos referentes à
idade ou invalidez/deficiência). Ver art. 373, §2º, da IN 128/2022

• Se os alimentos forem sem prazo: regra geral de duração (04 meses ou prazos
referentes à idade ou invalidez/deficiência)

923
27.9. Regras relacionadas às 18 contribuições (art. 494 da Portaria
991/2022):
Art. 494. Serão considerados para fins de apuração das 18 (dezoito) contribuições mensais a que se
refere o art. 493, os seguintes períodos:

I - como empregado doméstico, com ou sem contribuições, observadas as regras relativas ao


reconhecimento do tempo de filiação;
II - de atividade rural, independente da condição do instituidor (segurado urbano ou rural) na data
do fato gerador;
III - de vinculação ao Regime Próprio de Previdência Social - RPPS, desde que apresentada a
Certidão de Tempo de Contribuição - CTC e desde que tal período não tenha sido considerado para
fins de benefício no RPPS;
IV - em gozo de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, mesmo que não se trate de período
intercalado entre atividades/períodos de contribuição;
V - como contribuinte individual ou empregado doméstico, independente da primeira contribuição
paga em dia, observadas as regras relativas ao reconhecimento do tempo de filiação.
924
Parágrafo único. Na análise das 18 (dezoito) contribuições deverão ser consideradas as
seguintes regras:
I - não será observada a perda de qualidade de segurado entre os períodos;
II - será considerado como 1 (uma) contribuição, independentemente da quantidade de dias
trabalhados dentro do mês, desprezadas as concomitâncias, devendo ser observada a regra
do artigo 19-E do RPS;
III - será dispensada a apuração das 18 (dezoito) contribuições caso, no momento do óbito, o
instituidor esteja em gozo de aposentadoria, exceto por incapacidade permanente,
considerando que para esses benefícios a carência mínima exigida supera 18 (dezoito)
contribuições/meses;
IV - não serão considerados, para fins da pensão por morte, os recolhimentos efetuados pelos
dependentes após o óbito do instituidor;
V - em se tratando de requerimento de auxílio-reclusão, o recolhimento de período de débito
relativo a competências anteriores ao fato gerador será considerado, observadas as regras
relativas ao reconhecimento do tempo de filiação.

925
27.10. Aplicação do prazo de duração a ex-cônjuges e ex-companheiros e
como contar o prazo de 02 anos de casamento/união estável:
• Embora a lei fale somente em cônjuge ou companheiro, as regras de duração se
aplicam aos ex-cônjuges ou companheiros, em razão da interpretação sistemática
do art. 76, §§1º e 2º (“igualdade de condições” e 16, I, ambos da Lei 8.213/91)

• Para o INSS, na forma art. 375, §1º, da IN 128/2022 e §7º do art. 493 da Portaria nº
991/2022, o prazo de 02 de casamento ou união estável deve ser
aferido/computado no período imediatamente anterior à separação conjugal

• Obs: e a situação de quem ficou casado ou em união estável por menos de 02 anos
e vem recebendo pensão alimentícia ou ajuda sob qualquer forma (caracterizadora
de dependência previdenciária) por período superior a esse prazo (somando ou
não)? Opinião pessoal: correto o entendimento do INSS.

926
27.11. Termo inicial da contagem do prazo de duração da pensão/cota-
parte do benefício do cônjuge/companheiro (e ex) e DIB/DIP tardia: não
existe previsão legal expressa
• INSS: data do óbito do instituidor (art. 375, §§6º e 7º da IN 128/2022)
Art. 375. Para óbito ocorrido a partir de 1º de março de 2015, após a vigência da Medida
Provisória nº 664, de 2014, revista pela Lei nº 13.135, de 18 de junho de 2015, o prazo de
duração da cota ou do benefício de pensão por morte do dependente na qualidade de cônjuge,
companheiro ou companheira será: [...]

§ 6º O início da contagem do tempo de duração da cota do cônjuge ou companheiro(a) será


a partir da data do óbito do instituidor.

§ 7º O cônjuge ou o companheiro (a) que requerer o benefício depois do prazo final de


duração de sua cota, considerando que a DIB será fixada na data do fato gerador e que a DIP
será fixada na DER, terá seu pedido de benefício indeferido, conforme inciso II do art. 74 da
Lei nº 8.213, de 1991.

927
• Eis o dispositivo legal envolvido:
Art. 77. A pensão por morte, havendo mais de um pensionista, será rateada entre todos em parte
iguais.

§ 2º O direito à percepção da cota individual cessará:

V - para cônjuge ou companheiro:

b) em 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer sem que o segurado tenha vertido 18 (dezoito) contribuições
mensais ou se o casamento ou a união estável tiverem sido iniciados em menos de 2 (dois) anos antes
do óbito do segurado; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)

c) transcorridos os seguintes períodos, estabelecidos de acordo com a idade do beneficiário na data


de óbito do segurado, se o óbito ocorrer depois de vertidas 18 (dezoito) contribuições mensais e pelo
menos 2 (dois) anos após o início do casamento ou da união estável: (Incluído pela Lei nº 13.135, de
2015)

1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de idade;


2) [...]

928
• Questionamentos:

Existe o direito de efetiva percepção dos valores da pensão/cota-parte pelos


prazos integrais fixados em lei, mesmo para os casos de DIP tardia (termo
inicial da contagem do prazo de duração a partir da DER/DIB e não da data
do óbito)? Sim, por exemplo, para o autor Leonardo Cacau (Curso Prático de
Direito e Processo Previdenciário, 5ª edição, Atlas, p. 477)

E as hipóteses de manipulação/má-fé (requerimento tardio enquanto outro


dependente do grupo familiar recebe o benefício?) Nesse caso, o citado
autor entende que o prazo de percepção da pensão/cota-parte pelo outro
dependente deve ser descontado do prazo de duração do benefício do
cônjuge ou companheiro

929
• Opinião pessoal: o termo inicial do período de duração deve ser a data do óbito,
havendo possibilidade de redução do tempo de percepção do benefício em caso
de DIP tardia.
Fundamentos: a) o tempus regit actum (data do óbito) orienta todos os requisitos
de acesso, cálculo e duração da pensão por morte; b) a pensão por morte leva em
conta a situação de dependência na data do óbito, que pode sequer estar
presente em momento posterior (embora, aqui, não se esteja a defender o
indeferimento do benefício); c) a lei levou em conta a idade do dependente na
data do óbito para fixar a duração do benefício, situação que pode ser
“deturpada” com a alteração do termo inicial; d) a lei sempre puniu
pecuniariamente o atraso em requerer a pensão, fixando a DIB na DER e não no
óbito, sem falar na prescrição de parcelas vencidas; e) quem determina, em regra,
a DIB e a duração do benefício é o dependente, formulando a tempo e modo o
requerimento administrativo, e devendo, por isso, suportar os ônus legais de sua
inércia

930
PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. UNIÃO ESTÁVEL RECONHECIDA POR PRAZO INFERIOR A 2
(DOIS) ANOS. ÓBITO DO INSTITUIDOR NA VIGÊNCIA DA MP 664/2014. BENEFÍCIO DEVIDO POR 4
MESES A CONTAR DA DATA DO ÓBITO. REQUERIMENTO TARDIO, APÓS O TERMO FINAL DO
BENEFÍCIO. NENHUMA PARCELA DEVIDA. 1. A análise do conjunto probatório permite o
reconhecimento da união estável da autora com o instituidor, falecido em 17/01/2015, por prazo
inferior a 2 (dois) anos.2. A lei aplicável à concessão de pensão por morte é aquela vigente na data do
óbito do segurado (Súmula 416 STJ).3. Sendo o início de vigência do art. 74, § 2º, da Lei 8213/91, com a
redação dada pela MP 664/2014, em 14/01/2015, tendo o óbito ocorrido em 17/01/2015 e a Lei
13.135/2015 mantido o direito à pensão do companheiro com relacionamento inferior a dois anos, bem
como prescrevendo a adaptação dos atos anteriores e o prazo de manutenção do benefício por quatro
meses (art. 77, V, alínea b, da Lei 8213/91), tenho que a demandante tem direito à pensão por quatro
meses, em razão de ter comprovado união estável por período inferior a dois anos. 4. Contudo,
tratando-se de habilitação tardia, com requerimento efetuado apenas em 18/07/2016, mais de 30
dias do óbito (art. 74, I, da Lei 8213/91, com a redação vigente à época do falecimento do
instituidor), bem como mais de quatro meses do que deveria ser a Data de Início do Benefício
(publicação da Lei 13.135/2015), nenhuma parcela é devida, o que conduz à improcedência total dos
pedidos. ( 5001357-95.2017.4.04.7109, QUARTA TURMA RECURSAL DO RS, Relatora MARINA
VASQUES DUARTE, julgado em 11/05/2020)

No mesmo sentido: Processo nº 0523465-92.2018.4.05.8400, TR da SJRN, Rel. Juiz Fed. Almiro Lemos,
Sessão de Julgamento: 16.10.2019

931
27.12. Acumulação:
 Como regra, a pensão por morte pode ser acumulada com qualquer outro benefício:
aposentadoria, auxílio-doença, auxílio-acidente, salário-maternidade, seguro-desemprego etc
(art. 124 da Lei 8.213/91)
 Salvo direito adquirido, não é permitido o recebimento conjunto de mais de uma pensão
deixada por cônjuge ou companheiro, ressalvado o direito de opção pela mais vantajosa (Lei
8.213/01, art. 124, VI). OBS: não existe vedação para acumulação de pensões instituídas por
pais (em favor dos filhos), filhos (em favor dos pais), irmãos e de cônjuge/companheiro com
pensão de filho.
 Tema 284 da TNU: Os dependentes que recebem ou que têm direito à cota de pensão por morte
podem renunciar a esse direito para o fim de receber benefício assistencial de prestação
continuada, uma vez preenchidos os requisitos da Lei 8.742/1993. (julgado em 18/08/2022)
 Regras da EC 103/2019: art. 23
Art. 24. É vedada a acumulação de mais de uma pensão por morte deixada por cônjuge ou
companheiro, no âmbito do mesmo regime de previdência social, ressalvadas as pensões do
mesmo instituidor decorrentes do exercício de cargos acumuláveis na forma do art. 37 da
Constituição Federal.

932
§ 1º Será admitida, nos termos do § 2º, a acumulação de:
I - pensão por morte deixada por cônjuge ou companheiro de um regime de previdência social
com pensão por morte concedida por outro regime de previdência social ou com pensões
decorrentes das atividades militares de que tratam os arts. 42 e 142 da Constituição Federal;

II - pensão por morte deixada por cônjuge ou companheiro de um regime de previdência social
com aposentadoria concedida no âmbito do Regime Geral de Previdência Social ou de regime
próprio de previdência social ou com proventos de inatividade decorrentes das atividades
militares de que tratam os arts. 42 e 142 da Constituição Federal; ou

III - pensões decorrentes das atividades militares de que tratam os arts. 42 e 142 da
Constituição Federal com aposentadoria concedida no âmbito do Regime Geral de Previdência
Social ou de regime próprio de previdência social.

§ 2º Nas hipóteses das acumulações previstas no § 1º, é assegurada a percepção do valor


integral do benefício mais vantajoso e de uma parte de cada um dos demais benefícios,
apurada cumulativamente de acordo com as seguintes faixas:

933
I - 60% (sessenta por cento) do valor que exceder 1 (um) salário-mínimo, até o limite de 2 (dois)
salários-mínimos;

II - 40% (quarenta por cento) do valor que exceder 2 (dois) salários-mínimos, até o limite de 3
(três) salários-mínimos;

III - 20% (vinte por cento) do valor que exceder 3 (três) salários-mínimos, até o limite de 4
(quatro) salários-mínimos; e

IV - 10% (dez por cento) do valor que exceder 4 (quatro) salários-mínimos.

§ 3º A aplicação do disposto no § 2º poderá ser revista a qualquer tempo, a pedido do


interessado, em razão de alteração de algum dos benefícios.

§ 4º As restrições previstas neste artigo não serão aplicadas se o direito aos benefícios houver
sido adquirido antes da data de entrada em vigor desta Emenda Constitucional. (regra de
direito adquirido)

934
 Acumulação vedada: duas aposentadorias ou duas pensões em um
mesmo regime (RGPS), salvo cargos acumuláveis (exceção aplicável
ao RPPS);
 Acumulações admitidas sem redução: aposentadorias em regimes
diversos;
 Acumulações admitidas com redução:
a) pensão por morte de cônjuge ou companheiro de um regime + pensão
por morte de outro regime (inclusive militar);
b) pensão por morte de cônjuge ou companheiro de um regime +
aposentadoria (RGPS e RPPS) e proventos de inatividade militar;
c) aposentadoria (RPPS e RGPS) + pensões de atividade militar.

935
Tabela ilustrativa

Percentual pago Faixa do Benefício Redutor


100% Até 01 SM -
60% Acima de 1 até 2 SM’s 40%
40% Acima de 2 até 3 SM’s 60%
20% Acima de 3 até 4 SM’s 80%
10% Acima de 4 SM’s 90%

936
Exemplo prático (SM de 2022: R$ 1.212,00)
Segurado aposentado desde 15/08/2015, com proventos de R$ 4.848,00 (04 sm’s), que
passou a fazer jus a pensão por morte em 02/03/2022, no valor de R$ 4.000,00 (pouco
mais de 03 sm’s). No regime anterior à EC 103/2019, os benefícios seriam somados (R$
8.484,00). Agora, pode acumular, mas a pensão será reduzida por faixas:
Percentual pago Faixa do benefício Valor devido
100% Até 1.212,00 (01 SM) 1.212,00
60% 1.212,01 até 2.424,00 727,19
40% 2.424,01 até 3.636,00 484,79
20% 3.636,01 até 4.848,00 72,79
(no caso concreto, até R$
4.000,00)
10% - -
Total de R$ 2.496,77
937
27.13. Cessação do pagamento da pensão ou da cota-parte (art. 77,
§2º, da Lei 8.213/91, art. 114 do RPS e art. 378 da IN 128/2022):
• morte do pensionista;
• para o filho ou equiparados ou irmão ao completar 21 anos, salvo se for inválido/deficiente;
• para o filho ou equiparados ou irmão inválido/deficiente com a cessação da invalidez ou
afastamento da deficiência;
• pela adoção, para o filho que receba pensão dos pais biológicos (Obs: causa de extinção
sem previsão legal, de duvidosa legalidade à luz do tempus regit actum);
• pelo decurso dos prazos de duração (já estudados) para cônjuge/companheiro e ex;
• em razão de condenação criminal como autor, coautor ou partícipe de homicídio ou
tentativa de homicídio contra o segurado
• em razão da comprovação de fraude ou simulação no casamento ou união estável

938
• Obs: o novo casamento do pensionista não fará cessar a pensão por
morte

• Obs: a cota do filho, equiparado ou do irmão que se tornar inválido ou


pessoa com deficiência antes de completar 21 anos de idade não será
extinta se confirmada a invalidez ou a deficiência, independentemente
desta ter ocorrido antes ou após o óbito do segurado (art. 512 da Portaria
nº 991/2022)

• Obs: o exercício de atividade remunerada, inclusive na condição de


microempreendedor individual, não impede a concessão ou manutenção
da parte individual da pensão do dependente com deficiência intelectual
ou mental ou com deficiência grave. (§6º do art. 77 da Lei 8.213/91)

939
• 27.14. Revisão do benefício originário/derivado, resíduos de valores devidos ao
instituidor, legitimidade e sucessão processual: matérias definidas pelo STJ no tema
1.057 (arts. 624 e 524 da IN 128/2022). Tese firmada:
I. O disposto no art. 112 da Lei n. 8.213/1991 é aplicável aos âmbitos judicial e administrativo;

II. Os pensionistas detêm legitimidade ativa para pleitear, por direito próprio, a revisão do
benefício derivado (pensão por morte) - caso não alcançada pela decadência -, fazendo jus a
diferenças pecuniárias pretéritas não prescritas, decorrentes da pensão recalculada;

III. Caso não decaído o direito de revisar a renda mensal inicial do benefício originário do
segurado instituidor, os pensionistas poderão postular a revisão da aposentadoria, a fim de
auferirem eventuais parcelas não prescritas resultantes da readequação do benefício
original, bem como os reflexos na graduação econômica da pensão por morte;

IV. À falta de dependentes legais habilitados à pensão por morte, os sucessores (herdeiros) do
segurado instituidor, definidos na lei civil, são partes legítimas para pleitear, por ação e em
nome próprios, a revisão do benefício original - salvo se decaído o direito ao instituidor - e,
por conseguinte, de haverem eventuais diferenças pecuniárias não prescritas, oriundas do
recálculo da aposentadoria do de cujus.

940
• 27.15. Assuntos diversos:

941
• PUIL nº 0031546-82.2012.4.01.3300/BA: O recebimento irregular de benefício
assistencial pelo companheiro do falecido não altera seu direito à pensão por morte, se
verificado o preenchimento dos requisitos legais do benefício previdenciário no
momento do óbito, competindo ao INSS adotar as medidas cabíveis quanto às
irregularidades praticadas para a concessão do BPC, e proceder à cobrança do indébito
por quaisquer dos meios previstos na legislação, inclusive compensação ou desconto.
(julgado em 16/10/2020)

• Tema 225 da TNU: É possível a concessão de pensão por morte quando o instituidor,
apesar de titular de benefício assistencial, tinha direito adquirido a benefício
previdenciário não concedido pela Administração.

942
28. AUXÍLIO-RECLUSÃO
28.1. Regulamentação: CF/88 (art. 201, IV); EC 20/1998 (art. 13); EC 103/2019
(art. 27); Lei 8.213/91 (art. 80); RPS (arts. 116 a119); IN 128/2022 (381 a 392);
Portaria 991/2022 (521 a 533) e Portaria 992/2022 (arts. 99 a 107)

28.2. Código de concessão: B25

28.3. Contingência ou evento (risco social): recolhimento do segurado à prisão,


com perda de renda que garantia a manutenção dos dependentes

28.4. Beneficiários: conjunto de dependentes do segurado de baixa renda,


abrangendo todas as categorias de segurados, observada a ordem preferencial de
classes

943
Art. 80. O auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições da pensão por morte, aos
dependentes do segurado recolhido à prisão, que não receber remuneração da empresa
nem estiver em gozo de auxílio-doença, de aposentadoria ou de abono de permanência
em serviço.

Art. 80. O auxílio-reclusão será devido nas condições da pensão por morte, respeitado o tempo mínimo de
carência estabelecido no inciso IV do caput do art. 25, aos dependentes do segurado de baixa renda
recolhido à prisão em regime fechado, que não receber remuneração da empresa nem estiver em gozo de
auxílio-doença, pensão por morte, salário-maternidade, aposentadoria ou abono de permanência em
serviço. (Redação dada pela Medida Provisória nº 871, de 2019)

Art. 80. O auxílio-reclusão, cumprida a carência prevista no inciso IV do caput do


art. 25 desta Lei, será devido, nas condições da pensão por morte, aos
dependentes do segurado de baixa renda recolhido à prisão em regime fechado
que não receber remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença,
de pensão por morte, de salário-maternidade, de aposentadoria ou de abono de
permanência em serviço. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)
944
28.5. Requisitos:
1º) Qualidade de segurado: sim, na data da prisão, sendo importante observar as
hipóteses de prorrogação do período de graça (art. 15 da Lei 8.213/91). Obs: o INSS considera
novo fato gerador: regressão de regime e captura decorrente de fuga (arts. 381, §2º e 392,
§1º, da IN 128/2022).
TRU da 4ª Região: A fuga é causa de cessação do auxílio-reclusão e, sendo recapturado o segurado, a
concessão de novo benefício depende do preenchimento dos requisitos legais conforme a lei vigente na data
da nova prisão (PUIL 5000624063.2021.4.04.7118/RS, julgado em 28/04/2023)

2º) Carência:
• Não: para prisões (data do encarceramento) até 17/01/2019
• Sim: 24 contribuições mensais (art. 25, IV, da Lei 8.213/91) para prisões a partir de
18/01/2019, data de início de vigência (publicação) da MP 871/2019, convertida na Lei
13.846/2019. Obs: ver carência de refiliação/recuperação do art. 27-A da Lei 8.213/91
(período integral [até 17/06/2019] e 1/2 do prazo [a partir de 18/06/2019])
945
3º) Regime de prisão:
• Fechado ou semiaberto: para prisões (data do encarceramento) até
17/01/2019 (dia anterior à vigência da MP 871/2019)

• Somente o fechado: para prisões a partir de 18/01/2019, data de início de


vigência (publicação) da MP 871/2019, convertida na Lei 13.846/2019. Obs:
se a prisão ocorreu antes da MP 871/2019 e a progressão para o semiaberto
ocorreu após, o benefício deve ser mantido (art. 383, §2º, da IN 128/2022)
• Prisão provisória (preventiva ou temporária): sim (IN 128/2022, art. 382)

• Prisão domiciliar e monitoração eletrônica: sim, desde que o regime


previsto seja o fechado ou semiaberto (IN 128/2022, art. 382, §3º). Obs: o
semiaberto não mais a partir de 18/01/2019
946
• Maior de 16 anos internado para cumprimento de medida socioeducativa
na forma do art. 112, VI, do ECA: sim (IN 128/2022, art. 382, §1º), pois
equiparado ao regime fechado
• Prisão civil de alimentos: não
4º) Existência de dependentes: os mesmos dependentes da pensão por morte,
conforme rol/classes dos arts. 16 e 76, §2º, da Lei 8.213/91

• Menor sob guarda: art. 227, §3º, II da CF/88, art. 33, § 3º do ECA (Lei 8.069/90) e
Tema 732 do STJ X art. 23, §6º da EC 103/2019. STF: ADI 4878 resolveu a questão
até a vigência da EC 103/2019. Obs: Para prisões posteriores a questão está
em aberto (ver discussão no item 8: dependentes)

• Filho nascido após a prisão: sim, sendo exceção à regra do tempus regit
actun (art. 388 da IN 128/2022), surgindo o direito com o nascimento

• Casamento ou união estável após a prisão: não (art. 389 da IN 128/2022)


947
5º) Não ter renda decorrente de:

• remuneração da empresa, auxílio-doença, aposentadoria (de qualquer


espécie) ou de abono de permanência em serviço (benefício extinto)
para prisões (data do encarceramento) até 17/01/2019

• remuneração da empresa, auxílio-doença, pensão por morte, salário-


maternidade, aposentadoria (de qualquer espécie) ou abono de
permanência em serviço (benefício extinto) para prisões a partir de
18/01/2019, data de início de vigência (publicação) da MP 871/2019,
convertida na Lei 13.846/2019

• OBS: com a MP 871/2019 e Lei 13.846/2019, com vigência a partir de


18/06/2019 (art. 59, §§ 2º a 7º da Lei 8.213/91), não será devido o
benefício de auxílio-doença para o segurado preso em regime fechado
948
6º) Ser segurado de baixa renda: requisito introduzido pela EC 20/1998,
com base no princípio da seletividade e distributividade na prestação dos
benefícios (art. 193, IV, da CF/88)

• Tema 89 do STF: a renda a ser considerada é a do segurado e não do


dependente

• Portaria Interministerial MPS/MF nº 26, DE 10/01/2023, estipulou


para o ano de 2023 o valor de R$ 1.754,18

• Todo ano o governo edita uma Portaria indicando qual o valor que
será considerado como limite para configuração da baixa renda
naquela ano

949
PERÍODO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO TOMADO NORMATIVO
EM SEU VALOR MENSAL (R$)
A partir de 01/01/2023 1.754,18 Portaria MPS/MF Nº 10/2022
A partir de 01/01/2022 1.655,98 Portaria MTP/ME 12/2022
A partir de 01/01/2021 1.503,25 Portaria SEPRT/ME 477/2021
A partir de 01/01/2020 1.425,56 Portaria nº 914/2020
A partir de 01/01/2019 1.364,43 Portaria nº 9/2019
A partir de 01/01/2018 1.319,43 Portaria nº 15/2018
A partir de 01/01/2017 1.292,43 Portaria nº 8/2017
A partir de 01/01/2016 1.212,64 Portaria nº 1/2016
A partir de 01/01/2015 1.089,72 Portaria nº 13/2015
A partir de 01/01/2014 1.025,81 Portaria nº 19/2014
A partir de 01/01/2013 917,78 Portaria nº 15/2013
950
• O valor da baixa renda tem sede constitucional:
Art. 13 da EC nº 20/1998: Art. 13 - Até que a lei discipline o acesso ao salário-
família e auxílio-reclusão para os servidores, segurados e seus dependentes,
esses benefícios serão concedidos apenas àqueles que tenham renda bruta
mensal igual ou inferior a R$ 360,00 (trezentos e sessenta reais), que, até a
publicação da lei, serão corrigidos pelos mesmos índices aplicados aos
benefícios do regime geral de previdência social. (Revogado pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)

Art. 27 da EC 103/2019: Art. 27. Até que lei discipline o acesso ao salário-
família e ao auxílio-reclusão de que trata o inciso IV do art. 201 da Constituição
Federal, esses benefícios serão concedidos apenas àqueles que tenham renda
bruta mensal igual ou inferior a R$ 1.364,43 (mil, trezentos e sessenta e
quatro reais e quarenta e três centavos), que serão corrigidos pelos mesmos
índices aplicados aos benefícios do Regime Geral de Previdência Social.

951
• Critério de aferição da baixa renda: antes da MP 871/2019 (prisões até
17/01/2019)

• Via administrativa: o INSS, na forma do RPS e da IN 77/2015, analisava


exclusivamente o valor do último salário de contribuição, mesmo diante
da inexistência de renda na data da prisão. Se superior ao valor da
portaria em vigor (na data do último salário de contribuição e não da
prisão: IN 77/2015, art. 385, §3º) negava o benefício.

Ex: segurado que recebia R$ 1.400,00 e perdeu o emprego em


10/08/2017. Foi preso em 10/03/2018, quando estava desempregado
(sem renda). Baixa renda para 2017 era de R$ 1.292,43. No caso, o INSS
considerava a renda/salário de contribuição e a tabela de valores em vigor
de 08/2017 e negava o benefício por não ser o segurado de baixa renda
952
• Via judicial: o STJ uniformizou o entendimento de que deve ser considerada a
remuneração na data (mês) da prisão (tempus regit actum). Assim sendo, se estava
desempregado, a renda era zero e é considerado segurado de baixa renda.
Tema 896: Para a concessão de auxílio-reclusão (art. 80 da Lei 8.213/1991) no
regime anterior à vigência da MP 871/2019, o critério de aferição de renda do
segurado que não exerce atividade laboral remunerada no momento do
recolhimento à prisão é a ausência de renda, e não o último salário de
contribuição.
Ex: segurado que recebia R$ 1.400,00 e perdeu o emprego em 10/03/2017. Foi preso
em 10/10/2017, quando estava desempregado (sem renda). Baixa renda para 2017
era de R$ 1.292,43. No caso, a justiça concede o benefício, uma vez que na data da
prisão não tinha renda (renda zero) e, então, era segurado de baixa renda
OBS: o STF, no tema 1.017, discutindo a mesma tese do tema 896 do STJ, decidiu que
a aferição dos critérios para fins de baixa renda é matéria infraconstitucional (ausência
de repercussão geral)

953
• Remuneração integral ou proporcional em caso da prisão ter ocorrido
durante o mês: o salário de contribuição será tomado em seu valor
mensal, independentemente do número de dias trabalhados no mês (art.
521, §3º, da Portaria 991/2022 e art. 385, §2º, II da IN 77/2015)
• Adicionais da remuneração computados ou não para fins aferição da
baixa renda (art. 532 da Portaria 991/2022): registre-se que CF/88 elegeu
a “renda bruta”
décimo terceiro salário e o terço de férias: não
 horas extras: sim
Verbas indenizatórias: não
Obs: existem decisões na justiça excluindo o valor das horas-extras e de
outras verbas que não integram de forma permanente a remuneração
mensal, como, por exemplo, as rescisórias.

954
• Flexibilização/relativização do valor da baixa renda:

O INSS não admite

A justiça admite em situações extremas e valor irrisório (o que é


isso????). Existem decisões que vão de R$ 10,82 a R$ 253,55

Tema 169 da TNU: “É possível a flexibilização do conceito de “baixa-


renda” para o fim de concessão do benefício previdenciário de auxílio-
reclusão desde que se esteja diante de situações extremas e com valor
do último salário-de contribuição do segurado preso pouco acima do
mínimo legal – “valor irrisório”.

955
STJ:
(...)
3. À semelhança do entendimento firmado por esta Corte, no julgamento do Recurso
Especial 1.112.557/MG, Representativo da Controvérsia, onde se reconheceu a
possibilidade de flexibilização do critério econômico definido legalmente para a concessão
do Benefício Assistencial de Prestação Continuada, previsto na LOAS, é possível a
concessão do auxílio-reclusão quando o caso concreto revela a necessidade de proteção
social, permitindo ao Julgador a flexibilização do critério econômico para deferimento do
benefício, ainda que o salário de contribuição do segurado supere o valor legalmente
fixado como critério de baixa renda.
4. No caso dos autos, o limite de renda fixado pela Portaria Interministerial, vigente no
momento de reclusão da segurada, para definir o Segurado de baixa-renda era de R$
623,44, ao passo que, de acordo com os registros do CNIS, a renda mensal da segurada era
de R$ 650,00, superior aquele limite 5. Nestas condições, é possível a flexibilização da
análise do requisito de renda do instituidor do benefício, devendo ser mantida a
procedência do pedido, reconhecida nas instâncias ordinárias.
6. Agravo Regimental do INSS desprovido. (AgRg no REsp 1523797/RS, Rel. Ministro
NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 01/10/2015, DJe
13/10/2015)
956
• O STJ afetou o tema para decisão em recurso repetitivo (smj., a questão controversa é
diversa da discutida no tema 869 do STJ e não está abrangida pela decisão do tema
1.017 do STF):

957
• Critério de aferição da baixa renda: após a MP 871/2019 (prisões a partir de
18/01/2019)
§ 3º Para fins do disposto nesta Lei, considera-se segurado de baixa renda aquele que, na competência de
recolhimento à prisão tenha renda, apurada nos termos do disposto no § 4º, de valor igual ou inferior àquela
prevista no art. 13 da Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998, corrigido pelos índices aplicados
aos benefícios do RGPS. (Incluído pela Medida Provisória nº 871, de 2019)

§ 3º Para fins do disposto nesta Lei, considera-se segurado de baixa renda aquele que, no mês de
competência de recolhimento à prisão, tenha renda, apurada nos termos do disposto no § 4º deste
artigo, de valor igual ou inferior àquela prevista no art. 13 da Emenda Constitucional nº 20, de 15 de
dezembro de 1998, corrigido pelos índices de reajuste aplicados aos benefícios do RGPS.
(Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
§ 4º A aferição da renda mensal bruta para enquadramento do segurado como de baixa renda ocorrerá pela média
dos salários de contribuição apurados no período de doze meses anteriores ao mês do recolhimento à prisão.
(Incluído pela Medida Provisória nº 871, de 2019)

§ 4º A aferição da renda mensal bruta para enquadramento do segurado como de baixa renda ocorrerá
pela média dos salários de contribuição apurados no período de 12 (doze) meses anteriores ao mês do
recolhimento à prisão. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)

958
• Critério da média dos salários de contribuição no período de 12 meses anteriores à
prisão: não importa mais o valor do último salário de contribuição ou do salário de
contribuição na data da prisão:
 Fazemos a média dos salários de contribuição encontrados no período de 12 meses
anteriores à prisão
 Ou seja, se no período de 12 meses anteriores à prisão tivermos 12 contribuições, pegamos
a soma do valor das 12 e dividimos por 12
 Mas se nesse período de 12 meses anteriores à prisão tivermos apenas 5 salários de
contribuição, pegamos a soma do valor desses 5 e dividimos por 5 (§6º do art. 383 da IN
128/2022). Nesse sentido a TNU:

Tese firmada no tema 310: “A partir da vigência da MP 871/2019, convertida na Lei


13.846/19, a aferição da renda para enquadramento do segurado como baixa renda, visando
a concessão do auxílio-reclusão, dar-se pela média dos salários-de-contribuição apurados no
período de 12 meses anteriores ao mês de recolhimento à prisão, computando-se, no divisor,
apenas o número de salários-de-contribuição efetivamente existentes no período” (PUIL nº
5027480-64.2020.4.04.7000/PR, julgado em 19/04/2023 e não transitado em julgado).

959
Obs: Caso não haja salário de contribuição nos 12 meses anteriores à prisão, o
segurado deverá ser considerado de baixa renda (art. 383, §5º, da IN 128/2022).
Aplicação do entendimento firmado no tema 896 do STJ.

• Percepção de benefício por incapacidade no período de 12 meses anteriores à


prisão: § 6º Se o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade no período
previsto no § 4º deste artigo, sua duração será contada considerando-se como
salário de contribuição no período o salário de benefício que serviu de base para o
cálculo da renda mensal, reajustado na mesma época e com a mesma base dos
benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1 (um) salário mínimo.
(Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019).

960
• Adicionais da remuneração computados ou não para fins de aferição da média: ver
art. 532 da Portaria 991/2022 e slide retro

• Relativização/flexibilização do valor: continua a se aplicar a jurisprudência anterior,


por não se mostrar incompatível com a mudança? Obs: tema afetado pelo STJ para
julgamento em recurso repetitivo

961
Comprovação regular da prisão para concessão e
manutenção:
§ 1º O requerimento do auxílio-reclusão será instruído com certidão judicial
que ateste o recolhimento efetivo à prisão, e será obrigatória a apresentação de
prova de permanência na condição de presidiário para a manutenção do
benefício. (Incluído MP 871/2019, convertida na Lei nº 13.846, de 2019)

§ 2º O INSS celebrará convênios com os órgãos públicos responsáveis pelo


cadastro dos presos para obter informações sobre o recolhimento à prisão.
(Incluído MP 871/2019, convertida na Lei nº 13.846, de 2019)

§ 5º A certidão judicial e a prova de permanência na condição de presidiário


poderão ser substituídas pelo acesso à base de dados, por meio eletrônico, a ser
disponibilizada pelo Conselho Nacional de Justiça, com dados cadastrais que
assegurem a identificação plena do segurado e da sua condição de presidiário.
(Incluído MP 871/2019, convertida na Lei nº 13.846, de 2019)

962
• Certidão judicial: para o requerimento inicial (novidade da MP 871/2019)
e exigida pelo INSS para requerimentos formulados a partir de 28/03/2022
(ver art. 523, §4º, da Portaria 991/2022)

• Atestado ou declaração do estabelecimento prisional: para manutenção


do benefício. Utilizada também para requerimentos iniciais até
28/03/2022 em substituição à certidão judicial (art. 523 da Portaria
991/2022)

• Consulta a base de dados do CNJ (quando implantada): poderá substituir


a certidão e atestado

• Periodicidade da comprovação: trimestral (arts. 390 e 391, I, da IN 128/2022


e arts. 100 a 102 da Portaria 992/2022)

963
28.6. DIB: segue as mesmas regras da pensão por morte (arts. 80, caput e 74 da Lei
8.213/91).
• (I)legalidade e hipóteses de aplicação do art. 119 do RPS: “É vedada a concessão do
auxílio-reclusão após a soltura do segurado.”
• Previsão normativa sem base legal, uma vez que a lei não traz esse requisito
(requerimento antes do término da prisão) e a DIB é fixada por lei (vinculada à
DER e à data da prisão);
• TNU: “É ilegal a restrição que se faça, via regulamento, à concessão, após a
soltura do segurado, do auxílio-reclusão referente a período pretérito, para o
qual implementadas todas as condições legais” (PUIL nº 5049090-
45.2021.4.04.7100/RS, sessão virtual de 09/03/2023 a 15/03/2023)
• No entanto, como a DIB é a DER no caso de não observância dos prazos de 30,
90 e 180 dias, se for requerido após a soltura (e superados os citados prazos) o
benefício deve ser indeferido, uma vez a DIB será posterior à DCB (data da
cessação). Obs: salvo para os dependentes absolutamente incapazes, quando
fizerem jus ao benefício desde a data da prisão
964
28.7. RMI/valor do benefício:

 Regime anterior à EC 103/2019 (prisões até 13/11/2019):

• Utiliza o mesmo critério de cálculo da pensão por morte (art. 75 da Lei


8.213/91): 100% do valor da aposentadoria por invalidez que o
segurado teria direito se estivesse aposentado por invalidez (m.a.s dos
80% > SC x 100%)

• A RMI podia ser superior ao SM

965
 Regime posterior à EC 103/2019 (prisões a partir de 14/11/2019):

• Valor fixo de 1 SM, conforme art. 27, §1º, da EC 103/2019: § 1º Até


que lei discipline o valor do auxílio-reclusão, de que trata o inciso IV
do art. 201 da Constituição Federal, seu cálculo será realizado na
forma daquele aplicável à pensão por morte, não podendo exceder o
valor de 1 (um) salário-mínimo. Obs: regra transitória

• (In)Compatibilidade com o art. 201, §11, da CF/88?: § 11. Os ganhos


habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao
salário para efeito de contribuição previdenciária e conseqüente
repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. (Incluído dada pela
Emenda Constitucional nº 20, de 1998). Posição pessoal: compatível

966
28.8. Duração do benefício:
 Em regra, é devido durante o período de prisão (em regime fechado ou
semiaberto ou em regime fechado [após a MP 871/2019]) ou até o fim da
dependência econômica
• Cessa quando é colocado em liberdade (inclusive livramento condicional) ou em
regime aberto ou semiaberto (prisões após 17/01/2019, data de vigência da MP
871). Obs: para as prisões anteriores a 17/01/2019, somente a progressão
para o regime aberto faz cessar o benefício (art. 383, §2º, da IN 128/2022
e aart. 105, I, ‘a’ da Portaria 992/2002)
• Cessa, por exemplo, quando o filho completa 21 anos

 Cônjuge e companheiro: aplicam-se as regras de duração da pensão por


morte instituídas pela MP 664/2015, convertida na Lei 13.135/2015 (art.
77, V, ‘a’, ‘b’ e ‘c’ da Lei 8.213/91):
967
• Dura 04 meses (ou até a data em que o segurado for colocado em liberdade/progredir de
regime, se ocorrer primeiro) se a prisão do segurado ocorreu antes do recolhimento de 18
contribuições ou de 02 anos do início do casamento ou da união estável
• Nos prazos previstos no art. 77, V, da Lei 8.213/91 (ou até a data em que o segurado for
colocado em liberdade/progredir de regime, se ocorrer primeiro): que leva em conta a
idade do dependente na data da prisão do segurado (ver tabela do slide referente à pensão
por morte).

• Independentemente do cumprimento dos requisitos acima (18 contribuições e 2 anos de


casamento ou união estável), no caso de cônjuge inválido ou deficiente o benefício dura:
a) até a data em que o segurado for colocado em liberdade/progredir de regime (se ocorrer
primeiro);
b) até a data da cessação da invalidez/deficiência; ou
c) pelos prazos previstos no art. 77, V, ‘c’ da Lei 8.213/91, que levam em conta a idade do
dependente na data da prisão, se a invalidez/deficiência cessar primeiro

968
28.9. Exercício de atividade remunerada pelo recluso (regime fechado) com contribuições:
não acarreta a perda do direito ao recebimento do auxílio-reclusão pelos dependentes (§7º
do art. 80 da Lei 8.213/91)
28.10. Término da prisão e decretação de nova prisão pelo mesmo crime: trata-se de fato
novo, oportunidade em que serão analisados novamente todos os requisitos do benefício,
considerando-se a data da nova prisão
28.11: Fuga: “No caso de fuga, o benefício será suspenso e, se houver recaptura do segurado,
será restabelecido a contar da data em que esta ocorrer, desde que esteja ainda mantida a
qualidade de segurado” (art. 117, §2º do RPS).
• Obs: suspensão (art. 117, §2º do RPS) X cessação/recaptura como novo fato gerador
(art. 392, §1º, da IN 128/2022), a exigir, além da qualidade de segurado, o atendimento
dos demais requisitos legais (contextualizar com exemplos). Opinião pessoal: cessação. Nesse
sentido a TRU da 4ª Região: “A fuga é causa de cessação do auxílio-reclusão e, sendo
recapturado o segurado, a concessão de novo benefício depende do preenchimento dos
requisitos legais conforme a lei vigente na data da nova prisão”. (PUIL
5000624063.2021.4.04.7118/RS, julgado em 28/04/2023)
969
• Obs: ver no capítulo 7 do curso a questão dos reflexos da fuga na manutenção da
qualidade de segurado.

28.12. Exercício de atividade remunerada durante o período de fuga: art.


117, §3º, do RPS: § 3º Se houver exercício de atividade dentro do período de fuga,
o mesmo será considerado para a verificação da perda ou não da qualidade de
segurado.

28.13. Cessação do benefício ou de cota parte (art. 392 da IN 128/2022): a)


progressão para regime semiaberto; b) data da soltura ou do livramento
condicional; c) fuga do condenado; d) segurado passa a receber
aposentadoria; e) extinção da última cota individual/término da
dependência; f) término do prazo de duração nos casos de cônjuge ou
companheiro; g) óbito do segurado (conversão em pensão por morte)

970
29. BPC/LOAS IDOSO E DEFICIENTE
29.1. Regulamentação: art. 203, V, da CF/88, Lei 8.742/93 (arts. 20 a 21-A),
Decreto 6.214/2007 e Portaria Conjunta MDS nº 3, de 21/09/2018

29.2. Códigos de concessão: a) B87: amparo social ao portador de


deficiência; b) B88: amparo social ao idoso

29.3. Beneficiários: pessoas portadoras de deficiência e idosos que


comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la
provida por sua família, conforme dispuser a lei (art. 203, V, da CF/88)

• Estrangeiro: sim, desde que residente no país e em situação regular (STF, RE


587970/SP, 20/04/2017 – Tese do tema 173)

971
29.4. Idoso (“pessoa idosa” conforme designação da Lei 14.423/2022): a partir dos 65
anos (art. 20, caput, da Lei 8.742/93)
29.5. Deficiente (art. 20, §2º):
 Conceito originário: pessoa portadora de deficiência é aquela incapacitada para a vida
independente e para o trabalho
 Evolução jurisprudencial: Súmula 29 da TNU: Para os efeitos do art. 20, § 2º, da Lei n.
8.742, de 1993, incapacidade para a vida independente não é só aquela que impede as
atividades mais elementares da pessoa, mas também a impossibilita de prover ao
próprio sustento.
 Evolução legal/conceito atual: § 2o Para efeito de concessão do benefício de
prestação continuada, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem
impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou
sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir
sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições
com as demais pessoas.
972
 Duração do impedimento/deficiência: § 10. Considera-se
impedimento de longo prazo, para os fins do § 2o deste artigo,
aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos.
• Obs: para a aferição dos 02 anos soma-se o período pretérito do impedimento com a
estimativa de sua duração futura

• Súmula 48 TNU: Para fins de concessão do benefício assistencial de prestação continuada, o


conceito de pessoa com deficiência, que não se confunde necessariamente com situação de
incapacidade laborativa, exige a configuração de impedimento de longo prazo com duração
mínima de 2 (dois) anos, a ser aferido no caso concreto, desde o início do impedimento até a
data prevista para a sua cessação.

• Obs: jurisprudência dos TRF’s no mesmo sentido. Não localizei julgado específico do STJ. O
STF, na forma do tema 807, que afastou a repercussão geral nas discussões envolvendo os
requisitos de acesso ao LOAS, não vem enfrentando a matéria.

973
 Avaliação da deficiência: art. 2º da Lei 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com
Deficiência), art. 40-B da Lei 8.742/93, art. 16 do Decreto 6.214/2007 e Portaria
Conjunta 02 MDS/INSS, de 30/03/2015 (traz os critérios, procedimentos e os
instrumentos de avaliação
http://www.mds.gov.br/webarquivos/legislacao/assistencia_social/portarias/2015/por
taria_conjunta_INSS_2_2015_BPC.pdf
Art. 2º da Lei 13.146/2015: (...)
§ 1º A avaliação da deficiência, quando necessária, será biopsicossocial, realizada por equipe
multiprofissional e interdisciplinar e considerará: (Vigência) (Vide Decreto nº 11.063, de 2022)
I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo;
II - os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais;
III - a limitação no desempenho de atividades; e
IV - a restrição de participação.
§ 2º O Poder Executivo criará instrumentos para avaliação da deficiência.

974
• Art. 3º. Para fins de aplicação desta Lei, consideram-se:
IV - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que limite ou impeça a
participação social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à
acessibilidade, à liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso à
informação, à compreensão, à circulação com segurança, entre outros, classificadas em:
a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos espaços públicos e privados abertos ao
público ou de uso coletivo;
b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios públicos e privados;
c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e meios de transportes;
d) barreiras nas comunicações e na informação: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou
comportamento que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens e
de informações por intermédio de sistemas de comunicação e de tecnologia da informação;
e) barreiras atitudinais: atitudes ou comportamentos que impeçam ou prejudiquem a
participação social da pessoa com deficiência em igualdade de condições e oportunidades com
as demais pessoas;
f) barreiras tecnológicas: as que dificultam ou impedem o acesso da pessoa com deficiência às
tecnologias;

975
Art. 40-B. da Lei 8.742/93: “Enquanto não estiver regulamentado o instrumento de
avaliação de que tratam os §§1º e 2º do art. 2º da Lei 13.146, de 6 de julho de 2015 (Estatuto
da Pessoa com Deficiência), a concessão do benefício de prestação continuada à pessoa com
deficiência ficará sujeita à avaliação do grau da deficiência e do impedimento de que trata o §
2º do art. 20 desta Lei, composta por avaliação médica e avaliação social realizadas,
respectivamente, pela Perícia Médica Federal e pelo serviço social do INSS, com a utilização de
instrumentos desenvolvidos especificamente para esse fim. (Incluído pela Lei nº 14.176, de 2021)
Parágrafo único. O INSS poderá celebrar parcerias para a realização da avaliação social, sob a
supervisão do serviço social da autarquia. (Incluído pela Lei nº 14.441, de 2022)

• Perícia (critério) biopsicossocial: perícia que envolve a avaliação dos problemas de


saúde (físico, mental, intelectual ou sensorial) conjugados com os aspectos pessoais,
psicológicos, sociais e ambientais do periciado. A avaliação das alterações (deficiência)
e do grau de impedimento/restrição é feita por meio de avaliação médica + avaliação
social. Obs: esse é o critério também eleito pela CF/88 (ver, por exemplo, art. 40, §4º-A)

976
• Avaliação social à cargo do assistente social (9 domínios e 48 indicadores):

977
• Avaliação médica (20 domínios e 79 indicadores):

978
979
980
• Alguns conceitos interessantes (anexo III da Portaria):

981
982
• Transtorno do Espectro Autista (Lei 12.764/2012 e Decreto 8.368/2014) e Visão
Monocular (Lei 14.126/2021 e Decreto 10.654/2021): casos em que são consideradas
pessoas com deficiência para todos os efeitos legais. Obs: no entanto, no caso da visão
monocular, por exemplo, esse “enquadramento legal” não é suficiente, por si só, para a
concessão do LOAS, exigindo a perícia biopsicossocial para avaliação do grau da deficiência
e impedimento (ver remissão feita no parágrafo único do art. 1º da Lei 14.126/2021 e o
regulamento). Obs: na Lei 12.764/2012 (autismo) não existe a remissão e o regulamento
não exige expressamente a perícia (ver art. 3º do regulamento). Seria necessária a perícia?

• Objetivo/foco da perícia biopsicossial para identificar o PCD elegível ao


LOAS: identificar alterações (deficiências) nas funções ou estruturas do corpo
(física, mental, intelectual ou sensorial) e fatores socioambientais,
psicológicos e pessoais que, atuando em interação com uma ou mais
barreiras, provoquem impedimento de longo prazo (mais de dois anos) que
limite a execução de atividades em grau que possa obstruir ou restringir em
medida relevante a sua participação plena e efetiva na sociedade em
igualdade de condições com as demais pessoas, inclusive o exercício de
atividade remunerada.
983
• Crianças e adolescentes (art. 4º, §1º, do Decreto 6.214/07): o
objetivo/foco deve mirar a limitação para a execução de atividades e
obstrução/restrição de participação social compatíveis com a idade

• A realidade judicial da avaliação da deficiência: prepondera a perícia


exclusivamente médica, muitas vezes focada na incapacidade e não na deficiência
(impedimentos), sem a realização de avalição social, equivocadamente confundida
com o estudo socioeconômico (instrumento, em regra, para aferição do requisito
econômico.

984
 Julgados relevantes acerca da caracterização da deficiência para fins de LOAS:

• Deficiência X incapacidade parcial


PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. ALEGADA NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. DEFICIÊNCIA DE
FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA 284/STF. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA A PESSOA DEFICIENTE. ART.
20, §§ 2º E 3º, DA LEI 8.742/93. DISTINÇÃO QUANTO AO GRAU DA DEFICIÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE DE O
INTÉRPRETE ACRESCER REQUISITOS NÃO PREVISTOS EM LEI, PARA A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO.
PRECEDENTES DO STJ. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
I. [...]
II. Trata-se, na origem, de ação ajuizada por Cleide dos Santos em face do Instituto Nacional do Seguro Social
- INSS, objetivando a concessão do benefício de prestação continuada, previsto no art. 20 da Lei 8.742/93, a
pessoa com deficiência. O Juízo de 1º Grau julgou o pedido procedente, para determinar a implantação, em
favor da parte autora, do benefício assistencial requerido, concluindo que, "segundo o laudo de fls.154, a
autora é portadora de desenvolvimento mental retardado em grau leve (Olifogrenia leve), concluindo que
sua incapacidade é parcial e permanente. Ocorre que o caso da autora implica grave barreira à participação
social, apesar de ter algum acesso a tratamento médico e uso de medicamentos para sua doença". O
Tribunal a quo, dando provimento ao recurso de Apelação do INSS, decidiu pela improcedência do pedido,
por considerar não preenchido o requisito da deficiência, para fins de concessão do benefício pleiteado, em
virtude de ausência de incapacidade absoluta da autora, tendo em vista ser ela portadora de
desenvolvimento mental retardado em grau leve, possuindo limitação apenas para atividades que
demandam habilidades acadêmicas. [...]

985
VIII. Embora o acórdão recorrido tenha reconhecido a deficiência e as limitações da parte autora,
considerou que a incapacidade era parcial e permanente e que a sua deficiência não impedia o
trabalho em atividades que demandam habilidades práticas, ao invés de acadêmica, pelo que não
haveria impedimento apto a obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade.
IX. A jurisprudência do STJ firmou entendimento segundo o qual, para efeito de concessão do
benefício de prestação continuada, a legislação que disciplina a matéria não elenca o grau de
incapacidade para fins de configuração da deficiência, não cabendo ao intérprete da lei a imposição
de requisitos mais rígidos do que aqueles previstos para a sua concessão. Nesse sentido os seguintes
precedentes desta Corte: REsp 1.770.876/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA,
DJe de 19/12/2018; AgInt no AREsp 1.263.382/SP, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO,
PRIMEIRA TURMA, DJe de 19/12/2018; REsp 1.404.019/SP, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA
FILHO, PRIMEIRA TURMA, DJe de 03/08/2017.
X. Recurso Especial conhecido e parcialmente provido, para reconhecer, nos termos do § 2º do art. 20
da Lei 8.742/93, que a parte autora é portadora de deficiência, para efeito de concessão do benefício
de prestação continuada, bem como para determinar o retorno dos autos à instância de origem, para
que prossiga no julgamento da Apelação do INSS, como entender de direito, de vez que a autarquia, na
Apelação, sustentou inexistente o requisito da hipossuficiência, cujo exame o acórdão recorrido não
efetuou, por entendê-lo prejudicado, à míngua de prova da deficiência. (REsp n. 1.962.868/SP, relatora
Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma, julgado em 21/3/2023, DJe de 28/3/2023.)

986
• Tese do tema 34 da TNU: Para a concessão do benefício previsto no art. 203, V, da Constituição
Federal, nos casos de incapacidade parcial e temporária, deve-se examinar as condições
pessoais do requerente.
• Tese do tema 70 da TNU: Na concessão do benefício de prestação continuada ao portador do
vírus HIV assintomático, devem ser observadas, além da incapacidade de prover a própria
subsistência, as condições socioculturais estigmatizantes da doença. Vide Súmula 78 da TNU.
• Súmula 80 TNU: Nos pedidos de benefício de prestação continuada (LOAS), tendo em vista o
advento da Lei 12.470/11, para adequada valoração dos fatores ambientais, sociais,
econômicos e pessoais que impactam na participação da pessoa com deficiência na
sociedade, é necessária a realização de avaliação social por assistente social ou outras
providências aptas a revelar a efetiva condição vivida no meio social pelo requerente.
• PUIL nº 0514384-09.2019.4.05.8102/CE: Na análise de benefícios de prestação continuada à
pessoa com deficiência – LOAS, caso a perícia médica judicial seja conclusiva e suficiente para
afastar o impedimento clínico de longo prazo, observado o conjunto probatório já formado nos
autos, não é obrigatória a realização da avaliação social. (Julgado em 10/02/2022). Obs:
confronto com a súmula 80?
987
29.6. Requisito econômico e grupo familiar: não possuir meios de prover à
própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. Denominações mais comuns: a)
necessidade econômica; b) pobreza; c) hipossuficiência ou vunerabilidade financeira; d)
insuficiência de recursos; e) “condição de miserabilidade e situação de vulnerabilidade”
(terminologia recentemente utilizada pela Lei 8.742/93: arts. 20, §11 e 20-B )

 Conceito de grupo familiar para fins de cálculo da renda per capita / família
responsável pela manutenção do deficiente:
• art. 20, § 1º da Lei 8.742/93 (redação da Lei 12.435/2011): Para os efeitos do disposto no caput,
a família é composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um
deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores
tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto.

• A jurisprudência dominante é no sentido de que se trata de rol taxativo ou de


interpretação restrita:

988
STJ:
PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA.
CONCEITO DE FAMÍLIA. ART. 20, § 1º, DA LEI N. 8.742/93, ALTERADO PELA LEI N. 12.435/2011.
PRECEDENTES. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.

I - Na origem, cuida-se de ação ajuizada em desfavor do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS
objetivando a concessão do benefício da assistência social à pessoa com deficiência. Foram
interpostos recursos especiais pelo beneficiário e pelo Ministério Público Federal.
II - O Tribunal de origem negou o benefício assistencial pleiteado por entender que a renda mensal,
proveniente da aposentadoria por invalidez do cunhado e do salário do sobrinho da parte autora, é
suficiente para prover o seu sustento, afastando, assim, a condição de miserabilidade.
III - O conceito de renda mensal da família contido na Lei n. 8.472/1991 deve ser aferido levando-
se em consideração a renda das pessoas do grupo familiar indicado no § 1º do citado art. 20 que
compartilhem a moradia com aquele que esteja sob vulnerabilidade social (idoso, com 65 anos ou
mais, ou pessoa com deficiência), qual seja: "[...] o requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais
e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados
solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto".

989
IV - Portanto, entende-se que "são excluídas desse conceito as rendas das pessoas que não
habitem sob o mesmo teto daquele que requer o benefício social de prestação continuada e
das pessoas que com ele coabitem, mas que não sejam responsáveis por sua manutenção
socioeconômica" (REsp n. 1.538.828/SP, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma,
julgado em 17/10/2017, DJe 27/10/2017.) Ainda nesse sentido: REsp n. 1.247.571/PR, Rel.
Min. Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, DJe 13/12/2012.

V - Assim, deve ser afastado o entendimento da Corte de origem que fez somar a renda do
cunhado e do sobrinho. Ainda que vivam sob o mesmo teto do requerente do benefício, seus
rendimentos não devem ser considerados para fins de apuração da hipossuficiência
econômica a autorizar a concessão de benefício assistencial, pois não se enquadram conceito
de família previsto no § 1º do art. 20 da Lei n. 8.742/93.

VI – Recurso especiais providos. (REsp 1727922/SP, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO,


SEGUNDA TURMA, julgado em 19/03/2019, DJe 26/03/2019)

990
TNU:

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA AO IDOSO - LOAS. A ANÁLISE DO


REQUISITO SOCIOECONÔMICO NÃO SE LIMITA AO CÁLCULO DA RENDA PER CAPTA. SUBSIDIARIDADE DA
ATUAÇÃO ESTATAL. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO CONHECIDO E PROVIDO. 1. Para fins de cálculo da
renda per capta, o grupo familiar deve ser definido a partir da interpretação restrita do disposto no art.
20 da Lei n.º 8.742/1993. Inteligência do Tema 73 da TNU. 2. Todavia, a análise do requisito
socioeconômico não fica restrito a este aspecto, pois "O critério objetivo consubstanciado na exigência
de renda familiar per capta inferior a ¼ do salário-mínimo gera uma presunção relativa de
miserabilidade, que pode, portanto, ser afastada por outros elementos de prova" (Tema 122 da TNU).
3. O benefício assistencial de prestação continuada pode ser indeferido se ficar demonstrado que os
devedores legais podem prestar alimentos civis sem prejuízo de sua manutenção, em atenção ao
princípio da subsidiariedade da atuação estatal (TNU, PEDILEF n.º 0517397-48.2012.4.05.8300, Relator
Juiz Federal Fábio Cesar dos Santos Oliveira, j. 23.02.2017). 4. No caso concreto, observo que a Turma
de origem afastou o caráter subsidiário da atuação estatal, o que vai de encontro ao entendimento da
TNU. 5. Incidente de Uniformização conhecido e provido. (Pedido de Uniformização de Interpretação
de Lei (Turma) 1003267-61.2020.4.01.3600, GUSTAVO MELO BARBOSA - TURMA NACIONAL DE
UNIFORMIZAÇÃO, 27/06/2022.)

991
• Na via administrativa trata-se de rol taxativo:
Art. 8º, §1º, da Portaria Conjunta nº 3/2018:
§ 1º Não compõem o grupo familiar, para efeitos do cálculo da renda mensal familiar per
capita:
I - o internado ou acolhido em instituições de longa permanência como abrigo, hospital ou
instituição congênere;
II - o filho ou o enteado que tenha constituído união estável, ainda que resida sob o mesmo
teto;
III - o irmão, o filho ou o enteado que seja divorciado, viúvo ou separado de fato, ainda que
vivam sob o mesmo teto do requerente;
IV - o tutor ou curador, desde não seja um dos elencados no rol do § 1º do art. 20 da Lei nº
8.742, de 1993.

• Obs: na via judicial, muitas vezes, essas pessoas são incluídas no grupo
familiar, dificultando o acesso ao benefício
992
 Subsidiariedade da atuação assistencial do Estado (do LOAS) X possibilidade de
ampliação do grupo familiar para membros elencados no §1º do art. 20 da Lei
8.742/93 que não residam sob o mesmo teto do idoso ou deficiente e/ou que não
constem do rol legal, como fundamento para indeferir o benefício:
• A subsidiariedade do LOAS, traduzida na prioridade do amparo familiar, é
evidenciada por diversos dispositivos constitucionais (arts. 203, V, 227, 229 e 230) e
legais (arts. 1.566, IV, 1.590, 1.632, 1.694, 1.696, 1.697 e 1.703 do CC, art. 22 do ECA
e art. e 244 do CP).
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao
jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer,
à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão.
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores
têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.
Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas,
assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e
garantindo-lhes o direito à vida.
993
• Predomina no STJ a interpretação taxativa/restritiva dos integrantes do grupo
familiar e a necessidade de residir sob o mesmo teto, não permitindo que a renda
de outros seja invocada:
PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA.
CONCEITO DE FAMÍLIA. ART. 20, § 1o. DA LEI 8.742/1993, ALTERADO PELA LEI 12.435/2011.
RECURSO ESPECIAL DO MPF PROVIDO.
1. O conceito de renda mensal da família contido na LOAS deve ser aferido levando-se em
consideração a renda das pessoas do grupo familiar que compartilhem a moradia com aquele
que esteja sob vulnerabilidade social (idoso, com 65 anos ou mais, ou pessoa com deficiência).
2. Na hipótese, em que pese a filha da autora possuir renda, ela não compõe o conceito de
família, uma vez que não coabita com a recorrente, não podendo ser considerada para efeito
de aferição da renda mensal per capita.
3. Recurso Especial do MPF provido para restabelecer a sentença de primeiro grau. (REsp n.
1.741.057/SP, relator Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, julgado em
11/6/2019, DJe de 14/6/2019.)

Obs: não localizei acórdãos do STJ específicos sobre a subsidiariedade do LOAS no contexto
estudado

994
• Já a TNU vem aplicando o princípio da subsidiariedade e entendendo que o LOAS
pode ser indeferido se ficar demonstrado que os devedores legais podem prestar
alimentos civis sem prejuízo de sua manutenção, independentemente de viverem
sobre o mesmo teto:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA


AO DEFICIENTE. MISERABILIDADE. SUBSIDIARIEDADE DO DEVER ESTATAL EM RELAÇÃO AO DEVER DE
PRESTAÇÃO ALIMENTAR DA FAMÍLIA. PRECEDENTES DESTA TNU. QUESTÃO DE ORDEM 13 DA TNU.
RECURSO NÃO CONHECIDO. [...]
Ocorre que esta questão já foi decidida por esta TNU, em passado recente, no PEDILEF 0517397-
48.2012.4.05.8300, de relatoria do Juiz Federal Fábio Cesar dos Santos Oliveira, firmando-se a seguinte
tese: “o benefício assistencial de prestação continuada pode ser indeferido se ficar demonstrado que os
devedores legais podem prestar alimentos civis sem prejuízo de sua manutenção.” [...] Observe-se que a
subsidiariedade do benefício de prestação continuada em relação ao dever de prestação de alimentos da
família, que ficou cristalizada no julgado em questão, está completamente desvinculado do conceito de
núcleo familiar para cômputo de renda per capita, pelo que pouco importa a coabitação. [...]. Ante o
exposto, voto por NÃO CONHECER do pedido de uniformização, nos termos da Questão de Ordem 13 da TNU.
[...] (TNU / PEDILEF n. 0068530-58.2014.4.03.6301, Juíza Relatora TAIS VARGAS FERRACINI DE CAMPOS
GURGEL, TNU, Data da Publicação: 17/03/2020)

995
• Devedores legais de alimentos no âmbito civil: cônjuges/companheiros, pais e
filhos reciprocamente, ascendentes, descendentes e irmãos (arts. 1694 a 1.697 do
CC)
• A exigência de viver sob o mesmo teto se aplica aos genitores? Não (opinião
pessoal), em razão da obrigação qualificada e inafastável de sustento em relação
aos filhos menores, deficientes e incapazes (art. 229 da CF/88), inclusive quando
com eles não coabite por qualquer motivo (art. 1.632 do CC). Obs: neste contexto,
nos casos em que o(s) genitor(es) não residem com o filho, a instrução probatória,
com destaque para o estudo socioeconômico, deve identificar o(a) genitor(a) e a
sua renda para avaliação da miserabilidade

 Algumas reflexões necessárias acerca da “subsidiariedade” acolhida pela TNU:


a) a jurisprudência poderia introduzir um “novo requisito”, não previsto em lei, para a
concessão do LOAS?
996
b) o legislador já não teria ponderado e afastado esse “novo requisito” ao estabelecer
um rol taxativo de pessoas (“parentes”) e exigir coabitação?

c) não violaria o princípio da igualdade exigir na justiça um “requisito” não exigido na


via administrativa?

d) como definir e apurar em um processo judicial se terceiro estranho à lide tem


capacidade alimentar suficiente para garantir a manutenção do idoso ou deficiente,
sem prejuízo do seu próprio sustento pessoal e familiar?

e) seria razoável exigir, genericamente, que o deficiente/idoso litigue, por exemplo,


contra um filho ou um irmão, como requisito prévio de acesso a um benefício
assistencial? Qual a garantia de que o juízo de família asseguraria a prestação
alimentar e em valor suficiente para garantir a manutenção do idoso/deficiente?

997
• Conclusão: embora interessante e a exigir maiores reflexões (e talvez um marco
legal), a subsidiariedade deve ter aplicação restritiva e excepcional, sob pena de
gerar, na prática, situações de proteção insuficiente a pessoas hipossuficientes, a
quem a CF/88 e o legislador ordinário conferiram proteção especial e reforçada.
Sugere-se, no momento, o seguinte entendimento:

(i) A subsidiariedade do benefício assistencial de prestação continuada em relação ao dever


de prestação de alimentos da família, que permite flexibilizar o rol do §1º do art. 20 da
Lei 8.742/93, inclusive para alcançar integrantes não residentes sob o mesmo teto, é
restrita aos filhos, que possuem obrigação qualificada de sustento imposta de forma
direta e específica pelo art. 229 da Constituição Federal, e exige prova inequívoca de
capacidade alimentar suficiente para garantir da manutenção do idoso ou deficiente,
sem prejuízo do sustento próprio e familiar.
(ii) Ela não se aplica aos irmãos (quando não integrantes do rol do §1º do art. 20 da Lei
8.742/93), avós e ex-cônjuges ou companheiros do requerente

(iii) A dúvida acerca da capacidade alimentar suficiente dos filhos não elencados no rol do
§1º do art. 20 da Lei 8.742/93 se resolve em favor da concessão do LOAS, se cumpridos
os requisitos legais.

998
29.7. Requisito econômico e critério de
elegibilidade/aferição/comprovação: insuficiência de recursos para prover a
própria manutenção ou tê-la provida por sua família (miserabilidade)

 Critério objetivo: renda per capita igual ou inferior a ¼ do SM


• Declaração de inconstitucionalidade incidental pelo STF em 2013, no RE 567.985
(tema 27), sem caráter vinculante e sem pronúncia de nulidade

• Pacificação da jurisprudência pela possibilidade da utilização de outros critérios


(além da renda de ¼ do SM) para a aferição do estado de miserabilidade (1/2 SM,
análise do caso concreto...).

• Obs: na via judicial, conforme será visto, a regra é conjugar o critério objetivo de
½ SM com a análise do caso concreto

999
• Revogação e restabelecimento do critério objetivo de ¼:
§ 3º do art. 20 da Lei 8.742/92: Observados os demais critérios de elegibilidade definidos
nesta Lei, terão direito ao benefício financeiro de que trata o caput deste artigo a pessoa com
deficiência ou a pessoa idosa com renda familiar mensal per capita igual ou inferior a 1/4 (um
quarto) do salário-mínimo. (Redação dada pela Lei nº 14.176, de 2021)

• Previsão de elevação do teto para ½ SM e da possibilidade de adoção de outros


critérios/meios de prova para comprovar a miserabilidade (ainda não
regulamentados/sem eficácia):
§11. Para concessão do benefício de que trata o caput deste artigo, poderão ser
utilizados outros elementos probatórios da condição de miserabilidade do grupo familiar
e da situação de vulnerabilidade, conforme regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.146, de
2015)

§ 11-A. O regulamento de que trata o § 11 deste artigo poderá ampliar o limite de renda
mensal familiar per capita previsto no § 3º deste artigo para até 1/2 (meio) salário-
mínimo, observado o disposto no art. 20-B desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.176, de 2021)
1000
Art. 20-B. Na avaliação de outros elementos probatórios da condição de miserabilidade e da
situação de vulnerabilidade de que trata o §11 do art. 20 desta Lei, serão considerados os
seguintes aspectos para ampliação do critério de aferição da renda familiar mensal per
capita de que trata o §11-A do referido artigo:. (Incluído pela Lei nº 14.176, de 2021) (Vigência)

I – o grau da deficiência; (Incluído pela Lei nº 14.176, de 2021) (Vigência)

II – a dependência de terceiros para o desempenho de atividades básicas da vida diária;


e. (Incluído pela Lei nº 14.176, de 2021) (Vigência)

III – o comprometimento do orçamento do núcleo familiar de que trata o § 3º do art. 20 desta Lei
exclusivamente com gastos médicos, com tratamentos de saúde, com fraldas, com alimentos
especiais e com medicamentos do idoso ou da pessoa com deficiência não disponibilizados
gratuitamente pelo SUS, ou com serviços não prestados pelo Suas, desde que comprovadamente
necessários à preservação da saúde e da vida. (Incluído pela Lei nº 14.176, de 2021) (Vigência)

§ 1º A ampliação de que trata o caput deste artigo ocorrerá na forma de escalas graduais, definidas em
regulamento. (Incluído pela Lei nº 14.176, de 2021) (Vigência)

1001
• Comprovação da renda per capita na via administrativa: por meio das
informações do CadÚnico e de consulta a outros bancos de dados como o CNIS.
Obs: segundo o art. 11 da Portaria Conjunta MDS/INSS nº 3/2018, a avaliação do
requisito econômico precede (e impede, se negativa), como regra, a avaliação da
deficiência (ver §9º, I), podendo, excepcionalmente, haver inversão deste fluxo
(art. 11, §7º, I, acrescido pela Portaria Conjunta MC/MTP/INSS 14/2021). Obs:
ver tema 187 da TNU.
 Exclusão da renda referente a outro benefício percebido por idoso: art. 34,
§único, da Lei 10.741/2003 (Estatuto do Idoso).
• Dispositivo declarado inconstitucional pelo STF na tese do tema 312 (RE 580.963): É
inconstitucional, por omissão parcial, o parágrafo único do art. 34 da Lei 10.741/2003
(Estatuto do Idoso).
• Ampliação da exclusão pela jurisprudência: STJ (tema 640): Aplica-se o parágrafo único do
artigo 34 do Estatuto do Idoso (Lei n. 10.741/03), por analogia, a pedido de benefício
assistencial feito por pessoa com deficiência a fim de que benefício previdenciário recebido
por idoso, no valor de um salário mínimo, não seja computado no cálculo da renda per
capita prevista no artigo 20, § 3º, da Lei n. 8.742/93.

1002
• Incorporação da jurisprudência pela lei: art. 20, § 14. O benefício de prestação
continuada ou o benefício previdenciário no valor de até 1 (um) salário-mínimo
concedido a idoso acima de 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou pessoa com
deficiência não será computado, para fins de concessão do benefício de
prestação continuada a outro idoso ou pessoa com deficiência da mesma
família, no cálculo da renda a que se refere o § 3º deste artigo. ' (Incluído pela
Lei nº 13.982, de 2020)
• Obs: o segurado aposentado por invalidez com renda no valor de até 01 SM se
equipara ao deficiente para fins de exclusão da renda?
• Obs: como proceder a exclusão nas hipóteses de idoso ou deficiente com
benefício de valor superior ao SM ou titular de dois benefícios previdenciários
de 01 SM cada? Obs: Ver NT 127/2021 da Procuradoria Federal Especializada do
INSS, Parecer 752/2021 da Consultoria do Ministério da Cidadania e Nota
Técnica 14/2021 da Coordenação-Geral de Regulação e Análise Normativa do
Ministério da Cidadania. Obs: a posição da jurisprudência.
 Possibilidade de percepção de mais de um LOAS por grupo familiar: § 15. O benefício de
prestação continuada será devido a mais de um membro da mesma família enquanto
atendidos os requisitos exigidos nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.982, de 2020)

1003
 Rendimentos (renda mensal bruta familiar) considerados para fins de aferição
da renda per capita: art. 4º, VI e §2º do Decreto 6.214/2007:
• São computado: salários, proventos, pensões, pensões alimentícias, benefícios
de previdência pública ou privada, seguro-desemprego, comissões, pro-labore,
outros rendimentos do trabalho não assalariado, rendimentos do mercado
informal ou autônomo, rendimentos auferidos do patrimônio etc

• Não são computado: benefícios e auxílios assistenciais de natureza eventual e


temporária, valores oriundos de programas sociais de transferência de renda (Obs:
ver §4º do art. 20 da Lei 8.742/93, com a redação dada pela Lei 14.601/2023),
bolsas de estágio supervisionado; pensão especial de natureza indenizatória; rendas
de natureza eventual ou sazonal, a serem regulamentadas em ato conjunto do
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e do INSS; rendimentos
decorrentes de contrato de aprendizagem. Obs: a regulamentação consta do art. 8º
da Portaria Conjunta MDS/INSS 3/2018. Obs: “renda eventual ou sazonal”:
atividades eventuais exercidas em caráter informal e desde que o valor anual
declarado dividido por 12 meses seja inferior a ¼ do SM (art. 8º, III, ‘e’ da Portaria)
1004
 Despesas dedutíveis para fins de aferição da renda per capita: dedução
do cálculo da renda familiar de despesas do idoso e do deficiente com
medicamentos, alimentação especial, fraldas descartáveis e consultas
médicas, desde que de natureza contínua, comprovadamente necessárias
à preservação da saúde e da vida e não custeados pelo SUS ou pelo poder
público.
• Obs: Ação civil pública nº 5044874-22.2013.4.04.7100/RS e acordo firmado
entre MPF e INSS, junto ao STF, no RE 1.171.152 (Tema 1.066). Ver Portaria
Conjunta MC/MTP/INSS 14, de 07/10/2021
• Obs: observado na via administrativa, inclusive com a fixação de valores
médios, conforme anexo III da Portaria Conjunta nº 3, de 21/09/2018.
• Obs: resistência de aplicação na via judicial

• Obs: necessidade de alegação e comprovação adequadas

1005
 Comprovação na via judicial:
• Utilização do critério objetivo de renda per capita de ¼ ou ½ SM + análise do caso concreto

• Produção de estudo socioeconômico por assistente social, auto de constatação lavrado por
oficial de justiça e, em alguns casos, audiência com depoimento pessoal. Obs: a
importância da manifestação, complemento e esclarecimentos em relação ao estudo
socioeconômico, em especial quando indica a existência de veículos, conta de luz de
elevado valor mensal, condições de habitação favoráveis etc
• Eventos a serem analisados (rol exemplificativo): (i) informações colhidas no estudo
socioeconômico, em especial relacionadas a receitas (Obs: devem ser complementadas
com dados do CNIS, por exemplo), despesas, estado de saúde, possibilidade de
engajamento ao mercado de trabalho e produção de renda por integrantes do grupo
familiar, condições de moradia e acesso a bens e serviços públicos essenciais; (ii) gastos
extraordinários com saúde; (iii) grau da deficiência e da dependência de terceiros por parte
do idoso ou deficiente, que impede o trabalho remunerado por parte de integrante do
grupo familiar que atua como cuidador
• Qual a natureza jurídica e real força probatória das informação/conclusões contidas no
estudo socioeconômico?
1006
• A presunção de titularidade de renda mínima (01 SM) em favor de integrante em
idade ativa e saudável do grupo familiar é possível?
• Somente o miserável faz jus ao LOAS?
• Qual a força probatória das fotografias do domicílio na solução da lide?
• Até que ponto o juiz pode se valer de indícios (art. 239 do CPP), presunções e regras
de experiência comum subministradas pela observação do que ordinariamente
acontece (CPC, art. 375) e se afastar do critério objetivo da renda per capita, sem
descambar para um julgamento baseado em meras presunções, impressões
subjetivas e íntima convicção ? Qual o standard probatório exigido para
comprovação da miserabilidade e prolação de uma decisão racionalmente
justificada?
• Obs: a importância de uma correta delimitação e exposição do grupo familiar,
receitas, despesas e de outros elementos e dados essenciais para verificação do
critério econômico desde o início da lide.

1007
 Julgados importantes sobre requisito econômico (miserabilidade):
- Tese do tema 122 TNU: O critério objetivo consubstanciado na exigência de renda familiar per
capita inferior a ¼ do salário-mínimo gera uma presunção relativa de miserabilidade, que pode,
portanto, ser afastada por outros elementos de prova. (julgado em 2016). Obs: contradição
com o tema 185 do STJ?
- Tese do tema 187 TNU: (i) Para os requerimentos administrativos formulados a partir de
07 de novembro de 2016 (Decreto n. 8.805/16), em que o indeferimento do Benefício da
Prestação Continuada pelo INSS ocorrer em virtude do não reconhecimento da deficiência,
é desnecessária a produção em juízo da prova da miserabilidade, salvo nos casos de
impugnação específica e fundamentada da autarquia previdenciária ou decurso de prazo
superior a 2 (dois) anos do indeferimento administrativo; e (ii) Para os requerimentos
administrativos anteriores a 07 de novembro de 2016 (Decreto n. 8.805/16), em que o
indeferimento pelo INSS do Benefício da Prestação Continuada ocorrer em virtude de não
constatação da deficiência, é dispensável a realização em juízo da prova da miserabilidade
quando tiver ocorrido o seu reconhecimento na via administrativa, desde que inexista
impugnação específica e fundamentada da autarquia previdenciária e não tenha decorrido
prazo superior a 2 (dois) anos do indeferimento administrativo.
1008
• Súmula 79 da TNU: Nas ações em que se postula benefício assistencial, é necessária a
comprovação das condições socioeconômicas do autor por laudo de assistente social,
por auto de constatação lavrado por oficial de justiça ou, sendo inviabilizados os
referidos meios, por prova testemunhal.

• Tese do tema 640 do STJ: Aplica-se o parágrafo único do artigo 34 do Estatuto do Idoso
(Lei n. 10.741/03), por analogia, a pedido de benefício assistencial feito por pessoa com
deficiência a fim de que benefício previdenciário recebido por idoso, no valor de um
salário mínimo, não seja computado no cálculo da renda per capita prevista no artigo
20, § 3º, da Lei n. 8.742/93.

• Tese do tema 185 do STJ: A limitação do valor da renda per capita familiar não deve
ser considerada a única forma de se comprovar que a pessoa não possui outros meios
para prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, pois é apenas
um elemento objetivo para se aferir a necessidade, ou seja, presume-se absolutamente
a miserabilidade quando comprovada a renda per capita inferior a 1/4 do salário
mínimo. (julgado em 2009)

1009
• Tese do tema 312 do STF: É inconstitucional, por omissão parcial, o parágrafo único do
art. 34 da Lei 10.741/2003 (Estatuto do Idoso).

• Tese do tema 27 do STF: É inconstitucional o § 3º do artigo 20 da Lei 8.742/1993, que


estabelece a renda familiar mensal per capita inferior a um quarto do salário mínimo
como requisito obrigatório para concessão do benefício assistencial de prestação
continuada previsto no artigo 203, V, da Constituição.

1010
29.8. Inscrição e atualização do CadÚnico: art. 20, §12, da Lei 8.742/93: § 12. São
requisitos para a concessão, a manutenção e a revisão do benefício as inscrições no
Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) e no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo
Federal - Cadastro Único, conforme previsto em regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)
• Necessidade de atualização/revalidação de 02 em 02 anos: art. 12 do Decreto
6.214/2007 e Decreto 11.016/2022
• Tese fixada no PUIL 0501636-96.2020.4.05.8105: “Para a concessão,
manutenção e revisão do benefício de prestação continuada da assistência
social, é indispensável a regular inscrição e atualização no Cadastro Único
para Programas Sociais do Governo Federal – CADÚNICO, nos termos do §
12 do art. 20 da Lei n.º 8.742/1993, incluído pela Lei n.º 13.846/2019”.
(julgado na sessão de 10/02/2022)
• Obs: até 18/01/2019, data de entrada em vigor da MP 871, convertida na Lei
13.846/2019, as obrigações de inscrição e atualização do Cadúnico estavam previstas
somente em decreto (art. 12 do Decreto 6.214/2007, com a redação data pelo Decreto
8.805/2016). Violação ao princípio da legalidade?
1011
29.9. Acumulação com outros benefícios: Art. 20, §4º. O benefício de que
trata este artigo não pode ser acumulado pelo beneficiário com qualquer
outro no âmbito da seguridade social ou de outro regime, salvo os da
assistência médica e da pensão especial de natureza indenizatória.
• Tese do tema 253 da TNU: É inacumulável o benefício de prestação continuada -
BPC/LOAS com o auxílio-acidente, na forma do art. 20, §4º, da Lei nº 8.742/1993, sendo
facultado ao beneficiário, quando preenchidos os requisitos legais de ambos os
benefícios, a opção pelo mais vantajoso.

• Tese do tema 284 da TNU: Os dependentes que recebem ou que têm direito à
cota de pensão por morte podem renunciar a esse direito para o fim de
receber benefício assistencial de prestação continuada, uma vez preenchidos
os requisitos da Lei 8.742/1993. Obs: o art. 7º, §3º, da Portaria Conjunta
MDS/INSS 3/2018 e os arts. 12 a 14 Portaria INSS/DIRBEN 994/2022 autorizam a opção.

1012
29.10. Deficiente e exercício de atividade remunerada durante a percepção do
LOAS:

Art. 21-A da Lei 8.742/93:

Art. 21-A. O benefício de prestação continuada será suspenso pelo órgão concedente quando
a pessoa com deficiência exercer atividade remunerada, inclusive na condição de
microempreendedor individual.

§ 1o Extinta a relação trabalhista ou a atividade empreendedora de que trata o caput deste


artigo e, quando for o caso, encerrado o prazo de pagamento do seguro-desemprego e não
tendo o beneficiário adquirido direito a qualquer benefício previdenciário, poderá ser
requerida a continuidade do pagamento do benefício suspenso, sem necessidade de realização
de perícia médica ou reavaliação da deficiência e do grau de incapacidade para esse fim,
respeitado o período de revisão previsto no caput do art. 21.

§ 2o A contratação de pessoa com deficiência como aprendiz não acarreta a suspensão do


benefício de prestação continuada, limitado a 2 (dois) anos o recebimento concomitante da
remuneração e do benefício.

1013
29.11. Termo inicial (DIB): data do requerimento administrativo (DER), se já presentes
os requisitos legais (art. 37 da Lei 8.742/93, art. 14 da Portaria Conjunta MDS 3/2018 e
súmula 22 da TNU)

• Obs: a data de início (DIB) do benefício assistencial deve ser a DER, quando nela já
estiverem presentes os requisitos legais, independentemente da propositura da
ação ter ocorrido após ultrapassado o prazo bienal de revisão do art. 21 da Lei
8.7432/93 (posição pessoal).

• Obs: a “equivocada” prática judicial de fixar (de forma genérica) a DIB na data do
estudo socioeconômico ou de outro elemento de prova (ou mesmo da citação),
alegando que somente “nesta data foi comprovado o requisito econômico”. Obs:
comentários, inclusive abordando a questão de alterações fáticas (grupo familiar,
renda etc) após a DER

1014
29.12. Óbito no curso da ação judicial, valores residuais e interesse de agir de
sucessores/herdeiros: sim. Art. 23 do Decreto 6.214/2007 e art. 15 da Portaria Conjunta
MDS/INSS 3/2018. Jurisprudência dominante do STJ e da TNU (PUIL nº 0002939-
90.2016.4.03.6201/MS, julgado em 16/12/2021).

PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. FALECIMENTO DO TITULAR DO


BENEFÍCIO NO CURSO DO PROCESSO. DIREITO DOS SUCESSORES DE RECEBER EVENTUAIS PARCELAS
ATÉ A DATA DO ÓBITO. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES.
1. A irresignação não prospera, pois o acórdão recorrido está em consonância com o entendimento do
Superior Tribunal de Justiça, de que o caráter personalíssimo do benefício assistencial de prestação
continuada não afasta o direito dos sucessores de receber eventuais parcelas que seriam devidas ao
autor que falece no curso da ação. Precedentes: REsp 1.568.117/SP, Rel. Ministro Mauro Campbell
Marques, Segunda Turma, DJe 27/03/2017; AgInt no REsp 1.531.347/SP, Rel. Ministro Benedito
Gonçalves, Primeira Turma, DJe 03/02/2017.
2 Recurso Especial não provido. (REsp n. 1.786.919/SP, relator Ministro Herman Benjamin, Segunda
Turma, julgado em 12/2/2019, DJe de 12/3/2019.)

1015
29.13. Revisão: a cada 02 anos, para fins de avaliação da continuidade das condições que lhe
deram origem (art. 21 da Lei 8.742/93). Obs: possibilidade de revisão na via administrativa de
benefício concedido judicialmente: sim (§5º do art. 21 da Lei 8.742/93). Obs: a revisão do
requisito econômico é feita periodicamente, via cruzamento de dados (ver arts. 22 e 23 da
Portaria 3/2018)

29.14. Cessação (art. 21 da Lei 8.742/93): a) óbito do titular (benefício personalíssimo que não
gera pensão); b) quando forem superadas as condições que lhe deram origem (deficiência ou
miserabilidade); c) em caso de irregularidade na sua concessão ou manutenção; d) início do
exercício de atividade remunerada pelo beneficiário, observado o 21-A, podendo ser substituído
pelo auxílio-inclusão, se preenchidos os requisitos legais

29.15. Fungibilidade processual: sim. Tese do tema 217 da TNU: Em relação ao benefício
assistencial e aos benefícios por incapacidade, é possível conhecer de um deles em juízo,
ainda que não seja o especificamente requerido na via administrativa, desde que
preenchidos os requisitos legais, observando-se o contraditório e o disposto no artigo 9º e
10 do CPC. Obs: importância de já fazer o pedido subsidiário na inicial, se for o caso
1016
• 29.16. Valores recebidos indevidamente ou além do devido e devolução:
 art. 49 do Decreto nº 6.214/2007: ressalva a boa-fé
 arts. 35 a 37 da Portaria 3/2018: exige dolo, fraude o má-fé. Obs: a mera omissão em
informar nova renda ou acréscimo de renda durante a percepção do LOAS, suficiente para
superação das condições que lhe deram origem, afastaria a boa-fé ou caracterizaria má-fé?
 Art. 49, §6º, do Decreto nº 6.214/2007 e art. 3º da Portaria 3/2018: o valor do BPC não
está sujeito a descontos de débitos originários de benefícios previdenciários recebidos
indevidamente
 art. 115, II e §3 da Lei 8.213/91 (redação dada pela MP 871/2019, convertida na Lei
13.846/2019): autoriza o desconto dos benefícios e cobrança judicial de valores
decorrentes de “pagamento administrativo ou judicial de benefício previdenciário ou
assistencial indevido, ou além do devido, inclusive na hipótese de cessação do benefício
pela revogação de decisão judicial, em valor que não exceda 30% (trinta por cento) da
sua importância, nos termos do regulamento”
 Ver temas 692 (inclui expressamente os benefícios assistenciais) e 979 do STJ (serão
analisados oportunamente no capitulo referente ao “processo previdenciário”
1017
• 29.17. Titular de LOAS pode contribuir para o RGPS: sim, como segurado facultativo,
salvo “dona de casa” de baixa renda (como o LOAS é renda própria, as contribuições
não serão validadas)

1018
30. Auxílio-inclusão
30.1. Regulamentação: art. 94 da Lei 13.146/2015 (Estatuto do Deficiente) e
Lei 8.742/93 (arts. 26-A a 26-H, incluídos pela Lei 14.176/2021), Portaria
Conjunta MDC/INSS 13, de 07/10/2021, Portaria DIRBEN/INSS nº 933, de
29/09/2021 e Portaria Conjunta MC/MTPS/INSS 22, de 30/12/2022

30.2. Códigos de concessão: B-18

30.3. Vigência: 01/10/2021

30.4. Beneficiários: pessoa com deficiência moderada ou grave que percebia


BPC/LOAS e passou a exercer atividade remunerada com renda igual ou
inferir a 02 SM’s e que atenda ao critério de miserabilidade do BPC/LOAS
1019
Art. 26-A. Terá direito à concessão do auxílio-inclusão de que trata o art. 94 da Lei nº
13.146, de 6 de julho de 2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), a pessoa com deficiência
moderada ou grave que, cumulativamente: (Incluído pela Lei nº 14.176, de 2021)

I – receba o benefício de prestação continuada, de que trata o art. 20 desta Lei, e passe a
exercer atividade:

a) que tenha remuneração limitada a 2 (dois) salários-mínimos; e

b) que enquadre o beneficiário como segurado obrigatório do Regime Geral de Previdência


Social ou como filiado a regime próprio de previdência social da União, dos Estados, do
Distrito Federal ou dos Municípios;

II – tenha inscrição atualizada no CadÚnico no momento do requerimento do auxílio-inclusão;

III – tenha inscrição regular no CPF; e

1020
IV – atenda aos critérios de manutenção do benefício de prestação continuada, incluídos os
critérios relativos à renda familiar mensal per capita exigida para o acesso ao benefício,
observado o disposto no § 4º deste artigo.

§ 1º O auxílio-inclusão poderá ainda ser concedido, nos termos do inciso I do caput deste
artigo, mediante requerimento e sem retroatividade no pagamento, ao beneficiário:

I – que tenha recebido o benefício de prestação continuada nos 5 (cinco) anos imediatamente
anteriores ao exercício da atividade remunerada; e

II – que tenha tido o benefício suspenso nos termos do art. 21-A desta Lei.

§ 2º O valor do auxílio-inclusão percebido por um membro da família não será considerado


no cálculo da renda familiar mensal per capita de que trata o inciso IV do caput deste artigo,
para fins de concessão e de manutenção de outro auxílio-inclusão no âmbito do mesmo grupo
familiar.

1021
§ 3º O valor do auxílio-inclusão e o da remuneração do beneficiário do auxílio-inclusão de que trata a alínea
“a” do inciso I do caput deste artigo percebidos por um membro da família não serão considerados no
cálculo da renda familiar mensal per capita de que tratam os §§ 3º e 11-A do art. 20 desta Lei para fins de
manutenção de benefício de prestação continuada concedido anteriormente a outra pessoa do mesmo
grupo familiar.
§ 4º Para fins de cálculo da renda familiar per capita de que trata o inciso IV do caput deste artigo, serão
desconsideradas:
I – as remunerações obtidas pelo requerente em decorrência de exercício de atividade laboral, desde que o
total recebido no mês seja igual ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos; e
II – as rendas oriundas dos rendimentos decorrentes de estágio supervisionado e de aprendizagem.
Art. 26-B. O auxílio-inclusão será devido a partir da data do requerimento, e o seu valor corresponderá a
50% (cinquenta por cento) do valor do benefício de prestação continuada em vigor. (Incluído pela Lei nº
14.176, de 2021) (Vigência)
§ 1º Ao requerer o auxílio-inclusão, o beneficiário autorizará a suspensão do benefício de prestação
continuada, nos termos do art. 21-A desta Lei.
§ 2º O auxílio-inclusão será concedido automaticamente pelo INSS, observado o preenchimento dos demais
requisitos, mediante constatação, pela própria autarquia ou pelo Ministério da Cidadania, de acumulação do
benefício de prestação continuada com o exercício de atividade remunerada. (Incluído pela Lei nº 14.441,
de 2022)

1022
Art. 26-C. O pagamento do auxílio-inclusão não será acumulado com o pagamento de: (Incluído pela
Lei nº 14.176, de 2021) (Vigência)

I – benefício de prestação continuada de que trata o art. 20 desta Lei;

II – prestações a título de aposentadoria, de pensões ou de benefícios por incapacidade pagos por


qualquer regime de previdência social; ou

III – seguro-desemprego.

Art. 26-D. O pagamento do auxílio-inclusão cessará na hipótese de o beneficiário: (Incluído pela Lei nº
14.176, de 2021) (Vigência)

I – deixar de atender aos critérios de manutenção do benefício de prestação continuada; ou

II – deixar de atender aos critérios de concessão do auxílio-inclusão.

Parágrafo único. Ato do Poder Executivo federal disporá sobre o procedimento de verificação dos
critérios de manutenção e de revisão do auxílio-inclusão.
1023
31. Decadência e prescrição
31.1. Marco legal:
Art. 103. É de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou
beneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício, a contar do dia primeiro do
mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação ou, quando for o caso, do dia em que
tomar conhecimento da decisão definitiva no âmbito administrativo. (Redação dada pela
Lei nº 10.839, de 2004)

Art. 103. O prazo de decadência do direito ou da ação do segurado ou beneficiário para a revisão
do ato de concessão, indeferimento, cancelamento ou cessação de benefício e do ato de
deferimento, indeferimento ou não concessão de revisão de benefício é de 10 (dez) anos,
contado: (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019) (Vide ADIN 6096)

Parágrafo único. Prescreve em cinco anos, a contar da data em que deveriam ter sido pagas, toda
e qualquer ação para haver prestações vencidas ou quaisquer restituições ou diferenças devidas
pela Previdência Social, salvo o direito dos menores, incapazes e ausentes, na forma do Código
Civil. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997)

1024
31.2. Aplicação subsidiária: Decreto 20.910/32 e Código Civil (causas de
interrupção, suspensão, decadência/prescrição contra incapazes etc). Obs:
sem aplicação subsidiária destes diplomas quando a matéria estiver
devidamente regulamentada na Lei 8.213/91 (por exemplo: hipóteses de
decadência e prescrição
31.3. Decadência: extinção/perda de um direito em razão de não ter sido
exercido no prazo legal.
31.4. Decadência decenal do direito de rever o ato de concessão do
benefício: não existe prazo extintivo (decadência ou prescrição) no que toca
ao “fundo do direito”, ou seja, ao direito de acesso ao benefício (concessão
inicial e seus instrumentos de implementação: requerimento administrativo
e ação judicial). A decadência alcança, somente, o direito de rever a
graduação pecuniária/efeitos financeiros do benefício já concedido
• Não existe decadência do direito de rever ato de indeferimento, cancelamento
ou cessação de benefício: nesse sentido o STF (tema 313 e ADI 6069)
1025
• Tema 313 (RE 626.489): I – Inexiste prazo decadencial para a concessão inicial do benefício
previdenciário; II – Aplica-se o prazo decadencial de dez anos para a revisão de benefícios
concedidos, inclusive os anteriores ao advento da Medida Provisória 1.523/1997, hipótese em
que a contagem do prazo deve iniciar-se em 1º de agosto de 1997.
• ADI 6096 (13/10/2020): [...] 6. O núcleo essencial do direito fundamental à previdência social
é imprescritível, irrenunciável e indisponível, motivo pelo qual não deve ser afetada pelos
efeitos do tempo e da inércia de seu titular a pretensão relativa ao direito ao recebimento de
benefício previdenciário. Este Supremo Tribunal Federal, no RE 626.489, de relatoria do i. Min.
Roberto Barroso, admitiu a instituição de prazo decadencial para a revisão do ato concessório
porque atingida tão somente a pretensão de rediscutir a graduação pecuniária do benefício,
isto é, a forma de cálculo ou o valor final da prestação, já que, concedida a pretensão que visa
ao recebimento do benefício, encontra-se preservado o próprio fundo do direito. 7. No caso dos
autos, ao contrário, admitir a incidência do instituto para o caso de indeferimento,
cancelamento ou cessação importa ofensa à Constituição da República e ao que assentou
esta Corte em momento anterior, porquanto, não preservado o fundo de direito na hipótese
em que negado o benefício, caso inviabilizada pelo decurso do tempo a rediscussão da
negativa, é comprometido o exercício do direito material à sua obtenção. 8. Ação direta
conhecida em parte e, na parte remanescente, julgada parcialmente procedente, declarando a
inconstitucionalidade do art. 24 da Lei 13.846/2019 no que deu nova redação ao art. 103 da
Lei 8.213/1991.

1026
• O que é “revisão do ato de concessão de benefício”: é a pretensão de
rever, em regra, aspectos pecuniários do benefício concedido (valor), alterando,
de alguma forma, o ato de concessão do benefício, recalculando o salário de
benefício (SB), a renda mensal inicial (RMI) ou alterando o termo inicial dos
efeitos financeiros (DIB). São pleiteados por meio de “ação de revisão ou
revisional”. Exemplos:
Inclusão de novos períodos de contribuição
Reconhecimento da especialidade de períodos contributivos
Inclusão de novos salários de contribuição no PBC
Correção do valor de salários de contribuição do PBC (valores utilizados incorretamente)
Alteração de índices de correção monetária dos salários de contribuição do PBC
Retroação da DIB
Exclusão da incidência do fator previdenciário

1027
• As revisões para reajuste da renda mensal atual (RM/RMA) não se enquadram como
“revisão do ato de concessão do benefício”: não afetam/alteram o ato de concessão.
São as chamadas “ações de reajuste ou ações de revisão para reajuste da renda mensal
atual”. Ex: revisão para reajuste dos novos tetos da EC’s 20/1998 a 41/2003, revisão
para reajuste de índices de correção da renda do benefício, desaposentação etc. Obs:
não estão sujeita à decadência decenal, mas, somente, à prescrição quinquenal das
parcelas vencidas, na forma da súmula 85 do STJ. Nesse sentido art. 594, I, da IN
128/2022 e jurisprudência pacífica do STJ
PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. INEXISTÊNCIA.
FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL. EXAME. DESCABIMENTO. NOVOS TETOS. DECADÊNCIA.
AFASTAMENTO. [...]
2. [...].
3. A orientação pacífica entre as Turmas de Direito Público é uniforme no sentido de que, em se
tratando de pleito de adequação do valor do benefício do segurado aos novos tetos estabelecidos
pelas EECC ns. 20/1998 e 41/2003, e não de revisão do ato de concessão desse benefício, descabe
falar na incidência de prazo decadencial previsto no art. 103 , caput, da Lei n. 8.213/1991.
4. Agravo interno desprovido. (AgInt no AREsp 1619339/RS, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 23/02/2021, DJe 09/03/2021)

1028
 Incide a decadência decenal nos benefícios concedidos anteriormente à vigência da MP
1.523-9/1997: ver tema 313 do STF. Termo inicial do prazo em 01/08/1997 (Obs: diverge
do termo inicial fixado pelo STJ no tema 544)
 Inconstitucionalidade da “prescrição quinquenal do fundo do direito” ou da “prescrição
quinquenal do requerimento administrativo específico” obstativa de ajuizamento de
ação para obtenção/manutenção de benefício indeferido ou cessado: a jurisprudência
ainda aplicada pelo STJ (em especial pela 2ª T) viola o tema 313 e a ADI 6096 do STF?
(Opinião pessoal: sim)
PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. DIREITO NEGADO PELA ADMINISTRAÇÃO. INTERPOSIÇÃO DE AÇÃO
APÓS CINCO ANOS. PRESCRIÇÃO DO FUNDO DE DIREITO. SÚMULA N. 85/STJ. I - Na origem, cuida-se de
ação ajuizada em desfavor do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS objetivando a concessão de auxílio-
doença e aposentadoria por invalidez. II - A parte recorrente objetiva, no recurso especial, que o benefício
retroaja aos requerimentos administrativos anteriores cessados pela autarquia previdenciária em 38.2.2002,
11.7.2005, 15.11.2006 e em 30.4.2007, o que não é possível. III - Isso porque, conforme entendimento
jurisprudencial desta Corte, entende-se que a revisão do ato administrativo que indeferiu o auxílio-doença
está sujeita à prescrição quinquenal prevista no art. 1º do Decreto n. 20.910/32. No caso dos autos, a
presente ação foi ajuizada, em 14.5.2013, após o decurso do prazo prescricional de cinco anos a contar do
quarto requerimento administrativo, formulado em 30.4.2007, o que torna inviável a retroação do benefício
a essa data e aos requerimentos anteriores. Precedentes: REsp n. 1.756.827/PB, Rel. Ministro Francisco
Falcão, Segunda Turma, julgado em 11/12/2018, DJe 17/12/2018; e AgInt no REsp n. 1.744.640/PB, Rel.
Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 6/12/2018, DJe 19/12/2018. (REsp 1.764.665, 2 T,
julgado em 21/02/2019)
1029
PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO.
INDEFERIMENTO ADMINISTRATIVO. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. ACÓRDÃO ALINHADO COM
A JURISPRUDÊNCIA DO STJ.
I - Na origem, trata-se de ação ajuizada contra o INSS objetivando a concessão de
aposentadoria por tempo de contribuição. Na sentença, julgou-se procedente o pedido. No
Tribunal a quo, a sentença foi mantida. Esta Corte não conheceu do recurso especial.
II – [...]
III - Verifica-se que o entendimento do Tribunal a quo se encontra na mesma linha da
Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, pela ocorrência da prescrição quinquenal
ultrapassado o prazo de cinco anos contados do indeferimento do pedido administrativo.
Sobre o assunto, confiram-se: (AgInt no REsp 1.910.776/CE, relator Ministro Herman
Benjamin, Segunda Turma, julgado em 28/6/2021, DJe 1º/7/2021 e EDcl nos EREsp
1.269.726/MG, relator Ministro Manoel Erhardt (Desembargador convocado do TRF5),
Primeira Seção, julgado em 25/8/2021, DJe 1º/10/2021.) IV - Agravo interno improvido. (AgInt
no REsp 1959451/PE, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA TURMA, julgado em
11/04/2022, DJe 18/04/2022)

1030
PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA ACIDENTÁRIO. TERMO INICIAL DO BENEFÍCIO. DIA
SEGUINTE À CESSAÇÃO DO ÚLTIMO BENEFÍCIO CONCEDIDO. RETROAÇÃO À DATA DE
CESSAÇÃO DO PRIMEIRO AUXÍLIO-DOENÇA CONCEDIDO NA ESFERA ADMINISTRATIVA.
IMPOSSIBILIDADE. TRANSCORRIDOS MAIS DE 5 ANOS ENTRE AQUELA DATA E O
AJUIZAMENTO DA AÇÃO. PRECEDENTES.
I - Hipótese que a parte recorrente objetiva a retroação do benefício desde o dia seguinte à
cessação do primeiro auxílio-doença concedido na esfera administrativa, o que não é possível,
visto que, conforme entendimento jurisprudencial desta Corte, entende-se que a revisão do
ato administrativo que indeferiu ou cessou o benefício previdenciário está sujeita à
prescrição quinquenal. Precedentes: AgInt no REsp n. 1.864.367/CE, relator Ministro Gurgel
de Faria, Primeira Turma, julgado em 31/8/2020, DJe 8/9/2020; e REsp n. 1.746.544/RJ,
relator Ministro Francisco Falcão, Segunda Turma, julgado em 7/2/2019, DJe 14/2/2019.
II - No caso dos autos, a presente ação foi ajuizada em 11/12/2018, após o decurso do prazo
prescricional de 5 anos a contar da data de cessação do primeiro benefício, ocorrido em
5/2/2013, o que torna inviável a retroação do benefício a essa data.
III – [...]
IV - Agravo conhecido para conhecer parcialmente do recurso especial e, nessa parte, negar-
lhe provimento. (AREsp n. 2.013.655/PR, relator Ministro Francisco Falcão, Segunda Turma,
julgado em 28/2/2023, DJe de 2/3/2023.)

1031
• Recentemente, o STJ começou a rever o seu posicionamento, para se alinhar ao STF,
inclusive em razão de decisões cassadas em reclamações ajuizadas para garantir a
autoridade do decidido na ADI 6096 (Reclamação 48.979, 20/08/2021 por exemplo):

PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. PENSÃO POR MORTE.


RECONSIDERAÇÃO DA DECISÃO AGRAVADA. MUDANÇA DE PARADIGMA. ADI
6.096/DF - STF. PRAZO DECADENCIAL PARA A REVISÃO DO ATO DE
INDEFERIMENTO, CANCELAMENTO OU CESSAÇÃO DE BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO. INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 24 DA LEI 13.846/2019,
QUE DEU NOVA REDAÇÃO AO ART. 103 DA LEI 8.213/1991. NÃO É POSSÍVEL
INVIABILIZAR O PRÓPRIO PEDIDO DE CONCESSÃO DO BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO (OU DE RESTABELECIMENTO), EM RAZÃO DO TRANSCURSO DE
QUAISQUER LAPSOS TEMPORAIS (DECADENCIAL OU PRESCRICIONAL). APLICAÇÃO
DA SÚMULA 85/STJ. PARCELAS VENCIDAS NÃO ABRANGIDAS PELO PRAZO
PRESCRICIONAL QUINQUENAL. NÃO FLUÊNCIA DO PRAZO EM DESFAVOR DO
PENSIONISTA MENOR. PRECEDENTE. AGRAVO INTERNO A QUE SE DÁ
PROVIMENTO. (AgInt no REsp n. 1.805.428/PB, relator Ministro Manoel Erhardt
(Desembargador Convocado do Trf5), Primeira Turma, julgado em 17/5/2022,
DJe de 25/5/2022.)
1032
PROCESSUAL CIVIL. PENSÃO POR MORTE. ADI 6.096/DF. PRAZO DECADENCIAL. INDEFERIMENTO,
CANCELAMENTO OU CESSAÇÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 24 DA
LEI 13.846/2019, QUE DEU NOVA REDAÇÃO AO ART. 103 DA LEI 8.213/1991. IMPOSSIBILIDADE DE
INVIABILIZAR O PRÓPRIO PLEITO DE CONCESSÃO DO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO EM RAZÃO DO
TRANSCURSO DE PRAZO. APLICAÇÃO DA SÚMULA 85/STJ.
1. A solução integral da controvérsia, com fundamento suficiente, não caracteriza ofensa ao art. 1.022 do
CPC/2015.
2. O STF, no julgamento da ADI 6.096, ao declarar a inconstitucionalidade do art. 24 da Lei 13.846/2019, que
deu nova redação ao art. 103 da Lei 8.213/1991, inadmitiu a incidência de prazo decadencial para o caso de
indeferimento, cancelamento ou cessação de benefício previdenciário, na medida em que "importa ofensa à
Constituição da República e ao que assentou esta Corte em momento anterior, porquanto, não preservado o
fundo de direito na hipótese em que negado o benefício, caso inviabilizada pelo decurso do tempo a
rediscussão da negativa, é comprometido o exercício do direito material à sua obtenção".
3. Diante do decido pelo STF na ADI 6.096/DF, não é possível impedir o pleito de concessão do benefício
originário em razão do transcurso de prazo após o indeferimento administrativo. Assim, a prescrição se
limita às parcelas pretéritas vencidas no quinquênio que antecedeu à propositura da ação, nos termos da
Súmula 85/STJ.
4. Nesse sentido, a Súmula 81 TNU (com redação de 9.12.2020): "A impugnação de ato de indeferimento,
cessação ou cancelamento de benefício previdenciário não se submete a qualquer prazo extintivo, seja em
relação à revisão desses atos, seja em relação ao fundo de direito".
5. Recurso Especial não provido. (REsp n. 1.914.552/SE, relator Ministro Herman Benjamin, Segunda
Turma, julgado em 13/12/2022, DJe de 19/12/2022.)

1033
• Este já é o entendimento antigo da TNU:

Tese do tema 265 (2020): A impugnação de ato de indeferimento, cessação


ou cancelamento de benefício previdenciário não se submete a qualquer
prazo extintivo, seja em relação à revisão desses atos, seja em relação ao
fundo de direito.
Súmula 81 da TNU (2015): A impugnação de ato de indeferimento, cessação
ou cancelamento de benefício previdenciário não se submete a qualquer
prazo extintivo, seja em relação à revisão desses atos, seja em relação ao
fundo de direito.
Tese do tema 57 da TNU (2012): Não ocorre prescrição do fundo de direito
quando, entre o cancelamento administrativo do auxílio-doença e o
ajuizamento da ação, decorrem mais de 5 anos.

1034
31.5. Termo inicial da contagem do prazo de decadência:
 Disposição legal: “a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da
primeira prestação ou, quando for o caso, do dia em que tomar conhecimento da
decisão indeferitória definitiva no âmbito administrativo.
 1º prazo: ficar atento com a DER, DIB, a data de despacho do benefício (DDB) e a data
do efetivo pagamento da primeira prestação, que, em regra, não coincidem, sendo
relevante, no caso, a última delas (Obs: interessante ver a carta de concessão dou o
INFBEN)
 2º prazo: a qual decisão a lei se refere? Estamos diante de uma hipótese de
interrupção do prazo de decadência (art. 207 do Código Civil)? Tese dos 10 + 10?
• Eis a tese firmada pela TNU no tema 256:
I - O prazo decadencial decenal previsto no caput, do art. 103, da Lei 8.213/91 alcança o
direito potestativo de impugnação (i.) Do ato original de concessão; e (ii.) Do ato de
indeferimento da revisão administrativa.

1035
II - A contagem do prazo decenal para a impugnação do ato original de concessão tem início no dia
primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação. III - O prazo decenal para a
impugnação do ato de indeferimento definitivo da revisão administrativa tem sua contagem
iniciada na data da ciência do beneficiário e apenas aproveita às matérias suscitadas no
requerimento administrativo revisional. (RE inadmitido. PUIL 3687 pendente de julgamento no
STJ)

• O STJ tem julgado no mesmo sentido:


PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. REVISÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA.
TERMO INICIAL. CIÊNCIA DO INDEFERIMENTO DO PEDIDO ADMINISTRATIVO.
1. No caso dos autos, o Tribunal a quo aplicou a decadência ao pleito de revisão de
benefício, desconsiderando a segunda parte do art. 103, caput, da Lei 8.213/1991,
porquanto houve pedido de revisão administrativa antes de transcorridos 10 anos
da data da concessão do benefício, decisão totalmente desalinhada do
entendimento deste Superior Tribunal. Precedente.
2. Recurso especial provido para, afastando a decadência, determinar o retorno dos
autos ao Tribunal de origem a fim de que prossiga no julgamento do pleito autoral.
(REsp n. 1.630.262/PR, relator Ministro Og Fernandes, Segunda Turma, julgado
em 28/11/2017, DJe de 5/12/2017.)
1036
31.6. Termo inicial do prazo decadencial no caso de revisão de benefícios
derivados (pensão por morte e aposentadoria por incapacidade
permanente): o prazo é contado do benefício originário. Matéria pacificada
pelo STJ no EREsp 1605554, 1ª seção, julgado em 27/02/2019

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. REVISÃO DE BENEFÍCIO.


DECADÊNCIA. TERMO INICIAL A CONTAR DO BENEFÍCIO ORIGINÁRIO.
I - O prazo decadencial do direito a revisão da renda mensal inicial do
benefício derivado, no caso a pensão por morte, é contado do ato de
concessão do benefício originário. Precedentes.
II - Agravo interno provido para dar provimento ao recurso especial. (AgInt no
REsp 1636125/RS, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA TURMA,
julgado em 08/02/2022, DJe 11/02/2022)

1037
31.7: Incidência da decadência em relação aos absolutamente
incapazes:
 Dispositivos legais envolvidos:
• Lei 8.213/91:
Art. 79. Não se aplica o disposto no art. 103 desta Lei ao pensionista menor, incapaz ou
ausente, na forma da lei. (Revogado pela Medida Provisória nº 871, de 2019) (Revogado
pela Lei nº 13.846, de 2019)

Art. 103. (...)


Parágrafo único. Prescreve em cinco anos, a contar da data em que deveriam ter sido
pagas, toda e qualquer ação para haver prestações vencidas ou quaisquer restituições
ou diferenças devidas pela Previdência Social, salvo o direito dos menores, incapazes e
ausentes, na forma do Código Civil. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997)

1038
• Código Civil:
Art. 198. Também não corre a prescrição:
I - contra os incapazes de que trata o art. 3 o ;
Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as
normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição.
Art. 208. Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso I.
Art. 3 o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:
I - os menores de dezesseis anos;
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário
discernimento para a prática desses atos;
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil
os menores de 16 (dezesseis) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) Obs:
vigência a partir de 03/01/2016

1039
Art. 4 o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: (Redação
dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de
2015) (Vigência)
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua
vontade; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
IV - os pródigos.
 A decadência não incide sobre os absolutamente incapazes, mesmo com a revogação
do art. 79 da Lei 8.213/91. Nesse sentido o próprio INSS: art. 591, II, §§ 1º a 3º, da IN
128/2022
 Decadência e alterações do Estatuto da Pessoa com Deficiência: incide decadência (e
prescrição), a partir de 03/01/2016, contra as pessoas “relativamente” incapazes
(deficientes) sem discernimento para exercer os seus direitos ou capacidade de
exprimir a sua vontade? Possíveis contradições da alteração legislativa e violação do
art. 4.4 da Convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiência? O TRF4 vem
afastando a prescrição e a decadência:
1040
EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. REQUISITOS. ÓBITO DO INSTITUIDOR.
FILHO MAIOR E INVÁLIDO VÍNCULO DE DEPENDÊNCIA ECONÔMICA PRESUMIDO. TERMO
INICIAL. INCAPAZ. RETROAÇÃO DA DIB À DATA DO ÓBITO. POSSIBILIDADE. CONSECTÁRIOS DA
SUCUMBÊNCIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. MAJORAÇÃO. 1. [...]. 3. A Lei de Benefícios
remete ao Código Civil o critério de fluência da prescrição, no caso de direito de menores,
incapazes e ausentes. O Código Civil de 2002, em seus artigos 3º, II, e 198, I, impedia a fruição
do prazo prescricional contra os absolutamente incapazes, reconhecendo como tais aqueles
que, por enfermidade ou deficiência mental, não tivessem o necessário discernimento para a
prática dos atos da vida civil. 4. A Lei 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência)
alterou a norma antes referida e manteve apenas como absolutamente incapazes os
menores de 16 anos. 5. Todavia, quando inquestionável a vulnerabilidade do indivíduo, por
meio prova que demonstre que não possui discernimento para os atos da vida civil, não há
como correr a prescrição quinquenal contra estes incapazes, uma vez que a intenção da Lei
13.146/2015 foi não deixá-los ao desabrigo. 6. Improvido o recurso da parte ré, majora-se a
verba honorária, elevando-a de 10% para 15% sobre o valor da causa atualizado, consideradas
as variáveis dos incisos I a IV do § 2º e o § 11, ambos do artigo 85 do CPC. (TRF4, AC 5000605-
73.2020.4.04.7027, DÉCIMA TURMA, Relatora CLÁUDIA CRISTINA CRISTOFANI, juntado aos
autos em 11/05/2023)

1041
31.8. Julgados importantes do STJ:
 Desaposentação:
Tese do tema 645 do STJ: A norma extraída do caput do art. 103 da Lei 8.213/91 não se aplica
às causas que buscam o reconhecimento do direito de renúncia à aposentadoria, mas
estabelece prazo decadencial para o segurado ou seu beneficiário postular a revisão do ato de
concessão do benefício, o qual, se modificado, importará em pagamento retroativo, diferente
do que se dá na desaposentação.
 Questões não apreciadas no ato de concessão:
Tese do tema 975 do STJ: Aplica-se o prazo decadencial de dez anos estabelecido no
art. 103, caput, da Lei 8.213/1991 às hipóteses em que a questão controvertida não
foi apreciada no ato administrativo de análise de concessão de
benefício previdenciário.
 Direito adquirido ao melhor benefício (tese do tema 334 do STF):
Tese do tema 966 do STJ: Incide o prazo decadencial previsto no caput do artigo 103
da Lei 8.213/1991 para reconhecimento do direito adquirido ao
benefício previdenciário mais vantajoso.
1042
 Termo inicial e sentença trabalhista:
Tese do tema 1117 do STJ: O marco inicial da fluência do prazo decadencial,
previsto no caput do art. 103 da Lei n. 8.213/1991, quando houver pedido de
revisão da renda mensal inicial (RMI) para incluir verbas remuneratórias
recebidas em ação trabalhista nos salários de contribuição que integraram o
período básico de cálculo (PBC) do benefício, deve ser o trânsito em julgado da
sentença na respectiva reclamatória.
• Obs: aplicação restrita aos casos de sentença trabalhista com condenação em
verbas remuneratórias a serem utilizadas para alterar o salário de
contribuição, ou seja, não se aplica às sentenças meramente declaratórias de
reconhecimento de vínculo
• Obs: o termo inicial da decadência é a coisa julgada da sentença referente à
fase de conhecimento e não à fase de liquidação/execução (escolha feita de
forma expressa e motivada no voto vencedor)
1043
 Decadência legal e renúncia:
AGRAVO INTERNO EM RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. DECADÊNCIA DO DIREITO
DE REVISÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. REAJUSTE CONFORME IRSM DE FEVEREIRO DE 1994. ART. 103
DA LEI N. 8.213/1991. MP N. 201/2004. NÃO INTERRUPÇÃO DO PRAZO DECADENCIAL.
1. No caso específico da aplicação integral do IRSM do mês de fevereiro de 1994 em ação revisional, esta
Corte fixou o entendimento de que o prazo decadencial para revisão de benefício previdenciário previsto no
art. 103 da Lei n. 8.213/1991 alcança os benefícios concedidos anteriormente. Desse modo, a decadência
legal não está sujeita à renúncia, suspensão ou interrupção do prazo, devendo-se aplicar o entendimento
firmado pela Primeira Seção do STJ, no julgamento dos Recursos Especiais repetitivos n. 1.309.529/PR e
1.326.114/SC, que prescreve que "incide o prazo de decadência do art. 103 da Lei n. 8.213/1991, instituído
pela Medida Provisória n. 1.523-9/1997, convertida na Lei n. 9.528/1997, no direito de revisão dos benefícios
concedidos ou indeferidos anteriormente a esse preceito normativo, com termo a quo a contar da sua
vigência (28.6.1997)" (AgInt nos EDcl no REsp n. 1.724.808/MG, relator Ministro Herman Benjamin, Segunda
Turma, DJe de 3/8/2021).
2. A MP n. 201/2004, convertida na Lei n. 10.999/2004, não interrompeu o prazo decadencial (REsp n.
1.670.907/RS, relator Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 13/8/2019, DJe de
6/11/2019).
3. Os precedentes indicados não são aptos a alterar o entendimento da Segunda Turma, pois são anteriores,
e a indicação da divergência se deu por mera transcrição de ementas, portanto, inservíveis à sua
demonstração. Precedentes.
4. Agravo interno não conhecido. (AgInt no REsp n. 1.686.780/SP, relator Ministro Og Fernandes, Segunda
Turma, julgado em 15/8/2022, DJe de 24/8/2022.)

1044
 Julgados importantes sobre decadência:
• Tema 312 do STF e ADI 6096: já transcritos
• Tese do tema 1117 do STJ: O marco inicial da fluência do prazo decadencial, previsto no
caput do art. 103 da Lei n. 8.213/1991, quando houver pedido de revisão da renda mensal
inicial (RMI) para incluir verbas remuneratórias recebidas em ação trabalhista nos salários
de contribuição que integraram o período básico de cálculo (PBC) do benefício, deve ser o
trânsito em julgado da sentença na respectiva reclamatória.
• Tese do tema 975 do STJ: Aplica-se o prazo decadencial de dez anos estabelecido no art.
103, caput, da Lei 8.213/1991 às hipóteses em que a questão controvertida não foi
apreciada no ato administrativo de análise de concessão de benefício previdenciário.
• Tese do tema 966 do STJ: Incide o prazo decadencial previsto no caput do artigo 103 da Lei
8.213/1991 para reconhecimento do direito adquirido ao benefício previdenciário mais
vantajoso.
• Tese do tema 645 do STJ: A norma extraída do caput do art. 103 da Lei 8.213/91 não se
aplica às causas que buscam o reconhecimento do direito de renúncia à aposentadoria, mas
estabelece prazo decadencial para o segurado ou seu beneficiário postular a revisão do ato
de concessão do benefício, o qual, se modificado, importará em pagamento retroativo,
diferente do que se dá na desaposentação.

1045
• Tese do tema 544 do STJ: O suporte de incidência do prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei
8.213/1991 é o direito de revisão dos benefícios, e não o direito ao benefício previdenciário. Incide o
prazo de decadência do art. 103 da Lei 8.213/1991, instituído pela Medida Provisória 1.523-9/1997,
convertida na Lei 9.528/1997, no direito de revisão dos benefícios concedidos ou indeferidos
anteriormente a esse preceito normativo, com termo a quo a contar da sua vigência (28.6.1997).
• Súmula 81 da TNU: A impugnação de ato de indeferimento, cessação ou cancelamento de benefício
previdenciário não se submete a qualquer prazo extintivo, seja em relação à revisão desses atos, seja em
relação ao fundo de direito. (alterada pelo Tema 265, julgado em 10/12/2020)
• Tese do tema 57 da TNU: Não ocorre prescrição do fundo de direito quando, entre o cancelamento
administrativo do auxílio-doença e o ajuizamento da ação, decorrem mais de 5 anos.
• Tese do tema 256 da TNU: I - O prazo decadencial decenal previsto no caput, do art. 103, da Lei 8.213/91 alcança o
direito potestativo de impugnação (i.) Do ato original de concessão; e (ii.) Do ato de indeferimento da revisão
administrativa. II - A contagem do prazo decenal para a impugnação do ato original de concessão tem início no dia
primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação. III - O prazo decenal para a impugnação do ato
de indeferimento definitivo da revisão administrativa tem sua contagem iniciada na data da ciência do beneficiário e
apenas aproveita às matérias suscitadas no requerimento administrativo revisional. (RE inadmitido. PUIL 3687
pendente de julgamento no STJ)
• Tese do tema 1023 do STF: É infraconstitucional, a ela se aplicando os efeitos da ausência de
repercussão geral, a controvérsia relativa às situações abrangidas pelo prazo decadencial
previsto no art. 103 da Lei nº 8.213/91 fundada na interpretação do termo revisão contido no
referido dispositivo legal.
1046
31.9. Prescrição quinquenal: alcança, somente, as parcelas vencidas (súmula 85 do
STJ: prescrição de trato sucessivo) e não o “fundo do direito”:
Prescreve em cinco anos, a contar da data em que deveriam ter sido pagas, toda e
qualquer ação para haver prestações vencidas ou quaisquer restituições ou diferenças
devidas pela Previdência Social, salvo o direito dos menores, incapazes e ausentes, na
forma do Código Civil.
 Julgado importantes:
• Súmula 85 do STJ: Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda Pública figure
como devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição
atinge apenas as prestações vencidas antes do qüinqüênio anterior à propositura da ação.
• Ação individual X ação coletiva: Tese do tema 1.005 do STJ: Na ação de conhecimento
individual, proposta com o objetivo de adequar a renda mensal do benefício
previdenciário aos tetos fixados pelas Emendas Constitucionais 20/98 e 41/2003 e cujo
pedido coincide com aquele anteriormente formulado em ação civil pública, a
interrupção da prescrição quinquenal, para recebimento das parcelas vencidas, ocorre
na data de ajuizamento da lide individual, salvo se requerida a sua suspensão, na forma
do art. 104 da Lei 8.078/90.
1047
• Suspensão da prescrição: Súmula 74 da TNU: O prazo de prescrição fica
suspenso pela formulação de requerimento administrativo e volta a correr
pelo saldo remanescente após a ciência da decisão administrativa final.
• Prescrição e ação trabalhista: Tese do tema 200 da TNU: Na pretensão ao
recebimento de diferenças decorrentes de revisão de renda mensal inicial
em virtude de verbas salariais reconhecidas em reclamação trabalhista, a
prescrição quinquenal deve ser contada retroativamente da data do
ajuizamento da ação previdenciária, não fluindo no período de tramitação
da ação trabalhista, enquanto não definitivamente reconhecido o direito e
não homologados os cálculos de liquidação. (PUIL STJ 2269/DF)
• Tese do tema 83 da TNU: O reconhecimento da dívida em sede
administrativa antes de consumada a prescrição interrompe o seu curso,
ficando o prazo suspenso até que ocorra o pagamento ou até que o
devedor pratique ato que configure resistência em quitar a dívida, quando
recomeçará a correr, pela metade (Decreto n. 20.910/32, art. 9º).

1048
• PUIL 0049569-55.2017.4.01.3800/MG: O reconhecimento da dívida em
sede administrativa antes de consumada a prescrição interrompe o seu
curso, ficando o prazo suspenso até que ocorra o pagamento ou até que o
devedor pratique ato que configure resistência em quitar a dívida, quando
recomeçará a correr, pela metade (Decreto n. 20.910/32, art. 9º). (TNU:
julgado em 28/04/2021)
• PUIL 0049569-55.2017.4.01.3800/MG: A impetração do Mandado de
Segurança interrompe o prazo prescricional no tocante à ação ordinária de
cobrança de valores pretéritos, nos termos da Súmula 383 do STF. (TNU:
julgado em 28/04/2021). Obs: no mesmo sentido é a jurisprudência do
STJ
• Súmula 383 do STF: A prescrição em favor da Fazenda Pública recomeça a
correr, por dois anos e meio, a partir do ato interruptivo, mas não fica
reduzida aquém de cinco anos, embora o titular do direito a interrompa
durante a primeira metade do prazo.

1049
32. AUTOTUTELA DO INSS E PRAZOS EXTINTIVOS

 Poder/dever e Decadência do direito do INSS de anular atos de concessão,


revisão ou restabelecimento de benefício:
Art. 103-A. O direito da Previdência Social de anular os atos administrativos de que decorram efeitos
favoráveis para os seus beneficiários decai em dez anos, contados da data em que foram praticados,
salvo comprovada má-fé. (Incluído pela Lei nº 10.839, de 2004)
§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo decadencial contar-se-á da percepção do
primeiro pagamento. (Incluído pela Lei nº 10.839, de 2004)
§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que
importe impugnação à validade do ato. (Incluído pela Lei nº 10.839, de 2004)

 Autotutela da administração pública previdenciária (súmulas 346 e 473 do STF):


anulação/revisão dos seus próprios atos quando ilegais
 Objeto: o próprio ato de concessão/revisão/restabelecimento e os aspectos
relacionados ao valor, termo inicial, duração e outros aspectos do benefício
1050
 Marco temporal:
• para os benefícios concedidos (DDB) até 31/01/1999, o termo inicial do prazo de
decadência começa a partir de 01/02/1999 (data de vigência da Lei 9.784/99);

• de acordo com o STJ (REsp nº 1114938/AL, Tema 214), para o período anterior à Lei
9.784/99 não havia prazo de decadência para o exercício da autotutela pelo INSS
 Termo inicial: a) data em que foi praticado o ato; b) no caso de atos com efeitos
patrimoniais contínuos (concessão de benefício, por exemplo) é a percepção do
primeiro pagamento
 Término da fluência (“interrupção”) do prazo de decadência: data da prática de
qualquer medida de autoridade administrativa que importe impugnação à validade do
ato. Obs: deve ser um ato individualizado e específico, como um despacho decisório de
instauração de procedimento de revisão. Pareceres e notas genéricos ou consultivos
não interrompem a decadência (ver STF no RMS 31841, 1ª TR, rel. ministro Edson
Fachin, 20/09/2016)

1051
 Limites formais: necessidade de observância do devido processo legal, contraditório e
ampla defesa (art. 69 da Lei 8.212/91 e art. 179 do RPS: análise no item 33 do curso)

 Limites materiais: vedação de aplicação retroativa de nova interpretação


administrativa (art. 2º, XIII, da Lei 9.874/99

 Coisa julgada administrativa: não impede a anulação/revisão enquanto não operada a


decadência. Tema 283 da TNU: A coisa julgada administrativa não exclui a apreciação
da matéria controvertida pelo poder judiciário e não é oponível à revisão de ato
administrativo para adequação aos requisitos previstos na lei previdenciária, enquanto
não transcorrido o prazo decadencial.

1052
 Não se aplica a decadência:
• nas hipóteses de má-fé/fraude
• aos benefícios com previsão legal de revisão, para verificação da manutenção das condições
que justificaram a sua concessão (benefícios por incapacidade e LOAS). Ver art. 124 da
Portaria DIRBEN 993/2022
• aos benefícios mantidos irregularmente, por falta de cessação do benefício ou cota parte
(posição do INSS: art. 594, II, da IN 128/2022 e art. 125 da Portaria 993/2022). Sobre esse
ponto, que envolve silêncio ou omissão administrativa, a TNU tem orientação
jurisprudencial contraditória:
Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal. Previdenciário. Cumulação de auxílio-
acidente com aposentadoria por idade. Ilegalidade. Não incide a decadência prevista pelo artigo 103-a
da lei 8.213/91 em relação à cessação de benefício indevidamente cumulado. Recurso provido para
devolução à origem e adequação. (PUIL nº 5007265-28.2020.4.04.7110, 11/02/2022.)
PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI. CUMULAÇÃO INDEVIDA DE BENEFÍCIOS. RENDA MENSAL
VITALÍCIA E PENSÃO POR MORTE. DECADÊNCIA. ART. 103-A, DA LEI 8.213/1991. NÃO INCIDÊNCIA. PROVIMENTO DO
INCIDENTE. RETORNO PARA ADEQUAÇÃO DO JULGAMENTO. 1 - De acordo com precedentes da TNU, o art. 103-A
da Lei 8.213/1991, que prevê prazo decadencial para o INSS revisar ato de concessão de benefício previdenciário,
não se aplica em relação à cessação de auxílio-acidente indevidamente cumulado com aposentadoria. 2 - O mesmo
entendimento deve orientar os casos de cumulação indevida de renda mensal vitalícia e pensão por morte. 3 -
Provimento do incidente. (Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei (Turma) 0002147-70.2011.4.01.4002,
LUCIANE MERLIN CLÈVE KRAVETZ - TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO, 20/04/2023.)
1053
Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal. Direito
previdenciário. Pensão por morte de cônjuge ou companheiro. Cumulação.
Primeiro benefício concedido em 1983. Segundo benefício concedido em
1995. Cessação em razão de cumulação indevida somente em 10/2014.
Devolução de valores recebidos em razão da cumulação indevida.
Entendimento de que incide o prazo de decadência de dez anos, consoante
dicção do art. 103-A da lei n. 8.213/91, sobre o ato de revisão do benefício
previdenciário de pensão por morte, ainda que concedido ou mantido
indevidamente, salvo a ocorrência de má-fé. Má-fé não caracterizada.
Decadência consumada. Obrigação de devolução afastada. PUIL conhecido
e provido. (PUIL nº 0500038-51.2015.4.02.5168, 26/03/2021.)
OBS: o STJ tem decisões monocráticas aplicando a decadência na hipótese
de acumulação (AREsp nº 2191352, 18/10/2022, relator ministro Mauro
Campbel Marques e AREsp nº 2122860, 04/10/2022, relator ministro Herman
Benjamin). Não localizei acórdãos de turmas ou seção

1054
• Na hipótese de ato flagrantemente inconstitucional: ver Tema 839 do STF
(obs: hipótese que se aplica, a partir de EC 103/2019 [art. 24], à vedação
de acumulação de pensões e redução de percentuais):
EMENTA Direito Constitucional. Repercussão geral. Direito Administrativo. Anistia política.
Revisão. Exercício de autotutela da administração pública. Decadência. Não ocorrência.
Procedimento administrativo com devido processo legal. Ato flagrantemente inconstitucional.
Violação do art. 8º do ADCT. Não comprovação de ato com motivação exclusivamente política.
Inexistência de inobservância do princípio da segurança jurídica. Recursos extraordinários
providos, com fixação de tese. 1. [...]. 3. As situações flagrantemente inconstitucionais não
devem ser consolidadas pelo transcurso do prazo decadencial previsto no art. 54 da Lei nº
9.784/99, sob pena de subversão dos princípios, das regras e dos preceitos previstos na
Constituição Federal de 1988. Precedentes. 4. Recursos extraordinários providos. 5. Fixou-se a
seguinte tese: “No exercício de seu poder de autotutela, poderá a Administração Pública rever
os atos de concessão de anistia a cabos da Aeronáutica relativos à Portaria nº 1.104, editada
pelo Ministro de Estado da Aeronáutica, em 12 de outubro de 1964 quando se comprovar a
ausência de ato com motivação exclusivamente política, assegurando-se ao anistiado, em
procedimento administrativo, o devido processo legal e a não devolução das verbas já
recebidas.” (RE 817338, Relator(a): DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 16/10/2019,
PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-190 DIVULG 30-07-2020
PUBLIC 31-07-2020)
1055
ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. ACÚMULO DE PENSÕES. FLAGRANTE
INCONSTITUCIONALIDADE. DECADÊNCIA. INEXISTÊNCIA. ATO ADMINISTRATIVO. LEGALIDADE.
1. O princípio da autotutela estabelece que a Administração Pública possui o poder/dever de controlar os
próprios atos, anulando-os quando ilegais, devendo-se respeitar o devido processo legal. 2. [...]
4. Esta Corte, em harmonia com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, firmou a
compreensão de que situações flagrantemente inconstitucionais não podem e não devem ser
superadas pelo eventual reconhecimento da prescrição ou decadência, sob pena de subversão
das determinações insertas na Constituição Federal. Precedentes.
5. Caso em que a parte autora acumulava pensões de maneira contrária à norma expressa de status
constitucional (art. 11 da EC 20/1998), a qual, se violada, implicaria flagrante inconstitucionalidade, a
afastar a hipótese de prazo decadencial.
6. O STF, no Recurso Extraordinário n. 584.388/SC, submetido à sistemática da repercussão geral, sintetizou
a tese de que "é inconstitucional a percepção cumulativa de duas pensões estatutárias pela morte de
servidor aposentado que reingressara no serviço público, por meio de concurso, antes da edição da EC
20/1998 e falecera após o seu advento".
7. Hipótese em que, ao contrário do que alega a recorrente, não há nenhuma distinção entre o caso concreto e o
precedente vinculante, já que o quadro fático examinado se encaixa por completo na tese supracitada.
8. Recurso ordinário não provido. (RMS n. 60.828/DF, relator Ministro Gurgel de Faria, Primeira Turma, julgado em
11/4/2023, DJe de 17/5/2023.)

1056
• Nas hipóteses de revisão de CTC que ainda não tenha sido utilizada em outro
regime de previdência (art. 126 da Portaria DIRBEN 993/2022 e art. 203 da Portaria
MTP 1.467/2022)

 Prescrição da pretensão de cobrança de parcelas recebidas indevidamente


(ressarcimento/reparação/devolução) e má-fé: a prescrição é quinquenal (contada da
data da instauração do procedimento de revisão: art. 128, §3º, da Portaria 993/2022) e
não é afastada pela má-fé (como a decadência), salvo nas hipóteses de atos que
configurem improbidade administrativa ou ilícito criminal (hipótese de
imprescritibilidade, na forma dos temas 666 e 897 do STF)

1057
33. Suspensão ou cancelamento de benefícios
32.1. Hipóteses (rol exemplificativo):
 Cessação: casos de alta programada ou revisão de benefícios por incapacidade caso constatada
a recuperação da capacidade ou reabilitação (arts. 43, §4º, 60, §§8º e 9º, 62 e 101 da Lei
8.213/91;
 Cessação: aposentado por invalidez que retorna voluntariamente à atividade (art. 46 da Lei
8.213/91)
 Suspensão (e depois cessação): casos de não comparecimento à perícia de revisão e
submissão a tratamento médico ou procedimento de reabilitação profissional (art. 101 da Lei
8.213/91);
 Suspensão: casos de titular de aposentadoria especial que permanece ou retorna ao exercício
de atividade especial (art. 57, §8º, da Lei 8.213/91 e Tema 709 do STF);
 Suspensão: casos de dependentes que recebem auxílio-reclusão e não apresentam o relatório
trimestral para comprovar a manutenção da prisão do segurado, bem como na hipótese de
fuga do segurado (art. 117 do RPS)

1058
 Cessação: nos casos pensão por morte de segurado presumidamente morto, quando
ele reaparece (art. 78, §2º, da Lei 8.213/91);

 Suspensão: caso o segurado que esteja percebendo salário-maternidade retorne ao


trabalho ou atividade (art. 71-C da Lei 8.213/91)

 Cessação: casos de acumulação indevida de benefícios, como: a) duas pensões por


morte de cônjuge ou companheiro (art. 124, VI, da Lei 8.213/91); b) auxílio-acidente e
aposentadoria (art. 86, §2º, da Lei 8.213/91)

 Bloqueio: não realização de prova de vida (§8º do art. 69 da Lei 8.212/91)

 Suspensão e depois cessação (se for o caso): nos casos de concessão indevida e/ou
fraude

1059
32.2. Procedimentos para revisão/cessação em casos de concessão e manutenção indevida de
benefícios (art. 69 da Lei 8.212/91 e art. 179 do RPS): deve observar o devido processo legal e
contraditório

Art. 69. O INSS manterá programa permanente de revisão da concessão e da manutenção


dos benefícios por ele administrados, a fim de apurar irregularidades ou erros
materiais. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)

§ 1º Na hipótese de haver indícios de irregularidade ou erros materiais na concessão, na


manutenção ou na revisão do benefício, o INSS notificará o beneficiário, o seu
representante legal ou o seu procurador para apresentar defesa, provas ou documentos
dos quais dispuser, no prazo de: (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)

I - 30 (trinta) dias, no caso de trabalhador urbano; (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)

II - 60 (sessenta) dias, no caso de trabalhador rural individual e avulso, agricultor familiar


ou segurado especial. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)

1060
§ 2º A notificação a que se refere o § 1º deste artigo será feita: (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)

[...]

§ 3º A defesa poderá ser apresentada pelo canal de atendimento eletrônico do INSS ou na Agência
da Previdência Social do domicílio do beneficiário, na forma do regulamento. (Redação dada pela Lei nº
13.846, de 2019)

§ 4º O benefício será suspenso nas seguintes hipóteses: (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)

I - não apresentação da defesa no prazo estabelecido no § 1º deste artigo; (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)

II - defesa considerada insuficiente ou improcedente pelo INSS. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)

§ 5º O INSS deverá notificar o beneficiário quanto à suspensão do benefício de que trata o § 4º


deste artigo e conceder-lhe prazo de 30 (trinta) dias para interposição de recurso. (Incluído
pela Lei nº 13.846, de 2019)

1061
§ 6º Decorrido o prazo de 30 (trinta) dias após a suspensão a que se refere o § 4º deste artigo, sem que o
beneficiário, o seu representante legal ou o seu procurador apresente recurso administrativo aos canais de
atendimento do INSS ou a outros canais autorizados, o benefício será cessado. (Incluído pela Lei
nº 13.846, de 2019)
[...]
§ 9º O recurso de que trata o § 5º deste artigo não terá efeito suspensivo. (Incluído pela Lei nº
13.846, de 2019)

• Obs: excepcionalmente, na forma do art. 179-E do RPS, existe a possibilidade de


bloqueio cautelar do benefício, com contraditório diferido:
Art. 179-E. Os benefícios administrados pelo INSS que forem objeto de apuração de
irregularidade ou fraude pela Coordenação-Geral de Inteligência Previdenciária e
Trabalhista da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia
poderão ter o respectivo valor bloqueado cautelarmente pelo INSS, por meio de decisão
fundamentada, quando houver risco iminente de prejuízo ao erário e restarem
evidenciados elementos suficientes que indiquem a existência de irregularidade ou fraude
na sua concessão ou manutenção, hipótese em que será facultado ao titular a
apresentação de defesa, nos termos do disposto neste Regulamento. (Incluído pelo
Decreto nº 10.410, de 2020)

1062
34. Devolução de benefício indevido ou pago além do devido
34.1. Art. 115 da Lei 8.213/91:
Art. 115. Podem ser descontados dos benefícios:
II - pagamento de benefício além do devido;
II - pagamento administrativo ou judicial de benefício previdenciário ou assistencial
indevido, ou além do devido, inclusive na hipótese de cessação do benefício pela
revogação de decisão judicial, nos termos do disposto no Regulamento. (Redação
dada pela Medida Provisória nº 871, de 2019)
II - pagamento administrativo ou judicial de benefício previdenciário ou assistencial
indevido, ou além do devido, inclusive na hipótese de cessação do benefício pela
revogação de decisão judicial, em valor que não exceda 30% (trinta por cento) da
sua importância, nos termos do regulamento; (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)
§ 1o Na hipótese do inciso II, o desconto será feito em parcelas, conforme dispuser o
regulamento, salvo má-fé.
1063
§ 3º Serão inscritos em dívida ativa pela Procuradoria-Geral Federal os créditos
constituídos pelo INSS em decorrência de benefício previdenciário ou assistencial
pago indevidamente ou além do devido, inclusive na hipótese de cessação do
benefício pela revogação de decisão judicial, nos termos da Lei nº 6.830, de 22 de
setembro de 1980, para a execução judicial. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de
2019)

§ 4º Será objeto de inscrição em dívida ativa, para os fins do disposto no § 3º deste


artigo, em conjunto ou separadamente, o terceiro beneficiado que sabia ou deveria
saber da origem do benefício pago indevidamente em razão de fraude, de dolo ou
de coação, desde que devidamente identificado em procedimento administrativo
de responsabilização. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)
§ 5º O procedimento de que trata o § 4º deste artigo será disciplinado em
regulamento, nos termos da Lei 9.784, de 29 de janeiro de 1999, e no art. 27 do
Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)

1064
34.2. Devolução em razão de pagamento indevido ou além do devido promovido na via
administrativa:
a) Pagamento indevido ou além do devido decorrente de má-fé/fraude do segurado ou
dependente (beneficiário): sempre tem a obrigação de devolver, salvo prescrição
b) Pagamento indevido ou além do devido decorrente de interpretação errônea ou
equivocada da lei pela Administração: não existe obrigação de devolver, conforme tema
979 do STJ. Exs.: revisão de parâmetros médicos, interpretação de lei ou outro ato
normativo que permita a concessão de benefício, pagamento de renda mensal maior do
que a devida, acumulação de benefícios etc, com posterior revisão da interpretação (ver
art. 2º, parágrafo único, inciso XIII, da Lei 9.874/99)
c) Pagamento indevido ou além do devido decorrente de erro administrativo (material ou
operacional) da Administração: em regra, existe a obrigação de devolver, ressalvada a
hipótese em que o segurado, diante do caso concreto, comprova sua boa-fé objetiva,
sobretudo com demonstração de que não lhe era possível constatar o pagamento
indevido. Exs.: erro material de cálculo da RMI/RMA, pagamento em duplicidade, não
cessação de cota parte de pensão ou permissão de acumulação indevida por erro
operacional de comando etc

1065
• Tese firmada no tema 979 do STJ:
Com relação aos pagamentos indevidos aos segurados decorrentes de erro
administrativo (material ou operacional), não embasado em interpretação
errônea ou equivocada da lei pela Administração, são repetíveis, sendo legítimo o
desconto no percentual de até 30% (trinta por cento) de valor do benefício pago ao
segurado/beneficiário, ressalvada a hipótese em que o segurado, diante do caso
concreto, comprova sua boa-fé objetiva, sobretudo com demonstração de que não
lhe era possível constatar o pagamento indevido.

• Modulação de efeitos do tema 979: somente deve atingir os processos que tenham
sido distribuídos, na 1ª instância, a partir da publicação desta acórdão, ocorrida em
23/04/2021. Obs: para os processos ajuizados antes desta data, aplica-se o anterior
entendimento do STJ: irrepetibilidade dos valores, salvo prova de má-fé a cargo do
INSS

1066
d) Pagamento indevido ou além do devido decorrente de revogação de decisão
judicial: segundo o STJ, é devida a devolução, sendo irrelevante a discussão acerca
de boa ou má-fé e de se tratar de verba alimentar.
 Tese firmada pelo STJ no tema 692: A reforma da decisão que antecipa os efeitos da
tutela final obriga o autor da ação a devolver os valores dos benefícios previdenciários ou
assistenciais recebidos, o que pode ser feito por meio de desconto em valor que não exceda
30% (trinta por cento) da importância de eventual benefício que ainda lhe estiver sendo
pago. (Obs: tese firmada inicialmente em 12/02/2014 e revisada em 11/05/2022. Estão
pendente de julgamento embargos de declaração)
 STF já afastou a repercussão geral da matéria: Tese firmada no tema 799 (ARE
722421): “A questão acerca da devolução de valores recebidos em virtude de concessão
de antecipação de tutela posteriormente revogada tem natureza infraconstitucional e a
ela atribuem-se os efeitos da ausência de repercussão geral, nos termos do precedente
fixado no RE 584.608, Relatora a Ministra Ellen Gracie, DJe 13/3/2009.
 Obs: no entanto, recentemente, em pelo menos três julgados vinculantes, o STF
afastou a necessidade de repetição dos valores recebidos indevidamente até a
proclamação do resultado do julgamento (do próprio STF): temas 503
(desaposentação), 709 (aposentadoria especial e continuidade no emprego) e 1095
(adicional de 25% para as demais aposentadorias)

1067
 Discussões superadas pelo tema 692: boa-fé, irrepetibilidade de verba alimentar,
tutela antecipada concedida de ofício e sem recurso do INSS, tutela antecipada
concedida na sentença com cognição exauriente, dupla conformação (sentença
confirmada por acórdão) etc

 Exceção assegurada pelo STJ: tutela de urgência cuja revogação se dá em razão de


mudança superveniente da jurisprudência então dominante. Nesses casos, a
superação do precedente deverá ser acompanhada da indispensável modulação dos
efeitos, a juízo do Tribunal que está promovendo a alteração jurisprudencial, como
determina o art. 927, § 3º, do CPC

 Sem devolução: ação rescisória

1068
e) Formas de devolução (sempre observado o devido processo legal e o
contraditório):

 Desconto no benefício: sim (art. 115, II, da Lei 8.213/91)

 Inscrição em dívida ativa com posterior execução fiscal: sim, a partir de


22/05/2017, data de vigência da MP 780/2017, convertida na Lei
13.494/2017

 Liquidação e cobrança nos próprios autos do processo judicial em que


concedida e revogada a tutela: possível conflito entre o disposto no art. 302,
parágrafo único do CPC, os mecanismos previstos na Lei 8.213/91 (desconto e
inscrição em dívida ativa) e o rito do JEF. Obs: matéria objeto dos embargos
de declaração pendentes de julgamento no tema 692 do STJ

1069
35. Processo Administrativo Previdenciário – PAP

Módulo em elaboração

1070
36. Processo Judicial Previdenciário
Obs: módulo ainda em elaboração

36.1. Aspectos gerais


 A necessidade de um direito processual previdenciário ou, no mínimo, de uma
flexibilização da rigidez do processo civil clássico?
• A relevância constitucional do direito material em discussão

• A teoria do acertamento da relação jurídica de proteção social e seus reflexos no interesse


de agir, na delimitação da causa de pedir e pedido (fungibilidade), estabilização da
demanda, preclusão, coisa julgada etc

1071
36.2. Competência

 Benefícios previdenciários comuns (não acidentários):


• Regra geral: competência da Justiça Federal (Art. 109, I, da CF/88)

• A competência da Justiça Federal inclui, entre outros: pedido incidental de união


estável, reconhecimento de vínculo trabalhista, retificação de PPP (para efeitos
previdenciários) em ações de concessão/revisão de benefício

Obs: a força probatória, no âmbito previdenciário, das sentenças proferidas nas


justiças estaduais e trabalhistas: no máximo, início de prova material, sendo
necessário produzir prova complementar no processo previdenciário. Ver PUIL
293 STJ (a seguir):

1072
PREVIDENCIÁRIO. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL, DIRIGIDO AO STJ.
JUIZADO ESPECIAL FEDERAL. ART. 14, § 4º, DA LEI 10.259/2001. PENSÃO POR MORTE. SENTENÇA
TRABALHISTA MERAMENTE HOMOLOGATÓRIA DE ACORDO. ART. 55, § 3º, DA LEI 8.213/91. INÍCIO DE
PROVA MATERIAL CONTEMPORÂNEA DOS FATOS ALEGADOS. NECESSIDADE. PRECEDENTES DO STJ. TESE
JURÍDICA FIRMADA. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI ACOLHIDO.
I. Trata-se de Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei, fundamentado no art. 14, § 4º, da Lei 10.259/2001,
apresentado pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, em face de acórdão da Turma Nacional de Uniformização dos
Juizados Especiais Federais, no qual se discute a validade da sentença trabalhista, meramente homologatória de acordo, como
início de prova material, na forma do art. 55, § 3º, da Lei 8.213/91. [...]

III. O entendimento firmado no STJ está fundamentado na circunstância de que, não havendo instrução
probatória, com início de prova material, tampouco exame de mérito da demanda trabalhista - a
demonstrar, efetivamente, o exercício da atividade laboral, apontando o trabalho desempenhado, no
período correspondente -, não haverá início válido de prova material, apto à comprovação de tempo de
serviço, na forma do art. 55, § 3º, da Lei 8.213/91.
IV. A Súmula 149/STJ dispõe que "a prova exclusivamente testemunhal não basta a comprovação da atividade rurícola, para
efeito da obtenção de benefício previdenciário". [...]

VI. O § 3º do art. 55 da Lei 8.213/91 - que exige início de prova material para comprovação do tempo de
serviço, não admitindo, para tal fim, a prova exclusivamente testemunhal, "exceto na ocorrência de motivo
de força maior ou caso fortuito, na forma prevista no regulamento" - teve a sua redação alterada pela Lei
13.846/2019, que acrescentou a exigência de início de prova material contemporânea dos fatos.
1073
VII. A jurisprudência desta Corte, embora não exija que o documento apresentado como início de prova
material abranja todo o lapso controvertido, considera indispensável a sua contemporaneidade com os fatos
alegados, devendo, assim, corresponder, pelo menos, a uma fração do período alegado, corroborado por
idônea e robusta prova testemunhal, que amplie sua eficácia probatória. Nesse sentido: STJ, AgInt no AREsp
1.562.302/AM, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, DJe de 04/06/2020; AREsp
1.550.603/PR, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de 11/10/2019; REsp
1.768.801/PR, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de 16/11/2018
VIII. Em regra, a sentença trabalhista homologatória de acordo não é, por si só, contemporânea dos fatos
que provariam o tempo de serviço, referindo-se ela a fatos pretéritos, anteriores à sua prolação, e, nessa
medida, não atende ao art. 55, § 3º, da Lei 8.213/91, que exige início de prova material contemporânea dos
fatos, e não posterior a eles.
IX. Tese jurídica firmada: "A sentença trabalhista homologatória de acordo somente será considerada início
válido de prova material, para os fins do art. 55, § 3º, da Lei 8.213/91, quando fundada em elementos
probatórios contemporâneos dos fatos alegados, aptos a evidenciar o exercício da atividade laboral, o
trabalho desempenhado e o respectivo período que se pretende ter reconhecido, em ação previdenciária.“
[...]
XI. Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei acolhido, devendo os autos retornar à origem, para que
se prossiga na análise do pedido da parte autora, à luz da tese ora firmada. (PUIL n. 293/PR, relator
Ministro Og Fernandes, relatora para acórdão Ministra Assusete Magalhães, Primeira Seção, julgado em
14/12/2022, DJe de 20/12/2022.)

Obs: a questão foi afetada pelo STJ (26/04/23) para julgamento em recurso repetitivo (tema 1188)
1074
• Exceções: competência da Justiça Estadual

 alvará para levantamento de resíduos junto ao INSS, se não houver controvérsia da


autarquia (STJ):

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. ALVARÁ JUDICIAL. PENSÃO POR MORTE. JURISDIÇÃO


VOLUNTÁRIA. AUSÊNCIA DE INTERESSE FEDERAL.
1. Via de regra, os alvarás judiciais, que são processos de jurisdição graciosa, ainda que dirigidos às
entidades mencionadas no art. 109, I, da CF/88, quando não houver litigiosidade, devem ser
processados e decididos pela Justiça Comum dos Estados. Somente se houver oposição de ente federal
haverá deslocamento de competência à Justiça Especializada.
2. Em se tratando de alvará de levantamento de importância devida a título de pensão por morte,
requerimento submetido à jurisdição voluntária, compete à Justiça Estadual processar e autorizar a sua
expedição, ainda que envolva o INSS.
3. Ausência, prima facie, de oposição por parte da autarquia, fato que justificaria o ingresso da União
na lide e, consequentemente, o deslocamento da competência à Justiça Federal.
4. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de Direito suscitado. (CC 61.612/PR, Rel.
Ministro CASTRO MEIRA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 23/08/2006, DJ 11/09/2006, p. 217)

1075
Competência delegada: CF/88, art. 109, §§3º e 4º

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

§ 3º Lei poderá autorizar que as causas de competência da Justiça


Federal em que forem parte instituição de previdência social e segurado
possam ser processadas e julgadas na justiça estadual quando a
comarca do domicílio do segurado não for sede de vara
federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de
2019)

§ 4º Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre


para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de
primeiro grau.
1076
Lei 5.010/66, alterada pela Lei 13.876/2019

Art. 15. Quando a Comarca não for sede de Vara Federal, poderão ser processadas e
julgadas na Justiça Estadual: (Redação dada pela Lei nº 13.876, de 2019)

III - as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado e que se
referirem a benefícios de natureza pecuniária, quando a Comarca de domicílio do
segurado estiver localizada a mais de 70 km (setenta quilômetros) de Município sede
de Vara Federal; (Redação dada pela Lei nº 13.876, de 2019)

§ 2º Caberá ao respectivo Tribunal Regional Federal indicar as Comarcas que se


enquadram no critério de distância previsto no inciso III do caput deste
artigo. (Incluído pela Lei nº 13.876, de 2019)

1077
STJ: tese firmada no IAC nº 06 do STJ:

Os efeitos da Lei nº 13.876/2019 na modificação de competência para o


processamento e julgamento dos processos que tramitam na Justiça
Estadual no exercício da competência federal delegada insculpido no
art, 109, § 3º, da Constituição Federal, após as alterações promovidas
pela Emenda Constitucional 103, de 12 de novembro de 2019, aplicar-
se-ão aos feitos ajuizados após 1º de janeiro de 2020. As ações, em fase
de conhecimento ou de execução, ajuizadas anteriormente a essa data,
continuarão a ser processadas e julgadas no juízo estadual, nos termos
em que previsto pelo § 3º do art. 109 da Constituição Federal, pelo
inciso III do art. 15 da Lei n. 5.010, de 30 de maio de 1965, em sua
redação original. (trânsito em julgado em 14/02/2022)

1078
 Benefícios previdenciários de natureza acidentária: competência
absoluta da Justiça Estadual (art. 109, I, parte final da CF/88). Ver
súmulas 501 do STF e 15 do STJ. Crítica acerca da manutenção
dessa repartição de competência

• Benefícios acidentários: aposentadoria por incapacidade permanente


(B32), auxílio por incapacidade temporária (B91), auxílio-acidente (B94) e
pensão por morte (B93)

• Segurados beneficiários: empregado, empregado doméstico, trabalhador


avulso e segurado especial (art. 19 da Lei 8.213/91)

• Incidência da competência: ações de concessão, restabelecimento (Tema


414 do STF, RE 638483) e revisão

1079
• Pensão por morte: o último julgado que localizei, da 1ª Seção do STJ, atribuiu
competência à Justiça Federal

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE.


FALECIMENTO DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRABALHO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA
FEDERAL.
1. Conforme entendimento jurisprudencial consagrado pelo Superior Tribunal de Justiça,
compete à Justiça Federal processar e julgar as ações objetivando a concessão ou revisão
dos benefícios de pensão por morte, ainda que decorrentes de acidente de trabalho. A
propósito: AgRg no CC 113.675/SP, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Terceira Seção, DJe
18/12/2012; CC 119.921/AM, Rel. Ministra Marilza Maynard (Desembargadora Convocada do
TJ/SE), Terceira Seção, DJe de 19/10/2012; AgRg no CC 108.477/MS, Rel. Min. Maria Thereza
de Assis Moura, DJe de 10/12/2010; AgRg no CC 107.796/SP, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima,
DJe de 7/5/2010; CC 89.282/RS, Rel. Min. Jane Silva (Desembargadora Convocada do TJ/MG,
DJ de 18/10/2007; AgRg no CC 139.399/RJ, Rel. Ministro Olindo Menezes (Desembargador
convocado do TRF 1ª Região), Primeira Seção, DJe 2/3/2016; AgRg no CC 112.710/MS, Rel.
Min. Og Fernandes, DJe de 7/10/2011.
2. Conflito de Competência conhecido para determinar a competência do Juízo suscitado, qual
seja, a 2ª Vara do Juizado Especial Federal de Vitória da Conquista/BA. (CC 166.107/BA, Rel.
Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 28/08/2019, DJe 18/10/2019)
1080
Obs: o último do STF atribuiu competência à Justiça Estadual:

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONSTITUCIONAL E


PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRABALHO.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM ESTADUAL PARA PROCESSAR E JULGAR A CAUSA.
PRECEDENTES. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 501 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.
(AI 722821 AgR, Relator(a): CÁRMEN LÚCIA, Primeira Turma, julgado em
20/10/2009, DJe-223 DIVULG 26-11-2009 PUBLIC 27-11-2009 EMENT VOL-02384-07
PP-01345 RDECTRAB v. 16, n. 187, 2010, p. 267-270)

1081
• STJ: importância do pedido para a definição da competência:
PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. PEDIDO DE CONCESSÃO DE AUXÍLIO-
ACIDENTE DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRABALHO. SÚMULAS 15/STJ E 501/STF. CAUSA DE PEDIR.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL.
1. Nos termos da jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça, é competência da Justiça
Estadual processar e julgar ação relativa a acidente de trabalho, estando abrangida nesse contexto tanto a
lide que tem por objeto a concessão de benefício em razão de acidente de trabalho como também as
relações daí decorrentes (restabelecimento, reajuste, cumulação), uma vez que o art. 109, I, da Constituição
Federal não fez nenhuma ressalva a este respeito.
2. Nas ações que objetivam a concessão de benefício em decorrência de acidente de trabalho, a
competência será determinada com base no pedido e causa de pedir. Precedentes do STJ.
3. No caso dos autos, conforme se extrai da Petição Inicial, o pedido da presente ação é a concessão de
benefício acidentário, tendo como causa de pedir a exposição ao agente nocivo ruído. Logo, a competência
para processar e julgar a presente demanda é da Justiça estadual. Precedentes do STJ.
4. Assim, caso o órgão julgador afaste a configuração do nexo causal, a hipótese é de improcedência do
pleito de obtenção do benefício acidentário, e não de remessa à Justiça Federal. Nessa hipótese, caso
entenda devido, pode a parte autora intentar nova ação no juízo competente para obter benefício não-
acidentário, posto que diversos o pedido e a causa de pedir.
5. Conflito de Competência conhecido para declarar competente para processar o feito a Justiça Estadual.
(CC 152.002/MG, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 22/11/2017, DJe
19/12/2017)
1082
PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO INTERNO NO CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA ESTADUAL E
JUSTIÇA FEDERAL. CONCESSÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA OU
APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. PEDIDO E CAUSA DE PEDIR NÃO VINCULADA A ACIDENTE DO
TRABALHO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO.
I. Agravo interno aviado contra decisão que conhecera do Conflito de Competência, instaurado em
Ação ajuizada por segurada, perante a Justiça Federal, contra o Instituto Nacional do Seguro Social -
INSS, postulando benefício previdenciário de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez.
II. Não resta configurada hipótese de aplicação da Súmula 15/STJ ("Compete a justiça estadual
processar e julgar os litígios decorrentes de acidente do trabalho"), porquanto ausente a alegação, na
petição inicial, de liame entre o benefício requerido pela parte segurada e acidente do trabalho, que
não foi, sequer, mencionado, como fundamento do pleito.
III. Na forma da jurisprudência do STJ, "a definição da competência para a causa se estabelece levando
em consideração os termos da demanda (e não a sua procedência ou improcedência, ou a legitimidade
ou não das partes, ou qualquer outro juízo a respeito da própria demanda).O juízo sobre competência
é, portanto, lógica e necessariamente, anterior a qualquer outro juízo sobre a causa. Sobre ela quem
vai decidir é o juiz considerado competente (e não o Tribunal que aprecia o conflito). Não fosse assim,
haveria uma indevida inversão na ordem natural das coisas: primeiro se julgaria (ou pré-julgaria) a
causa e depois, dependendo desse julgamento, definir-se-ia o juiz competente (que, portanto, receberia
uma causa já julgada, ou, pelo menos, pré-julgada)" (STJ, CC 121.013/SP, Rel. Ministro TEORI ALBINO
ZAVASCKI, PRIMEIRA SEÇÃO, DJe de 03/04/2012). Precedentes.
IV. Agravo interno improvido. (AgInt no CC n. 154.273/SP, relatora Ministra Assusete Magalhães,
Primeira Seção, julgado em 29/11/2022, DJe de 1/12/2022.)
1083
• Rito processual: ordinário, na forma do Tema 1053 do STJ: Os
Juizados Especiais da Fazenda Pública não têm competência para o
julgamento de ações decorrentes de acidente de trabalho em que o
Instituto Nacional do Seguro Social figure como parte.

1084
 Valor da causa: rito ordinário (vara federal) X JEF
• Lei 10.259/01:
Art. 3o Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e julgar causas de competência da
Justiça Federal até o valor de sessenta salários mínimos, bem como executar as suas sentenças.
§ 2o Quando a pretensão versar sobre obrigações vincendas, para fins de competência do Juizado Especial, a
soma de doze parcelas não poderá exceder o valor referido no art. 3o, caput.
§ 3o No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, a sua competência é absoluta.

• CPC:
Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será:
§ 1º Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, considerar-se-á o valor de umas
e outras.
§ 2º O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a obrigação
for por tempo indeterminado ou por tempo superior a 1 (um) ano, e, se por tempo inferior,
será igual à soma das prestações.
1085
• Tema 1.030 do STJ: renúncia de parcelas vincendas para fins de competência
Ao autor que deseje litigar no âmbito de Juizado Especial Federal Cível, é lícito renunciar,
de modo expresso e para fins de atribuição de valor à causa, ao montante que exceda os
60 (sessenta) salários mínimos previstos no art. 3º, caput, da Lei 10.259/2001, aí
incluídas, sendo o caso, até doze prestações vincendas, nos termos do art. 3º, § 2º, da
referida lei, c/c o art. 292, §§ 1º e 2º, do CPC/2015.

• Valor da causa e valor da condenação: renúncia do art. 17,


§1º, da Lei 10.259/01:

1086
• IRDR 2 da 4ª Região: processo nº 5033207-91.2016.4.04.0000/SC

a) No âmbito dos Juizados Especiais Federais há duas possibilidades de renúncia: (i) uma
inicial, considerando a repercussão econômica da demanda que se inaugura, para efeito de
definição da competência; (ii) outra, na fase de cumprimento da decisão condenatória, para
que o credor, se assim desejar, receba seu crédito mediante requisição de pequeno valor.

b) Havendo discussão sobre relação de trato sucessivo no âmbito dos Juizados Especiais
Federais, devem ser observadas as seguintes diretrizes para a apuração de valor da causa, e,
logo, para a definição da competência, inclusive mediante renúncia: (i) quando a causa versar
apenas sobre prestações vincendas e a obrigação for por tempo indeterminado ou superior a
um ano, considera-se para a apuração de seu valor o montante representado por uma
anuidade; (ii) quando a causa versar sobre prestações vencidas e vincendas, e a obrigação for
por tempo indeterminado ou superior a um ano, considera-se para a apuração do seu valor o
montante representado pela soma das parcelas vencidas com uma anuidade das parcelas
vincendas; (iii) obtido o valor da causa nos termos antes especificados, a renúncia para efeito
de opção pelo rito previsto na Lei 10.259/2001 incide sobre o montante total apurado,
consideradas, assim, parcelas vencidas e vincendas.

1087
c) Quando da liquidação da condenação, havendo prestações vencidas e
vincendas, e tendo o autor renunciado ao excedente a sessenta salários
mínimos para litigar nos Juizados Especiais Federais, o montante
representado pelo que foi objeto do ato inicial de renúncia (desde o termo
inicial das parcelas vencidas até o termo final da anuidade então vincenda)
deverá ser apurado considerando-se sessenta salários mínimos vigentes à
data do ajuizamento, admitida a partir deste marco, no que toca a este
montante, apenas a incidência de juros e atualização monetária. A
acumulação de novas parcelas a este montante inicialmente definido
somente se dará em relação às prestações que se vencerem a partir de um
ano a contar da data do ajuizamento, incidindo juros e atualização
monetária a partir dos respectivos vencimentos. A sistemática a ser
observada para o pagamento (§ 3º do artigo 17 da Lei 10.259), de todo
modo, considerará o valor total do crédito (soma do montante apurado com
base na renúncia inicial com o montante apurado com base nas parcelas
acumuladas a partir de doze meses contados do ajuizamento).

1088
 Causa complexa (necessidade de perícia) e aposentadoria especial: na
sessão do dia 14/12/2022, a 1ª Seção do TRF6, decidindo conflito de competência entre
JEF e Vara Federal Comum (Cível), discutindo a necessidade de produção de prova
pericial para caracterização de atividade especial, concluiu, à unanimidade, pela
competência da Vara Federal Comum:
PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. PREVIDENCIÁRIO. JUÍZO FEDERAL E
JUIZADO ESPECIAL FEDERAL. PROVA PERICIAL. FINALIDADE DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS.
PRINCÍPIOS DE REGÊNCIA. COMPETÊNCIA ABSOLUTA EM RAZÃO DO VALOR DA CAUSA.
CUMULAÇÃO DE PEDIDOS. CAUSAS DE MENOR COMPLEXIDADE MEDIANTE RITO MAIS
SIMPLIFICADO E CÉLERE. PERÍCIA COMPLEXA. COMPETÊNCIA DO JUÍZO FEDERAL COMUM E NÃO
DO JEF.
1. Cuida-se de conflito negativo de competência entre Juízo suscitante (20ª Vara da Subseção
Judiciária de Belo Horizonte- atualmente 11ª Vara) e o Juízo suscitado (1ª Vara do Juizado Especial
Federal da Subseção Judiciária de Contagem/MG), em razão de questão atinente à competência
do JEF, nos casos de produção de prova pericial, no local de prestação de serviços, para fins de
reconhecimento de tempo especial.
[...]
1089
4. Embora, da fato, o rito dos juizados não proíba a realização de prova pericial e nem se
possa presumir, de forma absoluta, que a sua necessidade contraindica o rito simplificado,
não há como negar que a complexidade da prova é um indicativo, ainda que não o único, da
complexidade da causa. Conclui-se, à vista do exposto, que não se inclui na competência dos
juizados especiais a demanda previdenciária, que tal qual o caso dos autos, objetive a
produção de prova pericial complexa, assim considerada a instrução processual que busque
a verificação das condições de trabalho no ambiente laboral do segurado ou em
estabelecimento similar, a aferição da semelhança entre atividades da parte com a de
atuais empregados, a constatação da presença de agentes insalubres ou perigosos, o grau
de nocividade dos agentes, entre outros, inclusive para, se for o caso, aquilatar a higidez do
Perfil Profissiográfico Previdenciário. Tais hipóteses configuram onerosidade e complexidade
pericial que afastam a aplicação do art. 12 da Lei 10.259/2001 e a competência do Juizado
Especial Federal.
5. Conflito de Competência conhecido para declarar a competência do Juízo da 11ª Vara da
Subseção Judiciária de Belo Horizonte, ora suscitante (antiga 20ª Vara Federal). (Conflito de
competência nº 1009788-84.2022.4.01.000, 1ª Seção, Rel. Des. Edilson Vitorelli, Pje, julgado
na sessão de 14/12/2022).

1090
36.3. Interesse de agir
 Observar o tema 350 do STF:
(i) Regras permanentes

I - A concessão de benefícios previdenciários depende de requerimento do interessado, não se


caracterizando ameaça ou lesão a direito antes de sua apreciação e indeferimento pelo INSS,
ou se excedido o prazo legal para sua análise. É bem de ver, no entanto, que a exigência de
prévio requerimento não se confunde com o exaurimento das vias administrativas;
II – A exigência de prévio requerimento administrativo não deve prevalecer quando o
entendimento da Administração for notória e reiteradamente contrário à postulação do
segurado;
III – Na hipótese de pretensão de revisão, restabelecimento ou manutenção de benefício
anteriormente concedido, considerando que o INSS tem o dever legal de conceder a prestação
mais vantajosa possível, o pedido poderá ser formulado diretamente em juízo – salvo se
depender da análise de matéria de fato ainda não levada ao conhecimento da
Administração –, uma vez que, nesses casos, a conduta do INSS já configura o não
acolhimento ao menos tácito da pretensão;
1091
(ii) regras de transição (Obs: aplicação restrita às ações ajuizadas antes de
03/09/2014)
IV – Nas ações ajuizadas antes da conclusão do julgamento do RE 631.240/MG
(03/09/2014) que não tenham sido instruídas por prova do prévio requerimento
administrativo, nas hipóteses em que exigível, será observado o seguinte: (a) caso a ação
tenha sido ajuizada no âmbito de Juizado Itinerante, a ausência de anterior pedido
administrativo não deverá implicar a extinção do feito; (b) caso o INSS já tenha apresentado
contestação de mérito, está caracterizado o interesse em agir pela resistência à pretensão; e
(c) as demais ações que não se enquadrem nos itens (a) e (b) serão sobrestadas e baixadas ao
juiz de primeiro grau, que deverá intimar o autor a dar entrada no pedido administrativo em
até 30 dias, sob pena de extinção do processo por falta de interesse em agir. Comprovada a
postulação administrativa, o juiz intimará o INSS para se manifestar acerca do pedido em até
90 dias. Se o pedido for acolhido administrativamente ou não puder ter o seu mérito analisado
devido a razões imputáveis ao próprio requerente, extingue-se a ação. Do contrário, estará
caracterizado o interesse em agir e o feito deverá prosseguir;
V – Em todos os casos acima – itens (a), (b) e (c) –, tanto a análise administrativa quanto a
judicial deverão levar em conta a data do início da ação como data de entrada do
requerimento, para todos os efeitos legais

1092
36.4. Legitimidade e sucessão processual: tema 1.057 do STJ: aplicação
restrita aos casos de revisão, não de concessão inicial
I. O disposto no art. 112 da Lei n. 8.213/1991 é aplicável aos âmbitos judicial e administrativo;

II. Os pensionistas detêm legitimidade ativa para pleitear, por direito próprio, a revisão do
benefício derivado (pensão por morte) - caso não alcançada pela decadência -, fazendo
jus a diferenças pecuniárias pretéritas não prescritas, decorrentes da pensão recalculada;
III. Caso não decaído o direito de revisar a renda mensal inicial do benefício originário do segurado
instituidor, os pensionistas poderão postular a revisão da aposentadoria, a fim de auferirem
eventuais parcelas não prescritas resultantes da readequação do benefício original, bem como os
reflexos na graduação econômica da pensão por morte;

IV. À falta de dependentes legais habilitados à pensão por morte, os sucessores (herdeiros) do segurado
instituidor, definidos na lei civil, são partes legítimas para pleitear, por ação e em nome próprios, a
revisão do benefício original - salvo se decaído o direito ao instituidor - e, por conseguinte, de
haverem eventuais diferenças pecuniárias não prescritas, oriundas do recálculo da aposentadoria do de
cujus. (julgado / pendentes ED)

1093
36.5. Pedido e Fungibilidade:
• aplica-se o princípio da fungibilidade, não havendo violação ao princípio da
demanda (art. 492 do CPC), podendo o juiz conceder benefício diverso do
postulado na inicial, desde que atendidos os requisitos legais e respeitado o
contraditório (art. 9º do CPC), a regra da não surpresa (art. 10 do CPC) e a causa
de pedir (aspectos fáticos) constante da inicial. Obs: mesma orientação na via
administrativa (art. 176-E do RPS)
Art. 176-E. Caberá ao INSS conceder o benefício mais vantajoso ao requerente ou benefício
diverso do requerido, desde que os elementos constantes do processo administrativo
assegurem o reconhecimento desse direito. (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
Parágrafo único. Na hipótese de direito à concessão de benefício diverso do requerido, caberá
ao INSS notificar o segurado para que este manifeste expressamente a sua opção pelo
benefício, observado o disposto no art. 176-D. (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de
2020)
Tema 217 da TNU: Em relação ao benefício assistencial e aos benefícios por incapacidade, é
possível conhecer de um deles em juízo, ainda que não seja o especificamente requerido na via
administrativa, desde que preenchidos os requisitos legais, observando-se o contraditório e o
disposto no artigo 9º e 10 do CPC.
1094
PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE. PEDIDO DIVERSO NA INICIAL. PRINCÍPIO
DA FUNGIBILIDADE. INAPLICABILIDADE.
1. A jurisprudência desta Corte Superior de Justiça firmou-se no sentido de que, em matéria
previdenciária, é possível ao magistrado flexibilizar o exame do pedido veiculado na peça exordial, e,
portanto, conceder benefício diverso do que foi inicialmente pleiteado, desde que preenchidos os
requisitos legais para tanto, sem que tal técnica configure julgamento extra ou ultra petita.
2. Caso em que a exordial formulou pedidos de restabelecimento de auxílio-doença e sua conversão em
aposentadoria por invalidez, os quais foram julgados improcedentes, e o princípio da fungibilidade dos
benefícios foi considerado inaplicável sob o fundamento de que o infortúnio que deu ensejo ao novo
pleito de auxílio-acidente ocorreu em momento posterior ao ajuizamento da presente ação.
3. Havendo novo pedido com nova causa de pedir, caberia à parte autora inaugurar a referida
demanda em sede administrativa e, se indeferido o pleito de concessão de auxílio-acidente, ajuizar
nova ação judicial.
4. O fato de ter havido contestação de mérito não caracterizou o interesse recursal, porquanto o
Tribunal de origem consignou que não havia qualquer pretensão resistida sobre o pedido de auxílio-
acidente. Incidência da Súmula 7 do STJ.
5. Agravo interno desprovido . (AgInt no AREsp 1706804/SP, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/06/2021, DJe 29/06/2021)

1095
36.6. Reafirmação judicial da DER: Tema 995 do STJ
 Tese: É possível a reafirmação da DER (Data de Entrada do Requerimento) para o momento em
que implementados os requisitos para a concessão do benefício, mesmo que isso se dê no
interstício entre o ajuizamento da ação e a entrega da prestação jurisdicional nas instâncias
ordinárias, nos termos dos arts. 493 e 933 do CPC/2015, observada a causa de pedir”.
 Instituto derivado da reafirmação da DER na via administrativa: art. 176-D do RPS,
art. 577, II, da IN 128/2022 e arts. 21 e 22 da Portaria DIRBEN/INSS nº 996/2022.
Art. 176-D. Se, na data de entrada do requerimento do benefício, o segurado não satisfizer os requisitos para
o reconhecimento do direito, mas implementá-los em momento posterior, antes da decisão do INSS, o
requerimento poderá ser reafirmado para a data em que satisfizer os requisitos, que será fixada como início
do benefício, exigindo-se, para tanto, a concordância formal do interessado, admitida a sua manifestação de
vontade por meio eletrônico. (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
Art. 176-E. Caberá ao INSS conceder o benefício mais vantajoso ao requerente ou benefício diverso do
requerido, desde que os elementos constantes do processo administrativo assegurem o reconhecimento
desse direito. (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
Parágrafo único. Na hipótese de direito à concessão de benefício diverso do requerido, caberá ao INSS
notificar o segurado para que este manifeste expressamente a sua opção pelo benefício, observado o
disposto no art. 176-D. (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
1096
 Obs: atenção quando o caso, na verdade, autorizar a reafirmação na via administrativa, o que pode
evitar a discussão acerca da reafirmação envolvendo período após a DER e antes da propositura da
ação e garantir a DIB antes da citação (data do implemento dos requisitos legais). Obs: na via
administrativa o INSS somente mantém a DIB na DER se os benefícios pertencerem ao mesmo
grupo (art. 32 da Portaria 993/2022)
 Entendimentos pessoais que extraí do decidido pelo STJ no tema 995 (voto principal e três
embargos de declaração) e que venho aplicando na 1ª TR da SJMG:
 Período dos fatos novos (data de cumprimento dos requisitos) admissíveis para
fins de reafirmação da DER:
(i) em regra, somente fatos novos (novas contribuições, por exemplo) ocorridos após o
ajuizamento da ação, com implemento dos requisitos de acesso ao benefício no curso do
processo, autorizam a reafirmação judicial da DER;
(ii) caso os fatos novos e o implemento dos requisitos de acesso ao benefício ocorram após a DER e
antes do ajuizamento da ação, não é hipótese de reafirmação judicial da DER, sendo exigível, em regra,
novo requerimento administrativo como condição para a ação, com aplicação do decidido pelo STF no
RE 641.240/MG (Tema 350). Consta do voto do relator no tema 995: “A assertiva de que não são
devidas parcelas anteriores ao ajuizamento da ação reforça o entendimento firmado de que o termo
inicial para pagamento do benefício corresponde ao momento processual em que reconhecidos os
requisitos do benefício. Se preenchidos os requisitos antes do ajuizamento da ação, não ocorrerá a
reafirmação da DER, fenômeno que instrumentaliza o processo previdenciário de modo a garantir sua
duração razoável, tratando-se de prestação jurisdicional de natureza fundamental.
1097
(iii) no entanto, no caso do item (ii) retro, se houve a necessidade da ação
judicial para reconhecer fatos/requisitos de acesso ao benefício anteriores à
DER, mostrando resistência indevida do INSS à época do requerimento e
necessidade do processo judicial (erro administrativo), é possível fazer a
reafirmação judicial da DER, mesmo que o implemento dos requisitos tenha
ocorrido antes da propositura da ação, sob pena de se impor dois paradoxos:
a) exigir a propositura de uma ação judicial para reconhecer o
fato/requisito anterior à DER (corrigindo ilegalidade do INSS) e, somente
após o seu julgamento, tornar possível a formalização de nova DER, o
que postergaria indevidamente os efeitos financeiros do benefício;
b) exigir que a parte autora, repetidamente, até a solução da citada ação
judicial, vá, mensalmente, formulando novos requerimentos
administrativos, para se aproveitar da tese da reafirmação DER em
algum deles (na leitura restritiva proposta pelo INSS) e se proteger acerca
da postergação indevida dos efeitos financeiros do benefício.

1098
 Divergência no âmbito do STJ entre 1ª e 2ª Turmas:
 Favorável à reafirmação judicial da DER entre a DER e ANTES do ajuizamento da ação (STJ):
PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. REAFIRMAÇÃO DA DER. INTERESSE DE AGIR. EXISTÊNCIA. AGRAVO NÃO PROVIDO.
1. O fato de o Tribunal a quo ter admitido a reafirmação da DER em momento anterior ao ajuizamento da
ação não implica em reconhecimento de falta de interesse do segurado, pois, do fundamento decisório do
Tema 995/STJ não é possível depreender a necessidade de novo requerimento administrativo apto a
possibilitar ao INSS a apreciação do novo fato ocorrido após a conclusão do requerimento administrativo e
anteriormente ao ajuizamento da ação judicial.
2. A eventual conexão entre a hipótese dos autos e o tema 350 da Repercussão Geral foi enfrentada no
acórdão proferido EDcl no REsp 1.727.063/SP, nos seguinte termos: O prévio requerimento administrativo já
foi tema decidido pelo Supremo Tribunal Federal, julgamento do RE 641.240/MG. Assim, mister o prévio
requerimento administrativo, para posterior ajuizamento da ação, nas hipóteses ali delimitadas, o que não
corresponde à tese sustentada de que a reafirmação da DER implica na burla do novel requerimento.
3. Agravo interno desprovido. (AgInt no REsp n. 1.999.949/PR, relator Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda
Turma, julgado em 25/10/2022, DJe de 10/11/2022.)

No mesmo sentido: AgInt nos EDcl no REsp n. 1.986.193/RS, relator Ministro Herman Benjamin,
Segunda Turma, julgado em 26/9/2022, DJe de 30/9/2022

1099
 Desfavorável:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL.


APOSENTADORIA ESPECIAL. REAFIRMAÇÃO DA DER. REQUISITOS PREENCHIDOS APÓS O
INDEFERIMENTO ADMINISTRATIVO E ANTES DO AJUIZAMENTO DA AÇÃO. TERMO INICIAL.
DATA DA CITAÇÃO. AGRAVO INTERNO DO PARTICULAR A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
1. A jurisprudência do STJ, no julgamento dos REsps 1.727.063/SP, 1.727.064/SP e
1.727.069/SP, submetidos ao rito dos repetitivos, Tema 995/STJ, sob o enfoque da reafirmação
da DER, firmou orientação no sentido de ser possível o reconhecimento do benefício por fato
superveniente ao requerimento.
2. Ocorre que caso preenchidos os requisitos em período posterior ao indeferimento
administrativo e anterior ao ajuizamento da ação, não há falar em reafirmação da DER,
conforme decidido pela Primeira Seção no julgamento dos EDcl nos EDcl no REsp
1.727.063/SP.
3. Agravo interno do particular a que se nega provimento. (AgInt no REsp n. 2.013.802/RS,
relator Ministro Manoel Erhardt (Desembargador Convocado do TRF5), Primeira Turma,
julgado em 28/11/2022, DJe de 2/12/2022.)

1100
 Princípio da correlação, estabilização da demanda e fungibilidade: na
reafirmação judicial da DER os fatos novos a serem considerados não podem
implicar alteração da causa de pedir, não servindo de fundamento para alterar
os limites da demanda fixados após a estabilização da relação jurídico-
processual. Respeitada essa correlação entre o fato novo e a causa de pedir, é
possível aplicar o princípio da fungibilidade e reconhecer benefício diverso do
requerido na inicial;

 Momento processual para o pedido, atuação de ofício do julgador e termo


final da reafirmação:

(i) a reafirmação pode ser feita de ofício pelo juízo, mas sempre respeitando o contraditório e
a ampla defesa;

(ii) é desnecessário (embora conveniente) haver pedido de reafirmação na petição inicial e/ou
no recurso (apelação, recurso inominado e contrarrazões);

1101
(iii) o pedido de reafirmação deve ser feito, ordinariamente, até o início da sessão de
julgamento em 2º grau, podendo o julgamento do recurso de apelação/inominado ser
convertido em diligência para fins de produção da prova, se necessário;
(iv) excepcionalmente, a reafirmação pode ser postulada em sede de embargos de declaração
contra a sentença (1º grau) e contra o acórdão (2º grau);
(v) o termo final da reafirmação judicial da DER é a entrega da prestação jurisdicional nas vias
ordinárias (julgamento dos embargos de declaração em 2º grau), não se aplicando o instituto
em sede de recursos excepcionais (RE, RESP, PUIL etc) e na fase de cumprimento do julgado;

 Produção de provas para a reafirmação:

(i) o fato superveniente não pode demandar instrução probatória complexa (perícia, audiência
etc), devendo ser comprovado de plano pelo segurado/autor da ação, por meio de prova
documental pré-constituída (CNIS com registros idôneos e sem marcas de irregularidades, PPP
regular etc), sob o crivo do contraditório, sem controvérsia específica, idônea e relevante do
seu reconhecimento pelo INSS;

1102
(ii) a concordância do INSS acerca do fato superveniente não é imprescindível para
o seu reconhecimento e para a reafirmação, observado o item (i) retro;
(iii) o ônus é do autor, que deve, quando do pedido, já apresentar os elementos de
prova, sob pena de preclusão;
(iv) a prova pode ser produzida em 1º e 2º graus, excepcionalmente, mesmo em
fase de embargos de declaração;

 Momento da reafirmação, efeitos financeiros e fixação da DIB:


(i) a reafirmação dar-se-á para o momento da implementação dos requisitos para a
concessão do benefício;
(ii) não são devidas parcelas vencidas anteriormente ao ajuizamento da ação;
(iii) como o caso envolve o reconhecimento de fatos supervenientes à DER, a DIB
deve ser fixada na data da citação (caso já implementados os requisitos legais), ou
na data do implemento dos requisitos, se posterior à citação;

1103
PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO
ESPECIAL. REAFIRMAÇÃO DA DER. TERMO INICIAL. AGRAVO INTERNO NÃO
PROVIDO.
1. Na espécie, a parte autora implementou os requisitos necessários à
concessão do benefício após o requerimento administrativo, mas antes do
ajuizamento da ação.
2. É caso de se aplicar entendimento consagrado nesta Corte no sentido de
que, na ausência do preenchimento dos requisitos necessários à obtenção
de benefício previdenciário no momento do requerimento administrativo e,
tendo sido reconhecido o direito por meio de posterior ajuizamento de ação
judicial, o termo a quo do benefício será a data da citação válida.
3. Agravo interno não provido. (AgInt no REsp n. 1.981.755/PR, relator
Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 24/10/2022,
DJe de 3/11/2022.)
1104
 Juros de mora: somente haverá incidência de juros de mora sobre as parcelas
vencidas se o INSS, intimado a implantar o benefício, deixar de cumprir a ordem
judicial em até 45 dias;

 Ônus e Honorários de sucumbência:

(i) embora o tema não tenha sido incluído na tese repetitiva, restou decidido que se o INSS
concordar com o fato novo e a reafirmação, não haverá condenação em honorários.

(ii) se discordar, pagará honorários com base no valor da condenação, tomando como base a
DIB do benefício deferido via reafirmação, a ser apurado na fase de cumprimento do julgado;

(iii) destaque-se que, no âmbito dos JEF’s, somente há que se falar em honorários de
sucumbência se houve, no 2º grau, recorrente vencido.

1105
 Reafirmação da DER e atividade especial:

TNU: É possível a reafirmação da Data de Entrada do Requerimento


(DER), com inclusão de tempo de trabalho especial posterior ao
requerimento administrativo, desde que devidamente comprovada a
atividade especial e respeitados os limites da causa de pedir, o
contraditório e a ampla defesa. (PUIL nº 5004019-
12.2015.4.04.7009/PR, julgado em 27/05/2021)

1106
36.7. Encargos decorrentes da mora:
• Tema 905 do STJ: [...] 3.2 Condenações judiciais de natureza previdenciária. As
condenações impostas à Fazenda Pública de natureza previdenciária sujeitam-se à
incidência do INPC, para fins de correção monetária, no que se refere ao período
posterior à vigência da Lei 11.430/2006, que incluiu o art. 41-A na Lei 8.213/91.
Quanto aos juros de mora, incidem segundo a remuneração oficial da caderneta de
poupança (art. 1º-F da Lei 9.494/97, com redação dada pela Lei n. 11.960/2009).

• EC 113, de 08/12/2021 (com vigência a partir do dia 09/12/2021): Art. 3º Nas discussões e
nas condenações que envolvam a Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e
para fins de atualização monetária, de remuneração do capital e de compensação da
mora, inclusive do precatório, haverá a incidência, uma única vez, até o efetivo
pagamento, do índice da taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia
(Selic), acumulado mensalmente.

• Modelo de condenação que utilizo em minhas decisões:


1107
“Em face do exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso para: a) conceder à parte autora
auxílio por incapacidade temporária com DIB em 10/05/2021 (DER), DIP no primeiro dia
do mês seguinte ao qual o INSS for intimado deste julgado (tutela antecipada concedida),
RMI/RM conforme legislação de regência e dados do CNIS e DCB na forma do §9º do art.
60 da Lei 8.213/91 (120 dias contados da DDB, com possibilidade de PP); c) pagar as
parcelas vencidas da DIB até a DIP, com correção monetária e juros de mora na forma do
MCJF, atualizado pela Resolução nº 784/2022 do CJF; d) descontar valores recebidos a
título de benefício inacumulável percebido entre a DIB e a DIP, ainda que na via judicial, se
for o caso. Custas na forma da lei. Sem honorários (recorrente vencedor, art. 55 da Lei
9.099/95).

Obs: se houver honorários: Honorários em 10% do valor da condenação, observada a


súmula 111 e a tese do tema 1105 do STJ.

1108
36.8. Remessa necessária (somente rito ordinário):

Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada
pelo tribunal, a sentença:

I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e
fundações de direito público;

§ 3º Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o proveito econômico obtido na
causa for de valor certo e líquido inferior a:

I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de direito


público;

§ 4º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em:

[...]

1109
• Súmula 490 do STJ: A dispensa de reexame necessário, quando o
valor da condenação ou do direito controvertido for inferior a
sessenta salários mínimos, não se aplica a sentenças ilíquidas.

• Divergência entre 1º e 2º turmas do STJ:

2ª Turma: entende que a sentença é ilíquida e que não se pode


presumir condenação inferior ao valor fixado em lei, mesmo
considerados os valores do novo CPC, exigindo a remessa necessária

1110
PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. SENTENÇA ILÍQUIDA. REMESSA NECESSÁRIA.
OBRIGATORIEDADE. ENTENDIMENTO CONSOLIDADO NO JULGAMENTO DO RESP 1.101.727/PR,
SUBMETIDO AO REGIME DO ART. 543-C DO CPC/1973. SÚMULA 490/STJ.
1. A Corte Especial, no julgamento do REsp 1.101.727/PR sob o rito do art. 543-C do CPC/73, firmou o
entendimento de que é obrigatório o reexame da sentença ilíquida proferida contra a União, os
Estados, o Distrito Federal, os Municípios e as respectivas autarquias e fundações de direito público
(art. 475, § 2º, CPC/1973).
2. Na esteira da aludida compreensão foi editada a Súmula 490 do STJ: "A dispensa de reexame
necessário, quando o valor da condenação ou do direito controvertido for inferior a sessenta salários
mínimos, não se aplica a sentenças ilíquidas."
3. Com efeito, o reexame obrigatório é regra, e sua dispensa é admitida apenas nos casos em que, além
de certo, o valor da condenação ou do proveito econômico obtido nas causas que envolvam o INSS seja
inferior a 1.000 (mil) salários mínimos (art. 496, § 3º, I, do CPC/2015), situação fática aqui não
verificada.
4. A Segunda Turma do STJ firmou o entendimento de que a sentença previdenciária que condena a
Autarquia previdenciária é de natureza ilíquida, por isso submetida ao reexame obrigatório. [...]
7. Agravo Interno não provido. (AgInt no REsp 1908951/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
SEGUNDA TURMA, julgado em 28/06/2021, DJe 01/07/2021)

1111
1ª Turma: entende que a sentença é líquida e que se pode presumir a condenação
em valor inferior ao valor fixado em lei no vigência do novo CPC, dispensando a
remessa necessária
PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. INEXISTÊNCIA.
SENTENÇA ILÍQUIDA. CPC/2015. NOVOS PARÂMETROS. CONDENAÇÃO OU PROVEITO ECONÔMICO
INFERIOR A MIL SALÁRIOS MÍNIMOS. REMESSA NECESSÁRIA. DISPENSA.

1. Conforme estabelecido pelo Plenário do STJ, "aos recursos interpostos com fundamento no CPC de
2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de
admissibilidade recursal na forma do novo CPC" (Enunciado Administrativo n. 3).

2. Não merece acolhimento a pretensão de reforma do julgado por negativa de prestação jurisdicional,
porquanto, no acórdão impugnado, o Tribunal a quo apreciou fundamentadamente a controvérsia,
apontando as razões de seu convencimento, em sentido contrário à postulação recursal, o que não se
confunde com o vício apontado.

3. A controvérsia cinge-se ao cabimento da remessa necessária nas sentenças ilíquidas proferidas em


desfavor da Autarquia Previdenciária após a entrada em vigor do Código de Processo Civil/2015.

1112
4. A orientação da Súmula 490 do STJ não se aplica às sentenças ilíquidas nos feitos de natureza
previdenciária a partir dos novos parâmetros definidos no art. 496, § 3º, I, do CPC/2015, que dispensa do
duplo grau obrigatório as sentenças contra a União e suas autarquias cujo valor da condenação ou do
proveito econômico seja inferior a mil salários mínimos.
5. A elevação do limite para conhecimento da remessa necessária significa uma opção pela preponderância
dos princípios da eficiência e da celeridade na busca pela duração razoável do processo, pois, além dos
critérios previstos no § 4º do art. 496 do CPC/15, o legislador elegeu também o do impacto econômico para
impor a referida condição de eficácia de sentença proferida em desfavor da Fazenda Pública (§ 3º).
6. A novel orientação legal atua positivamente tanto como meio de otimização da prestação jurisdicional -
ao tempo em que desafoga as pautas dos Tribunais - quanto como de transferência aos entes públicos e
suas respectivas autarquias e fundações da prerrogativa exclusiva sobre a rediscussão da causa, que se dará
por meio da interposição de recurso voluntário.
7. Não obstante a aparente iliquidez das condenações em causas de natureza previdenciária, a sentença
que defere benefício previdenciário é espécie absolutamente mensurável, visto que pode ser aferível por
simples cálculos aritméticos, os quais são expressamente previstos na lei de regência, e são realizados
pelo próprio INSS.
8. Na vigência do Código Processual anterior, a possibilidade de as causas de natureza previdenciária
ultrapassarem o teto de sessenta salários mínimos era bem mais factível, considerado o valor da
condenação atualizado monetariamente.

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9. Após o Código de Processo Civil/2015, ainda que o benefício previdenciário seja
concedido com base no teto máximo, observada a prescrição quinquenal, com os
acréscimos de juros, correção monetária e demais despesas de sucumbência, não
se vislumbra, em regra, como uma condenação na esfera previdenciária venha a
alcançar os mil salários mínimos, cifra que no ano de 2016, época da propositura
da presente ação, superava R$ 880.000,00 (oitocentos e oitenta mil reais).

10. Recurso especial a que se nega provimento. (REsp 1735097/RS, Rel. Ministro
GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 08/10/2019, DJe 11/10/2019)

1114
36.9. Desaposentação indireta: opção pelas parcelas vencidas do benefício concedido
judicialmente e pela manutenção da RMI/RM do benefício concedido posteriormente na via
judicial
Tese do tema 1.018 do STJ: O Segurado tem direito de opção pelo benefício mais vantajoso
concedido administrativamente, no curso de ação judicial em que se reconheceu benefício
menos vantajoso. Em cumprimento de sentença, o segurado possui o direito à manutenção do
benefício previdenciário concedido administrativamente no curso da ação judicial e,
concomitantemente, à execução das parcelas do benefício reconhecido na via judicial,
limitadas à data de implantação daquele conferido na via administrativa.

36.10. Novas provas e termo inicial dos efeitos financeiros dos benefícios: questão em
apreciação no STJ no tema 1.124, com ordem de suspensão dos processos em 2º grau (tribunais e
turmas recursais):
Questão submetida a julgamento: Definir o termo inicial dos efeitos financeiros dos
benefícios previdenciários concedidos ou revisados judicialmente, por meio de prova não
submetida ao crivo administrativo do INSS: se a contar da data do requerimento
administrativo ou da citação da autarquia previdenciária.
1115
36.11. Coisa julgada inconstitucional, ação rescisória (art. 59 da Lei 9.099/95) e JEF:
tema 100 do STF, com julgamento concluído na sessão virtual de 09/06/2023 a
16/06/2023. Obs: voto vencedor do ministro Gilmar Mendes e tese ainda não fixada, ao
que parece, em razão de divergência de redação com a tese proposta (item 3) pelo
ministro Roberto Barroso)
• Tese ministro GM: "1) é possível aplicar o artigo 741, parágrafo único, do CPC/73, atual
art. 535, § 5º, do CPC/2015 aos feitos submetidos ao procedimento sumaríssimo, desde
que o trânsito em julgado da fase de conhecimento seja posterior a 27.8.2001; e 2) é
admissível a invocação como fundamento da inexigibilidade de ser o título judicial fundado
em ‘aplicação ou interpretação tida como incompatível com a Constituição’ quando houver
pronunciamento jurisdicional, contrário ao decidido pelo Plenário do Supremo Tribunal
Federal, seja no controle difuso, seja no controle concentrado de constitucionalidade; 3) o
art. 59 da Lei 9.099/1995 deve ser interpretado conforme à Constituição para afastar sua
incidência quando o título executivo judicial se amparar em contrariedade à interpretação
ou sentido da norma conferida pela Suprema Corte, anterior ou posterior ao trânsito em
julgado, admitindo, respectivamente, o manejo de impugnação ao cumprimento de
sentença, inclusive mediante simples petição, ou de ação rescisória",

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• Tese ministro RB (item 3): “3) O art. 59 da Lei 9.099/1995 não impede a desconstituição da
coisa julgada quando o título executivo judicial se amparar em contrariedade à interpretação
ou sentido da norma conferida pela Suprema Corte, anterior ou posterior ao trânsito em
julgado, admitindo, respectivamente, o manejo (i) de impugnação ao cumprimento de
sentença, ou (ii) de simples petição, a ser apresentada em prazo equivalente ao da ação
rescisória”

• Obs: o julgado não afastou, de forma ampla e irrestrita, a aplicação do art.


59 da Lei 9.099/95 - que veda a ação rescisória no âmbitos dos juizados
especiais – ao procedimento dos juizados especiais federais. O manejo da
rescisória foi autorizado, somente, nos casos em que o julgado esteja em
“desconformidade com qualquer aplicação ou interpretação, anterior ou
posterior, contrária ao decidido pelo plenário do STF, em controle
concentrado ou difuso de constitucionalidade”, na forma do artigo 741,
parágrafo único, do CPC/73, atual art. 535, § 5º, do CPC/2015.

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