Você está na página 1de 10

JUVENTUDE: DESIGUALDADE DE RENDA, DESEMPREGO E SEUS AGRAVOS

DURANTE A PANDEMIA

Cristiana de Andrade Santos


Julia Marques de Oliveira Goes
Tatiana Ferreira dos Santos

Resumo: Este escrito busca refletir sobre os condicionantes sociais e econômicos que
envolvem a juventude brasileira, na conjuntura da pandemia do Covid-19, associada ao
aprofundamento da crise econômica em curso e os seus rebatimentos nesse seguimento da
sociedade brasileira. A pesquisa configura-se em bibliográfica e documental, em que foram
consultadas e analisadas referências teóricas e documentais que subsidiassem as análises
sobre o objetivo da pesquisa. As reflexões aqui apresentadas têm como aporte teórico o
materialismo histórico e dialético.

Palavras-chave: Juventude. Desemprego. Desigualdades.

Abstract: This paper seeks to reflect on the social and economic conditions that involve
Brazilian youth, in the context of the Covid-19 pandemic, associated with the deepening of
the ongoing economic crisis and its repercussions in this segment of Brazilian society. The
research is configured in bibliographic and documentary, in which theoretical and
documentary references were consulted and analyzed to support the analysis of the research
objective. The reflections presented here have as theoretical support historical and dialectical
materialism.

Keywords: Youth. Unemployment. Inequalities.

1 INTRODUÇÃO

No contexto de agudização da crise econômica, política e social em curso na realidade


brasileira, os impactos do projeto societário de cunho neoliberal implicam em todas as
dimensões da vida humana, sobretudo na juventude. As manifestações da questão social
rebatem ferozmente escancarando a desigualdade social de 13,5 milhões de pessoas em
situação de extrema pobreza, no Brasil (IBGE, 2018).

Na pandemia do Covid-19, essa realidade se aprofunda trazendo consequências


devastadoras na vida humana, como a perda de inúmeras vidas sem a devida proteção da
saúde pública, quando o Sistema único de Saúde já vinha sofrendo um processo de
precarização e baixos de investimentos, destituição da renda familiar ocasionada pelas mortes

Anais do V SERPINF e III SENPINF


ISBN 978-65-5623-100-6
https://editora.pucrs.br/
de familiares, a perda de empregos, a ausência e a insuficiência da proteção social que já
estava fragilizada muito antes da pandemia. Dentre outros aspectos que foram aprofundados e
ampliados em decorrência dos impactos gerados pela pandemia do Covid-19.

Nessa perspectiva, Sales (2004) afirma que a infância e a juventude consistem no


seguimento social que mais externam a situação da realidade brasileira de desigualdade
social: são alvo de violência social, sofrem com a dificuldade no acesso a serviços básicos e
públicos como saúde, educação, lazer, esporte e cultura, manifestam a ausência de projeto de
vida, consistindo em um processo nítido de negligência quando associamos a história de
conquistas e direitos consubstanciada na Constituição Federal de 1988 e no Estatuto da
Criança e do Adolescente.

Diante desse contexto, o presente artigo apresenta como objetivo central refletir sobre
os condicionantes sociais e econômicos que envolvem a juventude brasileira, na conjuntura da
pandemia do Covid-19, associada ao aprofundamento da crise econômica em curso e os seus
rebatimentos nesse seguimento da sociedade brasileira. A pesquisa se configura em
bibliográfica e documental, em que foram consultadas e analisadas referências teóricas e
documentais que subsidiassem as análises sobre o objetivo da pesquisa.

O artigo está estruturado em duas seções, a primeira delas apresenta uma reflexão
conjuntural da juventude pauperizada como centro dos impactos da crise econômica, política
e social. Além disso, são apresentadas reflexões sobre a complexidade da juventude e os
desafios impressos na proteção social e no enfrentamento as desigualdades que afetam
especialmente a juventude, os impactos na educação pública, assim como na perspectiva do
aprofundamento do desemprego em decorrência da crise estrutural.

A segunda seção apresenta como centro o processo de precarização das políticas


públicas em meio à pandemia do Covid-19. Nesse aspecto, são apresentados elementos para
análises e reflexões que dizem respeito aos impactos mentais como a ansiedade e físicos,
assim como os impactos econômicos, políticos e sociais que são agravados em decorrência da
pandemia.

Anais do V SERPINF e III SENPINF


ISBN 978-65-5623-100-6
https://editora.pucrs.br/
2 A CONDIÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL, ECONÔMICA E POLÍTICA
TORNA AS JUVENTUDES UM DOS GRUPOS MAIS AFETADOS PELA CRISE.

Entender a juventude é tarefa de alta complexidade, ainda que levando em


consideração o contexto histórico no qual a juventude foi inserida no Brasil, em que se
perdurou a conceituação de inferiorização da criança e do adolescente pela sociedade, na qual
não representavam qualquer valor social, sendo vistos e tratados como objetos até o estado
contemporâneo, nos olhares que lançamos a juventude e no modo no qual o Estado ampara e
se dedica aos jovens, estes que são reflexos das conjunturas sociais e filhos das revoluções,
marcadas por desigualdades, razões políticas, históricas e culturais.

Para a psicologia a fase da adolescência, é estabelecida por operações formais, o


jovem vivencia o desenvolvimento intelectual, físico-motor, afetivo-emocional e social. Passa
da operação concreta a formal, isto é, ele desenvolve a capacidade de partir do princípio das
ideias, sem nenhuma manipulação anterior. É característico dessa fase, a construção de teorias
e interação com elas, bem como questões envolvendo liberdade e política, e a partir da
reflexão imediata, as juventudes tornam-se capazes de absolver potencialmente aqueles
assuntos que gostariam de reestruturar (BOCK, 1999), desse modo, nasce um novo marco
para esse grupo, onde deixam de ser objetos e passam para sujeitos ativos na sociedade a
partir do século XX, onde criam movimentos sociais em prol da reivindicação dos Direitos
Constitucionais, lutam por educação adequada, participam cada vez mais das questões
políticas, bem como a atuação incorporada as lutas constantes por inclusão e permanência no
mercado de trabalho, travando a batalha da desigualdade de renda, especialmente, as
vulnerabilidades sociais vividas por jovens das periferias.

O setor econômico no Brasil é um dos que mais afetam os jovens de maneira


acentuada, inúmeros impactos desde a reestruturação nos anos 90, que deu início a diminuição
de vagas para aqueles com baixa escolaridade. Segundo os dados do Juventude e Trabalho do
Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), os jovens estão entre os
grupos mais afetados pela desigualdade de renda no período de 2014 a 2019, temos dados que
apontam cerca de 41,2%, se comparado a toda população brasileira. Dentre esses jovens, a
situação torna-se ainda mais alarmante aos negros, indígenas, analfabetos e nordestinos, que
em sua maioria sofrem com as mudanças do mundo do trabalho, envolvendo as condições do
subemprego, jornada de trabalho, diminuição salarial, trabalho informal e qualificação
profissional. Nesta perspectiva, os jovens inseridos na geração nem-nem, tratando-se de

Anais do V SERPINF e III SENPINF


ISBN 978-65-5623-100-6
https://editora.pucrs.br/
pessoas que não conseguem se inserir nas instituições de ensino e no mercado de trabalho,
cresce em conjunto aos dados citados anteriormente, por diversas razões envolvendo os
déficits educacionais do Brasil.

Diante disso, hodiernamente o termo “escravidão moderna” tem tomado força no


estado de crise econômica neoliberal e do desemprego, refere-se ao trabalhador que se vê
pressionado a renunciar aos direitos trabalhistas, ditos na Carta Maior, para conseguir adentrar
no mercado de trabalho informal ou do subemprego. Neste contexto, é perceptível a crescente
onda de aderir ao direito de não ter direito, em prol da sobrevivência dentro de tais condições,
desprovidas de obrigações mínimas de sobrevivência, obtenção de bens sociais e tão pouco de
formação adequada. Assim sendo, o subemprego torna-se consequência da não efetivação
esperada das políticas educacionais, dos Direitos Constitucionais e o afastamento do Estado
na fiscalização e disposição de medidas interventivas.

A inserção do jovem brasileiro no mercado de trabalho é uma questão que


merece e não dispensa receber atenção dedicada da nação, não só porque é
um dever constitucional, mas porque ao pensar o assunto seriamente também
se assume posicionamentos sobre outras questões inerentes ao contexto da
sociedade (DE CARVALHO, 2004, p 20).

A linha de discussões acerca do desprovimento educacional do Brasil cresce


significativamente nesses últimos anos, compreendendo o analfabetismo, os problemas com o
programa Educação de Jovens e Adultos (EJA) que mesmo tendo em seu escopo a ideia de
incluir aqueles que não tiveram a oportunidade de terminar o ensino fundamental e ensino
médio, oferece uma educação defasada, muito distante do ideal, consequentemente os
estudantes não adquirem o conhecimento e motivação necessária, levando ao fracasso escolar,
analfabetismo funcional e justificando as baixas frequências ao ensino médio e posteriormente
o acesso à educação superior, podendo também justificar as dificuldades em se manter na
escola. Mesmo com os programas de inclusão vinculados ao Enem, dispostos pelas políticas
públicas de educação, existe uma lacuna entre as condições econômicas disposta pelo modelo
neoliberal e a acessibilidade a educação, que atinge grande parte das crianças e adolescentes
de baixa renda da periferia. A educação superior representa grande parcela neste déficit
educacional para os jovens, sendo um dos meios de acessos restritos e desigual. A situação
educacional dos jovens brasileiros decorre, em grande medida, do acesso restrito à educação
infantil e da baixa efetividade no ensino fundamental (CASTRO; AQUINO; ANDRADE,
2009, p. 106)

Anais do V SERPINF e III SENPINF


ISBN 978-65-5623-100-6
https://editora.pucrs.br/
É nítido o quanto o capitalismo de cunho neoliberal dispõe de transformações que
acarretam grandes impactos na vida desses jovens, a escola passa a ser um bem capitalista e
por consequência torna-se excludente, trazendo alterações na forma em que os esses se
reproduzem socialmente, nas relações com a educação e trabalho, perdendo-se em sua própria
história e das perspectivas de futuro, nessa conjuntura, é crucial a participação das políticas
educacionais, afim de minimizar as problemáticas da desigualdade de renda, propondo
medidas que tracem a inserção, valorização do trabalho, a qualificação e permanência
(RAITZ; PETTERS, 2008, p. 408).

Nas entrelinhas do que se entende por emprego, subsiste um percurso histórico no


Brasil que diz respeito as diversas lutas travadas contra os modelos de atuação econômica
ditadas pelo capitalismo e o estado neoliberal, que tem por características a manutenção e
diversas reformas de Estado e econômicas, singulares destes modelos. No presente, o
crescimento exponencial das tecnologias de automação opera em contradição a oferta de
qualificação profissional, contribuindo com a vulnerabilidade social e com taxas de
desocupação de jovens no mercado de trabalho, comprometendo-se a acatar significados
divergentes acerca do que se entende por distribuição de renda e condições de sobrevivência,
ou seja, passando a viver com o retrocesso imensurável das relações e obrigações de
empregado e empregador.

Seguindo essa circunstância, a juventude está entre os mais vulneráveis, segundo o


Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os jovens de 14 a 17 anos estão sendo
representados com uma das maiores taxas de desocupação dos últimos 8 anos, representando
42,8% no segundo semestre de 2020, enquanto os jovens de 18 a 24 anos representa 29,7%.
Pode-se justificar pela série de dificuldades extras para adentrar no mercado de trabalho, a
exemplo da falta de experiencia, da não qualificação e das questões de desigualdade, onde o
jovem pobre encontra-se ainda mais distante das poucas oportunidades de emprego existentes,
bem como o desvio de acesso à educação.

Com os altos índices de desemprego e com as oportunidades escassas para este grupo,
a ascensão do empreendedorismo é um reflexo das vulnerabilidades sociais, educacionais,
políticas e econômicas da população juvenil, que se veem coagidos a aderir ao eu
empreendedor, em busca de renda e sobrevivência, no entanto, esse mundo costuma ser muito
mais desafiador e custoso.

Anais do V SERPINF e III SENPINF


ISBN 978-65-5623-100-6
https://editora.pucrs.br/
3 PROCESSO DE PRECARIZAÇÃO NAS POLÍTICAS PÚBICAS PARA JOVENS NA
PANDEMIA DO COVID-19

É importante ressaltar que vivemos em um país desigual, que vive uma crise em
diversas áreas das políticas públicas, com a grande proporção da pandemia do Covid-19 as
áreas das políticas públicas, a sociedade, famílias e principalmente os jovens sofrem por
diversas questões que surgem por meio das expressões da questão social.

No contexto da pandemia do novo coronavírus, as classes trabalhadoras, de


forma particular, enfrentam acentuadamente os seus efeitos, tanto do ponto
de vista da saúde, com grande número de contaminados e mortes, quanto
também da precarização das condições de trabalho e desemprego, sobretudo
nas periferias das cidades brasileiras. A crise sanitária aprofunda a crise
econômica e política já existentes no país e atravessa as políticas sociais com
a sua desconstrução aguda e radical. (TARDELLI, BRISOLA e SUAVE, p.
7, 2020)

A questão social é vinculada a partir da distribuição e produção de riquezas e uma das


expressões da questão social é a pobreza, apesar de no século XX ser observada como algo
surpreendente, a pobreza ainda se instala em diversos lugares do país, assim como o
desemprego estrutural e as consequências em decorrência das transformações no mundo do
trabalho. Questões que nesse período é bastante discutido na perspectiva exata de ser ligada a
jovens entre 15 e 29 anos.

Isto é, o vírus e a covid-19 afetam de maneira distinta os variados grupos


sociais. Por essas e outras razões, vale uma análise mais detida sobre seus
possíveis impactos em um dos segmentos da sociedade brasileira pouco
analisado: a juventude, ou melhor as juventudes. (DULCI, 2020, p.1)

Alguns órgãos internacionais como a OMS (Organização Mundial de Saúde), Nações


Unidas e OIT (Organização Internacional do Trabalho), mencionaram que por intermédio do
Covid-19 surgem consequências em diversos grupos vulneráveis, em especial aos jovens,
causando riscos em diversas áreas, sendo eles: mudanças comportamentais, a evasão escolar,
falta de renda e escassez de trabalho. A pesquisa feita (Juventudes e a Pandemia do
Coronavírus) com entrevistas e questionários pelo Conselho Nacional da Juventude
(CONJUVE) para jovens, afirmam que a maioria desses jovens é do Nordeste (28%) sendo a
região com maior entrevistados; 66% dos entrevistados foram mulheres e 46% de cor branca,
38% parda e 14% preta (52% negra); na questão de trabalho e estudo os jovens 40% estudam
e não trabalham, 32% trabalha e estudam, 18% trabalha e não estudam, 10% não trabalham e
não estuda ainda assim 8% desses jovens estão à procura de emprego e 2% não estão; No que
diz respeito a equipamentos tecnológicos, as pesquisas afirmam que o acesso à internet em

Anais do V SERPINF e III SENPINF


ISBN 978-65-5623-100-6
https://editora.pucrs.br/
computadores, tablet, videogame ou notebook de menor uso vem entre jovens negros (pretos e
pardos); 90% dos jovens entrevistados moram na área urbana a cidade e 10% em áreas rurais,
40% jovens do interior, 37% da capital e 22% em regiões metropolitanas; em questões de
moradia em tempos de pandemia, 69% moram com a mãe/madrasta, 52% pai/padrasto, 48%
com irmãos, 26% com animais de estimação, 14% com algum namorado(a)/companheiro(a),
11% com os avós, 6% com os filhos, 1% com os sogros, 8% com outros familiares, 3%
moram com os amigos, 1% com pessoas que não fazem parte do grupo familiar, 4% moram
sozinhos, 10% desses jovens não moravam com essas pessoas antes da pandemia.

Alguns jovens sofreram com a modificação de renda, na economia e no emprego após


a pandemia do Covid-19, visto que, 7 a cada 10 jovens são integralmente ou parcialmente
dependentes financeiramente, sendo que quanto mais velhos mais são independentes
financeiramente. E 37% dos jovens entre 18 a 24 anos são dependentes de alguém. Alguns
desses jovens antes da pandemia buscavam algum tipo de trabalho, visto que 50% dos
mesmos estavam trabalhando; 19% procurando o primeiro emprego; 10% estariam
procurando emprego, mas que não seria o primeiro, 12% não estavam trabalhando e nem
procurando algum tipo de trabalho.

A vida dos jovens durante e após a chegada da pandemia sofreu mudanças, 73% de
jovens continuam trabalhando e 27% pararam de trabalhar por parada parcialmente das
atividades ou o fechamento do local de trabalho. Entre os jovens negros que pararam de
trabalhar, houve uma proporção maior devido à pandemia em relação ao trabalho. Devido a
situações de falta de empregos, a renda familiar sofreu mudanças, 1 a cada 4 jovens de 52%
não estavam trabalhando e nem procurando emprego, isso automaticamente segue o índice de
situação de vulnerabilidade social antes da pandemia, sendo que os jovens negros foram os
que mais sofreram com a pandemia do Covid-19, por perder totalmente a sua renda pessoal,
37% dos brancos, 44% dos pardos e 45% dos pretos.

Com a repercussão da pandemia, o isolamento social foi atribuído para que pudesse
minimizar os casos, porém, com o isolamento alguns jovens sofreram/sofrem com algumas
mudanças ou falta de acessibilidade em determinadas atividades. Esse isolamento social desde
o início prejudicou a saúde mental e física de algumas pessoas, 29% do estado emocional dos
jovens agravou; 31% do condicionamento físico desses jovens pioraram; 44% de atividades
de lazer e cultura agravaram na questão de acesso em determinados lugares; 26% pioraram na
qualidade de sono. Mas, surgiu algo positivo na questão de higiene pessoal, os jovens

Anais do V SERPINF e III SENPINF


ISBN 978-65-5623-100-6
https://editora.pucrs.br/
trabalharam/trabalham muito bem durante a pandemia, pois adotaram costumes que antes não
era tanto colocado em prática.

Condições de ansiedade, tédio e impaciência nas pesquisas foram apontadas como algo
supremo em relação ao isolamento social, uma condição positiva em meio ao caos foi o
acolhimento da parte dos familiares bem como em meios remotos. Na própria entrevista,
foram relatadas que a diferença entre os homens e mulheres em relação a sentimentos, foi
afetada mais com as mulheres, as mesmas relatam que esses sentimentos ruins estão afetando
mais ainda no isolamento social, até mesmo pelos desafios que enfrentam no dia a dia.

Em decorrência da política de educação, os jovens entrevistados afirmam que as aulas


em boa parte do tempo estão sendo remotas, em algumas plataformas digitais, 2 a cada 10
jovens afirmam que as instituições educacionais não estão com aula presenciais e nem
remotas, e acima de tudo não estão oferecendo nenhuma atividade. No ensino remoto, 52%
dos jovens estão com aulas em plataformas digitais com algum professor em orientação; 50%
dos alunos estão com conteúdo e materiais em algum aplicativo ou plataforma online; 29%
estão aderindo assistir vídeos no Youtube, 27% estão com conteúdo e atividades pelo
WhatsApp; 14% com algum conteúdo e material impresso para a realização de atividades;
13% aulas em plataformas digitais sem orientação de algum professor; 7% aula na TV aberta
com mediação de professores; 4% aula na TV aberta sem mediação de professores; 2% dos
alunos estão com aulas no rádio com ou sem orientação de professores; 10% dos alunos não
estão tendo aulas e não estão estudando; 9% dos alunos estão estudando por conta própria sem
vínculo com a escola/faculdade.

Destarte, é necessário que faça uma compreensão melhor acerca dos entraves que
esses jovens estão passando em meio à pandemia do covid-19; os mesmos deveriam ser
beneficiados pela ampliação do seguro-desemprego na questão de renda e trabalho, e a
recuperação das políticas sociais e política de valorização do próprio salário mínimo para
melhor condição de vida desses jovens. Na questão dos trabalhos informais, seria necessário
que as empresas busquem reforçar os direitos trabalhistas desses jovens; uma onda de
contratações de jovens nas iniciativas púbicas e privadas para o trabalho seria uma ação
positiva e uma qualificação profissional e técnica de geração de renda.

Anais do V SERPINF e III SENPINF


ISBN 978-65-5623-100-6
https://editora.pucrs.br/
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nas reflexões aqui elencadas, o contexto de agudização da crise econômica,
social e política consubstanciadas nos índices alarmantes sobre o desemprego, insuficiência
da proteção social básica, ampliação do quadro de extrema pobreza, fragmentação e
focalização das políticas sociais, denotam para uma conjuntura que já se estendia ao longo da
história e por conseguinte se estenderá mesmo com o fim da pandemia.

Vimos como os impactos da pandemia ocasionada pelo SARS-CoV-2 incidiu


significativamente na vida de milhões de brasileiros, assim como agudizados diante de um
contexto socio histórico de formação social latino-americana, sobretudo na vida de jovens que
já sentiam os impactos da crise que se arrastava anos anteriores. Cenário este ainda mais
precarizado com as contrarreformas e avanço do ideário neoliberal, que repercutem
diretamente nas políticas sociais, diminuindo significativamente os níveis de proteção social.
Significa dizer, que, em meio uma das maiores pandemias da história da humanidade, a
precarização e desumanização de um sistema de reprodução do capital colaborou
intensamente para a multiplicação das mortes em regiões onde essa proteção social não chega
e não protege como deveria.

REFERÊNCIAS

BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. de L. T. Psicologias: uma introdução ao


estudo de psicologia. São Paulo: Editora Saraiva, 1999. p. 368

CASTRO, J. A. de; AQUINO, L. M. C. de; ANDRADE, C. C. de. Juventude e políticas


sociais no Brasil. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 2009.

DE CARVALHO, J. A. S; DE CARVALHO, R. J. J. Título: Alguns aspectos da inserção de


jovens no mercado de trabalho no Brasil: concepções, dados estatísticos, legislação,
mecanismos de inserção e políticas públicas.

DULCI, L. COMO A CRISE DO CORONAVÍRUS EXPÕE OS DESAFIOS


GERACIONAIS. FES BRIEFING, Abril, 2020.

FGV social, Centro de Políticas Sociais, 2019. Disponível em: <https://cps.fgv.br/juventude-


trabalho, >. Acesso em:11 de out de 2020.
Juventude e trabalho - qual foi o impacto da crise na renda dos jovens? E nos nem-nem?

IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Agência IBGE: Extrema Pobreza atinge
13,5 milhões de pessoas e chega ao maior nível em 7 anos. Síntese de indicadores. Disponível
em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-

Anais do V SERPINF e III SENPINF


ISBN 978-65-5623-100-6
https://editora.pucrs.br/
noticias/noticias/25882-extrema-pobreza-atinge-13-5-milhoes-de-pessoas-e-chega-ao-maior-
nivel-em-7-anos > Acessado em 12 de out. 2020.

PESQUISA Nacional por Amostra de Domicílios 2020. In: IBGE. Brasil, 2020. Disponível
em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/trabalho/9173-pesquisa-nacional-por-
amostra-de-domicilios-continua-trimestral.html?=&t=series-
historicas&utm_source=landing&utm_medium=explica&utm_campaign=desemprego.
Acesso em: out. 2020.

RAITZ, T. R; PETTERS, L. C. F. Novos desafios dos jovens na atualidade: trabalho,


educação e família. Psicologia & Sociedade, v. 20, n. 3, p. 408-416, 2008.

SALES, M. A. Política e direitos de crianças e adolescentes: entre o litígio e a tentação do


consenso. In: SALES, M. A.; MATOS, M. C.; LEAL, M. C. (org.). – Política social, família e
juventude: uma questão de direitos. – São Paulo: Cortez, 2004.

TARDELLI, T. A. C. O.; BRISOLA, E. M. A.; SUAVE, A. M. PERIFERIAS, PANDEMIA


E PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO: uma análise da realidade brasileira sob a luz de
aspectos econômicos, políticos e religiosos. UNITAU, Taubaté/SP - Brasil, v. 13, n 2, edição
27, p. 7 - 15, mai/Agosto 2020.

Anais do V SERPINF e III SENPINF


ISBN 978-65-5623-100-6
https://editora.pucrs.br/

Você também pode gostar