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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS


GERAIS
Trabalho da disciplina de Cultura Religiosa
Prof. Fabiano Victor Campos

Alunos:Estefany De Almeida Freitas / João Vitor Azevedo Silva Nota:

Questões sobre o texto “Meu irmão, uma pessoa”:

1. Aponte a transformação que o sentido do termo “irmão” adquire no


contexto bíblico-cristão em relação ao contexto grego antigo.

Inicialmente a palavra irmão, do grego adelphos, possui dois significados oriundos


dos contextos: Bíblico e grego. De acordo com a Grécia antiga, a palavra “irmão"
possui significado apenas com relação ao parentesco ou laço familiar biológico, em
contrapartida, no contexto bíblico apresenta um significado mais amplo juntamente
com laços de uma família espiritual.
A fim de exemplificar o contexto bíblico, primeiramente no texto, como bem
citado pelo autor, temos alguns exemplos da relação de irmãos unidos por laços de
amor fraterno e verdadeiro, presentes na bíblia, como a história de José, quando
seus irmãos o vendem como escravo até sua ascensão ao poder; nesta época seus
irmãos procuraram ajuda no Egito e quem lhes cedeu ajuda, abrigo e perdão foi o
próprio José, mostrando uma relação de amor que envolve muito além de laços
sanguíneos e familiares.
Outro exemplo diz respeito ao primeiro livro de Samuel, onde lemos que “Jônatas
apegou-se profundamente a Davi, amou-o como a si mesmo” (1Sm 18,1). Neste
exemplo vemos que a amizade de Jônatas e Davi era tão grande e o amor um pelo
outro era tão verdadeiro que Jônatas o amou como a si mesmo. Além disso, quando
Jônatas faleceu, Davi o chamou de irmão em um lamento “Choro por ti, meu irmão
Jônatas. Tu me eras tão querido!” (2Sm 1,26).
Um dos melhores exemplos ainda sim remete a fala de Jesus Cristo em sua paixão
ao dizer “Ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida por seus irmãos”.
Esses exemplos remetem a um amor fraterno para com o próximo que vai muito
além de qualquer parentesco familiar e sim de um grau de parentesco espiritual que
todos nós temos uns com outros. Um grau sentimental que envolve compaixão,
empatia e amor pela vida do próximo, um amor que Jesus deixou bem claro
quando morreu na cruz em favor de todos os seres, até aqueles que nem haviam
nascido naquela época, esse amor envolve respeito, igualdade, carinho e
compreensão sem ao menos conhecer o próximo.
2. Com essa transformação, o que passa a significar o vocábulo que deriva de
irmão, isto é, o termo “fraternidade” (frater, do latim, significa irmão)?

A palavra fraternidade do latim “frater” aponta, mesmo que de forma


“subentendida” para um rumo onde a família cristã deve seguir. A palavra irmão
dentro deste contexto expressa uma universalidade, muito além do contexto
familiar e biológico, que une os seres entre si num contexto espiritual particular.
O contexto espiritual particular se refere ao amor expresso pela vida ao próximo
sem que de fato possuam alguma relação mais íntima, exprime em seu mais
genuíno ato uma atitude de compaixão, respeito, amor e principalmente empatia.

3. Em que aspecto, segundo a autora, o sentido filosófico presente na noção de


amizade aponta para a significação que o termo “pessoa” adquire no
contexto bíblico?

A definição de “amizade” de acordo com o contexto filosófico exprime relação


mútua de respeito, empatia e amor, envolvidos em comunhão com o respeito a
individualidade de cada ser.
No contexto bíblico, o termo “amizade” para com os seres é visto como um ato de
amor genuíno em que cada ser humano possui sua originalidade baseada na
imagem e semelhança de Deus, o que garante uma dignidade a todos sem
distinções.
Neste cenário a pessoa e/ou vida humana é valorizada e compreendida levando em
consideração a individualidade de cada ser, valorizando a vida e as relações
estabelecidas entre eles.

4. “Por si mesma, a noção de pessoa exige que se reconheça que a relação à


alteridade (a outrem) é imanente em cada um de nós”. Explique o sentido
desta afirmação, conforme os argumentos desenvolvidos no texto.

O termo “pessoa” de acordo com o texto, é visto como como algo que não pode ser
concedido de forma isolada, ou seja, todos os seres possuem de fato influência da
cultura, local, espaço e relações pessoais para que tenham uma real noção sobre o
seu ser individual e particular. É olhando para as relações pessoas e abrangentes
que o ser reconhece o particularismo e a sua semelhança como ser humano
merecedor de reconhecimento e dignidade.
Apesar disso, a autora destaca que esse termo é intríseco ao ser, uma vez que
utiliza a expressão “Por si mesma, a noção de pessoa exige que se reconheça que a
relação à alteridade (a outrem) é imanente em cada um de nós.” onde também a
noção de pessoa só pode ser estabelecida a partir de uma relação com o outro.
5. Qual é a transformação pela qual passa a acepção da noção antiga de
pessoa no contexto das reflexões trinitário-teológicas do início do
cristianismo?

Inicialmente, o termo “pessoa” estava associado a individualidade de cada ser,


entretanto, com o avanço dos anos e o conhecimento sobre a Trindade, esse termo
passou a ter uma conotação mais ampla. A Trindade ensina que há um único Deus
em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. A partir disso a Trindade passa a ter
um significado que abrange as diferentes manifestações da divindade dentro da
Trindade. Esse conceito passa a abrangir ao termo a individualidade e identidade
enquanto ainda possui a mesma natureza divina. Esse conceito trouxe uma
reflexão posterior sobre a individualidade e identidade de cada ser.

6. “Age de tal maneira que trates a humanidade tanto na tua pessoa quanto na
pessoa de qualquer outro sempre e ao mesmo tempo como um fim, e jamais
como um meio”. Explique o sentido desta afirmação célebre do filósofo
Kant.

Essa famosa afirmação de Kant nos diz para sempre tratarmos as pessoas com
respeito e consideração, tanto nós mesmos quanto os outros. Significa que
devemos reconhecer o valor único de cada indivíduo e nunca usá-los apenas
como meios para alcançar nossos próprios objetivos. Em vez disso, devemos
valorizar a humanidade em cada pessoa e tratá-las com dignidade, considerando
sempre seus sentimentos, desejos e necessidades. Isso nos lembra da importância
de sermos gentis, empáticos e respeitosos em nossas interações com os outros,
criando assim relacionamentos mais genuínos e significativos.

7. Sintetize as principais reflexões que o filósofo francês personalista


Emmanuel Mounier elabora acerca da noção de “pessoa”.

A partir das ideias de Emmanuel Mounier, a concepção de "pessoa" vai além das
simples características individuais, revelando-se como algo profundamente
misterioso e único, que não pode ser totalmente capturado por medidas
científicas ou análises superficiais. Enquanto uma pessoa tem a tendência de se
fechar em sua própria bolha, a essência da "pessoa" é sua capacidade de se abrir
aos outros, compartilhando suas experiências e entendendo-as sem perder sua
própria identidade. Essa abertura é enraizada em um espírito de generosidade e
doação, onde o verdadeiro significado da vida reside no ato de se doar aos outros
de forma desinteressada. Além disso, Mounier nos lembra da importância de
valorizar não apenas a mente, mas também o corpo e a experiência física da
existência humana. Assim, compreender a "pessoa" segundo Mounier implica
um constante processo de crescimento e liberação, um caminho em direção à
plena realização como seres únicos e interconectados.

8. Segundo a autora, quando é que se abre para nós a possibilidade de ver


um irmão na pessoa de qualquer outro ser humano? Qual o fundamento em
que a autora apoia o seu entendimento?

Essa oportunidade se revela quando o olhar é dirigido para uma fonte


transcendente de amor, que se manifesta em sua essência como Pai, Filho e
Espírito Santo. Dessa maneira, torna-se possível reconhecer um irmão em cada
ser humano. A autora fundamenta essa ideia em passagens bíblicas que
empregam a palavra "irmão" em diferentes contextos, mas todas convergindo
para a mesma mensagem: o que verdadeiramente agrada a Deus é nossa
reconciliação com nosso próximo, entendendo o termo "irmão" de forma ampla,
abrangendo qualquer ser humano com quem nos relacionamos.

9. Segundo a análise teológica que a autora elabora acerca dos textos bíblicos
do Novo Testamento, qual a relação que se pode estabelecer entre a
presença de Deus, na pessoa de Jesus, no meio de nós e os temas da pessoa e
do irmão?

No Evangelho de São Mateus, é observado uma clara ligação entre a presença


divina de Deus, a figura de Jesus, a comunidade, cada indivíduo e seus
semelhantes, todos convergindo para um mesmo propósito. Deus se manifesta
para todos, independentemente de sua origem ou nacionalidade, como um Pai
universal, transcendente e amoroso, que habita nos céus. A encarnação de Jesus
solidifica essa relação, tornando-nos irmãos uns dos outros. Assim, cada pessoa,
ao reconhecer-se como parte dessa fraternidade, também se reconhece como
pessoa. Esta interconexão é fundamental: assim como Deus jamais nos negará
como filhos, espera-se que não neguemos os outros como irmãos,
independentemente das atitudes que cada um de nós possa tomar.

10. Qual é, para a autora, a condição para vivermos a fraternidade? Identifique


a perspectiva religiosa sob a qual Villela-Petit fundamenta suas reflexões.

Para cultivar uma vida em fraternidade, é essencial corrigir aqueles que estão se
desviando para caminhos nocivos ou perdidos, ao mesmo tempo em que se deve
praticar o perdão, seja para o irmão ou qualquer outro indivíduo. Reconhecendo a
própria capacidade de cometer erros, também devem ser capazes de perdoar
aqueles que erram. No âmago da fraternidade está a necessidade de responder de
maneira diferente à questão de Caim: "Acaso sou guardião do meu irmão?",
reconhecendo-nos mutuamente como responsáveis pelo bem-estar e cuidado uns
dos outros.

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