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D E S TAQUES DA R E V I S T A P R O TE Ç Ã O M A N UAL DE EP I

Manual para seleção de EPI – Luvas de segurança


Por Revista Proteção 05/07/2021
Crédito: Shutterstock

O investimento em EPIs para proteção das mãos é essencial, porém é preciso estar atento aos detalhes que vão
ajudar a fazer a melhor compra

As luvas de segurança são hoje imprescindíveis para a realização de diversas atividades de trabalho.
Obviamente que seria muito mais confortável executar tarefas manuais sem nenhuma barreira entre as mãos e
o objeto da atividade, entretanto, a maioria das tarefas resultam em algum risco à segurança das mãos e
braços. Daí a preocupação em proteger trabalhadores e minimizar (ou quem sabe até eliminar) a possibilidade
de acidentes de trabalho. De acordo com o AEAT (Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho) para o ano de
2018, quase um quarto de todos os acidentes de trabalho envolvem lesões nas regiões de mãos e braços.

O investimento em luvas de segurança é essencial, porém antes de escolher os itens a serem comprados é
preciso estar atento para aspectos que vão ajudar o profissional a fazer a melhor compra, e consequentemente,
empregar bem o dinheiro investido.

O primeiro aspecto é realizar uma boa análise de riscos observando que podem ocorrer alterações de função já
que o rodízio ergonômico pode ser recomendado para algumas tarefas. É melhor pecar por excesso do que pela
falta de proteção adequada, então pensar que o trabalhador poderá realizar multitarefas e terá de ter proteções
adicionais é um bom caminho. Neste sentido é que se recomenda a multifuncionalidade ou seja, sempre que
possível racionalizar a compra, optando por uma luva que proteja para mais de um risco, o que contribui ainda
para a redução do portfólio de produtos no almoxarifado da empresa.

O segundo aspecto é preocupar-se com a proteção jurídica da empresa, pois mesmo não havendo acidentes,
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ela poderá
recomendando ser eresponsabilizada
conteúdos oferecendo serviços).judicialmente
Para saber maisse não registrou/comprovou
a respeito, que entregou
trabalhador e
consulte a nossa página de Política o EPI ao
de Privacidade.

que o equipamento, neste caso, a luva, atendeu à necessidade elencada em seu inventário de riscos.

QUALIDADE
A preocupação com a qualidade do EPI é outro item que não pode ser desconsiderado, e neste sentido, vale
lembrar que cada EPI tem um número de CA (Certificado de Aprovação). Isto indica que o equipamento que está
sendo adquirido passou por testes de laboratórios baseados em normas específicas, comprovando que o
produto atende aos requisitos da norma e protege contra os riscos a que se propõe. A NR 6 (Equipamentos de
Proteção Individual) é a norma “mãe” a partir da qual os EPIs são regulamentados. Daí em diante se desdobram
as normatizações específicas pelas quais cada equipamento deverá ser testado e aprovado.

Um quarto elemento muito importante é proporcionar conforto ao usuário. Luvas mais confortáveis, além de
propiciarem aumento na produtividade do colaborador, também apresentam maior durabilidade. Deve-se evitar a
aquisição de equipamentos de tamanhos únicos sempre procurando luvas com opções de medidas diferentes.
Assim, elas estarão sempre ajustadas e confortáveis, de acordo com o tamanho das mãos, nunca apertadas e
tampouco folgadas. Além de reduzir a produtividade, um EPI desconfortável também pode aumentar a fadiga
podendo levar a doenças ocupacionais como as LER (Lesões por Esforços Repetitivos) e consequentes
afastamentos do trabalho. Além do tamanho é interessante buscar produtos que sejam tecidos na posição de
descanso das mãos. Luvas “retas” ou “chapadas” que não respeitam o desenho das mãos devem ser evitadas,
pois a economia na compra não compensa os malefícios que podem surgir a partir do uso.

CUSTO-BENEFÍCIO
Um quinto fator importante, antes de se partir para a escolha das melhores opções de luvas existentes no
mercado, é levar em conta o custo-benefício da compra, administrando, da melhor forma possível, a verba
destinada para a saúde e segurança dos colaboradores. A preocupação maior com o preço do EPI do que com o
seu custo real para a empresa ainda é uma realidade em nosso país.

Há um cálculo simples quando se fala sobre ‘custo do EPI’ que permite que apenas com uma calculadora em
mãos ou uma planilha do tipo Excel seja possível analisar o custo real de dois EPIs, um mais barato e um mais
caro. O cálculo baseia-se no preço dividido pela vida útil do equipamento tendo como resultado o seu custo/dia
(veja o exemplo no Quadro Calculando o custo do EPI.

A partir do exemplo fica mais fácil compreender que é possível se proteger mais oferecendo, inclusive, melhor
conforto e ainda gastar menos. Ao se fazer esta conta percebe-se também que luvas com mais tecnologias
podem ser mais seguras e ter uma maior vida útil, havendo, assim, um menor número de trocas e redução do
risco de acidentes. Também proporcionam melhor produtividade em função da segurança obtida pelo
colaborador ao exercer sua atividade.

DURABILIDADE
O item durabilidade, além de estar diretamente relacionado com o aspecto anterior (custo-benefício), também
deve ser considerado sob o aspecto da proteção. Assim, se a durabilidade de um produto é maior, mais tempo o
trabalhador ficará coberto pela proteção. Se, ao contrário, você optar por um equipamento que dura pouco,
conforme o uso, ele vai perder mais rapidamente suas propriedades protetivas, terá níveis de proteção muito
baixos, e consequentemente a exposição aos riscos será maior.

E, finalmente, como um último ponto essencial a ser levado em conta na seleção é necessário lembrar que todo
EPI antes de ser implementando deve ser testado em campo. Para isso é necessário procurar especialistas na
linha de proteção que se precisa desenvolver. Muitas das grandes marcas de EPIs hoje oferecem este auxílio
sem custo.

Inclusive, algumas empresas do mercado têm programas específicos que incluem a visita na unidade e
mapeamento de todas as atividades analisando seus respectivos riscos, luvas atualmente utilizadas com
relação a níveis de proteção, conforto e durabilidade e comparativos com novos produtos.

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Momento chave
A escolha do EPI não é tão simples e quando falamos em luvas, a seleção pode ser complexa

A proteção a um trabalhador deve começar pelo mapeamento de riscos que deve ser realizado
preferencialmente por um profissional habilitado para o trabalho, seja um técnico ou engenheiro de segurança
ou o consultor do fabricante de EPI.

O processo consiste em uma detalhada observação da atividade exercida por cada colaborador e anotação de
todos os tipos de riscos envolvidos. É uma tarefa que exige um tempo maior com os usuários e líderes do setor
em questão para se ter certeza de que nenhum ponto passou despercebido. É importante entender se há rodízio
de atividades, que vai requerer outros tipos de proteção, e também se há trabalhos esporádicos que não estão
sendo realizados no momento em que o levantamento foi feito.

Após esta etapa é preciso definir as proteções que a luva deve oferecer e em que nível. Para escolher as
proteções deve-se considerar basicamente os seguintes riscos: mecânicos (abrasão, corte, rasgo, perfuro,
impacto e vibração); choques elétricos; agentes térmicos (calor e chama); agentes térmicos (frio); agentes
biológicos; agentes químicos e radiações ionizantes (raio x). Estes riscos podem se apresentar isolados (por
exemplo: corte ou abrasão ou impacto) conjugados (por exemplo: corte + abrasão) ou mistos (por exemplo:
exemplo: corte ou abrasão ou impacto), conjugados (por exemplo: corte + abrasão) ou mistos (por exemplo:
corte + abrasão + produto químico), lembrando que os riscos conjugados são os mais comuns.

Com o levantamento dos riscos a que os trabalhadores estão expostos durante o manuseio de suas tarefas
deve-se procurar no mercado marcas de confiança e com reconhecimento nos tipos de proteção que
necessitamos para selecionar as luvas a serem testadas. Após uma definição prévia dos modelos se iniciam os
testes em campo que devem ser acompanhados de perto por profissional especializado da empresa ou
consultor e elaborar documentação comprobatória sobre o desempenho do EPI. Se aprovado e tendo atendido a
todas as proteções levantadas na análise de riscos, a luva estará apta a ser adquirida.

A implementação do novo equipamento sem dúvida será melhor sucedida se for acompanhada de um
treinamento sobre o seu uso. Uma sugestão seria aproveitar um DDS (Diálogo Diário de Segurança) para
compartilhar as informações com todos os colaboradores. Recomenda-se documentar esta ação evidenciando,
assim, o treinamento e a comunicação sobre o EPI recém adquirido.

DIVERSIDADE
É importante ter sempre em mente que cada luva apresenta características próprias em sua superfície externa
podendo ser lisa, texturizada, corrugada, microporosa, pigmentada ou em gomos. A superfície interna da luva
também pode ter variações de acordo com as suas características. Assim encontramos no mercado superfícies
internas flocadas, cloradas, talcadas, polimerizadas entre outras. O punho também pode possuir diferentes
acabamentos como de virola, reto, elástico, picotado, em malha, em lona ou ainda com fechamento em velcro.

A diversidade de materiais com que as luvas são confeccionadas é muito grande. As chamadas luvas
“sintéticas” chegaram na década de 90 no mercado de EPI brasileiro como alternativa aos artigos em couro
(raspa e vaqueta) e algodão. O principal objetivo destes novos materiais era aperfeiçoar os EPIs oferecendo
proteção, design, conforto e um melhor equilíbrio entre custo e benefício.

Apesar dos produtos em couro e algodão ainda possuírem representação significativa no mercado, observa-se
que os produtos de tecnologia integrada estão ganhando cada vez mais espaço nas mais diversas atividades.
Laboratórios e fabricantes estão constantemente estudando formas de proteção que garantam também
conforto, destreza, tateabilidade e até mesmo que permitam o toque em telas (touch screen). Modelos mais
anatômicos com o uso do elastano, por exemplo, proporcionam muito mais conforto e um melhor calçamento,
ajudando a evitar o surgimento de doenças. Outra propriedade adicional que pode ser agregada à luva é a
proteção contra os raios UV, mantendo as mãos mais saudáveis e com materiais que reduzem a proliferação de
bactérias, causadoras de mau odor, o famoso “chulé” de mão.

Com tecnologias de ponta demonstrando que o mercado segue acompanhando a indústria 4.0 e suas novas
exigências há ainda produtos que possibilitam rastreabilidade; fibras cada vez mais elásticas e confortáveis;
revestimentos táteis; apliques de proteção a impactos; uso de nanotecnologias para se obter melhor aderência
(agarre) e até mesmo exoesqueletos experimentais com a intenção de melhorar aspectos de fadigas ósseas e
musculares das mãos.

TENDÊNCIAS
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Outra tendência é pensar as luvas também do ponto de vista da proteção ao produto, por exemplo, atendendo a
requisitos específicos de qualidade para o setor alimentício ou a isenção de silicone em luvas com resistência a
corte utilizadas na indústria automotiva.

As proteções conjugadas serão cada vez mais utilizadas devido ao aumento da agilidade nos processos fabris e
à atuação de colaboradores em multitarefas. Pode-se perceber esta forte característica em luvas de média ou
alta resistência a corte e que possuem associada a proteção térmica ao calor de contato. São EPIs que podem
proteger tanto um operário da construção civil que está montando treliças e vigas, quanto um trabalhador da
indústria automotiva que trabalha com chaparias pesadas e com alto risco de corte.

O Quadro A opção certa para cada risco demonstra, a partir dos diferentes agentes de riscos, os tipos de luvas e
materiais mais indicados, informando também as atividades em que tais agentes estão presentes. Isto sem
esquecer que há muitas situações de trabalho em que os riscos estão associados, necessitando, então, também
reunir as diferentes matérias-primas protetivas em uma mesma luva.
Lendo os pictogramas
Marcações informam sobre agentes de riscos e níveis de resistência oferecidos pelos produtos

Como saber se a luva que pretendemos comprar e/ou utilizar protege contra determinados riscos presentes nas
atividades dos trabalhadores? Os pictogramas são ilustrações que representam o risco para o qual a luva de
segurança foi testada e aprovada e devem estar marcados no produto. Assim é possível identificar contra
qual(is) agente(s) de risco(s) o EPI protege.

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As normas utilizadas no Brasil (NBRs) têm por base as normas europeias possuindo total similaridade com elas.
A NR 6 (EPI) regulamenta sobre a adoção dos Equipamentos de Proteção Individual nas empresas e lista quais
são estes equipamentos. Porém, os requisitos e normas ao quais os EPIs devem atender estão presentes em
normatizações específicas conforme mencionamos no quadro do bloco anterior.

Em quase todos os casos existem tipos de testes de laboratórios a que os equipamentos devem ser submetidos
e a partir daí eles serão “graduados” de acordo com nível de resistência que oferecerem.

Uma luva pode ter um único pictograma ou mais de um de acordo com suas características e testes a que tenha
sido submetida. Por exemplo, uma luva pode ser indicada para riscos mecânico e químico, conjuntamente, caso
atenda a ambos os riscos.

A EN 388 é uma norma muito importante pois é a referência para os principais tipos de riscos (mecânicos),
seguida também por outra bastante significativa que é a EN 374 (riscos químicos).

A EN 388 passou por atualização que acrescentou aos níveis de desempenho abrasão, corte, rasgamento e
perfuração, mais dois níveis: aprofundamento na resistência ao corte e proteção contra impactos.

MAIOR ABRANGÊNCIA
A EN 374 que testa e aprova luvas para riscos químicos é abrangente por incluir diversos tipos de testes e
tempos de exposição. Esta norma classifica as luvas de acordo com o seu espectro de proteção (A, B ou C). As
luvas de tipo C abrangem maior quantidade de classes químicas. Em sua última atualização foram incluídos
outros seis tipos de químicos que podem ser testados, aprovados e gerados os respectivos pictogramas. A
norma prevê atualmente 18 classes químicas sendo que as luvas são testadas separadamente para cada
classe. Confira no Quadro Produtos químicos, as substâncias e as letras que os representam.

As luvas para riscos químicos serão do tipo A, B ou C de acordo com o número de químicos e o tempo de
resistência da luva a eles.

Os enquadramentos são os seguintes:

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Tipo A – aprovada em nível 2 (30 minutos) em no mínimo seis produtos químicos;

Tipo B – aprovada em nível 2 (30 minutos) em no mínimo três produtos químicos;

Tipo C – aprovada em nível 1 (10 minutos) em no mínimo um dos produtos químicos.

O Quadro Pictogramas conforme o tipo de luva traz os pictogramas utilizados para cada agente de risco e seus
níveis de desempenho.

As demais normas para os outros agentes de riscos seguem lógicas similares apresentando o tipo de risco que
os EPIs devem proteger, os testes aos quais devem ser submetidos e a gradação do resultado (nota) relativa à
sua resistência.
Para saber mais:
Manual de Orientação sobre Luvas Animaseg – https://animaseg.com.br/manual/manual-de-orientacao-sobre-
luvas/

Baixe em PDF o Manual para seleção de EPIs – Luvas de Segurança

Conteúdo e colaboração técnica de Danilo Oliveira, diretor de Marketing da Marluvas (danilo@marluvas.com.br),


Salomão Hid, gerente de Desenvolvimento Técnico da Danny (salomao.hid@danny.com.br) e André Nascimento,
gerente de Contas Nordeste Ansell (andre.nascimento@ansell.com).

Esta é a terceira de uma série de reportagens sobre a forma de selecionar os EPIs adequados.

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