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TEMA 2 – A História da Terra e da Vida

CAPÍTULO 1– A medida do tempo e a história da Terra. Exemplos de métodos de


datação

Fonte: caderno de atividades “GeoDesafios” – Geologia,


12º ano, ASA

1.2 “Relógios” paleontológicos


 Baseiam-se, fundamentalmente, no conteúdo fóssil dos estratos
 Permitem estabelecer relações de idade entre diferentes camadas sedimentares

➔ Biostratigrafia
 Biostratigrafia – ramo da Estratigrafia
– estuda a distribuição temporal dos fósseis através do registo es-
tratigráfico
– Objetivo: classificação e correlação de estratos em diferentes
locais, com base no seu conteúdo paleontológico
– Defende: que os estratos ou formações geológicas que se su-
cedem ao longo do tempo devem conter diferentes
conjuntos de fósseis
– Permite: o estabelecimento da idade relativa das formações ro-
chosas
1. B, C, D e E.
2. M, O e P.
3. Pela presença do fóssil Q. Também pode ser caracterizada como a biozona onde aparecem os fósseis N e Q e onde desaparecem
os fósseis O e Q.
4. O fóssil Q, uma vez que tem uma curta representação estratigráfica.
5. Presença do fóssil P.
6. Só a parte superior da camada A permite a distinção, uma vez que nesta aparece, além do fóssil P, também o fóssil O.
Texto e imagens do manual “Geologia 12”, Areal Editores, págs 98 a 101 (2021)
 Princípio da Identidade Paleontológica – estratos que contenham o mesmo
tipo de fósseis / conjuntos semelhantes de fósseis, ainda que distan-
ciados geograficamente, i.e., que pertençam a colunas estratigráficas
diferentes, são da mesma idade relativa

▪ Fóssil característico ou fóssil de idade – corresponde a um organismo cuja


espécie existiu durante um curto período de tempo geológico
(bem determinado) e que teve grande dispersão geográfica
Permitem datar os estratos em que se encontram, sendo utili-
zados na delimitação das unidades bioestratigráficas
2 Exemplos mais conhecidos: Trilobites – Paleozóico
Amonites – Mesozóico

➔ Dendrocronologia
 Baseia-se na análise dos anéis de crescimento de determinadas árvores (ex.: se-
quóias, pinheiro-americano e carvalho). Estas produzem dois anos por ano:
▪ Anel formado durante a primavera e o verão é claro e mais espesso;
▪ Anel formado durante o outono e o inverno é escuro e fino;
▪ Cada par de anéis (claro+escuro) corresponde a um ano e o seu desenvol-
vimento/espessura está relacionado com as condições ambientais existentes
no momento da sua formação e a duração da(s) estação(ões) do ano.

Legenda

1. nó originado por um ramo antigo;


2. 1º ano de crescimento;
3. crescimento de primavera;
4. crescimento de outono;
5. cicatriz resultante de um incêndio;
6. anel de crescimento anual

 Importância geológica da Dendrocronologia

▪ Permite fazer datações absolutas de acontecimentos mais recentes da História


da Terra
▪ São determinantes para a história geológica local pois fornecem informações
sobre as condições paleoclimáticas, como por ex.: duração das estações do
ano, variações na pluviosidade (em havendo mais água e mais nutrientes para as árvores,
maior será o aumento dos anéis de crescimento, relativamente a períodos de menor disponibilidade),
luz, temperatura…
1.3 Métodos de datação físicos e geofísicos
 Permitem a determinação da idade absoluta de uma formação rochosa, geralmen-
te expressa em milhões de anos (M.a.) (, i.e., há quantos anos se formou.)

➔ Datações radiométricas
 Processo que consiste em determinar a idade de umas formações geológicas (ou
de certos acontecimentos) referida em valores numéricos, geralmente expressos
em M.a. (Milhões de anos), com base na presença e na desintegração de elemen-
tos radioativos constituintes das rochas.

 Fundamento / Processo:
▪ Os elementos químicos podem surgir na Natureza sob a forma de isótopos,
isto é, átomos de um mesmo elemento químico que possuem = nº atómico mas ≠ massa
atómica, ou seja., = nº de protões mas ≠ nº de neutrões

▪ Alguns destes isótopos são instáveis, sendo designados isótopos radioati-


vos
▪ Os átomos de isótopos radioativos tendem a perder partículas do núcleo
transformando-se em átomos mais estáveis de outros elementos químicos,
libertando energia – radioatividade
▪ Alguns minerais contêm átomos de isótopos radioativos naturais

▪ Os átomos de isótopos radioativos Isótopo-pai ou átomos-pai  transfor-


mam-se em átomos mais estáveis de outros elementos químicos Isótopo-
filho ou átomos-filho
238 206
Exemplo: U → Pb
▪ A velocidade de desintegração de um radioisótopo:
▪ é constante e específica (é ≠ entre os vários radioisótopos)
▪ não depende de condições ambientais (Temperatura, Pressão, humidade)
▪ a escolha do radioisótopo a utilizar está dependente, entre outros fa-
tores, da idade que, à partida, se supõe que a rocha possa ter, ou
seja, se se supõe que seja recente deve-se utilizar um isótopo-pai
com um “pequeno” período de semivida, pelo contrário se se supõe
ter uma elevada idade dever-se-á recorrer a um radioisótopo com
maior período de semivida
▪ Exemplo:
Valores a confirmar, em virtude da discre-
▪ Exemplo: pância existente nos manuais consultados
238
U → 206
Pb …. M.a.

87
Rb → 87
Sr …. M.a.

40
K → 40
Ar …. M.a.

14 14
C → N 5730 anos

Isótopo-pai → Isótopo-filho Semivida ou meia vida (T1/2)

Tempo necessário para a desinte-


gração de metade do nº inicial de
átomos do isótopo-pai numa amos-
tra
▪ Sabendo-se a concentração de um isótopo-pai e a concentração do respetivo
isótopo-filho presentes numa rocha é possível calcular-se a idade dessa ro-
cha, i.e., o momento da sua génese:
Nº de semividas obtido na amostra x tempo de semivida do isótopo-pai
▪ Os valores de semivida obtidos para uma amostra permitem datar
radiometricamente essa rocha

 Limites de aplicação / contras:


▪ Eficazes para datar rochas magmáticas, a sua aplicação em rochas sedimen-
tares e metamórficas é extremamente condicionada pois os minerais destas
rochas provieram de outras preexistentes  não dá a idade destas rochas,
mas a da rocha inicial
▪ Nem todas as rochas possuem elementos radioativos ou têm-nos em quanti-
dades muito reduzidas
▪ É necessário saber-se exatamente as quantidades do isótopo-pai e do isóto-
po-filho presentes na rocha, o que nem sempre é fácil devido às reduzidas
concentrações destes elementos nas rochas e à sua recolha em laboratório
▪ Tem que se ter a certeza que a rocha não sofreu contaminação com isóto-
pos-pai e/ou filho e que não houve fuga de isótopos-filho
▪ Dificuldades no procedimento técnico e laboratorial
Para resol-
ver, sff

1. Tem uma idade entre 173 e 112 M.a.


2. Entre 215 M.a. e 173 M.a.
3. Tem uma idade com cerca de 270 M.a.
4. Formou-se a camada A, a qual foi posteriormente intruída por um magma que a originou a rocha magmática ; em
seguida houve nova intrusão, que originou a formação do filão ; este conjunto sofreu erosão tendo-se depositado
em seguida a camada B; ocorre nova ação magmática que origina uma estrutura em forma de vulcão ; deposição da
camada C, com magmatismo que origina a estrutura ; finalmente deposita-se a camada D.
➔ Magnetostratigrafia
 Magnetostratigrafia – ramo da Estratigrafia
– estuda as propriedades magnéticas das rochas sedimentares,
visando (Objetivo:→) o estabelecimento de uma escala magne-
tostratigráfica (que possa ser aplicada a materiais de qualquer ambiente
sedimentar), i.e., uma escala de mudança do campo magnético
terrestre ao longo dos tempos geológicos

 Fundamento / Processo:
▪ Baseia-se no pressuposto de que todos os minerais com propriedades mag-
néticas são capazes de registar a orientação do campo magnético no mo-
mento da cristalização (a partir do magma), adquirindo:
▪ Polaridade normal, quando o norte magnético coincide com o norte
geográfico (caso da atualidade);
▪ Polaridade inversa, quando o norte magnético se orienta para o sul
geográfico.
▪ O campo magnético adquirido (pelo mineral magnetizado) mantém-se – paleo-
magnetismo remanescente – ao longo dos tempos, a não ser que volte a
fundir.
▪ Duas situações a ter em conta: rochas sedimentares e rochas magmáticas,
nomeadamente depósitos vulcânicos /escoadas de lava
▪ Rochas sedimentares
– os grãos dos minerais magnéticos, quando se depositam, ten-
dem a orientar-se de acordo com o campo magnético daquele
momento, sobretudo em ambientes aquáticos sem perturbação.
– Depois de compactados, irão preservar aquela orientação do
campo magnético terrestre.
– Se, entretanto, esta mudar, apenas os grãos que se depositarem
posteriormente irão registar a nova orientação.
– Podem, assim, formar-se sequências de estratos com paleo-
magnetismo diverso.
▪ Depósitos vulcânicos
– quando a lava consolida, os minerais magnetizáveis (mais facil-
mente que os dos sedimentos) registam o campo magnético ter-
restre existente naquele momento, preservando aquela orienta-
ção.
– Se entretanto esta mudar, apenas os minerais magnetizáveis
que cristalizarem posteriormente irão registar a nova orientação.
– Podem, assim, formar-se sequências de escoadas com paleo-
magnetismo diverso.
▪ Comparação do processo nos dois casos analisados
– As erupções vulcânicas são processos descontínuos no tempo
(desvantagem), enquanto que o registo sedimentar que ocorre nas
grandes bacias oceânicas é um processo praticamente contí-
nuo, pelo que permite uma sequência cronológica menos “inter-
rompida” no tempo (vantagem)
– Geralmente, os minerais constituintes do magma são mais facil-
mente magnetizáveis (vantagem) do que os minerais que com-
põem os sedimentos (desvantagem), a orientação do campo (pa-
leo)magnético terrestre é mais facilmente determinada numa la-
va do que num sedimento/rocha sedimentar.

▪ Deste modo foi possí-


vel elaborar uma escala

magnetostratigráfica até
há cerca de 170 M.a., ao
se correlacioná-la com da-
tações radiométricas de
escoadas lávicas utilizadas
nestes estudos.

Exemplo de uma Escala magnetostratigrá-


fica
Fonte:
Font, E. (2016) – Cap 3. Aplicações dos métodos magné-
ticos.IDL-FCUL (consultado a 22/02/2024)

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