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UNIVERSIDADE POTIGUAR

ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA NO TRABALHO


ERGONOMIA

ALVARO IGOR DA SILVA FREITAS


ELKES MIRELLY DA SILVA RODRIGUES
FRANCISCO ASSIS ROCHA VIANA JUNIOR
FRANCISCO HENRIQUE BENTO LEITE
LUIS YARLEY DE LIMA MACIEL
RENATO CARLOS LUCAS DE LIMA

ANALISE ERGONÔMICA DE TRABALHO (AET)


EMPRESA: ALARC - INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE CONFECÇÕES LTDA.

Mossoró – RN
2020
ALARC - Indústria e Comércio de Confecções Ltda.
CNPJ: 00.224.239/0001-45
Endereço: Travessa João Batista nº 716
Russas - CE
CNAE: C- 14.11-8 Confecção de roupas íntimas
Grau de risco: 02
Data de Realização da AET: 07/04/2020

Mossoró – RN
2020
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 4
2. OBJETIVOS 5
3. DADOS DA EMPRESA 6
4. CARGO/FUNÇÃO 6
5. DADOS DOS TRABALHADORES ENTREVISTADOS 6
6. ESPAÇO DE TRABALHO 6
7. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO 7
8. ATIVIDADE 7
9. ORGANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO 8
10. MOBILARIO, EQUIPAMENTOS E ESPAÇOS FISICOS 8
11. AMBIÊNCIA 10
12. VERBALIZAÇÃO DOS TRABALHADORES 10
13. FERRAMENTAS DE ANALISE 10
14. RESULTADOS DAS FERRAMENTAS ERGOÔMICAS 14
15. AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO DOS TRABALHADORES 18
16. ROTEIRO DE PROBLEMATIZAÇÃO (DIAGNOSTICO) 18
17. ENQUADRAMENTO NORMATIVO 20
18. SUGESTÕES 22
19. PLANO DE AÇÃO 23
CONSIDERAÇÕES FINAIS 24
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 25
ANEXO 26
1. INTRODUÇÃO
A Revolução Industrial e a globalização desencadearam uma série de
transformações sociais, econômicas e tecnológicas na sociedade. Em meio a esse
crescimento acelerado, as empresas tiveram de acompanhar/adaptar as mudanças
nas relações de trabalho em curso para sobreviverem ao mercado cada vez mais
competitivo. Nesse cenário, surge a ergonomia como uma nova proposta de análise
das condições de trabalho e preservação do trabalhador.
A palavra ergonomia é de origem grega formada pelas palavras Ergon
(trabalho) e Nomos (regra), significando, então, “regras para o trabalho”. Segundo
IIda (2005, p.54), “ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e seu
trabalho, equipamentos e ambiente, e particularmente, a aplicação dos
conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas
surgidos desse relacionamento”. Dessa forma, fica claro que a ergonomia busca
adaptar o trabalho ao homem, estabelecendo as condições necessárias para um
desempenho efetivo da atividade e, também, para a preservação da saúde dos
colaboradores.
No Brasil, a NR-17 é a norma regulamentadora que trata da ergonomia e visa
estabelecer os parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às
características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um
máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente (item 17.1 da referida NR).
Um elevado número de enfermidades e acidentes no trabalho são
decorrentes da ausência de medidas ergonômicas apropriadas. Porém, uma maior
atenção tem sido dada à investigação e à alta tecnologia do que a ações práticas
nos locais de trabalho da maioria das pessoas. A análise das condições de trabalho
é elemento fundamental para o desenvolvimento da ergonomia. De acordo com IIda
(2005), a ergonomia estuda as várias aparências do comportamento humano.
Assim, o indivíduo procura satisfação e bem estar em sua vida, contextualizando o
seu trabalho, lazer e ambiente doméstico.
Dentro desse contexto, é importante saber que a intervenção ergonômica
depende da problemática a ser estudada, ou seja, que ela é orientada pelos fatores
de risco existentes nos postos de trabalho. Citamos aqui alguns dos aspectos que a
ergonomia engloba enquanto intervenção:
• Posturas e movimentos.

4
• Dispositivos, equipamentos, controles e mostradores.
• Levantamento e carregamento de peso.
• Distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT).
• Organização do trabalho.
• Fatores de exposições ambientais.
• Trabalho em turnos e noturno.
Devem-se considerar os fatores e as características que podem interferir para
que a atividade desempenhada num determinado posto de trabalho provoque maior
ou menor intensidade de desgaste ao trabalhador, em função das cargas exigidas
por aquela atividade

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL


 Identificar as condições de trabalho nas dependências da empresa ALARC -
Indústria e Comércio de Confecções Ltda, de modo a estabelecer parâmetros
que permitam a adequação destas condições às características
psicofisiológicas dos trabalhadores, proporcionando um máximo conforto,
segurança e desempenho eficiente.

2.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS


 Diminuir afastamentos por LER/DORT;
 Aumentar produtividade;
 Melhorar a motivação dos funcionários;
 Adequar a empresa com a NR 17;
 Diminuir o stress dos funcionários.

5
ANALISE ERGONÔMICA DO TRABALHO – AET
3. DADOS DA EMPRESA IMAGEM FRONTAL DA EMPRESA
ALARC - Indústria e Comércio
Razão Social:
de Confecções Ltda.
CNPJ: 00.224.239/0001-45
Cidade- UF: Russas - CE
Endereço: Travessa João Batista 716
Ramo/Grau Confecção de roupas intimas/
de risco Grau de risco: 02
57 funcionários
Quadro (32 costureiras, 3 cortadeiras, 2
funcional: administradoras de produção e
20 auxiliares).
4. CARGO/FUNÇÃO DATA DA COLETA
COSTUREIRA 07/04/2020
5. DADOS DOS TRABALHADORES ENTREVISTADOS
Descrição Altur Escolaridad
Gênero Idade
a e
Trabalhador 1 Masculin ESCOLARIDADE:
21 1,70 B
o A – Ensino fundamental incompleto
Trabalhador 2 Feminino 50 1,60 B
Trabalhador 3 Feminino 54 1,62 A B – Ensino fundamental completo
Trabalhador 4 Feminino 43 1,61 B
C – Ensino médio incompleto
Trabalhador 5 Feminino 38 1,68 D
Trabalhador 6 Feminino 32 1,52 A D – Ensino médio completo
Trabalhador 7 Feminino 42 1,58 F
Trabalhador 8 Feminino 27 1,49 B E – Superior Incompleto
Trabalhador 9 Feminino 29 1,61 B
F – Superior Completo
Trabalhador Feminino
36 1,63 A
10 G – Nível Técnico
Trabalhador Feminino
48 1,53 B
11
Trabalhador Feminino
37 1,67 D
12
Trabalhador Feminino
32 1,60 A
13
Trabalhador Feminino
45 1,62 D
14
Trabalhador Feminino
39 1,59 A
15
6. ESPAÇO DE TRABALHO
POSTO DE SEXO
TRABALHO MASCULINO FEMININO
Costureira 03 29

O espaço que foi analisado é o setor de costura/produção da empresa. O mesmo possui 32

6
funcionários (costureiras), sendo 3 (três) do sexo masculino e 29 (vinte e nove) do sexo feminino.
Como demonstra a tabela abaixo. (Obs: para esta analise foram entrevistados uma amosta de 15
funcionários)

Fonte: ALARC, 2020

A imagem abaixo exibe o espaço de trabalho em que esses profissionais executam as suas
atividades rotineiras.

Imagem 1 – Espaço em que foi realizada a análise

7
Fonte: AUTORES,2020

7. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
Jornada de
8 horas diárias
trabalho
Ritmo de
O ritmo de trabalho é continuo na linha de produção
trabalho
A empresa não controla o horário e tempo de liberação para as necessidades
Necessidades fisiológicas. O colaborador tem liberdade para ausentar-se caso precise utilizar o
fisiológicas
banheiro ou caso precise ingerir líquidos, tomar remédios.
Micropausas A apenas uma micropausa para o café, as 15h da tarde, durante um período de
e Pausas 10 minutos.
Horas
Raramente acontecem horas extras
extras
Ausência de Em falta de funcionário em um determinado dia, outro é posto no lugar ou são
funcionários remanejados.
Funcionário
Não há funcionários com deficiência
deficiente
Período para Há uma pausa para o almoço de 180 min (1h30min) das 11h00 as 12:30 da
almoço manhã.
8. ATIVIDADE
Organizam o local de trabalho, preparam máquinas e amostras de costura, operam
máquinas de costura na montagem em série de peças do vestuário em conformidade a normas e
procedimentos técnicos de qualidade, segurança, meio ambiente e saúde.
9. ORGANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO
Incialmente as costureiras recebem as peças já cortadas, separadas e já com as máquinas
de costura alinhadas e em ordem de fabricação, seguindo o fluxo de produção (soutien) listado
abaixo:
 Unir peças (tecido-renda, tecido-tule, etc);
 Pregar peças unidas ao bojo;
 Inserir o bambu junto com o arco;
 Travetar alças e encontros de costuras;
 Pregar abotoador nas costas;
 Pregar laços;
 Inserir Strass;
 Aparar pontas de linhas soltas.

8
OBS: A meta de produção da empresa pode chegar em média a 1200 peças diárias.
10. MOBILÁRIO, EQUIPAMENTOS E ESPAÇOS FISICOS
ARMÁRIOS

MEDIDAS
ALTURA
170 cm
COMPRIMENTO
75 cm
LARGURA
32 cm
Obs.: A localização do armário não
dificulta na movimentação do espaço.

MESA DE OPERAÇÃO

MEDIDAS
ALTURA
80 cm
COMPRIMENTO P/PERNAS
70 cm
PROFUNDIDADE P/PERNAS
54 cm
Obs.: Mesa retangular feita de madeira
com bordas arredondadas.

MESA DE AUXILIO

9
MEDIDAS
ALTURA
92 cm
COMPRIMENTO
90 cm
PROFUNDIDADE
60 cm

CADEIRA
MEDIDAS
LARGURA DO ASSENTO
47 cm
PROFUNDIDADE DO ASSENTO
43 cm
ALTURA DO ENCOSTO
37 cm
LARGURA DO ENCOSTO
40 cm
ESPESSURA DO ESTOFADO
5 cm

ESPAÇO DE TRABALHO

AMBIENTAÇÃO
ILUMINAÇÃO
Boa iluminação
ORGANIZAÇÃO
Fileiras com seis funcionários
TEMPERATURA
22,8 ºC

11. AMBIÊNCIA

10
Agentes ambientais Nível Encontrado Recomendado NR/NBR
Iluminação 600 LUX Entre 500 a 1000LUX NBR 5413
Ruído 70,3 dB Máx. 85 dB (A) NR 15
Temperatura efetiva do
22,8 ºC Entre 20º e 23º C NR 17
ar
Umidade relativa do ar - Não inferior a 40% NR 17
Não superior a
Velocidade do ar - NR 17
0,75m/s
12. VERBALIZAÇÕES DOS TRABALHADORES
A comunicação interna entre os funcionários não é formal e acontece normalmente durante
o expediente de trabalho, entretanto a relação entre chefe e funcionários é extremamente
promocional, havendo entre eles apenas uma comunicação formal. Vale destacar que empresa
não impede que seus funcionários se comuniquem verbalmente, desde as essa comunicação não
atrapalhe a produção, o desenvolvimento de suas tarefas. A comunicação via celular entre
funcionários dentro da empresa não é possível, visto que a empresa possui uma regra que
inviabiliza esse tipo de comunicação durante o expediente de trabalho.
13. FERRAMENTAS DE ANÁLISES
13. 1 DIAGRAMA BIPOLAR
Metodologia:
Para execução deste método foi necessária a elaboração de um questionário (anexo I) no
qual foi aplicado a 15 costureiras da empresa, uma vez que esta ferramenta funciona somente
através da opinião do trabalhador ou usuário a respeito das condições ergonômicas de seu posto
de trabalho, permitindo acompanhar o apontamento das dores, a frequência e a sua progressão
durante a jornada de trabalho. Isso é possível uma vez que este método utiliza pontuações de
intensidade para as áreas que mais incomodam o colaborador. A tabela abaixo destaca o modelo
de diagrama (adaptado pelos autores) que foi aplicado aos funcionários.
Tabela 1 - DIAGRAMA DE CORLETT
Lado esquerdo Vistas de Costas Lado Direito
Desconforto Partes do EDJ SEM QUEIXA EDJ Partes do Desconforto
F F
1 2 3 4 5 Nº corpo 14 8 ( ) 1 4 8 corpo Nº 1 2 3 4 5
1 Pescoço Pescoço 1
2 Costa Sup. Costa Sup. 2
Costa Costa
3 3
Méd. Méd.
4 Costa infe. Costa infe. 4
5 Bacia Bacia 5
11 Ombros Ombros 6
12 Braços Braços 7
Antebraço Antebraço
13 8
s s
14 Punhos Punhos 9
15 Mãos Mãos 10
19 Coxas Coxas 16
20 Pernas Pernas 17
11
Tornozelo Tornozelo
21 18
e pés. e pés.

- -

- -

- -

Questionário
Bipolar
(Baseado em
CORNELL)
Legenda
Descrição do desconforto
1 2 3 4 5
Ausente Pequeno Moderado Severo Insuportável
F – Frequência
1 2 3 4 5
1-2 vezes por 3-4 vezes por Muitas vezes
1 vez por dia Todo dia
semana semana por dia
EDJ – Evolução Durante a Jornada (1º hora, 4º hora e 8º hora)
1 2 3 4 5
Ausente Pequeno Moderado Severo Insuportável
13.2 MÉTODO OWAS

Imagem 1 – Método OWAS

12
Fonte: Ergonlandia
7.0 (2020)

Metodologia:
Para a realização do método OWAS, foi utilizado o software Ergonlândia, que é um dos
mais utilizados por ergonomistas, fisioterapeutas e empresas. Este programa permite avaliar a
ergonomia dos funcionários em seus postos de trabalho através das suas 26 ferramentas de
analise.
Para inserir os dados de entrada no software foi necessário uma observação criteriosa da
postura da costureira na execução da tarefa analisada. Onde foi observado a postura das costas
(ereta, inclinada e torcida), a postura dos braços, das pernas e também ao esforço produzido
(aplicação de força), cada condição analisada irá inferir em um numero que varia de 1 (um)
condição aceitável a 7 (sete) pior condição para membros inferiores. Como demonstra na imagem
1 exposta acima
Após o mapeamento esses dados foram confrontados com a tabela abaixo, obtendo um
resultado final que indica a determinação do nível de risco.

Imagem 2 – Tabela de categoria de ações

13
Fonte: Ergonlandia 7.0 (2020)

13.3 MÉTODO RULA

Metodologia:
Para a realização desse método foi observado além da postura, outras variáveis como, a
repetição e a amplitude de um movimento articular. Vale ressaltar que a analise será focada
apenas no pescoço e nos membros superiores durante a realização do trabalho. Em seguida,
através de um registro fotográfico realizado pela equipe será possível enquadra o respectivo
movimento em um dos diagramas expostos no método RULA, através do software Ergolandia 7.0
que auxiliará na identificação das amplitudes adotadas pelos movimentos nas articulações,
posteriormente o método classificará a postura do corpo em três escores que permitem a
avaliação da exposição aos fatores de risco

Imagem 3 – Principais posturas destacadas no método RULA

14
Fonte: Ergonlandia 7.0 (2020)

14. RESULTADOS DAS FERRAMENTAS ERGONÔMICAS


QUESTIONÁRIO BIPOLAR
Após a aplicação do diagrama das áreas dolorosas, foi avaliado o grau de desconforto que
as costureiras sentem em cada um dos segmentos indicados no diagrama, onde foi realizado uma
média aritmética de todas as respostas fornecidas pelos 15 entrevistados, a fim de identificar as
regiões que mais sofrem na execução das atividade, conforme é apresentado na tabela a seguir.
Tabela 1 – Nível de desconforto na musculatura das costureiras

Níveis de Desconforto
Lado Direito Lado Esquerdo
Parte do corpo
Numeração Média Numeração Média
Pescoço 1 2,4 1 2,4
Costa Sup. 2 3,8 2 3,8
Costa Méd. 3 4,0 3 4,0
Costa infe. 4 3,4 4 3,4
Bacia 5 2,0 5 2,0
Ombros 11 2,0 6 2,0
Braços 12 1,0 7 1,0
Antebraços 13 1,0 8 1,0
Punhos 14 1,6 9 1,6
Mãos 15 1,0 10 1,0
Coxas 19 1,0 16 1,0
Pernas 20 1,4 17 1,4

15
Tornozelo e pés. 21 1,8 18 1,8
Fonte: Autores, 2020

Como resultado, verificou-se que o desconforto mais presente entre as costureiras ocorre
nas costas média, costas superior, costas inferior e pescoço, com alguns relatos de dores nos
ombros e na bacia. Observou-se que todas as atividades influenciam nas aparições de dores
físicas, uma vez que a atividade de costura faz uso do tronco, membros inferiores e superiores de
forma repetitiva e coordenada e numa postura sentada por grandes intervalos de tempo acaba
causando uma carga acumulativa geradora de dores e desconfortos no corpo.
Notou-se que a frequência dos desconfortos da grande maioria dos funcionários baseado
nas médias das respostas, são sentidas muitas vezes por dia, chegando em alguns casos a
sentirem esse desconforto todos os dias e que durante a jornada de trabalho (1ª hora, 4ª hora e 8ª
horas) as dores aumentam respectivamente ao tempo trabalhado. O gráfico abaixo, irá expor com
que frequência os funcionários sentem o desconforto listado na tabela 2.

Gráfico 1 - Frequência do desconforto


Tornozelo e pés.
Pernas
Coxas
Mãos
Punhos
Partes do corpo

Antebraços
Braços
Média
Ombros
Bacia
Costa infe.
Costa Méd.
Costa Sup.
Pescoço
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5
Frequência

Fonte: Autores, 2020

Observa-se através deste gráfico que as dores mais frequentes são as das costas (inferior,
média e superior), onde foi relatado serem sentidas todos os dias durante a jornada de trabalho.

16
Já as pernas, tornozelo e pés são dores que são sentidas de 3 a 4 vezes por semana, e os demais
membros, segundo o exposto pelos trabalhadores são desconfortos leves com ocorrência de 1 a 2
vezes por semana.
Em relação a avaliação da fadiga, o estudo constatou que todas as costureiras avaliadas
apresentaram sintomas de fadiga leve, moderada ou intensa no início da jornada de trabalho,
segundo os scores avaliados no questionário bipolar, na primeira hora de trabalho havia apenas
queixas relacionados ao cansaço, na quarta hora de trabalho foram destacadas queixas de dores
nos músculos do pescoço e costas de forma moderada e na oitava hora de trabalho foi relatado a
intensificação das dores nas costas (inferior, média e superior) de moderada para insuportável,
além de cansaço físico e visual comprometendo a concentração e a produtividade de trabalho.
MÉTODO OWAS

Na observação da ergonomia das costureiras notou-se que a postura das costas era
inclinada e algumas vezes torcida na execução da atividade de costura, e esta posição se
mantinha durante toda a jornada de trabalho. Em relação a postura dos braços o mesmo estava
continuamente abaixo dos ombros, não foi observado nenhuma alteração dessa postura ao longo
da atividade; em relação as pernas, como trata-se de um posto de trabalho sentado a sua posição
estava flexionada e destaca-se que nenhuma das costureiras movia (levantava) cargas maiores
que o próprio peso do tecido, em outras palavras, não havia esforço a ser realizado maior que 10
kg. A imagem abaixo demonstra o resultado obtido.

Imagem 4 – Resultados observados na postura das costureiras

Fonte: Autores; Ergonlândia (2020)

17
Como mostra o resultado acima, a postura inclinada recebeu um score 2, a postura dos
braços abaixo dos ombros, das pernas e também do esforço relativo a carga tem um score 1, com
base nestes dados de entrada foi possível ao Ergolandia analisar por meio da tabela abaixo a
categoria de ação que deve ser tomada.
Imagem 4 – Resultado tabela de categoria de ação

Fonte: Ergolândia, 2020


Durante a jornada de trabalho, as costureiras ficam projetadas numa posição desfavorável
ergonomicamente, com o pescoço inclinado pra baixo e a coluna não ereta, realizam repetitivos
movimentos semicirculares com os ombros e membros superiores que podem ser prejudiciais ao
longo do tempo.
Porem, como nota-se na tabela acima serão necessária correções em um futuro próximo,
em outras palavras, atualmente a situação não está integralmente fora dos parâmetros
ergonômicos estabelecidos, entretanto, mesmo com a apresentação destes resultados é
aconselhável seguir as recomendações da NR 17 para evitar problemas que podem vir a surgir.
MÉTODO RULA
Aplicação
Postura Braços Pescoço Antebraço Punho

18
Tronco Pernas Punho Rotação

No decorrer da atividade, o posicionamento dos braços, está entre 45°- 90° de amplitude.
Os antebraços estão em constante movimentos formando um ângulo que varia de 60º a 100°. Os
punhos apresentam elevação acima de 15° com pouca rotação. Já o pescoço está levemente
curvando, apresentando entre 10° - 20° de amplitude. As pernas e os pés não estão bem apoiados
e nem flexionados da maneira correta. Ressaltando-se que a atividade não possui carga.
Os resultados obtidos por meio do RULA demonstram que nenhuma postura adotada nas
atividades é integralmente aceitável. Portanto, todas as posturas apresentaram resultados que
merecem investigações.

15. AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO DOS TRABALHADORES


Funcionários
Item Descrição 1 1 1 1 1
1 2 3 4 5 6 7 8 9 15
0 1 2 3 4
15.1 Mobiliário 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
15.2 Equipamentos 4 3 3 2 3 3 3 2 3 3 2 4 3 3 3
15.3 Organização do trabalho 4 4 4 3 3 3 4 4 3 4 4 3 4 3 3
15.4 Treinamentos 2 2 3 3 2 3 3 3 2 2 2 2 3 2 2
15.5 Sobrecarga física (bipolar) 2 3 3 3 3 3 3 2 2 2 3 3 3 3 3
15.6 Sobrecarga mental/psíquico 2 3 3 3 3 3 2 2 3 3 3 2 3 2 3
15.7 Sobrecarga cognitiva 2 3 3 3 3 3 3 3 2 2 2 3 3 3 3
15.8 Relação com liderança/chefia 3 3 4 4 4 4 4 4 3 4 4 4 3 4 4
Relação com colegas de
15.9 4 3 3 4 4 4 4 3 4 4 3 4 4 4 3
trabalho
15.10 Horas extras 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
15.11 Qualidade do sono 4 3 1 3 4 3 3 4 4 3 1 4 3 4 4
15.12 Benefícios da empresa 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
15.13 Planos de carreira 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
15.14 Reconhecimento 4 2 4 4 4 4 4 3 4 4 3 4 4 3 4
Legenda: 1 – Péssimo 2 – Ruim 3 – Moderado 4 – Bom 5 – Excelente
16. ROTEIRO DE PROBLEMATIZAÇÕES (DIAGNOSTICO)
CLASSE POSTURAL
Problematizações

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 Notou-se que a postura que as costureiras
realizam a atividade é inadequada, pois o
pescoço fica a maior parte do tempo inclinado
para baixo, além do movimento repetitivo feito
com as mãos.
 Postura com presença de flexão
lateralizada do tronco quando a mesma se dirige
para pegar algum tecido para costura, além de
uma postura um pouco fletida da coluna cervical.
 As pernas e pés não estão corretamente
apoiados e equilibrados gerando assim tensão
nos músculos.
Recomendações

 Para evitar esta postura podemos sugerir aumentar a altura a cadeira de trabalho,
para que esteja a nível dos cotovelos, resultando uma menor flexão e lateralização da
coluna cervical.

CLASSE DIMENSIONAL
Problematizações
 As cadeiras apesar de serem reguláveis e
serem acolchoadas não estão ajustadas
corretamente para gerar um maior conforto no
trabalho;
 Há encosto para os pés, mas muitas
vezes eles são apoiados na estrutura das
máquinas de costura. Ou até mesmo na parte
inferior da cadeira pelas próprias operarias.

Recomendações
 Propomos que os acentos possuam sistemas de ajustes de fácil manuseio onde a altura
seja ajustável a estatura do trabalhador, ou seja, regulagem de altura entre 37 e 50 cm em
relação ao piso e o encosto ajustável em relação a altura e inclinação. Com forma
levemente adaptada ao corpo e largura de 30,5cm. (cadeira padrão NR-17).
 Para os trabalhadores se preservarem de fadigas e desconforto em seus braços indicamos

20
a implementação do apoio para os braços com regulagem e comprimento que não impeça a
aproximação da mesa.
 Sugerimos também, que os trabalhadores com altura igual ou superior a 1,70m devem
utilizar só a cadeira padrão NR-17, não necessitando de apoio para os pés, já que a
estatura irá permitir que os pés mantenham-se corretamente apoiados sobre o piso.
CLASSE INSTRUMENTAL
Problematizações

 Parte do maquinário é antigo,


necessitando maior pressão para funcionar
principalmente no pedal do equipamento,
causando desconforto para a costureira que
ocupa tal maquinário.

Recomendações
Com base na analise feita sugerimos algumas medidas para torna mais salubre a jornada de
trabalho:
 Adotar um sistema de manutenção periódica para as maquinas, para que sejam verificadas
suas peças e que sejam lubrificadas corretamente.
 Adotar um plano atualização do maquinário anualmente
 Padronizar todas as cadeiras para tipo gancho com rodinhas.
CLASSE FISICO AMBIENTAIS
Problematizações
Não há o isolamento de máquinas possuem ruído contínuo, nem o uso de equipamentos de
proteção individual adequados. Já acostumadas com o barulho rotineiro, as costureiras julgam não
ser atrapalhadas pelo ruído, ao realizar suas atividades.
Recomendações
Utilização do protetor auricular para reduzir o nível de pressão sonora existente a níveis
apropriados para que o barulho não comprometa a audição.
17. ENQUADRAMENTO NORMATIVO
NR 17
Item Descrição
17.3.2. Para trabalho manual sentado ou que tenha de ser feito em pé, as bancadas,
mesas, escrivaninhas e os painéis devem proporcionar ao trabalhador

21
condições de boa postura, visualização e operação e devem atender aos
seguintes requisitos mínimos:
a) ter altura e características da superfície de trabalho compatíveis com o tipo de
atividade, com a distância requerida dos olhos ao campo de trabalho e com a
altura do assento;
b) ter área de trabalho de fácil alcance e visualização pelo trabalhador;

c) ter características dimensionais que possibilitem posicionamento e


movimentação adequados dos segmentos corporais.

De acordo com o que pode ser observado a altura da superfície de trabalho do posto das
costureiras, considerando o trabalho como sendo do tipo leve, com as atividades realizadas de
forma sentada, é recomendável segundo (ITIRO,2005) a altura está entre 60 e 65 cm, entretanto a
altura da mesa de operação das funcionárias está a uma altura de 80 cm, e também não encontra-
se compatível com a altura do assento, dessa forma não obedece o que está previsto neste item
da norma.
Os subitens “b” e “c” mencionados acima não se encontram totalmente contemplados na
área de trabalho das costureiras. Como visto nas imagens do tópico 16 desse estudo, as
bancadas embora possibilitem uma boa visualização para a realização da atividade não
apresentam espaço suficiente para movimentações laterais, característicos da atividade analisada,
bem como, altura adequada para o apoio correto dos cotovelos, mesmo os assentos sendo
ajustáveis. O reflexo disso está nas posturas inadequadas das costureiras na realização de suas
atividades, nas quais apresentam inclinações do pescoço e tronco acima do que é recomendado
pela literatura para o trabalho na posição sentada.
Para trabalho que necessite também da utilização dos pés, além dos requisitos
estabelecidos no subitem 17.3.2, os pedais e demais comandos para
acionamento pelos pés devem ter posicionamento e dimensões que possibilitem
17.3.2.1. fácil alcance, bem como ângulos adequados entre as diversas partes do corpo
do trabalhador, em função das características e peculiaridades do trabalho a ser
executado.

Os apoios para os pés não obedecem totalmente as recomendações apresentadas neste


item, pois o ideal seria segundo (TYLLEI, 2005) que os pedais tivessem uma inclinação de 25° a
30°. No entanto, foi constatado uma inclinação de 45°, o que significa que os apoios não estão

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adequados.
Os assentos utilizados nos postos de trabalho devem atender aos seguintes
requisitos mínimos de conforto:
a) altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da função exercida;
17.3.3. b) características de pouca ou nenhuma conformação na base do assento;
c) borda frontal arredondada;
d) encosto com forma levemente adaptada ao corpo para proteção da região
lombar
Ao observarmos o tópico 10 desse estudo vemos que os assentos no posto de trabalho
atendem, exceto em relação a regulagem da altura a estatura do trabalhador, todas as
recomendações apresentadas nos subitens “b”, “c” e “d” desse item. Mostrando-se estarem
adequados e aptos a serem utilizados pelos trabalhadores dessa empresa.
Nos locais de trabalho onde são executadas atividades que exijam solicitação
intelectual e atenção constantes, tais como: salas de controle, laboratórios,
escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de projetos, dentre outros, são
recomendadas as seguintes condições de conforto:
a) níveis de ruído de acordo com o estabelecido na NBR 10152, norma brasileira
17.5.2.
registrada no INMETRO;
b) índice de temperatura efetiva entre 20ºC (vinte) e 23ºC (vinte e três graus
centígrados);
c) velocidade do ar não superior a 0,75m/s;
d) umidade relativa do ar não inferior a 40 (quarenta) por cento.
O ambiente de trabalho analisado, no que se refere aos níveis de ruído e temperatura
efetiva, encontra-se dentro dos parâmetros normativos citados nos subitens “a” e “b” deste item
(ver tópico 11 desse estudo). Uma condição de conforto não englobada nesse item da NR17 diz
respeito a iluminação do ambiente de trabalho. Pensando na importância dessa condição
supracitada para a realização da atividade de costura, buscou-se obter os níveis de luminância
adequados de acordo com as normas vigentes no Brasil. Foi verificado que o ambiente de trabalho
em questão está dentro dos parâmetros normativos no que se refere a iluminação (ver tópico 11
desse estudo). Em Relação aos subitens “c” e “d” não foi possível a obtenção da velocidade do ar
e umidade relativa do referido posto de trabalho, pois não estava disponível no acervo da
empresa. Logo, tendo em vista a importância desses fatores ambientais para a saúde dos
colaboradores, recomenda-se que em estudos futuros na empresa possam ser feitas
considerações sobre as condições de conforto e informações pertinentes não contempladas nesse

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estudo.
18. SUGESTÕES

 Sugere-se que no dia a dia de trabalho sejam realizadas Micropausas, a sua realização,
uma vez durante a manhã e outra pela tarde, ajudaria no descanso das funcionárias
aliviando seus incômodos físicos garantindo desempenho e produção máximos;

 Realização de ginastica laboral, durante as pausas, pode ser realizadas séries de


alongamentos simples preparando as funcionárias para as tarefas que vão realizar.

 O planejamento do trabalho e a utilização das ferramentas aqui descritas para realização do


estudo, demonstrou-se eficaz, entretanto não foi possível devido a falta de equipamento
necessário quantificar todas as variáveis exploradas, como por exemplo a velocidade do ar
que não pode ser superior 0,75 m/s, e o grau de umidade relativa do ar que não pode ser
inferior a 40%, sugerimos que posteriormente essas variáveis sejam estudas.

19. PLANO DE AÇÃO


ANO : 2020-2021
ETAPAS RESP AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO
Treinamento / R
palestra sobre ALARC
LER/DORT P X X X
Adequação dos
equipamentos R
posturas nos ALARC
postos de P X X X
trabalho
Treinamento R
execução das ALARC
tarefas P X
Revisão/
atualização da R X
Análise ALARC
Ergonômica do P
Trabalho – AET X
Legenda: P - Programado R – Realizado

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através do presente trabalho foi possível perceber que problemas


ergonômicos é uma realidade nas organizações, mas muitas vezes não são
priorizadas, afetando diretamente a saúde do trabalhador e consequentemente
a produtividade da empresa.
Dessa forma, o método de AET utilizado, dada a realização de
entrevistas e aplicação de questionários, se mostrou adequado para a
observação, não apenas das questões relacionadas ao aspecto físico e às
condições de trabalho mas também problemáticas relacionadas à cognição do
trabalhador
As recomendações são básicas, porém, se cumpridas corretamente
acarretam em melhorias significativas. Ademais, a profissão por si só é
extremamente monótona e repetitiva, mas acredita-se que algumas
modificações rotineiras podem proporcionar maior satisfação.

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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMADIO, Alberto Carlos; DUARTE, Marcos. Fundamentos biomecânicos para


a análise do movimento humano. São Paulo: Laboratório de
Biomecânica/EEFUSP, 1996.

Associação Brasileira dada Indústria Têxtil e de Confecção, Abit. Disponível


em:<http://www.abit.org.br/cont/quemsomos>. Acesso em 07 de abril de 2020.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 17 – Ergonomia. Brasília:


Ministério do Trabalho e Emprego. Disponível em
<http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr17.htm >. Acesso em 08 de
abril de 2020.

IIDA, Itiro. Ergonomia:projeto e produção. 2ª edição ver. e ampl. São Paulo:


Blucher, 2005.

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ANEXO I

QUESTIONÁRIO APLICADO

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