Profa. Dra. Maria Christine Berdusco Menezes Profa. Dra. Rosângela Célia Faustino Mestrando: Fernando Lazaretti Onorato Silva PG: 403570
KRAWCZYK, Nora. A sustentabilidade da reforma educacional em questão: a posição dos
organismos internacionais. Revista Brasileira de Educação. 2002, n. 19 pp. 43-62. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1413-24782002000100005
O texto foi apresentado na sessão especial Reformas Educacionais na América Latina,
na 24ª Reunião Anual da ANPEd. Nele foi discutido a importância de colocar em pauta discussões a respeito das políticas educacionais nos diferentes países da região. Portanto, este trabalho teve como objetivo, apresentar os temas e questões por eles abordados enquanto diferentes dimensões de sustentabilidade das reformas. Partindo desse contexto, a autora elenca três dimensões que aparecem como preocupações centrais dos organismos internacionais, são elas: dimensão política, financeira e técnica. Dessa forma, o trabalho a partir da introdução se subdivide em três partes discutindo, explicando e refletindo acerca das três dimensões citadas acima. Na dimensão política, a autora apresenta logo no começo a palavra de ordem que é adotada, concertacion, termo que tem como referência a necessidade de construir alianças que possam dar sustentabilidade às reformas educacionais. Nesse contexto, há a presença mais ativa do setor privado, e a autor chama atenção para uma tendência de os organismos internacionais privilegiarem esse setor em comparação ao público. Estabelecendo seu olhar crítico para essa análise, e indo ao encontro das reflexões nas aulas no que se refere as interferências e os reais desejos dos organismos internacionais com suas políticas predatórias e desejo se criação de uma realidade voltada para o capital. No decorrer do texto a autora apresenta diversas reuniões ou programas elencados pelos organismos internacionais. Assim, nessa dimensão política, as ações de avaliação desses organismos são apresentadas de forma a mistificar a realidade escolar, por meio do ato de transvestir a realidade dos fatos, ao apresentar em forma de advertências acerca dos riscos que podem ser gerados quando as reformas não têm uma continuidade. O conhecimento controlado mais uma vez faz a população menos favorecida de refém, pois ao ser privada do conhecimento crítico e reflexivo, o sujeito fica referem das manipulações de informações que tem objetivo de proteger o pensamento dos organismos internacionais e legitimar as reformas propostas. Esse contexto, corrobora para que seja possível controlar também outro ator social, os sindicatos docentes, pois com a fragmentação das políticas educacionais, gera-se uma ruptura da categoria em prol das reformas educacionais. Além disso, nesse cenário é introduzido o conceito de custo/benefício, e por mais que no plano da ideias o discurso dos organismos como o Banco Mundial, seja de aumento salarial ou salários mais justos, a realidade nua e crua é outra, na qual há uma desvalorização docente e precarização do serviço a partir dessa lógica gerencialistas e voltando para o mercado, assim como, um processo de descentralização da educação com foco a uma autonomia por parte das escolas, com o Estado se abstendo dos seus deveres. Nesse cenário, na dimensão técnica, há um processo de transferência de responsabilidades e atribuições de forma que passa a de responsabilidade dos estados, municípios e, principalmente, das escolas atividades que antes eram de âmbito central. A autor apresenta informes que descrevem os processos de descentralização para a escola, bem como as inovações na gestão escolar que culmina no processo de privatização da gestão. Exemplo trazido pela autora e experiência pelos moradores de Maringá, os Vouchers, que são investimento publica em escolas privadas como forma de assegurar vaga para crianças e adolescentes. Como forma de defender essa retórica os organismos apresentar a liberdade das escolas como ponto que evidência maior eficiência e eficácia, contribuindo ainda mais para defesa das reformas. Continuando nas dimensões apresentadas, a financeira está relacionada a uma nova configuração dos critérios orçamentários públicos, bem como fortalecimento das estratégias de financiamento e gestão compartilhada, de forma que torne as reformas educacionais sustentáveis. Para comprovar tal afirmação a autora apresenta diversas publicações do Banco Mundial, CEPAL e do PREAL relacionadas a gestão da educação pública. Em síntese as discussões que ocorrem nessa dimensão centram-se em dois aspectos, que são: como otimizar a eficiência dos recursos e como maximizar o rendimento escolar. Para responder essas questões são estabelecidas as metas de melhoria da qualidade e a geração de oportunidade educacionais equitativas, tornando as reformas sustentáveis. Chama a atenção que a insuficiência dos recursos destinados à educação, porém nada é feito a respeito, nem mesmo questionado. Em vez disso, o discurso centra-se nas questões de otimização como foco em aumento o rendimento escolar, conforme propostos por Osborne, estabelecer uma competição entre as escolas, de forma que aquelas que apresentem melhores resultados tenham mais recursos recebidos, em contrapartida, escolar com baixo desempenho recebem menos recursos. Sendo que professores e estudantes “improdutivos” são remanejados para escolas “improdutivas”. Dessa maneira, em especial, os professores deveriam ter seus pagamentos baseado nessa lógica de produtividade e eficácia. Outro ponto destacado pela autora é a tendência que os organismos internacionais têm para a educação privada, favorecendo essas instituições em vez da pública. Afirmando em seus discursos que esse repasse de recursos é legitimo, pois essas instituições apresentam melhores resultados, são mais eficientes e produtivas. Logo, como no discurso defendido por eles os pais podem escolher onde os filhos irão estudar, sem sombra de dúvidas eles escolheram essas instituições, uma vez que apenas os que não tem condições optam por mandar seus filhos para escola pública. A partir desse discurso, então, é legitimado a destinação de recursos publicas para escolas privadas. Entretanto, cabe destacar que essas análises ignoram mecanismos informais de exclusão das escolas privadas, escarando ainda mais a tendência dos organismos para a privatização. Por fim, a autora conclui que os organismos internacionais começam a recuar na ideia defendida inicialmente, de que a educação pode diminuir a desigualdade social, pois conforme exposto no texto, ela pode servir como agravante desse fator. Assim, começa a ser coloca outros conceitos em pauta, como a equidade no acesso a educação. Outro ponto que passa a ser considera, é o aumento da informação e conhecimento nos países periféricos, como forma de combater as desigualdades e a pobreza. Portando, diferente da década de 1990, agora (2001) é reconhecido a existência de externalidades negativas no processo de desenvolvimento que devem ser consideradas nos planos de combate a pobreza e promoção do crescimento econômico do país. Mas a autora chama atenção para as políticas publica formadas a partir dessa lógica, são fragmentadas, contraditórias, mínimas, pontuais e além de tudo privatizantes.
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