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maio 10, 2018 · Artigos próprios, Sexismo

IBGE revela:
homens são a
maioria dos
trabalhadores
infantis e
trabalham
mais horas por
semana nas
atividades
mais
periculosas

Minha mãe dizia sempre: “Verdade


pela metade é mentira completa”.

Esta frase é traduzida entre cientistas


como ‘cherry picking’: um tipo de
manipulação que consiste em
chamar a atenção para as variáveis
cujos dados interessam a
determinado discurso e omitir as
variáveis cujos dados se opõem ao
mesmo discurso.

O nome vem da forma como se faz a


coleta de cerejas no campo: pegando
as atraentes com a ponta dos dedos
e jogando no cestinho, lançando as
outras na grama.

Peguemos o exemplo das


desigualdades trabalhistas entre
homens e mulheres. O discurso que
progressistas vendem é o de que o
cenário é amplamente favorável aos
homens e preconceituoso contra as
mulheres.

Para isso grandes empresas de


comunicação, professores e
pesquisadores de humanas, partidos
e ativistas feministas costumam usar
duas fontes: o IBGE (principalmente
através da PNAD, do Censo e da
PNAD C) e o Catho.

É a partir delas que nascem


manchetes como “Mulheres ganham
menos que os homens em todos os
cargos e áreas, diz pesquisa” [O
Globo] ou “Mulheres trabalham cinco
horas a mais e ganham 76% do salário
dos homens” [HuffPost] ou “IBGE:
mulheres estudam mais e ganham
menos” [O Dia] ou ainda “Mulheres
ganham menos e gastam mais tempo
com familiares, diz IBGE” [Folha de S.
Paulo].

Quantas mentiras foram contadas


nestas matérias? Nenhuma… ou
muitas: todas estas informações são
verdades contadas pela metade, a
partir da cuidadosa seleção e mistura
de informações para criar uma
percepção fictícia de que no campo
laboral as mulheres estão perdendo,
perdendo e os homens ganhando,
ganhando.

Eu fiz o mesmo – apenas para te


chamar atenção para este texto – na
imagem que ilustra esta postagem.

Selecionei variáveis reais, retiradas


dos dados oficiais do IBGE e as casei
para dar a impressão de que os
homens estão perdendo, perdendo,
perdendo e as mulheres ganhando,
ganhando, ganhando sempre.

Mas não é verdade! Lidos


honestamente, os dados do IBGE e
do Cathos apresentam cenários
complexos, multifatoriais, em que
uma variável é explicativa de outra e
não pode ser interpretada
isoladamente.

Qualquer pessoa que se debruce


sobre os dados do IBGE e do Cathos [
vou deixar links para tudo que eu
afirmar no parágrafo abaixo ]
encontrará o seguinte:

Estatisticamente homens trabalham


mais horas por semana; em setores
que tendem a concentrar as
atividades mais periculosas, pesadas
e técnicas [indústria, extração e
construção civil]; são a maioria entre
os trabalhadores noturnos; em média
estudam menos anos e entram no
mercado de trabalho muito mais
cedo, mas quando chegam a se
formar escolhem as carreiras mais
lucrativas[ e difíceis também];
costumam trabalhar em postos mais
distantes de casa e – em função
disto – gastam mais tempo no trajeto
de ida e volta do emprego.

Por outro lado: mulheres costumam


trabalhar mais horas por semana em
atividades domésticas e receber
salários menores.

Quando O Globo alardeia que


homens ganham mais em todos os
cargos ele ignora o fato de que
também em todos os cargos os
homens são mais propensos a
trabalhar mais horas [ considerando
apenas as horas trabalhadas na
empresa, já que estamos falando de
salário], em atividades mais pesadas
e em turnos mais cansativos, por
exemplo.

Quando a Folha destaca que


mulheres trabalham mais em casa,
omite que homens trabalham mais
fora de casa, além de gastarem mais
tempo no trânsito, por trabalharem
mais longe.

Estou convencido de que estas


diferenças são explicadas
parcialmente por aspectos inerentes
à natureza humana – e creio que
nunca se extinguirão por completo.

Elas estão relacionadas tanto a fatos


óbvios para qualquer pessoa [ como
o de que mulheres engravidam e
amamentam e o de que homens são
mais fortes ] quanto a fatos que
necessitam de uma compreensão
mais profunda da biologia do
comportamento – e não menos
verdadeiros [ como as diferenças de
tendência masculina e feminina a
aceitar atividades arriscadas ou a
gostar de lidar com pessoas ou de
competência cognitiva em
matemática e comunicação,
diferenças estas compreendidas à luz
de dimorfismos sexuais na fisiologia
neuro-endócrina].

Outro fator que me parece ser óbvio


é o de que receber altos salários
favorece muito mais a homens que
mulheres na disputa por parceiros
sexuais (um detalhe para o qual
aponta a psicóloga Susan Pinker, num
artigo linkado ao final deste textão).

Todos estes aspectos colaboram


conjuntamente para que as opções
profissionais masculina e feminina, as
formas como homens e mulheres
direcionam suas estratégias
particulares de vida variem
estatisticamente.

Progressistas parecem entender que


um mundo ideal e igualitário seria
aquele em que o grupo demográfico
que trabalha mais horas nas
atividades mais pesadas em turnos
mais cansativos em empregos mais
distantes de casa chegasse em casa
e exercesse o mesmo número de
horas semanais de serviço doméstico
e ganhasse ao final do mês o mesmo
salário do grupo que exerce menos
horas de trabalho fora de casa,
geralmente em empregos mais
próximos de casa, em tarefas menos
pesadas tanto física quanto
intelectualmente.

Essa noção de “igualdade trabalhista


entre homens e mulheres” vendida
por progressistas, em que a igualdade
só é exigida em parte do cenário e
em que se permanece cego a todo o
resto das desigualdades é duramente
atacada por filósofos e economistas
como Christina Hoff Sommers, Janet
Radcliffe-Richards, Thomas Sowell,
Claudia Goldin, Rebecca Diamond…

Janet – professora de filosofia da


Universidade de Oxford – defende
que a visão de ‘igualdade’ baseada
em variáveis cuidadosamente
isoladas – feita por feministas
modernos – é na verdade uma defesa
da desigualdade contra os homens.

Claudia – professora da economia da


Universidade de Harvard – fez uma
análise de variáveis como as
mencionadas acima e encontrou que
a maior parte da desigualdade salarial
entre homens e mulheres é explicada
por elas.

Rebecca – economista pesquisadora


da Universade de Stanford – mostra
que mesmo quando isolada a variável
‘horas trabalhadas’ os motoristas de
UBER ganham mais que as motoristas
de UBER. Motivo, homens dirigem
mais rápido, fazem mais corridas num
mesmo período de tempo.

Nada disso irá afetar a mente dos


seus professores de sociologia da
federal, das feministas que pixam
“abaixo a desigualdade salarial” com
sangue menstrual na parede do
banheiro feminino e dos repórteres
de O Globo. Mas eu continuo
lembrando: eles são desonestos
contando uma grande mentira a
partir de pequenas verdades isoladas
e descontextualizadas.

~~ Daniel Reynaldo

Referências:

Carga horária dos homens é maior


que as das mulheres (no trabalho) :
GRAFICO 5.9
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv98965.pdf

Carga horária feminina é maior que a


dos homens (em casa):
https://g1.globo.com/economia/noticia/mulheres-
passam-o-dobro-do-tempo-dos-
homens-com-tarefas-domesticas-
aponta-ibge.ghtml

Diferença de prevalência por sexo em


diversos setores da economia
(homens prevalecem nas que
concentram atividades mais pesadas,
periculosas, técnicas e bem
remuneradas)
http://www.brasil.gov.br/economia-e-
emprego/2017/03/mulheres-ganham-
espaco-no-mercado-de-trabalho

O número de mulheres que consegue


se formar é maior:
http://portal.mec.gov.br/ultimas-
noticias/212-educacao-superior-
1690610854/21140-maioria-e-
feminina-em-ingresso-e-conclusao-
nas-universidades

Mas homens se formam em carreiras


mais difíceis e bem remuneradas:
http://www.ibahia.com/detalhe/noticia/confira-
o-ranking-das-profissoes-
preferidas-por-homens-e-por-
mulheres-no-brasil/

Homens trabalham mais a noite:


http://www.valor.com.br/brasil/5160254/numero-
de-trabalhadores-no-periodo-
noturno-aumenta-em-2016-nota-
ibge

Homens trabalham mais longe de


casa: http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S1415-
98482015000300366

Homens entram muito mais cedo no


mercado de trabalho:
https://conexaoto.com.br/2017/05/02/69-
71-do-trabalho-infantil-e-feito-por-
meninos-contra-30-29-das-
meninas

As profissões que pagam maiores


salários costumam ser muito
perigosas e técnicas: homens
dominam em todas elas:
https://epocanegocios.globo.com/Informacao/Resultados/noticia/2014/12/os-
setores-com-os-melhores-salarios-
do-brasil.html

Estudo realizado por Rebecca


Diamond e colegas investigando os
motivos de mesmo num cenário em
que a remuneração é definida
automaticamente por algoritmos de
computação, os homens continuarem
ganhando mais:
http://www.ibahia.com/detalhe/noticia/confira-
o-ranking-das-profissoes-
preferidas-por-homens-e-por-
mulheres-no-brasil/

Artigo de Susan Pinker sobre o tema:


https://www.theglobeandmail.com/opinion/whats-
really-behind-the-gender-wage-
gap/article4316170/

Video-aula de Chrstina Hoff


Sommers, legendado e bem
mastigadinho:
https://www.youtube.com/watch?
v=OseohujSl3k

Thomas Sowell, de maneira


igualmente mastigada:
https://www.youtube.com/watch?
v=e8lUs9jQnLw

Artigo de Janet Radcliffe-Richards,


em que ela ataca a noção feminista
moderna de “igualdade”:
http://www.jpe.ox.ac.uk/papers/the-
problem-of-sex-equality/

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2 respostas para “IBGE


revela: homens são a
maioria dos trabalhadores
infantis e trabalham mais
horas por semana nas
atividades mais
periculosas”.

Raquel
dezembro 23, 2018 at 9:54 pm

Ótimo texto, sempre vi com desgosto


essas estatísticas que mostram
apenas mulheres sofredoras
oprimidas contra homens opressores
que não se esforçam tanto quanto às
mulheres .
Tudo na vida tem dois lados mas
geralmente só se mostra aquele que
convém mais.

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Klaus die Weizerbüken


julho 13, 2020 at 2:25 pm

Ótimo texto, muito bem explicitado.


Escrevi um longo ensaio sobre o
assunto que tange o seu em vários
pontos:
https://paradigmaglobalizado.wordpre
ss.com/2016/01/10/feminismo-
mostra-tua-real-face/

E parabéns a Raquel, que foi capaz de


admitir a verdade inconveniente a
seu grupo.

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