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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

INSTITUTO UFC VIRTUAL


CURSO DE SISTEMAS E MÌDIAS DIGITAIS

MARIA EDUARDA FERREIRA LEANDRO

REDE SOCIAL ONLINE E SUA COLABORAÇÃO NO CONHECIMENTO DA


SEXUALIDADE FEMININA

FORTALEZA
2023
MARIA EDUARDA FERREIRA LEANDRO

REDE SOCIAL ONLINE E SUA COLABORAÇÃO NO CONHECIMENTO DA


SEXUALIDADE FEMININA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Sistemas e Mídias Digitais do
Instituto Universidade Virtual da Universidade
Federal do Ceará, como requisito parcial à
obtenção do título de Bacharel em Sistemas e
Mídias Digitais.

Orientadora: Profª Dra. Raquel Santiago Freire

FORTALEZA
2023
MARIA EDUARDA FERREIRA LEANDRO

REDE SOCIAL ONLINE E SUA COLABORAÇÃO NO CONHECIMENTO DA


SEXUALIDADE FEMININA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Sistemas e Mídias Digitais do
Instituto Universidade Virtual da Universidade
Federal do Ceará, como requisito parcial à
obtenção do título de Bacharel em Sistemas e
Mídias Digitais.

Aprovada em 14/12/2023

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________
Profª Dra. Raquel Santiago Freire (Orientadora)
Universidade Federal do Ceará

________________________________________________
Profª Dra. Cátia Luzia Oliveira da Silva
Universidade Federal do Ceará

________________________________________________
Profª Dra. Maria de Fátima Costa de Souza
Universidade Federal do Ceará
RESUMO

Historicamente, as mulheres foram ensinadas a reprimir desejos e vontades, afetando a busca


e o interesse pelo próprio autoconhecimento e sexualidade. Elas também enfrentavam
dificuldades para conversar ou aprender sobre questões da área que iam além da gravidez ou
do ato sexual. Entretanto, as diversas mudanças ocorridas no século XX, em especial os
avanços tecnológicos e as conquistas de direitos femininos, propiciaram a ampliação do
debate e facilitaram o acesso e consumo de informações acerca da sexualidade,
principalmente, após o surgimento das redes sociais online. Diante disso, o presente estudo
objetiva compreender como as redes sociais contribuem para a disseminação de informações
na temática sexual e encorajam práticas de autoconhecimento. O trabalho contou com a
abordagem metodológica proposta por Herring, intitulada análise do discurso mediado por
computador, para analisar 6 postagens do perfil @prazerobvious no Instagram considerando
sua estrutura, o sentido da mensagem, as interações, a dinâmica social na rede e a
multimodalidade. Por fim, foi possível validar que as redes sociais online favorecem e
potencializam a disseminação de informações sobre a sexualidade, uma vez considerado e
avaliado o potencial de alcance e as trocas realizadas pelos usuários. Também foi possível
observar a influência sob mudanças no comportamento e perspectivas do público consumidor,
ou seja, o feminino.

Palavras-chaves: sexualidade feminina; redes sociais; autoconhecimento


ABSTRACT

Historically, women were taught to repress desires and desires, affecting the search for and
interest in their own self-knowledge and sexuality. They also faced difficulties in talking or
learning about issues in the area that went beyond pregnancy or sexual intercourse. However,
the various changes that occurred in the 20th century, especially technological advances and
the achievement of women's rights, led to the expansion of the debate and facilitated the
access and consumption of information about sexuality, especially after the emergence of
online social networks. Therefore, the present study aims to understand how social networks
contribute to the dissemination of information on sexual issues and encourage practices of
self-knowledge. The work relied on the methodological approach proposed by Herring,
entitled computer-mediated discourse analysis, to analyze 6 posts from the @prazerobvious
profile on Instagram considering their structure, the meaning of the message, interactions,
social dynamics on the network and multimodality. Finally, it was possible to validate that
online social networks favor and enhance the dissemination of information about sexuality,
once the potential reach and exchanges carried out by users have been considered and
evaluated. It was also possible to observe the influence of changes in the behavior and
perspectives of the consumer public, that is, women.

Keywords: female sexuality; social media; self knowledge


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................. 7
2 REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................12
2.1 Relações entre o feminino e a sexualidade: perspectiva teórica............................. 12
2.2 Redes Sociais Online: definição e características..................................................... 15
2.3 O discurso mediado por computador e a sexualidade feminina no Instagram......17
3 METODOLOGIA....................................................................................................... 22
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES...............................................................................27
4.1 Estrutura......................................................................................................................31
4.2 Sentido..........................................................................................................................33
4.3 Interação...................................................................................................................... 36
4.4 Comportamento Social............................................................................................... 40
4.5 Multimodalidade......................................................................................................... 41
4.6 Visão geral....................................................................................................................42
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................... 45
REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 47
7

1 INTRODUÇÃO

Devido aos progressos tecnológicos, especialmente nas últimas três décadas, a


sociedade vivenciou uma transformação contínua no que se refere à produção, disseminação e
consumo de informações. Isso resultou em uma realidade na qual as pessoas estão cada vez
mais envolvidas e apegadas ao universo digital, evidenciando o quanto essa nova dinâmica
exerce influências significativas em suas vidas.
Conforme apresenta a TIC Domicílios 20221, pesquisa desenvolvida pelo Centro
Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (CETIC.br), cerca
de 142 milhões de brasileiros com idade acima de 10 anos costumam acessar a internet todos
ou quase todos os dias. Outros dados apontam que 69% compartilham conteúdos multimídias
consumidos, enquanto outros 43% criam e postam o próprio, demonstrando como a internet
possibilitou novas oportunidades de aprendizado individual e colaborativo por meio do acesso
facilitado e instantâneo à gama de informações presentes no ambiente virtual.
Em vista disso, redes sociais online, como Instagram, Youtube e TikTok,
apresentam-se como instrumentos relevantes para o compartilhamento de informação e
conhecimento. Tendo em vista os seus “principais atrativos observados”, aos quais incluem a
possibilidade de “interação com diferentes atores” (Silva, 2019, p. 34) e a partilha de
materiais em variados formatos, resultando na construção do saber e na comunicação
interativa com e entre a comunidade (Oliveira et al., 2023; Coelho, 2016).
Consequentemente, além de temas e práticas já amplamente discutidos pela
sociedade, outros considerados “tabus” passaram a ganhar espaço e visibilidade. Um exemplo
é a sexualidade, que ainda sofre com críticas e inibições (Ferreira, 2022; Rosenbaum; Sabbag,
2020; Santana, 2022) ao ser erroneamente relacionada apenas ao ato sexual. Longe disso, ela
compreende espectro amplo e inclui além do sexo, “gênero, identidades e papéis, orientação
sexual, erotismo, prazer, intimidade e reprodução” (OMS, 2007 apud Amaral, 2007, p.3).
Assim, a internet permite ao usuário explorar e estimular a descoberta dos
variados campos da sexualidade. Isso inclui desde a conexão com pessoas de interesses
semelhantes, localizados em tempo/espaço diferentes, à conveniência e privacidade para
compra de produtos de bem-estar sexual. Da mesma forma, também permite que aqueles
historicamente subjugados possam assumir o controle em relação ao que gostariam de
aprender e compartilhar sobre conteúdos e práticas da temática citada, como é o caso do

1
Pesquisa realizada anualmente, desde 2005, com o intuito de mapear o acesso às tecnologias de comunicação e
informação no Brasil.
8

público feminino, cuja sexualidade foi regida e controlada por outros, em sua maioria
homens, ao longo da história (Abreu, 2022).
Vários estudos apontam para a opressão das mulheres (Beauvoir, 2019; Saffioti,
1984; Bourdieu, 2022), e mesmo estando no século XXI, todas as opressões vividas
historicamente, influenciaram a forma como elas percebem e lidam com a própria sexualidade
(Depieri; Grossi; Finotelli Júnior, 2016). Por esse motivo, é possível observar como elas ainda
são levadas a negar ou reprimir os próprios desejos e vontades, e a experimentar sentimentos
de culpa ou vergonha ao tratar do assunto, este último destacado como resultado na pesquisa
Prazeres2, desenvolvida pela Universo Online (UOL) em 2023. Elas ainda não são ensinadas
adequadamente a conhecer seus corpos e limites, bem como a ter prazer através da
sexualidade (Pesquisa, 2023), mesmo que esta seja considerada um dos indicadores de
qualidade de vida determinados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Não apenas a sociedade, mas a mídia também reforça e perpetua tais ideias e
comportamentos esperados, em geral, pelas produções culturais desenvolvidas sob a ótica
masculina ao longo da história (Lauretis, 1987). Tais produções demonstram um ideal estético
e de comportamento feminino que delimita ou não abrange todas as facetas da mulher,
instigando e construindo desde cedo no imaginário como ela deve ser, conforme destaca
Abreu (2022, p. 12):

A falta da educação sexual adequada no desenvolvimento faz com que a mulher


absorva aquilo que é popularmente está na cultura, então o sexo passa ser algo
proibido ou cheio de culpa. [...] não cria oportunidades para que ela descubra o
funcionamento do seu corpo, nem que a sua mente explore fantasias sexuais, o que
no ato sexual dará a mulher o lugar da passividade.

Todavia, estudos como a Prazeres da UOL, demonstram o interesse e a procura


das mulheres por informações no ambiente virtual com e por meio do(s) recurso(s)
disponível(is). Sinalizando como o avanço tecnológico e o acesso facilitado aos recursos
atuais estão contribuindo com a desconstrução de estigmas e a naturalização de diálogos
sobre a temática, uma vez que há uma produção de conteúdo livre, direcionada, interativa e
específica para o público-alvo.
Por esse motivo, este estudo pretende compreender como o uso das redes sociais
online, em especial o Instagram, contribuem com a difusão de conhecimentos acerca da
sexualidade feminina e encorajam práticas de autoconhecimento sexual. Dito isso, a pesquisa

2
Pesquisa realizada com o objetivo de mapear a visão das mulheres sobre a sexualidade.
9

consiste em analisar os conteúdos apresentados e as dinâmicas de interação na rede social


escolhida. Assim, sendo possível observar a relação entre o trabalho e o curso de Sistemas e
Mídias Digitais, ao qual possui a proposta de formar bacharéis e bacharelas capacitados a
produzir conteúdos multimidiáticos em diversos campos do saber conforme constrói uma
visão crítica sobre o que está sendo criado. Desse modo, observar e analisar a produção
vigente pode influenciar na construção e produção futura de conhecimento na internet.
Além desse fator, essa escolha se justifica dada a importância das mídias digitais
uma vez que tanto adolescentes quanto mulheres adultas buscam informações através de sites,
produções audiovisuais e conteúdos de redes sociais. Vale ainda mencionar as poucas ou
insuficientes discussões acerca da temática nos espaços ocupados por elas, a exemplo do
ambiente familiar e da escola, o que minimiza ou posterga a busca pela compreensão sobre as
inúmeras possibilidades do próprio corpo. Como aponta o estudo Real Choices, Real Lives3
conduzida pela Plan International em 17 países, incluindo o Brasil, em que reitera como a
educação sexual voltada para adolescentes do sexo feminino abrange, principalmente, a
“não-gravidez” em detrimento de temas como saúde, prazer e direitos. Abreu (2022, p.12)
expande essa conjectura ao afirmar que, de fato, não temos “uma educação sexual libertadora,
em que se eduque para viver a sexualidade além do ato sexual que foca apenas na
reprodução”.
Diante disso, o espaço virtual sobressai como alternativa de aprendizado e
interação pela possibilidade de acesso anônimo às informações e participação em
comunidades exclusivas ou direcionadas ao público feminino. Somado a isso, a presença de
recursos como vídeos, áudios e interatividade viabilizaram novas maneiras de disseminar
conhecimento. No entanto, é válido mencionar a preocupação sobre “a probabilidade de ler
informações incorretas e perigosas”, tendo em vista que a internet configura-se como um
“lugar livre para qualquer pessoa que queira divulgar informações” (Rodrigues, 2023, p. 10).
Para mitigar essa problemática, diferentes iniciativas, como Lábios Livres e Share
Your Sex, surgiram nos últimos anos com o intuito de educar e empoderar mulheres ao passo
que combatem tabus e informações duvidosas, e entregam conteúdos de qualidade
desenvolvidos por profissionais. A própria plataforma também desenvolveu mecanismos para
lidar com essa questão, a exemplo da remoção do conteúdo das abas de pesquisa (Calebe,
2020), o que a consolidou como significativo meio de “propagação de informação, ideias e
influências” (Silva, 2022, p. 40).

3
Pesquisa que acompanha o ciclo de vida de meninas em 19 países acerca de escolhas e decisões sobre as suas
vidas.
10

Imagens 1 e 2 - perfil @labioslivres e @shareyoursexbr,


respectivamente, no Instagram

Fonte: print screen dos perfis @labioslivres e @shareyoursexbr no Instagram

Diante a discussão, surge o seguinte questionamento: como o uso das redes


sociais, em especial o Instagram, pode apoiar a busca por autoconhecimento sexual no
público feminino? A questão da pesquisa surge uma vez que as redes sociais online atuam
como um espaço de abordagem e potencialização de discussões sobre diversos temas e a
especificidade escolhida pode permitir que as mulheres construam conhecimentos mais
seguros sobre a temática e consolidem a própria identidade.
Nesse sentido, esse estudo possui como objetivo geral analisar a influência das
redes sociais no processo de autoconhecimento sobre sexualidade feminina. Para tal, foram
traçados os seguintes objetivos específicos:

1. verificar como as redes sociais contribuem na disseminação de conhecimentos sobre a


sexualidade feminina;
2. especificar como os recursos presentes na rede social Instagram apoiam o processo de
autoconhecimento sexual;
3. identificar as principais vertentes da sexualidade discutidas e compartilhadas para o
público feminino.

Diante disso, este estudo ainda divide-se em outras quatro seções. O segundo
capítulo apresenta o referencial teórico utilizado pela autora. No terceiro capítulo são
discutidos e detalhados os procedimentos metodológicos adotados para o desenvolvimento da
11

pesquisa. No quarto capítulo são expostos os resultados e as discussões provenientes dos


dados. Por fim, na quinta seção, são apresentados as considerações finais e os próximos
passos da pesquisa.
12

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo, será contextualizado a relação da mulher com a sexualidade ao


abordar e discutir situações e contextos históricos-sociais a partir de trabalhos desenvolvidos
pelos estudiosos Simone de Beauvoir, Sylvia Walby, Michel Foucault e Teresa de Lauretis. A
discussão complementa-se com a definição das redes sociais online, seus elementos
constituintes e suas principais características a ser compreendida sob a ótica dos trabalhos de
Raquel Recuero, Alex Primo, Danah Boyd e Nicole Ellison; e com a definição do discurso
mediado por computador, através dos trabalhos de Susan Herring, bem como uma breve
abordagem sobre a sexualidade feminina no Instagram.

2.1 Relações entre o feminino e a sexualidade: perspectiva teórica

Em sua obra O Segundo Sexo, Simone de Beauvoir discute e analisa as condições


e particularidades que levaram à colocação e percepção da mulher em uma posição
subordinada ao homem. Para tal, a autora utiliza a história, a literatura e os mitos para traçar
contextos ao mesmo tempo que explora e compreende a dinâmica de distribuição de funções
entre os gêneros. Ao passar pelas diferentes épocas, fica claro como o papel da figura
feminina se concentrava na realização das tarefas domésticas e, por vezes, da terra.
Além disso, após a Idade Antiga principalmente, elas passaram a ser vistas como
sexo reprodutor e apontadas primariamente como responsáveis pela concepção e criação dos
filhos. Sendo assim, continuamente colocadas nos papéis de mãe, esposa e dona de casa ao
longo da história (Bassanezi, 1997). Em vista disso, por dificilmente exercerem posições de
poder/autoridade para além de suas casas, tornava-se fácil silenciar ou excluir as opiniões
femininas ao passo que os demais, geralmente os homens, suscitavam exigências sobre como
elas deveriam “ser tratadas e criadas, simplesmente pelo seu sexo” (Santos, 2010 apud
Cardoso; Peruzzo Junior, 2021, p. 12-13).
Nesse ponto, evidencia-se a presença do aspecto biológico como principal fator
usado para designar o ser como homem ou mulher (Abreu, 2022), isto permanecendo até o
século XX. Como consequência, a percepção sobre cada um, bem como seu papel e
limitações sociais foram moldados e estabelecidos a partir desse fator, levando aqueles do
mesmo sexo a seguir ou atender os padrões/normas sociais. Desse modo, pelos resquícios
históricos, é possível citar como a mulher esteve vinculada às ideias de doçura, fragilidade e
13

passividade, enquanto suas ocupações deveriam se concentrar na maternidade, na criação dos


filhos e no cuidado do lar, como expôs Beauvoir (2019).
Ainda em sua obra, ela explica como essa construção social resultou na visão do
ser feminino como inferior ao apresentar o conceito “o outro”. Dito isso, esse conceito
discute, no contexto explorado, como a definição do ser mulher está historicamente atrelada
ao homem e ao seu olhar. Da mesma forma, apresenta a necessidade do masculino possuir
poder e colocar o outro ser como inferior para conseguí-lo. Assim, a mulher foi designada a
condição de objeto e ao papel de submissão tornando-se, por um longo período, alguém “que
não é Sujeito, [...] que é marginal, hostilizado, oprimido e não tem voz” (Calado, 2012, p.
129).
De modo similar, Walby destaca e amplia essa questão ao abordar as instituições
sociais em sua teoria do patriarcado, na qual discute as manifestações de dominação e do
poder masculino sobre aqueles fora do padrão “homem, cis, hétero”. Nesse ponto, ela ressalta,
entre outros fatores, a construção de um “sistema que oprime e explora as mulheres” (Walby,
1990 apud Azevedo, 2018, p. 17) ao passo que reafirma a condição de subordinação delas.
Afinal, mesmo que o ser feminino tenha criado sua própria história, desempenhado papel
significativo e praticado grandes feitos, ainda assim, “sofreu com a intervenção do mundo
masculino, que é criador das leis” (Cardoso; Peruzzo Júnior, 2021, p. 5).
Dito isso, ainda é possível observar consequências dessas intervenções em
variados âmbitos no século XXI, em especial, no que concerne à sexualidade. Diferente do
senso comum, a sexualidade perdura por todo o desenvolvimento humano influenciando “no
crescimento e amadurecimento do corpo físico, nas práticas sexuais e reprodutivas, na
orientação sexual e erotismo, nos vínculos amorosos e demais mudanças” (Oliveira et al.,
2023, p. 38). Além disso, é tida como um fenômeno que engloba diferentes dimensões
socioculturais, moldando-se conforme o contexto em que é desenvolvido (Manosalva, 2014
apud Marcon, 2022).
Nessa perspectiva, ao levar em consideração a condição da mulher discutida
anteriormente, observa-se que a sexualidade feminina foi condicionada e “normatizada pelos
padrões cristãos” à medida que era “legitimada pela instituição do casamento e pelo
cumprimento da função reprodutora” (Silva, 2019, p.72). Ou seja, a partir do “padrão” social
atribuído a elas, de serem mães e esposas dedicadas, instruiu-se como objetivo a formação da
família e a criação dos filhos, muitas vezes colocando às experiências e prazeres sexuais em
segundo plano.
14

Tal situação foi discutida e abordada por Del Priore (2004) ao comentar que, na
visão da sociedade, a maternidade era tida como o ápice feminino. Tanto que inúmeras
mulheres ingressaram precocemente em relacionamentos “com prazer ou sem prazer, com
paixão ou sem paixão”, e tornaram-se “mãe, e mãe honrada, criada na casa dos pais, casada na
igreja” (Oliveira; Rezende; Gonçalves, 2018, p. 305). Isso revela como tais influências (igreja,
sociedade e outros ambientes) desencorajam e minimizavam a experiência e o conhecimento
da sexualidade para elas, ao ponto de impedir discussões aprofundadas sobre a temática.
Foucault, em sua obra A Ordem do Discurso, aborda sobre a produção do discurso
e apresenta diferentes mecanismos de controle. Entre os procedimentos, ele cita o princípio da
interdição, destacando que determinados assuntos são proibidos ou não são discutidos em
qualquer lugar ou contexto, o que torna-o tabu. Ele ainda cita a política e a sexualidade como
os âmbitos que mais sofrem com essa interdição. Isso explica, em conjunto com as normas e
papeis sociais, a criação do estigma em torno da temática estudada.
Mesmo com essas intervenções, as mulheres, de maneira gradual, modificaram as
suas relações e funções sociais resultando na conquista de significativos direitos e feitos e na
ocupação de novos lugares na sociedade, especialmente após a Revolução Industrial e as
Guerras Mundiais, em que elas tiveram que sair de suas casas para se sustentar e sustentar
seus filhos trabalhando, principalmente, nas indústrias (Zikan, 2005 apud Oliveira; Rezende;
Gonçalves, 2018, p. 306). O que confere certa contribuição das tecnologias nesse processo,
afinal, a partir do desenvolvimento das tecnologias de produção e da escassez de mão de obra
por conta dos conflitos, surgiu a “necessidade por trabalho braçal (majoritariamente ocupado
por homens)” e “trabalho intelectual” (Silva, 2019, p. 16), permitindo que elas pudessem
ampliar a sua participação no mercado.
Eventualmente, nas décadas seguintes, outros movimentos ganharam força e
abalaram padrões e normas sociais, incluindo a relação da sociedade com a sexualidade,
conforme destaca Vieira (et al., 2016, p.65):

Diversas foram as contribuições feministas nas décadas 60 e 70 do século XX que


visaram uma ruptura na ordem social vigente, que mantinha a pretensa naturalidade
da opressão feminina. Com a palavra de ordem das feministas, “nosso corpo nos
pertence”, surge o debate acerca da reapropriação do corpo, que contemplava tanto
os aspectos individuais da mulher, quanto suas relações na vida coletiva.

Como consequência, o ser feminino amplia a sua “liberdade de expressão e de


emancipação” acerca da sexualidade conforme provoca “mudanças nos espaços profissional,
político, de mídia, entre outros” (Marsiglia, 2022, p. 31) ao reivindicar o próprio prazer e a
15

visão como “seres sexuais”. Ainda nesse período, também houve mudanças quanto aos
aspectos considerados para a construção do indivíduo e da designação do ser mulher ou ser
homem ao considerar não somente os elementos biológicos, mas também os socioculturais,
levando o termo gênero a ganhar destaque.
O gênero, segundo Lauretis (1987), corresponde a uma representação, ou
auto-representação, do indivíduo na sociedade. Essa representação é resultado de uma
construção moldada e perpetuada por "tecnologias sociais" ou "tecnologias de gênero", como
cinema, mídia e outros meios. Dessa maneira, distancia o ser humano de uma condição
natural e o considera como uma construção social, refletindo a relevância da produção e do
consumo de elementos culturais, assim como das dinâmicas de gênero, em prol da
consolidação da própria identidade.
A partir desses eventos, foi possível modificar o olhar da sociedade, mesmo que
lentamente, sobre a temática. Contudo, as mulheres ainda esbarram em comportamentos e
visões resultantes do patriarcado, o que contribui com a perspectiva de serem, por vezes,
vistas como sujeitas a ordem masculina ou desencorajadas a aprenderem adequadamente
sobre o próprio corpo (Viana; Sousa, 2014; Ribeiro; Valle, 2016), a exemplo do seu
funcionamento e a como ter prazer sozinha. Isso reflete e as impede de alcançar a plena e total
liberdade sexual, ou seja, “o entendimento, a formação, a competência profissional e a
suficiente consciência do seu lugar na sociedade“ (Silva, 2019, p. 24), na qual inicia com o
próprio autoconhecimento.
Por esse motivo, as mulheres buscam e desejam serem protagonistas em sua
própria jornada de autoconhecimento e sexualidade, mesmo que essa busca ainda esteja longe
do fim (Silva, 2019).

2.2 Redes Sociais Online: definição e características

Para Musso (2006, p.34), a rede social pode ser compreendida como a forma
de “representação dos relacionamentos afetivos” e “interações profissionais dos seres
humanos entre si ou entre seus agrupamentos de interesses mútuos”. Nesse sentido, fica claro
que as relações e organizações estabelecidas nas sociedades ao longo dos tempos expressam a
essência desse fenômeno, demonstrando sua longeva existência. No entanto, após o
surgimento da internet, estruturou-se uma nova forma de rede social: a rede social online, na
qual a sociabilização e modos de expressão ocorrem no ambiente virtual por meio das
ferramentas de comunicação mediadas pelo computador (CMC) (Recuero, 2009).
16

Recuero apresenta os dois principais elementos da rede social: os atores e as


conexões. Os atores são tidos como os “nós”, ou melhor, as pessoas envolvidas na rede,
enquanto que as conexões representam os vínculos formados através das interações entre os
indivíduos. No cenário virtual, os perfis e similares funcionam como representações dos
atores ao permitirem a expressão de sua identidade e personalidade, ao mesmo tempo que
atuam na construção individual. (Sibilia, 2003; Lemos, 2002).
Por outro lado, as conexões constituem-se das interações, das relações e dos laços
sociais. As interações representam um processo comunicacional (Watzlawick; Beavin;
Jackson, 2000) que parte das percepções, intenções e motivações dos indivíduos, de modo que
suas particularidades no ciberespaço estão centradas no desconhecimento de determinado ator
sobre outros e nas variadas possibilidades de comunicação.
Nesse contexto, Primo (2003) trata as interações mediadas por computador sob
dois cenários: reativa, limitada às relações de estímulos e respostas, e mútua, caracterizada
por relações construídas e cooperativas. Conforme exemplificado por Recuero (2009, p.
32-33), respectivamente:

É o caso, por exemplo, da relação de um interagente com um hiperlink na web. Ao


agente é permitida, de um modo geral, apenas a decisão entre clicar ou não no link.
Ele não pode redefinir a URL para onde este link aponta, tampouco pode escolher
para onde deseja ir a partir daquele link. [...] Já em outros sistemas, como nos
comentários de um blog, por exemplo, é possível realizar um diálogo não apenas
entre os comentaristas, mas também com o autor do blog.

Diante disso, evidencia-se possíveis impactos sociais e individuais providos


dessas ações, como o estabelecimento de relações sociais (o conjunto dessas interações)
(Wasserman; Faust, 1994) e a institucionalização delas, os chamados laços sociais. Vale ainda
mencionar que o espaço online ao qual ocorrem essas interações não são chamadas de redes
sociais, mas de sites de redes sociais (SRS) - softwares usados para a comunicação mediada
por computador - que funcionam como um suporte para as dinâmicas construídas no ambiente
digital. Essa combinação (atores + conexões + SRS) resulta nas chamadas redes sociais
online. Dito isso, mostra-se também relevante compreender as características e os impactos
dos SRS no funcionamento das redes sociais online.
Os sites de rede social apresentam três principais características, definidas por
Boyd e Ellison (2007): viabilizam a construção de perfis parcialmente ou totalmente públicos;
permitem a criação de conexões entre os atores; e proporcionam a navegação e visualização
dos perfis disponíveis na rede. Dessa maneira, fica claro como os SRS podem amplificar as
17

conexões sociais e, consequentemente, a expressividade na rede e o fluxo de informações


recebidos pelos atores. Nessa perspectiva, outras características sintetizadas no conceito
“públicos em rede” (networked publics)4 da autora Boyd (2010) permitem a compreensão dos
impactos da apropriação dos SRS “no cotidiano dos indivíduos e na circulação de
informações nos grupos sociais” (Recuero; Soares, 2013, p. 242).
Diante disso, destacam-se quatro características: 1) persistência, as expressões
online permanecem na rede; 2) replicabilidade, as informações publicadas são facilmente
disseminadas; 3) escalabilidade, o potencial de alcance e transmissão do conteúdo; e 4)
buscabilidade, as interações e informações podem ser encontradas através de buscas. Fica
evidente, portanto, que a ampliação do ciberespaço e a popularização das tecnologias
proporcionaram uma comunicação de todos para todos, influenciando no aprimoramento da
inteligência coletiva - colaboração e compartilhamento de conhecimento entre indivíduos - e
no agrupamento e aproximação de atores com interesses mútuos (Lévy, 2010).
Por fim, Recuero (2009) enfatiza a presença e a construção de valores nas redes
sociais online, fatores que também influenciam na comunicação mediada por computador. O
primeiro deles corresponde à visibilidade: quanto maior o número de conexões na rede, maior
visibilidade o ator terá. Da mesma forma, maiores as possibilidades de receber as informações
ou suporte que deseja. Em sequência, há a reputação, ou seja, a percepção de alguém sobre os
demais atores através das impressões que são emitidas e dadas (Recuero, 2009), a exemplo de
publicações no perfil pessoal e os comentários direcionados à elas.
A popularidade relaciona-se com a capacidade de influenciar pessoas, sendo a
mais facilmente percebida. Enquanto que a autoridade relaciona-se com a influência do ator
sobre a sua rede, considerando a repercussão da sua produção e da percepção que os
influenciados têm sobre ele. No geral, os atores buscam construir sua reputação acerca de
temas e recortes específicos.
Em vista disso, esses valores possibilitam a manutenção, ampliação e construção
de conexões na rede social online. Além disso, confirmam como a difusão do conhecimento
na internet é fruto das interações e da cooperação entre todos os indivíduos.

2.3 O discurso mediado por computador e a sexualidade feminina no Instagram

4
O conceito “públicos em rede” (networked publics) compreende a apropriação dos atores sobre os espaços dos
SRS e o espaço em si.
18

Segundo o dicionário online Priberam, o termo discurso corresponde à “fala ou


texto apresentado perante uma audiência” ou “conjunto ordenado de frases, ditas em público
ou escritas”. Indo além da ótica linguística, Foucault (apud Passos, 2019) destaca o discurso
como uma prática sociocultural, ao qual o sentido é evidenciado após a consideração do
contexto (espaço/tempo) das proposições expressadas. Logo, para compreender um discurso,
evidencia-se a necessidade de observar as interações entre humanos e o contexto ao qual elas
se estabelecem.
Em vista disso, com a popularização e apropriação da internet, novas maneiras de
produzir e compartilhar sentidos foram gerados, ocasionando o chamado “discurso mediado
por computador”. Para Herring (2001 apud Recuero; Soares; 2013, p. 243), esse tipo de
discurso deriva da “comunicação produzida quando seres humanos interagem uns com os
outros através da transmissão de mensagens pelas redes de computadores”. Decorrente dessa
dinâmica, a autora aponta a existência de impactos para os sujeitos e para a produção do
discurso, tendo em vista as novas construções de sentido e variações na linguagem
provenientes do ambiente virtual. Não apenas os discursos, mas o comportamento do público
também pode sofrer interferências.
Diante disso, as redes sociais ampliaram a relevância e o alcance da comunicação
mediada por computador (Boyd; Ellison, 2007), permitindo novas possibilidades para o
acesso, discussão e compreensão de assuntos poucos discutidos em determinados espaços e
conversas físicas/presenciais, assim como o debate acerca de discursos que constantemente
estigmatizam e mantém tabus sociais. Assim, é necessário compreender como essas novas
dinâmicas permeiam na contemporaneidade.
Segundo dados divulgados pela pesquisa da We Are Social5 no início de 2023, o
Brasil possui, aproximadamente, cerca de 71% de usuários em redes sociais em relação ao
quantitativo que acessa a internet. Embora este número não corresponda a apenas contas
únicas, isso ainda revela elevada presença dos brasileiros nesses espaços. Outros dados
apontam que as principais redes usadas são o WhatsApp, Youtube e Instagram
respectivamente. Tendo como principal público usuário, as mulheres.

Tabela 1 - Top 3 das redes sociais mais usadas no Brasil


Redes Sociais (top 3 Brasil) Número de contas

WhatsApp 142,2 milhões

5
Agência de marketing digital especializada em mídias sociais.
19

Redes Sociais (top 3 Brasil) Número de contas

Youtube 142 milhões

Instagram 113,5 milhões


Fonte: elaborada pela autora com base nos gráficos da We are social.

Outras pesquisas da Opinion Box e Nielsen6 e da Specialist Researchers7,


realizadas em 2022, confirmam o público feminino como principal utilizador da internet e das
redes sociais, além de destacarem o Instagram como sua rede favorita. Diante disso, para o
desenvolvimento da pesquisa, é necessário considerar não só o alcance e relevância dos SRS,
mas também o uso dessas mídias pelo público-alvo e as características que melhor integram
os objetivos do estudo. Logo, o Instagram mostra-se como a melhor ferramenta para tal.
O Instagram foi desenvolvido pelos engenheiros Kevin Systrom e Mike Krieger
com o intuito de resgatar a nostalgia do instantâneo provenientes das “câmeras fotográficas
modelo Polaroid, cujas fotos revelavam-se no ato do disparo” (Ribeiro; Moscon, 2018).
Lançado em 2010, essa rede social passou por várias mudanças estratégicas para adequar-se
às demandas do mercado e às necessidades dos usuários. Embora o foco inicial tenha
consistido na publicação de imagens do dia a dia, hoje, os usuários buscam compartilhar e
criar conteúdo em diferentes formatos de maneira atrativa e interativa, objetivando
impulsionar a si, ao próprio negócio, as informações de áreas específicas e outros.
Através da criação de uma conta gratuita, o usuário usufrui dos recursos em
diferentes dispositivos como smartphones e computadores. Nele, pode-se publicar fotos e
vídeos que ficarão expostos no seu perfil pessoal e no “feed”, ou seja, na página principal do
aplicativo, podendo ser visto por pessoas que te seguem ou como recomendação para aqueles
que não. Ainda é possível editar os conteúdos das publicações ao adicionar filtros, músicas,
gifs, ou até mesmo ajustando efeitos de luz e contraste. Outros elementos permitem a
interação entre os atores na rede, como a opção de comentar, que possibilita a expressão e
troca de opiniões nas postagens, e a opção de salvar, ao qual garante revisitar a publicação em
momento posterior (Valinor, 2022).
Além disso, os conteúdos podem ser compartilhados em diferentes formatos,
influenciando na maneira que os atores consomem, percebem e reagem à ele. A partir dos
stories, postagens com imagem ou vídeo que somem em 24 horas, os conteúdos são
rapidamente consumidos pela sua curta duração (60 segundos), de modo que o ator, ao

6
Pesquisa realizada com o intuito de mapear o perfil das brasileiras em diferentes cenários.
7
Pesquisa realizada com o intuito de identificar os valores e as principais formas de consumo da geração Z.
20

consumir, apenas pode reagir com emojis ou comentar diretamente com outra pessoa, seja o
responsável pelo conteúdo ou aquele para o qual a publicação foi encaminhada.
Já em outros formatos, como publicações de carrossel ou reels (sequência de
imagem e vídeo de curta duração respectivamente), ainda é possível interagir na seção de
comentários com atores que você segue ou não. Diferente dos stories, o conteúdo pode ser
melhor detalhado e trabalhado, sendo possível difundir tutoriais, momentos engraçados e até
mesmo instigar discussões sobre pautas sérias. Ademais, o algoritmo do Instagram possibilita
a personalização das informações exibidas para cada usuário, visando sugerir materiais e
perfis que sejam interessantes e em acordo com os gostos de cada usuário. Por fim, ainda é
possível explorar recomendações, descobrir criadores e comprar produtos anunciados.
Diante disso, essa plataforma evidencia-se como uma nova e alternativa rede de
conhecimento, ao qual seu uso pode ir além do convencional. Isso interferindo e
influenciando no acesso a diferentes abordagens e percepções sobre temas tabus, a exemplo
da sexualidade feminina, temática central do estudo. Dessa forma, os recursos caracterizados
e pertencentes à rede não só permitem, no contexto explorado, “um acesso mais facilitado de
aprendizagem, de apoio e cuidado” como também o incentivo, dentro e fora das telas, relativo
a “autoexploração, a autodescoberta e identificação” (Rodrigues, 2023, p.11 e 23).
Por esse motivo, surgiram diferentes iniciativas, projetos e estudos com o intuito
de trabalhar a sexualidade em suas várias vertentes no Instagram, visando “o
desenvolvimento de pensamento crítico, autonomia e cuidado” dos usuários. (Oliveira et al.,
2022, p. 40). Situação experienciada pelos seguidores da página @projextsexualidade, do
grupo de extensão Sexualidade, gênero e HIV da Universidade do Estado da Bahia (UNEB).
Iniciado em 2021 no formato online, esse projeto busca compartilhar informações e
conhecimentos gerais acerca da sexualidade para o seu principal público-alvo: os jovens. Tal
iniciativa teve resultados significativos e positivos, conforme descrevem as autoras, uma vez
que possibilitaram o compartilhamento de saberes e o engajamento do público com a
temática, explorando conteúdos como identidade de gênero e uso de preservativos.
Elas ainda evidenciam como o espaço digital tornou-se favorável para a
comunicação e acolhimento do público-alvo em relação aos assuntos tratados. Para isso,
destacaram a importância do uso de uma linguagem acessível, do uso de imagens e imagens
de pessoas que o público-alvo pudesse se identificar e a escolha de temas direcionados e
escolhidos conforme a necessidade dos jovens do projeto (Oliveira et al., 2022).
De maneira semelhante, o perfil @orientacaosexualuepb, desenvolvido por
extensionistas da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), orientou e promoveu discussões
21

acerca das variadas dimensões da sexualidade para um público diverso, que possui diferentes
faixas-etárias, renda, escolaridade e outros fatores. Mesmo considerando essa complexidade
do público, uma vez que possuem diferentes percepções e vivências sobre a temática, os
autores destacaram resultados positivos da intervenção realizada uma vez que conseguiram
abordar temas “reprimidos e estigmatizados pelo senso comum” (Oliveira et al., 2021, n.p) à
medida que potencializaram a aprendizagem e a reflexão sobre eles e sobre outras questões
discutidas.
Para tal, os autores destacam a necessidade de produzir as postagens considerando
5 elementos: “estética, conteúdo, formatos, interação e colaboração” (Oliveira et al., 2021,
n.p), a fim de alcançar um processo educativo efetivo. Também elencaram o uso de uma
linguagem simplificada, a atenção aos feedbacks deixados pelos seguidores e a exposição dos
assuntos de maneira clara e didática, fundamentados em dados científicos, para o alcance de
resultados positivos (Oliveira et al., 2021). Em ambos os casos, observa-se como a
disseminação do conhecimento na rede social em questão foi benéfica para mudanças de
perspectiva e viabilidade de aprendizagem na área da sexualidade.
Em vista disso, mostra-se relevante e necessário compreender como o uso do
Instagram impacta na vertente da sexualidade trabalhada neste estudo, isto é, no
autoconhecimento sexual do público feminino, considerando que foram encontrados poucos
estudos dentro dessa temática relacionados às redes sociais. Além disso, salienta-se a
necessidade de reconhecimento do expressivo interesse do público-alvo na área delimitada,
uma vez que apenas as tags #sexualidadefeminina e #autoconhecimentofeminino contam com,
aproximadamente, 95 mil e 117 mil publicações, respectivamente.
22

3 METODOLOGIA

A presente pesquisa visa compreender como o uso das redes sociais influenciam
no processo de autoconhecimento sexual feminino ao considerar a disseminação dos
conteúdos e as vertentes da sexualidade trabalhadas, bem como os recursos da plataforma
escolhida que apoiam esse processo. Por esses motivos, este estudo possui caráter
exploratório, tendo em vista o intuito de oferecer informações em maior número sobre a
temática investigada e em diferentes aspectos (Prodanov; Freitas, 2013).
A partir disso, o trabalho fez uso do método estudo de caso por consistir “em uma
estratégia de pesquisa que busca examinar um fenômeno contemporâneo dentro de seu
contexto” (Roesch, 1999, p. 155) permitindo conhecer “seu amplo e detalhado conhecimento”
(Gil, 2010, p. 37). Para tal, Prodanov e Freitas (2013) apontam a necessidade de delimitar
uma unidade como objeto de estudo. Assim, para conferir rigor metodológico ao selecionar a
amostra, foi realizada uma pesquisa acerca dos principais perfis que tratam da temática
escolhida, utilizando o seguinte procedimento:

1. escolha de palavras-chaves;
2. escolha dos critérios de inclusão e exclusão de perfis;
3. pesquisa no Google através da combinação das palavras chaves;
4. tabulação dos resultados.

Dito isso, em concordância com os objetivos específicos e pergunta de partida da


pesquisa, foram selecionados 4 termos/palavras-chaves relacionadas: sexualidade feminina,
instagram, autoconhecimento sexual e educação sexual; com o objetivo de encontrar
resultados adequados ao propósito pretendido. Além disso, a definição de critérios de inclusão
e exclusão ajudaram a equiparar e especificar as características dos perfis ao passo que
colaborou com a filtragem e seleção dos elegíveis à análise.
Para tais finalidades, adotaram-se os seguintes critérios de inclusão: perfis
brasileiros, público-alvo feminino, 30 mil seguidores ou mais, 400 publicações ou mais,
postagens em todos os primeiros meses do ano de 2023 e presença de conteúdos textuais/
audiovisuais; e de exclusão: perfis estrangeiros; público-alvo não-feminino, menos de 30 mil
seguidores, menos de 400 publicações, postagens não realizadas em algum do meses iniciais
de 2023 e apenas a presença de conteúdos visuais.
23

A busca foi realizada entre os dias 29 de agosto a 04 de setembro no Google,


utilizando a seguinte combinação das palavras-chaves “instagram sexualidade feminina”,
“instagram autoconhecimento sexual” e “instagram educação sexual”. A partir dos
resultados, foram selecionados 9 perfis que se encaixaram nos critérios definidos. Estes foram
mapeados na tabela abaixo considerando as seguintes variáveis: tema, público-alvo e tipo de
conteúdo.

Tabela 2 - Relação de perfis selecionados na pesquisa


Perfil Tema Público-alvo Tipo de conteúdo

@brendamaia.fisio Educação Mulheres que possuem interesse Postagens informativas, em


N° de publicações: sexual, sobre sexualidade, principalmente sua maioria visuais/textuais,
1.221 sexualidade aquelas que já tiveram experiências sobre a sexualidade
N° de seguidores: sexuais
49,9 mil

@digavulva Fertilidade, Mulheres, em geral, com pouco ou Postagens com legendas


N° de publicações: menstruação, nenhum conhecimento sobre saúde explicativas sobre fertilidade,
168 saúde íntima prazer e afins
N° de seguidores: feminina
59,1 mil

@labioslivres Sexualidade, Focado em mulheres que possuem Postagens de temáticas


N° de publicações: prazer, interesse sobre sexualidade relacionadas ao feminino e
407 educação bem-estar sexual
N° de seguidores: sexual
36,6 mil

@luanalumertz Sexualidade, Focado em mulheres que possuem Vídeos e postagens


N° de publicações: brinquedos interesse sobre sexualidade e explicativos sobre sexualidade
1.233 sexuais, brinquedos sexuais e dicas gerais sobre brinquedos
N° de seguidores: educação sexuais
58,5 mil sexual

@novapanty Sexualidade Mulheres, com idade entre 18 a 30 Memes e conteúdos


N° de publicações: feminina, anos, que utilizam redes sociais com explicativos sobre o sexo
2.6020 humor, (auto) frequência
N° de seguidores: conhecimento
303 mil sexual

@prazerela Prazer, Mulheres com interesse em Em geral vídeos com reflexões


N° de publicações: reflexões, conhecer/desenvolver a auto sobre a vida e o feminino
834 consciência de intimidade
N° de seguidores: si
190 mil

@prazerobvious Prazer, Mulheres, com idade entre 18 a 30 Postagens divertidas sobre


N° de publicações: liberdade anos, interessadas em sexualidade sexualidade e prazer feminino
698 sexual
N° de seguidores:
186 mil

@shareyoursexbr Educação Mulheres que possuem interesse Postagens sobre saúde e


N° de publicações: sexual, sobre sexualidade educação sexual
24

1.280 autoconhecim
N° de seguidores: ento
68, 2 mil

@vaginasemneura Prazer, saúde Mulheres, em geral, interessadas em Postagens e vídeos


N° de publicações: íntima aprender sobre saúde íntima explicativos sobre saúde
1.377 íntima
N° de seguidores:
824 mil
Fonte: elaborada pela autora.

Dentre os perfis mapeados, foi necessário escolher aquele com maior


compatibilidade com a temática e maior relevância para a realização do estudo proposto.
Como o intuito é compreender sobre a influência dos conteúdos na sexualidade e nas práticas
de autoconhecimento sexual, o perfil selecionado deve abordar de maneira ampla assuntos
relacionados ao tema. Ao considerar esse requisito, permanecem os seguintes perfis:

1. @brendamaia.fisio
2. @labioslivres
3. @prazerobvious
4. @shareyoursexbr

Quanto à relevância, pode-se considerar o número de seguidores, o número de


postagens e as suas interações na seção de comentários. Isso deve ser considerado devido ao
reflexo das variáveis que indicam o possível alcance que os conhecimentos produzidos e
compartilhados na rede podem atingir, bem como as possíveis conexões a serem geradas
através das interações e das ações do próprio perfil. Com isso, temos:

Maior número de seguidores (em ordem)

1. @shareyoursexbr
2. @prazerobvious
3. @brendamaia.fisio
4. @labioslivres

Maior número de postagens (em ordem)


25

1. @prazerobvious
2. @shareyoursexbr
3. @brendamaia.fisio
4. @labioslivres

Maior número de interações na seção de comentários (em ordem)

1. @prazerobvious
2. @shareyoursexbr
3. @brendamaia.fisio
4. @labioslivres

Diante disso, o perfil que melhor se enquadra nos requisitos e objetivos do estudo
é o @prazerobvious. Criado e gerenciado pela Obvious Agency desde 2020, esse perfil foca
na criação de conteúdo sobre bem-estar sexual com direcionamento para o público feminino
ao abordar situações comuns às narrativas femininas dentro dessa temática, conforme instiga
o diálogo sobre elas de maneira leve, engraçada e educativa. Ainda é possível destacar a
promoção de produtos de bem estar-sexual presentes na loja (de mesmo nome) gerenciada
pela empresa do perfil. Vale mencionar que a Obvious Agency é composta por um grupo de
mulheres que pautam as postagens a partir das próprias experiências, o que gera identificação
com o seu público (Geraldo, 2020). Existem ainda outras duas contas gerenciadas por elas:
@obvious.cc e @chapadinhasdeendorfina, conteúdos gerais do público feminino e
direcionados sobre bem-estar e esporte, respectivamente.
A abordagem metodológica utilizada na pesquisa se baseia na análise do discurso
mediado por computador (CMDA) proposta por Herring (2004), a qual visa a análise do
conteúdo e da comunicação online pela linguagem, sendo considerados as interações e
registros provenientes do perfil escolhido, a exemplo de mensagens e discussões (Herring,
2004). Diante disso, optou-se pela abordagem qualitativa em decorrência do interesse à
“compreensão minuciosa dos significados, bem como das características presentes no objeto
de estudo” (Marsiglia, 20, p.31). Portanto, a análise constitui-se da observação, interpretação
e argumentação do fenômeno discursivo textual.
Para a coleta de dados, foi utilizada a técnica de observação simples que consiste
em “recolher e registrar os fatos da realidade” sem o uso de meios técnicos ou perguntas
diretas (Prodanov; Freitas, 2013, p. 102). Assim, foram selecionadas 6 (seis) postagens do
26

perfil @prazerobvious com maiores interações nos comentários entre os meses de Janeiro a
Junho de 2023, uma referente a cada mês. O mapeamento e a escolha das postagens ocorreu
entre os dias 24 de outubro a 24 de novembro. Mesmo sendo uma amostra limitada, ainda é
possível construir análises profundas sobre os modos como o conteúdo e o discurso são
usados e difundidos nas redes sociais, conforme evidenciado nos estudos de Recuero e Soares
(2013).
Para a análise, foram considerados os 5 níveis ou domínios propostos na
abordagem: Estrutura, Sentido, Interação, Comportamento Social e Multimodalidade
(Herring, 2004; Recuero; Silva, 2013), que compreendem:

1. Estrutura: questões relacionadas às características do discurso - oralidade,


formalidade, expressividade - e do conteúdo da amostra;
2. Sentido: intenção da mensagem, o uso de palavras para a construção do sentido e as
trocas realizadas;
3. Interação: tempo, sucessão de conversas, a interação como construção de
conhecimentos e trocas, entre outros;
4. Comportamento social: dinâmica social da rede, integrando influência e poder
exercido pelos atores, as comunidades existentes e demais elementos;
5. Multimodalidade: escolha e uso de elementos para a comunicação do conteúdo, a
saber texto, animações, posicionamento espacial dos elementos, referências usadas e
outros.
27

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A pergunta inicial do desenvolvimento do estudo, partiu da curiosidade de


compreender como as redes sociais, em especial o Instagram, pode apoiar a busca por
autoconhecimento sexual no público femino. O questionamento é importante uma vez que as
redes sociais e a mídia digital desempenham um papel significativo na busca de informações e
conhecimento. Com objetivo de analisar a influência das redes sociais no processo de
autoconhecimento sobre sexualidade feminina, nesta seção vamos mostrar como um perfil na
rede social Instagram atua no compartilhamento de informações. Para isso, a seção também
irá verificar como o perfil escolhido contribui na disseminação de conhecimentos sobre a
sexualidade feminina; especificar como os recursos presentes na rede social Instagram
apoiam o processo de autoconhecimento sexual; e identificar as principais vertentes da
sexualidade discutidas e compartilhadas para o público feminino.
O perfil @prazerobvious possui, aproximadamente, 200 mil seguidores no
Instagram. Com o intuito de incentivar conversas e práticas de autoconhecimento acerca da
sexualidade feminina, os conteúdos postados naturalizam e abordam questões de maneira
leve, simples, engraçada e com toques de pessoalidade. Recorrentemente sendo apresentadas
narrativas e informações sobre experiências sexuais/amorosas, relacionamentos com amigos e
consigo, uso de vibradores, pesquisas na área e conselhos. Nos quadros abaixo serão
apresentadas as características principais de 6 (seis) postagens em ordem decrescente de data
de publicação de junho a janeiro de 2023. Serão mostrados seis quadros com as respectivas
postagens e datas de publicação, números de curtidas, de comentários e o estilo da postagem
(se reels ou carrossel). Após os quadros serão analisadas as postagens de acordo com a
análise do discurso mediado por computador (CMDA) proposta por Herring (2004), na qual
busca entender como a tecnologia influencia a comunicação humana e como as interações
online moldam a construção de identidades e a expressão cultural. Diante disso, para a
análise, foram considerados os 5 níveis ou domínios sendo eles: Estrutura, Sentido, Interação,
Comportamento Social e Multimodalidade.
A seguir, a descrição do recorte das postagens:

Quadro 1 - Análise simples da postagem 1


28

Postagem Tema Número de Número de Tipo de conteúdo


(26/06/2023) curtidas até comentários até
25/11/2023 25/11/2023

https://www.instagr Como demonstrar 76.467 742 Reels


am.com/reel/Ct9u2 interesse para
TPv90B/?utm_sour alguém sobre
ce=ig_web_copy_li querer fazer sexo
nk&igshid=MzRlO
DBiNWFlZA==
Fonte: elaborada pela autora com base no trabalho de Pereira (2020).

Quadro 2 - Análise simples da postagem 2

Postagem Tema Número de Número de Tipo de conteúdo


(11/05/2023) curtidas até comentários até
25/11/2023 25/11/2023

https://www.instagr Experiências e 7.029 77 Carrossel


am.com/p/CsHSK opiniões sobre o
QiPGhI/?utm_sour uso de vibrador
ce=ig_web_copy_li
nk&igshid=MzRlO
DBiNWFlZA==
Fonte: elaborada pela autora com base no trabalho de Pereira (2020).

Quadro 3 - Análise simples da postagem 3


29

Postagem Tema Número de Número de Tipo de conteúdo


(19/04/2023) curtidas até comentários até
25/11/2023 25/11/2023

https://www.instagr Fazer sexo de 13.578 304 Carrossel


am.com/p/CrOplUr meias te faz gozar
veGi/?utm_source= mais
ig_web_copy_link
&igshid=MzRlOD
BiNWFlZA==
Fonte: elaborada pela autora com base no trabalho de Pereira (2020).

Quadro 4 - Análise simples da postagem 4

Postagem Tema Número de Número de Tipo de conteúdo


(17/03/2023) curtidas até comentários até
25/11/2023 25/11/2023

https://www.instagr Coisas 17.638 268 Carrossel


am.com/p/Cp5O2Y inexplicáveis que
RNZts/?igshid=OD despertam o tesão
hhZWM5NmIwOQ
%3D%3D&img_in
dex=1
Fonte: elaborada pela autora com base no trabalho de Pereira (2020).

Quadro 5 - Análise simples da postagem 5


30

Postagem Tema Número de Número de Tipo de conteúdo


(17/02/2023) curtidas até comentários até
25/11/2023 25/11/2023

https://www.instagr Conversar com 12.562 101 Reels


am.com/reel/CoxIr amigos sobre
mFLq79/?igshid=O experiências
DhhZWM5NmIwO sexuais
Q%3D%3D
Fonte: elaborada pela autora com base no trabalho de Pereira (2020).

Quadro 6 - Análise simples da postagem 6

Postagem Tema Número de Número de Tipo de conteúdo


(20/01/2023) curtidas até comentários até
25/11/2023 25/11/2023

https://www.instagr Fetiche 9.892 118 Carrossel


am.com/p/Cnprnlz
Mp3G/?igshid=OD
hhZWM5NmIwOQ
%3D%3D&img_in
dex=1
Fonte: elaborada pela autora com base no trabalho de Pereira (2020).
31

Conforme os quadros, percebe-se dois modelos de postagem: reels, vídeo de curta


duração, e carrossel, sequência de imagens. Vale ressaltar que os dois reels são repostagens,
ou seja, não são conteúdos produzidos pela página, mas conteúdos advindos de outras
páginas. A postagem do quadro 01 é original da @fran.wt e a postagem do quadro 5 é de
@mabelfgp da rede TikTok. Elas foram inseridas na análise devido à grande interação e
curtidas, o que demonstra interesse por parte dos seguidores da página sobre o assunto ou
conteúdo.
As postagens do quadro 2, 3, 4 e 6 apresentam um modelo de carrossel e são
postagens de conteúdo próprios da página analisada. De forma geral os conteúdos foram: (1)
prazer individual com o uso de vibradores, (2) prazer com outra pessoa, apesar de focar no
uso de meias, (3) aspectos que dão tesão nos indivíduos e (4) tipos de fetiches. A seguir, são
apresentadas as análises das postagens relacionadas a cada nível.

4.1 Estrutura

A postagem 1 apresenta uma jovem mulher respondendo a seguinte pergunta de


uma seguidora: “Como eu mostro que quero dar pra ele?”. Como resposta, ela comenta de
forma leve e direta que a pessoa deveria enviar a seguinte mensagem “Oi querido, você
gostaria de me macetar?” para quem está interessada. Em ambas as falas, há a presença de
termos informais comumente usados pelo público-alvo do conteúdo, o que os aproxima da
página. O vídeo em si traz o foco para o rosto da mulher e permite o entendimento da fala
tanto por áudio quanto por texto, através das legendas.
A postagem 2 possui a mesma estrutura: plano de fundo de uma paisagem com
uma mulher jovem saltando no centro, ambos em preto e branco, em conjunto com o texto “A
primeira vez usando um sugador de clitóris” posicionado acima na foto e o comentário sobre a
experiência, abaixo. O texto da primeira frase está escrito parcialmente em caixa alta e utiliza
diferentes cores e tipografias para destacar o trecho “usando um sugador”. Isso evidencia o
foco e o motivo da postagem, possivelmente sugestionando o teste do produto para a
audiência. Já o segundo texto está sobreposto a um fundo colorido e escrito totalmente em
caixa alta, constituído de expressões informais em primeira pessoa, revelando aspectos
subjetivos e sentimentais dos seguidores em relação às sensações experienciadas no uso do
vibrador.
A postagem 3 apresenta e comenta uma pesquisa em formato de carrossel.
Diferente das demais, essa postagem possui bastante texto e utiliza continuamente imagens de
32

pés usando meias, seja como plano de fundo ou como elemento decorativo, para reforçar o
tema abordado. Há ainda o uso de diferentes tamanhos e tipos de tipografia, e cores suaves e
vibrantes para destacar determinadas informações presentes. No geral, a escolha e aplicação
desses elementos reforçam a identidade do perfil: jovem, dinâmico e moderno. Além disso, o
texto escrito busca ainda aproximar o leitor quanto ao resultado da pesquisa enquanto utiliza
termos e expressões típicos da oralidade. Também instiga a discussão e o teste acerca da
situação relatada ao finalizar com “testem e contem pra gente nos comentários!”.
A postagem 4 é um carrossel com 10 itens similares seguindo a mesma estrutura:
plano de fundo com textura de frutas e plantas nas bordas direita e esquerda, com textos
centralizados. O texto “coisas inexplicáveis que despertam seu tesão” é repetido em todas as
imagens, dando contexto à postagem, e seguido por descrições de situações inusitadas que
originam tesão. Com o uso de tipografias diferentes e elementos visuais, há destaque para os
termos/expressões “que despertam” e “tesão”. Dito isso, tal escolha evidencia não só o foco
da postagem como denota que tais situações podem ser comuns a qualquer pessoa. Fica ainda
mais claro o interesse devido ao uso do pronome possessivo seu - indicativo de algo que lhe
pertence/é relacionado. Já os comentários são escritos em primeira pessoa, em caixa alta,
revelando sensações pessoais do locutor. Vale ainda mencionar que a estrutura possui três
diferentes cores aplicadas com base em regras de contraste e legibilidade, visando a facilidade
de leitura das informações.
A postagem 5 mostra um círculo de amigos deixando a mesa com a seguinte
mensagem no topo: eu e meus amigos deixando a mesa do restaurante após gritar toda a nossa
vida sexual em alto e bom som. O vídeo foca na ação das pessoas e utiliza música de fundo
para adicionar teor humorístico à situação apresentada. As expressões e o comportamento das
pessoas repassam tranquilidade e confiança, demonstrando que não há nenhum problema em
comentar sobre isso com outras pessoas.
A postagem 6 apresenta dados e descrições sobre diferentes fetiches. A cada
imagem, o título e o plano de fundo referenciam e representam o tipo de fetiche descrito,
facilitando a compreensão e o consumo das informações mesmo que os textos de apoio não
sejam lidos. Isso é potencializado pela diferenciação de tamanho e tipo da tipografia, assim
como a não sobreposição dos textos em pontos característicos das imagens. Tanto o título
quanto o texto de apoio usam expressões informais, incluindo gírias provenientes do meio
digital, aproximando e estabelecendo uma conversa com a audiência sobre esse recorte
temático. Vale ainda mencionar que a legenda especifica a fonte dos dados e revela o motivo
da postagem: especial para o Dia Internacional do Fetiche.
33

Diante disso, observa-se como o perfil constrói a sua reputação e,


consequentemente, sua autoridade na rede. O @prazerobvious se concentra na produção e na
replicabilidade de conteúdos de outros focados na temática da sexualidade, mas direcionados
aos interesses do público feminino, certificando a audiência sobre o foco em impulsionar
informações neste recorte específico. Com o uso de elementos e expressões característicos do
público jovem e da coloquialidade, o perfil aproxima o público-alvo da página enquanto torna
acessível e descomplicado o consumo das informações repassadas, o que solidifica a sua
influência sobre seus seguidores no Instagram.

4.2 Sentido

No primeiro exemplo, os termos informais “quero dar” e “macetar” correspondem


à vontade de querer se relacionar sexualmente. O segundo termo, inclusive, foi ressignificado
no meio digital uma vez que seu significado original é bater com o instrumento maceta,
segundo o dicionário Priberam. Dessa maneira, a pergunta realizada pela seguidora expressa
receio e embaraço quanto à abordagem do assunto com outra pessoa, especialmente, alguém
que você gostaria de se relacionar. Contudo, pela resposta da jovem mulher, fica claro que a
ideia do conteúdo é mostrar como tal questão pode e deve ser abordada de forma simples, leve
e direta, sem a necessidade de sentir vergonha ou outro sentimento negativo.
No segundo exemplo, há diversos comentários sobre o uso do sugador de clitóris.
Todos referenciam positivamente a experiência do uso e das sensações sentidas usando
linguagem informal e figuras de linguagem, como comparação e hipérbole. A mensagem
ainda é reforçada pelo uso da figura feminina saltando ao centro, expressando sentimentos e
sensações de leveza, felicidade, prazer e satisfação. Observa-se em ambos os exemplos,
portanto, uma construção de discurso que naturaliza a conversa sobre a sexualidade e
destigmatiza a visão sobre determinados tabus, como a masturbação (Ferreira, 2022).

Imagem 3, 4 e 5 - postagem sobre as experiências


com sugadores de clitóris
34

Fonte: @prazerobvious

No terceiro exemplo, a ideia é diminuir a descrença sobre o resultado da pesquisa


que aponta maiores probabilidade de gozar durante a relação sexual ao usar meias. Por esse
motivo, o texto tenta gerar identificação com o leitor ao trazer expressões que refletem
possíveis reações e pensamentos iniciais, tais quais “sua cafonice pode ter fundamento” e “a
ADM não está tirando isso da cabeça não, olha só:”. O uso “ADM” refere-se ao administrador
da página, posto comum para aqueles que são responsáveis por perfis de empresas, conteúdos,
artistas e outros nas redes sociais. Ademais, a fim de credibilizar sua imagem e repassar
confiança acerca da informação, a postagem faz uso de elementos necessários e reconhecidos
como certificáveis da seguridade do conteúdo, tais como o nome do instituto de pesquisa e os
dados encontrados. Isso reflete diretamente na percepção da página e, consequentemente, na
sua autoridade.

Imagem 6 - postagem sobre “Fazer sexo de meias


te faz gozar mais”

Fonte: @prazerobvious

No quarto exemplo, há a exposição de inúmeras situações inusitadas que


despertam tesão. Com o uso do termo “inexplicáveis” no título, a postagem justifica a
35

presença das situações citadas e abranda possíveis sentimentos negativos relacionados a elas.
Indo além, como não é possível elucidar motivos que despertam tal sensação, as pessoas
poderiam se sentir constrangidas ou solitárias por essa condição acontecer com elas em
circunstâncias incomuns. Entretanto, ao citar diferentes contextos e ações nessa perspectiva, o
perfil demonstra que tais cenários podem ser comuns a qualquer pessoa, possibilitando a
mudança de percepção do leitor sobre o próprio tesão e do outro. O uso dos comentários em
primeira pessoa ainda aproxima e viabiliza a identificação da audiência com o conteúdo.

Imagem 7 - postagem sobre coisas inexplicáveis


que despertam o tesão

Fonte: @prazerobvious

No quinto exemplo, a expressão “alto e bom som” significa falar abertamente,


sem receio de ser ouvido. O uso da música de fundo complementa esse sentido ao dar o tom
do vídeo: humorístico. Mesmo sendo abordado de forma engraçada, o intuito da mensagem é
gerar identificação com a audiência sobre a situação citada, ou seja, conversar em público
sobre a própria sexualidade e a do outro. De maneira implícita, também revela o quanto esse
comportamento deveria ser usual e desacompanhado de sentimentos como vergonha, afinal,
através do diálogo é possível desconstruir “conceitos que são impregnados desde sempre
acerca da sexualidade e da educação sexual” (Oliveira et al., 2021, n.p).Indo além, também
permite a reflexão do quanto deve ser abordado ou detalhado no cenário especificado. Mesmo
o conteúdo estando parcialmente ligado ao autoconhecimento, ele promove um dos caminhos
para ele: o diálogo.
No sexto exemplo, alguns dos títulos referenciam expressões populares, enquanto
outros usam de jogo de palavras para construir sentido. No geral, as chamadas explicitam
claramente o tipo de fetiche à medida que atraem e instigam a leitura do conteúdo. O intuito
da postagem é explicar sobre alguns fetiches e apresentar os números de interessados em
36

praticá-los, de acordo com uma pesquisa realizada pelo pesquisador Justin Lehmiller. Desse
modo, essa abordagem permite que os leitores possam tentar experimentar e conhecer novas
sensações e gostos relativos à sexualidade. Isso fica ainda mais evidente pela legenda “ Bora
explorar nossos desejos com consentimento e t•são?”.

Imagem 8 e 9 - postagem sobre fetiches

Fonte: @prazerobvious

Dito isso, fica evidente como o perfil utiliza da comunicação informal para
aproximar o leitor ao mesmo tempo que tenta gerar identificação nas situações abordadas.
Através do uso de ferramentas de comunicação mediadas por computador, o discurso usado
no ambiente digital sofre interferências do meio, do contexto histórico e do uso proveniente
dos atores, gerando expressões facilmente familiares para aqueles que costumam acessar tal
rede social. Como a pesquisa é focada no Instagram, não será possível identificar se as
expressões (e nem é o objetivo) são reconhecidas por usuários de outras redes sociais. Quanto
ao conteúdo e sua mensagem, revela-se a sua apresentação de maneira leve, humorada e, por
vezes, dinâmica, demonstrando que a discussão sobre sexualidade feminina pode facilmente
estar presente no dia a dia da sua audiência.

4.3 Interação

A interação pode ser realizada através de curtidas, comentários e


compartilhamentos - esta última não sendo mensurada em conteúdos do tipo carrossel por
estar disponível apenas para o responsável de cada conta. Dessa maneira, esses elementos
podem representar e gerar, respectivamente, apoio e legitimação ao conteúdo,
questionamentos e discordâncias (Recuero; Soares, 2013), e sinalizar o interesse e o alcance
da mensagem.
37

A postagem 1 alcançou 76.467 curtidas, 742 comentários e 49,7 mil


compartilhamentos. A maioria dos comentários são feitos pelo público feminino. Embora não
discordem dessa resposta, muitas pontuam que tal ação pode não ser efetiva uma vez que os
homens se sentem intimidados ou não levam a sério. No geral, muitas comentam que já
mandaram mensagem semelhante com essa intenção, enquanto outras ainda sentem vergonha
de tomar essa iniciativa.

Imagem 10 - comentário retirado da seção de


comentários da postagem 1

Fonte: printscreen do perfil @prazerobvious

Imagem 11 - comentário retirado da seção de


comentários da postagem 1

Fonte: printscreen do perfil @prazerobvious

Diferente da anterior, a postagem 2 recebeu 7.029 curtidas e apenas 77


comentários, tendo maior similaridade entre o quantitativo daquelas que apoiam e discordam
da experiência quanto ao uso do vibrador em específico. Inclusive, existem muitos
comentários repetitivos no sentido “a melhor compra da vida” ou “não me identifiquei com o
sugador não”. Ainda é comum observar perfis marcando outros perfis femininos para
contribuir com a discussão ou simplesmente visualizar o conteúdo. A postagem ainda
possibilitou uma troca assíncrona entre as seguidoras sobre experiência e identificação
pessoal, permitindo que elas ampliem seus horizontes quanto à possibilidade de usar
vibradores para prazer e autoconhecimento próprio.

Imagem 12 - comentário retirado da seção de


comentários da postagem 2
38

Fonte: printscreen do perfil @prazerobvious

A postagem 3 recebeu 13.578 curtidas e 304 comentários, em sua maioria de


perfis com identificação feminina. Essa, em especial, promoveu bastante discussão quanto ao
uso ou não da meia, já que muitas não se sentem confortáveis devido ao calor, enquanto
outras adoram. Mesmo que o conteúdo da mensagem seja a relação entre meias e o ato de
gozar, não foi possível identificar comentários reforçando descrença na pesquisa, pelo
contrário, muitas ficaram curiosas e comentaram que queriam testar.

Imagem 13 - comentário retirado da seção de


comentários da postagem 3

Fonte: printscreen do perfil @prazerobvious

Imagem 14 - comentário retirado da seção de


comentários da postagem 3

Fonte: printscreen do perfil @prazerobvious


39

A postagem 4 recebeu 17.638 curtidas e 268 comentários, em sua maioria, de


perfis femininos. Diferente das anteriores, as seguidoras ao invés de comentar sobre o
conteúdo explicitado, passaram a complementá-lo citando novas e diferentes situações
inusitadas que despertam o tesão delas. Um fator interessante desse movimento foram as
inúmeras curtidas direcionadas a comentários específicos, sugerindo apoio e legitimação às
palavras do outro, evidenciando como qualquer um pode sentir tesão em uma situação
inusitada.

Imagem 15 - comentário retirado da seção de


comentários da postagem 4

Fonte: printscreen do perfil @prazerobvious

Imagem 16 - comentário retirado da seção de


comentários da postagem 4

Fonte: printscreen do perfil @prazerobvious

Enquanto isso, a postagem 5 recebeu 12.562 curtidas, 10,5 mil compartilhamentos


e 101 comentários. Surpreendentemente, a maioria dos comentários eram constituídos de
marcações de outros perfis, indicando o quanto os seguidores se viam na situação apresentada.
No entanto, ainda foi possível identificar comentários contrários a expressão “alto e bom
som”, ou seja, não comentariam livremente sobre episódios dentro da temática. Fica claro,
portanto, a relevância em explorar como as pessoas se sentem sobre essa situação e os
motivos para tal, contudo, essa investigação pode ser realizada em outro momento, já que não
abrange os objetivos da presente pesquisa.

Imagem 17 - comentário retirado da seção de


comentários da postagem 5

Fonte: printscreen do perfil @prazerobvious


40

A postagem 6 recebeu 9.892 curtidas e 118 comentários. Os comentários estão


divididos entre aqueles que se identificam com algum tipo de fetiche citado, aqueles que
gostariam de tentar e aqueles que levantaram discussões acerca das informações apresentadas
na postagem. Como as informações permanecem na rede, a discussão pode se prolongar por
muito tempo, gerando inúmeras trocas e exposição de diferentes pontos de vista.

Imagem 18 - comentário retirado da seção de


comentários da postagem 6

Fonte: printscreen do perfil @prazerobvious

Em detrimento às variáveis em destaque, fica evidente o poder de replicabilidade


e escalabilidade que um conteúdo pode obter na rede. Mesmo que a postagem não tenha sido
vista por todos aqueles que a seguem, ainda assim, outras centenas ou milhares de contas
podem ser impactadas, como é o caso do exemplo 1. Pela seção de comentários, o conceito de
rede social online torna-se evidente, já que é possível conversar com outros atores e se
posicionar acerca do que ele comentou, seja apenas “curtindo” ou comentando diretamente.
Isso pode ampliar as conexões entre os atores e/ou a página, refletindo na visibilidade de cada
conta relacionada.
Por fim, não só o discurso pode sofrer interferências do meio, como citado no
nível anterior, mas o comportamento dos atores também (Herring, 2004). Já que os perfis são
representações da personalidade e identidade dos atores (Sibilia, 2003; Lemos, 2002), logo, o
que eles comentam também refletem as suas vontades, ideias e similares. Dito isso, existem
muitos comentários de perfis com identificação feminina nas postagens escolhidas relatando
que tentariam ter as experiências apresentadas ou testariam os sugadores de clitóris. Isso
demonstra como o discurso de outros e o conteúdo compartilhado podem contribuir com essas
mudanças.

4.4 Comportamento Social


41

Diante o exposto, observa-se que a iniciativa @prazerobvious continuadamente


coloca o ser feminino como protagonista da própria sexualidade, reforçando a mensagem de
busca e interesse pelo autoconhecimento sexual e autonomia de si e do próprio corpo. Ao dar
voz para elas e compartilhar situações/assuntos do seu interesse e de fácil identificação
pessoal, o discurso produzido pela página é legitimado. Com quase 200 mil seguidores, o
perfil reflete a sua popularidade ao instigar reflexões, novos comportamentos e conversas
sobre o conteúdo ao mesmo tempo que é compartilhado e visualizado por números
expressivos de contas na rede social escolhida.
Mesmo que haja poucas discordâncias quanto ao que é publicado,
majoritariamente se notam trocas feitas por mulheres e para mulheres nos comentários,
adicionando informações e relatos úteis e complementares ao que foi consumido. Como as
informações são persistentes, é possível que outros consumam a conversa já estabelecida ou
contribuam com novas adições. Mesmo com limitações, ainda é possível realizar trocas em
ambientes privados, as chamadas DMs - Direct Message, em tradução, mensagem direta. No
geral, ambas as opções colaboram para a criação de senso de comunidade e identidade nas
seguidoras.
Além disso, com o uso de elementos e informações confiáveis nas postagens em
conjunto com o número de seguidores, publicações e interações, é possível afirmar que tais
aspectos influenciam na percepção e credibilidade do perfil em relação aos seguidores,
contribuindo positivamente nos quesitos de visibilidade, reputação, popularidade e autoridade
da iniciativa.

4.5 Multimodalidade

O Instagram permite o uso de diferentes recursos para apresentação e interação do


conteúdo, interferindo diretamente na maneira como o discurso é percebido e compartilhado.
Dito isso, é possível perceber o direcionamento de determinado tipo de conteúdo para um tipo
específico de formato, provavelmente considerado o mais indicado pelos responsáveis da
página. Enquanto os reels são mais utilizados para retratar ou mencionar situações
sexuais/amorosas de forma engraçada, as postagens simples e em formato carrossel visam a
difusão de informações sobre práticas, pesquisas e situações características da sexualidade
feminina, além de promover conselhos amorosos/sexuais.
Outros formatos, como os stories, não foram analisados. As características dos
elementos presentes em imagens e vídeos podem reforçar o sentido e a intenção da
42

mensagem, a exemplo da feição tranquila e desinibida da jovem mulher na postagem 1,


quanto a identidade da página. Estes ainda proporcionam identificação e aproximação com o
público-alvo. Há ainda recursos que ampliam o alcance do discurso e geram novas conexões
no ambiente da plataforma, como as marcações nos comentários e os compartilhamentos no
próprio perfil, e outros que encorajam a ampliação da discussão com outras pessoas, como o
envio para as DMs.
Diante disso, fica evidente como a tecnologia pode estar contribuindo para uma
melhora na relação entre a mulher e a sexualidade. Embora não seja possível apontar com
clareza as principais vertentes trabalhadas na rede social escolhida, já que apenas um único
perfil foi analisado, ainda sim observa-se diferentes maneiras para usufruir e expressas
questionamentos, informações, práticas e similares no campo da sexualidade. Através de
iniciativas seguras, o conhecimento pode ser compartilhado sem maiores problemáticas,
permitindo a redução de “barreiras impostas pela sociedade entre nós mulheres” (Santana,
2022, p. 12) ao passo que amplia horizontes sobre a vida e sobre si.

4.6 Visão geral

Para finalizar a análise, o estudo identificou os principais temas que foram


compartilhados em sua página na qual pode despertar o interesse do público feminino. Em
geral, as postagens apresentam uma linguagem informal, usam memes ou metáforas usando
animais como personagens, por exemplo:

Imagem 19 - postagem sobre situações


vivenciadas no carnaval

Fonte: @prazerobvious
43

A postagem8 estimula a lembrança de situações embaraçosas e engraçadas que os


seguidores passaram durante o carnaval, como “Eu me lembrei da vez que eu beijei um feio
no meio do carnaval”. Um dos seguidores responde e apela que as mulheres beijem mais os
feios, pois eles também são gente. Em geral, as interações sociais dentro da página possuem
um clima amistoso e descontraído. Para esse estudo, não foi possível realizar um estudo
quantitativo dessas interações.
A página também reposta muitos conteúdos em formato de vídeos de outras redes
sociais como o TikTok e de outras personalidades, conforme mostrado nas análises acima.
Utilizam muitos memes relacionados aos signos e também fazem conteúdos com animais para
levantar discussões sobre as temáticas da página.

Imagem 20 - postagem sobre


situações amorosas

Fonte: @prazerobvious

A postagem9 apresenta um carrossel de vários tipos de situações em relações


amorosas, como por exemplo: “Profissional na arte de conduzir drs [discutir a relação] - tudo
tem que ser do meu jeito” ou “Profissional na arte de flertar discretamente - nem olho para a
pessoa” e por fim usam um imagem para vender um produto lubrificante usando o mesmo
meme: “Profissional na arte de catar promoções no ar - lubrificante do prazer de R$ 89,00 por
R$ 70,00”.
Dentro do tempo analisado, os principais temas abordados são: prazer feminino,
masturbação, libido, lugares para fazer sexo, preliminares, temas sobre relacionamentos,

8
Postagem do dia 15 de fevereiro de 2023, disponível em:
https://www.instagram.com/p/CosoTPntHVn/?utm_source=ig_web_copy_link&igshid=MzRlODBiNWFlZA==
9
Postagem do dia 09 de fevereiro de 2023, disponível em:
https://www.instagram.com/p/CoVxto7sa6i/?utm_source=ig_web_copy_link&igshid=MzRlODBiNWFlZA==
44

como por exemplo: paixão, ressentimento, traição, autoestima, divórcio, estar em um


relacionamento sério, abusivo ou ser solteira.
Em uma macro análise, percebe-se que a página comenta assuntos que levam as
pessoas a comprarem um produto sendo ele vibradores e lubrificante. No tempo, analisado
não percebeu-se temas sobre assuntos como a homosexualidade e transsexualidade. Nas
postagens percebe-se que a maioria delas são relacionadas ao público feminino como
mostrada na imagem abaixo10.

Imagem 21 - postagem sobre situações


a serem vivenciadas com amigas

Fonte: @prazerobvious

Das mensagens analisadas, a maioria das postagens se direcionam às mulheres


que estão em um relacionamento hétero, somente uma mensagem do tipo de reels comenta o
assunto sobre homosexualidade entre mulheres. Portanto, se faz necessário registrar que o
perfil poderia abrir mais as temáticas e trazer mais conteúdos que não fossem repostagens de
outros perfis. A seguir esboça-se as considerações do estudo.

10
Postagem do dia 16 de junho de 2023, disponível em:
https://www.instagram.com/p/CtjORGdrtoG/?utm_source=ig_web_copy_link&igshid=MzRlODBiNWFlZA==
45

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da popularização da internet e das tecnologias de informação e


comunicação, caracterizaram-se novas dinâmicas para o acesso e a produção de informações,
assim como para a comunicação entre os indivíduos. Nessa perspectiva, as redes sociais
mostram-se como ferramentas adequadas para essas atividades, tendo em vista o potencial de
alcance e os inúmeros recursos disponíveis. Como consequência, o Instagram se tornou um
significativo meio de conhecimento e expressão sobre temas da realidade, incluindo os
considerados tabus, como o tema dessa pesquisa.
Com indivíduos cada vez mais engajados no universo digital, é possível informar
sobre recortes específicos e levantar discussões acerca de questões não usuais. Por outro lado,
também é passível o consumo de desinformação a respeito desses assuntos, por isso, os
usuários precisam estar atentos aos criadores de conteúdos presentes nas redes e os elementos
característicos que asseguram a credibilidade das postagens, como a presença de fontes sobre
as informações do conteúdo. Em vista disso, a pesquisa buscou trabalhar com perfil presente
na rede social Instagram que se preocupasse em produzir e repassar conteúdos de qualidade
feitos por profissionais responsáveis, como é o caso do perfil @prazerobvious, que aborda a
sexualidade de modo amplo em caráter educativo, descomplicado e engraçado.
Dito isso, analisar o discurso e o conteúdo das postagens da página, através do
método de análise do discurso mediado por computador, possibilitou a compreensão sobre
diferentes maneiras em que o conhecimento pode ser difundido. Também permitiu assimilar
como o discurso e os recursos presentes no Instagram, tais como imagens e vídeos, podem
impactar pontos de vistas e comportamentos, em especial, aqueles voltados ao
autoconhecimento sexual. Esses dados assemelham-se aos estudos de Lauretis (1987) no qual
destacam que as tecnologias reforçam e constroem nossas concepções de identidade e papel
de gênero.
O potencial de alcance da plataforma impulsiona consideravelmente o número de
usuários que podem consumir as informações e/ou conhecer a página. Vale ainda mencionar
que a variedade de formatos e recursos da rede social escolhida moldam a apresentação e a
produção do conteúdo, bem como a percepção e o consumo das informações. Ainda foi
possível identificar os principais assuntos trabalhados pelo perfil sobre a sexualidade e
observar como o espaço das redes sociais propiciam trocas síncronas e assíncronas entre os
indivíduos, potencializando a reflexão e a aprendizagem sobre o que foi produzido.
46

Com a presente pesquisa, espera-se a compreensão da contribuição das redes


sociais para a amplitude da discussão da sexualidade feminina e, consequentemente, da
maneira como a sociedade, em especial as mulheres, lidam e conversam sobre esse aspecto.
Também espera-se que a análise realizada contribua para a criação e produção de materiais
que envolvam e informem o público-alvo a respeito de qualquer tema selecionado, seja para a
autora ou demais interessados. Por fim, como planos futuros têm-se o intuito de ampliar a
visão sobre essa relação, dessa vez, analisando a influência da disseminação das informações
sobre sexualidade a partir da perspectiva do público feminino.
47

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