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HISTÓRIA DO BRASIL

PERIODO REGENCIAL

Prof. Matias
O Período Regencial (1831- 1840) foi a época em que o Brasil foi governado por
regências, pois o herdeiro do trono era menor de idade.
Este período é caracterizado por momentos de grande conturbação no Brasil com
várias revoltas civis.
Termina com o Golpe da Maioridade que levou ao trono D. Pedro II aos catorze anos
de idade.

 Características do Período Regencial

Dom Pedro I enfrentava vários problemas internos como falta de apoio das elites
econômicas e externos, como a derrota na Guerra da Cisplatina.

Além disso, com a morte de Dom João VI, em Portugal, ele havia sido aclamado D.
Pedro IV de Portugal.

Neste momento em que o imperador perde a sua popularidade, decide abdicar ao


trono brasileiro. Nessa altura, porém, o seu herdeiro, D. Pedro II, não podia governar,
pois tinha 5 anos de idade. A solução, prevista pela Constituição de 1824, era formar
uma Regência até que D. Pedro II atingisse a maioridade.

 Revoltas do Período Regencial

Abre-se uma época de grande disputa de poder e instabilidade política que dão origem
a uma série conflitos:

 Cabanagem, na Província do Grão-Pará (1835 – 1840);


 Guerra dos Farrapos (ou Revolução Farroupilha), na Província de São Pedro do
Rio Grande do Sul (1835 – 1845);
 Revolta dos Malês, Província da Bahia (1835);
 Sabinada, na Província da Bahia (1837 – 1838);
 Balaiada, na Província do Maranhão (1838 – 1841).
A abdicação do primeiro Imperador do Brasil, D. Pedro I. Autor: Aurélio de Figueiredo
(1911)

 As Regências

O Período Regencial contou com as seguinte regências:

 Regência Trina Provisória (Abril a Julho de 1831)


 Regência Trina Permanente (1831 a 1834)
 Regência Una do Padre Feijó (1835 – 1837)
 Regência Una de Araújo Lima (1837 – 1840)

 Grupos políticos do Período Regencial


Nessa altura, havia três grupos políticos defendendo cada qual uma posição distinta de
governo:

Liberais moderados (também conhecidos como ximangos): defendiam o centralismo


político da monarquia constitucional;

Liberais exaltados (apelidados de farroupilhas): defendiam a federalização do governo,


com mais poderes para as províncias e o fim do Poder Moderador.

Restauradores (ou caramurus): eram a favor do regresso de D. Pedo I. Após a morte


deste, em 1834, vários membros entraram para partido dos liberais moderados.

 Guarda Nacional (1831)

Em 1831 foi criada a Guarda Nacional para contrabalançar o poder que o Exército tinha
no governo. Este corpo armado seria integrado por cidadãos que tivessem direito a
voto ou seja, a elite brasileira. desempenharia um importante papel na política
brasileira.

 Ato Adicional (1834)

O Ato Adicional foi uns conjuntos de propostas de caráteres liberais introduzidos na


Constituição de 1824.

Entre essas medidas podemos destacar a criação de Assembleias Legislativas


Provinciais cujo deputados teriam mandato de dois anos e os governos provinciais
podiam criar impostos, contratar e demitir funcionários.

Também foi determinado que regência seria exercida por uma só pessoa e não três. O
primeiro regente foi o padre Antônio Feijó.

 Fim do Período Regencial

As consequências da instabilidade política são as revoltas regências ocorridas em


vários pontos do Brasil como vimos acima.

Com o objetivo de acabar com a desordem e agitação, que levaria à desintegração do


território brasileiro, o Partido Liberal propõe que a maioridade de D. Pedro II seja
antecipada.

A ideia é levada à votação na Câmara, mas não é aprovada. Desta maneira, os políticos
tramam o Golpe da Maioridade, declarando D. Pedro II maior de idade aos 14 anos.

Um ano depois, D. Pedro começa a governar o Brasil e tem início o Segundo Reinado.

 CABANAGEM
A Cabanagem ou a Guerra dos Cabanos foi uma revolta popular extremamente
violenta, ocorrida de 1835 a 1840, na província do Grão-Pará.

A rebelião tinha como objetivo a independência da região.

 Contexto histórico e político

Nos anos de 1835-1840, o Império do Brasil vivia o período regencial.

Dom Pedro I havia abdicado em favor do seu filho que tinha apenas cinco anos. Por
isso, foi instituída a regência para governar o país.
Contudo, várias províncias não estavam satisfeitas com o poder centralizado e
desejavam ter mais autonomia. Algumas, inclusive, queriam separar-se do Império do
Brasil.

Insurreições como a Farroupilha, Balaiada e Sabinada, explodiram em todo território


brasileiro.

 Província do Grão-Pará

Mapa mostrando a
província do Grão-Pará, em vermelho
A província do Grão-Pará compreende os atuais estados de Amazonas, Pará, Amapá,
Roraima e Rondônia.

O Grão-Pará tinha mais contato com Lisboa do que com o Rio de Janeiro. Por isso, foi
uma das últimas a aceitar a independência, só fazendo parte do Império brasileiro em
1823.

A Revolta da Cabanagem teve um alcance considerável e se espalhou pelos rios


Amazonas, Madeira, Tocantins e seus afluentes.

Curiosamente, o nome deste movimento é um termo pejorativo e se refere às


habitações típicas da província, construídas como "cabanas" ou "palafitas".

 Principais causas da revolta da Cabanagem

Dentre as principais causas da revolta podemos apontar:


 As disputas políticas e territoriais, motivadas pelas elites do Grão-Pará;
 as elites provinciais queriam tomar as decisões político-administrativas da
província;
 descaso do governo regencial para com os habitantes do Grão-Pará;
 os cabanos, por sua parte, queriam melhores condições de vida e trabalho.

Vale citar que, sobre isso, as referidas elites tomaram proveito da insatisfação popular
para sublevar as populações contra o governo regencial.

 O desenvolvimento da revolta (principais eventos e confrontos)

Desde a independência do Brasil, em 1822, as elites do Grão-Pará se ressentiam com a


presença dos comerciantes portugueses na província.

No governo de D. Pedro I, os proprietários e comerciantes estavam insatisfeitos com o


tratamento recebido por parte do governo central.

Além disso, sofriam com a repressão do Governador Bernardo Lobo de Sousa desde
1833, que ordenou deportações e prisões arbitrárias para quem se opusesse a ele.

Assim, em agosto de 1835, os cabanos se amotinam, sob a liderança dos fazendeiros


Félix Clemente Malcher e Francisco Vinagre, culminando na execução do Governador
Bernardo Lobo de Sousa.

Em seguida, indicam Malcher para presidente da província. Na ocasião, os revoltosos


se apoderaram dos armamentos legalistas e se fortaleceram ainda mais.

Contudo, Clemente Malcher se revela um farsante e tenta reprimir os revoltosos,


mandando prender Eduardo Angelim, um dos líderes do movimento. Após um
sangrento conflito, Malcher é morto pelos “cabanos” e substituído por Francisco
Pedro Vinagre.

Em julho 1835, o então presidente da província recém-conquistada, aceita sua


rendição mediante a anistia geral dos revolucionários e por melhores condições de
vida para a população carente. Contudo, é traído e preso.
A luta na praça da Sé foi
uma das mais sangrentas da Cabanagem
Inconformado, seu irmão, Antônio Vinagre, reorganiza as forças militares da
cabanagem e ataca o Palácio de Belém, conquistando-o novamente em 14 de agosto
1835.

Na ocasião, Eduardo Angelim é feito presidente de um governo republicano


independente. No entanto, o desacordo entre os líderes do movimento enfraquece a
revolta e facilitaram o contra-ataque legalista.

Assim, em 1836, enviado pelo regente Feijó, o Brigadeiro Francisco José de Sousa
Soares de Andréa, comandante mor das forças regenciais do Grão-Pará, autoriza a
guerra total aos cabanos. Ele ordena o bombardeio à Belém e aos assentamentos da
cabanagem.

Desse modo, com a ajuda de mercenários estrangeiros e soldados imperiais, a revolta


é sufocada. Eduardo Angelim é capturado e enviado ao Rio de Janeiro.

Por fim, em 1840, a maioria dos revoltosos já havia se dispersado ou tinham sido
presos e mortos, devido às perseguições, que seguiram mesmo após 1836.

Com a ascensão de Dom Pedro II ao trono, em 1840, os prisioneiros foram anistiados.

 Quem foram os líderes da Cabanagem

Entre os principais líderes destacam-se Félix Malcher, Francisco Vinagre e Eduardo


Angelim, figuras que desempenharam papéis fundamentais no desenrolar do
movimento.

Félix Malcher foi inicialmente um dos líderes da revolta e chegou a ser presidente da
Província do Grão-Pará após a tomada de Belém. Sua gestão, contudo, foi breve e
marcada por divergências internas, levando à sua deposição e posterior execução
pelos próprios cabanos.
Francisco Vinagre, outro líder cabano, assumiu o controle após Malcher, mas sua
liderança também foi curta devido a conflitos internos e descontentamentos.

Por fim, Eduardo Angelim, talvez o mais conhecido dos líderes cabanos, destacou-se
por sua persistência e resistência, mesmo frente às adversidades e à intensa repressão
imperial.

 Consequências da Cabanagem
Embora a perseguição tenha sido violenta, alguns revolucionários conseguiram escapar
e fugiram para a floresta, o que permitiu a sobrevivência dos ideais da cabanagem
mesmo após sua derrota.

A Cabanagem deixou uma carnificina de mais de trinta mil mortos, quase 30 a 40% de
uma população da província. Dizimou populações ribeirinhas, quilombolas, indígenas,
bem como membros da elite local.

Também desorganizou o tráfico de escravos e os quilombos se multiplicaram na


região.

 Curiosidades
 As mulheres foram fundamentais na Cabanagem, pois eram elas que levavam
informações e comida para o bando revoltado.
 A Cabanagem foi uma das poucas revoltas do período regencial que congregou
várias classes sociais.
 Em Belém existe o Memorial da Cabanagem que abriga os restos mortais dos
líderes da revolta.
 Em 2016, a Cabanagem inspirou um musical, escrito por Valdecir Manuel
Affonso Palhares e com música de Luiz Pardal e Jacinto Kahwage.

A Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha foi a mais longa rebelião do período
regencial do Brasil.

Ocorreu no Rio Grande do Sul e durou dez anos, de 1835 até 1845, época que
compreende a regência de Feijó e o Segundo Reinado. O termo “farrapo” se referia aos
trajes maltrapilhos que o exército rebelde usava.

A revolta foi mobilizada pelos grandes proprietários de terra do Rio Grande do Sul,
insatisfeitos com os altos impostos cobrados pelo governo imperial sobre seus
produtos. Por isso, constataram que a separação e a república seriam uma forma de
obter liberdade comercial e política.

Os negros escravizados também foram recrutados para lutar, sob a promessa de


liberdade, no caso de vitória na guerra contra o império.

A Revolução Farroupilha se encerra com o Tratado de Poncho Verde, em 1º de março


de 1845.
 Causas da Guerra dos Farrapos

A Guerra dos Farrapos foi promovida pela classe dominante gaúcha. Constituída de
estanceiros que eram os donos de grandes propriedades rurais, gado e negros
escravizados. Indignados com os elevados impostos territoriais, além de altas taxas
sobre as exportações de charque, couro e sebos.

Os estanceiros protestavam, pois o charque gaúcho devia pagar 25% de impostos


enquanto o uruguaio pagava somente 4% para ser vendido no Rio de Janeiro.

Também havia um ressentimento contra o governo imperial que sempre recrutava


homens e cavalos para as lutas com os territórios fronteiriços, mas pouco beneficiava a
sociedade local.

A revolução foi favorecida pelo caráter militarizado da sociedade rio-grandense,


organizada em meio a lutas como a disputa pela Colônia do Sacramento, no século
XVIII.

Além disso, as ideias republicanas e federativas encontravam receptividade entre os


rio-grandenses, estimulados pelas vizinhas repúblicas platinas.

Agravando a situação, em 1835, o regente Feijó nomeou o moderado Antônio


Rodrigues Fernandes Braga como presidente da província, o que não foi aceito pelos
gaúchos. Na Assembleia Provincial, tornou-se cada vez mais viva a oposição ao
presidente Fernandes Braga.

 Os Conflitos Farroupilhas

No dia 20 de setembro de 1835, uma revolta armada, com pouco mais de 200
cavaleiros se estabeleceu nos arredores da capital, Porto Alegre. Uma pequena força
armada enviada para dispersar os rebeldes foi repelida e obrigada a regressar.

Fernandes Braga fugiu para a vila de Rio Grande, instalando aí seu governo. No dia
seguinte, o comandante da Guarda Nacional local, Bento Gonçalves, um dos líderes do
movimento, entrava em Porto Alegre e, com o apoio da Assembleia Provincial, em
1836, proclamou a República do Piratini.
Carga da Cavalaria (1893), de Guilherme Litran, retratando a Revolução Farroupilha
Diante desta situação, o regente Feijó nomeou novo presidente para a província, José
de Araújo Ribeiro, futuro visconde do Rio Grande. A guerra continuou e os legalistas
conseguiram prender vários chefes rebeldes, entre eles Bento Gonçalves, que foi
mandado para o Forte do Mar (BA), de onde fugiu nadando.

Em setembro de 1837, Bento Gonçalves regressa ao Sul e é eleito presidente da


República do Piratini. A luta dos rebeldes era cada vez mais popular e com o apoio do
revolucionário italiano Giuseppe Garibaldi o movimento se propagou.

Enquanto isso, devido a disputas políticas, Feijó foi obrigado a renunciar. Iniciou-se a
regência de Araújo Lima, apoiado pelos conservadores.

Em 1839, David Canabarro, um dos líderes da revolta, com a colaboração de Giuseppe


Garibaldi, tomou Laguna (SC). Ali, conheceria sua futura esposa e companheira de
lutas, Anita Garibaldi.

Fundou-se nessa província a República Juliana, confederada à República Rio-


grandense, alargando o cenário da revolução.

Em 1840, com a maioridade antecipada de dom Pedro II, foi concedida anistia a todos
os revoltosos políticos do período regencial.

Então, o novo presidente do Rio Grande do Sul, Álvaro Machado, nomeado pelo
governo imperial, tentou convencer os rebeldes a terminar a guerra e aceitar a anistia,
mas nada conseguiu.
 O Massacre de Porongos e o fim do conflito

Em 1842, para terminar com o conflito, Luís Alves de Lima e Silva, o futuro Duque de
Caxias, foi nomeado presidente do Rio Grande do Sul e comandante das armas. O
objetivo era acabar com a luta e pacificar a província.

Diante das derrotas, os farroupilhas negociaram o fim do conflito com o governo


imperial. No entanto, faltava solucionar a questão dos negros escravizados que haviam
lutado durante dez anos.

O governo imperial não aceitava a libertação e, por outro lado, alguns líderes
farroupilhas concordaram em devolvê-los para seus antigos proprietários. No entanto,
isso seria uma traição e poderia acabar em uma rebelião.

Por isso, em 14 de novembro de 1844, o acampamento farroupilha – liderado por


Canabarro - é atacado por tropas imperiais. Contudo, onde estavam os lanceiros
negros recebeu a maior parte do ataque e não obteve nenhuma ajuda nos seus
próprios companheiros de armas.

Em 1845, os rebeldes aceitaram a proposta de paz oferecida pelo governo. O Tratado


de Poncho Verde estabelecia:

 anistia;
 incorporação dos oficiais farroupilhas ao exército imperial;
 libertação dos escravos que haviam lutado ao lado dos farroupilhas;
 devolução das terras que haviam sido tomadas dos rebeldes;
 diminuição dos impostos naquela província e
 fortalecimento da Assembleia Provincial.

A Guerra dos Farrapos representou uma vitória militar das tropas do Império, mas uma
vitória política do lado dos farrapos.

REVOLTA DOS MALÊS

A Revolta dos Malês, ocorreu em Salvador, Província da Bahia, na noite de 24 de


janeiro de 1835, liderada por Pacífico Licutan, Manuel Calafate e Luis Sanim.

Ela foi uma rápida rebelião organizada pelos escravos de origem islâmica (sobretudo
das etnias hauçá e nagô). Eles buscavam principalmente a liberdade religiosa e o fim
dos castigos físicos.

Por conta da superioridade bélica e também de uma delação realizada, as tropas


imperiais conseguiram sufocar o movimento.

 A relação religiosa no movimento


Deste modo, contrariados com a imposição da religião católica, os “malês” se uniram
com o intuito de defender e manter suas crenças, cultos e costumes.

A palavra "malês" é originária da língua ioruba, “imale”, que significa "muçulmano".

Durante a revolta, os escravizados, devotos à religião islâmica, ocuparam as ruas com


roupas islâmicas e amuletos contendo passagens do Alcorão.

Com esses adereços, eles acreditavam estar protegidos contra os ataques dos
adversários.

Vale destacar que os Malês, homens guerreiros, ousados e instruídos, tinham como
principais objetivos:

 libertar os escravos de origem islâmica;


 implantar uma república islâmica na Bahia.

Não obstante, eles se organizavam para a realização de cultos à Alá, leituras do


Alcorão, ensino da língua árabe, tudo sempre muito escondido, uma vez que eram
reprimidos e obrigados a aceitar o catolicismo.

Ademais, muitos deles sabiam ler e escrever, qualidade rara naquele momento, em
que somente os brancos tinham acesso ao conhecimento.

 O fracasso do movimento

Liderados por Pacífico Licutan, Manuel Calafate e Luis Sanim, ela ocorreu no centro de
Salvador, iniciada pelo ataque dos malês ao Exército, que pretendiam libertar os
escravizados dos engenhos e tomar o poder.

Um dos fatores determinantes para o fracasso da revolta foram as armas usadas pelos
escravizados. Enquanto ele utilizavam espadas, lanças, facas, porretes, dentre outros
objetos cortantes, a polícia estava munida de armas de fogo.

No entanto, durante a noite de 24 para 25 de janeiro, os malês, que foram delatados,


participaram de uma emboscada, preparada pela polícia, o qual deixou muitos mortos,
feridos e presos.

 As punições para os envolvidos

Cerca de 200 escravizados foram presos e julgados, e o resultado foi:

 pena de morte para os principais líderes do movimento;


 fuzilamentos, açoites e trabalhos forçados para os outros envolvidos.

Embora tenha sido reprimida rapidamente, após a Revolta dos Malês o receio do
Império e dos fazendeiros donos dos escravizados, aumentou consideravelmente.
Por conta disso, algumas medidas foram tomadas, desde a proibição de praticar seus
cultos religiosos que não sejam católicos, bem como andar nas ruas durante a noite.

 Contexto Histórico da Revolta dos Malês

Em meados do século XIX, durante o Período Regencial, muitas revoltas ocorreram no


país (Cabanagem, Sabinada, Balaiada, Farroupilha, Conjuração Baiana ou Revolta dos
Alfaiates).

Estes ocorreram em decorrência do recorrente descontentamento de grande parte da


população, donde os escravizados envolvidos buscavam o fim:

 do trabalho forçado;
 das humilhações, torturas e violências físicas e psicológicas;
 das péssimas condições de vida, dos abusos sexuais
 e, consequentemente, almejavam o fim da escravidão no país.

A insatisfação dos escravizados se espalhou pela Bahia, por dois motivos:

 o sistema político e econômico (baseada na mão de obra escravizada) que


reinava no país;
 a luta pela liberdade religiosa, posto que eram obrigados a participarem dos
cultos católicos.

A Revolta dos Malês, representou a mobilização de cerca de 1.500 escravos africanos,


os quais lutavam pela libertação dos negros de origem islâmica, ou seja, os escravos
muçulmanos.

Curiosidades

 A data em que ocorreu o Levante dos Malês, foi escolhida pelos líderes, de
forma que representava o período mais importante para os muçulmanos
denominado “Ramadã”, em que ocorrem muitas preces e jejuns. Assim, a
revolta aconteceu exatamente dia 25 de janeiro, no final do mês de jejum.
 Mala Abubaker, é o escravo que escreveu o plano de ataque da Revolta dos
Malês.
 Durante a Revolta dos Malês, somente na cidade de Salvador, existiam
aproximadamente 27.500 escravos, ou seja, cerca de 42% da população.
 No levante dos Malês, alguns escravos utilizaram técnicas de luta da capoeira.
 SABINADA
A Sabinada foi um levante armado ocorrido na província da Bahia, entre novembro de
1837 e março de 1838, tendo como palco principal a cidade de Salvador.

O nome do movimento se deve a seu líder, Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira,
republicano, médico, jornalista e revolucionário federalista.

Principais Causas

Francisco Sabino, líder da revolta que acabou sendo conhecida com o seu nome

Podemos citar como principais causas da revolta:

 Insatisfação diante da falta de autonomia política e administrativa da província,


pois aos olhos dos revoltosos, o governo regencial era ilegítimo.
 o recrutamento obrigatório imposto aos baianos em função da Guerra dos
Farrapos.
 Principais Características

A Sabinada foi mais uma rebelião do período regencial, junto à Balaiada no Maranhão,
a Cabanagem no Pará e a Farroupilha no Rio Grande do Sul. Porém, ela se diferencia
dos movimentos acima porque não tinha intenção separatista.
A intenção dos revoltosos era apenas constituir uma “República Bahiense” até D.
Pedro II alcançar a maioridade. Portanto, sua insatisfação foi estritamente dirigida ao
governo regencial.

Além disso, é preciso notar que a Sabinada não pretendia romper com a escravidão,
pois desejava o apoio das elites escravocratas, o que não ocorreu.

Entretanto, isso afastou a população escrava, a qual não foi convencida pela promessa
de concessão de liberdade aos que lutassem e apoiassem o governo republicano.

Desta maneira, o levante contou com a adesão das camadas médias urbanas,
principalmente oficiais militares, funcionários públicos, profissionais liberais,
comerciantes, artesãos e uma parcela das camadas mais pobres da população.

 A Revolta

Bandeira da República Bahiense utilizada pelos membros da Sabinada

No dia 7 de novembro de 1837, um grupo de revoltosos comandados


por Francisco Sabino se sublevaram em Salvador. Esse grupo conquista a simpatia das
tropas do Forte de São Pedro, as quais aderiram ao movimento e auxiliaram na
conquista da cidade.

Por sua vez, a primeira força legalista enviada para debandar os amotinados acabou se
juntando a eles, engrossando ainda mais suas fileiras.

Assim, com a Câmara Municipal ocupada, Sabino foi nomeado secretário de governo
da “República Bahiana”.

Em seguida, nomeia dois lideres para seu governo: Daniel Gomes de Freitas, como
Ministro da Guerra e Manoel Pedro de Freitas Guimarães, como Ministro da Marinha.

Num período de quatro meses, os revoltosos conquistaram diversos quartéis militares


nos arredores de Salvador. Enquanto isso, as forças legalistas se reagrupavam no
Recôncavo Baiano para o contra-ataque.
Com efeito, no dia 16 de março de 1838, tem início a ofensiva regencial, com o
bloqueio terrestre e marítimo da cidade. Assim que foi sitiada, a emigração maciça da
população de Salvador começou; em pouco tempo, houve escassez de alimentos.

 Consequências

Com a ajuda do exército e de milícias locais, as forças governamentais reconquistaram


a cidade. A revolta foi duramente reprimida e deixou um saldo de aproximadamente
duas mil mortes e três mil prisões.

Os principais líderes do movimento foram condenados à pena de morte ou prisão


perpétua e alguns foram de fato executados e degredados.

Ainda houve quem conseguisse fugir e se juntar à Revolução Farroupilha.

 BALAIADA

A Balaiada foi uma luta popular que sucedeu na província do Maranhão durante os
anos de 1838 e 1841.

A revolta surgiu como um levante social por melhores condições de vida e contou com
a participação de vaqueiros, escravos e outros desfavorecidos.

O nome dessa luta popular provém dos "balaios", nome dos cestos fabricados na
região.

 Principais Causas

Escravos tecendo balaios (cestos)

As principais causas da Balaiada estão ligadas à pobreza da população da província


maranhense, bem como sua insatisfação diante dos desmandos políticos dos grandes
fazendeiros da região.

Estes lutavam pela hegemonia política e não se importavam com a miséria da


população, a qual ainda sofria com as injustiças e abuso de poder pelas autoridades.
Aquela elite política estava dividida entre dois partidos:

 Bem-te-vis: liberais, que apoiaram indiretamente os balaios no início da


revolta;
 Cabanos: conservadores, que estiveram contra aos balaios.

Enquanto os dois partidos lutavam pelo poder na província, a crise econômica se


agravou ainda mais pela concorrência do algodão norte-americano. Isso provocou uma
situação insustentável entre as elites e a população carente.

Apesar desta situação, os ruralistas instituíram a “Lei dos Prefeitos”. Ela permitia a
nomeação de prefeitos pelo governador da província e causaram vários focos de
revolta, dando início à Balaiada.

 A Revolta

Mapa das lutas ocorridas na Balaiada

Já sabemos que a Balaiada careceu de uma firme liderança. Contudo, algumas figuras
se destacaram no levante, especialmente pela capacidade de empreender estratégias
de guerrilha contra as forças imperiais.

Um dos líderes de maior destaque foi também aquele que ascendeu o estopim da
revolta da balaiada.

Ao ter o irmão detido em Vila da Manga, o vaqueiro Raimundo Gomes e seus amigos
atacaram a cadeia pública da vila. Libertaram todos os prisioneiros no dia 13 de
dezembro de 1838, se apossando de um número considerável de armas e munições.
Paralelamente, o artesão e fabricante de balaios Manoel dos Anjos Ferreira, resolve
fazer justiça com as próprias mãos após um soldado desonrar suas filhas.

Furioso e determinado, ele monta um bando armado e ataca diversas vilas e fazendas
no Maranhão. Em seguida, estes líderes se agrupam e se unem a um terceiro
comandante: o negro Cosme Bento de Chagas, quilombola e chefe militar de
aproximadamente 3 mil negros.

Em 1839, após um período de vitórias, nas quais foram capturadas algumas vilas
importantes, como Vila de Caxias e Vargem Grande, os revoltosos estabeleceram uma
Junta Provisória.

Contudo, o movimento começa a apresentar sinais de enfraquecimento após a morte


de Manoel dos Anjos, o Balaio, atingido por um projétil durante um dos conflitos.

Neste mesmo ano, assume a liderança o ex-escravo Cosme, o qual se retira do


combate e leva suas forças para o sertão.

Batalha Final

A situação dos revoltosos piorou ainda mais quando o experiente militar, Coronel Luís
Alves de Lima e Silva (futuro Duque de Caxias) assume o comando de todas as tropas
do Maranhão, Piauí e Ceará. As tropas eram composta de mais de 8 mil homens bem
armados no dia 7 de fevereiro de 1840.

Não sem esforço, o Coronel derrota Raimundo Gomes, o qual, cercado e isolado, se
rende e entrega a Vila de Caxias às tropas oficiais. É o inicio do fim.

Em 1840, o recém coroado imperador Dom Pedro II, resolve anistiar os rebeldes que se
entregarem. Imediatamente, mais de 2.500 balaios se rendem.

Com isso, Luís Alves de Lima e Silva esmaga definitivamente aqueles que continuavam
lutando em 1841. Neste mesmo ano, Cosme Bento é capturado e enforcado. Por sua
vez, o vaqueiro Raimundo Gomes é expulso da província e morre no caminho para São
Paulo.

Ao retornar vitorioso à capital, o Coronel Luís Alves de Lima e Silva recebeu o título de
Barão de Caxias, por ter sufocado esta revolta social.

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