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Clube 2
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PMCID: PMC6781708
Published online 2018 Oct 11. doi: 10.1590/1516-4446-2017-2328 PMID: 30328961
Resumo
Objetivo:
Identificar a associaçã o de síndrome metabó lica (SM) e transtornos psiquiá tricos em adultos
jovens no sul do Brasil.
Métodos:
Este estudo transversal de base populacional envolveu um total de 1.023 adultos jovens com
idades entre 21 e 32 anos. Os episó dios atuais de transtornos psiquiá tricos foram avaliados
por meio do Mini International Neuropsychiatric Interview – versã o Plus. A MetS foi avaliada
usando o Painel de Tratamento de Adultos do Programa Nacional de Educaçã o sobre
Colesterol III (NCEP/ATP III).
Resultados:
Dos 1.023 participantes, 24,3% foram identificados com MetS, 13,5% foram diagnosticados
com transtornos de ansiedade, 7,5% com depressã o atual, 3,9% com transtorno bipolar e
10,1% com risco de suicídio. MetS foi associada com etnia (p = 0,022), excesso de peso (p <
0,001), transtornos de ansiedade atuais (p < 0,001), transtornos de humor atuais (transtorno
bipolar em episó dio de humor e depressã o atual) (p < 0,001) e risco de suicídio (p < 0,001).
Conclusõ es:
De volta ao to
Introduçã o
A síndrome metabó lica (MetS) é definida como um conjunto de condiçõ es – obesidade abdo‐
minal, dislipidemia, pressã o alta e hiperglicemia – que ocorrem juntas e podem aumentar o
risco de desenvolver doenças cardíacas, derrame e diabetes. A fisiopatologia da SM, embora
atualmente desconhecida, é considerada multifatorial, com uma interaçã o complexa entre pre‐
disposiçã o gené tica e mudanças significativas no comportamento do estilo de vida, incluindo
inatividade física, dietas ricas em carboidratos e consumo de á lcool e tabaco. 1 , 2
A prevalê ncia mundial de MetS aumentou nos ú ltimos anos, em paralelo com o aumento da
prevalê ncia de diabetes e obesidade, e tornou-se um importante problema de saú de pú blica. 3
Estudos realizados em países desenvolvidos, como os Estados Unidos, mostram taxas de pre‐
valê ncia que chegam a quase 35% em adultos, 4 enquanto uma prevalê ncia mé dia de aproxi‐
madamente 25% foi encontrada na Amé rica Latina. 5 - 7 Uma recente revisã o sistemá tica en‐
controu taxas variando de 14,9 a 65,3% entre adultos brasileiros. No entanto, esta revisã o in‐
cluiu populaçõ es rurais, urbanas e indígenas, e poucos estudos descreveram a prevalê ncia e os
preditores de SM no Brasil. 8 Alé m disso, os estudos incluídos tinham uma ampla faixa etá ria.
Uma revisã o e meta-aná lise investigando a ligaçã o entre depressã o e MetS relataram uma as‐
sociaçã o positiva e bidirecional. 9 Histó rico de depressã o maior ao longo da vida també m foi
encontrado para prever o desenvolvimento de MetS em mulheres de meia-idade. 10 Alé m
disso, a interrupçã o dos ritmos bioló gicos (sono, social, atividades e padrã o alimentar) foi as‐
sociada a componentes-chave da MetS em adultos da comunidade com transtorno depressivo
maior 11 e transtorno bipolar (TB), enquanto uma meta-aná lise recente demonstrou um
maior risco de MetS em indivíduos com DB do que a populaçã o em geral, com uma prevalê ncia
de aproximadamente 30%. 12Em um estudo subsequente, descobriu-se que a MetS e seus
componentes estavam associados ao aumento do risco de suicídio, indicando que as interven‐
çõ es pú blicas de saú de mental voltadas para a reduçã o do suicídio podem precisar se concen‐
trar em indivíduos com MetS e seus componentes individuais. 13 Tomados em conjunto, esses
estudos mostraram que pacientes com transtornos psiquiá tricos apresentam alto risco de
mortalidade, principalmente por eventos cardiovasculares, que pode ser até trê s vezes maior
do que a populaçã o em geral. 14 , 15
Apesar da importâ ncia da SM nos distú rbios metabó licos, cardiovasculares e psiquiá tricos,
poucos estudos relatam a prevalê ncia dessa síndrome e saú de mental no sul do Brasil. Assim,
o objetivo deste estudo foi identificar a associaçã o de SM e transtornos psiquiá tricos em um
estudo de base populacional de adultos jovens em uma cidade de mé dio porte no estado do
extremo sul do Brasil (Pelotas, RS).
Os estudos de coorte são um tipo de estudo
Métodos
observacional analítico. Ou seja: nos
estudos de coorte, os pesquisadores apenas
observam os grupos de exposição e de não
exposição ao agente, não interferindo, nem
tampouco controlando o status de exposição.
Amostra
O presente estudo incluiu indivíduos que participaram da primeira fase (completando cinco
anos desde a primeira entrevista) e que permitiram a coleta de novo material bioló gico e da‐
dos antropomé tricos. Foram excluídos os indivíduos com deficiê ncia física ou cognitiva que im‐
possibilitassem sua participaçã o na segunda fase do estudo. Este estudo foi aprovado pelo co‐
mitê de é tica em pesquisa da Universidade Cató lica de Pelotas (protocolo 2008/118).
instrumentos
A condiçã o socioeconô mica dos participantes foi avaliada de acordo com as diretrizes da Asso‐
ciaçã o Brasileira de Empresas de Pesquisa. Essa classificaçã o é baseada em uma sé rie de indi‐
cadores de produtos de consumo domé stico e nível de escolaridade: as classes A e D sã o os ní‐
veis socioeconô micos mais alto e mais baixo, respectivamente.
Medidas antropomé tricas foram tomadas como parte da avaliaçã o MetS. A circunferê ncia da
cintura (CC) foi medida com precisã o de 0,1 cm usando uma fita mé trica inelá stica na linha mé ‐
dia entre a ú ltima costela e a crista ilíaca no plano horizontal. A altura, medida com os pé s des‐
calços, foi aproximada de 0,1 cm. O peso foi medido em quilogramas com aproximaçã o de 0,1
kg. O índice de massa corporal (IMC) foi definido como o peso em quilogramas dividido pelo
quadrado da altura em metros, ou seja, IMC = kg/m 2. Depois de sentar-se calmamente por
pelo menos 5 minutos, a pressã o arterial sistó lica e diastó lica dos participantes foi medida
usando um esfigmomanô metro. Pelo menos duas medidas de pressã o arterial foram realiza‐
das, espaçadas de 1 a 2 minutos, e mediçõ es adicionais foram feitas se as duas primeiras fos‐
sem muito diferentes. A pressã o arterial mé dia foi considerada na aná lise. 17 Alé m disso, 10
mL de sangue foram colhidos de cada indivíduo por punçã o venosa em tubos a vá cuo sem an‐
ticoagulante. Os tubos foram imediatamente centrifugados a 3.500 g por 15 min, e as amostras
de soro foram armazenadas a -80 °C até a aná lise. Os níveis sé ricos de colesterol total, HDL-co‐
lesterol e triglicerídeos foram medidos de acordo com as diretrizes do fabricante (Katal Bio‐
tecnologica, ®MG, Brasil). A concentraçã o de LDL foi estimada indiretamente a partir de medi‐
çõ es de triglicerídeos, colesterol de lipoproteína de alta densidade e colesterol total usando a
equaçã o de Friedewald. 18 Os níveis sé ricos de glicose, colesterol total, colesterol HDL, coleste‐
rol LDL e triglicerídeos foram expressos em mg/dL.
O diagnó stico de SM foi definido usando crité rios modificados do Painel III do Programa Naci‐
onal de Educaçã o sobre Colesterol para Adultos (NCEP/ATPIII). 19 Quando um participante
apresentava trê s dos cinco crité rios listados, a SM era diagnosticada. Os crité rios incluíram: 1)
intolerâ ncia à glicose com glicemia de jejum ≥ 100 mg/dL; 2) obesidade abdominal, determi‐
nada pela CC elevada (≥ 102 cm para homens e ≥ 88 cm para mulheres); 3) níveis elevados de
triglicerídeos ≥ 150 mg/dL; 4) HDL-C baixo ≤ 40 mg/dL para homens e ≤ 50 mg/dL para mu‐
lheres; e 5) pressã o arterial elevada (pressã o arterial sistó lica >130 mmHg e/ou pressã o arte‐
rial diastó lica >85 mmHg). També m calculamos o nível de colesterol nã o HDL (colesterol total
menos colesterol HDL), pois é um preditor de DCV. 20
Análise de dados
As aná lises estatísticas foram realizadas no SPSS versã o 22.0 e Stata versã o 13.0. Os dados
descritivos foram expressos em mé dia e desvio padrã o ou frequê ncia absoluta e relativa. As
características demográ ficas e clínicas foram analisadas por meio de estatística qui-quadrado
ou aná lise de variâ ncia unidirecional. Na aná lise multivariada, a regressã o de Poisson com va‐
riâ ncia de erro robusta foi usada para analisar os dados de contagem. 21Para a aná lise de re‐
gressã o, foram consideradas as seguintes variáveis independentes: sexo, idade, etnia, escolari‐
dade e vínculo empregatício; tabagismo, uso de á lcool, drogas psicoativas, excesso de peso e
uso de medicamentos psicotró picos; quaisquer transtornos de ansiedade atuais, transtornos
do humor e risco de suicídio. O resultado foi MetS. Os fatores de confusã o foram definidos
como variáveis associadas ao uso e/ou dependê ncia de á lcool em um nível de significâ ncia de
20% ou menos. Em todas as aná lises, o nível de significâ ncia foi de 5%.
Resultados
Inicialmente, 1.560 adultos jovens foram recrutados para este estudo. A taxa de participaçã o
da primeira coorte foi de 80,70%, totalizando 1.244 jovens nesta fase. No entanto, 237 desses
indivíduos nã o permitiram a coleta de sangue, resultando em 1.023 participantes elegíveis.
Desta populaçã o total; 59,1% eram do sexo feminino, 60,7% tinham entre 21 e 26 anos, 39,3%
tinham entre 27 e 32 anos e 69,1% eram da raça branca. As características demográ ficas, há bi‐
tos de vida e comorbidades da amostra sã o apresentadas emtabela 1. Em relaçã o ao estilo de
vida, 24,9% relataram tabagismo, 8,8% uso de psicofá rmacos e 22,6% uso de á lcool. Em rela‐
çã o à s comorbidades, 13,5% foram diagnosticados com transtorno de ansiedade, 7,5% com
depressã o atual, 3,9% com transtorno bipolar e 10,1% com risco de suicídio (tabela 1).
tabela 1
Era
escolaridade
Depressão 77 (7,5)
Sexo p = 0,542 -
escolaridade p = 0,591 -
Empregado p = 0,212
Fumante p = 0,533 -
IC95% = intervalo de confiança de 95%; SM = síndrome metabó lica; Colesterol não HDL = colesterol total -
colesterol HDL; RP = razão de prevalência; Ref = referência.
* Variável ausente.
mesa 2mostra os resultados da aná lise ajustada para SM, que foi mais prevalente entre os indi‐
víduos com excesso de peso (RP: 4,58; IC95% 3,27-6,40; p < 0,001). Em relaçã o à s comorbida‐
des, a SM foi mais prevalente entre indivíduos com transtornos de ansiedade atuais (RP: 1,33;
IC 95% 1,01-1,78; p = 0,044) e risco de suicídio (RP: 1,58; IC 95% 1,18-2,03; p = 0,021). Para
os transtornos de humor, o BD foi o componente mais positivo (RP: 1,62; IC95% 1,19-2,08; p =
0,006).
Discussã o
Neste estudo, descobrimos que a prevalê ncia de SM entre adultos jovens foi de 24,3% de
acordo com a definiçã o do NCEP/ATPIII. Esses achados concordam com as taxas de prevalê n‐
cia relatadas em todo o mundo, que variam de 20 a 25%. 22 Alé m disso, prevalê ncia seme‐
lhante (24,9%) foi relatada em metaná lise recente de estudos latino-americanos com os mes‐
mos crité rios de avaliaçã o, poré m com idade variando entre 18 e 65 anos. 5 Sabe-se que a pre‐
valê ncia da SM aumenta com a idade. 5 , 25Um estudo de Hildrum et al., que incluiu 10.206
participantes entre 18 e 89 anos, constatou que a prevalê ncia de MetS aumentou de 11% em
homens entre 20 e 29 anos para 47,2% em homens entre 80 e 89 anos, enquanto para as mu‐
lheres, a taxa aumentou de 9,2 para 64,4% nas respectivas faixas etá rias. 26 Na velhice, as mu‐
danças fisioló gicas e ambientais influenciam o estado nutricional e metabó lico dos indivíduos e
facilitam o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. No entanto, nosso estudo foi reali‐
zado com adultos jovens com idade mé dia de 25 anos e encontrou alta prevalê ncia de SM. Isso
pode refletir o sedentarismo e a alimentaçã o inadequada presentes nessa faixa etá ria.
Nã o encontramos diferenças significativas entre os sexos, o que é consistente com estudos an‐
teriores. 5 , 27 Marquezine et al. nã o encontraram diferença significativa na prevalê ncia de SM
entre mulheres e homens, mas detectaram uma tendê ncia clara de alta prevalê ncia com a
idade (especialmente em mulheres). 27
Outro fator associado à MetS é a etnia. Estudos mostraram que as populaçõ es asiá ticas, chine‐
sas e africanas tê m prevalê ncias mais altas de fatores de risco cardiometabó licos e SM do que
os caucasianos. 28 - 30 Uma provável explicaçã o para a alta prevalê ncia de SM nesses grupos
se correlaciona com maior gordura visceral, que muitas vezes nã o está relacionada a altos va‐
lores de IMC. Os asiá ticos, por exemplo, tê m um índice de gordura corporal mais alto em rela‐
çã o ao peso do que os caucasianos. 31 , 32Embora nã o tenhamos encontrado associaçã o signi‐
ficativa em relaçã o à etnia, a prevalê ncia de SM foi ligeiramente maior entre o grupo nã o cau‐
casiano. Um achado importante de nosso estudo foi que a SM aumentou o risco de desenvol‐
ver doenças cardiovasculares, o que foi determinado em nosso estudo pelo colesterol nã o
HDL e é consistente com relatos anteriores. 33 , 34 Alé m disso, verificamos que a prevalê ncia
de SM entre indivíduos com excesso de peso foi quase quatro vezes maior do que em indiví‐
duos com peso normal. Vale a pena notar que um crescente corpo de evidê ncias suporta uma
associaçã o entre obesidade, doenças cardiovasculares e MetS. 35
Estudos anteriores documentaram que pessoas com doenças psiquiá tricas tê m um risco au‐
mentado de desenvolver MetS em comparaçã o com a populaçã o em geral. 11 , 36 Em relaçã o
ao transtorno de humor em nossa populaçã o, 47,5% dos participantes com transtorno bipolar
e 39% com depressã o maior apresentavam SMet. Nossos resultados concordam com aqueles
relatados em meta-aná lises recentes. 9 , 12 , 37 Há fortes evidê ncias de uma associaçã o bidire‐
cional entre SM e depressã o. Esse achado indica uma associaçã o recíproca entre SM e depres‐
sã o, que podem representar fatores de risco entre si. 9 Da mesma forma, SM e ansiedade fo‐
ram significativamente associados em outra metaná lise envolvendo 41.168 indivíduos.38 Com
relaçã o à ansiedade, a SM, com prevalê ncia de 38,4%, foi significativamente associada à pre‐
sença de algum transtorno de ansiedade em nosso estudo. Isso també m concorda com outros
estudos publicados. 39 , 40 Esses resultados podem ser explicados por vá rios fatores contri‐
buintes, incluindo má alimentaçã o e tratamentos psicotró picos, que, devido à estreita associa‐
çã o entre SM e transtorno psiquiá trico, destaca a necessidade de intervençã o precoce.
Alé m do transtorno de humor e ansiedade, també m encontramos maior prevalê ncia de risco
de suicídio em indivíduos com SM. No entanto, poucos estudos associaram a MetS ao risco de
suicídio. Chang et ai. descobriram que a MetS estava associada a um risco 16% maior de suicí‐
dio por componente da MetS, enquanto Fagiolini et al. encontraram uma maior prevalê ncia de
tentativas de suicídio ao longo da vida em pacientes com SM em comparaçã o com aqueles sem
ela. 41 Assim, estraté gias para prever o suicídio que se concentram em fatores de risco mé di‐
cos e mentais podem oferecer novos insights sobre o desenho de programas de triagem e pre‐
vençã o para pacientes com tendê ncias suicidas. 13 , 42
Este estudo tem certas limitaçõ es. Primeiro, a SM nã o foi avaliada na primeira fase do estudo
de coorte, o que impossibilitou a verificaçã o da relaçã o causal entre a SM e seus fatores associ‐
ados. Em segundo lugar, nã o foram avaliados fatores comportamentais, como estilo de vida se‐
dentá rio e há bitos alimentares. Em terceiro lugar, devido à pequena amostra de indivíduos
com transtornos psicó ticos, esses transtornos nã o foram incluídos na aná lise. Por fim, embora
o uso de antidepressivos possa contribuir para a obesidade, nã o interferiu em nossos resulta‐
dos, mesmo apó s aná lise ajustada. Os pontos fortes do nosso estudo incluem um grande tama‐
nho amostral e uma amostra baseada na comunidade de adultos jovens de uma zona urbana
de uma ú nica cidade, em contraste com outros estudos brasileiros que usaram uma faixa etá ‐
ria mais ampla.
A conscientizaçã o dos fatores associados à MetS pode ajudar a identificar indivíduos de alto
risco, especialmente adultos jovens, e estimular programas de prevençã o e controle de doen‐
ças, bem como mudanças no estilo de vida. Estraté gias de promoçã o da saú de desenvolvidas
por uma equipe multidisciplinar sã o necessá rias para a detecçã o precoce, prevençã o e trata‐
mento desses fatores na populaçã o psiquiá trica, a fim de aumentar a expectativa de vida e me‐
lhorar a qualidade de vida.
Divulgaçã o
Reconhecimentos
Este estudo contou com o apoio dos seguintes ó rgã os governamentais: Coordenaçã o de Aper‐
feiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (CAPES), Fundaçã o de Amparo à Pesquisa do Es‐
tado do Rio Grande do Sul (FAPERGS) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnoló gico (CNPq).
notas de rodapé