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GERAÇÃO DISTRIBUÍDA A PARTIR DE USINAS EÓLICAS – UMA AVALIAÇÃO

DO FUTURO.

1. INTRODUÇÃO

Tendo em vista o consumo de energia elétrica, as questões ambientais e a complementação


energética da rede convencional, muitos países vem traçando estratégias de crescimento do setor
a curto e longo prazo, tendo como foco o uso de energia renovável.

Para complementação energética, países da Europa e os Estados Unidos, têm investido cada
vez mais em energia eólica, visto o potencial energético e as novas tecnologias aplicadas no
desempenho e confiabilidade do sistema.

Este artigo visa dar uma visão geral do uso desta fonte de energia alternativa e o seu
potencial futuro no mundo e principalmente no Brasil.

2. HISTÓRICO

Historicamente, a energia eólica tem ajudado o homem em diversas atividades,


principalmente ligadas a agricultura, desde épocas remotas, com a utilização de máquinas simples
e rústicas para o bombeamento de água e moagem de grãos. No final do século XIX e todo o
século XX, a utilização dos ventos para a geração de energia elétrica foi marcada por grandes
desafios em pesquisa e desenvolvimento.

Somente após a crise internacional do petróleo (década de 1970), o mercado de energia


eólica, passou a investir e viabilizar a aplicação de equipamentos no desenvolvimento industrial
de forma significativa, visto que até então, era voltado a pesquisa, aerogeradores de pequenos
porte, ou ainda, modelos obsoletos.

Não se pode ignorar todas as contribuições advindas antes desta década, tais como a
utilização da energia eólica no período da 2a Guerra Mundial, pela Dinamarca, França e
Alemanha.

A Dinamarca em 1956/1957, através de um projeto ousado, instalou um aerogerador de


200 kW com 24 metros de diâmetro, com três pás, sustentado por uma torre de concreto, capaz
de fornecer em corrente alternada a companhia elétrica SEAS no período de 1958-1967.

A França também se empenhou nas pesquisas de aerogeradores conectados à rede elétrica.


Entre 1958-1966 foram construídos diversos aerogeradores de grande porte, entre os principais
estavam três aerogeradores de eixo horizontal e três pás, com potências de 800kW, 132kW e 1085
kW, que apesar de seus problema mecânicos e de manutenção, provaram a possibilidade de
interconexão de aerogeradores na rede de distribuição de energia elétrica.

Por fim a Alemanha, entre 1955 e 1968, construiu e operou um aerogerador com o maior
número de inovações tecnológicas na época, que operou por mais de 4000 horas (1957-1968). O
aerogerador possuía rotor leve em materiais compostos, duas pás a jusante da torre, sistema de
orientação amortecida por rotores laterais e torre de tubos estaiada. Devido as pás serem feitas de
materiais compostos, aliviaram os esforços em rolamentos diminuindo assim os problemas de
fadiga. Os avanços tecnológicos desse modelo persistem até hoje, tendo em vista que até então os
modelos eram fabricados somente com metais.

Voltando a década de 70, quando a economia mundial é fortemente abalada pelo choque
das altas sucessivas do preço do petróleo, os países membros da Organização para a Cooperação
e Desenvolvimento Econômico (OCDE), seguiram as diretivas propostas pela Agência
Internacional de Energia (AIE), com o objetivo de diversificar as fontes de importação de
petróleo, utilizar a energia com mais racionalidade e por fim, substituir o petróleo por outras
fontes de energia. Este último, especialmente, favorece a retomada de investimentos em energia
eólica, principalmente pelos Estados Unidos, Alemanha, França, Suécia e Dinamarca.

Para o entendimento das contribuições do uso de energia nesta época, é necessário


esclarecer as diferenças entre os modelos horizontais e verticais. Os rotores de eixo horizontal são
predominantemente movidos por forças de sustentação (atuam perpendicularmente ao
escoamento) e seus mecanismos devem ser capazes de permitir que o disco varrido pelas pás
esteja sempre em posição perpendicular ao vento. Já as turbinas de eixo vertical captam a energia
dos ventos sem precisar alterar a posição do rotor com a mudança da direção dos ventos, neste
caso, podem ser movidas por forças de sustentação e por forças de arrasto. A Figura 1, mostra
turbinas de eixo vertical e horizontal.

Os Estados Unidos iniciaram suas pesquisas com modelos de eixo horizontal e vertical,
aprimorando configurações e buscando novos sítios eólicos, através de órgãos de pesquisa, tais
como Lewis Research Center, órgão diretamente ligado ao National Aeronautics and Space
Administration (NASA). O modelo horizontal famoso, instalado em 1975, chamado Mod-0, foi
aprimorado durante mais de uma década e utilizado no Hawaii em 1987 na versão Mod-5B (3.5
MW de potência e diâmetro de 100 m).

O modelo Darrieus foi o marco das pesquisas de turbinas de eixo vertical nos Estados
Unidos já na década de 70, porém para que se tornasse competitivo com as de eixo horizontal,
muitas adaptações de formas e materiais foram necessárias, até que no início dos anos 80,
seiscentos modelos Darrieus com potência total de 90MW fossem instalados no Estado da
Califórnia.

Figura 1- Turbinas de Eixo Vertical e Horizontal


Fonte: http://www.pucrs.br/ce-eolica/faq.php?q=9

A Alemanha tornou-se o país que mais contribuiu no mercado de energia eólica, tanto pela
busca de novos modelos e tecnologias, como nos investimentos e incentivos públicos e até mesmo
na intervenção do Estado com Leis de subsídios para o crescimento do mercado. No final da
década de oitenta, o governo lançou o “Programa Experimental de 250 MW” e, mais tarde, no
início da década de noventa, a “Lei de Alimentação de Eletricidade”, programas que expandiram
o mercado tanto interno como externo.

2.1 MERCADO ONSHORE E OFFSHORE

Basicamente as diferenças mais importantes, entre os parques eólicos offshore em e


Onshore, são do tipo construção, instalação, manutenção e monitorização, no estudo em questão,
basta o entendimento que os parques eólicos offshore, são instalados em locais alagados, como
lagos ou no mar e as Onshore, em terra.

A primeira fazenda eólica offshore a operar comercialmente foi na Dinamarca em 1991, na


Fazenda Eólica de Vindeby, com 11 turbinas de 450kW.

No início, as fazendas eólicas offshore eram instaladas em águas rasas, e somente em 2000,
na Inglaterra, foram instaladas as primeiras turbinas eólicas a mar aberto ainda numa
profundidade de 8 metros a 1 km da costa.

A Tabela 1 mostra a utilização de turbinas offshore instaladas e situação operacional.


Localização Início de operação Potência Instalada (MW) Situação

Nogersund (Suécia) 1991 1 x 0.22 = 0.22 Abandonada em 1998


Vindby (Dinamarca) 1991 11 x 0.45 = 4.95 Em operação
Medemblik (Países Baixos) 1994 4 x 0.50 = 2.00 Em operação
Tunø Knob (Dinamarca) 1995 10 x 0.50 = 5.00 Em operação
Dronten (Países Baixos) 1996 28 x 0.60 = 16.80 Em operação
Bockstigen, Valar (Suécia) 1998 5 x 0.50 = 2.50 Em operação
Tabela 1- Turbinas offshore no mundo (potência e situação)
Fonte: Dutra, Ricardo Marques-Viabilidade Técnico-Econômica da Energia Eólica Face ao Novo Marco
Regulatório do Setor Elétrico Brasileiro.

A Dinamarca possui projetos e expectativas no mercado offshore de potência eólica


instalada de mais de 4000 MW até 2030, e tornou-se o país mais interessado nos investimentos
em energia eólica offshore.
A razão principal para o atraso no desenvolvimento de fazendas eólicas Offshore tem sido
o custo, desta forma, novos estudos estão sendo desenvolvidos, visando minimizar os custos,
principalmente no tocante a fundação e a conexão à rede elétrica.

3. O POTENCIAL EÓLICO E SUA EXPLORAÇÃO NO MUNDO

A utilização da energia eólica no mundo para produção de eletricidade em larga escala vem
sendo cada vez mais difundida entre diversos países. Iniciada na Europa com a Alemanha,
Dinamarca e Holanda e também nos Estados Unidos, a energia eólica hoje está presente em vários
outros países da Europa como Portugal, Espanha, Itália, Bélgica e Reino Unido além de ter uma
crescente penetração em países da América Latina, África e Ásia.

Em 1990, a capacidade instalada no mundo era inferior a 2.000 MW. Em 1994, ela subiu
para 3.734 MW, divididos entre Europa (45,1%), América (48,4%), Ásia (6,4%) e outros países
(1,1%). Quatro anos mais tarde, chegou a 10.000 MW e no final de 2002 a capacidade total
instalada no mundo ultrapassou 32.000 MW. O mercado tem crescido substancialmente nos
últimos anos, principalmente na Alemanha, EUA, Dinamarca e Espanha, onde a potência
adicionada anualmente supera 3.000 MW (BTM, 2000; EWEA; GREENPEACE, 2003).
Esse crescimento de mercado fez com que a Associação Européia de Energia Eólica
estabelecesse novas metas, indicando que, até 2020, a energia eólica poderá suprir 10% de toda a
energia elétrica requerida no mundo (WIND FORCE, 2003).
De fato, em alguns países e regiões, a energia eólica já representa uma parcela considerável
da eletricidade produzida. Na Dinamarca, por exemplo, a energia eólica representa 18% de toda
a eletricidade gerada e a meta é aumentar essa parcela para 50% até 2030. Na região de Schleswig-
Holstein, na Alemanha, cerca de 25% do parque de energia elétrica instalado é de origem eólica.
Na região de Navarra, na Espanha, essa parcela é de 23%. Em termos de capacidade instalada,
estima-se que, até 2020, a Europa já terá 100.000 MW.
O Gráfico 1 mostra a distribuição da Capacidade Instalada no Mundo.

15%
22%
Espanha
Estados Unidos
19% Dinamarca
Alemanha
Resto do Mundo

35% 9%

Gráfico 1- Distribuição da Capacidade Instalada no Mundo


Fonte: Aneel

4 O POTENCIAL EÓLICO E SUA EXPLORAÇÃO NO BRASIL

Além de outras fontes renováveis presentes no território brasileiro, a geração de energia


pela força dos ventos tem se tornado mais viável pelo barateamento constante desta tecnologia e
sido recentemente (2002) incentivada pelo programa PROINFA, que visa aumentar a segurança
no abastecimento energético pela diversificação de nossas fontes.

Segundo Amarante (2001), já nos primeiros dados anemométricos aferidos (com baixa
precisão, medição à 10 metros do solo) no Brasil, nos anos 70, obteve-se números que indicavam
a viabilidade técnica de instalação de fazendas eólicas no litoral do Nordeste e Fernando de
Noronha.

As regiões com maior potencial e, atualmente, exploração da geração eólica são o


Nordeste e Sul. O Gráfico 2, mostra a potência de geração instalada contribuída por cada estado.
São 97 parques eólicos, superando os 2GW de capacidade que representam 1,69% da potência de
todos empreendimentos de geração em operação.

Ainda pelos dados da Aneel, estão em construção mais 93 parques, principalmente


localizados no norte-nordeste e sul que dobrará a capacidade total de geração eólica.
SE; 34500,0kW SP; 2,5kW

BA;
SC; 233190,0kW
236400,0kW

RS; 460000,0kW CE;


603230,0kW

RN;
395156,0kW MA; 25,1kW
MG; 156,0kW PB;
PI; 18000,0kW 69000,0kW
PR; 2500,0kW RJ; 28050,0kW PE; 26750,0kW

Gráfico 2 – Potência de Geração Instalada


Fonte: Aneel

A região Nordeste, segundo o PNE 2030 (Plano Nacional de Energia), é a região que
apresenta melhores condições para o aproveitamento do potencial eólico, não somente pelas altas
médias de velocidade dos ventos (em torno dos 8m/s médios), mas como complementação à
geração hidráulica, pois as épocas do ano que apresentam as maiores médias de velocidade do
vento são aquelas que os rios apresentam menores vazões.

Figura 02 - Vazão do Rio São Francisco e comportamento médio do vento na região Nordeste
Fonte: CBEE, 2000 apud Dutra, 2004
5 O QUE SE VÊ AO HORIZONTE?

Com a maior preocupação com questões ambientais, a linha que deve ser traçada no
desenvolvimento energético é a adoção da geração eólica como parcela da matriz energética
brasileira. Segundo PINTO (2013), “o investimento mundial na área deve passar dos $16 bilhões
de 2006 para $60 bilhões ao redor de 2020”.

O surgimento de sistemas autônomos se tornará mais comum com o aprimoramento de


tecnologias de controle, automação e aplicação de redes inteligentes, hoje principal desafio à esses
esquemas. As usinas eólicas não conectadas à rede central dão outro caminho de desenvolvimento
do mercado industrial eólico.

6 A GERAÇÃO EÓLICA EM MENORES PROPORÇÕES E DISTRIBUÍDA

A geração distribuída no Brasil, pelas suas grandes dimensões, é mais uma opção de
estratégia energética pois ao se concentrar geração e consumo em um mesmo ponto, reduz-se
consideravelmente as perdas de transmissão e distribuição à partir de grandes geradoras.

Uma outra vantagem da geração distribuída em países que já possuem essa alternativa
regulamentada é a utilização do sistema em backup, eliminando a necessidade de armazenamento
de energia em baterias. Dessa forma, é possível obter-se uma forma de créditos, caso a geração
seja superior que o consumo.

A CPFL publicou em 29 de agosto deste ano um manual nomeado de “Conexão de Micro


e Minigeração Distribuída sob Sistema de Compensação de Energia Elétrica”. Quanto à
compensação é dada da seguinte forma:

“Os créditos de energia ativa resultantes após compensação em todos os


postos tarifários e em todas as demais unidades consumidoras de energia
elétrica expirarão 36 meses após a data do faturamento e serão revertidos
em prol da modicidade tarifária, sem que o consumidor faça jus a qualquer
forma de compensação após esse prazo.” GED 15303 / CPFL, 2013
Referências Bibliográficas

1. AMARANTE, O.A.C.; BROWER, M.; ZACK, J.; DE SÁ, A.L., Atlas do Potencial
Eólico Brasileiro – CEPEL/ELETROBRAS/ MME, Brasília, 2001.

2. DUTRA, Ricardo M. “Energia Eólica”. In: Alternativas Energéticas Sustentáveis no


Brasil. Ed. Relume Dumará, Rio de Janeiro, 2004.

3. PLANO NACIONAL DE ENERGIA 2013, Brasil, Empresa de Pesquisa Energética.


Disponível em < http://www.epe.gov.br/PNE/Forms/Empreendimento.aspx > Acesso em 27 de
Agosto de 2013

4. GED 15303, 08/2013, Brasil, CPFL. Disponível em <


http://www.cpfl.com.br/LinkClick.aspx?fileticket=l3%2f5dq2QuII%3d&tabid=1417&mid=206
4 > Acesso em 23 de Setembro de 2013

5. DUTRA, RICARDO MARQUES - Viabilidade Técnico-Econômica da Energia Eólica


Face ao Novo Marco Regulatório do Setor Elétrico Brasileiro, Rio de Janeiro, 2001

6. ATLAS ENERGIA- ENERGIA EÓLICA, ANEEL. Disponível em


<http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/atlas/pdf/06-energia_eolica(3).pdf> Acesso em 23 de
Setembro de 2013.
Universidade de São Paulo.
Escola Politécnica.
Programa de Educação Continuada – PECE.

GERAÇÃO DISTRIBUÍDA A PARTIR DE USINAS EÓLICAS – UMA AVALIAÇÃO


DO FUTURO.

Kátia Verdini
João Marcos
Setembro 2013

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