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Universidade Federal da Bahia

Escola Politécnica
Colegiado do Curso de Eng. Elétrica

Bruno Seixas de Melo


Jonas Felipe Apostolos Rodrigues Santos
Lorena Oliveira Barbosa
Mateus Moura Costa Simões

Exercício Computacional sobre Cálculo de


Parâmetros de Linhas de Transmissão

Salvador - BA - Brasil
2022
Bruno Seixas de Melo
Jonas Felipe Apostolos Rodrigues Santos
Lorena Oliveira Barbosa
Mateus Moura Costa Simões

Exercício Computacional sobre Cálculo de Parâmetros de


Linhas de Transmissão

Relatório apresentado ao Curso de Graduação


em Engenharia Elétrica da Universidade Fe-
deral da Bahia como parte dos requisitos para
a aprovação da disciplina ENGC47- Transmis-
são e Distribuição de Energia Elétrica.

Salvador - BA - Brasil
2022
Sumário

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

2 RESULTADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

3 DISCUSSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

4 ANEXO A . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
3

1 Introdução

Quando trabalhamos com uma linha de transmissão assimétrica, em que a distância


entre as fases e a terra e entre as fases não são exatamente iguais, é considerado que existe
a transposição de fases. Neste caso é calculado um valor médio igual para resistência,
indutância e capacitância de cada condutor. No entanto, dependendo do trecho da linha
de transmissão, os valores de resistência, indutância e capacitância serão diferentes entre
os condutores. Sendo assim, faz mais sentido falarmos em termos de uma matriz de
parâmetros de tamanho nxn (onde n é o número de condutores), em que, utilizando a
matriz de indutâncias como exemplo, a diagonal principal representa o valor próprio da
indutância das fases e os demais valores são referentes as indutâncias mútuas. Com a
matriz de parâmetros é possível encontrar os seus valores de sequência zero, positiva e
negativa.
Este trabalho tem como objetivo encontrar, com auxílio do software Matlab, as
matrizes [R], [L] e [C] da linha de transmissão não transposta, assim como as resistências,
indutâncias e capacitâncias de sequência zero e positiva determinadas considerando que a
linha é transposta. A configuração geométrica da linha está exibida na figura 1

Figura 1 – Configuração geométrica da linha


4

2 Resultados

O trabalho solicita a realização da modelagem da linha de transmissão da figura


1 que possui, além de três fases com condutores geminados, dois cabos para-raios, as
especificações dos condutores de fase e dos cabos para-raios podem ser vistos na tabela
1. Essa primeira modelagem é feita considerando um solo ideal com resistividade nula
e frequência de 60 HZ, no entanto, também é pedido para o procedimento ser repetido
considerando diferentes valores de frequência de operação e de resistividade do solo e até
desprezando a presença dos condutores para-raios. Será utilizado a rotina power_lineparam
do Matlab para realizar tais cálculos e um exemplo de preenchimento da rotina pode ser
visto na figura 2.

Diâmetro Externo Relação T/D Resistência CC


Cabos de fase 3,284 cm 0,333 0,0509 Ω/km
Cabos para-raios 1,46 cm 0,5 0,360 Ω/km
Tabela 1 – Especificações dos condutores de fase e dos cabos para-raios

Figura 2 – Preenchimento da rotina power_lineparam para cálculo da letra A

Os quesitos solicitados e os resultados encontrados são apresentados abaixo:


a) Frequência 60 Hz, resistividade do solo 0 Ωm com os cabos para-raios
Capítulo 2. Resultados 5

 

0, 0304 0, 0052 0, 0039
[R] = 0, 0052 0, 0314 0, 0052 Ω/km
 
 
0, 0039 0, 0052 0, 0304
 

0, 0012 0, 0002 0, 0001
[L] = 0, 0002 0, 0012 0, 0002 H/km
 
 
0, 0001 0, 0002 0, 0012
 

0, 1002 −0, 0127 −0, 0033
[C] = −0, 0127 0, 1024 −0, 0127 · 10−7 F/km

 
−0, 0033 −0, 0127 0, 1002

R+ = 0,0260 ; R0 = 0,0403
L+ = 0,0010 ; L0 = 0,0014
C+ = 0,1105 ·10−7 ; C0 = 0,0819 ·10−7

b) Frequência 60 Hz, resistividade do solo 1000 Ωm com os cabos para-


raios
 

0, 0911 0, 0662 0, 0641
[R] = 0, 0662 0, 0930 0, 0662 Ω/km
 
 
0, 0641 0, 0662 0, 0911
 

0, 0016 0, 0005 0, 0004
[L] =0, 0005 0, 0015 0, 0005 H/km
 
 
0, 0004 0, 0005 0, 0016
 

0, 1002 −0, 0127 −0, 0033
[C] = −0, 0127 0, 1024 −0, 0127 · 10−7 F/km

 
−0, 0033 −0, 0127 0, 1002

R+ = 0,0263 ; R0 = 0,2227
L+ = 0,0011 ; L0 = 0,0025
C+ = 0,1105 ·10−7 ; C0 = 0,0819 ·10−7

c) Frequência 1000 Hz, resistividade do solo 0 Ωm com os cabos para-raios


 

0, 0316 0, 0063 0, 0047
[R] = 0, 0063 0, 0327 0, 0063

 Ω/km
 
0, 0047 0, 0063 0, 0316
 

0, 0012 0, 0001 0, 0001
[L] = 0, 0001 0, 0011 0, 0001

 H/km
 
0, 0001 0, 0001 0, 0012
Capítulo 2. Resultados 6

 

0, 1002 −0, 0127 −0, 0033
[C] = −0, 0127 0, 1024 −0, 0127 · 10−7 F/km
 
 
−0, 0033 −0, 0127 0, 1002

R+ = 0,0262 ; R0 = 0,0434
L+ = 0,0010 ; L0 = 0,0014
C+ = 0,1105 ·10−7 ; C0 = 0,0819 ·10−7

d) Frequência 1000 Hz, resistividade do solo 1000 Ωm com os cabos


para-raios
 

0, 3328 0, 2964 0, 3037
[R] = 0, 2964 0, 3133 0, 2964 Ω/km
 
 
0, 3037 0, 2964 0, 3328
 

0, 0015 0, 0004 0, 0003
[L] = 0, 0004 0, 0014 0, 0004 H/km
 
 
0, 0003 0, 0004 0, 0015
 

0, 1002 −0, 0127 −0, 0033
[C] = −0, 0127 0, 1024 −0, 0127 · 10−7 F/km

 
−0, 0033 −0, 0127 0, 1002

R+ = 0,0275 ; R0 = 0,9239
L+ = 0,0011 ; L0 = 0,0023
C+ = 0,1105 ·10−7 ; C0 = 0,0819 ·10−7

e) Frequência 60 Hz, resistividade do solo 0 Ωm sem os cabos para-raios


 

0, 0255 0, 0000 −0, 0000
[R] = 0, 0000 0, 0255 0, 0000  Ω/km
 

 
−0, 0000 0, 0000 0, 0255
 

0, 0012 0, 0002 0, 0001
[L] = 0, 0002 0, 0012 0, 0002

 H/km
 
0, 0001 0, 0002 0, 0012
 

0, 0981 −0, 0147 −0, 0048
[C] = −0, 0147 0, 1001 −0, 0147 · 10−7 F/km
 
 
−0, 0048 −0, 0147 0, 0981

R+ = 0,0255 ; R0 = 0,0255
L+ = 0,0010 ; L0 = 0,0015
C+ = 0,1102 ·10−7 ; C0 = 0,0760 ·10−7
Capítulo 2. Resultados 7

f) Frequência 60 Hz, resistividade do solo 1000 Ωm sem os cabos para-


raios
 

0, 0840 0, 0586 0, 0586
[R] = 0, 0586 0, 0840 0, 0586 Ω/km
 
 
0, 0586 0, 0586 0, 0840
 

0, 0021 0, 0011 0, 0009
[L] = 0, 0011 0, 0021 0, 0011 H/km
 
 
0, 0009 0, 0011 0, 0021
 

0, 0981 −0, 0147 −0, 0048
[C] = −0, 0147 0, 1001 −0, 0147 · 10−7 F/km

 
−0, 0048 −0, 0147 0, 0981

R+ = 0,0255 ; R0 = 0,2011
L+ = 0,0011 ; L0 = 0,0042
C+ = 0,1102 ·10−7 ; C0 = 0,0760 ·10−7

g) Frequência 1000 Hz, resistividade do solo 0 Ωm sem os cabos para-raios


 

0, 0840 0, 0586 0, 0586
[R] = 0, 0586 0, 0840 0, 0586 Ω/km
 
 
0, 0586 0, 0586 0, 0840
 

0, 0021 0, 0011 0, 0009
[L] = 0, 0011 0, 0021 0, 0011 H/km
 
 
0, 0009 0, 0011 0, 0021
 

0, 0981 −0, 0147 −0, 0048
[C] = −0, 0147 0, 1001 −0, 0147 · 10−7 F/km

 
−0, 0048 −0, 0147 0, 0981

R+ = 0,0255 ; R0 = 0,2011
L+ = 0,0011 ; L0 = 0,0042
C+ = 0,1102 ·10−7 ; C0 = 0,0760 ·10−7

h) Frequência 1000 Hz, resistividade do solo 1000 Ωm sem os cabos


para-raios
 

0, 9703 0, 9444 0, 9431
[R] = 0, 9444 0, 9703 0, 9444 Ω/km
 
 
0, 9431 0, 9444 0, 9703
Capítulo 2. Resultados 8

 

0, 0018 0, 0008 0, 0007
[L] = 0, 0008 0, 0018 0, 0008 H/km
 
 
0, 0007 0, 0008 0, 0018
 

0, 0981 −0, 0147 −0, 0048
[C] = −0, 0147 0, 1001 −0, 0147 · 10−7 F/km
 
 
−0, 0048 −0, 0147 0, 0981

R+ = 0,0263 ; R0 = 2,8582
L+ = 0,0011 ; L0 = 0,0034
C+ = 0,1102 ·10−7 ; C0 = 0,0760 ·10−7

Para além do cálculo da linha de transmissão utilizando a rotina "power_lineparam"


do MATLAB, também foi pedido o cálculo da indutância e capacitância de sequência
positiva e zero utilizando o método das imagens visto em sala para o item e), ou seja,
para o caso da frequência de 60 Hz, resistividade do solo 0 Ωm e sem os cabos para-raios.
Para esse cálculo foi usado as seguintes fórmulas para a indutância:
Deq 2heq
L+ = 2 · 10−7 (ln f + ln ′
)
Ds Deq

2heq Deq
L0 = 2 · 10−7 ln [f ( )2 ]
Ds Deq

e as seguintes fórmulas para o cálculo das capacitâncias:


2πϵ
C+ = Deq D′
ln f
Dsc
− ln 2heqeq

2πϵ
C0 = D′
ln [ 2heq
( eq )2 ]
Df Deq
sc

Essas fórmulas foram então aplicadas com o auxílio do MATLAB através do código
no anexo A.
Os resultados encontrados foram:
L+ = 0,00104 H/km ; L0 = 0,00149 H/km
C+ = 1,09537 ·10−8 F/km ; C0 = 7,58533 ·10−9 F/km
9

3 Discussão

Comparando o caso base (60 Hz, resistividade do solo 0 Ωm com os cabos para-raios)
com a letra b), em que o solo não é ideal, é notado um aumento significativo dos valores
da matriz de resistências e mais tímido na matriz de indutância, assim como os valores de
resistência e indutância de sequência zero. Esse aumento é ainda mais expressivo quando
olhamos para a situação d), em que o a frequência de operação também aumenta para
1000Hz. Isso ocorre porque, com maior resistividade do solo há maior penetração da
corrente de retorno no chão levando a um aumento da resistência própria e, principalmente,
da resistência mútua. Tal fenômeno está relacionado ao conceito de "profundidade de
penetração complexa", que busca corrigir as resistências e reatâncias indutivas ao se
considerar solos não ideais.
O efeito pelicular, do inglês "skin effect", provoca uma redução da área efetiva de
condução de corrente no condutor e, consequentemente, aumenta a resistência dele. Como
a intensidade desse fenômeno é proporcional a frequência, podia-se esperar que no caso c)
houvesse elevação dos valores quando comparado com o caso a). No entanto, esse aumento
foi bem pouco significativo, uma vez que a consideração do efeito pelicular foi desabilitado.
Para as casos a, b, c e d (com os cabos para-raios) os valores para a capacitância
não se alteraram significativamente. Isso acontece porque aumentar a resistência do solo
só provoca mudanças nas capacitâncias em frequências acima de 1 MHz, o que não foi o
caso de nenhuma situação simulada. O mesmo se repete entre os quesitos e, f, g e h (sem
os cabos para-raios).
Para frequências menores do que 250 kHz, o potencial dos cabos para-raios não
pode ser considerado nulo gerando um impacto nas matrizes de impedância. Como as
impedâncias mútuas dos condutores de fase para os cabos para-raio não são o iguais,
existirá um corrente nos cabos para-raios diferente de zero, produzida pela corrente de
sequência positiva que circula pelos cabos. Essa corrente produzirá perdas adicionais, que
são demonstradas através de um aumento no valor de resistência quando comparado com a
resistência dos condutores de fase. Foi possível observar esse aumento quando observamos
os resultados das letras a) e e), por exemplo, onde as resistências encontradas na letra a)
foram maiores do que as encontradas na letra e).
Por fim, o valor obtido no item e) e o valor calculado na mão foram bem próximos,
o que era esperado, visto que idealmente esses dois resultados seriam iguais, mas devido a
algumas aproximações nos cálculos esse cenário ideal não é realizado.
10

4 Anexo A

perm = 8.85*10^(-12);
h_torre = 21.63;
h_meiovao = 9.83;
h_eq = h_torre - 2/3*(h_torre-h_meiovao);

Ds_flinch = 0.01328928; % 0,0436 pés


d = 0.4; % distancia entre subcondutores
D_ab = 12;
D_bc = 12;
D_ac = 24;
Dl_ab = ((2*h_eq)^2+D_ab^2)^(1/2);
Dl_bc = Dl_ab;
Dl_ac = ((2*h_eq)^2+(2*D_ab)^2)^(1/2);

Ds_f = (d*Ds_flinch)^(1/2);
D_eq = (D_ab*D_bc*D_ac)^(1/3);
Dl_eq = (Dl_ab*Dl_bc*Dl_ac)^(1/3);

% Indutancia de seq positiva em H/km


L_pos = 2*10^(-4)*(log(D_eq/Ds_f) + log(2*h_eq/Dl_eq))
% Indutancia de seq zero em H/km
L0 = 2*10^(-4)*(log(2*h_eq/Ds_f * (Dl_eq/D_eq)^2))

r = 0.0164211 % raio externo dos condutores


Ds_f_c = (d*r)^(1/2);

% Capacitancia de seq positiva em F/km


C_pos = 2*perm*pi/(log(D_eq/Ds_f_c)-log(Dl_eq/(2*h_eq)))*1000
% Capacitancia de seq zero em F/km
C0 = 2*perm*pi/log(2*h_eq/Ds_f_c*(Dl_eq/D_eq)^2)*1000

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