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“ O voi che avete il intelletti sani

mirate la dottrina che s ´asconde

sotto il velame delli versi strani “

Dante Allighieri

Em nossa sociedade o erotismo e a pornografia se desenvolveram com o objetivo de estimular a


sexualidade, principalmente masculina, tarefa perfeitamente adaptada à maior excitabilidade erótica do
homem em relação à mulher, esta mais sensível ao cortejamento, à palavra e ao tato. Como se constata,
os filmes e revistas eróticas são de consumo quase exclusivo dos homens. Na atual e assim chamada era
pós-moderna que semiatrofiou a função do olfato, a principal atividade teledectetora sexual se exerce
mediante o sentido da visão.

Não é de se estranhar, portanto, que os meios de comunicação de maior poder persuasivo da atualidade
sejam a televisão, o cinema e a internet. Com efeito, na contingência midiática em que vivemos, as
imagens objetivam representar a realidade e se não há imagens, parece que nada acontece e nada se
altera. Os homens primitivos em seu espaço doméstico se reuniam em torno do fogo, o homem
moderno se reúne em torno da televisão, daí sua abrangência. À diferença da leitura, a TV se dirige mais
à esfera emocional das pessoas do que à esfera intelectual, racional. Ela é prevalentemente uma
máquina produtora de relatos audiovisuais espetacularizados, produzidos para satisfazer os apetites
emocionais de seus teleaudiovidentes.

Eros e Tânatos eletrônicos

A função primordial da TV é a de reduzir as pessoas à condição de consumidores, ao ponto de se poder


dizer que este meio de comunicação se resume em difundir publicidade interrompida por flashes de
entretenimento. O erotismo desempenha uma função central neste hedonismo consumista, pois é
utilizado com a intenção de propiciar uma publicidade persuasiva buscando provocar atenção,
curiosidade e compulsividade de compra maníaca de objetos; de quaisquer objetos, imediatamente
descartáveis. E este mesmo sentimento é o mais insistentemente utilizado também na publicidade
subliminar.

A sexualidade e o erotismo são úteis e prazerosas atividades do ser humano. No entanto, seu exercício
obsessivo, descontrolado e inconsequente tem consequências pessoais e sociais. Por exemplo, as
campanhas esquizofrênicas (no sentido grego e original da palavra) que tentam diminuir a natalidade
entre as mulheres pobres e em adolescentes, campanhas essas metonimicamente chamadas de
Planejamento Familiar ou de Paternidade Consciente, ficam apenas no discurso retórico, porém não se
atrevem a encetar ações contra os meios de comunicação que invadem de maneira avassaladora a
mente e o coração dos seus consumidores desde a mais tenra idade. A violência tanásica contra as
mulheres, exposta nos sites internáuticos, na TV e no cinema em qualquer hora do dia e da noite, é de
chocante e violento sadismo e humilhação, reduzidas que são a meros objetos de gozo erótico que
incendeia e deforma a mente dos assistentes de todas as idades

Esta perversão midiática está tão generalizada que um estudo empírico efetuado nos Estados Unidos
acerca do comportamento de televidentes, confirmou que foram as cenas de nudez e de mortes
violentas, que frequentemente se juntam, as que mais atraem a atenção.

Esta explosão maciça baseada no que se chama em semiótica de iconomania e idolomania é a base da
expansão comercial e da prosperidade das indústrias pornográficas da imagem, hoje públicas, de
universal e facilitado acesso, mas que nasceram nos prostíbulos de onde eram policialmente limitadas.
Adequada, pois, para a época era a denominação do poeta argentino Leopldo Lugones para a erótica
dança tangueira daquele tempo: “Réptil del lupanar”.

Hoje, todos os tipos de animais peçonhentos marquetizados transitam nos lares de todas as categorias
sociais, de maneira livre, impune e com crescentes Ibopes.

Tema para mais profícuos debates é este para o qual convidamos os leitores de nosso democrátrico
jornal Sul21.

* Médico

** Jornalista

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