Você está na página 1de 6

Tempos Moderno é um clássico dirigido e estrelado por Charlie

Chaplin, ambientado na década de 1930, que se passa após a crise de 29.

Época marcada pela recessão do capitalismo, quebra da bolsa de valores de

Nova York e outras tensões sociais que resultaram em grande desemprego,

fome e miséria, havendo também um crescimento tecnológico importante. Ao

analisarmos este filme, percebemos que diversas características das

Configurações Sociais estão presentes nele, como podemos ver em algumas

cenas.

No início do filme, é possível notar uma analogia, ao mostrar um

grupo de ovelhas brancas e uma única preta no meio delas. Em seguida,

mostra-se todos os trabalhadores seguindo uma mesma linha, exceto Carlitos,

que estava se comportando de forma "desordenada" no meio da multidão. Isso

gera a ideia de que todos devem se adequar a um mesmo padrão para atender

às expectativas que estavam sendo criadas naquela época.

Outro ponto destacado pelo personagem principal é que as pessoas se

tornaram produtos do social, tendo que seguir os ritmos das máquinas,

fazendo movimentos programados. Até mesmo quando parava o trabalho, ele

continuava fazendo os mesmos movimentos, automatizando e vendo

parafusos onde não deveria, como botões das roupas das mulheres. Os outros

funcionários, quando Carlitos começava a brincar com eles e tirar a sua

paciência, paravam as máquinas para brigar com ele, mas logo ele as ligava e

todos voltavam às suas atividades. Pelo fato de Carlitos não conseguir

controlar seus próprios sentidos, a policias foi chamada para prender ele no

hospital, característica presente da 1º Configuração do Social, momento esse

foi criado equipamentos sociais para amparar os sujeitos que não podiam se

1
sustentar, isso se deu para uma gestão racional da indigência para o bom

governo da cidade.

Ao sair do hospital e tentar uma nova vida ele ver a empresa fechada

e os trabalhadores fazendo greve, logo se junta a ele e pega uma bandeira e

se põe bem à frente da manifestação, logo vai preso novamente por ser

considerado o líder comunista para os policiais, que queriam conter o

protesto. Ponto este importante, para ligarmos com o surgimento da

Psicologia Social, que se originou a partir do Movimento das Multidões, onde

reunia trabalhadores unidos em busca de justiça política, econômica e social,

que chamou a atenção da Europa no século XIX e dessa forma o movimento

se torna objeto de estudo e a psicologia social surge mais como uma maneira

de intervenção nessa problemática. È importante ressaltar a presença da

família de Ellen na história. Ellen que já era órfã de mãe, perde também seu

pai durante uma manifestação de trabalhadores. Suas irmãs mais novas são

levadas para um orfanato, enquanto Ellen, em um ato de desespero e coragem,

foge para as ruas na tentativa de sobreviver.

Logo, Carlitos é solto e tenta se meter em conflitos na sociedade para

novamente voltar ao hospital. Conflitos esses em que ele acoberta Ellen,

falando que foi ele quem roubou o pão. Mas o seu plano não sai como o

esperado, pois outras pessoas acabam contando a verdade. Logo, ele entra no

restaurante, come o que quer à vontade e sai sem pagar, sendo novamente

levado para o hospital. Durante a ida para o local em que ele iria ficar

internado, a garota também foi pega pelos policiais. Ainda no caminho,

aconteceu um acidente e um dos policiais, Ellen e Carlitos, terminaram caindo

2
do carro. Momento este em que ele incentiva a jovem a fugir e ele permanece

lá, até ela o chamar para eles irem juntos

Ao ficarem na rua, eles puderam presenciar um casal feliz morando

numa casa bonita. Eles começam a se imaginar em um ambiente como aquele,

com uma vida fácil e que as coisas recebem nas mãos. Isso é idealizado pela

árvore frutífera na janela dando fruto, e a vaca passando na porta para aparar

o leite, só com o estalar dos dedos, a vaca libera o leite. Com isso, Carlitos

fala que eles vão ter uma casa assim, nem que tenha que trabalhar por ela.

Com isso, podemos observar que há uma idealização do trabalho. A partir do

trabalho, a pessoa pode subir de classe e alcançar tudo que deseja. Isso é muito

presente na 2º Configuração, onde prega uma imagem de ascensão social.

Carlitos se depara com uma oportunidade de emprego em uma loja de

móveis, apresenta sua carta de recomendação e é contratado. No entanto,

Carlitos e Ellen começam a viver secretamente nas outras lojas dentro do

prédio, mas quando descoberto, Carlitos é preso e logo é libertado.

Após sua libertação, ele se reencontra com Ellen, que encontrou uma

casa para eles. Em meio a essa notícia, Carlitos descobre através do jornal que

as fábricas estão reabrindo. Ele corre para tentar conseguir um emprego,

sonhando com a possibilidade de ter uma casa própria através do seu trabalho.

Apesar da multidão de pessoas, ele consegue ser o último a entrar para

trabalhar.

A desigualdade social é evidente durante o almoço na fábrica.

Enquanto um dos funcionários desfruta de uma grande variedade de

3
alimentos, Carlitos tem apenas o básico para comer, refletindo a crescente

disparidade econômica na sociedade.

Logo após o almoço, eles são informados de que a fábrica entrará em

greve. Carlitos é novamente levado pela polícia, desta vez por se envolver

inadvertidamente em um protesto dos trabalhadores. Duas semanas depois,

ele é libertado e reencontra Ellen. Ela conseguiu um emprego para ele no

mesmo local onde ela estava se apresentando para sobreviver, mas Ellen é

procurada pelo juizado de menores, adicionando mais um obstáculo à vida já

tumultuada de Carlitos.

Naquela noite, Carlitos assume o papel de garçom em um

movimentado restaurante. Apesar de seu entusiasmo, ele se encontra em uma

série de situações complicadas, derrubando bandejas e misturando pedidos, o

que causa uma série de problemas. No entanto, quando tudo parece perdido,

o dono do restaurante lhe dá uma última chance: subir ao palco e cantar.

Nervoso, Carlitos sobe ao palco e começa a dançar. No entanto, ele

esquece a letra da música e, em um momento de pânico, começa a improvisar.

Ele transforma sua confusão em uma performance humorística, fazendo

gestos e sons engraçados que encantam o público. Sua apresentação

inesperada é um sucesso, e o dono do bar, aliviado e impressionado, decide

contratá-lo.

Logo após a performance de Carlitos, a menina se prepara para sua

própria apresentação. No entanto, ela é abruptamente interrompida pelo

juizado de menores, que acredita que o bar não é um ambiente adequado para

ela. Com a ajuda de Carlitos, ela consegue escapar. Embora esteja desanimada

4
com o incidente, Carlitos a conforta e a encoraja, prometendo que eles

encontrarão uma maneira de superar suas dificuldades juntos.

Em conclusão, a análise do filme “Tempos Modernos” nos permite

compreender de forma mais profunda as configurações sociais discutidas por

Rosane Silva. O filme ilustra a transformação do indivíduo em um produto

do social, refletindo a primeira configuração do social onde o indivíduo deve

se adequar a um padrão para atender às expectativas da sociedade. Além

disso, a luta de Carlitos e Ellen para sobreviver em meio à desigualdade social

e à repressão política é um reflexo da segunda configuração do social, onde a

ascensão social é idealizada através do trabalho.

Essas representações no filme destacam a relevância da Psicologia

Social no entendimento e na intervenção dessas problemáticas sociais.

Através da análise deste filme, podemos entender melhor o processo de

invenção da Psicologia Social e como ela se relaciona com as configurações

sociais. Portanto, é essencial continuar explorando e discutindo essas

questões para aprofundar nosso entendimento da Psicologia Social e seu papel

na sociedade. A análise do filme “Tempos Modernos” nos permite ver a

aplicação prática das teorias discutidas por Rosane Silva, reforçando a

importância da Psicologia Social na compreensão e na intervenção nas

problemáticas sociais.

5
REFERÊNCIAS

CHAPLIN, Charles. Tempos Modernos. Estados Unidos: United Artists, 1936. Disponível

em: https://youtu.be/ZUtZ8q_vkKY?feature=shared. Acesso em: 25 de abril de 2024.

SILVA, R. N. da. Notas para uma genealogia da Psicologia Social. Psicologia &

Sociedade, v. 16, n. 2, p. 12–19, maio 2004. Disponível em:

https://www.scielo.br/j/psoc/a/pwpgKKHvZdsYVYxBDFJPMrs/?lang=pt#. Acesso em:

27 de abril de 2024.

Você também pode gostar