TEOLOGIA SISTEMÁTICA I – 2024.

1
PROFESSOR: Pr. Mark Swedberg

POSIÇÃO DOUTRINÁRIA: BIBLIOLOGIA

Jairo Freire de Souza1

1. DEFINIÇÃO DE REVELAÇÃO
• Revelação, derivada do grego "apokalupsis" (Strong G602), é o ato de tornar descoberto
ou exposto algo que estava oculto. A revelação se refere à manifestação individual (2 Co
12:4) ou coletiva (Ap 1:11) de um desígnio ou verdade divina.
• A revelação pode envolver a descoberta de verdades anteriormente desconhecidas ou
eventos que trazem à mente das pessoas realidades até então não são percebidas. De acordo
com Thiessen, em Palestras em Teologia Sistemática (p.10), a revelação é o ato de Deus
pelo qual Ele se mostra ou comunica verdades à mente, revelando aquilo que não pode ser
conhecido de outra maneira.

2. DISTINÇÃO ENTRE REVELAÇÃO GERAL E REVELAÇÃO ESPECIAL

• Deus mostrou a Si mesmo aos seres humanos de duas formas principais: a revelação geral
e a revelação especial.
o A revelação geral é aquela que todos podem experimentar, como observar a
natureza, ver como tudo funciona no universo e até mesmo compreender a própria
existência. É uma revelação que alcança todo mundo de uma maneira geral.
o Por outro lado, a revelação especial não é para todo mundo ou não é dada a todo
mundo. Ela acontece de maneiras mais específicas, como através de eventos
incomuns, sonhos, visões, mensagens de Deus transmitidas por pessoas especiais
como profetas e até mesmo através de Jesus Cristo e da Bíblia.
• Creio na revelação tanto geral (Mt 5:45) quanto especial (2 Tm 3:15-17). Acredito que um
Deus único se revelou com o objetivo de manifestar Sua glória e estabelecer uma relação
com a humanidade, permitindo que o homem O conheça. Sendo um Deus que deu o
primeiro passo ao tomar a iniciativa de Se revelar.

1
Aluno do curso de Bacharel em Teologia pelo Seminário e Instituto Batista Bereiano (SIBB)
3. DEFINIÇÃO E DEFESA DE INSPIRAÇÃO VERBAL E PLENÁRIA
• O termo grego "theópneustos" (Strong G2315), que significa "soprado por Deus", é
traduzido como "inspirado por Deus" em 2 Timóteo 3:16. Porém, o uso do termo
"inspiração" pode levar a equívocos, pois pode ser interpretado como "aspirado" em vez de
"soprado", e pode sugerir que os escritores sagrados foram "inspirados", em vez das
próprias Escrituras.
• A inspiração das Escrituras é definida como uma influência sobrenatural do Espírito Santo
sobre homens divinamente escolhidos tornando seus escritos confiáveis e autoritários (2 Pe
1:21). Os textos de Dt 25:4 e Lc 10:7 são unidos e chamados de “Escrituras” (1Tm 5:18);
os escritos de Paulo também são chamados de “Escrituras” (2 Pe 3:16).
• João 14:26 revela a promessa de Jesus aos discípulos de que o Espírito Santo os ensinaria
e os faria lembrar de tudo o que Ele lhes havia dito. Essa promessa confirma a validade do
Novo Testamento, pois os discípulos, testemunhas dos ensinamentos de Jesus, foram
capacitados pelo Espírito Santo a recordá-los sem omitir suas perspectivas individuais.
Isso garante a precisão dos Evangelhos, nos quais Jesus é retratado fielmente.
• É importante destacar que essa inspiração só se refere aos autógrafos originais, tudo o mais
que foram escritos depois como as cópias, são passíveis de erro. Os originais não. Sendo a
Bíblia inspirada, do início ao fim, cada letra é útil é suficiente para guiar o homem a toda a
verdade.
• Creio que a Palavra de Deus é totalmente inspirada e sem erro.
o Creio na inspiração verbal: Todas as palavras da Bíblia são inspiradas, e não apenas
conceitos (cf. 1 Co 2:13). Creio que a inspiração verbal se refere à orientação
sobrenatural de Deus sobre os autores bíblicos para escreverem exatamente o que
Ele desejava comunicar, incluindo cada palavra específica da Bíblia.
o Creio na inspiração plenária: Plena, completa e não parcial. Creio que todas as
partes da Bíblia são igualmente de origem divina e possuem autoridade espiritual,
garantindo que nada na Escritura seja acidental ou sem propósito (cf. 2 Pedro 1:21).
4. EXPLICAÇÃO E DEFESA DE INERRÂNCIA
• A inerrância das Escrituras significa dizer que elas são completamente verdadeiras, sem
erros ou falhas, e essa verdade é confirmada pela própria Bíblia, como destacado em João
10:35, onde é declarado que a Escritura não pode falhar. Além disso, a inspiração e
inerrância das Escrituras também implicam em sua autoridade absoluta. Isso significa que
a Bíblia não apenas contém a verdade, mas também possui autoridade suprema sobre todos
os aspectos da vida e da fé cristã.
• Creio que a Bíblia é inerrante toda palavra veio da boca de Deus (Mt 4:4); creio que é
inerrante porque Jesus Cristo afirmou a Palavra é a verdade (Mt 22.29; Jo 17.17).
• Creio que sua autoridade se estende a todas as palavras, garantindo que cada palavra seja
digna de confiança e autoritativa.
o Sua autoridade abrange a Bíblia inteira, desde o Gênesis até o Apocalipse,
garantindo que cada parte seja igualmente autoritária. Além disso, sua autoridade
se estende a todas as áreas do seu ensinamento, incluindo história, ciência,
ensinamentos morais e doutrinários. Isso significa que a Bíblia é uma fonte
confiável e autoritativa de conhecimento em todas as áreas da vida, fornecendo
orientação e direção para os crentes em todas as épocas e culturas.
• Creio na inerrância da Bíblia porque acredito que Deus, sendo perfeito, não pode errar.
Como Sua Palavra, a Bíblia reflete essa perfeição divina em cada aspecto. Sua inspiração
direta e orientação pelo Espírito Santo garantem que cada palavra seja precisa e confiável.

5. DEFINIÇÃO DO CÂNON BÍBLICO

• O termo "cânon" se refere à lista oficial e autorizada dos livros que constituem a Bíblia.
Estes livros foram escritos individualmente por diversos autores ao longo de um extenso
período. A questão canônica diz respeito à composição dos livros que são reconhecidos
como sendo a Bíblia.
• Os critérios utilizados para determinar o cânon das Escrituras são essenciais para garantir
que apenas os livros verdadeiramente inspirados por Deus sejam reconhecidos como parte
da Bíblia. Em primeiro lugar, um critério fundamental é a autoridade do texto, ou seja, se
ele afirma vir verdadeiramente de Deus. Além disso, a autenticidade do texto é verificada
através de sua natureza profética, isto é, se foi escrito por um homem de Deus e se seus
ensinamentos estão alinhados com as verdades já estabelecidas, como indicado em
Deuteronômio 18:18-21. A aceitação e recepção do texto pelo povo de Deus ao longo do
 tempo também desempenham um papel crucial na determinação do cânon, refletindo sua
autoridade e influência na comunidade de fé. Outros critérios incluem a transformação de
vidas, a glorificação de Deus sobre os homens e a dinâmica do texto em impactar
positivamente aqueles que o leem.
o Os critérios para inclusão de um livro no cânon do Novo Testamento refletem a
busca por sua autoridade divina, profecia, autenticidade, poder de transformação e
aceitação pelo povo de Deus. Apesar de os detalhes exatos permaneçam
desconhecidos, esses princípios orientadores provavelmente guiaram a seleção dos
livros canônicos pela igreja primitiva. Um exemplo desse processo é visto na carta
de Pedro, que reconhece as cartas de Paulo como Escrituras (cf. 2 Pedro 3:15,16).
• Creio que a canonicidade é determinada pela inspiração; creio que Deus guiou os concílios
eclesiásticos de forma que o cânon fosse reconhecido. Jesus Cristo afirmou o cânon
inspirado do Antigo Testamento conforme indicado em Mt 21:42 e Mt 22:29. Creio que a
Bíblia autentica a si mesma.

6. EXPLICAÇÃO DA PRESERVAÇÃO DA BÍBLIA COM IMPLICAÇÕES QUANTO

A MANUSCRITOS E TRADUÇÕES
• A Bíblia tem sido cuidadosamente preservada ao longo dos anos, principalmente por causa
dos manuscritos antigos em que foi escrita e das traduções feitas para diferentes idiomas.
• Os manuscritos antigos, como os Manuscritos do Mar Morto, nos ajudam a entender como
a Bíblia foi escrita originalmente.
o As traduções para outros idiomas tornaram a Bíblia acessível a pessoas de diferentes
partes do mundo. Essas cópias e traduções têm sido muito importantes para que as
pessoas possam ler e entender as mensagens da Bíblia, mesmo ao longo do tempo
e em diferentes lugares.
• Creio que Deus garantiu que Sua Palavra permanecesse igual, sem mudar seu significado.
Mesmo que não tenhamos os textos originais, e que apesar das limitações humanas, os
milhares de manuscritos copiados foram muito bem cuidados e as pequenas diferenças
entre eles não mudam o que a Bíblia nos ensina.
• Creio que a própria Bíblia diz que Deus prometeu preservar Sua Palavra e que ela vai durar
para sempre. Essa preservação é confirmada por Jesus, que disse que nem uma letra ou
traço passaria da lei até que tudo se cumprisse (Mateus 5:18), e pelo profeta Isaías, que
afirmou que a palavra de Deus subsiste eternamente (Isaías 40:8). Pedro também
 reconheceu a eternidade da Palavra de Deus (1 Pedro 1:24-25). Assim, podemos confiar
que a mensagem da Bíblia permaneceu consistente ao longo dos tempos, nos dando
esperança e direção em nossas vidas.

CONCLUSÃO

• O texto do Antigo e do Novo Testamento que temos hoje é confiável porque foi muito bem
cuidado. Isso mostra o amor de Deus por nós e como Sua verdade é importante para nossa
vida espiritual. Se alguém diz que não pode confiar na Bíblia, então também teria que
rejeitar muitos outros livros antigos. Podemos ter certeza da confiabilidade histórica da
Bíblia. As descobertas da arqueologia também apoiam o que está escrito na Bíblia.
• Diante das informações abordadas nesta declaração, creio na revelação de Deus através de
Sua Palavra. Creio em sua inspiração verbal e plenária. Também creio em sua inerrância e
na compilação de 39 livros do Antigo Testamento e 27 do Novo Testamento como livros
inspirados por Deus, bem como em sua preservação ao longo dos séculos.