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Universidade de Montemorelos

Faculdade de Teologia – Extensão de Angola

Pesquisa Apresentada em Cumprimento parcial requisitado à cadeira de Teologia

Fundamental

TEMA:

A AUTORIDADE DAS ESCRITURAS

Estudante: Alexandre Gaspar Mateus Domingos

Nº de Matricula: 1210188

1º Ano

II Semestre

Instrutor: Pr. Aurélio Paulino

Huambo/Bongo, Março 2023


INDICE

Introdução ....................................................................................................................... 3

DEFNIÇÃO DE CONCEITOS-CHAVE ..................................................................... 4

AUTORIDADE E INSPIRAÇÃO ................................................................................. 5

AUTORIDADE DO ANTIGO TESTAMENTO ......................................................... 6

A AUTORIDADE DAS ESCRITURAS E O RECONHECIMENTO NA ÊPOCA

VETEROTESTAMENTÁRIA ...................................................................................... 7

AUTORIDADE DAS ESCRITURAS NO NOVO TESTAMENTO .......................... 8

AUTORIDADE DAS ESCRITURAS E REFORMA PROTESTANTES E O

PRINCÍPIO SOLA SCRIPTURA ................................................................................ 11

JESUS E A AUTORIDADE DAS ESCRITURAS .................................................... 14

Autoridade Bíblica na Interpretação das Escrituras ................................................ 16

CONCLUSÃO............................................................................................................... 17

BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 18

2
Introdução

As Escrituras têm sido alvo de muitos ataques e interrogações que de certa forma

colocam em causa sua autoridade normativa, e hoje vivemos uma grande crise de

autoridade, tanto a autoridade paterna, a autoridade matrimonial, autoridade política

entre outras têm sido maldosamente defrontadas com insubmissão e desafiada também a

autoridade das Escrituras, apresentando com a demonstração de Si mesmo Deus exerce

toda e irrestrita autoridade e poder sobre os seres criados, e consequentemente são

responsáveis diante de Deus pelo poder e autoridade que exercem. E também determina

um padrão de justiça e vida. O Deus da Bíblia inspirando as sagradas Escrituras,

contendo a Sua vontade transcendental de maneira escrita e objetiva, sendo eles regra

normativa de fé e modo de vida, através da qual Deus em Cristo exercem autoridade na

vida dos homens.

A autoridade da Bíblia como a Palavra de Deus é um tema de bastante importância

dentro da religião cristã, especialmente no Adveníssimo. A pergunta que não se quer

calar, é, se a Bíblia deve ser permitida como autoridade final em matéria de fé e conduta

ou a ciência, politica, a cultura, a educação ou a sociedade devem exercer maior poder

sobre a comunidade?

Para atender esta necessidade, o presente trabalho acadêmico, faz uma pesquisa que tem

como objetivo apresentar evidências da natureza da autoridade divina e da Bíblia, e esta

autoridade com certas influências sobre a interpretação bíblica e também como foi

apresentado o assunto por vários autores como Carl. F.H Henry, Peter M. Van

Bemmelen, examinam que a autoridade das Escrituras significa que o que nele contém,

suas palavras demonstram ser as Palavras de Deus a descrença e a desobediência a

qualquer parte das Escrituras equivale a não acreditar em Deus e desobedece-Lo.

3
DEFNIÇÃO DE CONCEITOS-CHAVE

De princípio é importante definir termos-chaves nesta pesquisa que são os seguintes:

Teologia: 1do grego theos, “Deus", e logos, “discurso”. Estudo ordenado de

Deus e de Sua interação com o universo, análise dos ensinamentos das Escrituras do

Antigo e do Novo Testamento. ”

Autoridade: 2gr exousia. É o “direito ou poder de ordenar ação ou submissão, ou

determinar crença ou costume, esperando obediência por parte daqueles que estão sob a

autoridade e, por sua vez, assumindo a responsabilidade da vindicação ao direito ou

poder”.

Escrituras: Embora seu uso Extra bíblico seja amplo, ela sempre é empregada

no NT com referência à Sagrada Escritura. O plural denota as Sagradas Escrituras como

um todo.

3
Tradição: Do latim tradictio, “alguma coisa legada”. quer dizer “aquilo que é

entregue”, e os judeus possuíam um grande vocabulário de termos ligados à tradição.

Eles falavam de receber, abraçar, manter, permanecer e passar a outros aquilo que é

transmitido, principalmente ensinos legados por um mestre a um discípulo.

Pseudoepígrafos: São os livros escritos sob um nome fictício. Para outros são os

escritos judaicos, extrabíblicos, não inspirados do Antigo Testamento.

1
Tratado de teologia: Adventista do Sétimo Dia / [editor Raoul Dederen; pág.26
2
LÉXICO DO NOVO TESTAMENTO GREGO / PORTUGUÊS, F. Wilbur Gingrich, p.65-70
3
Enciclopédia da Bíblia Editora Cultura Cristã, (1953), págs. 720-780;

4
Sola Scriptura: “Somente a Escritura4 é o verdadeiro senhor e mestre de todos os

escritos e doutrinas na Terra”. Bíblia e a Bíblia unicamente como a regra última da

verdade.

AUTORIDADE E INSPIRAÇÃO

Inspiração e autoridade das Escrituras são temas diferentes, mas não se separam. Não

são os meros homens, seus escritores como tais, que fornecem autoridade à Bíblia, mas

sim o Seu Autor que é Deus. 5As Escrituras por serem um livro cuja fonte é Deus Seu

originador, este facto torna Sua mensagem digna de ser aceite e confiada como a

Palavra de Deus, não pode haver firme autoridade das Escrituras sem se haver

compreendido sua origem e inspiração.

As autoridades das Escrituras Sagradas se declaram6 pelo fato de ela ser dada por

revelação e inspiração divina como dá testemunho a própria Bíblia a respeito de Sua

procedência como em 2 Timóteo 3:16,17 afirma: “Toda a Escritura é divinamente

inspirada por Deus...”. A apresentada aqui para “divinamente inspirada por Deus” (gr.

theopneustos) traduz-se literalmente como “soprada por Deus”, a imagem aqui usada é a

do “sopro divino”, o Santo Espírito divino atuando no profeta para que as escrituras se

produza por meio da inspiração. “Toda a Escritura” é proveniente da inspiração divina

isso é aplicado ás Escrituras do Antigo Testamento e as Escrituras da dispensação cristã

(ver 1 Pe 1:19-21, 1Tessa 2:13).

O autor da epístola emprega a expressão “Escritura” (gr. graphe “escritos”) em

1Timóteo 5:18 aplica Paulo citando apenas Deuteronômio 25 versos 4, no Velho

4
(Luthers Works, 32:11, 12)
5
Hermann Venema, Institutes of Theology, 201.
6
INTERPRETING SCRIPTURE:BIBLE QUESTIONS AND ANSWERS, BIBLICAL RESEARCH INSTITUTE, p. 19-24

5
Testamento e outra citada por Cristo no evangelho de Lucas 10:17. O apóstolo Paulo

usa a expressão “Escritura” para apontar tanto para o AT como para o NT como escritos

“inspirados” santos e plenos de “autoridade” dada diretamente por Deus. Assim, existe

na Escritura “uma autoridade” que não é pertencente a pensamentos ou palavras de

homens meramente, mas de Deus. Os autores da Bíblia fazem referência a Deus e as

Sagradas Escrituras de forma intercambiáveis.7

AUTORIDADE DO ANTIGO TESTAMENTO

Há frequentes afirmações na Bíblia de que todas as palavras das Escrituras são a Palavra

de Deus (como também que foram escritas por homens santos escolhidos por Deus). No

Antigo Testamento isto se vê frequentemente na frase introdutória: “Assim diz o

SENHOR”, aparece diversas vezes. No mundo do Antigo Testamento esta frase era

reconhecida como uma forma idêntica da frase “Assim diz o Rei”, que se usava como

prefácio nos editos de um rei aos seus súditos, edito que não se podia questionar e pôr

em dúvida se não que, simplesmente havia de obedecer. Assim quando os profetas

dizem: “Assim diz o SENHOR” (Jeremias 9:23), estão afirmando ser mensageiros do

Rei Soberano de Israel, o próprio Deus, e estão afirmando que Suas palavras são

absolutamente palavras autoritativas. Quando um profeta falava em nome de Deus desta

maneira, toda a palavra que dizia tinha que ser de Deus ou seria um falso profeta (ver.

Nm 22:35.38, Dt 18:18-21, Jer 1:9, Ezeq 2:7).

E mais se Deus dizia uma palavra revela através do profeta, Jeremias 37:2 declara:

“...nem o povo da terra deram ouvidos às palavras do SENHOR que falou por

intermédio de Jeremias o profeta”. Portanto, o que o profeta dizia em nome de Deus, é

Deus quem realmente falava (1Reis 14:18, 16:7,12, Zac 7:7,12). Nestas e outras

7
O Antigo Testamento interpretado: versículo por versículo: dicionário vl. 6 / Russell N. Champlin,
p.4247-4253

6
circunstâncias do Antigo Testamento, as palavras que os profetas disseram unicamente

pode igualmente referir-se como palavras que Deus mesmo disse. Sendo assim quem

não crer ou desobedecer algo que o profeta dizia era equivalente á não crer ou mesmo

desobedecer ao próprio Deus. 8Mas a força acumulativa destas palavras ditas ou

escritas, incluindo as variadas passagens que começam com o “Assim diz o SENHOR”,

demonstram que dentro do Antigo Testamento temos registros escritos das palavras que

se dizem ser as próprias palavras de Deus. Estas palavras escritas constituem as grandes

seleções do Antigo Testamento.

A AUTORIDADE DAS ESCRITURAS E O RECONHECIMENTO NA ÊPOCA

VETEROTESTAMENTÁRIA

Nos livros históricos do Antigo Testamento revela o fato a respeito da consideração

vívida que era dada a Lei como tendo autoridade sobre aqueles que a liam, disto dá

testemunho Josué quando é instruído por Deus a fazer tudo segundo a Lei de Moisés

(Josué 1:7,8) Cf. 1Reis 2:3; 2Reis 14:5. 2Reis 22:8. Na passagem de 2Reis 23:24,25

extraímos informações da aceitação da Lei de Deus na vida inteira do povo de Deus em

voltar-se ao SENHOR e obedecer aos seus mandamentos. 9Este reconhecimento da lei

como autoridade, em outros textos do Antigo Testamento como Isaías 8:20 declara de

maneira enfática o fundamento da autoridade peculiar das Escrituras “À lei e ao

Testemunho; se eles não falarem de acordo com esta palavra é porque nenhuma luz

existe neles”.

10
A singularmente os escritores bíblicos do Antigo Testamento apontam para as

Escrituras como vindo do único e verdadeiro Deus para o homem com autoridade,

8
Teologia Sistemática / Lewis Sperry Chafer, p.124
9
Citado por Oehler, op. cit., 88.
10
Inspiration and Biblical Authority”, p. 101

7
entende-se pelas expressões ditas no Shemah, “Ouve, ó Ish’rael: YHWH nosso Adonai

é o único YHWH” (Dt 6:4) reconhecendo apenas um Deus que é supremo mais elevado

do que qualquer autoridade, firmado na misericórdia, Deus, é Soberano sobre Céus e

Terra, nenhuma criatura pode reclamar autoridade acima da Sua (Isaías 45:18, 40:25-

28). 11Através de Seu servo Moisés, Deus aponta para total obediência do povo aos Seus

preceitos e Lei que havia transmitido por intermédio de Moisés e nada deveria ser

alterado ou removido (Deut 4:2, 12:32). Claramente as Escrituras afirmam que nenhuma

profecia, tradição ou ritos, até mesmo textos devem ser aceites como assumindo mais

autoridade que a palavra de origem divina. Somente a palavra revelada por meio de

Moisés e as palavras dirigidas aos servos de Deus deveriam ser recebidas como a

Palavra de Deus.

AUTORIDADE DAS ESCRITURAS NO NOVO TESTAMENTO

Um dos lugares do Novo Testamento a par dos escritos do Antigo Testamento percebe-

se na segunda epistola de Pedro 3:16 mostra que não só tinha conhecimento das cartas

escritas por Paulo, 12mas que classificava “todas suas as cartas” de Paulo com “outras

escrituras”, esta é uma indicação durante a historia da igreja cristã se consideravam

todas as Epístolas de Paulo e outras como a Palavra de Deus escritas no mesmo sentido

como se consideravam os textos do Antigo Testamento. De forma similar, em 1Timoteo

5:18 Paulo cita as palavras de Jesus segundo o evangelho de Lucas 10:7 e as chama de

“Escrituras”. 13
Sendo assim estabelecemos que os escritos do Novo Testamento

pertencem a categoria especial de Escrituras, temos evidências para aplicar também

11
«Scripture». NDT pp. 627-31.
12
William G.T. Shedd. Dogmatic Theology, vol. 1,16.
13
Hasel, Frank Como entender a Bíblia: a arte de interpretar, p. 35

8
2Timóteo 3:16 em que Paulo atribui a “Todas as Escrituras” “inspiradas por Deus”, as

suas palavras, que são palavras de Deus.

O Novo Testamento também considera as Escrituras do Antigo Testamento, ainda

Cristo e seus seguidores utilizaram as Escrituras como padrão e norma. Usando

expressões como “Escritura” graphe, “a Lei e os Profetas”, também Lucas 19:46 “Está

Escrito”, e “diz o Senhor Todo-Poderoso” (2Cor 6:17-18) e “ Porque a Escritura diz. ”

(Rom 9:17) para referenciar unicamente o Antigo Testamento. Cristo Jesus reconhecia

as Escrituras veterotestamentaria e os ensinos de Moisés como a Palavra de Deus

(Marcos 7:10-13) Ele fez menção ao rei Davi como tendo inspiração (Marcos 12:36),

para o Senhor Jesus Cristo, a Escritura inspirada do Antigo Testamento eram Sua fonte

de autoridade (João 10:35).

14
Para os apóstolos na igreja primitiva, as suas mensagens eram carregadas de

autoridade vinda de Deus, considerava o apóstolo Paulo que as palavras que transmite

são de facto “ensinadas pelo Santo Espírito...” (1Cor 2:13) como quem tem “a mente de

Cristo” (1 Cor 2:16), tinham em seus ensinos poder com autoridade divina para

determinar soluções para situações controvertidas no seio dos crentes.

15
Warfield compreende que: Em um destes grupos de textos, nas Escrituras, Deus é

considerado como se suas Palavras fossem as próprias Escrituras. Reconhecendo as

duas categorias, o SENHOR e a Bíblia são colocados a uma união de maneira a revelar

que no padrão de autoridade não havia nenhuma diferenciação entre ambos.

O caráter e essência da autoridade de Deus e das Escrituras

14
Idem, 35
15
Introdução à Autoridade Bíblica, p. 299

9
16
Sabendo que a Bíblia chegou até nossas mãos como os revelados oráculos de Deus,

vêm com autoridade divina quando falam. No mundo em que vivemos de forma geral a

autoridade é baseada nas posições, cargos, poder financeiro, aparência física,

conhecimento ou de outros meios e capacidades que um grupo exerce sobre o outro.

Costumes, valores e tradições de certas religiões geralmente são cobertos de grande

autoridade muito similar à postura das “tradições dos anciãos” entre os judeus da época

de Jesus Cristo e dos discípulos (Mat 15:2; Marc 7:3; Gal 1:14). As várias formas de

autoridade de origem humana derivam do mundo passageiro. Em contraste a autoridade

de Deus é para sempre, porque Ele é um Ser cujo o atributo é a eternidade (Sal 90:2).

Por ser o Criador, a autoridade divina é soberana sobre todos os seres criados, e toda a

autoridade humana está submissa a autoridade de Deus.

17
Peter M. Van Bemmelen no assunto da natureza da autoridade de Deus nas Escrituras

compreende que “embora a autoridade de Deus” seja eterna e soberana, ela é diferente

da autoridade humana. Cristo Jesus afirma sobre a autoridade divina a seus servos: “Nas

entre vós não será assim” (Lucas 22:25-26) o maior dentre eles seria o serviçal. Ele

mesmo, Cristo, sendo o Senhor, referiu-se como “Eu Sou como quem serve” (verso 27).

Desta forma podemos observar que o alicerce da autoridade de Deus está baseado no

amor e é realizada por uma atitude de sacrifício próprio. Não repousa na coerção ou pela

violência, e nisto a há uma evidente diferença entre a autoridade divina fundamentado

no amor e a autoridade humana, que é fundamentada na persuasão e elevação do

homem sobre o outro.

A evidência de acreditar e prestar obediência a todas as palavras que vêm das

Escrituras é recorrente no Novo Testamento. Cristo em Mateus 4:4 replicou o apelo do

16
Authority. II. History and Theology, Leiden: Brill, 2007), v. 1. p. 519.
17
Compreendendo as Escrituras: Uma Abordagem Adventista, George W. Reid, p.74

10
Tentador no deserto repetindo uma passagem das Escrituras de Moisés em

Deuteronômio 8:3 afirmando que a humanidade deve viver de toda a Palavra

proveniente da boca de Deus. O relato dos evangelhos nos mostram que, Cristo não

apenas tinha conhecimento e entendimento das Sagradas Escrituras, mas que reconhecia

como suprema em autoridade, aceitava como Palavra de Deus. No evangelho de Lucas

16:31, Jesus declara que se não crerem em « Moisés e os Profetas» que são as Escrituras

do Antigo Testamento, não se convencerão ainda que os mortos ressuscitem, a ênfase

em crer na Bíblia como autorizada é evidente no Novo Testamento.

Ditado direto evidência da autorizada Palavra de Deus a Igreja Cristã

18
Uns poucos casos de ditado direto se mencionam explicitamente nas Escrituras do

Novo Testamento. Quando João o discípulo amado na ilha de Patmos em Espírito teve

uma visão e, viu o Senhor ressuscitado, Jesus lhe disse para que escrevesse ao anjo da

igreja de Éfeso (Apoc 2:1), escreve a igreja de Esmirna (Apoc 2:8). Estas são as

evidências do ditado puro e direto ao profeta. O Senhor Jesus ressuscitado disse a João

que escrevesse as palavras que ouviu de Jesus, pois são a autorizada e suprema palavra

profética de Deus à igreja.

AUTORIDADE DAS ESCRITURAS E REFORMA PROTESTANTES E O

PRINCÍPIO SOLA SCRIPTURA

A sublime autoridade da Bíblia que o Senhor Jesus defendeu, e também seus discípulos

foi confrontada durante longos séculos. Muitos em suas heresias, deturpavam as

Escrituras e criando doutrinas errôneas. Ao tratar a dissidência deu-se mais poder a

autoridade da igreja, juntamente com a tradição gradativamente suplantou a autoridade

18
Supreme Authority: The Authority of the Lord, His Apostles and the New Testament. Press, 1953), p.
49-95.

11
da Bíblia.19 Na igreja cristã do primeiro século, na fase patrística, por meio de concílios

eclesiásticos sob autoridade episcopado de Roma, na figura dos bispos, a autoridade das

Escrituras foi diminuída por interpretações alegóricas, e se incrementou mais filosofias

e escritos Apócrifos dentro das Escrituras do Antigo Testamento.

O apelo para as Escrituras como a única regra de fé teve precursão por meio de

reformadores, assim como Wycliffe (1329-1384), mas Lutero (1483-1546), que

lecionava teologia bíblica em Wittenberg, declarou a peculiar e suprema autoridade das

Escrituras, sua apresentação das 95 teses desafiando as indulgências na porta do castelo

de Wittenberg, lançaria de forma imperceptível a luta entre a autoridade eclesiástica e a

autoridade da Bíblia, introduzida nos seus ensinamentos. Numa discussão (1486-1543),

Martinho Lutero foi inclinado a reivindicar a autoridade da Bíblia como suprema muito

acima do poder dos concílios eclesiásticos e das bulas papais. Quando acusado, ele

escreve: “Somente a Escritura é o verdadeiro senhor e mestre de todos os escritos e

ensinamentos sobre a Terra. ”

A sola scriptura o firmou durante toda a vida, Lutero, na Dieta de Worms afirmou

“Minha consciência está cativa à Palavra de Deus”, para o reformador a autoridade das

da Bíblia, está no facto de que ela unicamente proclama a verdade de Cristo e o autor

era o Espírito Santo. A única regra de fé e ensinos, Lutero indica para as Escrituras

somente as Escrituras são autoridade “segundo a qual todas as doutrinas” seriam

avaliadas e julgadas.

20
Na defesa das Sagradas Escrituras reformadores protestantes como Zuínglio apelavam

para a transformação operada pelo poder e iluminação do Espírito Santo, e John Calvino

(1509-1564) estabelecia pelos seus ensinos que é pela autoridade da Bíblia que Deus

19
ed., Luther’s Works. 55 vols. Fortress Press, 1957, p.311.
20
Ellen G. White, O Grande Conflito (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2018), p. 84-89

12
opera na convicção dos crentes, e não pela força ou autoridade da igreja. O arrogar-se a

igreja pelo seu consenso cede peso as Escrituras, Calvino reconhecia tal determinação

como “erro muito pernicioso”. Apelava ele que a igreja foi fundamentada “sobre os

escritos dos profetas e dos apóstolos”, sendo assim é certo, afirma, Calvino “precede a

igreja”.

No princípio sola scriptura, os protestantes da reforma derrotaram a influência de

repressão da Igreja Romana sobre a autoridade e interpretação correta das Escrituras.

Em que o método histórico-gramatical tirado das Escrituras rebaixado pela compreensão

alegórica da Bíblia, a tradição dos pais da igreja e da filosofia escolástica, não eram

mais permitidos, nem mesmo a autoridade dos papas ser suprema a autoridade das

Escrituras.

A declaração feita durante o período da Reforma Protestante, afirma simplesmente que

as “Escrituras”21 é a principal e única origem de todo pensamento teológico sobre Deus

e seus ensinos. Deus não deixou a vaguear por meio de suposições humanas à verdade a

respeito de Sua pessoa e suprema vontade. A Bíblia em si é o relato do que Deus diz a

seu povo para cumprir. Sendo que, as Escrituras Sagradas são uma narração e exposição

da revelação de Deus, que tanto é inteira, total em suficiência e tanto quanto ampla, o

que significa que as Escrituras contêm tudo o que a comunidade de crentes necessita

conhecer neste para sua instrução na vereda salvação e da vida com Deus e com o

semelhante.

21
Citação de, J. I. Packer, How Does the Bible”, p. 19-59.

13
JESUS E A AUTORIDADE DAS ESCRITURAS

Jesus nunca fez menção de algum mestre rabi como autoridade, mas frequentemente

apela as Escrituras como autoritária. 22Ao contrário, Jesus colocou em contraste as

tradições dos anciãos e fariseus com as Sagradas Escrituras (Mat 15:1-9), fazendo

diversas referências ao Antigo Testamento, aplica diversas vezes o termo grego

γέγραπταi “Está Escrito” (Mateus 4:4, Deut 8:3), em que o verbo é colocado no tempo

perfeito, que pode ser traduzido como “está permanentemente escrito”, leva-nos a

compreender a tal importância presente e suprema das Escrituras. Voltando-se para

certos saduceus, Jesus interrogando-os disse: “...não tendes lido o que Deus vos

declarou: Eu Sou Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó...” (Mt 22:22:31-

32) Para Jesus as Escrituras Veterotestamentária eram os escritos que fala com a voz de

Deus e pleno de poder e autoridade eterna. No sermão das bem-aventuranças, que Jesus

proclamou, nas fortes declarações em Mateus 5:17-48 a respeito dos padrões supremos

e profundos da lei revelada aos judeus, havia sido suplantada pela autoridade das

interpretações de tradições antigas, 23mas Cristo demonstrou as implicações amplas da

lei e corrigiu de forma assertiva tais tradições, elevando a lei e as Escrituras à sua

posição de autoridade, em relação a isso declara “a Escritura não pode falhar...” (Jo

10:35).

24
Wenham afirma que para Jesus, as Escrituras verdadeiras, autorizadas, inspiradas.

Para o Salvador, o Deus do Antigo Testamento é o Deus que vive, e as doutrinas do

Antigo Testamento são o conhecimento do Deus vivo. Para Cristo, o que as Escrituras

22
Ibid., p. 80.
23
Gerhard Pfandl (ed.) Interpretando as Escrituras: Descubra o Sentido dos Textos Mais Difíceis da
Bíblia, p 25.
24
James Barr, HolyScripture: Canon, Authority, Criticism, Westminster Press, 1983, p. 19

14
dizem, Deus diz. ” Tratava Jesus o Antigo Testamento como autoridade em relação a

Sua própria vida e missão.

Autoridade de Jesus

25
Nos sinópticos narram que Cristo assumia para si próprio autoridade divina. Nas

passagens de João 5:26-27 mostra-nos que foi concedido autoridade a Jesus, e em

Mateus 28:18 acrescenta Cristo sua ampla autoridade total nos Céus e na Terra. A

autoridade denota poder absoluta; a capacidade de fazer e decidir, nos trechos

apresentados Cristo reivindica absoluta autoridade como sendo Filho de Deus, o

descendente legal de Davi como tendo direito ao trono. Em presença de tais

prerrogativas de autoridade suprema, revela o direito de Cristo de guiar a consciência

dos seus discípulos ou mesmo dos seus inimigos, à Bíblia como a voz de Deus.

É certo, que muitos podem apresentar objecções e afirmar ser um facto 26rotativo a

declaração de que a autoridade das Escrituras provém da autoridade de Jesus enquanto

for apoiada na própria prova derivada da Escrituras. Em resposta a isso, é claro que a

autoridade divina, unicamente pode ser afirmada pelo o próprio Deus e por sua Palavra,

o apostolo Paulo na sua carta aos Hebreus 6:13 revela que Deus dá testemunho da

autoridade da sua Palavra visto que não há fonte superior a Ele mesmo. Através do

Espírito de Deus, homens santos foram movidos a escrever a Bíblia e a dar testemunho

de Jesus (Jo 16:13-15, 2Pedro 1:19-21). É o próprio Jesus revelado nas Sagradas

Escrituras que põe a marca de sua autoridade sobre as palavras inspiradas por Deus na

Bíblia.

25
TEOLOGÍA SISTEMÁTICA 1994 Wayne Grudem por Inter-Varsity Press, p.75
26
Ibid,p.78

15
Autoridade Bíblica na Interpretação das Escrituras

27
Relato escrito de Deus e sua interação pessoal com a humanidade dirigindo a história,

têm sido erroneamente interpretados a tal nível que as Escrituras são rebaixados e

tornadas sem o devido valor, e desta forma o homem não aproveita dos seus benefícios.

De que forma o crente pode escolher ou qualquer pessoa, entre as várias informações da

autoridade absoluta das Escrituras? Em suma, a veracidade das Escrituras, se recomenda

a si mesma como muito mais persuasiva que outros livros de outras religiões tais como

“o Livro dos Mórmons, o Alcorão, ou qualquer outro raciocínio intelectual da mente

humana. As experiências vividas de todos os outros candidatos à autoridade suprema

parecem incoerentes e têm limitações que os desqualificam, as Sagradas Escrituras, no

entanto, estão em pleno acordo com todo o que sabemos a respeito do mundo que nos

envolve, Deus e nós mesmos.

28
É devido o problema do pecado que nossa compreensão de Deus e análise da criação é

limitada e defeituosa. O pecado é um elemento irracional, e leva-nos a reinterpretar

incorretamente todo o conhecimento de Deus e da sua criação. Em um mundo livre de

pecado as Escrituras convenceriam a todos de sua autoridade, e de que é a Palavra de

Deus, mas devido o pecado, existe distorção da percepção de Deus e das Escrituras. 29Se

requer desta forma, a obra do Espirito Santo para anular os efeitos do pecado e nos

permitirá ser persuadidos que a Bíblia é a palavra de Deus revestida de autoridade

suprema.

27
Ibid. p, 79
28
Comentário bíblico Adventista do Sétimo Dia, Tatuí, SP : Casa Publicadora, p.319-320
29
Bible, Inerrancy and Infallibility, EDT pp. 141-45

16
CONCLUSÃO

Há uma grande preocupação hoje pelo fato de que no mundo e mesmo dentro do

cristianismo, sob influência de teorias humanas, rejeitarem o testemunho das Escrituras,

e a substituírem por pensamentos científicos, filosóficos, concílios papais, ou ensinos de

diversas fontes em aberta oposição até mesmo substituindo a autoridade de Deus

explicita em sua Palavra nas Sagradas Escrituras. Hoje precisamos manifestar fé firme

na autoridade divina na Palavra de Deus.

Deus nunca poderá negar-se a si mesmo, se desfazendo de sua autoridade divina,

contida nas Sagradas Escrituras, que são supremas sobre todo o homem. Os seres

inteligentes em resposta a fé são chamados a humilde submissão a toda a Palavra que

sai da boca de Deus. Cada um deve por si mesmo conhecer o que Deus requer de suas

vidas, e nas autorizadas Escrituras revelou o caminho que nos habilita para a salvação.

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BIBLIOGRAFIA

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