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Criminalística II

Cadeia de Custódia de Vestígios, isolamento e preservação de Locais de Crime


Lucas Toniolo, MSc. Perito Criminal
• A Constituição Federal 1988 abarcou os chamados direitos fundamentais como gênero de diversas
modalidades, a exemplo dos denominados direitos individuais, difusos, coletivos, sociais,
nacionais e políticos.

• Para garantir os princípios individuais da liberdade e da propriedade do cidadão contra a ação do


Estado, a Lei Maior reconheceu os princípios do Devido Processo Legal, do Contraditório e da
Ampla Defesa, cuja concretização fundamenta-se na dialética probatória, sendo estabelecido o
ônus da prova a uma das partes e a possibilidade da defesa dos fatos alegados em juízo à outra
(Pinho, 2003).

• Dessa forma, a Carta Política consagrou que ninguém será privado da liberdade ou de seus bens
sem o devido processo legal, sendo assegurado aos acusados em geral o contraditório e a ampla
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes, sendo inadmissíveis no processo as provas
obtidas por meios ilícitos.
• Com a publicação da Lei N.º 11.690, de 9 de junho de 2008, foram implementadas alterações
no referido diploma legal relativas à prova, tendo o legislador ordinário conferido aos órgãos
oficiais a tutela, a manutenção e a guarda dos vestígios por eles analisados, bem como
estabelecido em linhas gerais o contraditório da prova pericial.

• Essa nova realidade impõe adequações estruturais e procedimentais aos Órgãos Oficiais de
Perícia Criminal, visando assegurar a custódia do corpo de delito e implantar procedimentos
científicos confiáveis para analisar os vestígios matérias que o compõem, vinculando-os ao
fato delituoso (local do crime, bem violado e circunstâncias objetivas juridicamente
relevantes) e a seus atores (vítima, agressor e testemunhas).
• No Brasil, o Ministério da Justiça instituiu no ano de 2008 o Grupo de Trabalho Cadeia de
Custódia de Vestígio (GTCC) para tratar da implantação da Cadeia de Custódias de
Vestígios (CC) e certificação de procedimentos periciais relacionados à produção da prova
material.

• Dentre as primeiras atividades realizadas, o referido grupo definiu o seguinte conceito:

• Cadeia de Custódia constitui-se em um conjunto de fatos ou fenômenos que ocorrem


sucessivamente, ou de modo que cada um cause ou possibilite o seguinte. Na Perícia
Criminal Oficial, visa garantir a idoneidade e a integridade no âmbito legal ou regulatório
do corpo de delito. Este processo fornece segurança suficiente, legal e técnica, de que os
resultados obtidos de uma respectiva evidência correspondam àquele vestígio e
apresentam níveis de excelência e confiança.
• A Cadeia de Custódia acompanha cada estágio do ciclo de vida do vestígio, desde o seu
registro, posse, coleta, acondicionamento, transporte, processos de análises, guarda,
descarte ou devolução do material probatório e a emissão do laudo. (Carta de Brasília -
GTCC. Brasília, 2008).
• Trata-se então de um conjunto de medidas administrativas a serem adotadas pelos Órgãos
de Polícia Judiciária para acompanhar e registrar todos os eventos e movimentações a que
é submetida a prova material produzida, com a finalidade de impingir-lhe idoneidade
jurídica, assim como permitir que os procedimentos e resultados obtidos sejam a qualquer
tempo aferidos por todos os sujeitos do processo, visando a concretização dos princípios
do Devido Processo Penal, do Contraditório e da Ampla Defesa.
Conceito

• O que é cadeia de custódia de vestígios?

• Os procedimentos relativos à cadeia de custódia de vestígios são


fundamentais para a garantia do valor probatório associado à prova
material quando do processo penal.
• A cadeia de custódia contribui para manter e documentar a história cronológica da
evidência, para rastrear a posse e o manuseio da amostra a partir do preparo do recipiente
coletor, da coleta, do transporte, do recebimento, da análise e do armazenamento. Inclui
toda a sequência de posse. (SMITH et al, 1990).

• Na área forense, todas as amostras são recebidas e tratadas como evidências. São
analisadas e o seu resultado é apresentado na forma de laudo para ser utilizado na
persecução penal. As amostras devem ser manuseadas de forma cautelosa, para tentar
evitar futuras alegações de adulteração ou má conduta que possam comprometer as
decisões relacionadas ao caso em questão.

• O detalhamento dos procedimentos deve ser minucioso, para tornar o procedimento


robusto e confiável, deixando o laudo técnico produzido, com teor irrefutável. A sequência
dos fatos é essencial: quem manuseou, como manuseou, onde o vestígio foi obtido, como
armazenou-se, por que manuseou-se.
• O fato de assegurar a memória de todas as fases do processo constitui um protocolo legal
que possibilita garantir a idoneidade do caminho que a amostra percorreu. (NÓBREGA,
2006).

• Segundo CHASIN, a cadeia de custódia se divide em externa e interna: a fase externa seria o
transporte do local de coleta até a chegada ao laboratório (sítio de análise). A interna,
refere-se ao procedimento interno no local da amostra, até o descarte das amostras
(HEIN?).

• WATSON (2009) descreve a cadeia de custódia como o processo pelo qual as provas estão
sempre sob o cuidado de um indivíduo conhecido e acompanhado de um documento
assinado pelo seu responsável, naquele momento.
• A cadeia de custódia, a partir da leitura do disposto em Lei, inicia-se logo após o conhecimento
do fato criminoso:

CPP, art. 6º: Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:

I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas,
até a chegada dos peritos criminais;

II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais;

III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
• O CPP cita que a autoridade policial deve garantir a conservação da cena do crime, manipular
indícios do local do fato, portanto a garantia da robustez da investigação se inicia neste
momento. ESPÍNDULA (2009) cita que todos os elementos que darão origem às provas
periciais ou documentais requerem cuidados para resguardar a sua idoneidade ao longo de
todo o processo de investigação e trâmite judicial.
• O artigo 170 do CPP cita que "nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material
suficiente para a eventualidade de nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão
ilustrados com provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou esquemas". O fato
de a Lei exigir a guarda de amostra do material analisado garante ao investigado a
possibilidade de contestação e defesa.

Art. 159

§ 6º Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia será
disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença
de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação.
• Os Órgãos Oficiais de Perícia Criminal (Polícias Científicas, Institutos de Perícia e
outras nomenclaturas) detém a responsabilidade sobre a coleta, acondicionamento
e análise de amostras e objetos diversos relacionados à esfera criminal. Em cada
uma destas etapas é fundamental a existência de procedimentos de registro e
controle que tornem possível o rastreamento dos vestígios, bem como a
responsabilização em situações de alteração indevida destes.
• Condições fundamentais aos processos de registro e controle são a identificação inequívoca
dos vestígios, objetos e amostras e o transporte e armazenamento compatíveis com as
características dos materiais examinados, com condições de segurança e acondicionamento
adequadas a cada categoria de vestígio.
Problemática

• Controle do andamento dos vestígios/amostras/materiais


• Rastreabilidade limitada
• Cadeia de Custódia Externa x Cadeia de Custódia Interna
Cadeia de Custódia Interna
Cadeia de Custódia Externa

• Agentes externos ao Órgão Oficial de Perícia

• Local de Crime

• Amostras recebidas para análise pelo órgão oficial de


perícia
Responsabilidade sobre os vestígios

O que deve ser de guarda e responsabilidade do Órgão Oficial de Perícia


Desde a coleta?
Armazenamento?
Qual a razão da entrega dos vestígios à polícia?
Destinação final?

Descarte?

- Critérios técnicos (Inviabilidade da amostra para determinado teste após


transcorrido intervalo temporal)
CASE IGP/RS - Registro e rastreamento de vestígios/
materiais
através de códigos de barras
Sistema PGP (Protocolo Geral de Perícias)

• Cadastramento do vestígio e geração de etiquetas com códigos de barras –


numeração única, individualiza o material;
• Argumento de busca (retorno de informações);
• Sistema operando
• Desenvolvimento PROCERGS/IGP.
• Uso de lacres plásticos (códigos de barras) e registros no sistema PGP para
identificação e rastreamento de armas de fogo.
• Os lacres são resistentes aos processos envolvidos nos exames periciais
(exame químico-metalográfico) e são ainda invioláveis, de modo que só
podem ser retirados se rompidos.
• Etiquetas
Via sistema PGP – Impressão de etiquetas para todo e qualquer vestígio que
ingressa no Instituto-Geral de Perícias.
Embalagens – Cadeia de Custódia de Vestígios

Requisitos

- Inviolabilidade

- Informações para identificação

- Resistência

- Adequação ao conteúdo (Preocupação com a conservação


do material conservado)
Transferência custódia de vestígios

• Rastreabilidade interna total


– Seção – Seção
– Indivíduo responsável
– Data/hora
• Documento eletrônico
• Sistema passível de auditoria
• Velocidade na conferência dos materiais
Por que isolar o local de crime?
Para que seja possível analisar os vestígios que definam e/ou qualifiquem
uma infração penal.

Para preservar os vestígios que auxiliem na identificação do criminoso.

Para perpetuar e legalizar as provas materiais.

Quando? Tão logo haja conhecimento policial.

Quem? CPP Art 6º - “Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a
autoridade policial deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e
conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais

Introdução à Criminalística Lucas Toniolo da Silva


• CPP Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada
a infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se
altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir
seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos.”
Introdução à Criminalística Isolamento e preservação de local de crime
Lucas Toniolo da Silva
Introdução à Criminalística Isolamento e preservação de local de crime
Lucas Toniolo da Silva
Introdução à Criminalística Isolamento e preservação de local de crime
Lucas Toniolo da Silva
Introdução à Criminalística Isolamento e preservação de local de crime
Lucas Toniolo da Silva
Introdução à Criminalística Isolamento e preservação de local de crime
Lucas Toniolo da Silva
Introdução à Criminalística Isolamento e preservação de local de crime
Lucas Toniolo da Silva
Introdução à Criminalística Isolamento e preservação de local de crime
Lucas Toniolo da Silva

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