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Aldito Baptista Taquira

Celso Gastão de Sousa

Domingos Carlos Sebastião

Ismael Francisco

Rafael Emílio roque

Ivanilde Loforte

Moisés Lucas Jafu

Olívia Armindo João marque

Tema: Ministério publico e órgãos auxiliares como sujeitos de processo penal.

Unirovuma

Nampula, Março de 2024

1
Aldito Baptista Taquira

Celso Gastão de Sousa

Domingos Carlos Sebastião

Ismael Francisco

Rafael Emílio Roque

Ivanilde Loforte

Moisés Lucas Jafu

Olívia Armindo João marque

Tema: Ministério publico e órgãos auxiliares como sujeitos de processo penal.

Trabalho a ser apresentado na Universidade


Rovuma , faculdade Direito na Cadeira de
Processo Penal leccionada pelo : Sezinho
Pedro Muachana, 4° Nivel.

Universidade Rovuma

Nampula, Março de 2024

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Índice
Introdução........................................................................................................................................5

1. Estrutura fundamental do processo penal moçambicano.........................................................6

1.1. A discussão sobre o processo de partes e os modelos estruturais do processo penal.......6

1.2. Estrutura fundamental do processo penal moçambicano..................................................7

2. Os sujeitos processuais: Noção dos sujeitos processuais.........................................................8

2.1. O Ministério Público.........................................................................................................9

3. Competência do Ministério público................................................................................10

3.1. Funções do Ministério Público no Processo Penal..........................................................13

4. (Impedimentos, recusas e escusas).........................................................................................16

4.1. Policia de Investigacao Criminal ( Serviço Nacional de Investigaçao Criminal)...........16

4.2. Competências ou Funções do Serviço Nacional de Investigação Criminal................18

5. Impedimentos, Recusas E Escusas.........................................................................................19

5.1. Polícia da República de Moçambique (PRM)....................................................................19

Abreviaturas

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CGP – Comando-Geral da Policia

CP - Código Penal

CPP - Código do Processo Penal

CRM - Constituição da República de Moçambique

EMJ – Estatuto dos Magistrados Judiciais

EMMP - Estatuto dos Magistrados do Ministério Publico

LOMP - Lei Orgânica do Ministério Público

MINT - Ministério do Interior

MP - Ministério Público

PGR - Procurador-Geral da República

SERNIC - Serviço Nacional de Investigação Criminal

Introdução

4
O presente trabalho de carácter avaliativo, da cadeira de direito processual penal aborda
sobre Ministério público e órgãos auxiliares como Sujeitos Processuais penais, estes que são as
pessoas e entidades sem a actuação das quais o processo penal não é pensável, entretanto são
sujeitos processuais, o Ministério Publico, o Serviço Nacional de Investigação Criminal.

Pois que um processo deve ser instaurado pelo ministério público ou determinados órgãos
titulares da acusação.

Tem como objectivo este trabalho estudar acerca do Ministério publico e órgãos auxiliares
como os sujeitos no processo penal, identificando-os, qualificando-os e verificando a
importância de sua inserção no processo. Bem como analisando o tratamento legal que lhes é
dispensado.

O trabalho tem como estrutura: introdução - no qual estão os aspectos primordiais do


trabalho, desenvolvimento - onde encontram-se de forma explícita as questões inerentes ao tema
supra mencionado no qual é composto por dois capítulos: o primeiro aborda sobre a estrutura
fundamental do processo e o segundo fala concretamente dos sujeitos processuais e conclusão -
no qual foi feito o resumo do que foi abordado no trabalho, por fim a bibliografia no qual estão
espelhados materiais usados na elaboração do trabalho.

A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, e a respectiva base legal.

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1. Estrutura fundamental do processo penal moçambicano

1.1. A discussão sobre o processo de partes e os modelos estruturais do processo penal


É extraordinariamente discutida na generalidade das doutrinas europeias continentais do
processo penal, a questão de saber se este pode (e deve) conceber se como um processo de partes
a primeira reacção de quem tome contacto com uma tal controvérsia será por ventura a de a
degradar para mera questão terminológica ou, em todo caso, a de minimizar como puro problema
de construção e conceitualização formal. E assim será, com efeito, para todo aquele que pretenda
analisar o problema operando como conceito de partes a que atribua significado meramente
formal.

A boa compreensão do assunto cuja discussão que foi assente, exige que, antes, esclarecesse
essencialmente as diferentes acepções em que pode ser ou tem sido tomado o conceito de parte
na teoria geral do processo.

a) Surge em primeiro lugar conceito substantivo de partes, segundo o qual estas seriam os
titulares da relação jurídica substantiva que no processo se discute, este conceito foi
elaborado, na doutrina do processo civil lógica e historicamente ligado ao conceito de acção
material que vis nesta uma pretensão de tutela jurídica deduzida contra o estado representado
pelo juiz, e, assim, ainda um momento mesmo que público do direito subjectivo que no
processo penal se fazia valer.
A sua aceitação em processo penal suporia, pois, que se visse como objecto daquele uma
relação jurídico-penal em tudo análoga a relação jurídica privada, e portanto um “direito
subjectivo penal uma strafanspruch” estadual contra o criminoso.
Existiriam então no processo penal (só então) duas verdadeiras partes: uma o estado, que,
representado em regra pelo MP, faria valer perante o juiz a sua pretensão de tutela penal,
outro arguido, que discutiria o seu dever de sofrer a pena; partes estas que, a traves da
decisão do tribunal, veriam imediatamente afirmados ou negados em seus direito e deveres
substantivos.
Mesmo ao nível do processo civil pode hoje, porem, dizer se definitivamente superada a
concepção da acção material, por isso que se não pode afirmar ter o Estado um interesse oposto
ao do autor e se não deve ver a actuação daquele como a de um “obrigado”, antes como a de
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alguém que age em beneficio própria o que lhe advêm da realização do direito objectivo. E ou
ultrapassado que se encontre o conceito de acção material ultrapassada fica do mesmo passo a
acepção subjectiva do conceito parte.
Para além disto, sucede que a aplicabilidade do conceito de acção material ao processo penal
radica em uma inadmissibilidade transposição de conceitos e formas de pensamento não apenas
do direito civil para o processo civil mas também deste para o processo penal.

1.2. Estrutura fundamental do processo penal moçambicano


O processo penal como relação da vida comunitária, não se conforma a si mesmo mas exige
uma actuação de pessoas e entidades como força ou meio de desenvolvimento processual.
Designamos justamente por participantes processuais todas as pessoas e entidades que, investidas
nas mas diversas funções, actuam juridicamente no processo e para as quais, por isso, nascem
daquele diferentes direitos e obrigações.

Sabe se por outro lado, que o objecto do processo penal é em principio indisponível,
encontrando se subtraído a influencia da vontade de quem nele intervêm. O que na significa,
todavia, que certos participantes processuais não possam em certa medida, condicionar e
conformar concretamente a tramitação do processo penal.

Designam-se por sujeitos processuais aqueles participantes a quem competem direitos e


deveres processuais autónomos, no sentido de que através das suas próprias decisões, podem co-
determinar, dentro de certos limites, a concreta tramitação do processo. Serão pois sujeitos
processuais, além do tribunal, o Ministério Publico e outros órgãos encarregados da instrução e
titulares da própria acusação, o arguido e o seu defensor, o ofendido e o assistente. Simples
participantes processuais serão, diferentemente por exemplo as testemunha, os declarantes, os
peritos, os intérpretes.

A doutrina não é unânime a opinião, nem sobre a conveniência da distinção que, reconheça
se, não tem qualquer reflexo na lei, entre participantes e sujeitos processuais, nem sobre a forma
de a levar a cabo. Assim por exemplo, Henkel recusa interesse a distinção, enquanto Schmidt,
aceita mas dando ao conceito de sujeitos processuais âmbito mais estrito do que oque foi
assinalado. Ele abrangeria só as pessoas sem actuação das quais o processo penal não seria

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pensável. Feita a distinção, todavia, nos termos que foram preconizados, ela terá segundo se
vera, não apenas valor terminológico como ainda um certo interesse sistemático.

São os sujeitos processuais, tomados no sentido aludido, que conferem a um certo processo
penal, através da posição jurídica que aqueles lhes assegure a sua consideração conjunta e
dinâmica, por residir nela a forma óptima de se ficar a conhecer a estrutura fundamental de um
certo processo penal.

2. Os sujeitos processuais: Noção dos sujeitos processuais


Sujeitos processuais são os intervenientes no processo que, através da sua actividade
processual ou actos processuais, de certo modo condicionam e conformam a tramitação do
processo penal, fazendo-o por lhes assistir ou competir direitos e deveres processuais, pois estes
lhes permitem co-determinar, dentro de certos limites, a concreta tramitação do processo. 1

Portanto, são sujeitos processuais as pessoas e entidades sem actuação das quais o processo
penal não é pensável, pois que um processo deve ser instaurado pelo ministério público ou
determinados órgãos titulares da acusação; um processo penal só pode correr perante um
tribunal; um processo penal corre contra certa pessoa, o arguido; enfim, processo penal
pressupõe a existência de um ofendido, que poderá se constituir em assistente ou ter no processo
assistente.

Assim são sujeitos processuais, designadamente:

 O Ministério Publico e órgãos auxiliares deste ou com funções de investigação e


instrução criminal;
 Serviço nacional de investigação criminal;
 O arguido e seu defensor;
 O ofendido, o lesado e o assistente;
 O Tribunal.

Quanto as testemunhas, aos declarantes, peritos, intérpretes não são sujeitos processuais, se
não simples participantes processuais, visto a sua participação no processo ocorrer quando tal

1
CUNA, Ribeiro José, Lições de Direito Penal Processual, Escolar Editora, Maputo, 2014, pág. 123.

8
seja necessário. O processo penal é pensável, é concebível sem actuação daqueles, pode ser
tramitado (embora com maior ou menor grau de dificuldade de prova), sem a participação de
qualquer um deles e lograr alcançar o seu fim.

Com efeito, a actuação das testemunhas e declarantes releva para efeitos de prova, mais
existem outros meios de prova:

 Prova documental;
 Confissão e;
 Inspecção judicial.

O mesmo se diz quanto aos peritos, cuja participação só é necessária quando deva ser
produzida provas que exija conhecimento que não estão ao alcancem dos órgãos judiciários, por
existir certa formação especifica, e no caso de interpretes quando haja necessidade de fazer
tradução durante uma diligência ou audiência judicial.

Quanto aos participantes processuais, não são a mesma coisa que sujeitos processuais, porque
estes são aquelas pessoas e entidades que actuam juridicamente no processo fazendo-o investidas
nas mais diversas funções.2

2.1. O Ministério Público


O Ministério público “constitui uma magistratura hierarquicamente organizada, subordinada
ao Procurador-Geral da República”, nos termos do número 1 do artigo 234 da CRM.

Da definição resulta que o magistrado do ministério público, integrando uma magistratura


hierarquicamente organizada, subordina-se aos seus superiores hierárquicos (todos ao procurador
geral da república “PGR” e os de escalão inferior aos respectivos chefes) de quem podem
receber directivas, ordens e instruções, de cuja observância são responsáveis, desde que as
mesmas sejam legais (serão legais, as directivas, ordens e instruções que forem legalmente
justificadas pelo fim ou finalidade de servir a justiça), visto que embora sejam subordinados e
responsáveis perante seus superiores hierárquicos, na sua actuação os magistrados do ministério
publicam procuradores da república estão sujeitos a critérios de legalidade, objectividade e
2
CUNA, Ribeiro José, Lições de Direito Penal Processual, Escolar Editora, Maputo, 2014, pág 124.

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isenção conforme resulta do número 2 do artigo 233˚ da CRM, e numero 1 do artigo 2˚ da
LOMP; incorrendo no crime de promoção dolosa do ministério publico o magistrado que, em
violação aqueles critérios que devem nortear a sua actuação, “…proceder criminalmente contra
determinada pessoa, tendo conhecimento de que as provas são falsas…” com base no artigo 404˚
do CP.

Em face de directivas, ordens e instruções manifestamente ilegais, ao magistrado MP esta


reservado direito de não acata-las devendo a recusa ser feita por escrito e ser devidamente
fundamentada, caso em que o autor da ordem ou instrução poderá faze-la cumprir por outro
magistrado.

3. Competência do Ministério público


Nos termos do artigo 4˚ da LOMP, podem ser repartidas em actuação judicial e actuação
extrajudicial.

São competências de actuação judicial, aquelas cujo exercício aplica necessariamente


intervenção nos diversos processos que tramita ou que visam tramita-los no judiciário, e serão
competências de actuação extrajudicial, aquelas que respeitam acções ou actividade do MP fora
do âmbito dos processos judiciais.

São de apontar as seguintes competências de actuação do MP nos termos do artigo 4˚ da


LOMP:

a) Representar o Estado junto dos tribunais;

b) Defender o interesse público e os direitos indisponíveis;

c) Defender os interesses jurídicos dos menores, incertos, ausentes e incapazes;

d) Defender os interesses colectivos e difusos;

e) Exercer a acção penal e dirigir a instrução preparatória dos processos-crime;

f) Dirigir a instrução preparatória de processos por infracções tributárias, financeiras e


outros previstos na lei;

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g) Zelar pela observância da legalidade e fiscalizar o cumprimento da Constituição da
República, das leis e demais normas legais;

h) Participar nas audiências de discussão e julgamento, colaborando no esclarecimento da


verdade e enquadramento legal dos factos, podendo, para o efeito, fazer directamente perguntas e
promover a realização de diligências que visem a descoberta da verdade material;

i) Controlar a legalidade das detenções e a observância dos respectivos prazos;

j) Promover a representação ou assistência jurídica do Estado e de outras pessoas


colectivas de Direito público nos processos movidos em tribunais estrangeiros em que aqueles
sejam parte;

k) Intervir, em articulação com os órgãos do Estado, nos processos de extradição e de


transferência de condenados envolvendo outros Estados;

l) Providenciar consulta jurídica, mediante a emissão de pareceres jurídicos em matéria


de estrita legalidade, por determinação da lei ou solicitação dos órgãos do Estado;

m) Fiscalizar os actos processuais de polícia e dos agentes de investigação criminal, nos


termos da lei;

n) Inspeccionar as condições de reclusão nos estabelecimentos penitenciários e similares;

o) Zelar para que a pena determinada na sentença e o respectivo regime sejam


estritamente cumpridos;

p) Fiscalizar a execução dos contratos de trabalhos dos internos dos estabelecimentos


penitenciários;

q) Promover a concessão da liberdade condicional;

r) Promover a execução das decisões dos tribunais quando tenha legitimidade;3

s) Promover acções de responsabilização financeira dos gestores dos bens e fundos


públicos, nos termos da lei;

3
CUNA, Ribeiro José, Lições de Direito Penal Processual, Escolar Editora, Maputo, 2014, pág. 126-129.

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t) Exercer o patrocínio oficioso dos trabalhadores e das respectivas famílias, em defesa
dos seus direitos sociais;

u) Realizar inquéritos, inspecções e sindicâncias, ou solicitar a sua realização pelos


órgãos da Administração Pública, nos termos da lei;

v) Participar nas acções de prevenção e combate à criminalidade;

w) Fiscalizar e avaliar o sistema de declaração do património e dos rendimentos de


servidores públicos;

x) Emitir parecer, na qualidade de garante da legalidade, sobre os contratos celebrados


entre o Estado e outros entes com valor superior a 600 salários mínimos nacionais da Função
Pública;

y) Exercer outras funções definidas por lei.

Importa realçar que conforme o nr. 1 do artigo 11° CPP epigrafe (Intervenção
processual) O Ministério Público tem intervenção principal nos processos, quando: a)
representa o Estado; b) defende o interesse público e os direitos indisponíveis; c) defende os
interesses dos menores, incertos, ausentes e incapazes; d) defende os interesses colectivos ou
difusos; e) defende outros interesses definidos por lei.

2.Nos casos previstos na alínea c), do número 1, do presente artigo, a intervenção principal do
Ministério Público cessa se for constituído mandatário judicial ou se o respectivo representante
legal a ela se opuser, por requerimento no processo.

4. O Ministério Público intervém nos processos, acessoriamente: a) fora dos casos previstos no
número 1, do presente artigo, quando sejam interessados na causa as autarquias locais, órgãos
de governação descentralizada, outras pessoas colectivas de utilidade pública, incapazes e
ausentes, ou a acção vise a realização de interesses colectivos ou difusos; b) nos demais casos
previstos na lei.
5. . Em caso de conflito entre entidades, pessoas ou interesses que o Ministério Público deva
representar ou defender, o Magistrado do Ministério Público promove à Ordem dos

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Advogados de Moçambique ou ao Instituto de Patrocínio de Assistência Jurídica a indicação
de mandatário para representar uma das partes.
6. Os honorários devidos pelo patrocínio referido no número do presente artigo, constituem
encargo do Estado, nos termos da lei.

3.1. Funções do Ministério Público no Processo Penal


Duma forma geral, são funções que podem destacar do MP no processo penal,
nomeadamente:

3.2. A direcção da instrução preparatória

O MP deve fazer as necessárias diligências com vista a sua completa investigação e ao seu
possível esclarecimento, e porque tal ocorre no âmbito do processo penal particularmente na fase
de instrução preparatória, a lei atribui-lhe, a direcção de instrução preparatória, que o MP
exercerá com observância das máximas que regulam a sua actividade nomeadamente, princípio
da legalidade e dever de objectividade. Nos casos em que compete aos órgãos privativos da
Policia criminal proceder à instrução preparatória das causas que lhe sejam afectas, também nada
impede a direcção da instrução preparatória pelo MP uma vez que a SERNIC encontra-se
funcionalmente subordinada ao MP, tanto é que segundo o professor Figueiredo Dias, citado por
Ribeiro Cuna, a lei não faz nenhuma indicação sobre a entidade a quem em tais casos compete
dirigir a instrução preparatória, sabido que em regra a mesma cabe ao MP.4

a.) A dedução da acusação e a sua representação em julgamento

Perante um crime de natureza publica ou, tratando-se de crime semipúblico ou crime


particular, tendo havido participação do ofendido ou a participação da acusação particular,
respectivamente uma vez instaurado o processo penal se na fase de instrução das diligências
feitas resultarem indícios bastantes da existência da infracção, dos seus agentes a da sua
responsabilidade, o MP deduzirá a acusação, conforme o artigo 330˚. Relativamente a acusação,
através da qual o MP, em nome da comunidade, chama alguém para responder perante um
Tribunal, em virtude de sob a mesma recair fundada suspeita de ter cometido uma infracção, a
sua função não se esgota com a sua dedução, devendo representa-la durante toda a fase de

4
CUNA, Ribeiro José, Lições de Direito Penal Processual, Escolar Editora, Maputo, 2014, pág 141.

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julgamento, fazendo-o orientado pelos fins da descoberta da verdade e da realização da justiça e,
como consequência lógica, pela estrita observância de um dever de objectividade.

A função da representação da acusação em julgamento pelo MP tem uma íntima ligação com
a sua competência para participar nas audiências de discussão e julgamento, colaborando no
esclarecimento da verdade e enquadramento legal dos factos podendo para o efeito fazer
directamente perguntas e promover a realização e diligências que visem a descoberta da verdade
material, com base na alínea e numero 1 do artigo 4 da LOMP.

b.) Abstenção da acusação

Uma vez que na instrução devem se realizar não só as diligências conducentes a comprovar a
culpabilidade do arguido como aquelas que comprovem a sua inocência ou a sua
irresponsabilidade pode, suceder que das diligências efectuadas se verifiquem não ter havido
crime, estar extinta a acção penal, ou constatar-se a existência de elementos de facto que
comprovem a irresponsabilidade do arguido. Em qualquer destes casos o MP deve abster-se de
acusar, devendo ao faze-lo declarar nos autos as razões de facto ou de direito justificativas. 5

c.) Outras funções do MP:


 A intervenção na instrução contraditória – sendo a direcção da instrução contraditória da
competência do Juiz nos termos do artigo 330, o MP tem nela uma intervenção em
termos de colaborar na descoberta da verdade material e, consequentemente na
realização do direito;
 A interposição de recursos – o MP tem legitimidade de interpor recurso, tanto no
interesse de acusação como no interesse, até exclusivo da defesa, conforme dispõe os
artigos 653o e 654o;
 A promoção da execução das penas das medidas de segurança;
 O arguido e seu defensor;
 Dentre os sujeitos processuais, intervenientes no processo que, mediante pratica de actos
processuais, condicionam de certo modo e conformam a tramitação do processo penal,
sendo assim pessoas e entidades sem actuação das quais o processo penal não e pensável,
referiu-se o arguido e seu defensor;

5
CUNA, Ribeiro José, Lições de Direito Penal Processual, Escolar Editora, Maputo, 2014, pág 141-146.

14
 E desde sujeito que nessa secção iremos nos debruçar. Tal como fizemos relativamente
ao tribunal e ao em pé, iremos fazer uma abordagem do seu arguido e seu defensor numa
perspectiva estática dando essencialmente a conhecer cada um dele sem preocupação
com a sua actividade processual no processo, visto que esta, constituindo uma
abordagem numa perspectiva dinâmica, constitui matéria a ser tratada na segunda parte
desse trabalho;
 Assim, no essencial, no que se refere ao arguido, curaremos deste aspecto relacionados
com seu conceito e terminologia, a sua posição jurídica no processo penal, os
interrogatórios a que é sujeito, e a sua falta, ausência ou morte. Quanto ao defensor,
também trata-se a da sua preposição jurídica em processo penal, é a admissibilidade e
obrigatoriedade da defesa6;
4. Impedimentos, Recusas E Escusas

Conforme as disposições dos artigos 43 e seguintes são correspendentemente aplicáveis,


com as necessárias adaptações, aos magistrados do Ministério Público. A declaração de
impedimento e o seu requerimento, bem como o requerimento de recusa e o pedido de
escusa, são dirigidos ao superior hierárquico do magistrado em causa e por aquele
apreciados e definitivamente decididos, sem obediência a formalismo especial.

Sendo visado o Procurador-Geral da República, a competência caberá ao Tribunal Supremo,


nos exactos termos previstos nas leis da organização judiciária. Contudo, a entidade
competente para a decisão designa o substituto do impedido, recusado ou escusado.

4.1. Policia de Investigacao Criminal ( Serviço Nacional de Investigaçao Criminal)

A SERNIC enquanto órgão auxiliar do MP no exercicio da accao penal (artigo 61, 62,63,
308 CPP) , é uma instituição indispensavel para a boa administração da justiça penal, daí que
faremos uma abordagem em torno da mesma, fazendo em particular referência a competência
relevantes no domínio criminal. Aliás, a SERNIC nalguns casos tem competência exclusiva para
proceder à instrução preparatória dos processos-crime.

6
CUNA, Ribeiro José, Lições de Direito Penal Processual, Escolar Editora, Maputo, 2014, pág. 146.

15
A SERNIC constitui um dos ramos da sendo lhe atribuída uma importante missão no
domínio do processo penal, pois que deve concorrer para a realização de diligências instrutórias
orientadas para a materialização dos fins da instrução preparatória, uma vez que “ tem como
função garantir as diligências que, nos termos da lei processual penal, se destinam a averiguar a
existência de crime, determinar os seus agentes e sua responsabilidade, descobrir e recolher
provas, no âmbito do processo.

Estando integrada na PRM, a SERNIC exerce função de auxiliar do MP no exercício da


acção penal, estando assim lhe subordinando funcionalmente.

A SERNIC não pode ser vista fora do contexto do MINT, este que sendo definido como
órgão central do Aparelho do Estado responsável por assegura a ordem, segurança e
tranquilidade pública, a identificação dos cidadãos nacionais e estrangeiros, o controlo
migratório e a prevenção e combate aos incêndios e calamidades naturais, é um dos órgãos de
administração da justiça, o que se depreende da apreciação e análise a algumas das suas
competências através das quais materializa as suas.

Com efeito, são competências do MINT ligadas à administração da justiça, nomeadamente:


prevenir e reprimir a prática de crimes e outros actos contrários à lei e adoptar medidas
destinadas a manter a ordem social; garantir a investigação e proceder à instrução preparatórias
de processos criminais; zelar pelo cumprimento das disposições relativas à prisão preventiva bem
como das condições de custódia no decurso da instrução preparatória; e desenvolver acções
visando a elevação da consciência cívica dos cidadãos, promovendo para o efeito a sua educação
no respeito e cumprimento das leis.

Tendo em vista a realização dos seus objectivos e funções específicas, o MINT está
organizado ou compreende, de entre outras áreas de actividade, a de Policia, aliás a área de
actividade em que se enquadram as competências mencionadas no parágrafo anterior. De acordo
com a estrutura do MINT, a área de Policia é uma área sob alçada do CGP7.8

4.2. Competências ou Funções do Serviço Nacional de Investigação Criminal

7
Comando-Geral da Policia
8
CUNA, Ribeiro José, Lições de Direito Penal Processual, Escolar Editora, Maputo, 2014, Pág. 146 à 148.

16
O SERNIC tem competências ou funções essencialmente de investigação e instrução
processuais, nomeadamente a competência para investigar actos de natureza criminal e realizar
actividade atinentes à instrução preparatória de processos-crime e cumprir as diligências
processuais requisitadas pelo MP art.º 315˚ art. 308 CPP, da lei n. 25/2019, de 12 de
Dezembro, e artigo 21 do Decreto n.º 46/2017 de 17 de Agosto).

Outra competência do SERNIC, embora não revista natureza processual, tem em vista
facilitar a investigação e instrução processuais que venham a ser feitas, trata-se da competência
para exercer a vigilância e fiscalização de estabelecimentos e locais suspeitos ou propensos à
preparação e execução de crimes ou a utilização de seus resultados previstos no artigo 7 do
Decreto n.º 46/2017 de 17 de Agosto).

Tenha-se em conta o Decreto n.º 46/2017 de 17 de Agosto. (Estatuto Orgânico do


serviço de investigação criminal), que no seu art. 1 dispõe:

“A polícia de investigação criminal tem por fim efectuar a investigação dos crimes e
descobrir os seus agentes, procedendo à instrução de criminalidade, especialmente da
criminalidade habitual.”

A competência para exercer a vigilância e fiscalização de estabelecimentos e locais


suspeitos ou propensos à preparação e execução de crimes ou a utilização de seus resultados,
cumpre referir que esta competência reveste carácter preventivo, situa-se no domínio da
prevenção criminal, sendo assim de importância por facilitar o exercício da competência para
investigar e proceder à instrução preparatória de processos criminais.

Na verdade, o estudo prévio dos estabelecimentos e locais suspeitos ou propensos à


preparação e execução de crimes ou a utilização de seus resultados, mediante sua vigilância e
fiscalização, ainda que a título preventivo em alguns casos não possa permitir obstar à
consumação do crime, permite reunir antes da prática da infracção criminal os elementos
necessários para a imediata identificação e captura do respectivo autor ou seja, do suspeito,
podendo a vigilância e fiscalização de estabelecimentos e locais suspeitos ou propensos à
preparação e execução de crime ou a utilização de seus resultados considerar-se como uma

17
investigação antes do cometimento do crime, facilitando assim a instrução do processo face a
disponibilidade imediata de elementos para o efeito.9

Importa referir que a competência para exercer a vigilância e fiscalização de


estabelecimentos e locais suspeitos ou propensos à preparação e execução de crimes ou a
utilização de seus resultados, é de exercer relativamente às formas de delinquência habitual, em
que “ a investigação deve ser realizada a priori, isto é, a polícia deve ter feito de tal forma o
estudo prévio dos meios criminais e dos agentes habituais do crime, dos seus processos,
especialidades, locais de actuação e formas peculiares de execução que, ainda quando não
consiga obstar à consumação do delito, tenha reunido, antecipadamente, todos os elementos
necessários para a pronta determinação e captura do seu autor”

5. Impedimentos, Recusas E Escusas

As disposições dos artigos 43 e seguintes são aplicáveis, com as necessárias adaptações, ao


pessoal em exercício de funções nos serviços de investigação criminal., bem diz o n°2 do mesmo
artigo, que a declaração de impedimento e o seu requerimento, bem como o requerimento de
recusa e o pedido de escusa são dirigidos à autoridade judiciária que estiver a dirigir a fase do
processo em curso.

5.1. Polícia da República de Moçambique (PRM)

Por certo, Compete à Polícia da República de Moçambique coadjuvar as autoridades judiciárias


e outros órgãos auxiliares na realização das finalidades do processo criminal, nos termos da lei.
Também Compete, especificamente, à Polícia da República de Moçambique colher notícia dos
crimes e impedir quanto possível as suas consequências, descobrir os seus agentes e levar a cabo
os actos necessários e urgentes destinados a assegurar os meios de prova em todos os crimes cuja
investigação não seja da competência de outros órgãos auxiliares. Importa realçar que Todas as
entidades públicas ou privadas onde possam ser encontrados indícios do crime devem colaborar
com a Polícia da República de Moçambique. (Conforme o artigo 64cpp).
9
CUNA, Ribeiro José, Lições de Direito Penal Processual, Escolar Editora, Maputo, 2014, Pág. 148-150.

18
Conclusão

O Ministério Público constitui uma magistratura hierarquicamente organizada subordinada ao


Procurador-geral da República na concretização da função estadual de administração da justiça
penal no país. Magistratura judicial, os magistrados na sua actuação são independentes e devem
obediência à lei, as suas decisões só podem ser atacadas por via de recurso

Exercício da acção penal compete ao Ministério Público. Este exercício consiste no poder que a
si cabe para levar a juízo um infractor para responder pelo crime que cometeu. Como órgão
autónomo, o Ministério Público é independente dos tribunais, desempenhando a função de
administração de justiça Importa ainda dizer que, em função disto, manifesta-se aqui o Principio
da Separação de Poderes em relação aos Tribunais penais que exercem a função judicial. No
processo penal, o M.P é o titular das funções de investigação da suspeita da prática de um tipo
legal de crime através de uma dedução da acusação no processo penal. Do que ficou dito acima
vamos reter as seguintes ideias principais:

O M.P desperta-nos para a descoberta da verdade material, devendo-se subordinar à


objectividade jurídica. O M.P ajuda no esclarecimento da verdade material trazendo para o
Processo os elementos essenciais de responsabilidade criminal e também de irresponsabilidade
criminal inocência. M.P◦ pode-se recusar a acusar quando achar que não há bastantes provas para
acusação assim a irresponsabilidade criminal do indiciado que vai aguardar por declarando
melhor prova. (Vide n°3 do art.º. 307).

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O exercício da acção penal o Ministério Público desempenha as seguintes funções a titulo de
exemplo a direcção da instrução preparatória. Aqui o M.P pode delegar esta competência a
outras entidades, no caso específico o SERNIC que Funciona como seu auxiliar, em matéria da
instrução preparatória, importa realçar que o SERNIC não é o único órgão auxiliar do MP,
podendo também ser a PRM.

Referência Bibliografia

Manuais

CUNA, Ribeiro José, Lições de Direito Processual Penal, Escolar Editora, Maputo 2014.

DIAS, Figueiredo, Direito processual penal. 1ª Edição, Reimpressão de 2004, Coimbra Editora,
1974.

Legislações

Lei Orgânica do Ministério Público e que aprova o Estatuto dos Magistrados do Ministério
Público - Lei 4/2017, de 18 de Janeiro;

Estatuto Orgânico do SERNIC, Decreto n.º 46/2017 de 17 de Agosto,

Constituição da República de Moçambique, Lei n.º 1/2018, de 12 de junho.

Lei da polícia da República de Moçambique n°. 16/2013, de 12 de Agosto.

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