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Myles Munroe

APLICoANDO
,1 ODEDEUS
Redescobrindo a prioridade de
Deus par,a a human'dade

Digitalizado Por: Pregador Jovem


Prefácio........................................................................................................ 9
Introdução................................................................................................... 13
..
Capítulo 1 - O mais importante deve ter preferência.............................15
Os segredos da vida......................................................................................15
Estabelecer prioridades: o segredo para o sucesso...................................18
A maior das prioridades.................................................................................22
Princípios...............................................................................................•.............26

Capítulo 2 - O perigo das prioridades erradas........................................27


A tragédia da falta de prioridades...............................................................28
Prioridades incorretas: satisfazendo necessidades pessoais....................32
Co11frontando Maslovv...................................................................................36
O paganismo está em plena atividade.........................................................39
A prioridade do Reino de Deus...................................................................41
Pri11cípios........................................................................................................43

Capítulo 3 - A exclusividade da prioridade divina.................................45


O perigo de uma lealdade dividida..............................................................47
O teste da prioridade do Reino..................................................................51
O perigo do senso de posse.........................................................................53
Nada do que abandonamos em prol do Reino se perde..........................54
Princípios..........................................................................................................55

Capítulo 4 - O mandado divino da prioridade........................................57


A ordem divina: buscar....................................................................................58
A prioridade divina: em primeiro lugar......................................................... 60
O objeto divino: o Reino de Deus...................................................................61
A posição divina: a justiça de Deus...................................................................64
Princípios........................................................................................................66
Capítulo 5 - O poder da justiça.................................................................69
Definição de justiça.................................................................................. 70
Duas prioridades para os seres humanos...................................................73
Segredos para a vida no Reino....................................................................75
Princípios constitucionais para a busca da justiça...................................78
Princípios..........................................................................................................88

Capítulo 6 - Justificação: o segredo para uma vida


abundante no Reino................................................................................... 91
A disposição divina.......................................................................................93
O fruto da justiça...........................................................................................95
Conheça sua constihlição...............................................................::................98
A posição correta é essencial para a vida no Reino.................................101
Justiça para reconciliação.............................................................................104
Princípios........................................................................................................107

Capítulo 7 - Os benefícios da justiça........................................................109


Semente para o que se1neia.........................................................................111
O favor do rei.................................................................................................113
Os benefícios da compreensão e do discernimento..................................115
Os benefícios da proteção e da promoção de Deus..................................117
O benefício da libertação..............................................................................121
O benefício da prosperidade........................................................................122
O prun10 de Det1s..........................................................................................124
Princípios..................................................................._.......................................125

Capítulo 8 - O segredo para acessar os bens do Reino...........................127


A sedução dos bens.......................................................................................128
A resposta para a 1notivação humana........................................................130
O acesso ao direito de cidadania.................................................................133
A busca de bens 1nateriais desonra o rei...................................................136
O acesso aos bens do Reino exige as chaves corretas..............................138
A obrigação divi11a......................................................................................139
Princípios..........................................................................................................141

Capítulo 9 - O princípio do acréscimo.....................................................143


As duas prioridades de Deus .................................;...................................144
A estratégia divina para a provisão.............................................................147
O princípio do acréscimo.............................................................................148
1. Tudo de que necessitamos para sobreviver
e viver é obrigação do rei............................................................................ 149
2. As necessidades da vida são responsabilidade
do rei e não dos súditos.............................................................................. 150
3. A graça é a provisão não 1nerecida concedida pelo rei........................150
4. O ser humano não foi criado para viver em busca de
provisões, mas pela influência dos céus nesta terra..................................151
A provisão divina e o propósito do Reino...............................................152
A provisão está ligada ao propósito..........................................................156
Princípios.......................................................................................................159

Capítulo 10 - Serviço: o cerne da cultura do Reino...............................161


O Reino dos céus tem u1na cultura distinta...............................................163
Uma cultura de serviço...............................................................................165
A vida de uma O\relha.................................................................................168
A vida de um bode......................................................................................170
O ato de servir reflete a natureza e o caráter do Reino de Deus..............172
A motivação para o serviço do Reino........................................................176
Princípios.......................................................................................................177

Capítulo 11 - A entrada no Reino............................................................179


Apresente o país!..........................................................................................180
A prioridade de Deus para a humanidade................................................184
./\ prioridade de Jesus..................................................................................185
Entrando n.o Reino.......................................................................................187
O processo para alcançar a cidadania.......................................................190
Recebendo o novo nascimento....................................................................193
O segredo da concepção.............................................................................194
Princípios.......................................................................................................196
A principal prioridade dos seres hun1anos é alcançar uma
sensa ção de segurança material. A cantora Madonna chegou ao
topo das paradas de sucesso coin a canção Material Girl [garota
materialista], cuja letra não tinha muito nexo. Essa música vendeu
milhões de có pias em todo o mundo, incluindo os EUA, a Europa, a
África, a América do Sul, o Canadá, o Japão e o Caribe, e
permaneceu no topo das paradas por várias semanas.
Devemos então perguntar por que esse assunto aparentemente
sem importância atraiu um número tão grande de pessoas, indepen
dentemente da idade? Creio que esse fenômeno se deveu ao fato de
a letra dessa simples canção ter capturado o espírito de nossos dias e
a preocupação de nossa geração. Muitos podem não concordar com
a personalidade, o estilo de vida, a filosofia e o gênero musical da
cultura pop, porém não têm como negar a verdade que essa música
expressa. ••
O inundo parece girar ao redor do eixo do materialismo. Não
itnporta se vivemos nas sombras da pobreza das capitais
econômicas do inundo, nas juntas administrativas de empresas
multimilionárias localizadas no 60º andar de um prédio de
escritórios ou em um vila rejo de um país em desenvolvimento. A
atração n1aterialista é como um campo magnético que nos estimula
a sacrificar qualquer coisa para obter bens de consumo.
As gerações mais velhas estão e1n busca de bens materiais em de
trimento de saúde, família, casamento, moralidade, valores e sensi-
10

bilidade espiritual. As pessoas constroem casas grandes demais


para a família que acabam perdendo; compram carros muito caros
para ir a um trabalho onde passam 16 horas por dia; compram
roupas de marca que ficam acumulando poeira no armário, e
filiam-se a clubes de campo que não têm tempo de desfrutar.
Muitos sacrificam seus entes queridos no altar do prazer
tempo rário e entram na roda viva do cotidiano na esperança de
tornarem-se o maioral. Outros compram uma segunda casa onde
nunca morarão, bem como brinquedos de gente grande que nunca
usarão. E há ainda aqueles que adquirem todo tipo de bens
n1ateriais parà filhos que não demonstram apreço pelo custo dos
produtos, e terminam por usá-los e jogá-los fora, prejudicando o
espírito de gratidão entre os Jovens.
Essa é uma tragédia materialista. Parece que a filosofia dessa ge
ração está baseada na crença de que o valor, a auto-estima e o
concei to pessoal derivam não de que1n somos, mas daquilo que
possuímos. A vida das pessoas é 1nedida com base no que
acumulam e não em quem são genuinamente. Elas falham e1n
compreender que não pre cisamos de bens para ter a vida, mas sim
da vida para ter os bens.
E ainda mais assustadora é a condição das crianças e dos
jovens da geração mais recente. A cultura materialista é a força que
estimula a juventude por todo o planeta. A moda, a música, os
esportes, a edu cação, o status social e as carreiras são estimulados
pelo materialis mo. A explosão da indústria de vídeos musicais
promove a imagem de jovens abastados e afluentes que
demonstram nunca ter tido um dia de trabalho honesto. Isso
contribui para reforçar a idéia de que o sucesso na vida é medido
em termos de riqueza material.
A grande audiência de progra1nas de televisão que falam do
es tilo de vida dos ricos e fa1nosos estimula nossa cultura
materialista e baseia-se na aspiração oculta de milhões que vivem
em busca de riqueza material.
11

Essa preocupação com o materialismo também é a fonte de


mui tas atividades criminosas en1 várias comunidades pelo mundo,
e manifesta-se por meio de comportamentos anti-sociais, tais corno
os que movimentam a indústria de drogas, as gangues, a
prostituição, os assaltos e a corrupção nas empresas e na política. O
poder hipnó tico dos bens materiais tem controlado a hu1nanidade
desde os dias da civiHzação egípcia e pode ser identificado ao
longo de toda a his tória. As advertências contra esse poder podem
ser encontradas em escritos tão antigos como os de Moisés e os dos
reis Davi e Salomão.
O renomado cientista e psicólogo comportamental Abraham
1,faslo\v realizou pesquisas sobre a motivação humana e concluiu
que as 6,7 bilhões de pessoas no planeta são motivadas basicamente
pelas mesmas necessidades, estando dispostas satisfazê-las a todo
custo. Essa lista de prioridades inclui comida, água, vestimentas,
abrigo e segurança, entre outras.
Há mais de dois mil anos, o maior Mestre de todos os tempos,
Jesus Cristo, apresentou sua própria lista de prioridades e advertiu
seus ouvintes a levá-la em consideração. Um de seus seguidores,
Mateus, registrou as palavras de seu Mestre enquanto Ele falava sobre
a motivação humana:

Por isso, vos digo: não andeis cuidadosos quantoà vossa vida, pelo
que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nern quanto
ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais
do que o mantimento, e o corpo, mais do que a vestirnenta?
[...] Não an deis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos ou
que beberemos ou com que nos vestirenzos?
Mateus 6.25,31

Essa advertência para que a humanidade mude o foco, retirando-o


dos bens materiais e direcionando-o àquilo que Deus considera
1nais
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importante na vida, é um contraste gritante com nossa cultura


global.
Neste livro, exploraremos a transformação dessas prioridades
e a filosofia por trás disso. Apresentarei a solução para o domínio
e a atração do materialismo, e fornecerei princípios práticos desen
volvidos para nos libertar do espírito abusivo e autodestrutivo do
materialismo.
Vamos caminhar juntos e descobrir o intento original do Criador,
reorganizando nossas prioridades para levarmos urna ida livre de
estresse acima de quaisquer circunstâncias e padrões de sucesso
temporário.
"O sábio questiona a si próprio. O tolo questiona os outros".

Henry Arnold

No mais profundo da alma humana existe um anseio por


signifi cado, propósito e valor. Não ünporta qual seja nossa raça,
cultura ou religião, a preocupação e a necessidade de encontrarn1os
respostas para nossa existência são intrínsecas ao espírito humano.
O que estamos buscando? Por que esse anseio existe em todos
nós? Por acaso é prova de uma perda con1um? Caso seja verdade,
o que perdemos, e quando? E onde podemos encontrá-lo, se é que
isso acontecerá? Creio que todo ser humano neste mundo está
buscando o que o pai da humanidade [Adão] perdeu - o do1nínio
sobre esta terra.
A maiotia das pessoas não tem certeza do que está buscando. Sabe
que está procurando algo, um propósito que trará significado e satis
fação para a vida, mas não consegue dizer exatamente o quê. Muitos
buscam a resposta no dinheiro, no poder, nas posses ou no prazer.
Outros querem encontrá-la nas ciências, na Filosofia ou no intelecto.
Alguns se voltam para o álcool ou para as drogas alucinógenas.
Há ainda aqueles que buscam o significado da vida na religião.
Em todos os casos, o resultado é o mesmo. Não importa o quanto a
pessoa se esforce ou o quanto seja diligente en1 sua procura, o
obje to de sua busca sempre escapa. Apesar de seus maiores
esforços, a resposta que tanto espera permanece escondida. Afinal
de contas,
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é extrema1nente difícil encontrar algo quando não sabemos o que


estamos procurando!
Todos nós1 essencialmente, somos inquietos em nosso íntimo.
Isso porque cada um de nós tem um estímulo intrínseco de
governar e dominar, de exercer controle sobre as circunstâncias e
o ambiente que nos cerca. Entretanto, poucos experimentam essa
realidade.
Para muitos, ocorre o contrário: as circunstâncias e o ambiente
os controlam. Em nosso íntimo, há o desejo de dominar e de
alcan çar uma satisfação que parece estar fora do alcance, co o sea
nossa vida devesse ser diferente da que estamos desfrutando. É
corno se ansiássemos voltar a um lugar que um dia habitamos, que
perdemos ao longo do caminho e que não temos idéia de como
recuperar. A maioria dos seres humanos leva uma vida de
desespero silencioso.
Essa é exatamente a condição da humanidade. Cada um de nós
foi criado para governar. O nosso Criador nos dotou com a inclina
ção e a capacidade de exercer domínio sobre o mundo natural. Ori
ginalmente viveríamos como reis e rainhas neste 1nundo servindo
1

como vice-regentes de nosso Criador, o Rei dos céus. Dessa


maneira expandiríamos o governo, a autoridade e a influência do
mundo so brenatural invisível para o mundo natural que
enxergamos.
No entanto, esse destino foi alterado quando o primeiro casal
[Adão e Eva] abdicou de sua posição a favor de um usurpador e
enganador, um querubim desempregado que assumiu de maneira
arrogante o lugar de autoridade, designado e reservado aos seres
humanos. Nosso clamor desde então, embora muitos não
percebam, tem sido o de retornarmos a essa posição de domínio
que nossos an cestrais desfrutava1n. Ansiamos recuperar o que
perdemos.
Capítulo 1

O maior fracasso na vida é obter sucesso na tarefa errada.

Os segredos da vida
Os seres humanos estão buscando uma fórmula simples para
alcançar sucesso e satisfação. Queremos encontrar urna chave que
destranque a porta para uma vida tranqüila e que nos dê acesso às
respostas para os questionamentos que trazemos no íntimo. Talvez
seja esse o motivo do sucesso repentino do livro O Se -rredo, de
Rhonda Byrne, embora não tenha permanecido muito tempo na lista
dos mais vendidos. Essa obra pro1nete apresentar o segredo
derradeiro para a vidà e o sucesso.
(Fiquei surpreso ao descobrir que ela trazia apenas uma repeti
ção de todos os princípios bíblicos, o mesmo material que eu e
mui tos pregadores têm compartilhado com as pessoas há tantos
anos. Em essência, O Segredo não é nenhu111 segredo.)
Se dermos uma volta por qualquer cidade do mundo fazendo
uma pesquisa boca a boca e perguntarmos às pessoas: "Qual o segre
do para uma vida satisfatória?", conseguiren1os respostas variadas.
Alguns dirão que o segredo é ganhar o máxin10 de dinheiro que pu
der, o 1nais rápido possível, e preservá-lo pelo ten1po mais longo que
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conseguir. Outros afirmarão que é conquistar um cargo importante


na política e obter influência. Vários outros citariam o amor como
sendo o segredo.
Há também aqueles que mencionarão não haver segredo para
a vida, que nossa existência é um acidente; que tudo simplesmente
acontece, portanto, a vida não tem segredo ou significado. O fato é
que a maioria das pessoas não conhece o segredo da satisfação. Por
isso que tantos têm urna experiência trágica; não sabem por que es
tão neste mundo. Sequer possuem idéia de como fazer om que sua
passagem nesta terra realmente seja valorosa. Para essas pessoas,
sua existência é, de muitas maneiras, um tipo de morte viva,,
porque vi ver sen1 propósito não é realmente viver.
Portanto, qual é o segredo da vida? Encontrar nosso verdadeiro
propósito e experimentá-lo. Sei que o termo propósito tem sofrido cer
to abuso nos últimos anos e muitos pensam compreender seu signi
ficado, mas quero fazer uma advertência. Esse componente
essencial da vida não pode e nunca será exaurido. Resumirei essa
idéia com quatro declarações relacionadas ao nosso propósito -
quatro chaves para compreendermos a diferença entre uma vida
co1n propósito e uma sem significado.
A maior tragédia que podemos experimentar não é a morte, mas
viver sem propósito. Muitas pessoas atualmente estão obcecadas em
encon trar uma maneira de prolongar a vida. Estão tão preocupadas
em viver mais tempo que não param para pensar no motivo da
existên cia delas. Passam de um dia para o seguinte totalmente sem
propó sito, sem desenvolver seu potencial e sen1 realizar seus
sonhos. Para muitos, isto é pior do que a morte. O aumento da taxa
de suicídios corrobora essa verdade. Inúmeras pessoas destituídas
de esperança tiram a própria vida porque acham que a morte é mais
atraente do que levar adiante o que lhes parece uma existência sem
significado. Descobrir nosso propósito na vida é extremamente
importante.
17

Em segundo lugar, o maior desafio na vida é saber o que fazer. Le


vantamos da cama todos os dias e realizamos nossas atividades, mas
será que estamos fazendo o que realmente deveríamos? Com todas
as opções e as escolhas que se apresentam a nós, pode ser difícil
res ponder a essa pergunta. Você sabe o que fazer com sua vida? O
que o estimula a levantar da cama todas as manhãs? Que propósito
faz com que você suporte cada dia? Está vivendo para receber um
salá rio no final do 1nês? Ou será que vive com propósito?
A cada dia você fica mais velho e emprega mais de seu tempo e
de suas energias, mas será que está realizando o que deveria? Você
pelo menos sabe o que deve fazer? Esses são questionan1entos
com plicados, mas sermos capazes de respondê-los é muito
importante para nosso futuro.
Em seguida, o maior erro na vida é estar atarefado, mas não ser
efi ciente. Ficar atarefado é um passatempo co1num aos seres
humanos. Entretanto, só porque temos muitos compromissos, isso
não signi fica que estamos fazendo algo digno. Muitas pessoas se
enganam ao acreditar que traz significado à vida estarem atarefadas
o tempo todo. O sentido de nossa existência não está relacionado
con1excesso de tarefas, mas sim com eficiência. Jesus de Nazaré foi
a pessoa mais eficiente que já viveu, mas Ele nunca estava
atarefado.
Tudo que Cristo fazia tinha um propósito. O Mestre conhecia as
tarefas dele e realizava-as, o que o tornava eficiente. É uma
tragédia desperdiçar tempo e energia con1 atividades
despropositadas, por que esses recursos, uma vez gastos, nunca
podem ser recuperados. Devemos aprender a viver de maneira
eficiente sen1 ficarmos atare fados.
E por fim, o maior fracasso na vida é obter sucesso na tarefa
erra da. O sucesso por si só não é suficiente; temos de ser bem-
sucedidos na atividade correta. A sinceridade sozinha não é
suficiente, porque podemos ser sinceramente errados. A
fidelidade por si só não é
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suficiente, porque é possível sennos fiéis à fé errada. O


compronús so em si não é suficiente, porque podemos ter
compromisso com a causa incorreta.
Suponhamos que um professor nos entregue uma prova e instrua nos
a responder apenas as questões ímpares. Se respondermos às
perguntas pares, 1nesmo que nossas respostas estejam corretas, te
remos fracassado, pois não seguimos as instruções. Teremos
obtido sucesso na tarefa errada, o que significa que fracassamos.
Deus não fica impressionado com nossa sinceridade, fidelidade,
compromisso ou sucesso,, a menos que estejamos em busca da
tarefà correta - a incumbência que Ele nos transmitiu. Qualquer
coisa diferente disso é fracasso.

Estabelecer prioridades: o segredo para o sucesso


Qualquer pessoa vencedora dirá que um dos principais
segredos para o sucesso em qualquer área é saber estabelecer
prioridades e viver com base nelas. Qualquer atividade que não
se enqua dre ou que não sirva para apoiar qualquer das
prioridades deve ser deixada para mais tarde ou até mesmo
eliminada, ainda que seja valorosa em si 1nesma. Até mesmo
atividades importantes, se forem incompatíveis com nossas
prioridades, podem tornar-se distrações desnecessárias que
atrapalham nosso progresso em direção ao sucesso.
A prioridade é algo fundamental sobre o qual colocamos o
nosso foco. É aquilo a que delegamos maior valor, que figura em
primei ro lugar. Estabelecer prioridades significa colocar as
atividades da vida em ordem de importância, determinando o que
deve ser feito primeiro, e então dedicando tempo, atenção e energia
a isso. É uma questão de colocar o mais importante adiante de
tudo.
Essencialmente, o sucesso se resume em sabermos empregar o
tempo de maneira eficaz. Aprender a estabelecer prioridades, ou
19

dedicarmo-nos ao mais importante primeiro, é o segredo funda


mental para o gerenciamento correto de nosso tempo. Muitas pes
soas vivem bastante atarefadas, e o tempo toma uma importância
muito grande.
Lembre1nos, no entanto, que excesso de tarefas não significa ne
cessariamente eficiência. Pessoas bem-sucedidas são eficientes, por
que sabem estabelecer prioridades. Estas nos ajudam a evitar distrações,
mantêm-nos focados nas coisas mais importantes e retiram o maior
valor de nosso tempo a cada dia.
O sucesso na vida consiste no uso eficiente do tempo. Somos a
soma tória daquilo a que dedicamos nosso tempo. A pessoa que
somos hoje é resultado de como en1pregamos nosso tempo
anteriormente. Se, por exemplo, estamos acima do peso, isso pode
dever-se ao fato de termos passado tempo demais assentados
comendo e assistindo à televisão, em vez de dedicarmo-nos a
exercitar e desenvolver outras atividades.
Se somos ignorantes e necessitamos de mais conhecimento,
podemos ter despendido muito tempo envolvidos com coisas impro
dutivas ou inúteis, quando deveríamos ter empregado nosso tempo
lendo livros ou freqüentando a escola. A maneira como investimos o
tempo de rmina nosso nível de sucesso.
Precisamos prestar muita atenção no tempo, porque ele é a ver
dadeira medição da vida. Nossa existência nesta terra é essencialmente
uma consciência humana residindo em u1n corpo físico que existe
em um contínuo finito e linear de tempo e espaço. Na vida por vir,
na eternidade, o tempo não será um fator, mas agora é. Em nossa
existência física, estamos limitados pelo tempo.
O tempo também é a unidade monetária da vida. Chan1amos de unidade
monetária ou moeda o meio de troca utilizado em qualquer economia
para que as pessoas possam adquirir bens e serviços. Assim como o
dinheiro é a moeda de uma economia, o tempo é a moeda da vida. E
20

da 1nesma maneira que usamos o dinheiro para adquirir coisas,


em pregamos o tempo para adquirir a vida.
O sucesso financeiro sempre envolve a aplicação sábia do di
nheiro para que possamos ter o maior lucro com o mínimo de in
vestimento. De modo semelhante, sucesso na vida significa
receber os maiores dividendos e benefícios - para nós mesmos e
tambén1 para outros - com base no tempo que investimos. Todas
as manhãs, cada um de nós recebe o mesmo número de horas para
viver. Aonde vamos e até que ponto conseguimos progredir
depende da maneira como investimos essa moeda insubstituível.
Portanto, concluímos que o emprego de nosso tempo determina a
qualidade de nossa vida e também de nossa morte. Como seus amigos
e conhecidos se sentirão no dia em que você morrer? Ficarão tristes ou
aliviados? A maneira como investimos o tempo neste mundo faz
muita diferença. A qualidade de nossa vida (e também da vida
daqueles com quem temos intimidade) está diretamente relacio
nada com o modo como investimos a moeda do tempo. Sere1nos
saudáveis, ricos, sábios e espiritualmente maduros em propor ção
direta ao tempo que investimos nisso tudo. Em um sentido
bastante real, nós nos tornamos aquilo a que dedicamos nosso
tempo. Ele é um bem precioso e deve ser investido com cuidado
e sabedoria.
Pelo fato de o tempo ser a unidade monetária da vida e um
bem precioso, não devemos ficar surpresos ao descobrir que tudo
e todos estão em busca de nosso tempo. A vida moderna é um
bombardeio constante de vozes, idéias, opiniões, causas e expectativas,
de indiví duos de todos os nossos graus de relacionamento, em busca de
nosso tempo. Algumas dessas vozes são dignas de nossa atenção;
mas a ma1 on a na o e .
• • - I

Então como podemos discernir a diferença? É aqui que o fato


de estabelecer prioridades tem importância. Sem prioridades
claras,
21

corremos o perigo de desperdiçar ten1po precioso dando crédito


às vozes erradas e sendo guiados na direção incorreta.
Conhecer nossas prioridades nos ajuda a avaliar essas vozes
que chamam por nós o tempo todo, identificando as mais
impor tantes. A melhor maneira de reduzir a confusão é
desenvolver o hábito de decidir de antemão corno investiremos
nosso te1npo todos os dias.
Planejo minha agenda e meus compromissos para cada dia na
noite anterior. Já descobri que saber onde estou indo antes de
iniciar minhas tarefas me ajuda a evitar distrações desnecessárias
ao longo do caminho. Não podemos dedicar tempo e atenção para
todas as vozes que chegam até nós. Portanto, tire proveito de suas
prioridades para que elas o ajudem a enfocar o mais importante, e
esqueça-se de tudo o mais.
Completando o círculo, percebemos então que o segredo do su
cesso está no uso eficiente do tempo, e que o segredo do uso eficiente
do tempo é estabelecer prioridades corretas. A melhor maneira de
gastarmos a moeda do tempo de maneira eficaz é identificar as
prioridades cer tas na vida. Se não sabemos o que deve1nos fazer,
aonde deven1os ir e como chegar lá, corremos o risco de abusar dessa
moeda e permitir que outra pessoas façam o mesmo. Acredite no que
digo: nada é mais recompensador do que acordar de manhã sabendo
exatamente o que fazer e tendo a certeza de que é a atividade correta
para nossa vida.
Perceba que eu não usei a palavra bom. O bom nem sempre
é correto. Muitas vezes terminamos abusando de nossa moeda do
ten1po, porque nos distraímos com coisas boas que se colocam no
lugar das coisas corretas, fazendo com que fiquen1os atarefados e
ineficientes.
Enfim, tempo desperdiçado com prioridades incorretas é um
bem desperdiçado para sen1pre. Ele nunca poderá ser recuperado.
22

A maior das prioridades


Além de ajudar-nos a utilizar o tempo de maneira eficiente, exis
tem inúmeros motivos para estabelecermos prioridades. Em primei ro
lugar, a preocupação com as prioridades preserva e protege nossa vida.
E no que consiste a vida? No tempo. E o que são prioridades? Fazer
a coisa certa, no momento apropriado, da maneira correta. Desta
forma, as prioridades protege1n nossa vida, pois evitamos realizar
a coisa errada, no momento inoportuno e da maneira incorreta. As
prioridades nos capacitam a passar os dias colocando em primeiro
lugar o mais importante.
Em segundo lugar, as prioridades corretas representam progresso.
O progresso genuíno é medido não com base no quanto
realizamos, mas no fato de estarmos seguindo na direção certa.
Podemos realizar muitas coisas boas, mas se estivermos enfocando
o lado errado, não progrediremos em direção ao nosso verdadeiro
objetivo.
Se desejarmos sair de determinada cidade em direção ao norte,
mas terminarmos seguindo para o sul, percorreremos muitos
quilô metros, porém estaremos indo na direção errada. E
obviamente nun ca alcançaremos o objetivo pretendido. Movimento
não é necessaria mente sinal de progresso, da mesma maneira que
excesso de tarefas não representa eficiência.
É importante seguir na direção certa. Isso significa descobrir a
prioridade de Deus. Se estivermos em consonância com ela, tere1nos
a garantia de sempre caminhar na direção correta na vida. E qual é a
prioridade de Deus? Buscar seu Reino em primeiro lugar!
A prioridade correta também preserva nosso tempo. Saber, assim
como fazer, o mais importante nos ajuda a evitar desperdício de tempo
e impede que essa moeda preciosa seja mal empregada.
Além de proteger o tempo, as prioridades corretas também preser
vam nossas energias. Quando nossa vida está baseada nas
prioridades corretas, podemos despender energia com confiança, pois
23
saberemos
24

estar usando-a de maneira eficiente, correta e com o propósito


certo. Não devemos empenhar-nos em ficar ocupados, 1nas em
agir cor retamente. Nossas energias e a prioridade de Deus são
importantes demais para acordarmos um dia e darmo-nos conta de
que tudo que fizemos pelos últimos dez ou 20 anos estava errado!
Prioridades cor retas nos dão energia para colocarmos o mais
importante e1n primei ro lugar - buscar o Reino de Deus e a sua
justiça.
O quinto motivo para enfocarmos nossas prioridades: elas
pro tegem talentos e dons. Conhecer nossas prioridades nos ajuda
a não desperdiçar talentos e dons em empreendimentos sem
importância e sem valor. A maioria das pessoas atualmente usa suas
habilidades na busca de objetivos egoístas e terrenos que não tên1
nada a ver com o Reino dos céus. A principal prioridade desses
indivíduos é satisfazer suas próprias ambições. No entanto, até
mesmo atividades boas e honrosas podem tornar-se um problema
se distraírem-nos de outros empreendimentos mais importantes.
Imagine que você avaliou sua vida e deu-se conta de que desper
diçou dons e talentos com coisas erradas, nunca realizando aquilo
para o qual foi criado. Seria uma tragédia! Estabelecer as prioridades
corretas garantirá que isso nunca aconteça. As prioridades corretas
estão em p_rimeiro lugar para Deus, consistindo em buscar o Reino em
primeiro lugar! Adotando a prioridade do Senhor em nossa vida, po
de1nos viver com confiança, sem temer decepções futuras.
Prioridades corretas também protegem nossas decisões. Uma vez
que saibamos quais são as nossas prioridades, nossas escolhas
tornam se fáceis, porque compreendemos não apenas o que
devemos fa zer, mas também o que não fazer. Isso nos dá
confiança para recu sar determinados pedidos, mesmo àqueles
mais honrosos que nos afastam do foco principal. Toda decisão
que tomamos nos ajuda ou atrapalha-nos a alcançar o propósito de
nossa vida. A menos que conheçamos nossas prioridades, não
25
teremos diretrizes que nos
26

auxiliem a fazer as escolhas corretas. Buscar a prioridade de Deus


nos capacita a escolher o caminho certo e a aumentar nossa eficiência
na vida.
Juntamente com o processo de tornada de decisões, as priori
dades corretas tambénz preservam a disciplina. Pessoas sem prioridade
geralmente são indisciplinadas. Como não sabem em que dire
ção seguir, caminham por todos os lados, satisfazendo todos os
caprichos, chegando a lugar nenhum e prejudicando sua eficiência.
Estabelecer prioridades corretas cria automaticamente disciplina
em nossa vida, porque elas nos dão um foco bem estreito e
preciso, como o de um laser. A disciplina produzida pelas
prioridades nos impede de desperdiçar tempo, energia, esforços,
talentos, dons e, principalmente, a vida.
Todo ano recebo mais de 700 convites de todo o mundo e
tenho de recusar pelo menos 600 deles. Como sei quais devo
aceitar? É simples, pois conheço minhas prioridades. É fácil dizer
não quando sabemos o que é o sim. Ter prioridades corretas põe
fim na neces sidade de ficarmos adivinhando que decisões tomar e
que disciplina adotar.
Isso nos leva a um ponto derradeiro sobre a importância das
prioridades. As prioridades corretas simplificam a vida. Se desejarmos
ter uma vida simples, basta determinarmos nossas prioridades e vi
ver de acordo com elas. O jovem pregador interiorano, Jesus
Cristo, teve uma vida mais eficiente do que qualquer outra pessoa, no
entan to, Ele era bastante simples.
Qual era o segredo de tanta eficiência? Ele reduziu sua existência
a duas coisas: (1) um Reino vindo de um lugar chamado céu e (2) um
conceito que chamava de justiça. Na verdade, durante todo seu mi
nistério terreno, Cristo enfocou apenas esses dois assuntos e relacio
nava todos os seus princípios, todos os seus preceitos, todas as suas
leis e todas as suas instruções a eles.
27

Jesus tinha apenas uma mensagem - o Reino dos céus e a sua


jus tiça - e pron1eteu que aqueles que fizessem dessa busca sua
principal prioridade teriam uma vida plena, bem-sucedida e satisfatória.
A maio ria das pessoas que diz representar Cristo não divulga a
mensage1n que Ele ensinava. Muitos nem sequer se dão conta.
Raramente ouvimos isso sendo falado dos púlpitos e nas salas de aula
dos institutos educacionais que afirmam treinar profissionais e
pastores para representar Cristo.
Quero estimulá-lo e aconselhá-lo a ler o restante deste livro, e
a separar tempo para conferir o registro da vida e do ministério de
Cristo nesta terra, presente nos quatro evangelhos do Novo Testamento.
Estou certo de que você ficará surpresoe talvez até chocado em
descobrir a mensagem e o enfoque original de Cristo.
Por várias vezes, Jesus disse: O Reino dos céus é semelhante a [...].
Sem dúvida, o Reino de Deus era sua prioridade, e Ele ensinava
que deve ser a nossa também. A prioridade dele nunca foi religião
ou rituais, mas a introdução do Reino celestial neste mundo.
Nossa tendência é estabelecer como prioridade da vida a
busca de coisas: alimento, bebida, vestimentas, salário, carros,
casas. Uma falta em qualquer dessas áreas deixa-nos estressados
e temerosos, e nossas orações passam a enfocar quase que exclu
sivament nossas necessidades. Entretanto, Jesus nos disse para
não nos preocuparmos com essas coisas, porque o Pai celestial
sabe que precisamos delas (veja Mateus 6.31,32). En1 vez disso,
Ele afirmou: Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e
todas essas coisas vos serão acrescentadas (11ateus 6.33). Em outras
palavras, se buscamos a prioridade de Deus - seu Reino - Ele
cuidará das nossas necessidades.
O Reino dos céus era o enfoque singular da vida e da mensagem
de Jesus. Era sua prioridade, porque també1n é a do Pai. Essa era sua
mais importante prioridade e deve ser a nossa. O mais importante
tem de vir em primeiro lugar!
28

1. Cada um de nós tem um estímulo intrínseco de governar e


dominar, exercer controle sobre as circunstâncias e o ambiente
que nos cerca.
2. A prioridade mais elevada de Deus é restaurar o Reino dos céus
nesta terra.
3. Quando compreendemos a necessidade de buscar o Reino em .
primeiro lugar, passamos a entender como levar uma vida eficiente.
4. A maior tragédia que podemos experimentar não é a morte, mas
viver sem propósito.
5. O maior desafio na vida é saber o que fazer.
6. O maior erro na vida é estar atarefado, mas não ser eficiente.
7. O maior fracasso na vida é obter sucesso na tarefa errada.
8. O sucesso na vida consiste no uso eficiente do tempo.
9. O segredo do uso eficiente do tempo é estabelecer prioridades
corretas.
10. Se estivermos em consonância com a prioridade de Deus,
teremos a garantia de sempre caminhar na direção certa na vida.
11. As prioridades corretas são a prioridade de Deus, que é buscar o
Reino em primeiro lugar!
Capítulo 2

O ser humano foi criado para governar, e não para


possuir bens.

Qualquer um de nós deseja simplificar a vida. Somos natural


mente atraídos a pessoas que demonstram ser organizadas, agindo
com foco e propósito, e com um estilo de vida simples. Creio que
essa é a atração fundamental dos n1ilhões que se aproximain de Jesus
Cristo. Nunca conheci un1a personalidade que demonstrasse convic ção
pessoat propósito, autoconhecimento, confiança, valor próprio e
percepção de objetivo tão forte como aquele Homem. O aspecto mais
importante de sua vida era seu claro senso de prioridade.
Jesus Cristo foi a pessoa mais focada que já viveu. Todo o tempo
que passou neste mundo, Ele esteve dedicado a um único tema - o
Reino dos•céus. Aos 12 anos, o Messias já conhecia o propósito e a
prioridade de sua vida. Seus pais terrenos, aliviados por encontrá-lo
no templo, após terem-no procurado por três dias, repreenderam-no
por deixá-los preocupados. Ele disse simplesmente: Por que é que me
procuráveis? Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu
Pai? (Lucas 2.49). Jesus já demonstrava um enfoque singular a respeito
da prioridade de Deus, e nunca a perdeu de vista.
En1parte, foi essa singularidade de propósito e clareza de
prioridade que fizeram com que Cristo se destacasse entre as
personalidades dos seus dias. Diferente do Salvador, as pessoas em
geral têm dificuldade
28

de priorizar o mais importante. Quando os seres humanos perderam


seu domínio no jardim do Éden, deixaram de ter seu senso de priori
dades e propósitos corretos. Na verdade, toda a humanidade está às
voltas com dois problemas paralelos, relacionados com prioridades:
a falta delas ou a escolha incorreta das mesmas. Ambos trazem con
seqüências bastante significativas.
A falta de prioridades faz com que simplesmente passemos
pela vida sem foco ou sem um senso de propósito e direção.
Todas as nossas energias e o nosso potencial terminam se
dissipando, porque tentamos seguir em muitas direções e realizar
muitas coisas. Em vários casos, as pessoas sem prioridades
tornam-se letárgicas e apáticas. Seus dias são caracterizados por
uma mesmice desestimulante.
Prioridades incorretas terminam por fazer-nos desperdiçar a
vida buscando coisas erradas, dedicando-nos à tarefa incorreta.
Pes soas com prioridades equivocadas podem ser indivíduos
bastante focados, porém voltados para as coisas erradas. Urna vida
sem prio ridades não produz nada, enquanto que uma pessoa com
priorida des erradas pode ser bem-sucedida em muitas atividades,
porém não na mais importante. De qualquer maneira, o resultado
final é o fracasso.
Você desejaria chegar ao fim de seus dias e ser obrigado a afir
mar com tristeza: Fracassei. Eu não quero!

A tragédia da falta de prioridades


Nada é mais trágico do que uma vida sem propósito. Por que é
tão importante ter propósito? Porque ele é a fonte das prioridades.
Definir prioridades na vida é extremamente difícil, a menos que
te nhamos descoberto e definido nosso propósito. Esse é o motivo origi
nal e a intenção para a criação de alguma coisa. Portanto, propósito é
a fonte de significado de tudo que foi criado neste inundo.
29

Se não conhecermos nosso propósito, não poderemos estabelecer


prioridades e não conseguiremos realizar nada de significativo ou
valoroso na vida. Em essência, se não soubermos por que estamos
neste n1undo e não possuirmos um senso claro de propósito e de
trajetória, não há por que estabelecer pr oridades. A verdade é que,
se não sabemos onde estamos indo, não haverá caminho que nos leve
até lá.
A vida é uma exigência constante de tempo, energia, talento,
atenção e foco. Portanto, para administrarmos com eficiência as
de mandas do cotidiano, te1nos de saber quais são nossas
prioridades. Não importa nossa opinião sobre a vida. Temos de
vivê-la a cada dia e prestar contas de nossos atos.
Creio que nosso maior desafio é a demanda diária de escolher
entre alternativas que competem entre si. Se não tivermos
priorida des claras e corretas e não soubermos o que devemos
fazer, nossa vida será u1n exercício de futilidade. A falta de
prioridades é bastan te perigosa e nociva. Ela resulta, em primeiro
lugar, em desperdício de tempo e energias.
Se não fazemos a coisa certa no momento correto, isso
significa que estaremos realizando algo equivocadamente na hora
errada. To davia, tere os gastado a mesma quantidade de tempo e
energia. Es tes últimos, uma vez despendidos, estão extintos para
sempre. Não podemos recuperá-los.
Quando há falta de prioridades, ficamos atarefados corn as
coisas erradas. Se não sabemos o que é certo, terminamos enfocando
o que é errado. Essas atividades equivocadas talvez não seja1n ruins
em si mesmas; apenas serão inadequadas para nós, porque nos
distrairão e irão impedir-nos de buscar o propósito de nossa vida.
Pessoas sem prioridades passam tempo realizando tarefas desneces
sárias. Se pensarmos a respeito disso, muito do que fazemos no
dia a-dia não é realmente importante. Gastamos parte de nosso
tempo
30

nos esforçando, preocupando-nos e batalhando com questões que,


da perspectiva eterna, não tê1n utilidade. Enquanto isso, aquilo
que realmente importa fica por fazer.
De maneira semelhante, a falta de prioridades faz com que as
pessoas se dediquem ao que não tem importância. Se não
estabelecemos prioridades, tenninamos nos dedicando a coisas
menores. Por algum motivo, a maioria de nós pode ser facilmente
distraída ou atraída, deixando de focar nas coisas mais ünportantes
para se concentrar em assuntos secundários.
Provérbios 29.18a afirma: Não havendo profecia [visão], o povo
se corrompe. As prioridades nos ajudam a clarear a visão para
que possamos enfocar as coisas mais importantes. Sem elas, não
temos senso de direção e buscamos o que estimula nossa vontade
a cada momento.
Corno conseqüência, a força de prioridades resulta em preocupa
ção com coisas sem importância. E não apenas terminamos focando
o que não faz diferença, mas também ficamos preocupados com isso.
Pensamos a respeito, debatemos, discutimos, fazemos congressos e
tudo isso se torna uma prioridade para nós. E mesmo assim, continu
amos nos dedicando às tarefas erradas.
A preocupação estimula a dedicação, logo, a falta de priorida des
nos leva a investir em coisas menos valorosas. Quem investiria em algo
que produzisse dez vezes mais se houvesse uma alternativa que
garantisse um rendimento 100 vezes maior? Todos nós investimos
tempo, energia e dinheiro nas coisas que consideramos mais impor
tantes e de maior valor. E se estivennos errados? Se não soubermos o
que é realmente importante, é impossível investir de maneira sábia.
Portanto, a falta de prioridades gera desperdício de recursos.
Outra conseqüência da falta de prioridades é atividades ineficientes.
Não importa o quanto estejamos atarefados ou o quanto considere
mos estar realizando; se não nos focamos na coisa certa, nossas
31

atividades não resultarão em nada. Terminaremos sendo ineficien


tes, porque não teremos feito o que deveríamos.
O primeiro segredo para sermos eficientes é ter a certeza de que
estamos realizando a tarefa certa. Então investimos tempo, atenção,
energias e recursos para alcançá-la da melhor maneira possível. Do
contrário, não importa o nosso nível de esforço ou empenho, não
obteremos sucesso.
U1na das conseqüências mais sérias da falta de prioridades é
que elas resultam no abuso de nossos dons e talentos. Se utilizarmos
nossos talentos em algo que não deveríamos fazer, estaremos
desperdiçan do esse dom, mesmo que a atividade seja bem feita.
Algumas das pessoas mais talentosas do mundo usam suas
habilidades, dadas por Deus, de maneira que Ele nunca planejou,
em busca de satisfazerem desejos egoístas, alimentando a lascívia e
a imoralidade, estimulan do a sensualidade e promovendo valores
destrutivos para a família e a sociedade.
Ter talento é uma coisa, mas saber como utilizá-lo para alcançar
a principal prioridade da vida é bastante diferente. Suponhamos que
você seja um orador talentoso que proclame a mensagem errada ou
um cantor habilidoso que entoe a canção inadequada. Isso acontece
diariamente e1n nosso mundo, e é un1a grande tragédia.
Atente também que cada um de nós nasceu com um propósito
de vida, mas, infelizmente, a maioria das pessoas nunca o descobre,
porque não traça prioridades. Assim, acaba perdendo o foco de seu
objetivo final e buscando a coisa errada. Mesmo que obtenha
sucesso nesta busca, terá fracassado, porque deixou de cumprir seu
propósito original.
Por fim, a falta de prioridades resulta em fracasso. Não importa o
quanto sejamos bem-sucedidos no que fazemos. Se não estivermos
realizando a coisa mais importante, aquilo que deveríamos fazer, fra
cassaremos. Excesso de atividades, suor e trabalho duro
sãoimportantes,
32

desde que estejamos focados na tarefa certa. No entanto, isso


nunca pode servir de substituto para as prioridades corretas. Estas
são como as margens de um rio; controlam o fluxo da vida.

Prioridades incorretas: satisfazendo necessidades pessoais


Desde o início da criação, Deus estabeleceu prioridades
quando ordenou que os seres humanos enfocassem seu domínio
sobre este mundo. Essa ordenança estava relacionada com o
governo, a admi nistração e o exercício de mordomia cristã do
Reino sobre o planeta Terra. É essencial notarmos que não há
nenhuma menção sobre tra balharmos para sobreviver ou para
conseguir alimentos, mas apenas para desenvolvünentoe satisfação
pessoal.
Prioridades nunca foram um problema no jardim do Éden.
Enquanto Adão e Eva viviam em total comunhão com Deus, seu
Criador, não havia nenhuma preocupação, porque Ele satisfazia
todas as necessidades do casal. Alimentos, água e outros recur sos
era1n abundantes, e o clima perfeitamente equilibrado tornava
desnecessário o uso de roupas ou de abrigo. O convívio diário
com o Senhor, o trabalho com propósito cuidando do jardim e o
exercício de seu domínio sobre a criação enchiam a vida dos seres
humanos de significado.
A prioridade da primeira família era governar e não acumular
bens. A humanidade estava preocupada em viver e não em
sobrevi ver. A provisão que recebiam para a vida diária era
inerente ao seu relacionamento de obediência com o Criador e ao
cumprimento dos planos de Deus para este mundo.
Tudo isso mudou quando Adão e Eva perderam sua posição
de domínio por causa da desobediência. Tendo sido expulsos do
jardim e afastados da comunhão com Deus, agora tinham de prestar
atenção em coisas que antes obtinham sem preocupar-se, tal como
alimento, água, abrigo e até mesmo a própria sobrevivência.
33

Foi esse evento trágico que gerou a mudança nas prioridades


para toda a humanidade e alterou o foco da vida para a mera sobrevi
vência diária. Essa preocupação com coisas temporárias que atingem
n1uitas pessoas até hoje, sendo declarada pelo Criador como uma pu
nição pela desobediência dos seres humanos e por sua traição contra
o Reino dos céus.
Vejamos as palavras de Deus quando se dirigiu ao primeiro casal
após esse ato desafiador:

Maldita é a terra por causa de ti; corn dor comerás dela todos
os dias da tua vida. Espinhos e cardos também te produzirá; e
come rás a erva do campo. No suor do teu rosto, comerás o teu
pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado,
porquanto és pó e em pó te tornarás.

Gênesis 3.17-19

Esse legado de necessidades foi sendo passado de geração a


ge ração até tornar-se - e pennanecer como - a prioridade dos
seres humanos.
Tudo que realizamos fora do Reino dos céus é motivado pela
busca de necessidades pessoais. Esse fato foi documentado de ma
neira clara no trabalho de Abraham Maslow, um cientista e psicólogo
comportamental.
Como mencionei em meu livro Princípios do Reino, o
segundo desta série, o Dr. Maslow, após anos de observação e
estudos sobre o comportamento humano, identificou nove
necessidades básicas comuns a todas as pessoas e culturas,
colocando-as em ordem de prioridade ao qual chamou de hierarquia
de necessidades, como vemos a seguH:
34

1. Alimento
2. Água
3. Vestimentas
4. Abrigo
5. Proteção
6. Segurança
7. Preservação
8. Auto-realização
9. Significado1

Maslow descobriu que, em todas as culturas, a principal priori


dade era adquirir as necessidades básicas para a sobrevivência. En
quanto elas não estivessem garantidas, nada mais iinportaria. U1na
vez que a sobrevivência básica não fosse mais uma preocupação, o
foco passava para necessidades estéticas de auto-realização e a
sensa ção de significado pessoal. Essencialmente, Maslo,v estava
correto. Sua hierarquia de necessidades identifica precisamente a
progressão de motivações que estimula a cultura humana.
O ser humano, em sua interminável busca por sobrevivência e
sig nificado da vida, separado e1n espírito do Deus que o criou,
inventou a religião como um veículo na tentativa de recuperar sua
posição per dida como governante e administrador dos recursos deste
mundo.
Um estudo cuidadoso de todas as religiões revela que elas são
desenvolvidas e elaboradas com base na promessa de satisfação de nossas
ne cessidades. Hinduísmo, budismo, islamismo, judaísmo, confucionis
mo, cientologia, bahai, ciência cristã, espiritismo, animismo,
huma nismo - escolha qualquer uma - todas essas religiões sem
exceção buscam atrair seguidores pron1etendo melhorar a vida
das pessoas, aprimorar suas circunstâncias, dar a elas o senso de
controle sobre o ambiente e oferecer respostas sobre a morte e a
35
vida após a morte.
36

A essa lista devemos acrescentar o cristianismo institucionalizado


- em sua forma mais rígida, regulamentada, ritualística, legalista e
estratificada, uma religião controlada por seres humanos.
Urna segunda característica comum às religiões é que todas são
elaboradas com base na satisfação de uma divindade para garantir
nossas necessidades básicas (plantações, clima, proteção,
preservação etc). Depois que os seres humanos separaram-se de Deus
por causa do pecado, passaram a sentir medo de que suas
necessidades não fossem supridas. Sentiram-se sozinhos e começaram a
pensar que tudo dependia deles próprios. Portanto, dedicaram-se a
adorar deuses que eles mesmos inventaram,, divindades criadas pelo
conceito humano.
Na melhor das hipóteses, elas são apenas uma sombra do Deus
amoroso e cuidadoso que Adão e Eva conheceram no jardim do Éden.
É por isso que a história hun1ana é tão repleta de deuses: o deus
sol, o deus lua, o deus da chuva, o deus do oceano, da guerra,, do
sexo e da fertilidade,, das montanhas, dos vales etc.
Os homens inventaram a religião na tentativa de aplacar divin
dades temerosas e desconhecidas, convencendo-as a conceder-lhes o
que necessitavarn diariamente. Essa era sua maneira de tentar
mani pular a natureza e controlar seu destino. A vida era penosa,
sombria e cheia de, violência. O propósito da religião é alcançar o
favor dos deuses realizando boas ações para com eles.
Outro denominador con1um de todas as religiões é que o foco
pri mário está nas necessidades do adorador e não do ser adorado.
Pessoas religiosas sempre servem e adoram seus deuses na expectativa
de re ceber algo bom de volta. Suas orações são autocentradas,,
geralmente enfocando quase que exclusivamente suas necessidades e
seus de sejos pessoais. Não se dá atenção às necessidades e aos
desejos da divindade além do que necessário para agradá-la e
persuadi-la a agir em prol do devoto. Na religião dos seres humanos, o
propósito dos deuses é basicamente solucionar problen1as.
37

Em todas as religiões, a prioridade das petições e das orações é as


nossas necessidades pessoais. Sejamos sinceros! Para a maioria de nós,
praticamente a totalidade das orações está voltada para o que
deseja mos receber de Deus: um novo emprego, um carro zero
quilômetro, uma casa própria, dinheiro de sobra não só para pagar
as contas, mas também para satisfazer nosso anseio por bens
materiais. Com que freqüência nós pensamos a respeito do que o
Senhor deseja?
As religiões são egoístas, porque todas se baseiam na
prioridade das necessidades pessoais. A promessa de satisfação de
'
necessidades é o principal motivo de as pessoas permanecerem
seguindo uma religião. Mesmo quando suas crenças fracassam
em fornecer o que prometem, os seguidores se mostram
relutantes em largar a fé, porque é difícil romper com o hábito.
Se a religião não atende às necessidades da pessoa nesta vida,
em vez de o indivíduo abandonar esse credo, simplesmente adia
suas expectativas para a vida no por vir.
Nãohá dúvida de que a principal prioridade dos seres humanos
é suprir suas próprias necessidades. Entretanto, temos de
perguntar nos se esse é o foco correto. Agora já temos condição de
afirmar que não. A humanidade em geral sofre as conseqüências de
direcionar suas prioridades e sua fé ao objeto errado.

Confrontando Maslow
A teoria do Dr. Maslo,v sobre a hierarquia de necessidades
ilustra a prioridade que realmente motiva nosso comporta1nento
- aquela centrada na aquisição de coisas. Entretanto, Jesus virou a
lista de Maslovv de cabeça para baixo. O Reino dos céus é
diferente dos reinos terrenos. A partir da perspectiva celestial, as
prioridades humanas - a lista de Maslow - estão deturpadas. O
foco das pes soas encontra-se distorcido e muito distanciado do
intento original de Deus.
37

Vejamos as seguintes palavras de Cristo:

Por isso, vos digo: não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo
que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto
ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais
do que o mantimento, e o corpo, mais do que a vestimenta?
Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem segam,
nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta.
Não tendes vós muito mais valor do que elas? E qual de vós
poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à
sua estatura?

E, quanto ao vestuário, porque andais solícitos? Olhai para os líri


os do campo, como eles crescem; não trabalham, nem fiam. E
eu vos digo que nem mesmo Salornão, em toda a sua glória, se
vestiu como qualquer deles. Pois, se Deus assim veste a erva do
campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, não vos
vestirá muito mais a vós, homens de pequena fé?

Mateus 6.25-30

Notemos que as primeiras palavras de Cristo são: Não se preocu


pem com a vida. No entanto, é exatamente isso que fazemos. Nossos
dias estão repletos de preocupações com as coisas que Jesus disse
para não nos preocuparmos: alimento, bebida, vestimentas, enfim, as
necessidades básicas da vida.
No mundo de hoje, a maioria das pessoas lida com a vida de
duas maneiras: ou trabalham para viver ou vivem para trabalhar.
Jesus disse que essas duas abordagens estão erradas. Ele afirmou:
Nãoéavida mais do que omantimento, e o corpo, mais do que a vestimenta?
(v. 25).
38

Existe 1nuito mais na vida do que trabalhar, até mesmo para al


cançar as necessidades básicas. A labuta é in1portante, mas ela não
define quem somos. Não devemos estar centrados em uma ocupa
ção, senão perderemos nosso propósito na vida.
Cristo afirmou: Não se preocupem. Isto é u1na atividade inútil que
gasta energia, tempo, talentos, dons, sabedoria e conhecimento, e até
mesmo consome nossa imaginação. Só que a maioria das pessoas
passa muito tempo se preocupando com coisas que não acontecerão
ou com situações que não podemos lidar.
Aúnica contribuição que a preocupação traz à nossa vidaé deixar-nos
doentes. Estudos científicos identificaram que o estresse
relacionado com a preocupação é a principal causa de hipertensão e
de doenças cardiovasculares, pois faz com que as veias e artérias se
contraiam, impedindo a passagem do sangue. Assim este retorna ao
coração e aumenta a pressão neste órgão. Como conseqüência,
aumenta o risco de infartos e derrames.
Ficamos preocupados, porque temos prioridades erradas, o que
também nos leva a desenvolver uma fé incorreta. Vejamos os dois
exemplos que Jesus nos deu: as aves do céu e os lírios do campo.
Os pássaros não semeiam, não colhem, não guardam alimento,
porém nunca estão fa1nintos. De maneira semelhante, as flores no
campo não tecem nem fazem roupas, e estão vestidas com 1nais
beleza e elegância do que o próprio rei Salomão.
Por quê? Porque o Deus alimenta as aves e cuida das flores.
Notemos o que Jesus disse a respeito dos pássaros: Vosso Pai celestial
os ali-menta (v. 26). Ele não afirmou: "O Pai celestial deles". Nosso Pai
celestial é o mesmo que cuida dos pássaros e das flores. A palavra
Pai (abba em hebraico) significa fonte e sustentador. Portanto, se o Pai
celestial, que é a fonte e a sustentação da vida, cuida dos pássaros e
das flores, que hoje estão aqui e amanhã deixarão de existir, vocês
não acham que Ele cuidará de vocês também?
39

Nosso problema é que temos colocado nossa fé no objeto errado.


Mu damos a nossa fonte. Em vez de esperar no Pai celestial., achamos
que nós mesmos ou outras pessoas (pais., cônjuge, patrão., governo) nos
sus tentarão. Afinal de contas, como vivemos em um mundo
extremamente competitivo, onde se prega a idéia do cada um por si,
temos de lutar e batalhar por tudo e, então., agarrar-nos a isso com
firmeza. Correto?
Essa é a prioridade e a mentalidade do mundo, mas não a do
Rei no dos céus! Quem é a sua fonte? Se você está procurando
sustento em qualquer outra pessoa que não o Deus Pai, isso pode
explicar por que se esforça tanto e não consegue mudar de vida. Em
contraparti da., se fizer do Senhor a sua fonte., Ele assumirá o
controle da situa ção. Quando isso acontece, é o Criador que se
encarregará de suprir as necessidades!

O paganismo está em plena atividade


Qualquer religião que enfoque a aquisição de bens e a satisfação
de necessidades pessoais é uma religião pagã. Vejamos novamente o
que Jesus disse:

Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos ou que


be beremqs ou com que nos vestiremos? (Porque todas essas
coisas os gentios procuram.) Decerto, vosso Pai celestial bem
sabe que necessitais de todas essas coisas; Mas buscai primeiro o
Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão
acrescenta das. Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã.,
porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia
o seu mal.

Mateus 6.31-34
De acordo com Cristo., ir em busca de bens, ficar preocupado
40
com a aquisição deles e a satisfação de nossas necessidades básicas é
uma
41

atividade pagã. Co1n base nessa definição, cabe dizer que o


paganis mo continua ativo em nosso mundo. Na verdade, uma das
maiores reuniões pagãs ocorre todos os don1ingos (ou aos sábados,
no caso dos Adventistas do Sétimo Dia) quando as congregações
conhecidas como a Igreja de Jesus Cristo se reúnem para cultuar a
Deus.
Muitos cristãos afirmam acreditar no Senhor e confiar nele, mas
a vida deles e as preocupações que enchem sua mente revelam que
a maioria não crê nisso de verdade. A confiança que afirmam ter na
provisão divina é apenas da boca para fora, pois continuam a traba
lhar em busca de comida, bebida, roupas; abrigo e tudo o mais
como se seu sustento dependesse deles mesmos.
O esforço em busca de bens materiais torna-se o centro de sua
existência e a principal prioridade de sua vida. Trabalham duro, mas
não passam tempo com Deus. Fingem adorá-lo por algumas horas
durante a semana e nada mais. Todavia, a preocupação com coisas
materiais, a satisfação de necessidades básicas e a vontade de
progre dir neste mundo não passa de um comportamento pagão.
Desejo esclarecer o que classifico como pagão. Ao contrário do
que muitas pessoas pensam, a maioria dos pagãos não é ateu, e muito
menos pessoas más. Ao contrário, são extremamente religiosos. A palavra
pagão, na verdade, refere-se aos adoradores. Ela diz respeito às pessoas
que ado ram a um deus que não o Deus verdadeiro revelado na Bíblia.
O equivalente para o termo pagão é a palavra idólatra. Portanto,
os pagãos são devotos religiosos, geralmente adeptos, extremamente
zelosos de um sistema específico de crenças e fiéis a costumes e ritu
ais rigorosos. O conceito de um Deus pessoal e amoroso, que cuida
de nós, é totalmente estranho aos pagãos. O Senhor, da maneira como
essas pessoas o compreendem, é uma divindade distante e bastante
ríspida que deve ser agradada e persuadida a ajudá-las.
O Senhor afirmou que apenas as pessoas religiosas - os
pagãos vão em busca das necessidades básicas da vida.
42
Portanto, se
43

alimentos, bebidas, abrigo, dinheiro, casas, carros e outros bens ma


teriais são sua prioridade, então você está pensando e agindo
como u1n pagão, e não importa no que afirma crer.
Precisamos de uma completa mudança de foco. É hora de dei
xarmos de viver de acordo com a hierarquia de necessidades da
lista de Maslow e começarmos a aplicar os princípios e as priori
dades do Reino dos céus: Buscaí prímeíro o Reino de Deus, e a
sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas (Mt 6.33).
Tudo isso [nossas necessidades] nos será acrescentado. Portanto,
não temos de trabalhar em função dessas coisas e nem preocupar-
nos com elas. Deus nos concederá livremente, se dennos
prioridade ao seu Reino e à sua justiça.
Isso não significa que tenhamos de largar o emprego e ficares
perando o Senhor lançar tudo isso em nosso colo. Quer dizer apenas
que, enquanto trabalhamos dia-a-dia em nossa profissão, estamos vi
vendo para a prioridade de Deus, totahnente confiantes que Ele
nos protege e cuida de nós. Não existe antídoto mais garantido
contra o estresse, a ansiedade e a preocupação.
É hora de deixarmos de lado a mentalidade pagã com suas
prio ridades de bens 1nateriais e adotar a prioridade divina do
Reino de Deus e de - ua justiça. Isaías 26.3 nos fornece uma promessa
preciosa: Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em ti;
porque ele confia em ti.

A prioridade do Reino de Deus


A principal prioridade do Senhor é restaurar o Reino dos céus
nesta terra. Foi para esse fim que Ele enviou seu Filho a este mun
do para viver entre nós por um período, assumir a forma hun1ana
e tornar-se um de nós. Desde o início, a mensagem de Jesus era
sünples e direta: Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos
céus (Mt 4.17b).
44

Cristo pregava e ensinava sobre o Reino. Essencialmente, esta


era sua única mensagem, a mesma que o mundo precisa ouvir
hoje, porque todos estão buscando o Reino dos céus.
Esta mensagem de Jesus chegou ao meu coração de uma maneira
bastante pessoal que transformou minha vida e toda minha
maneira de pensar. Algum tempo atrás, eu tinha me dedicado a um
jejum. Foi um período especial para mim, porque realmente
desejava ter mais intimidade com o Senhor.
Meu desejo era que Deus me mostrasse seu coraçã? e sua mente,
e revelasse-me seu grande desejo para minha vida. Após 15 dias de
jejum, senti que Ele me dizia: Busque o ReiJZo em primeiro lugar! Foi
apenas isso. Somente essas palavras. Direto ao ponto, que é a
maneira como o Senhor sempre fala.
Buscar o Reino ern primeiro lugar! é
uma declaração
aparentemente simples. Tão simples que a profundidade e o
significado dessa mensa gem podem passar despercebidos. Pelo
menos eu achava que era sim ples, até começar a estudar e a perceber
que essa declaração engloba o ímpeto central de todo o plano de Deus
para a humanidade.
Em primeiro lugar, essa mensagem tem aplicações universais.
Ela diz respeito a qualquer pessoa neste mundo: cristãos, judeus,
muçulmanos, budistas, hinduístas, ateus, agnósticos, cientistas,
teó logos e filósofos. Buscar o Reino ent primeiro lugar! não é uma
declara ção religiosa. Transcende qualquer religião.
Por que buscar o Reino em primeiro lugar é uma mensagem
tão universal e importante? Porque, quando a compreendemos,
desco brimos como viver de forma eficiente neste mundo.
Todos almejam viver de maneira eficiente e querem que a
vida tenha significado. Todos desejam controlar sua vida,
satisfazer seus sonhos e desenvolver seu pleno potencial. Então,
compreender e aco lher a mensagem de buscar o Reino em primeiro
lugar torna tudo isso possível, pois passa1nos a entender os
45
segredos da vida.
46

1. Nada é mais trágico do que uma vida sem propósito.


2. Se não fazemos a coisa correta no momento certo, isso significa
que estaremos fazendo a coisa errada no momento inadequado.
3. As prioridades nos ajudam a clarear a visão para que possamos
enfocar as coisas mais importantes.
4. Se você não está empenhado em cumprir o propósito para o qual
nasceu, então está buscando objetivos errados.
5. Tudo o que realizamos fora do Reino dos céus é motivado pela
busca de necessidades pessoais.
6. Todas as religiões se baseiam na satisfação de necessidades pes
soais.
7. Cristo disse: "Não se preocupem co1n a vida".
8. A preocupação é a atividade mais inútil deste mundo.
9. Se fizer de Deus sua fonte, então Ele assumirá o controle da si
tuação. Quando isso acontece, o Criador se encarrega de suprir as
necessidades!
10. Qualquer religião que enfoque a aquisição de bens e a satisfação
das necessidades pessoais é uma religião pagã.
11. Se alimentos, bebidas, abrigo, dinheiro, casas, carros e outros
bens materiais são sua prioridade, então você está pensando e agin
do como um pagão, e não importa no que afirma crer.
12. É hora de deixarmos de viver de acordo com a hierarquia de ne
cessidades da lista de Maslovv e começarmos a aplicar os princípios
e as prioridades do Reino dos céus.

1 MUNROE, Myles. Compreendendo o Rei110. (Publicado em português pela Editora Central

Gospel.)
43

Capítulo 3
. ef
k

Não fomos criados para trabalhar em busca de bens, mas sim


para administrá-los.

Quando Jesus disse: Não andeis cuidadosos quanto à vossa


vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem
quanto ao 'Uosso corpo, pelo que haveis de vestir, e também:
Buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas
vos serão acrescen tadas, Ele terminou causando un1 terren1oto
espiritual. Cristo fez com que a cultura e a sociedade humanas lhe
dessem ouvido.
Com essas poucas palavras, Jesus realmente retirou de nós
tudo que consideramos importante. Alimento, bebida, abrigo,
carro, dinheiro, luxo. É para tudo isso que vivemos. É para bus
carmos tudo isso que levantamos da ca1na de manhã e vamos
trabalhar todos os dias. É nisso que constituem nossas orações.
São essas coisas que esti1nulam a cultura humana e a economia
das nações.
No entanto, são exatamente essas coisas que Jesus disse que
sequer devemos preocupar-nos com elas. O Salvador retirou to
das as nossas prioridades confusas, desgastantes, enganosas e
erradas e deixou-nos com foco bastante simples: buscar o Reino
de Deus. Ao fazer isso, também nos deu o segredo para termos
46

uma vida mais simples e mais satisfatória: ter urna única priori
dade em vez de dez ou 20 planos secundários - o que poderia
ser mais simples?
Apesar de ser um princípio sünples de compreender-se,é o
man damento bíblico que os cristãos menos obedecem. Estamos
profun damente envolvidos na busca por bens e por uma boa vida,
enquanto Deus está procurando pessoas obcecadas pelo Reino.
Todos aqueles que buscam e alcançam o Reino de Deus também
recebem acesso a todas as riquezas e aos recursos celestiais. Por
que nos contentarmos com algumas migalhas aqui e acolá, que
conseguimos reunir com nosso próprio esforço, se a plenitude
das provisões divinas está à nossa disposição?
Os obstinados pelo Reino não batalham dia após dia para satisfa
zer suas necessidades, mas lutam continuamente em favor da
causa celestial. Eles compreendem que não foram criados para
buscarem ganhos egoístas, mas para encontrarem oportunidades
de apresentar as boas novas de Cristo a outras pessoas.
Ser obcecado pelo Reino significa fazer dele nossa única priori dade,
porque demanda de nós dedicação exclusiva. Jesus afirmou: Ninguém
pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou
se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a
.lviamom (Mt 6.24).
Como é propósito de nosso Criador, não somos capazes de servir
dois senhores. Um deles sempre terá preferência sobre o outro. Não
existe espaço e1n nosso coração para mais de uma prioridade máxi
ma. Por isso, Cristo afirmou que temos de buscar em primeiro lugar
o Reino de Deus e sua justiça.
O Reino de Deus é tão vasto que nossa busca por ele nos
enche de tal forma que não terernos mais espaço para outras
prioridades. Todas as atividades que consideramos essenciais e
benéficas para a vida serão supridas quando empenharmos o
coração em buscar
47

primeiramente o Reino de Deus. Esta é a promessa do Senhor para


nós. Entretanto, isso exige nossa dedicação exclusiva. Temos de buscá la
de todo o coração e com plena lealdade.

O perigo de uma lealdade dividida


As boas novas de salvação eram a única mensagem que Jesus
pregava. Em todas as oportunidades, Ele reforçava a natureza
exclu sivista desse ensinamento. A prioridade do Reino de Deus exige
total dedicação de nossa parte:

E aconteceu que, indo eles pelo canzinho, lhe disse um:


Senhor, seguir-te-ei para onde quer que fores. E disse-lhe Jesus:
As raposas têm covis, e as aves do céu, ninhos, mas o Filho do
Homem não tem onde reclinar a cabeca.
"

Lucas 9.57,58

Com que freqüência assumimos um con1pro1nisso com Deus ou


com outras pessoas sem realmente pesar o que isso exigirá de nós
em termos·de tempo, energia, dinheiro ou inconveniências? Muitas
vezes fazemos uma promessa sem avaliarmos em que estamos nos
n1etendo. Mais tarde, quando descobrimos que as exigências são
maiores do que imaginávamos, desistimos e terminamos nos sentin
do culpados e derrotados.
Para muitos de nós, o homen1, nessa passagem bíblica, fez uma
promessa bastante radical, afirn1ando estar disposto a seguir a Jesus
aonde quer que o Mestre fosse. Com certeza, ele estava sendo sincero
e mostrava-se bastante entusiasmado, mas não havia levado em conta
todas as implicações de sua promessa.
48

Ao reconhecer isso, Jesus procurou testar a intensidade do com


promisso daquele homem. Cristo queria ver até onde ele realmente
estava disposto a cumprir sua promessa. Essencialmente, Ele disse:
"As raposas e as aves têm um lar, mas eu não. Não tenho casa. E, se
você seguir-me, essa será sua vida também. Não poderá mais des
frutar o conforto com o qual está acostumado. Você está pronto para
encarar isso?"
A Bíblia não diz como aquele homem reagiu, mas isso não
im porta. O que temos de compreender é que, embora buscar o Reino de
Deus em primeiro lugar nos traga plena satisfação, não significa que
a jornada será fácil. O custo de viver em prol do evangelho é
muito grande. O que o Reino de Deus exige de nós? Tudo.
Entretanto, a recon1pensa vale a pena.
Deus é Rei e Senhor do universo. Isso significa que não temos
posse de nada. Portanto, não deveria ser difícil para nós abrir mão
de coisas que na verdade não nos pertencem. Pelo fato de o Altíssimo
ser dono de tudo, a qualquer momento, Ele pode dar-nos qualquer
coisa que Ele desejar, para que possamos fazer uso dela. Todavia,
primeiro devemos entregar-lhe livremente tudo que temos e tudo que
somos.
Muitas pessoas decidem seguir a Jesus ou buscar o Reino de
Deus pensando no que receberão. Essa não é a motivação correta,
de acordo com que Cristo disse, pois não se trata de um "clube de
bênçãos". Temos de segui-lo porque é nosso Rei e nosso Pai celestiat
e não na intenção de que Ele pague nossas contas.
Quando nossa prioridade está corretamente estabelecida, o
Senhor cuida de nós e supre nossas necessidades. Posso assegurá-lo
de que, se você estiver disposto a desistir de tudo e1n prol do Reino,
estará prestes a alcançar a vida mais incrível que possa
experimentar!
A prioridade do Reino é exclusivista também co1n relação aos
nossos relacionamentos, principalmente com nossa família:
49

E disse a outro: Segue-me. Mas ele respondeu: Senhor, deixa


que primeiro eu vá enterrar meu pai. Mas Jesus lhe observou:
Deixa aos mortos o enterrar os seus mortos; porém tu, vai e
anuncia o Reino de Deus.

Lucas 9.59,60

Jesus chamou um homem que aparentemente estava disposto


a segui-lo, mas aquele indivíduo queria esperar o sepultamento de
seu pai. Isso não significa necessariamente que o pai dele já estivesse
morto. O homem se sentia preso por suas obrigações sociais, legais
e morais para com seus genitores.
De acordo com a cultura judaica, desonrar pai ou mãe era u1n
pecado muito sério, superado apenas pelo pecado de desonrar
Deus. Honrar os pais era tão importante que o Senhor estabeleceu
essa or denança no quinto mandamento.
Vejamos como Jesus reagiu ao pedido do homem. Ele afirmou: Dei
xa aos mortos o enterrar os seus mortos; porém tu, vai e anuncia o Reino
de Deus. Cristo não estava desconsiderando o quinto mandamento
nem fazendo pouco caso do senso de dever e responsabilidade
daquele in divíduo. O Messias simplesmente den1onstrou que não
havia priori dade que tivesse precedência sobre o Reino de Deus, pois
isto é mais importante do que família, amigos, carreira ou ambições
pessoais.
Honrar Deus significa obedecer às suas ordens. Portanto,
adiar ou desprezar o chamado do Criador por causa da família
constituía um grave pecado. Quando o Senhor prometeu acrescentar
todas essas coisas se buscarmos em primeiro lugar seu Reino, também
estava fa lando do cuidado com a família que talvez tenhamos de
deixar para trás para atender ao seu chamado.
Jesus continuou sua viagem, e um terceiro homem veio falar com
Ele:
50

Disse também outro: Senhor, eu te seguirei, mas deixa-me despedir


primeiro dos que estão em minha casa. E Jesus lhe disse: Ninguém
que lança mão do arado eolha para trás é apto para o Reino de Deus.

Lucas 9.61,62

Como aquele indivíduo anterior, este também queria seguir a


Cristo, mas apenas mais tarde, com base em seus próprios termos,
e não sem antes despedir-se de sua família. O Messias,- então,
deixou evidente a divisão que havia no íntimo daquele homem. Ele
desejava seguir ao Mestre, mas apenas parte de seu coração estava
empenha do nisso. Aquele homem aceitaria acompanhá-lo, mas
continuaria olhando para trás, pensando no que deixou. Aqueles que
estão aptos para o Reino de Deus deixam de lado todas as outras
prioridades da vida, exceto a do Reino.
O encontro desses dois homens com Jesus revela que a prioridade
do Reino tem preferência sobre as exigências de nossos relaciona
mentos familiares. Aqueles indivíduos que falaram com o Mestre
demonstravam o mesmo problema: sua lealdade estava dividida.
Queriam seguir ao Messias, mas, ao mesmo tempo, desejavam
per manecer em casa.
Esse conflito de prioridades fazia com que quisessem caminhar
em direções opostas. Sua lealdade dividida revelou-se na maneira
como reagiram ao que Jesus falou. Em ambos os casos, os homens
tinham algumas preferências à frente do Reino de Deus, um desejo
que não pode existir.
A palavra senhor significa dono ou mestre. Não podemos
chamar Cristo de Senhor e então afirmar: "Primeiro permita que eu
faça tal coisa". Se Ele é Senhor, nossa única prioridade é atender ao
chamado dele, de forma exclusiva.
51

O teste da prioridade do Reino


Em nenhum outro trecho da Bíblia esse chamado exclusivo a
respeito da prioridade do Reino está ilustrado de maneira mais
clara do que no encontro de Jesus com um jovem rico e influente.
Aquele rapaz se aproximou de Cristo com uma pergunta bastante
importante:

Bom Mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna? Jesus lhe
disse: Por que me chamas bom? Ninguém há bom, senão um,
que é Deus. Sabes os mandamentos: Não adulterarás, não
matarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, honra a teu
pai e a tua mãe. E disse ele: Todas essas coisas tenho observado
desde a minha mocidade. E, quando Jesus ouviu isso, disse-
lhe: Ainda te falta uma coisa: vende tudo quanto tens, reparte-o
pelos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-rne.
Mas, ouvindo ele isso, ficou muito triste, porque era muito rico.

Lucas 18.18-23

Com base nos padrões daquela época, o jovem que se aproximou


de Jesus era um indivíduo exemplar. Era rico (o que geralmente in
dicava a graça de Deus), guardava a lei e agia corretamente em tudo
que fazia. Ele era o tipo de pessoa que qualquer um desejaria ter
próximo de si.
No entanto, Jesus logo percebeu o que ninguém n1ais conseguia
enxergar. Ele observou que o homem estava tentando servir a dois
senhores: a Deus e ao dinheiro. Por isso disse àquele jovem: Ainda te
falta uma coisa (v. 22).
52

Podemos realizar mil tarefas e ainda assim não fazer o mais


impor tante. Obter sucesso na tarefa errada é o mesmo que fracassar.
Com base em qualquer avaliação terrena, aquele jove1n era
extremamente bem sucedido. Entretanto, havia fracassado aos olhos
de Jesus, porque não tinha dado prioridade ao Reino. O coração dele
estava dividido.
Aquele homem rico não era obcecado pelo Reino, porque suas ri
quezas criaram um obstáculo. Como conseqüência, Jesus disse:Vende
tudo quanto tens, reparte-o pelos pobres e terás um tesouro no céu;
depois, vem e segue-me (v. 22). A prioridade do Senhor exige tudo
de nós. Temos de renunciar todas as coisas antes de começar a
caminhada. E quem vive em busca do Reino de Deus não pode ter
senso de posse.
Era exatamente esse o problema daquele jovem. Ele
acreditava e supunha que toda sua riqueza lhe pertencia. Apesar
de sua ati tude piedosa e de sua cuidadosa observância dos
mandamentos, o dinheiro era seu verdadeiro deus. Seu coração
estava dividido entre a riqueza e a vontade de seguir ao Senhor.
Quando teve de fazer uma escolha, preferiu ficar com as riquezas. Isso é
bastante claro com base em sua reação após ouvir a exigência de Jesus:
Ouvindo ele isso, ficou muito triste, porque era muito rico.
Por fim, aquele homem não se mostrou disposto a entregar
seus tesouros terrenos em troca das riquezas celestiais. Estava
preso por seu senso de posse. Ele não passou no teste da
prioridade do Reino. O senso de posse talvez seja o principal sinal
externo de que al guém não está no Reino ou de que ainda não
priorizou buscá-lo. En quanto continuarmos acreditando que
temos posse de nossa casa, de nosso carro na garagem, de nossas
roupas em nosso armário, de nossa comida na geladeira ou de
tudo o mais que possuímos, não
estaremos seguindo a prioridade do Reino.
Se Deus não pode retirar de nós tudo o que Ele deseja, a qualquer
53
momento, sem que ofereçamos resistência, então não é nosso Senhor,
independentemente do que possamos dizer.
54

O perigo do senso de posse


Aquele jovem rico afastou-se de Jesus entristecido, porque o pre ço
para entrar no Reino de Deus e obter os tesouros celestiais era
mais alto do que ele estava disposto a pagar. Isso estimulou Jesus
a reforçar ainda mais aos seus seguidores o ensinamento sobre o
peri go de termos senso de posse:

E, vendo Jesus que ele ficara muito triste, disse: Qwfo dificilmente
entrarão no Reino de Deus os que têm riquezas! Porque é
mais fácil entrar um camelo pelo fundo de uma agulha do que
entrar um rico no Reino de Deus. E os que ouviram isso disseram:
Logo, quem pode salvar-se? Mas ele respondeu: As coisas que são
impos síveis aos homens são possíveis a Deus.

Lucas 18.24-27

As riquezas, ou mais especificamente o senso de posse, é utn


em pecilho para que qualquer pessoa entre no Reino de Deus. A
palavra entrar, como Jesus a empregou nesse trecho bíblico,
significa expe rimentar o verdadeiro efeito de algo. Em outras
palavras, é difícil um rico experimentar o verdadeiro efeito da vida
no Reino, porque a sua riqueza se toma u1na prisão. Ele fica tão
envolvido em sua busca por bens materiais que não tem tempo para
ir à procura do mais impor tante, tornando-se prisioneiro de seus
próprios desejos.
Então Jesus chocou seus ouvintes com a declaração de que é mais
fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico
entrar no Reino dos céus. Aquelas pessoas, acostumadas com a idéia
de que a riqueza era um sinal da graça de Deus, perguntaram:
Logo, quem pode salvar-se?
54

O que elas realmente queriam saber era: "Se é tão difícil para
um rico (alguém que recebeu a graça de Deus) entrar no Reino, então que
esperança há para nós?" Jesus lhes garantiu que isso era impossível
aos olhos dos homens, mas possível para o Senhor.
Quando Cristo falou sobre o fundo de uma agulha, não estava
pensando em um instrumento de costura. Naquela parte do mundo,
tanto nos dias de Jesus como na atualidade, o fundo de uma agulha
referia-se a dois postes de madeira fincados no chão, bem próximos
um do outro, de modo que um camelo só consegue passar entre
eles com muita dificuldade. Por causa da areia e da secura do
deserto, os camelos podem ficar sujos muito facilmente. O fundo
da agulha é utilizado para facilitar a limpeza desses animais.
Primeiro, o condutor do camelo o coloca entre os dois postes até que
o tórax do bicho fique preso entre eles. Imobilizado, o animal fica quie to
enquanto recebe um banho. Depois disso, o condutor puxa o camelo
ainda molhado até que o corpo dele passe totalmente pelos postes. Com
essa analogia, Jesus quis afirmar que, embora seja clifícil um rico entrar
no Reino dos céus, não é uma tarefa impossível. O senso de posse pode
manter-nos de fora, mas Deus é capaz de ajudar-nos a abrir mão disso.

Nada do que abandonamos em prol do Reino se perde


O motivo de sermos capazes de abrir mão desse senso de posse
é que nada do que abandonamos por causa do Reino de Deus se
perde. Ao contrário, multiplica-se e retorna a nós. Esse também é un1
princípio fundamental das Sagradas Escrituras. Vejamos o seguinte
diálogo entre Pedro e Jesus:

E disse Pedro: Eis que nós deixamos tudoe te seguimos. E ele lhes disse:
Na verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou pais,
ou irmãos, ou rnulher, ou filhos pelo Reino de Deus e não haja de rece
ber muito mais neste mundoe,na idade vindoura, a vida eterna.

Lucas 18.28-30
55

Depois da bomba que Jesus lançou ao falar a respeito da


dificul dade de os ricos entrarem no Reino de Deus, Pedro pode
ter ficado um pouco confuso sobre seu status social. Pedro
lembrou ao Mestre que tanto ele como o restante dos discípulos
haviam deixado tudo para segui-lo. Talvez essa tenha sido uma
maneira não muito sutil de perguntar: "O que vamos ganhar com
isso?"
A resposta de Cristo revela que a nahueza exclusivista do Reino
não é tão arriscada ou absurda como pode parecer de início. Em
essência, Jesus afirmou que ninguém que desiste de tudo por causa
do Reino de Deus realmente perde tudo, porque receberá muito nzais
neste mundo, sem n1encionar a vida eterna.
Se sua prioridade é ter uma boa casa e você trabalhar dia e
noite para pagar as parcelas do financiamento, e essa casa for o
foco prin cipal de sua vida, Deus pode permitir que você a conquiste.
Todavia, estará deixando de desfrutar a plenitude do que Ele tem
reservado para você. O Senhor afirma: "Se substituir sua
prioridade pela minha
- se desistir de ter uma casa e assumir a prioridade do Reino - Eu
lhe darei não apenas uma residência, mas também muitas outras!"
Tudo aquilo que entregamos ao Rei, Ele faz multiplicar e
devolve nos. Quanto mais ofertamos, mais receberemos, não para
satisfazer nosso próprio desejo, mas para que possamos buscar o
Reino de Deus aind mais e ajudar outras pessoas a fazer o mesmo.
O Senhor deseja que tenhamos também bênçãos 1nateriais.
Ele apenas não quer que elas nos controlem. Portanto, desista de
tudo em prol do Reino de Deus. Entregue tudo ao Criador, e você
será tremendainente abençoado.

g;
1. Deus está procurando pessoas obcecadas pelo Reino.
2. Para os obstinados pelo Reino, a vida diz respeito às coisas
celestiais.
56

3. A prioridade do Reino exige dedicação exclusiva.


4. A prioridade do Reino de Deus requer total dedicação de nossa
parte.
5. O Reino de Deus não é um clube de bênçãos.
6. A prioridade do Reino é exclusivista também com relação aos nos
sos relacionamentos, principalmente com nossa fainília.
7. Nada é mais significativo do que o Reino.
8. Se preocuparmo-nos com o Reino, o Rei cuidará de nossa fatnilia.
9. Quem vive em busca do Reino de Deus não pode possuir senso
de posse.
10. Nada do que abandonamos em prol do Reino de Deus se
perde. Ao contrário, multiplica-se e retoma para nós.
11. A prioridade do Reino exige exclusividade, mas não é limitada.
Capítulo 4

Varnos em busca de tudo aquilo que priorizamos.

Apenas aqueles que buscam o Reino de Deus irão encontrá-lo, e


com essa procura vem também a compreensão a respeito das carac
terísticas do Reino e do modo como ele opera. Jesus disse aos seus
seguidores rnais íntimos: Porque a vós é dado conhecer os mistérios
do Reino dos céus (Mt 13.11). Sendo assim, poderiam descobrir a
maneira de viver sob a direção do Senhor e de experimentar a
plenitude das bênçãos dele em nossa vida.
Nossa prioridade-mor - a atividade principal e mais importante de
nossa vida - deve ser buscar o Reino de Deus. Entretanto, como faze
mos isso? O que significa buscar o Reino? Como acharemos o Reino
de Deus se nã.9 sabemos como procurar por ele ou o que
encontraremos?O Senhor nunca exige de nós algo que não podemos
fazer. Ele nunca nos instrui a realizar algo sem que antes nos mostre
como proceder.
Como Ele deseja que busquemos e encontremos seu Reino, o
Messias nos deixou a seguinte promessa: E buscar-me-eis e me achareis
quando me buscardes de todo o vosso coração (Jr 29.13). Encontrar Deus
é o mesmo que encontrar seu Reino, porque os dois são
inseparáveis. E Jesus nos garante: Não temas, ó pequeno rebanho,
porque a vosso Pai agradou dar-vos o Reino (Lc 12.32).
A tarefa de buscar o Reino e a justiça de Deus em primeiro lu
58

gar é uma ordem dada por Jesus e não u1na sugestão. Se


declararmos
58

que somos seus seguidores e que Ele é o nosso Senhor, teremos


de obedecê-lo, do contrário o Mestre não é nosso Deus e nunca
encontraremos o Reino nem cumpriremos o propósito de nossa
vida.

A ordem divina: buscar


A primeira parte da prioridade divina é o que chamamos de or
dem divina: buscar. Em outras palavras, perseguir com vigor e de
terminação. Essa deve ser uma busca diligente e incessante até que
o objeto dessa procura seja encontrado.
No capítulo 15 de Lucas, Jesus falou sobre um homem que per
deu u1na de suas cem ovelhas, e de uma mulher que havia perdido
urna de suas dez moedas de prata. Cristo contou como os dois
procu raram diligentemente e não desistiram até recuperarem o que
havia sido perdido. Isso significa buscar. Te1nos de perseguir o
Reino de Deus com determinação e esforço.
Buscar também significa estudar. Os alunos buscam
conhecimento e co1npreensão. Da mesma maneira, devemos aprender
sobre o Reino e sua constituição, a Bíblia. O Salmo 1.2 afirma que o
homem abençoado se agrada da lei do Senhor e medita nela de dia e de
noite.
Paulo, o embaixador do Reino nos tempos do Novo Testainento,
aconselha-nos: Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que
não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade
(2 Trn 2.15). O termo grego traduzido corno procura é spoudazo, que
também significa estudar ou trabalhar. Buscar o Reino significa
estudá lo com diligência. Apenas por meio de uma análise dedicada e
rigorosa, podemos conhecer os segredos do Reino e da Palavra de
Deus. À medida que estudamos, o Espírito do Senhor abre a nossa
mente para que possamos compreender essas verdades.
Buscar também significa explorar. Exploradores humanos, ao
longo das eras, viajaram por todo o planeta buscando novas terras,
novos
59

povos e novos horizontes. A exploração tem em si um elemento


de grande aventura, e o Reino de Deus é realmente uma aventura.
Devemos explorar o Reino: seu poder, suas leis, seu governo, sua
cultura, sua sociedade, suas ordenanças, sua economia, seus
impos tos - ou seja, tudo. Ele é tão vasto que podemos passar o
resto da vida explorando-o sem nem ao menos arranhar a
superfície.
Outro aspecto crítico de buscar é compreender. Podemos ir
em busca de algo, procurar co1n diligência, e ainda assim não
compre endê-lo quando o encontrarmos. Sem a compreensão, a
busca não é completa. Até que entendamos o Reino não
poderemos ensiná-lo propriamente, passá-lo adiante ou dar-nos conta
plenan1ente de seus benefícios e de suas bênçãos.
Em um contexto intimamente relacionado com estudo e compre
ensão, buscar também significa aprender. Aprendizado é mais do que
conhecimento mental de fatos e informações; o conhecimento deve
ser aplicado em termos práticos, bem corno ensinado a mais alguém
para que a pessoa também aprenda.
Buscar geralmente envolve separar tempo para meditar, pensar
em algo, fazendo o esforço de compreender. Alguns ensinamentos
exigem análise e raciocínio intensos antes que possamos assimilá-los
por compl(;tO. O salmista disse: Quando vejo os teus céus, obra dos teus
dedos, a lua e as estrelas que preparaste; que é o homem mortal para que
te lembres dele? E o filho do homem, para que o visites? (Sl 8.3,4).
Jesus afirmou: E, quanto ao vestuário, porque andais solícitos?
Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham, nem
fiam. E eu vos digo que nern mesmo Salomão, em toda a sua glória,
se vestiu corno qualquer deles (Mt 6.28, 29). Devemos meditar,
pensar e memorizar a Palavra de Deus, e quanto mais fizermos isso,
mais iremos compreendê-la.
Quando buscamos algo, temos o desejo de conhecê-lo. Quem busca
ria alguma coisa que não fosse de seu interesse? Quen1 separaria tempo
60

para meditar em algo que não lhe significasse nada? Se queremos


conhecer o Reino de Deus e os seus caminhos, o Rei garantirá que
nosso desejo seja satisfeito. Jesus disse: Bem-aventurados os que têm
fome e sede de justiça, porque eles serão fartos (Mt 5.6).
Devemos não apenas desejar o Reino, mas também desenvolver
uma paixão por ele! Por que você está apaixonado? O que o
esthnula a levantar-se de manhã? O que enche sua vida de
propósito? Cada um de nós tem paixão por alguma coisa. Se você
não tem un1intenso desejo pelo Reino de Deus, então está
enfocando a cois errada.
Tudo aquilo que é digno de ser buscado deve ser procurado com
diligência e dedicação. Diligência sempre envolve disciplina. Se de
sejamos buscar o Reino, isso significa que temos de disciplinar-nos
para desligar a TV e estudar a Palavra de Deus. Talvez tenhamos de
reorganizar nossa agenda para separar tempo para orar. Ou ainda re
ordenar nossas prioridades para descansarmos o suficiente e termos
disposição de reunir-nos com outros cristãos para adorar a Deus.
Buscar o Reino é uma atitude deliberada. Nunca iremos encontrá-lo
por acidente. Temos de planejar isso.
Por fim, buscar o Reino significa ficar preocupado com ele.
Se o buscarmos, pensaremos nele o dia inteiro. Todos os nossos
pen samentos, as nossas palavras, as nossas motivações, as nossas
deci sões e as nossas atitudes estarão voltadas para o Reino em
primeiro lugar!

A prioridade divina: em primeiro lugar


Se a ordem divina é buscar o Reino de Deus, devemos fazê-lo
e1n prüneiro lugar, acima e antes de qualquer outra coisa. Isto
significa conferir-lhe o mais alto valor e mostrarmo-nos dispostos a
sacrificar qualquer coisa e1n prol dele. Assim, todas as outras
prioridades da vida passam a ser secundárias e ficam tão abaixo da
principal que quase se tornam insignificantes.
61

Buscar o Reino de Deus em primeiro lugar não significa colocá-lo


em vantagem entre muitos outros, mas sim tê-lo como primeiro e
único. Quando o Senhor disse aos israelitas: Não terás outros deuses
diante de mim (Êx 20.3), não estava afirmando: "Desde que vocês me
adoren1 em primeiro lugar, podem ter outros deuses". O que Ele
quis dizer foi que os israelitas nunca deveriam trazer outros deuses
diante de sua face ou à sua presença. Deus exigia direitos exclusivos
de adora ção, amor e devoção.
Buscar o Reino de Deus em primeiro lugar significa levar em
conta os interesses do Reino antes de tomarmos decisões -
quando e onde esh1dar, com quem casar, que emprego aceitar, como
gastar o dinhei ro. Antes de decidir sobre essas e outras questões,
temos de fazer-nos a pergunta: "Isso está em consonância com o Reino
de Deus?" Todos os dias somos bombardeados com oportunidades
para compron1eter a 1noralidade, a honestidade, a integridade e o
caráter: o patrão pode pedir-nos para fazermos algo desonesto no
emprego; o namorado tenta convencer-nos a ter um relacionamento
imoral; somos tentados a sonegar impostos.
Então, temos de aprender a fazer a seguinte pergunta: "O que
desejo fazer será benéfico ao Reino de Deus?" Não vale a pena violar
os princípios divinos para adiantar uma tarefa ou para evitar ofender
alguém. Desenvolver o hábito de considerar o Reino e1n primeiro
lugar nos ajuda a fugir de muitos erros e decisões ruins.

O objeto divino: o Reino de Deus


Uma coisa é saber como buscar o Reino, e outra totalmente
diferente é compreender esse Reinoe os prindpios pelos quais ele opera.
Para infor mações mais detalhadas sobre o assunto, eu o aconselho a ler
meus dois outros livros desta série: Redescobrindo o Reincre
Compreendendo o Reinei'.
Poucas pessoas no mundo vivem em um reino genuíno, prin
cipalmente no Ocidente. Portanto, quase ninguém sabe
exatamente
62

como é essa experiência. Conseqüentemente, todas as menções sobre


reinos incluídas na Bíblia geralmente parecem confusas ou estranhas
para os leitores modernos. Se a prioridade do Reino é tão importante,
é melhor sabermos como é um reino e como ele funciona.
Então o que é o Reino dos céus? Em termos simples, é o governo
de Deus. É o seu domínio sobre esta terra e o céu. Em termos práti
cos, refere-se à jurisdição universal do Senhor; é sua vontade sendo
executada em toda a criação.
Ainda me lembro de co1no era viver em um reino. Quando nasci,
meu país, Bahamas, ainda estava sob o domínio da coroa britânica.
Éramos urna colônia do Reino Unido. Por isso, toda a nossa nação
era chamada de terra da coroa. Portanto, quando Jesus disse que de
vemos buscar o Reino de Deus e1n primeiro lugar, estava afirmando
para darmos prioridade ao domínio do Altíssimo sobre nós e tudo o
que temos na vida.
A palavra reino também significa influência sobre um território.
Ao buscarmos o Reino de Deus em primeiro lugar, aceitamos que sua
influência se estenda sobre nossa vida particular, nossos negócios,
nosso casamento, nossos relacionamentos, nossa vida sexual e todas
as outras áreas de nossa existência.
Parte dessa influência está relacionada com administração. No
Reino de Deus, estamos sob a jurisdição dos céus. Isso significa
que o Senhor, o Rei, torna-se nosso ponto de referência para tudo. A
von tade dele passa a ser nossa vontade; os caminhos dele se
torna1n os nossos caminhos; a cultura dele fica sendo a nossa
cultura, e os inte resses dele se tornam os nossos interesses. Corno
súditos e filhos do Rei por intermédio de Cristo, tomamo-nos
embaixadores do Reino celestial neste mundo.
Além disso, influência também significa impacto. Reis e rainhas
impacta1n os lugares e as pessoas sobre os quais governam. Isso
realmente acontecia em Bahamas. Embora atualmente sejamos
63
uma
62

nação independente, ainda refletimos, de muitas maneiras, os res


quícios da influência britânica. Por exemplo, dirigimos do lado es
querdo da rua, assim como na Inglaterra. Em comparação com essa
realidade, nos EUA, uma nação que se desvencilhou do domínio bri
tânico, as pessoas dirigem do lado direito. Todavia, até o dia de hoje,
podemos ver reflexos dos anos em que a A1nérica do Norte serviu
como colônia da Inglaterra.
Os americanos, pela maneira como vivem, dão prova de que não
estão sob o domínio político de um reino terreno. Bahamas esteve
submetido ao governo britânico por um tempo muito maior do que
as colônias americanas. Como conseqüência, o impacto do Reino
Unido em nossa vida foi muito mais substancial e duradouro. E essa
influência reflete-se e1n nosso cotidiano.
Isso levanta um ponto bastante importante: podemos afirmar em
que reino estamos com base na maneira como vivenws. Se afirmarmos
crer e seguir ao Rei, nossa vida refletirá a influência de seu
governo e de sua administração.Outras pessoas que não fazem parte do
Reino ficam confusas, e questionam por que somos tão diferentes. Isso
se deve ao fato de estarmos sob uma administração diferente da do
mundo; um governo diferente, com cultura e leis distintas.
Jesus disse: Por seus frutos os conhecereis. Porventura, colhem-se uvas
dos espinheiros ou figos dos abrolhos? [...] Não pode a árvore boa dar maus
frutos, nem a árvore má dar.frutos bons (Mt 7.16,18). Isso significa que
as pessoas podem perceber que tipo de árvore somos com base no que
produzimos. Temos de 1nanifestar os frutos - a influência - do Reino
de Deus para que todos percebam claramente a quen1 seguimos.
Na Bíblia, o termo hebraico para Reino é mamlakah; no Novo
Testamento, o vocábulo grego é basileia. Essas duas palavras carregam
o mesmo significado geral: rei, soberania, domínio, controle, reinado,
governo e poder régio. Levando em consideração todos esses termos
e essas características, podemos definir um reino da seguinte
maneira:
64

a influência de um rei sobre o território, impactando-o com seu pro


pósito e seus intentos, produzindo cultura, valores, um código moral
e um estilo de vida que refletem o desejo do monarca para com seus
súditos.
Isso descreve perfeitamente o Reino de Deus que Jesus nos ins
trui a buscar em primeiro lugar. E é nessa busca pelo Reino - não
por uma religião - que receberemos do Senhor todas essas coisas,
to das as necessidades diárias da vida pelas quais o restante do
mundo se esforça, atribula-se e preocupa-se. Nenhuma religião
oferece ga rantias semelhantes as do Reino de Deus.

A posição divina: a justiça de Deus


Além de buscarmos o Reino de Deus em primeiro lugar, também
devemos buscar sua justiça. Não estamos falando aqui de duas prio
ridades, uma prevalecendo sobre a outra, mas sim de duas partes de
um todo. O Reino de Deus não pode ser separado de sua justiça. Ele
sempre refletirá a natureza e o caráter do Rei. O Senhor é justo, logo,
seu Reino também é justo.
Apenas pessoas justas poden1 ingressar no Reino dos céus. O
problema é que nenhum de nós é justo por natureza. Como disse
Davi, o salmista e rei de Israel: O SENHOR olhou desde os céus para os
filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e
bus casse a Deus. Desviaram-se todos e juntamente se fizeram i-mundos; não
há quem faça o bem, não há sequer um (SI 14.2,3).
Quando nascemos de novo, arrependemo-nos do pecado e abra
çamos a fé em Cristo, Deus nos considera justificados. Ele nos decla ra
justos co1n base na justiça de seu Filho e, então, podemos entrar
no Reino de Deus.
O Novo Testamento chama isso de justificação. Esse é um
termo legal e não religioso. Significa declarar alguém inocente como
se a pessoa nunca houvesse cometido qualquer ofensa. Quando
somos
65

justificados em Cristo, recebemos o perdão do Rei. Ele nos transfor ma


em súditos de seu Reino com acesso a todos os direitos, privilé
gios e recursos dos céus. E também passamos a estar sob o governo e
a administração do Reino, tendo de prestar contas ao Rei.
Buscar a justiça de Deus é extremamente importante, porque
ela nos protege e mantém-nos sob a cobertura do Reino. E quando
estamos nessa situação, todos os acréscimos - todas essas coisas
- tornam-se automáticos.
O termo justo também tem aplicação legal. Ele significa posição
correta, estar em consonância com os padrões do governo. Se somos
declarados justos, isso quer dizer que não violamos as leis do
governo
- urna pessoa justa está e1n uma situação correta para com as
auto ridades. E essa posição traz consigo um elemento mais
profundo de comunhão com os governantes. Enquanto cumprimos as
leis e os padrões do governo, não temos nada a temer. Nossa
consciência está limpa. Todavia, no momento em que
descumprimos alguma lei, nossa comunhão e posição correta com
a autoridade são rompidas. Daí, deixamos de ser justos.
Imagine, por exemplo, que você está dirigindo por uma rua da
cidade. Enquanto observar o limite de velocidade e não cometer
nenhuma nfração de trânsito, não terá com que preocupar-se. Pu
nições e multas são algo que nem sequer passam por sua mente.
Entretanto, suponhamos que você cruze acidentalmente um sinal
vermelho. O que acontece? Imediatamente começa a olhar pelo
re trovisor para ver se há um carro de polícia vindo em seu
encalço. Se você infringe a lei, torna-se culpado. Você sabe que
isso é ver dade e fica torcendo para que ninguém o tenha visto.
Entretanto, esse sentimento de culpa gera tensão em sua mente,
porque você
sabe estar em dissonância com os padrões do governo.
Essa analogia descreve perfeitamente o dilema enfrentado
64
pela raça humana. Nenhum de nós é justo. Estamos todos em
dissonância
66

com os padrões de governo, com os padrões de Deus. Quando


Adão pecou, sua pecaminosidade passou para todas as gerações
seguintes, corrompendo todos os seus descendentes. O pecado é
rebeldia con tra a autoridade régia de Deus.
Se desejarmos entrar no Reino dos céus, nossa posição correta
com o Senhor tem de ser restaurada. Por isso, Jesus Cristo veio a este
mundo, não apenas para anunciar a chegada do Reino, mas
também para garantir que, por sua morte sem pecado, fossemos
justificados diante do Senhor. O Mestre viveu e morreu para que
_pudéssemos ingressar no Reino de Deus.
Se ansiamos ser justos, temos de submeter-nos não a uma religião,
mas a Jesus Cristo, o Rei que derramou seu sangue por nós. O sangue
dele limpa a mancha da rebeldia e remove nossa culpa. Ele nos coloca
de volta na posição correta diante de Deus. Passamos a dirigir ao lado da
rua que o Messias trafega. Passamos a comer o que Ele come e a beber o
que o Salvador bebe. Passamos a conformar-nos com a vida dele de
todas as maneiras possíveis, porque estamos sob a jurisdição de seu
Reino.
Assim, Deus se compromete conosco, porque agora firmamos
um relacionamento correto com Ele. Estar justificados significa
ter nossa situação legalizada, em sintonia com o governo. Nada
se coloca entre nós e a lei. Portanto, não temos de temer
nenhuma autoridade. Se guardarmos as leis de Deus, Ele nos
protegerá. Se vivermos de acordo com a lei, tudo de que
necessitamos virá até nós. A Bíblia afirma que até a riqueza
dos ímpios está reservada para os justos (veja Pv 13.22). E quem
são os justos? Aqueles que cumprem a lei do Senhor.

1. Nossa prioridade-mor - a atividade principal e mais


importante de nossa vida - deve ser buscar o Reino de Deus.
67

2. Se desejarmos conhecer o Reino de Deus e os seus caminhos, o Rei


garantirá que nosso desejo seja satisfeito.
3. Buscar o Reino é uma atitude deliberada.
4. Buscar o Reino em primeiro lugar não significa colocá-lo em
vanta gem entre muitos outros, mas sim tê-lo como primeiro e único.
5. Quando Jesus disse que devemos buscar o Reino de Deus em
pri meiro lugar, estava afirmando para buscarmos primeiramente o
do mínio do Criador sobre nós mesmos e tudo que temos na vida.
6. Podemos afirmar em que reino nós estamos com base na
maneira como vivemos.
7. Apenas pessoas justas podem ingressar no Reino dos céus.
8. Quando somos justificados em Cristo, recebemos o perdão do
Rei.
9. O termo justo significa posição correta, estar em consonância
com os padrões do governo.
10. Nenhum de nós é justo.
11. Jesus viveu e morreu para que pudéssemos ingressar no Reino
de Deus.

2 MUN ROE, Myles. Redist:(r,;ering the Kingdom: Anci.ent Hope for Our 21.i Century World

IRe descobríndo o Reino: uma esperança antiga para o mundo atual]. Shippensgurg, PA: Destiny

Image Publishers, Inc., em parceria com Diplomat Press, Nassau, Bahamas, 2004.
3 MUNROE, Myles. Compreendmdo o Reino. (Pubhcado em português pela Editora Central

Gospel.)
Capítulo 5

Estar em consonância com a verdade nos garante


sucesso na vida.

Uma das maiores dificuldades dos seres humanos é decidir o


que há de mais importante na vida. Se desejamos ter foco e senso
de propósito, cada um de nós tem de determinar o porquê de estar
mos vivos. E para tornar esse desafio ainda mais difícit e1n nossa
cultura, a verdade é relativa, e a vida, sem significado. Se somos um
acidente evolucionário, então não há verdade ou moralidade
absolutas e nenhum propósito elevado para a existência humana.
Como conse qüência, 1nuitas pessoas desistem da vida e, se não
cometem suicídio, tomam-se cínicas, ficam sem esperança e entram
em desespero.
Ao mesmo tempo, muitos almejam un1a vida mais simples e
li vre do estresse, do esforço e do ritmo frenético de nossa
sociedade de alta tecnologia e múltiplas opções, em que tudo é
permitido. Com tantas escolhas à disposição, como saber qual delas
é a melhor, a mais hnportante? Como podemos ter certeza de que
estamos nos de dicando às atividades que realmente fazem a
diferença?
Nos últitnos 30 anos, 1ninha vida tem sido bastante silnples.
Todavia, isso não significa que eu não tenha muitas tarefas. Minha
agenda é cheia de compromissos. Com freqüência viajo pelo mundo,
e raras são as vezes em que há tempo livre em meu cronograma. No
entanto, apesar de toda essa ocupação, minha vida é simples,
70

porque tenho passado as últimas três décadas vivendo de acordo


com as prioridades de Deus. O mundo oferece inúmeras possibilida
des para escolhermos, mas Jesus reduz a vida a apenas duas coisas: o
Reino e a justiça de Deus. Tudo o mais é subproduto disso.
Quando compreendi essa realidade pela primeira vez, ainda na
adolescência, minha vida mudou. É surpreendente o quanto nossa
existência pode ser simples quando nos damos conta de que temos
de focar em apenas duas coisas. Até mesmo uma pessoa atarefada
pode viver de modo simples quando retira de seu cotidiano tudo
que a distrai, atrapalhando-a de buscar o Reino de Deus e a sua
justiça.
A ordem de buscar em primeiro lugar o Reino e a justiça do
Senhor vem seguida da promessa de que todas essas coisas que o
mundo se esforça para alcançar nos serão dadas ou acrescentadas.
Pensemos nisso da seguinte maneira: tudo aquilo que trabalha
mos para conseguir não nos foi acrescentado. Acrescentar significa
receber algo pelo qual não nos esforçamos. Deus nos abençoa com saúde
e capacidade de trabalhar em prol de tudo aquilo de que
necessita1nos para a manutenção básica de nossa vida e de nossa
família. Todavia, nunca devemos viver com base nessas coisas.
Se nossa prioridade é enfocar o Reino e a justiça de Deus, Ele
acrescentará todo o restante a nós. Ele quer conceder-nos muitas coi
sas que não trabalhamos para alcançar, e que nem sequer consegui
mos adquirir. Entretanto, o segredo para essa vida de graça e bênçãos
é buscar, ou perseguir, ou ainda, caminhar na justiça de Deus.

Definição de justiça
O Reino e a justiça de Deus são igualmente importantes e, como
já falamos anteriormente, inseparáveis. Um Reino sempre reflete a
natureza do rei. A justiça estimula mais justiça, e a injustiça produz
injustiça. A justiça é a essência e uma característica marcante do
Reino de Deus.
71

O termo hebraico para reino, mamlakah, significa domínio e


governo real. Devemos buscar em primeiro lugar o mamlakah de
Deus. Isso in clui muitas coisas: o governo, o domínio e o controle do
Senhor sobre a terra, a sua jurisdição e a sua vontade; a influência
dos céus sobre este mundo; a administração de Deus e seu impacto
neste planeta.
Em outras palavras, temos de buscar a cídadanía4 do Reino de
Deus. Abraçar uma religião não solucionará nossos problemas, tam
pouco participar de uma fraternidade. A única maneira de resolver
mos nossos maiores conflitos e satisfazermos nossas necessidades
mais intensas é ingressar no Reino de Deus.
Juntamente com o Reino vem a justiça do Senhor. Não podemos
habitar no Reino sem ela. E o que significa este vocábulo? O termo
básico no Novo Testamento para justiça é dikaios, uma palavra pode
rosa que significa aqueles que estão retos, justos, _iustificados, que
vivem de acordo com as leis de Deus. Esse termo também descreve a
qualidade de alguém que age sem preconceito ou parcialidade. Outra
palavra relacionada a essa, dikaiosune, significa justiça ou retidão.
No Antigo Testamento, dois vocábulos em hebraico, sedeq e
sedaqah, carregam o significado de justiça. Essas palavras estão
relacionadas entre si, assim como o termo justiça está ligado ao
convívio do ser humano com Deus.
Sedeq e sedaqah são termos legais que significam justiça em
confor midade com o escopo da lei (examine Dt 16.20), com um
processo judi cial (leia Jr 22.3), com a justiça do rei em seu papel de juiz
(veja 1 Rs 10.9; Sl 119.121; Pv 8.15), e também com a Fonte da justiça,
o próprio Deus.5 O escopo da lei consiste de todas as diretrizes e do
código legal de um país.
O céu é um país invisível. O governo dele está sob a
autoridade do Deus do universo que criou esta terra e colocou
seres humanos aqui para servirem como seus vice-regentes. Fomos
criados para atuar como reis governando sob a jurisdição do Reino
72
universal.
72

Justiça é um termo legal, e não uma palavra de cunho


religioso. Ela diz respeito à relação dos cidadãos com o governo, e esse
relacio namento está baseado na obediência das pessoas às leis do país,
para que não tenham conflitos com as autoridades governamentais
e não coloquem em risco seus privilégios. Toda nação exige que seus
habi tantes ajam com justiça, seja em uma república, em uma
democracia, em u1n estado comunista ou em um reino, porque viver em
justiça sig nifica simplesmente que a pessoa age em conformidade
com as leis.
Todo país opera de acordo com uma constituição. Esse docu
mento é um contrato entre o governo e o povo que estabelece leis e
direitos. A constituição descreve o que o governo espera dos cida
dãos e o que estes podem aguardar das autoridades. Além disso, ela
especifica punições para quem transgride a lei, bem como os recur
sos legais dispo1úveis para aqueles cujos direitos forem violados, de
modo que possam alcançar justiça.
Assim como as nações do mundo, o Reino de Deus também tem
uma constituição - a Bíblia Sagrada. No entanto, diferentemente
de muitos países terrenos onde o povo redige a constituição, no
Reino de Deus o próprio Rei registrou esse documento.
Em u1n reino, a palavra do rei é lei. Os súditos não podem
contestá la, desafiá-la ou alterá-la. Portanto, em relação ao Reino de
Deus, ou estamos em consonância com as leis, a Palavra de Deus, ou
em dis sonância com elas. Ou somos justos ou injustos. Isso é uma
questão de posicionamento.
Estar justificado significa viver em situação correta para com o
gover no. Isso ocorre quando alguém se torna cidadão de um país e
afirma obedecer às leis que regem tal nação. Essas são exigências
básicas. Quando Jesus afirmou: Buscai primeiro o Reino de Deus, e a
sua justi ça, estava dizendo: "Procurem tornar-se súditos do Reino de
Deus e então permaneçam em consonância com suas leis. Se fizerem
essas duas coisas - adquirir a cidadania e obedecer às leis - , então,
73
tudo
74

aquilo de que necessitarem lhes será acrescentado." O que poderia


ser mais simples?

Duas prioridades para os seres humanos


Existem duas prioridades para nós: o Reino e a justiça de Deus.
Aquele é a dimensão horizontal, relacionada com poder: governo,,
domínio e controle. É a autoridade régia. Já a justiça é a dimensão
vertical que lida com a posição ou o status: relacionamento,, retidão,
disposição e autoridade. Isso é um sacerdócio. Deus não faz distin
ção entre um sacerdote e um rei.
O fato de ser súdito está relacionado con1- o poder régio; o cumpri
n1ento da lei está ligado ao sacerdócio. Como súditos do Reino de Deus,
somos ao mesmo tempo reis e sacerdotes: Àquele que nos anza, e em
seu sangue nos lavou dos nossos pecados, e nos fez reis e sacerdotes para Deus e
seu Pai,, a ele, glória e poder para todo o sempre. Aménz! (Ap 1.Sb,6). Vós
sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa/ o povo adquirido (1Pe
2.9a).
Justiça diz respeito ao nosso relacionamento com o governo.
É o nosso direito de governar. Portanto, o Reino é o governo, o
domínio. Justificação tem a ver co1n nossa posição de retidão
nesse domínio. O propósito de um sacerdote é n1anter o relacio
namento das pessoas com Deus. Corno súditos do Reino, somos
nosso próprio sacerdote. Devemos operar nossa própria salvação
(Fp 2.12). Temos de proteger a nós mesmos para não desobedecermos
à lei.
Vejamos isso de outra maneira. Retornando à analogia que utili
zamos no capítulo anterior/ em que falei sobre alguém dirigindo um
carro, todas as vezes que paramos e1n um sinal vermelho, agimos
como um sacerdote. Desde que nossas atitudes estejam corretas,
temos o direito de não sermos presos por algum policial. Ao
escolhermos obedecer à lei, agimos como nosso próprio sacerdote,
preservando nossa posição de retidão diante do governo.
75

O sacerdócio é a dimensão vertical, e o domínio régioé a


dimensão horizontal. Se preservarmos nossa situação nessa dimensão
vertical, a horizontal também estará correta. Enquanto agirmos como
sacerdotes, seremos também reis eficientes. Portanto, a justiça é o
segredo.
Por esse motivo, a justiça é mais importante do que o domínio régio.
O Reino toma-nos súditos, 1nas a justiça libera nosso acesso a todos
os direitos, recursos e privilégios da cidadania do Reino. Se estivermos
en1 dissonância com o governo, poderemos ter nossos direitos e
privilégios suspensos, assim como acontece com os cidadãos que vão
para a cadeia por terem co1netido um crime. Eles ainda são cidadãos,
mas não desfru tam os mesmos direitos e a liberdade como seus
compatriotas.
Isso explica por que 1nuitos cristãos se esforçam para satisfazer
as necessidades básicas do dia-a-dia e não experimentam a plenitude
da vida no Reino. Eles não se dedicam a permanecer em u1na posição
de justificação diante do governo. Ao violarem leis e princípios
divinos, eles mesmos cancelam seu acesso aos recursos celestiais.
Portanto, a justiça é o segredo para uma vida abundante no Reino de
Deus.
Além disso, os súditos se beneficiam de seu comportamento cor
reto, podendo fazer exigências ao governo. A justiça nos dá poder.
Se cumprirmos a lei, todos os direitos descritos na constituição são
nossos. Cidadãos justificados podem exigir o que lhes pertence
por direito. Por isso, justiça é um termo legal.
Temos, então, de buscar a cidadania do Reino de Deus e o
rela cionamento que nos coloca na posição de exigirmos nossos
direitos neste sistema divino. O governo do Reino é responsável e
tem obri gações com os súditos. A justificação nos confere direitos, e
estes forçam o governo a agir a nosso favor.
Para deixar esse conceito mais claro, vamos resumir a ligação
entre o Reino e a justiça da seguinte maneira:
76
• O Reino nos dá a condição de cidadania; a justiça nos concede o
relacionamento.
75

• O Reino nos dá benefícios; a justiça libera nosso acesso aos mesmos.


• O Reino toma-nos súditos legalizados; a justiça preserva nosso status.
• A justiça manifesta-se na santidade.
Santidade não é uma doutrina, mas sim um resultado. Jesus nun ca
ensinou sobre santidade. Ele falava sobre o Reino de Deus e a sua
justiça. E levar uma vida santa significa simplesmente obedecer às
leis do Reino. Se formos justos, não temos de gerar a santidade; ela é
um subproduto de nossa posição correta, é uma manifestação da
justiça. Alimentos1 roupas e rituais não nos tomam santos.

Segredos para a vida no Reino


De onde vem o poder da justiça? Ela provém do Rei, que o
trans fere a nós. No livro de Hebreus está escrito:

Mas, do Filho1 diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos
séculos, cetro de eqüidade é o cetro do teu reino. Amaste a justiça e
aborreceste a iniqüídade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com
óleo de alegria, mais do que a teus companheiros.

Hebreus 1.8,9

O cetro é símbolo da autoridade do rei. Se um rei estende o


cetro em nossa direção, isso significa que podemos entrar em sua
presença para termos uma audiência com ele. Caso contrário,
ten1os de per manecer fora da sala do trono. Na antiguidade1 isso
era uma questão de vida ou morte. O livro de Ester descreve como
o rei da Pérsia estendia seu cetro para aqueles a quem concedia
permissão de aproximarem-se dele. Qualquer um que chegasse
diante do monar ca sem que este lhe houvesse estendido o cetro era
executado onde
76

estivesse. Até mesmo a rainha Ester arriscou a vida indo até o rei
sem que ele fizesse o sinal para que ela se aproximasse.
O certo era o símbolo do poder do monarca. Quando o Rei
esten de o cetro em nossa direção, podemos achegar-nos, e tudo no
Reino se torna nosso. A passagem diz que a eqüidade é o cetro do teu
reino. Isso significa que nossa autoridade no Reino de Deus advém
da justi ficação. Enquanto estivermos em consonância com as leis do
governo, teremos poder. Deus nos dá poder para pedir tudo aquilo
de que necessitamos. E Ele nos concede.
A justiça também é o padrão pelo qual o Rei realiza seus
julgamentos:

Ele mesmo julgará o mundo com justiça; julgará os povos com


retidão.

Salmo 9.8

Deus julgará o mundo avaliando se os governos desta Terra estão


em consonância com o céu.

E os céus anunciarão a sua justiça, pois Deus mesmo é o Juiz.

Salmo 50.6

Se permanecermos na posição correta, Deus nos concede

direitos.

Justiça e juízo são a base do teu trono; misericórdia e verdade vão


adiante do teu rosto.
77
Salmo 89.14
78

A base para exercermos a autoridade de Deus está em nosso


re lacionamento com o Senhor. Quando nos encontramos em harmonia
com o Criador, Ele derrama sua fidelidade e seu amor sobre nós. Isso
sim é ter nossas necessidades satisfeitas! Deus afirma: "Esteja justifi
cado diante de mim e farei sua vida transbordar".
Vejamos outros sete segredos. O poder da justiça é:

1. Obrigação governamental. Quando estamos na posição correta


diante do Rei, Ele é obrigado a cuidar de nós.
2. Proteção governamental.Quando estamos na posição correta diante
do Rei, Ele é obrigado a proteger-nos.
3. Apoio governamental. Quando estamos na posição correta
diante do Rei, Ele é obrigado a dar apoio à nossa vida, e a ajudar-
nos em todas as coisas.
4. Provisão governamental. Quando estamos na posição correta diante
do Rei, Ele fornece tudo de que necessitamos.
5. Compromisso governamental. Quando estamos na posição
correta diante do Rei, Ele assume o compromisso de cuidar de
nós.
6. Responsabilidade goven1amental. Quando estamos sob a
autoridade do Rei e em um relacionamentocorreto com o Senhor, Ele é
responsável por nós.
7. A justiça põe o governo em n1archa. Como estamos em uma
posição correta diante do Rei, toda a máquina governamental se
coloca em funcionamento, enfocando nossa vida. Deus faz tudo
por nós. Porque, quanto ao SENHOR, seus olhos passam por toda a
terra, para mostrar-se forte para com aqueles CUÍO coração é perfeito para
com ele (2 Cr 16.9a).
Os olhos de Deus estão sobre os justos. Nossa justiça coloca o
governo em funcionamento. A própria natureza e as promessas do
Senhor o obrigam a agir. Que lista poderosa!
78

Princípios constitucionais para a busca da justiça


Se desejarmos saber como determinado eletrodoméstico
funcio na, lemos o manual do proprietário elaborado pelo
fabricante. Se almejarmos compreender os princípios pelos quais
uma nação ou um reino opera, examinamos sua constituição. A
busca da justiça é o princípio fundamental para os súditos do
Reino de Deus. A melhor maneira de aprendermos a realizar essa
busca é consultar e seguir a constituição do Reino, a Bíblia.
Vejamos alguns princípios constitucionais que no_s ajudam a
co1npreender, a aplicar e a exercitar a justiça.

As riquezas de nada aproveitam no dia da ira, mas a justiça


livra da morte.

Provérbio 11.4 ARA

Você deseja uma vida longa? Então, busque a justiça. Não se


es force para acumular riquezas. A busca da justiça pode trazer o
que desejamos, mas sempre como um subproduto. Sendoassim,
estaremos livres da falência de nossa empresa, do nosso casamento, dos
nossos investimentos, das nossas finanças e da nossa saúde. Se
estivermos verdadeiramente ligados em Deus, Ele nos liberta.

A justiça do sincero endireitará o seu caminho, mas o ímpio, pela


sua impiedade, cairá.

Provérbio 11.5
79

Ser sincero significa ter uma vida limpa além de qualquer


repreensão. É ser honesto em todas as nossas negociações, mesmo
quando ninguém fica sabendo. É obedecer a Deus a cada minuto.
Isto é ser justo. A justiça prepara o caminho diante de nós para que
nada nos impeça de ter uma vida abundante.
Logo, se a justiça é sua própria recompensa, então a injustiça é
sua própria maldição. Os ímpios podem parecer prosperar por um
período, mas por fim sua própria injustiça irá destruí-los.

A justiça dos virtuosos os livrará, mas, na sua perversidade, serão


apanhados os iníquos.

Provérbio 11.6

A justiça é a verdadeira liberdade para termos a vida que Deus


deseja para nós, com felicidade, saúde, abundância, prosperidade e
no controle das circunstâncias. A injustiça é uma escravidão que
nos mantém acorrentados aos nossos desejos mais vis.

Na vereda da justiça está a vida, e no caminho da sua carreira


não há morte.

Provérbio 12.28

Quando estamos em conformidade com Deus, não morremos.


A justiça nos torna imortais para desfrutarmos o Reino dos céus e
os seus benefícios para sempre. Que destino maravilhoso!
80

A justiça guarda ao que é sincero no seu caminho, mas a impiedade


transtornará o pecador.

Provérbio 13.6

A consonância com Deus e sua Palavra nos permite receber a


prote ção do Senhor. Viver em integridade nos garante uma boa
reputação e protege-nos quando estivermos sob ataque de pessoas
inescrupulosas.As pessoas más, no entanto, serão destruídas por sua
própria vileza.

lvfelhor é o pouco com justiça do que a abundância de colheita com


injustiça.

Provérbio 16.8

É preferível estar justificado diante do Altíssimo a ocupar uma


posição favorável no mundo. Tiago 4.4 declara que ser amigo do
mundo constitui inimizade com Deus. O mundo como um todo se
opõe ao Senhor e a tudo que o Criador representa. Por isso, precisa
mos conhecer a respeito do Reino de Deus.
Esteja, então, satisfeito e seja fiel com o pouco que você possui
agora, porque, se for justo, o Senhor lhe acrescentará muito mais do
que tudo aquilo que você teve de trabalhar para alcançar. Os ganhos
advindos da injustiça são como uma rua sem saída.

A justiça exalta as nações, mas o pecado é o opróbrio dos povos.

Provérbio 14.34
81

A justiça não é apenas pessoal, mas também corporativa. A justiça


pessoal pode existir se1n a corporativa, mas o contrário não é possível.
São necessárias pessoas justas para formar uma nação justa, e a
diligên cia delas preserva o país. Qualquer lei que tenha sido aprovada
pelo governo deve ser comparada e mantida en1 consonância com o
padrão da Palavra de Deus. Do contrário, a injustiça se instaura.
Vemos isso acontecendo por todo o mundo, principalmente no
Ocidente cristão. Todas as leis que estejam em desacordo com os
princípios de Deus em nível nacional geram desgraça, dissensões,
desilusões, divisões e, por fim, destruição. Como súditos do Reino
de Deus, não podemos sentir-nos satisfeitos apenas com nossa própria
jus tiça. Temos de estar alertas, vigilantes, engajados e até mesmo
militando para levar a justiça a todos os níveis corporativos da nação.
Docontrário, corremos o risco de trazer o julgamento do Senhor sobre
nosso país.

O caminho do ímpio é abominável ao SENHOR, mas ele ama o que


segue a justiça.

Provérbio 15.9

Podemos ver que o Senhor detesta o modo de viver dos


injustos. Ele ama essas pessoas, mas abomina suas atitudes. O
Criador quer mudar o coração de tais indivíduos para que busquem
a justiça. Lembremos que todos nós já fornos injustos aos olhos de
Deus até sermos transfonnados pelo sangue de Cristo, restaurados a uma
posição correta diante do Senhor e alcançar a condição de súditos do
Reino. O Todo-poderoso não apenas ama os justos, mas também
aqueles que desejam andar corretamente. Ele move céus e terra
para nos ajudar a encontrar a justiça, se a procurarmos com
82
sinceridade.
82

Recompensou-me o SENHOR conforme a minha justiça e retribuiu-me


conforme a pureza das minhas mãos. Porque guardei os caminhos do
SENHOR e não me apartei impiamente do meu Deus. Porque todos

os seus juízos estavam diante de mim, e não rejeitei os seus


estatutos. Também fui sincero perante ele e me guardei da minha
iniqüidade. Pelo que me retribuiu o SENHOR conforme a minha
justiça, conforme a pureza de minhas mãos perante os seus olhos.

Salmo·-18.20-24

Essa se1n dúvida é uma das melhores descrições bíblicas a


respeito da prática da justiça - o modo como devemos vivê-la no dia-
a-dia. Davi, antigo rei de Israel., descreveu a vida do justo como sendo
uma existência de obediência para com a Palavra e os caminhos de
Deus. A justiça traz recompensas, e a ligação entre as duas é a
obediência. Re compensa é tudo aquilo que nos é acrescentado. Não é
algo pelo qual trabalhamos. Se formos justos, todas essas coisas nos
serão acrescentadas. Receberemos a recompensa, tanto nesta vida,
como no porvir.

O SENHORéomeu pastor; nada me faltará. Deitar-me faz em


verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranqüilas. Refrigera a
minha alma; guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu
nome.

Salmo 23.1-3

Por que o Senhor cuida de nós? Por que Ele nos leva a pastos
ver dejantes e a águas tranqüilas? Por que restaura nossa ahna e guia-nos
por caminhos de justiça? Por causa do nome e da reputação dele.
83
Deus
84

nos diz: "Ajam de maneira correta, para que Eu possa proteger meu
nome. Vivam de forma idônea para que Eu possa cuidar de vocês,
n1ostrando-me como Rei bondoso e benevolente que sou. Não me
chamem de Senhor se não querem obedecer-me. Pennitam-me mos
trar ao mundo como um súdito do Reino vive: em paz,
prosperidade, abundância e segurança".

Julga-me segundo a tua justiça, SENHOR, Deus meu, e não


deixes que se alegrem de mim.

Salmo 35.24

Julgar, nesse trecho, significa livrar da vingança, fustiftcar,


defender ou libertar de qualquer acusação ou culpa. A justiça faz
com que o Senhor nos defenda de acusações e de ataques gratuitos.
Não importa o que você esteja passando em seu trabalho, ou em
qualquer outra situação, nem a pressão que sofra para comprometer
sua integridade, sua honra ou seus princípios. Apenas permaneça
em consonância com Deus, e Ele fará a sua defesa.
Talvez você sinta como se todos estivessem conspirando contra
você. Não se preocupe com isso. Mesmo que seja a única pessoa justa,
Deus irá livrá-lo. O que quer que você esteja enfrentando, o Senhor
dirá: //Vou dar-lhe a resposta. Eu mesmo farei isso. Apenas pern1ane
ça sendo justo. Esteja em consonância com meu governo".

O que segue a justiça e a bondade achará a vida, a fustiça e a honra.

Provérbios 21.21
85

O mundo busca prosperidade e uma boa vida, mas raramente


encontra. Os súditos do Reino, porém, devem buscar a justiça. Nunca
devemos procurar prosperidade. Não existe evangelho da prosperidade
no Reino de Deus. Esta é um subproduto de uma vida de retidão.
Se vivermos em justiça,, o que acontece? Encontramos a prosperi
dade e alcançamos uma boa vida, un1viver abundante.
Receberemos honra aos olhos de Deus e dos homens. Não teremos
de buscar isso. Conseguiremos acesso a tudo isso se simplesmente
dedicarmos nos sas energias a uma coisa: buscar a justiça celestial.

Do incremento deste principado e da paz,, não haverá fhn, sobre o


trono de Davi e no seu reino, para o finnar e o fortificar em
juízo e em justiça, desde agora e para sempre; o zelo do
SENHOR dos Exércitos fará isto.

Isaías 9.7

Esse versículo fala de Jesus Cristo, que veio para restaurar os seres
humanos de volta ao seu relacionamento com o Reino de Deus. Este
durará para sempre e será caracterizado por justiça e retidão. O Rei
justo e reto sempre concede direitos aos seus súditos, se estes
estiverem e per manecerem comprornissados com os princípios e as
leis do Reino.

Mas julgará com justiça os pobres, e repreenderá com eqüidade os


mansos da terra, e ferirá a terra com a vara de sua boca, e com
o sopro dos seus lábios matará o ímpio.

Isaías 11.4
85

Esse versículo diz que a pobreza chegará ao fim por causa da


justiça. Se uma pessoa pobre se torna justa - se passa a viver em
consonância com o Reino de Deus - sua pobreza termina. Julgar
nesse trecho significa conceder direitos. Em outras palavras, a pobreza
é resultado de uma posição.
Nasci na região pobre de meu país. O único motivo de eu ter
con seguido superar a situação em que me encontrava foi meu
relaciona mento com Deus. Nada mais pode explicar essa mudança.
A justiça é a solução para a pobreza. Logo, a injustiça é a causa da
pobreza.
A injustiça não afeta somente a nós, mas também aqueles em
nossa esfera de influência. Mesmo sob condições opressivas, a
men talidade renovada de um membro do Reino pode manifestar-se
al terando suas circunstâncias. O Rei cuida de seus súditos justos
não importando quem seja ou qual sua condição.

Reinará um rei com justiça, e dominarão os príncipes segundo o


juízo.

Isaías 32.1

Todo líder, seja político ou de outro tipo, deve ter esse


versículo gravado em seu coração. Estar ligado à autoridade celestial é
o segredo do sucesso para qualquer país. Para que um rei domine com
justiça, tem de estar em harmonia com o governo celestial. É assim
que qualquer nação consegue prosperar. Todos os juízes devem
julgar de acordo com a Palavra de Deus. Todos os nossos valores
morais, nossas po líticas e nossos regulamentos devem estar em
conformidade com as leis divinas. Do contrário, o país torna-se
injusto e põe-se a caminho do desastre.
86

Todas as naçoes do mundo têm necessidade de súditos do


Reino de Deus que se tornem ativos na arena política, não
apenas como eleitores, mas também como candidatos e
administradores. Para que a justiça prevaleça para com todos os
cidadãos, o país tem de ser governado com base nos princípios
apresentados na Palavra de Deus.
A única maneira de a justiça governar u1na nação é tendo cida
dãos justos que exerçam influência e dêem um bom exemplo em
todos os níveis do governo.

E o efeito da justiça será paz, e a operação da justiça, repouso e


segurança, para sempre.

Isaías 32.17

Quando somos justos, hasteamos nossa bandeira. Fazemos a em


presa na qual trabalhamos funcionar bem e trazemos paz a ela,
pois estamos inseridos em seu ambiente. Mantemos nosso lar em
união. Prosperamos em todas as áreas de nossa vida.
Por isso a Bíblia afirma que, enquanto José estava com faraó,
o Egito prosperou. Quando Daniel estava com Nabucodonosor, a
Babilônia progrediu..Pelo fato de você estar naquela escola, por
exemplo, ela é abençoada. Não subestime sua influência no local
onde se encontra, porque a justiça promove a paz.
Paz, quietude, confiança. Essas não são palavras maravilhosas?
Você gostaria que se tomassem a norma de sua vida? Quietude significa
que estamos calmos em meio a qualquer tempestade, e ninguém
entende por quê. Quietude quer dizer que temos total controle diante
de uma crise, porque sabemos que o governo celestial está acima de
87

qualquer outro. Significa que não começamos a falar alto quando


ou tras pessoas o fazem. Quando todos ficam excitados,
preocupados e frustrados, permanecemos calmos, porque não
estamos sob o mes mo comando dessas pessoas.
Confiança representa que temos total certeza da boa e idônea atuação
de nosso governo. Confiamos que Ele cuidará de nós. Quem pode
dizer isso a respeito de qualquer governo deste mundo?

Porque o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e


paz, e alegria no Espírito Santo.

Romanos 14.17

Quem serve a Cristo dessa maneira, obedecendo às leis e aos


princípios de justiça, receberá a aprovação de Deus e dos homens.
Ninguém nos atacará por agirmos bem. Se isso ocorrer, será porque
a pessoa não nos compreende. Neste mundo doente, corrupto e pe
caminoso, viver en1 justiça é um mistério para muitos, e até motivo
de suspeita.
Por isso devemos ter cuidado para viver em honra, hones
tidade e integridade, para que ninguém possa acusar-nos, atacar-nos
ou tenha motivos para difamar nosso Rei. Viva em justiça, e
seus dias serão cheios de alegria, apesar do que estiver
acontecendo ao seu redor. O júbilo no Senhor não está sujeito
aos caminhos do mundo ou aos caprichos das circunstâncias,
porque Ele vem de outro lugar.
O Reino de Deus opera com base na justiça, que é o cetro do
Senhor. Ela nos mantém em consonância com o goven10 celestial e dá
nos acesso aos benefícios do céu. A justiça garante que
88
receberemos
87

todos os direitos que nos pertencem de acordo com a lei divina.


Esses resultados são tesouros que o mundo deseja alcançar: paz,
quietude, confiança e um gozo indescritível.

1. Jesus reduziu a vida a apenas duas coisas: o Reino e a justiça


de Deus.
2. Viver em justiça significa simples1nente que a pessoa -está em
con formidade com as leis.
3. Estar justificado quer dizer viver em situação correta para com o governo.
4. O Reino é a dimensão horizontal relacionada com poder: governo,
domínio e controle.
5. Justiça é a dimensão vertical que lida com a posição ou o status:
relacionamento, retidão, disposição e autoridade.
6. Justiça diz respeito ao nosso relaciona1nento com o governo.
7. A justiça é o segredo para uma vida abundante no Reino de Deus.
8. A santidade é uma manifestação da justiça.
9. A busca da justiça é o princípio fundamental para os súditos do
Reino de Deus.
10. A justiça é sua própria recompensa.
11. A justiça não é apenas pessoal, mas também corporativa.
12. A justiça traz recompensas, e a ligação entre as duas é a obediência.
13. A justiça é a solução para a pobreza.
14. A justiça garante que receberemos todos os direitos que nos
pertencem de acordo com a lei do Reino de Deus.

O
4 termo mais correto com relação a mn reino seria vassalagem, porém manteremos o padrão
adotado pelo autor para evitar dúvidas em relação ao contexto (NT).
90

5 VINE \V.E., UNGER, Merril F. e WHITE, William Jr. Vinc's Complete Expository

Dictionary of O/d mut New Tcstament Words [Dicionário Vine de palavras do Antigo e do No\'O

Testamento]. Nashville: Thomas Nelson Publishers, 1984, 1996, seção do Antigo Testamento, p.

206.
89

Capítulo 6

"Nunca confunda conhecimento com sabedoria. Aquele o ajuda


a ganhar o sustento; esta o ajuda a alcançar a vida".

Sandra Carey

A maioria das pessoas atualmente tem vivido em discordância


com o governo do Reino de Deus. Infelizmente, isso também se apli
ca a muitos súditos do Rei. Por quê? Porque em vez de buscarem as
prioridades do Senhor, relacionadas ao Reino e à justiça, esses indi
víduos anseiam apenas por bens materiais.
Não importa o quanto se esforcem ou o quanto seu desejo seja
intenso, tudo aquilo que 1nais desejam na vida - paz, quietude,
con fiança e alegria - sempre parece fugir delas. Isso porque
aceitam o engano de que essas bênçãos podem ser adquiridas por
1neio dos bens que possuem.
A vida dessas pessoas está em dissonância, porque escolhem en
focar as posses em vez de olhar para sua posição diante de Deus.
Para muitos cristãos há um grande abismo entre as promessas do
Reino e a realidade pessoal de sua experiência diária. Tantos outros
vivem além de suas posses, gastando mais dinheiro do que ganham.
Com pram carros caros demais que o orçamento mensal não lhes
permite pagar, casas que não conseguem quitar e roupas de marca
que na
92

verdade não podem ter, tudo isso com o interesse de tentar se igualar
ao status dos vizinhos (ou para mostrar-se a eles). Estão afundadas
em dívidas, e o dinheiro sempre termina antes do fi1n do mês.
Qual o problema dessas pessoas? Elas estão obcecadas pelos
bens materiais. O alimento é um tipo de bem. A água é outro. A casa,
o carro e o dinheiro são bens. Em sua busca por todas essas coisas, as
pessoas terminam se destruindo.
A obsessão por bens materiais é um anseio que nunca será sa
tisfeito. Isso nos consome incansavelmente de maneira_ que, quanto
mais alcançamos, maior o nosso desejo. Enquanto vivermos em bus
ca de bens materiais nunca conheceremos a paz, a alegria e o con
tentamento genuínos. Temos de ser libertos dessa escravidão. E
só há uma maneira de alcançarmos essa libertação: buscar o Reino
e a justiça de Deus.
Isso consiste em substituir um anseio por outro. Nosso desejo
por bens materiais nunca será satisfeito. Entretanto, Jesus disse: Bem
aventurados os que têm forne e sede de justiça, porque eles serão fartos (Mt
5.6). Qual a intensidade de seu anseio? E o que você almeja
alcançar? Seu desejo pelo Reino é maior do que sua vontade de
adquirir bens materiais? Sua sede de justiça é mais intensa do que sua
atração pela prosperidade? O rei Davi escreveu: Deleita-te também
no SENHOR, e ele te concederá o que deseja o teu coração (SI 37.4). Se o
Reino e a justiça de Deus são nosso principal desejo e deleite, Ele
cuidará de tudo o mais.
Quando Jesus afirmou: Bem-aventurados os que têrn fome e sede de
justiça, Ele indicou uma ação contínua. Se dissermos: lfEstou com
fome" ou "Estou com sede", referimo-nos a u1na condição temporá
ria que será satisfeita, se pudermos comer ou beber algo. Entretanto,
se dissermos: "Tenho fome" ou "Tenho sede", falamos de um desejo
contínuo.
93

Imagine que você esteja perdido em un1 deserto debaixo de um


sol escaldante sem comida e água. Depois de alguns dias (talvez
até menos), só conseguirá pensar em saciar a sua fome e sede. Nada mais
importará. Estará disposto a sacrificar qualquer coisa, a desistir e a
afastar-se de tudo para satisfazer o maior anseio de seu íntimo.
Jesus disse que esse é o tipo de desejo que devemos ter em rela ção
ao Reino e à justiça de Deus. U1n saln1ista hebreu expressou essa
vontade da seguinte maneira: Corno o cervo brama pelas correntes das
águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus! A minha alma tem
sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a
face de . Deus? (Sl 42.1,2).

A disposição divina
Fome e sede contínuas pela justiça nos permitem alcançar a ple
nitude da vida no Reino. Lembremos que justiça é um termo legal
que significa estar em consonância com uma autoridade, ou estar em
po sição correta para com d poder governante. O segredo para manter
essa posição de justificação é obedecer às leis do governo. Em um
reino, como a palavra do rei é lei, viver em justiça significa cumprir as
exi gências do monarca. Nossa busca por justiça nos coloca na posição
correta para receber todos os direitos, os recursos, as bênçãos e os
privilégios'do Reino dos céus.
Nessa situação de justificação existe uma função que nos cabe
exercer e outra que cabe a Deus. Nossa parte consiste em obedecer
às leis do governo, portanto mantendo-nos em consonância com
ele. A participação de Deus é dar-nos acesso aos recursos do céu.
Essa é uma dinâmica bastante simples. Obedecemos, e o
Senhor nos concede algo; desobedecemos, e Ele retém. Enquanto
cumpri mos a lei, teremos acesso aos benefícios. Caso contrário,
esse acesso será vetado. Isso explica por que tantos cristãos se
esforçam diaria mente em busca de meros centavos, tentando quitar
as despesas do
94

mês e nunca parecem ter o suficiente, vivendo se1n paz, alegria ou


satisfação. Eles estão em dissonância com o governo celestial, logo,
seu acesso aos recursos do Reino é barrado.
Sempre que isso acontece, deve-se ao pecado, que consiste em
in fringir os princípios divinos. O significado literal do vocábulo
grego para pecado é errar o alvo. Esse é um termo usado na prática
do arco e da flecha quando um atirador não alcança a marca
pretendida.
O pecado interrompe nossa comunicação com Deus e impe de
o fluxo de seus recursos até nós. Como disse o salmista: Se eu
atender à iniqüidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá (SI
66.18). Iniqüídade é outra palavra traduzida como pecado, mas,
neste caso, refere-se especifica1nente aos pecados invisíveis, tais
como a avareza, a lascívia e o ódio. Um pecado invisível é
secreto, e estimula pecados visíveis.
Nossa posição de justificação exige que mantenhamos o coração
puro - limpo e livre da iniqüidade. Se não guardamos pecados se
cretos no coração, não haverá nada que possa estimular-nos a
come ter pecados visíveis. A pureza de coração é o segredo
fundamental e indispensável para se ter uma vida abundante no
Reino.
Jesus afinnou: Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles
verão a Deus (Mt 5.8). Literalmente, isso significa que os puros de
coração verão Deus em tudo. A palavra coração neste versículo, na ver
dade, refere-se à mente. Se nossa mente for pura, veremos o Senhor
em tudo e em todos. Esta é a solução para o problema da avareza,
da lascívia, do ciú1ne ou de qualquer tipo de atitude ou pensamento
impuro ou inapropriado.
É um grande desafio viver dessa maneira em nosso mundo! E
é exatamente o desafio que o Rei lança aos seus súditos, um
desafio que podemos superar com o poder do Senhor. Precisamos
95
escolher o caminho da justiça e estar em posição correta perante as
exigências do Rei. Temos de estar aptos a receber a graça de Deus.
94

O fruto da justiça
A justiça do Senhor é sua própria recompensa, mas isso não
significa que seja a única. Ela produz frutos abundantes em nossa
vida, e u1n deles é um espírito generoso, juntamente com os meios
e a capacidade de ofertar generosamente. Jesus afirmou: Mais bem
aventurada coisa é dar do que receber (At 20.35b), e Paulo nos lembrou
que: Deus ama ao que dá com alegria (2 Co 9.7b).
A generosidade é uma característica dos justos. Afinal de
con tas, se não somos donos de nada, mas sitn meros mordomos
da propriedade do Senhor, não há motivo para não ofertarmos
com liberalidade. Se somos herdeiros do Reino de Deus e de
todas as suas riquezas, que são infinitas, ofertaremos sem medo de
enfrentar escassez.
Davi, em outro de seus salmos, fez um contraste entre os justos
e os ímpios: O ímpio toma emprestado e não paga; mas o justo se
compa dece e dá. Porque aqueles que ele abençoa herdarão a terra, e aqueles
que fo rem por ele amaldiçoados serão desarraigados (SI 37.21, 22). A
justificação consiste em estarmos de acordo com o caráter e a
natureza de Deus. Dessa maneira nos tomamos mais sernelhantes a
Ele, que é um Ser generoso.
Pelo fat_o de o Senhor ser assim, quando estamos justificados
diante dele, o Criador nos dá mais do que podemos utilizar. E ao
nos tornarmos parecidos com o Todo-poderoso, não conseguiremos
evitar sermos generosos também.
A prosperidade dos justos é uma bênção constante vinda de
Deus, e que passa a várias gerações. A alguns versículos adiante,
nesse mesmo salmo 37, Davi escreveu: Fui moço e agora sou velho; mas
nunca vi desamparado o justo, nem a sua descendência a mendigar o
pão. Compadece-se sempre, eempresta, ea suadescendência éabençoada (v.
25,26). Deus nunca se esquece dos justos ou de seus filhos. Ele
sempre supre nossas necessidades.
96

O fruto da justiça vai muito além da vida de uma pessoa e


alcança seus descendentes. Uma vida justa produz em nossa
existência o fruto de uma herança que podemos deixar às futuras
gerações. Devemos ser tão abençoados de modo que nossos filhos,
netos, sobrinhos e primos possam herdar urna bênção multiplicada,
porque vivemos ern posição correta no governo de Deus. Esse é o
tipo de fruto que Ele deseja conceder-nos.
A justificação nos coloca debaixo da proteção do Rei, que preserva
nos mesmo quando os ímpios são destruídos: Porque o SENHOR ama o
juízo e nãodesampara os seus santos; eles são preservados para sempre; mas
a descendência dos ímpios será desarraigada. Os justos herdarão a terra
e habitarão nela para sempre (SI 37.28,29).
Em última instância, o Reino está reservado para os justos. A
vida e a prosperidade dos israelitas estavam intimamente ligados
a terra. Até mes1no nos dias de hoje, a única riqueza material verdadei
ra, de valor duradouro, principalmente para se deixar como herança,
são as terras.
Uma casa chique nao tem muito valor. Um carro luxuoso
também não. As melhores roupas de grife não fazem diferença.
Tudo isso enferruja, apodrece e desfaz-se. Se desejarmos
deixar alguma herança valiosa para filhos e netos, deve1nos
investir ein terras e não em bens de consumo. E temos também
de deixar um legado e o exemplo de não acumular tesouros
terrenos, que são destruídos, mas ajuntar tesouros no céu, os
quais duram para sempre (veja Mt 6.19,20).
E não apenas os justos herdarão a terra e habitarão nela para
sempre, mas também desfrutarão a paz e a segurança que o inundo
não conhece: E o feito da justiça será paz, e a operação da justiça,
repouso e segurança, para sempre. E o meu povo habitará em morada
de paz, e em moradas bem seguras, e em lugares quietos de descanso
(Is 32.17)8). Que promessa incrível!
97

Primeiramente, se estamos justificados, receberemos o fruto da


paz, porque não estaremos vivendo em busca de bens materiais. Paz,
nesse sentido, significa ausência de frustração e de preocupação. Por
acaso isso descreve sua vida? Você está em paz?
Em segundo lugar, a paz produz quietude, mesmo diante de
pro blemas. Nada nos perturba. Temos uma sensação calma e
tranqüila não importando o que aconteça.
Em terceiro, a paz também produz confiança - uma plena cer
teza - no cuidado, na provisão e na proteção de Deus. Isso significa
que podemos dormir livres de preocupação, temores e incertezas,
porque sabemos que nosso Rei nos guarda. Você tem esse tipo de
confiança constantemente?
Morada de paz. Moradas bem seguras. Lugares quietos de descanso.
Quem não daria qualquer coisa para alcançar tal paz e segurança?
Essa é uma herança garantida aos justos!
Diferente da religião, que enfoca coisas externas, a vida no Reino
de Deus volta-se para uma transformação no íntimo que se mani
festa no exterior. Como Paulo lembrou aos cristãos de Roma: Porque
o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria
no Espírito Santo. Porque quem nisto serve a Cristo agradável é a Deus e
aceito aos homens,(Rm 14.17,18). Esta é mais uma promessa
maravilhosa. A justificação nos permite agradar ao Senhor e receber a
aprovação de outras pessoas.
Agradar a Deus, em vez dos homens, deve ser nosso foco, por que,
quando satisfazemos ao Senhor, Ele transforma nossa vida de tal
maneira que passamos a atrair a atenção das pessoas. Isso não significa
necessarian1ente que todos gostarão de nós. Pode aconte cer
simplesmente que nossos semelhantes vejam qualidades justas e
honrosas em nossa vida e sejam obrigados a respeitar-nos. Também
podem perceber a postura caln1a e jubilosa com que enfrentamos o
dia-a-dia e passem a admirar-nos, e talvez até invejar-nos.
98

Nossa posição de justificação agrada a Deus e estimula, ainda


que com certa relutância, o respeito e a aprovação das pessoas.
Por tanto, a justiça é o principal segredo para a vida no Reino.

Conheça sua constituição


Conhecimento é o segredo para tudo na vida, e não poderia ser
diferente com relação à justiça. Logo, o segredo da justiça é conhecer
a lei. Corno podemos obedecer à lei se não a conhecemos?
Por isso, é tão importante estudarmos as leis do governo sob
cuja autoridade nos encontramos. Como súditos do Reino dos
céus vivemos sob a liderança do Rei, e a Palavra dele é lei.
Temos, portanto, a obrigação de lê-la, estudá-la e conhecê-la.
Precisamos estar a par das leis de nosso Reino para
permanecermos em con sonância com elas. Além disso, o
conhecimento da vida também nos ajuda a conhecer o Senhor -
seu coração, sua mente, sua von tade, seus caminhos e seus
pensamentos -, o que é ainda mais importante.
O conhecimento da Bíblia também é o segredo para uma cida
dania eficiente no Reino de Deus. Geralmente são poucas as pessoas
que conhecem as leis da nação onde habitam. Essa ignorância é peri
gosa por pelo menos dois motivos:

1) A ignorância com respeito às leis pode levar a pessoa a vio


lar alguma delas inadvertidamente, resultando em punições legais
e perda de determinados direitos. Como podemos obedecer àquilo
que não conhecemos?

2) A ignorância das leis geralmente significa também falta de co


nhecimento sobre nossos direitos. Se não sabemos quais são
nossos direitos como cidadãos, como podemos exigi-los?
Portanto, ignorar a lei significa que perdemos duplamente.
99

O mesmo se aplica ao Reino dos céus. Se não conhecemos nossa


constituição, a Palavra de Deus, não somos capazes de obedecer nem de
exigir nossos direitos constitucionais como súditos do Rei. Na verdade,
a própria Bíblia declara que ela existe com o propósito específico de
treinar-nos para a vida. Toda Escritura divinamente inspirada é
proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça
(2 Tm 3.16).
Deus nos deu sua Palavra para que possamos aprender a viver
em seu Reino. Uma vida reta não ocorre naturaln1ente, nem para os
súditos do Reino dos céus. Te1nos de treinar nossa mente para que si
gamos os caminhos de Deus e disciplinemos nosso corpo para fazer
o que é certo. Se estivermos cientes do que temos de realizar todos os
dias, também saberemos corno fazer isso.
Agora vamos um pouco além. O conhecilnento da constituição
e dos princípios do Reino de Deus também é 1nuito importante
para permanecermos firmes diante de nossos semelhantes. Os
cidadãos deste mundo estão procurando o Reino, mas como
poderão apren der sobre ele se 1nantivermo-nos em silêncio? O rei
Davi compreen dia essa realidade, e por isso escreveu:

Deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu; sim, a tua lei está den-
-.
tro do meu coração. Preguei a justiça na grande congregação; eis que
não retive os1neus lábios, SENHOR, tuosabes. Não escondi a tua justiça
dentro do meu coração; apregoei a tua fidelidade e a tua salvação; não
escondi da grande congregação a tua benignidade e a tua verdade.

Saln10 40.8-10

Lembremos que Davi não era sacerdote, mas rei. Ele vivia
98
na arena da política, das guerras, do governo e da
administração.
100

Com certeza reunia-se regularmente com ministros, governantes


e outros oficiais de segundo escalão para decidir sobre questões
relacionadas à vida e à operação do reino. Além disso, como rei,
certamente ele recebia delegações de outros reinados. De
acordo com esses versículos, Davi nunca hesitava, nem mesmo
nessas ocasiões oficiais, de falar sobre a justiça, a fidelidade e a
salvação de Deus. Isso era parte integral de sua vida, tanto
quanto o ato de respirar.
Muitas pessoas insistem que não devemos misturar fé com
polí tica. Esse conceito seria completamente estranho a Davi. Ele
era um homem segundo o coração de Deus e nunca se acovardou
de contar a qualquer pessoa a respeito da glória, da misericórdia,
do amor, do poder e da majestade do Senhor. Certamente havia
algumas coisas que ele não faria por causa de seu amor e de sua
obediência ao Al tíssimo. Ele assumia un1a posição clara diante de
todos e afirmava: "Essa é minha opinião".
Precisamos de políticos, presidentes, diretores, supervisores e
empregados cristãos que se levantem em nome da justiça e digam:
"Essa é minha opinião". Necessitamos de pessoas que afirmem:
"Não enganarei, não mentirei, não procurarei atalhos, não aceitarei
subornos. Não farei falcatruas, não adulterarei faturas, não
roubarei tempo de meu empregador, porque tudo isso viola 1ninha
lei mais sublime, a lei dos céus".
Precisamos de pessoas que diga1n: "Vou à busca de honra, ho
nestidade, integridade e excelência em tudo que faço, porque isso
preserva minha posição de justificação diante do meu Rei". Se
você for demitido por essa atitude, o que importa? Deus cuidará de
você. Ele honra, protege e recompensa os justos. Jesus afirmou:
Bem aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque
deles é o Reino dos céus (Mt 5.10). Defenda a justiça, e Deus irá abençoá-
lo com todos os benefícios do Reino.
101

A posição correta é essencial para a vida no Reino


Nossa posição de justificação nos coloca sob a autoridade apropriada
no Reino. Esse conceito é tão importante que até mesmo Jesus teve de
alcançar essa posição antes de começar seu ministério público. Um dia,
Ele foi até o rio Jordão, onde o profeta João estava batizando o
povo para arrependimento (a renúncia e o afastamento) de pecados.
Jesus entrou na água para ser batizado.

Mas João opunha-se-lhe, dizendo: Eu careço de ser batizado por ti,


e vens tu a mim? Jesus, porém, respondendo, disse-lhe: Deixa
por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça.
Então, ele o permitiu.

Mateus 3.14,15

Como Filho de Deus, Jesus não tinha pecado e, por isso, não pre
cisava ser batizado nas águas. João o reconheceu clara1nente como
sendo 1naior do que ele próprio. Por que então Cristo disse: "Deixa
por agora"_ para "cumprir toda a justiça"? Em essência, Ele estava
afirmando a João:
"A questão aqui não é ser maior ou menor que alguém, mas sin1
estar na posição correta. De acordo com a lei de Deus, é você que tem
autoridade nesta terra no momento. Eu tenho de estar sob sua autori
dade. O que importa não é o que você pensa ou quem Eu sou, mas sim
minha posição de justificação. Tenho de estar em consonância com o
Pai, e você, João, vai promover essa consonância. Tenho de submeter
me a você para que Eu mesn10 também esteja sob minha autoridade".
Se Jesus Cristo, que era Deus encarnado, teve de submeter-
se à autoridade que Ele mesmo estabeleceu, quem somos nós
para
102

pensar o contrário? Nossa proteção advém da submissão à


auto ridade do Reino, colocando-nos em harmonia com a
palavra e a vontade do Rei.
A decisão de Jesus de ser batizado por João obviamente era a
escolha correta. O que aconteceu em seguida dá prova disso:

E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe


abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pom
a e vindo sobre ele. E eis que uma voz dos céus dizia: Este é
o meu Filho anzado, em quem nze comprazo.

Mateus 3.16,17

Lembremos que a justificação agrada a Deus, e significa


estarmos em uma posição correta, sob a autoridade do Senhor. Essa
posição, baseada na obediência, é tão fundamental que constitui o
padrão de julgamento no Reino. Na verdade, é tão importante que
estimulou Jesus a apresentar a seguinte advertência:

Qualquer, pois, que violar um destes menores mandamentos


e assim ensinar aos homens será chamado o menor no Reino
dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado
grande no Reino dos céus. Porque vos digo que, se a vossa
justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo
nenhum entrareis no Reino dos céus.

Mateus 5.19,20
103

A grandeza do Reino dos céus é medida pelo padrão da obe


diência às ordens do Rei. Estas são as leis. Aqueles que obedecem
são considerados grandes, enquanto que os que desobedecem são
inferiores. Aos olhos dos contemporâneos de Jesus (e até no
conceito deles próprios), os fariseus e mestres da lei eram tidos
como grandes, porque estavam comprometidos a observar
rigorosamente a lei ju daica. Ninguém era mais obediente ao
documento da lei do que os fariseus e escribas.
O problema, no entanto, era que esses líderes avaliavam a lei
e a justiça a partir de uma mentalidade religiosa. Estavam bus
cando a justiça de acordo co1n seus próprios méritos. Pensavam
que uma obediência irrestrita à lei nos mínimos detalhes lhes
possibi litaria alcançar a graça de Deus. Na verdade, eles jamais
estiveram em consonância com as leis do Senhor. Nunca estiveram em
sincronia com o coração e a mente de Deus. Estavam em uma
posição errada, porque buscavam alcançar a justiça por intermédio
da religião.
A religião nunca nos coloca ligados a Deus. Ao vir a este
mundo, Jesus não trouxe uma religião. Ele veio pregar as boas
novas de que o Reino dos céus havia chegado a Terra. Não nos
toma1nos justos por estarmos de acordo com uma religião, mas por
colocarmo-nos de acordo COf!l as leis e os princípios da Bíblia.
Não importa quantos rituais realizamos, quantos cultos de
adoração freqüentamos ou qual nossa participação nas reuniões de
oração. Sem uma conformidade deliberada e consciente com a
autoridade do Reino, todo o restante é inútil. Se nossa justiça não
exceder a dos religiosos e a das tradições humanas, nunca entraremos
no Reino dos céus.
A religião não dá resultado. Percebemos essa realidade na vida
de muitos cristãos. Os que se encontram presos à religião e ao
cristia nismo institucionalizado, com todos os tipos de obrigações
humanas e que tem aparência de piedade (2 Tm 3.5), não estão vivendo
104
de acordo com os princípios do Reino. Como conseqüência, essas
p·essoas não
105

desfrutam os benefícios da vida com Deus. Por isso tantos cristãos


estão falidos, destituídos, e continuamente se esforçam, vivendo com
os mesmos temores, as mesmas preocupações e as mesmas
doenças que o restante do mundo.
É hora de ouvirmos a voz de Deus e fazermos o que o
Todo poderoso manda. O Senhor nos promete que, ao
obedecermos suas leis e buscarmos a justificação, Ele
acrescentaráhldo a nós.

Justiça para reconciliação


A necessidade fundamental de todos os seres humanàs é a
justiça. A Palavra de Deus deixa claro que nenhum de nós pode ser
justificado por nossos próprios méritos:

Disseram os néscios JZO seu coração: Não há Deus. Têm-se


cor rompido, fazem-se abomináveis em suas obras, não há
ninguém que faça o bem. O SENHOR olhou desde os céus para
os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse
entendimento e bus casse a Deus. Desviaram-se todos e
juntamente se fizeram imun dos; não há quem faça o beni, não
há sequer um.

Salmo 14.1-3

O pecado e a corrupção moral são universais, uma triste herança


da desobediência de Adão e Eva no jardim do Éden. Além disso, não
há nada que possamos fazer para tornar-nos justos: Mas todos nós
sornas como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia;
e todos nós caímos como a folha, e as nossas culpas, como um vento,
106
nos arrebatam (Is 64.6). A menos que a justiça venha até nós de uma
fonte externa, não temos esperança de ingressar no Reino de Deus.
107

Felizmente, para nosso bem, o Senhor forneceu a justiça de que


tanto necessitávamos: Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé
em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé (Rm 1.17).
A palavra evangelho significa boas notícias, uma mensagem que
era constantemente pregada por Jesus em seu ministério terreno.
Como o versículo da carta de Paulo aos romanos indica, o evangelho
do Reino tinha em si a justiça de Deus que só pode ser alcançada pela
fé.
A fé em Cristo e em sua morte na cruz para remover nossos
pe cados e nossa corrupção moral promove nossa justificação
perante Deus e aplica-a em nossa vida. Portanto, quando estamos em
posição correta diante do governo celestial, firmamo-nos não em
nossa pró pria justiça, mas na do Senhor.
O justo viverá pela fé. Em outras palavras, ele crê na Palavra, pois
sabe que a justiça vem do Senhor. Deus está nos dizendo: ºOu você
tenta alcançar essa posição sozinho (o que a religião tenta fazer) ou
pode pedir para que Eu o ajude. A religião é fraca e inútil; ela não al
cança nada. Apenas em meu Reino você pode encontrar justiça. Você
não pode salvar a si próprio, portanto Eu o salvei. Como não poderia
limpar sua própria imundície, fiz isso por você. Pelo sangue do meu
Filho, apaguei seus pecados e sua impureza moral. Sou Eu quem o
coloca de yolta em consonância com meu governo. Eu sou aquele
que o restaura à sua posição de justificação. Você está nessa posição
correta, porque Eu o coloquei aí".
O próprio Jesus Cristo é nossa justiça. É por meio del que a justiça
de Deus chega até nós:

Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi Jeito por
Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção; para que,
como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor.

1 Coríntios 1.30,31
106

Jesus se tornou nossa justiça, santidade e redenção. Devemos


tudo a Ele. Por isso, não temos o direito nem motivo de
vangloriarmo nosem nós mesmos ou em nossa bondade. Podemos
gloriar-nos apenas no Senhor, que nos levou de volta à posição correta
com Ele, dando-nos acesso ao Reino dos céus e a todas as suas
riquezas, seus recursos e seus privilégios. A partir dessa posição
justificada, que alcançamos por causa de Cristo, podemos ter certeza
de que o Senhor suprirá todas as nossas necessidades. A religião
nunca fará isso.
As pessoas que não estão no Reino utilizam a religião para tentar
estabelecer uma justiça que eles mesmos criam, porque não conhecem a
justiça que Deus nos oferece. Paulo expressou isso da seguinte maneira:

Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus e procurando esta


belecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça de Deus.
Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que
crê.

Romanos 10.3,4

Cristo é o fim da lei. Ele é o fim de todos os rituais e as normas que


as pessoas procuram preservar. É o fim de todos os nossos
esforços para nos tornarmos justos. É o fim de todas as nossas
tentativas de alcançar um relacionamento com Deus em nossos
próprios termos.
. Para todos aqueles que crêem - todos os que confiam e submetem
se ao Senhor - , Jesus se torna sua justiça. Por isso, precisamos de
Cristo. Apenas por meio dele podemos estar justificados com Deus.
A justiça que recebemos por Cristo não é apenas para nós.
O Senhor nos escolheu para disseminar a palavra de sua justiça a
107
outros, de modo que essas pessoas também alcancem a justificação.
Essa ordenança é chamada de ministério da reconciliação:
108

Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as


coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. E tudo isso
provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus
Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, isto é, Deus
estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes
imputando os seus peca dos, e pôs em nós a palavra da
reconciliação. De sorte que somos embaixadores da parte de
Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamos-vos, pois, da
parte de Cristo que vos reconcilieis com Deus. Àquele que não
conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos
feitos justiça de Deus.

2 Coríntios 5.17-21

Reconciliar significa restaurar o relacionamento rompido, remover uma


separação ou trazer de volta o equilíbrio. Tudo isso descreve o que
acon tece quando nos tomamos justos em Cristo: nosso relacionamento
com o Senhor, que antes estava rompido, é restaurado, o muro de
separação entre nós é removido, e nossa vida é levada de volta ao
equilíbrio que Deus sempre desejou. Somos colocados em uma posição
correta. Desse local certo e seguro, somos preparados e capacitados
para levar a men sagem do Reino a outras pessoas, para que elas
também se reconciliem com o Senhor. Essas são as boas novas de
salvação.

1. Nossa busca por justiça nos coloca na posição correta para


receber todos os direitos, os recursos, as bênçãos e os privilégios do
Reino que são nossos direitos como súditos.
107
2. A pureza de coração é o segredo fundamental e indispensável
para se ter uma vida abundante no Reino.
108

3. A prosperidade dos justos é uma bênção constante vinda de Deus,


e que passa a várias gerações.
4. A justificação nos coloca debaixo da proteção do Rei.
5. O segredo da justiça é conhecer a lei.
6. O conhecimento da Bíblia é o segredo para uma cidadania
eficiente no Reino de Deus.
7. A Bíblia é a constituição do Reino de Deus e a fonte de justiça
para seus súditos.
8. Nossa posição de justificação nos coloca sob a autoridade apro
priada no Reino.
9. Essa posição de justificação, baseada na obediência, é tão impor
tante que constitui o padrão de julgamento no Reino de Deus.
10. Nossa justiça vem do Senhor.
11. O próprio Jesus Cristo é nossa justiça.
12. Quando alcançamos a posição correta no governo de Deus,
Ele nos envia para disseminar a palavra de sua justiça a outros, de
modo que essas pessoas também alcancem a justificação.
Capítulo 7

1
'Existem duas tragédias na vida. Unia é não conseguir o que se
deseja; a outra é conseguir o que se deseja•
11

George Bernard Shaw

Alguma vez você já se perguntou: f/De que adianta ser


justo? Qual o benefício de tentar viver corretamente e fazer o
1
'

que é certo? Afinal de contas, parece que as pessoas que vivem


apenas para si mesmas se relacionam melhor com todas as
demais. Elas n1entem e enganam, realizam negócios desonestos
e inescrupu losos, e aparentemente sempre prosperam. Enquanto
isso, os que trabalham arduamente procura1n ser honestos e
esforçam-se dia após dia em busca do sustento diário. Se a
justiça é tão importante, por que os. ín1pios prosperam?
Essa é uma pergunta bastante antiga. O salmista hebreu chama
do Asafe fez o mesmo questionamento. Quando percebeu os
homens malignos obtendo sucesso, teve dúvidas se realmente valia
a pena viver corretamente:

Quanto a mi1n, os meus pés quase que se desviaram; pouco faltou


para que escorregassem os nzeus passos. Pois eu tinha inveja dos
soberbos, ao ver a prosperidade dos ímpios. Porque não há
apertos na sua morte, mas firnze está a sua força. Não se achmn
em traba lhos como outra gente/ nem são afligidos como outros
homens [...]
110

Eis que estes são ímpios; e, todavia, estão sempre em segurança,


e se lhes aumentam as riquezas [...] Pois todo o dia tenho sido
afligido e castigado cada manhã.

Salmo 73.2-5,12,14

Asafe ficou tão transtornado por causa disso que quase largou a fé.
Aquele homem esteve preste a desistir de viver retamentea, té
querece beu uma revelação de Deus. Quando passou a ver a
situação do ponto de vista do Reino dos céus, sua perspectiva
mudou radicalmente:

Quando pensava em compreender isto, fiquei sobremodo


perturbado; até que entrei no santuário de Deus; então, entendi
eu o fim deles. Certamente, tu os puseste em lugares
escorregadios; tu os lanças em destruição. Como caem na
desolação, quase num momento! Ficam totalmente consumidos
de terrores. Como faz com um sonho o que acorda, assinz, ó
Senhor, quando acordares, desprezarás a aparência deles.

Salmo 73.16-20

Os ímpios que aos nossos olhos parecem pessoas estáveis, bem


sucedidas, saudáveis, ricas e livres de problemas, na verdade estão
seguindo em direção à destruição. Essa estabilidade é apenas apa rente.
Como diz outro salmo, os injustos são como a moinha que o vento
espalha (SI 1.4b).
E a situação é completamente diferente para os justos. O mesmo
salmo afirma que uma pessoa justa tem o seu prazer na lei do SENHOR,
111
e
110

na sua lei medita de dia e de noite. Pois será corno a árvore plantada
junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria, e cujas
folhas não caern, e tudo quanto fizer prosperará (SI 1.2,3).
Esse salmo conclui com um contraste bastante marcante: Porque
o SENHOR conhece o caminho dos justos; mas o caminho dos ímpios
perecerá (SI 1.6). O que você prefere ser: uma palha soprada pelo
vento ou uma árvore firmemente plantada, bem nutrida e frutífera?
Então que bem há na justiça? Ela nos dá a verdadeira esta
bilidade, o sucesso, a saúde e as riquezas duradouras que nos
colocam em posição de vencer todas as dificuldades que a vida
nos lança. Embora a justificação que recebemos em Cristo não
nos seja concedida apenas para nosso bem, mas também para
servir ao ministério da reconciliação, ela traz consigo benefícios
pessoais bastante significativos.

Semente para o que semeia


Um dos frutos da justiça, um subproduto que ela gera em nossa
vida, é um espírito generoso. Isso é bastante comum para os justos,
porque a justiça toma-nos se1nelhantes a Deus, que é um Ser gene
roso. Ofertar também é um princípio fundamental relacionado aos
benefícios da justiça, porque recebemos em proporção direta daquilo
'
que damos. Quanto mais ofertamos, quanto maior a generosidade
com que damos aos outros, mais receberemos de volta. Jesus afir mou:
Daí, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudidae transbordan do
vos darão; porque com a mesma medida com que medirdes também vos
medirão de novo (Lc 6.38).
Quando ofertarn10s corno Deus o faz, Ele nos dará ainda mais
em retribuição. Era a isso que Jesus se referia quando falou sobre
boa 1nedida, recalcada, sacudida e transbordando. O Rei dos céus não
é apegado aos seus tesouros. Ninguém pode ofertar 1nais do que
Deus.
112

Todas as vezes que ofertamos generosamente no Espírito de


Cristo como súditos do Reino acumulamos tesouros para nós mes1nos
no céu, como Jesus afirmou: Onde nem a traça nem a ferrugem
consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam (Mt 6.20b). Uma
metáfora bíblica bastante comum para a oferta é a descrição da
semeadura. Sempre que lançamos se1nentes de generosidade estamos
preparando para nós urna colheita de grande justiça e prosperidade:

Oque sen1eia pouco também ceifará; eoque senzeia emabundância em


abundância também ceifará. Cada um contribua segundo
propôs no seu coração, não com tristeza ou por necessidade;
porque Deus ama ao que dá com alegria. E Deus é poderoso
para tornar abun dante em vós toda graça, a fim de que, tendo
sempre, em tudo, toda suficiência, superabundeis em toda boa
obra [...] Ora, aquele que dá a semente ao que semeia e pão para
comer também multiplicará a vossa sementeira e aumentará os
frutos da vossa justiça; para que em tudo enriqueçais para
toda a beneficência.

2 Coríntios 9.6-8,10,lla

Uma oferta generosa sempre produzirá uma colheita abun


dante. O fazendeiro que não lança sementes com fartura terá
apenas um pouco em retorno. Deus dá sementes ao que semeia.
Esse é um princípio importante. Se desejarmos atrair sementes,
devemos ser se1neadores. Não adianta tentar dizer: /fSemearei
quando tiver sementes suficientes." Não! Você precisa semear
agora mesmo daquilo que tem, e Deus lhe dará mais.
A sen1ente que você recebe e o aumento que experimentará estão
ligados à sua generosidade. Aumento e prosperidade não nos são
113

concedidos para nos fazer mal, mas para que possamos agir soli
dariamente com outras pessoas. 1.1ais uma vez vemos a questão
da mordomia cristã em contraste com o senso de posse.
Quando ofertamos generosamente, Deus aumenta nossa colheita
de justiça, porque a oferta nos coloca em consonância com o Senhor.
Assim, Ele nos fortalece e firma nossa posição de justificação. Todas
as vezes que semeamos, ficamos em conformidade com Deus, que nos
dá mais sementes, capacitando-nos a permanecer em harmonia com
Ele enquanto continuamos semeando com generosidade aos outros.
De acordo com esse trecho das Escrituras, o Senhor age assim para
que em tudo enriqueçais para toda a beneficência. Alguma vez, você já
teve vontade de contribuir com urna causa ou um projeto honrado, mas
não pôde fazê-lo por falta de recursos? O Todo-poderoso deseja que você
esteja em tuna situação em que consiga ofertar em qualquer ocasião.
No que diz respeito a Deus, tudo o que Ele nos dá é uma semente.
Na verdade, o Criador apenas nos concede sementes. Estas têm um
poder virtualmente ilimitado, mas devem ser lançadas no solo para
que seu potencial seja Íiberado. O Senhor nos dá sementes e deseja
ver o que faremos com elas. Se as acumulamos, guardando-as apenas
para nós mesmos, elas nunca brotarão, não cresceremos e perdere
mos a alegr,ia e os benefícios oriundos da justificação e de um espírito
generoso.
Temos de semear com fidelidade, e Deus nos dará ainda mais
sementes para que possamos aumentar nossa generosidade. Seja
fiel no pouco, e Ele lhe dará muito.

O favor do rei
A justiça atrai o interesse de Deus, porque Ele é justo. O Altís
simo contempla favoravelmente todos aqueles que procuram viver
corretamente na fé. Assim corno os súditos de reinos terrenos an
seiam pelo favor dos reis deste mundo, nós também devemos
buscar
114

alcançar o favor do Rei. Precisamos aguardar até que Ele estenda seu
cetro para nós:

Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos, cetro de


eqüidade é o cetro do teu reino.

Hebreus 1.8

Lembre-se de que o cetro é o símbolo da autoridade do rei.


Todo aquele que está debaixo do cetro do rei recebe proteção e
cuidado. Ninguém poderia entrar na presença do rei a menos que
este esten desse o cetro na direção da pessoa. Se u1n rei deseja
demonstrar seu favor a nós, estenderá o cetro em nossa direção, e a
próxima coisa que ele disser se torna lei em nossa vida.
Não importa quem você foi ou em que situação se encontra. O
que aconteceu ontem não representa nada. Tudo que realmente im
porta é o que o rei lhe dirá. Podemos entrar na presença dele sem
nenhum tostão e sem moradia, e ouvir o rei dizer com seu cetro es
11
tendido: Eu lhe concedo 10 mil acres de terras da melhor
qualidade e uma casa maior". Assim sairemos da sala do trono ricos
e com uma bela residência. Quando desfrutamos o favor do rei, não
temos de trabalhar por aquilo que ele nos concede. Ele nos oferta
algo, porque deseja fazê-lo; por isso esse ato é chamado de favor.
Tradicionalmente, o rei segurava o cetro na mão direita. A
Bíblia utiliza uma imagem semelhante para se referir a Deus.
Aqueles que estão sob o favor do Senhor são descritos como
estando à sua destra, enquanto que os que enfrentam julgamento
ficam do lado esquerdo. Se a mão direita do Senhor estiver sobre
nós, isso quer dizer que Ele nos direciona sua autoridade e dá-nos
acesso à sua presença.
115

O que significa isso em termos práticos? Sitnplesmente que, se


estivermos em consonância com a justiça de Deus, Ele nos
estenderá
o cetro, concedendo-nos graça e dando-nos em alguns minutos tudo
o que trabalhamos a vida inteira para conseguir. Esse é o poder da
autoridade régia, que pode anular ou cancelar toda u1na vida de tra
balho. O rei tem autoridade sobre todo seu reino.
A Bíblia afirma que a maneira de fazer com que a autoridade de
Deus opere a nosso favor é levar uma vida justa. É por isso que
Jesus nos diz para buscarmos em primeiro lugar o Reino de Deus e
a sua justiça, e então tudo nos será acrescentado. A justiça tem de
vir antes do acréscüno. Todavia, quando o Senhor decide dar-nos
algo, nada no céu ou na terra pode impedi-lo.

Os benefícios da compreensão e do discernimento


A busca da justiça é o segredo da maturidade, da compreensão
e do discernimento sobre a vida no Reino de Deus. A falta dela nos
coloca em dissonância com o Senhor e impede nosso crescimento.
Sendo assim, nunca conseguiremos passar do estágio de bebês
espiri tuais, e ficaremos apenas engatinhando. Esse é o equivalente
espiritual de deixar de beber leite para passar a receber alimento
sólido, como diz o autor do livro de Hebreus:

Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está ex


perimentado na palavra da justiça, porque é menino. Mas o
mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do
costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o
bem como o mal.

Hebreus 5.13,14

Pessoas que não experimentam os benefícios da vida no Reino


são como bebês que ainda bebem leite, não passaram a receber
116

alimento sólido. E, na verdade, não conseguem progredir. Assim


como o sistema digestivo de uma criança muito pequena não
é capaz de assimilar alimentos pesados, a mente de um cristão
imaturo não associa as exigências sólidas da justiça.
Apenas os cristãos compromissados com a justiça alcançam
a maturidade espiritual. Só eles conhecerão as riquezas e a
alegria da vida no Reino de Deus, e experimentarão sua
plenitude. Uma vida de justiça também traz consigo um
elemento protetor muito forte, porque nos permite discernir entre o
certo e o errado, ajudando-nos a acolher o primeiro e a rejeitar o
segundo.
Um dos maiores problemas que afeta a igreja ocidental nos
dias de hoje é o fato de que os cristãos não aprende1n sobre a
importância da justiça pessoal na vida diária. Como conseqüên
cia, muitos não sabem como estar em consonância com Deus ou
como verificar se isso está ocorrendo em sua vida. Como resultado,
eles não experimentam as bênçãos, os benefícios, a provisão e a
prosperidade do Reino. Sua vida de injustiça impede o acesso a
essas
COlSaS.

Deus deseja que todos os súditos de seu Reino sejam livres


financeiramente. Isso não significa que não teremos de pagar
contas, mas que sempre possuiremos os recursos para fazê-lo
antes que elas vençam. A riqueza no Reino de Deus não consiste
em acumular bens, mas em ter acesso a tudo. Sempre que preci
sarmos de algo, isso nos estará disponível.
Não há necessidade grande demais que o Senhor não consiga
suprir. Como cristãos e súditos do Reino, temos um canal que
nos liga aos suprimentos celestiais, que é usado por Deus para
suprir nossas carências físicas e espirituais. Entretanto, este canal
precisa estar limpo e desimpedido, e é a justiça que o mantém
assim. Nosso estilo de vida determina se ele estará totalmente
117
disponível para a atuação divina.
118

Os benefícios da proteção e da promoção de Deus


Quando buscamos ativamente a justiça e1n nossa vida diária,
obedecendo à ordem de Cristo, desfrutamos um nível de segurança
e proteção que as pessoas que não pertencem ao Reino não
possuem. Isso não significa que nunca enfrentaremos problemas,
dificuldades ou circunstâncias negativas - essa é uma parte
inevitável da vida em um mundo corrupto e pecaminoso.
Entretanto, quer dizer que, mesmo em períodos assim - e
principalmente nesses momentos
- , a graça de Deus estará sobre nós, colocando-nos em segurança
e fazendo-nos triunfar. E o mundo ficará observando, surpreso, sem
saber não apenas como sobrevivemos, mas também como
consegui mos chegar ao topo.
Por que ficamos tão seguros? Porque o Senhor nunca tira os
olhos de nós: Dos justos não tira os seus olhos; antes, com os reis no
trono os assenta para sempre, e assim são exaltados (Jó 36.7). E
Deus não apenas nos protege, mas também nos exalta. Debaixo do
favor do Todo-poderoso, fazemos muito mais do que apenas
enfrentar a vida. Ele nos capacita a vencer cada obstáculo e a enfrentar
cada desafio para que tenhamos uma vida plena. Esse versículo
afirma que o Criador exalta os justos. Isso significa que, se
permanecermos na posição-correta con1 Deus, Ele nos dá uma
promoção em todas as situações que enfrentamos. Chegamos ao topo
e ninguém entende por quê.
No mundo, uma promoção geralmente depende de quais
pessoas são bajuladas, de quem é subornado, de quem recebe
elogios ou com quem se mantém relação sexual. A busca pelo
sucesso estimula uma competição acirrada onde vale tudo, desde
que dê resultado. A pro moção no Reino de Deus vem do alto - do
próprio Rei - e está a seu favor, bem como em nossa posição
correta quando buscamos a justiça.
119

O segredo para receber a promoção do Rei é manter nosso canal


livre de qualquer obstrução. Isso significa que temos de esforçar-nos
para estar em consonância com Deus e evitar tudo aquilo que nos
retira dessa situação. Não devemos mentir, enganar, amaldiçoar ou
cobiçar. Precisamos lançar fora toda ira, toda inveja e todo ciúme.
Te1nos de estar prontos a perdoar e sempre dispostos para demonstrar
misericórdia. Nosso tratamento com os outros deve ser com bondade,
dignidade e respeito. É necessário amar a todas as pessoas, até os
inimigos. E sempre pagar o mal com o bem, mesmo para aqueles que
se mostram hostis e iracundos.
Geralmente ternos pouco ou nenhum controle sobre aquilo que
chega até nós ou sobre a maneira como as pessoas reagem, mas
sem pre teremos influência sobre o modo como reagimos. Manter o
canal limpo depende de nós; Deus não fará isso em nosso lugar. E
não nos forçará a viver em justiça. Se não o fizermos, nunca
experimentaremos os benefícios e as bênçãos que a justiça nos traz.
A proteção de Deus está intimamente ligada ao seu favor, como
dois lados de uma mesma moeda. O rei Davi conhecia bem essa
ligação:

Mas alegrem-se todos os que confiam em ti; exultem eternamente,


porquanto tu os defendes; e em ti se gloriem os que amam o
teu nome. Pois tu, SENHOR, abençoarás ao justo; circundá-lo-ás
da tua benevolência como de um escudo.

Salmo 5.11,12

A graça de Deus cerca os justos como um escudo, que obvia


mente é uma arma defensiva que protege o usuário rechaçando os
ataques de um inimigo. Quando a graça do Senhor nos envolve,
120

nenhum mal pode alcançar-nos; ficamos totalmente seguros em


sua presença; tudo que Ele deseja para nós acontece.
Você deseja viver sob a proteção e a graça do Todo-poderoso?
Então se comprometa de 1naneira consciente e deliberada a pensar
e a viver em justiça de acordo com as leis do Reino de Deus. Se o fizer,
então nenhu1n mal planejado contra você obterá sucesso. Nada
será capaz de tocá-lo, exceto aquilo que o Senhor permitir.
Seus negócios prosperarão enquanto que os de outras pessoas
irão de mal a pior. Você conseguirá encontrar um caminho onde
aparentemente não é possível passar. Experimentará uma provisão
abundante quando as pessoas ao seu redor enfrentam escassez. No
momento certo, no tempo de Deus, Ele o exaltará, aparentemente
do dia para noite, à vista de seus observadores.
A melhor ilustração bíblica a respeito disso encontra-se na his
tória de José, no livro de Gênesis. Tendo sido vendido como
escravo por seus irmãos invejosos,, José passou muitos anos
servindo na casa do capitão da guarda do faraó, onde se
destacou com suas habilidades e sua integridade. O Altíssimo
fez José prosperar, e ele foi designado como supervisor de todos
os escravos na casa de seu senhor.
A integridade de José teve um alto custo. Quando se recusou
a dormir com a esposa de seu dono, ela se vingou acusando-o de
tentar estuprá-la. Ele terminou sendo lançado na prisão. Mesmo
ali, Deus o abençoou,, e mais uma vez José se tornou líder entre os
. . .
pns1oneiros.
Por fim, chegou o dia em que ele teve a oportunidade de inter
pretar um sonho do faraó, que profetizava sete anos de fartura
segui dos de sete anos de grande fome. Faraó, reconhecendo a
integridade e o caráter de José, promoveu-o ao cargo de primeiro-
ministro. Em um instante,, aquele patriarca deixou o calabouço
para se tornar o segundo no comando de todo o Egito.
121

A partir dessa posição, Joséfoi diretamente responsável por preservar


a vida de milhares de pessoas, incluindo seus irmãos e seu pai, durante
os sete anos de fome que se seguiram. Quando o tempo de José
chegou, Deus o exaltou. Entretanto, se ele não tivesse sido fiel em
buscar a justiça todos aqueles anos, provavelmente nunca seria
promovido.
Atualmente, muitas pessoas, inclusive muitos cristãos, culpam
o sistema desse mundo pelos problemas que enfrentam. É hora de
os cristãos por todo o mundo saírem do controle desse sistema em
seu
comportamento e em sua mentalidade e submeterem-se ao Reino de
-.

Deus e às suas leis. Tudo que o Senhor nos pede é que busquemos em
primeiro lugar seu Reino e sua justiça, pois, com ou sem sistema,
Ele nos acrescentará tudo o mais.
A justiça é um escudo muito forte que nos protege até mesmo
do desastre. A Bíblia afirma que Deus não destruirá os justos
juntamente co1n os ímpios. Portanto, a presença de um único justo é
suficiente para proteger todos ao seu redor. Mais uma vez, a experiência
de José é um bom exemplo. Ele pode ter sido o único justo no Egito. No
entanto, Deus preservou toda urna nação por intermédio de seu servo e
por causa dele. Estar sob a proteção e a graça do Senhor significa
não apenas que Ele cuida de nós, mas também que ouve o que
dizemos. Quando buscamos e caminhamos na justiça, o Criador
volta os olhos para nós e ouve-nos: Os olhos do SENHOR estão sobre
os justos; e os seus ouvidos,
atentos ao seu clamor (Sl 34.15).
A Bíblia garante que, quando Deus nos ouve, Ele nos responde.
Podemos confiar nisso.

E esta é a confiança que temos nele: que, se pedirrnos alguma


coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que nos
ouve em tudo o que pedirnos, sabemos que alcançamos as
petições que lhe fizemos.
122
1 João 5.14,15
123

Pedir segundo a sua vontade significa não apenas aceitar a vontade


do Senhor, mas também estar em uma posição de justificação, por
que a justiça sempre está de acordo com a vontade de Deus.
Assim, Ele sempre atende nossas petições. Esse talvez seja um dos
motivos mais importantes de termos cuidado para não fazer nada
que interfi ra em nosso relacionamento com o Criador.

O benefício da libertação
Deus não apenas ouve e responde os justos quando clamam,
como também os livra das dificuldades da vida:

Os justos clamam, e o SENHOR os ouve e os livra de todas as


suas angústias. Perto está o SENHOR dos que têm o coração
quebranta do e salva os contritos de espírito. Muitas são as
aflições do justo, mas o SENHOR o livra de todas. Ele lhe guarda
todos os seus ossos; nem sequer um deles se quebra. A rnalícia
matará o Í1npío, e os que aborrecem o justo serão punidos. O
SENHOR resgata a alma dos seus servos, e nenhwn dos que nele

confiam será condenado.

Salmo 34.17-22

Desde que estejamos em consonância com o Senhor, Ele nos livra


de qualquer problema. Isso não significa que nunca enfrentaremos
dificuldades, mas sim que podemos confiar em Deus para livrar-
nos e dar-nos força para prevalecer. Ele não nos abandona para
lutarmos durante as adversidades.
Notemos que, nesse trecho bíblico, o Todo-poderoso promete
proteger até os ossos dos justos para que nenhum deles se quebre.
O salmista Davi está falando metaforicamente aqui. Isso não é
promessa
124

de uma proteção literal contra acidentes. A palavra ossos nesse tre


cho se refere à estrutura que mantém tudo unido, como o esqueleto
humano que sustenta o corpo. Portanto, a promessa nesse versículo
é a de que Deus nos abençoará, livrando-nos e garantindo que a es
trutura de nossa vida nunca se esfacele.
A promessa de Deus aos justos é: "Manterei sua estrutura
intacta". Mesmo quando a vida de outros ao nosso redor estiver
desmoronando, o Senhor preservará nossa estrutura e a de nossa
família.
Jesus prometeu que a casa edificada em uma fundação sólida
resistirá às tempestades (veja Mt 7.24,25). A justiça é uma parte fun
damental do alicerce sólido sobre o qual devemos edificar a vida, se
desejamos resistir às tormentas.
A promessa de Deus de zelar por nossos ossos é uma garantia de
proteção para que não seja1nos afetados pelas forças deste mundo
que podem destruir outras pessoas. Desde que estejamos
buscando a justiça e permaneçamos em consonância com o
Senhor, Ele nos sustentará.

O benefício da prosperidade
A justiça també1n é o segredo da prosperidade. Embora a Bíblia
não ensine um evangelho da prosperidade ou uma teologia de
satisfa ção imediata, como alguns pregam, ela promete prosperidade
como recompensa para os justos:

O mal perseguirá aos pecadores, mas os justos serão galardoados


com obem. O homem de bem deixa iona herança aos filhos de seus
filhos, mas a riqueza do pecador é depositada para o justo.

Provérbios 13.21,22
125

Prosperidade, como 1nencionada nesse trecho, inclui a riqueza


material, mas não se limita a ela. Na verdade, o significado desse termo
é muito mais abrangente e engloba a qualidade e a produtividade
da vida como um todo. A vida dos justos será plena, abundante e
eficaz em todos os sentidos e em todas as dimensões. Em
contrapartida, os pecadores (os ímpios) enfrentarão problemas
constantes.
A saúde, a riqueza e a estabilidade dos ímpios são apenas apa
rentes. Em um instante, eles podem perder tudo. A justiça, porém,
traz recompensas que não se corrompem nem enferrujam, mas du
ram para sempre.
A riqueza dos pecadores é acu1nulada para os justos. Muitas pes
soas declaram esse versículo, mas não o vêem sendo cumprido em
sua vida. Por quê? Porque tomam posse dele ignorando a pré
condição da justiça. Apenas os que buscam ativamente a justiça e
procuram viver de acordo com a vontade de Deus têm direito de
tomar posse desse trecho bíblico.
A justiça é uma exigência; a riqueza dos injustos é uma recom
pensa. Como o Senhor do universo é dono de tudo que existe, Deus
garante que a riqueza e os tesouros de seu Reino terminem nas
mãos dos justos, que são confiáveis para exercer uma mordomia
cristã ma dura e fiel.
Recompensar os justos é a atitude correta a tomar em um Reino
justo, governado por um Rei justo: Deveras há uma recompensa
para o justo; deveras há um Deus que julga na terra (SI 58.llb). Em
outras palavras, esse versículo afirma que, enquanto houver um Deus
que julga a terra, os justos serão recompensados. Esse é um princípio
tão garantido como a Palavra e tão permanente como a eternidade.
Real mente há recompensa para os que levam uma vida pura.
Diferente dos injustos, que ressecarão e serão soprados como a
palha no vento, os justos florescerão e permanecerão produtivos a
vida inteira:
126

O justo florescerá como a palmeira; crescerá como o cedro


no Líbano. Os que estão plantados na Casa do SENHOR
florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice ainda darão
frutos; serão viçosos e florescentes, para anunciarem que o
SENHOR é reto; ele é a minha rocha, e nele não há injustiça.

Salmo 92.12-15

Com base nesses versículos, os justos não morren1velhos e aleija


dos! Eles permanecem com a mente e com o corpo sãos,
produzindo frutos até na velhice. A frase que diz que serão viçosos e
florescentes, refere-se à idéia de que a justiça nos mantém jovens no
coração e na mente, não importando nossa idade cronológica.
A justiça nos ajuda a preservar o zelo pela vida até o final. E
nosso testemunho da grandeza e da justiça de Deus deve ser forte,
ou até mais forte, no final de nossos dias do que em qualquer outro
período da vida.

O prumo de Deus
Por fim, a justiça traz benefícios por proteger-nos do
julgamento de Deus. A justiça é um padrão essencial pelo qual o
Senhor julga este mundo. Se já estamos vivendo e caminhando de
acordo com Ele, estamos seguros.

Portanto, assim diz o Senhor JEOVÁ: Eis que eu assentei em


Sião urna pedra, uma pedra já provada, pedra preciosa de
esquina, que está bem firme e fundada; aquele que crer não se
apresse. E regra rei o juízo pela linha e a justiça, pelo prumo.

Isaías 28.16,17a
125

Um prumo é u1na corda com um peso na ponta utilizado em


construções para garantir que as paredes fiquem perfeitamente ver
ticais à medida que vão sendo erguidas. Se o muro, desde o topo
até a base, estiver paralelo à linha do prumo, a construção está
correta. Isso significa que ela está em consonância com o padrão de
aferição. No Reino dos céus, a justiça é o prumo que o Altíssimo
utiliza para estimar se nossa vida está de acordo com o padrão ou
fora dele. O padrão de medição não pode ser ajustado; ele
determina como as coisas devem ser. Buscar a justiça do Senhor
significa que ajustamos nossa vida, nossas atitudes e nossos
comportamentos até que esteja mos de acordo com o padrão
celestial. Quando o fazemos, podemos receber abundância plena,
sermos produtivos e desfrutarmos todos
os benefícios e as recompensas da vida no Reino de Deus.
O Reino dos céus dispõe de tudo que podemos necessitar ou
de sejar. O Senhor anseia que desfrutemos isso. Entretanto, nossa
vida tem de estar de acordo com o prumo do Criador. Apenas
nascer de novo não é suficiente. Esse é o primeiro passo, porque
Ele nos faz ingressar no Reino. Todavia, nosso acesso aos recursos
celestiais vem na medida em que desenvolvemos a justiça na
prática.
Corno você se encontra em comparação a esse padrão? Se
Deus colocar a linha de prumo celestial ao lado de sua vida, qual
será o resultado? Você estará em consonância com Ele?

1. Recebemos na proporção direta daquilo que damos.


2. Quando desfrutamos a graça do Rei, não temos de trabalhar por
aquilo que Ele nos concede.
3. A busca da justiça é o segredo da maturidade, da compreensão e
126
do discernimento sobre a vida no Reino de Deus.
127

4. Se não nos comprometemos genuinamente a buscar uma vida de


justiça, nunca amadureceremos.
5. Quando buscamos ativamente a justiça em nossa vida diária, obe
decendo à ordem de Cristo, desfrutamos um nível de segurança e
proteção que as pessoas que não pertencem ao Reino não possuem.
6. Se permanecermos na posição correta diante de Deus, Ele nos dá
uma promoção em todas as situações que enfrentamos.
7. Quando a graça de Deus nos cerca, tudo que Ele deseja para nós
acontece.
8. A justiça é um escudo muito forte que nos protege até mesmo do
desastre.
9. Estar sob a proteção e a graça de Deus significa não apenas que
Ele cuida de nós, mas també1n que ouve o que dize1nos.
10. Desde que estejamos em consonância com o Senhor, Ele nos
livra de qualquer proble1na.
11. A justiça é o segredo da prosperidade.
12. A justiça traz benefícios por proteger-nos do julgamento de
Deus.
13. Buscar a justiça do Senhor significa que ajustamos nossa vida,
nossas atitudes e nossos comportamentos até que estejamos de
acordo com o padrão celestial.
128

Capítulo 8

ve,e 7an:v od hen,1,

Quem baseia seu valor pessoal nos bens que possui tem de
garantir que nunca irá perdê-los.

Um dos motivos de muitas pessoas terem dificuldade de com


preender o conceito do Reino dos céus está no fato de que isso
exige delas uma transformação de mentalidade. Passar da pers
pectiva mundana para a visão do Reino requer uma mudança de
paradigma.
As prioridades do Reino de Deus são diferentes das do mundo.
Dignidade e valor são auferidos de maneira distinta. Muitas das
coi sas que o mw1do considera dignas são inúteis no âmbito
espiritual.
O mundo julga a grandeza pessoal em termos de dinheiro, poder e
-
influência, enquanto que no Reino o mais importante é a humildade
e um serviço altruísta.
A partir da perspectiva mundana, os bens são um fim em si
próprio. As pessoas buscam adquirir bens para satisfazerem seus
desejos egoístas, preencherem o vazio em seu coração e impressio
narem outras pessoas, bem como para melhorarem seu status e sua
posição aos olhos da sociedade. Para os súditos do Reino, em con
trapartida, os bens são um meio, meros subprodutos de uma vida
justa, e que devem ser usados não para satisfação egoísta, mas para
abençoar outros.
128

A sedução dos bens


A humanidade é motivada, estimulada e mostra-se preocupa
da com a busca de bens materiais. Poucas coisas neste mundo
são mais sedutoras ao coração do ser humano do que o
materialismo. A avareza das pessoas é um dos mais fortes
fatores de motivação do comportamento humano, geralmente
superando até o amor e a lealdade familiar. Fora do Reino de
Deus, praticamente todas as atitudes dos seres humanos podem
ser relacionadas co1n a busca por bens materiais. Basicamente é
isso que influencia a cultura humana.
Tudo que as pessoas fazem na vida destina-se a conseguir mais
bens. Pense sobre isso. Por que trabalhamos? Para continuarmos
sen do capazes de comprar coisas. Por que tanta gente procura
casar com alguém rico? Para ter acesso a mais conforto. Por que
tantas pessoas compro1netem seus princípios e aceitam dormir com
o patrão? Não é por amor. Simplesmente estão tentando obter
vantagem e chegar a uma posição em que terão mais poder e
influência, o que se traduz em mais dinheiro para comprar mais
coisas.
A religião não é de grande ajuda, porque tem sido corro1npida
pela mes1na sedução. Orações religiosas, que inclue1n as petições de
muitos cristãos, enfocam bens materiais. Um número muito grande
de pessoas considera a oração uma mera lista de compras que apre
sentam a Deus: ;/Senhor, quero isso. Pai, preciso daquilo. Deus, por
favor, dê-me isto".
Como se essas ações materialistas não fossem ruins o
suficiente, a maioria das pessoas também tem u1na fé que enfoca os
bens mate riais. Mesmo na igreja existem aqueles cuja motivação
para seguir a Cristo baseia-se naquilo que desejam conseguir do
Senhor. Crer que Deus suprirá nossas necessidades é uma atitude
cristã e admirável, 1nas muitos cristãos levam esse conceito longe
demais, fazendo das coisas, e não de Cristo, o objeto de sua fé.
129

Todas as religiões humanas são elaboradas sobre a promessa


de aquisição de bens: uma boa colheita, o favor dos deuses, vitória
sobre os inimigos, saúde, grandes riquezas, iluminação espiritual,
controle ou manipulação do ambiente etc. Cristãos religiosos agem da
mesma maneira, exceto os que confiam em Jesus para conseguirem
o que desejam. Em vez de encararem Cristo e seu Reino como um fim
ou o objetivo de sua fé, simplesmente o usam como um meio para
obterem o que realmente desejam - bens materiais.
A humanidade como um todo insiste nessa loucura coletiva de
continuamente buscar algo que apenas trará sofrin1ento,
desaponta mento, insatisfação e destruição. Os bens são a fonte
dos problemas mundiais. Crime, doença, depressão, ciúme, cobiça,
malícia, inveja, conflito, estresse. Na raiz de todos esses problemas,
e de muitos ou tros, está o desejo de adquirir bens materiais.
Por que os ladrões roubam? Por que os políticos aceitam
subor no? Por que os jovens de gangues atacam e até mes1no
mata1n um adolescente para conseguir tênis de marca? Por que
uma 1nulher vende o próprio corpo? Por que os empresários
fazem esquemas, adulteram os livros-caixa e falsificam faturas? Por
que um traficante distribui drogas para jovens até que estes se
viciem? Eles estão em busca de coisas.
A atração dos bens materiais é tão poderosa que até mesmo
muitos súditos do Reino, que uma vez foram bastante diligentes em
sua caminhada com Deus e na busca da justificação, acabara1n sendo
seduzidos. Antigamente os víamos na igreja sempre que as portas
estavam abertas, nos cultos, nas reuniões de oração, nos estudos
bíblicos, participando em algum departamento. Agora quase não os
vemos por perto.
Quando perguntamos o que aconteceu, eles têm sempre uma des
culpa pronta: "Você sabe como é. Os tempos estão difíceis. A econo
n1ia passa por problemas, e eu tenho de cuidar da minha empresa. Não
130

tenho tempo para a igreja. Tenho de conseguir lucro. Quando ajuntar


um pouco de dinheiro, eu volto e darei uma oferta para Deus".
Ou então: "Tenho de fazer o máximo de horas extras que
puder. Acabamos de comprar um carro novo, e eu preciso pagar
as parce las do financiamento". Ou ainda: "Tive de conseguir um
segundo emprego, porque o primeiro não estava me pagando o
suficiente, e nessa nova ocupação tenho de trabalhar aos
domingos".
Ao fazerem isso, deixam a posição de justificação e isolam-se das
bênçãos, dos benefícios, da graça, da proteção e da p omoção que
lhes pertence por direito como súditos d.oReino. Lembremos,
po rém, que a busca ativa e constante da justiça é o segredo para termos
acesso a todas as coisas. Em vez de honrar e obedecer a Deus em
tudo, essas pessoas transformam os bens materiais em seu deus.
Se ao menos elas acolhessem no coração a verdade e a sabedoria
do antigo provérbio hebreu que afirma: A bênção do SENHOR é que
en riquece, e ele não acrescenta dores (Pv 10.22). Prosperidade sem
pressão! Riqueza sem preocupação! Tesouros sem problemas! Essa é
a reali dade daqueles que vivem no Reino, de acordo com as leis do
Rei que é o dono de tudo.
Lembremos que o Reino contém tudo de que os súditos necessi
tam. E todos têm acesso por direito de cidadania a qualquer recurso
celestial enquanto estiverem buscando o Reino e a justiça de Deus e
não os bens materiais. Essa é a cura para o poder sedutor e perigoso
dos bens.

A resposta para a motivação humana


Por que esse estímulo para se buscar bens é tão forte? Porque
cremos que eles satisfarão nossas necessidades básicas. Não
existe dúvida de que a satisfação das necessidades pessoais é a
motivação derradeira de todo o comportamento humano. O
problema da hu manidade, porém, é que, em nossos esforços para
131
satisfazer essas
132

necessidades, gastamos todo nosso tempo, nossas energias e nossos


recursos em busca de bens materiais que não nos trarão satisfação.
Por quê? Porque buscamos as coisas erradas e tentamos encontrar
satisfação nos lugares errados.
Deus nos criou para viver em seu Reino e apenas ali encontra
remos contentamento. O Reino de Deus é a resposta definitiva para
nossas necessidades. Ele satisfaz nosso anseio e soluciona todos os
nossos problemas. Tudo o que os seres humanos buscam encontra-
se no Reino de Deus. Tudo!
Vejamos a seguinte analogia: o Reino de Deus é a árvore, e as
necessidades das pessoas são os frutos. Muitas pessoas compram
frutos no supermercado ou na quitanda. Isso dá certo desde que o
suprimento não seja interrompido. O que acontece se os fornecedo
res deixarem de produzir ou ocorrer uma escassez? Repentinamente
o acesso às frutas fica inviável. Se desejarmos garantir um
suprimen to contínuo de frutas, não seria melhor cultivar uma
árvore? Dessa maneira, elas estariam disponíveis sempre que
desejássemos.
Este mundo é como um supermercado em que todos deve1n com
petir por alguns recursos limitados. Entretanto, não existe competi ção
no Reino de Deus, porque os bens de lá são ilimitados. Todos os
súditos do_Reino podem ter sua própria árvore com seu suprimen to
ininterrupto de frutas. Quando Jesus disse: Não andeis cuidadosos
quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou. pelo que haveis de
beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir, estava na
verdade perguntando: "Por que vocês vão em busca de frutos e
co1npetem uns com os outros, quando podem ter uma árvore?
Busquem em pri meiro lugar a árvore e todos os frutos virão
juntamente com ela".
Em uma analogia semelhante, o Reino de Deus é a fonte e todas
essas coisas são os recursos. Por que gastar tempo e energia
correndo atrás de recursos quando a cidadania e a justiça do Reino nos
133
dão acesso ilinütado à fonte? Não devemos viver com base en1
recursos
134

ou na dependência deles, porque estes podem esgotar-se. Se


estivermos conectados em Deus, a fonte, os recursos nunca cessarão.
A busca de bens materiais não traz satisfação, por causa de uma
simples verdade: não precisamos de bens para ter a vida; precisamos da
vida para alcançar os bens. Muitas pessoas estão obcecadas com a
aquisição de bens materiais, porque retiram deles seu senso de
dignidade e valor pessoal. Precisam de um carro muito bonito para se
sentirem im portantes. Têm de usar roupas de marca para melhorar
sua imagem. Precisam comprar todos os lançamentos, porque isso lh s
dá satisfação. O valor e a importância pessoal não estão em bens
materiais.
Nosso valor e nossa dignidade pessoal derivam de que1n somos,
e não do que temos. Nosso valor é inestünável aos olhos de Deus, in
dependente de nossas posses. Jesus utilizou o exemplo dos pássaros e
a maneira como o Senhor os alimenta, uma vez que eles não
se1neiam nem segam, nem ajuntam em celeiros (Mt 6.26).
1

O Senhor lhes dá o ninho e o alimento, simplesmente porque


são pássaros e precisam dessas coisas. Então Jesus pergunta:
Vocês não são mais valiosos do que pássaros?'1 Em outras
11

palavras: ''Se Deus supre as necessidades das aves porque são aves,
não suprirá as suas necessidades por causa de quem são seres hu1nanos
1

criados à imagem dele, e 1nuito mais valiosos do que pássaros?' 1

Nossa importância intrínseca atrai bens materiais. Deus não


nos dá coisas para nos fazer importantes, mas sim porque somos
impor tantes. Em vez de focarmos os bens, temos de buscar o Reino -
nossas credenciais de cidadania - e a justiça. Pois quando estamos
justificados, o Senhor nos fornece tudo que considera necessário e
apropriado a nós. É por isso que os governos terrenos fornecem aos
seus embaixa dores uma limusine co1n chofer para as atividades
oficiais em vez de deixá-los andando de motocicleta.
Note que a questão não se concentra nos bens materiais, mas
135
em viver em prol do Reino. Se apenas nos preocupamos com
coisas,
136

ficamos à nossa própria sorte e temos de competir com os ímpios.


No entanto, se temos seriedade em servir e representar o Reino do
Senhor com justiça, Deus garantirá que não tenhamos de servi-lo de
maneira precária. O intento do Senhor é proporcionar-nos
satisfação sem frustração.
Todo ser humano deseja bens materiais. Esse é um anseio dado
por Deus, portanto, correto. O errado é transformar os bens em deuses.
O Senhor deseja que tenhamos tudo isso, mas também quer mostrar-nos
con10 adquirir os bens da maneira correta e com o espírito apropriado.
Ele deseja que tenhamos fartura, mas não que nos envolvamos em
uma perseguição por coisas à custa de nosso relacionamento com
Deus. O Criador conhece nossos anseios, mas não quer que esse
desejo controle nossa vida.

O acesso ao direito de cidadania


O acesso aos bens do Rei está disponível a todos os súditos por
direito. Esses direitos são garantidos por lei. Os súditos não têm de
implorar, agradar a Deus ou manipulá-lo para conseguirem o que já
é deles. Caso os direitos legítimos de um cidadão sejam negados,
seja por erro ou por malícia de alguén1, a pessoa pode fazer uma
petição ao governo em um tribunal de justiça para ter seus direitos
restaura dos e preservados.
Esse é um dos principais motivos por que muitos cristãos estão
presos a uma mentalidade religiosa e não vêem os benefícios da
pros peridade e a produtividade do Reino manifestar-se em sua
vida. Eles acham que, para terem acesso ao Reino, precisam
suplicar em vez de obter os recursos celestiais com base em seu
direito de súditos. Aque les que apenas implorain podem ter seu
pedido negado, porque não têm um status legal. Suas petições
ficam à mercê da benevolência da autoridade governamental. Os
cidadãos ou súditos, em contrapartida, são entidades legais. Os
cidadãos podem exigir que o governo aja
137

a seu favor. Por lei, eles possuem direitos e nem mesmo o governo
pode negá-los.
Existem pessoas que são tão ignorantes a respeito de sua
condi ção de cidadania que o sistema passa a controlar sua vida, e
elas nem sequer se dão conta disso. Muitas delas vivem tendo seus
direitos ne gados, direitos que nem conhecem. Por isso é tão
importante que os cidadãos leiam a constituição de seu país, para
compreender como o governo opera, e saber quais são seus
direitos de acordo com a lei. Muitos obstáculos podem ser
superados simplesmente com base no conhecimento - e na
declaração - de nossos direitos.
Em 1980, nos primeiros anos de meu ministério em Bahamas,
o Senhor me estimulou a criar um programa no rádio. Fiz um
pedido formal à autoridade governamental competente dizendo
que deseja va ter um programa diurno, no meio da semana. Fui
informado que a transmissão de programas religiosos não poderia
ocorrer durante o dia. Todos os programas religiosos eram relegados
aos domingos de ma drugada, o que significava que iriain ao ar entre
uma e cinco da manhã, quando ninguém estaria acordado a não ser
alguns profissionais.
Insisti em meu pedido, afirmando que desejava transmitir o
pro grama às 17h de toda quinta-feira, para que as pessoas que
estivessem voltando para casa de carro pudessem ouvir. Mais uma
vez me disseram que não seria possível.
Foi então que tive um encontro pessoal com a autoridade
gover namental que tratava do assunto. Assentei-me diante dele e
ouvi o seguinte: "Sinto muito, Myles, não podemos fazer isso".
"Deixe-me começar outra vez", respondi. "Em primeiro lugar, sou
cidadão desse país. Em segundo, não infringi nenhuma lei. Terceiro,
tenho um produto que desejo oferecer às pessoas. Em quarto lugar,
tenho direito de realizar negócios na minha comunidade desde que
138
eu não infrinja nenhuma lei. E, quinto, você está aqui para me
servir e não o contrário".
139

Corno conseqüência, meu pedido para ter um programa de


rádio no meio da semana foi parar no Parlamento. Eu estava me
preparan do para processar o governo, porque era um cidadão cujos
direitos estavam sendo negados sem justa causa. Não apelei para a
religião. Simplesmente disse: "Sou cidadão e tenho o direito de
realizar qual quer negócio. Vocês não podem dizer-me quando ou
onde oferecer meu produto".
Por fim, tiveram de mudar a lei. Em toda a história de
Bahamas, nosso ministério foi o primeiro a transmitir un1
programa cristão diurno no meio da semana.
Vários anos depois, tivemos de passar por todo esse processo de
novo quando nos preparávamos para divulgar o ministério na
televisão. Novamente tive de defender meus direitos de cidadão. E,
mais uma vez, nosso ministério foi o primeiro no país a ter um
programa de televisão durante a semana.
Nessas duas circunstâncias, eu não discuti a partir de uma
perspectiva religiosa. Não implorei, nem fiz agrados, e tampouco mani
pulei pessoas. Simplesmente apelei para meus direitos como cidadão.
Eu me baseei no código da lei, a constituição.
A cidadania é bastante poderosa. Ela nos dá acesso a todos os
di reitos cons antes da lei, e nem mesmo o governo pode negar-nos
isso.
O Reino de Deus opera da mesma maneira (exceto que,
diferente de muitos governos terrenos, não hesita nem se mostra
relutante para honrar os direitos de seus súditos). Quando nos
colocamos diante de Deus com a constituição do Reino nas mãos e
dizemos: "Assim diz a constituição [as Sagradas Escrituras]", o Rei
nos apóia. Deus zela por Sua palavra, Seu nome e Sua integridade,
então o acesso aos bens celestiais torna-se uma questão de
conhecimento e de exigência de nossos direitos. Não há
necessidade de implorarmos. Simplesmente temos de manter o
canal limpo - permanecer justificados - e pode remos esperar com
140
confiança para receber tudo que Ele prometeu.
136

A busca de bens materiais desonra o rei


É errado viver em busca de bens materiais em um reino, porque
isso desonra o rei. Em primeiro lugar, é uma expressão de descon
fiança em relação ao monarca. Se desejamos apenas nosso próprio
bem-estar querendo adquirir as coisas de que necessitamos, estamos
dizendo que não confiamos na capacidade do rei para cuidar de seus
súditos.
Lembremos que u1n reino é diferente de urna democracia.
Neste regime democrático, os cidadãos cuidam de si própri9s. O
governo fornece o ambiente no qual podemos obter sucesso, mas
basicamente dependemos de nós mesmos para suprir nossas
necessidades, bem como para alcançar satisfação e ter acesso aos
caprichos da vida. Em um reino ocorre o contrário. A cidadania é
concedida pelo rei, e, uma vez que o monarca tenha escolhido os
súditos, ele se torna automati ca1nente obrigado a sustentá-los.
De muitas maneiras, isso se assemelha a um relacionamento
en tre pai e filhos. Imagine se seus filhos viessem até você todos os
dias com a mesma pergunta: i/0 senhor nos dará comida hoje?
Teremos algo para beber? Poderemos vestir roupas boas hoje?"
Como pai ou mãe, você ficaria desapontado e talvez até ressen
tido com essa de1nonstração de falta de fé em sua capacidade e seu
compromisso de cuidar deles. É claro que terão o que comer, beber
e vestir! Você os gerou e ama-os, e tem a responsabilidade de
cuidar deles e suprir suas necessidades. Creio que Deus se sente da
mesma maneira quando vê muitos de nós constantemente
preocupados com o pão de cada dia e com outras necessidades,
como se fôssemos obri gados a satisfazê-las sozinhos.
Como súditos do Reino, somos filhos de Deus. Ele é nosso Pai
celestial e somos seus príncipes e princesas. Com um relacionamento
desses, como podemos perder algo? O Pai está obrigado a cuidar
de nós, enquanto que nós, como príncipes e princesas, temos o
direito
137

de esperar isso dele. Nem sequer precisamos pensar a respeito. Por


que então preocupar-nos?
A busca de bens em un1 reino não apenas demonstra descon
fiança, mas também é um insulto ao rei. É um ato de
desconfiança, porque lança dúvidas sobre a motivação e as
intenções do monar ca: "Será que ele realmente se importa
comigo? Será que cuidará de mim?" É um insulto, pois questiona
a capacidade do rei: "Será que realmente suprirá minhas
necessidades?" Um dos segredos para ter mos acesso aos bens do
Reino é estarmos totalmente confiantes de que Deus tem tanto a
capacidade como o desejo de dar-nos o que carecemos.
Um dia, quando meu filho ainda era garoto, estávamos
brincan do em casa. Ele havia subido na mesa e vinha correndo até
a beirada e pulava nos n1eus braços. Eu o pegava no ar e, então,
rían1os bas tante. Ele fez isso muitas vezes. Inesperadamente,
minha esposa me chamou, e eu me virei para olhar para ela. Nesse
meio tempo, meu filho veio correndo e pulou, embora eu estivesse
de costas para ele. Quando percebi o que ele havia feito,
imediatamente me virei e peguei-o no ar.
Mesmo estando de costas, meu filho continuava confiando que
eu o agarr ria e não deixaria que caísse ou se machucasse. Esse é o
tipo de confiança que nosso Pai celestial espera que
demonstremos, uma confiança infantil, não duvidando de que Ele
irá segurar-nos e cuidar de nós.
Algumas pessoas poderão dizer que essa confiança é u1n ato
11
irresponsável. Como você pode afirmar que não está preocupado
em pagar o financiamento imobiliário ou as prestações do carro?
Quem vai cuidar disso, se você não o fizer?" Uma coisa é trabalhar
co1n consciência e con1 o objetivo de prover para sua família;
outra be1n diferente é ficar se preocupando se essas necessidades
serão supridas.
138

Onde traçar a linha que separa a irresponsabilidade da confiança?


Depende em qual pessoa você deposita sua confiança. Confiar em
alguém com um histórico questionável é irresponsabilidade. Colocar
nossa fé naquele que é completa e totalmente fiel, em
contrapartida, é uma atitude responsável e sensata.
Nunca poderemos avançar no Reino de Deus sem confiança.
Haverá um momento em que nos daremos conta de que não há
nada nos sustentando a não ser o Altíssimo, e que, se Ele fracassar, nós
não teremos um plano B. Não se preocupe, quando o Senhor nos
protege, não há necessidade de plano B.

O acesso aos bens do Reino exige as chaves corretas


O segredo para termos acesso aos bens do Reino é possuir as
chaves corretas. Essas não são chaves no sentido literal, obviamente,
mas sim princípios que abrem as portas do céu. Jesus disse aos discí
pulos: E eu te darei as chaves do Reino dos céus (Mt 16.19a), referindo-
se aos códigos de acesso ou aos princípios que lhes permitiria utilizar
os bens reservados para eles.
Cada chave abre um tipo de fechadura. Isso te1n aplicação
tanto no céu como aqui na Terra. Toda nação tem leis e princípios
legais com base nos quais o país opera. Cada lei se aplica a un1
tipo de circunstância e privilégio. As leis que controlam o trânsito são
diferen tes das que governam os tribunais. As leis que determinam
o modus operandi das instituições médicas são distintas das que
estabelecem o funcionamento das instituições econômicas. Cada
parte do país tem leis diferentes que regulamentam aquela área. Se
obedecermos às leis, receberemos os privilégios da constituição. Caso
contrário, os benefícios serão cancelados.
Não é diferente no céu. O acesso aos bens celestiais exige as cha ves
corretas; o conhecimento e a aplicação dos princípios certos nos
permitem liberá-los. A posse das chaves de uma área não nos dá
139

necessariamente acesso à outra área. Por isso os discípulos de


Cristo não puderam expulsar u1n tipo específico de demônio.
Embora já tivessem feito o mesmo anteriormente, sob a autoridade
de Jesus, naquela ocasião eles fracassaram.
Quando perguntaram a Jesus por que isso havia acontecido, Ele
respondeu: Esta casta de demônios não se expulsa senão pela oração e
pelo jejum (Mt 17.21). Os discípulos não puderam expulsar o demônio,
porque naquele caso em particular não tinham as chaves corretas da
oração e do jejum.
Em princípio, o acesso aos bens do céu é bastante simples: se
utilizarmos as chaves corretas, poderemos pedir qualquer coisa. O
desafio surge quando temos de aprender sobre a natureza de várias
chaves e saber como e onde aplicá-las. Isso é muito importante,
por que, se não compreendermos como as chaves do Reino
funcionam, ficaremos constantemente frustrados e deprimidos,
possivelmente até supondo que Deus nos enganou. Já tive uma
experiência assun e sei como pode ser assustador.
Talvez você esteja em uma situação semelhante. Pode ser que
dizime, jejue, ore e adore ao Senhor. No entanto, nada parece
mudar. Não importa o quanto você seja sincero. Se estiver com a
chave erra da diante 9-e uma porta fechada, ela nunca abrirá. Daí
fica fácil cul par Deus. O problema não está no Altíssimo nem na
porta. A questão é que você está usando a chave errada.
Então, quais são as chaves que nos dão acesso aos bens do
Reino?

A obrigação divina
Em termos simples, as chaves que dão acesso aos bens do céu
consistem em buscarmos o Reino e a justiça de Deus. Priorize
essas duas coisas e, como disse Jesus, todas as outras - os bens do
Reino
140
- lhes serão acrescentadas. Entretanto, quais são todas essas coisas?
139

O que incluem? Elas englobam todas as dimensões da vida. Vejamos,


então, quais são elas:

• Todas as necessidades físicas - alimento, bebida, vestimen


tas, carro, casa, saúde.
• Todas as necessidades soc1a1s - nossos relacionamentos.
Deus colocará as pessoas corretas em nossa vida.
• Todas as necessidades emocionais - paz, tranqüilidade, um
espírito controlado para cada situação. Deus nos livra1a inveja,
do ciúme, da preocupação, do esforço inútil e da co1npetição.
• Todas as necessidades psicológicas - estabilidade. Ele nos
dará graça para evitar que fiquemos estressados e desgastados,
evitando que tenhamos bastante estímulo em um dia e
fiquemos abatidos em outro. Não importa corno seja nosso dia
ou nossa semana. Seja ela boa ou ruim, nós nos manteremos
estáveis, sa bendo que Deus fará com que tudo opere para o
nosso bem (veja Rrn 8.28).
• Todas as necessidades financeiras - riqueza. Isso inclui
tan to a riqueza material corno a espirituat tanto os bens
tangí veis como os intangíveis, o visível e o invisível.
• Todas as necessidades de segurança - proteção. Deus pro
tege os justos e nunca nos deixa nem nos abandona. Sempre
tem Seus olhos voltados para nosso bem.
• Nossa necessidade de significado pessoal - nosso valor.
Deus afirma: "Restituirei o seu valor. Farei com que você
perceba que tem importância. Você é infinitamente valioso
para mim e devolver-lhe-ei esse senso de valor próprio".
• Todo nosso senso de propósito - visão. Em vez de enfocar
os bens, novamente estaremos focalizando nossa tarefa e
seguindo em busca de nosso destino. Deixaremos de viver para
alcançar o sustento e passaremos a viver para fazer a
diferença.
141

Tudo isso nos será dado livremente pelo Rei dos bens mate riais,
o próprio Jesus Cristo, sobre quem está escrito: Todas as coisas foram
feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez (Jo 1.3). E tan1bém:
Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e
piedade pelo conhecimento daquele qite nos chamou por sua glória e
1

virtude (2 Pe 1.3).
O segre o para alcançarmos os bens do Reino caracteriza-se
e1n posição e disposição. Esta é a cidadania do Reino. Aquela é
nossa justificação. Obtenha, então a cidadania celestial, n1ante
1

nha um relacionamento correto com o Pat e tudo o mais lhe será


acrescentado.
Bens não são bênçãos mas subprodutos da cidadania do
1

Reino. Por isso, a busca exagerada por bens é incorreta. É como


colocar o carro na frente dos bois. Busque primeiramente o Reino
e a justiça de Deus. Coloque suas credenciais de cidadania em
ordem e to das as coisas virão até você - tudo aquilo de que
necessita, sem exceçao.

1. A busca'de coisas sempre é o foco errado.


2. A busca ativa e constante da justiça é o segredo para termos acesso
a todas as coisas.
3. O Reino de Deus é a resposta definitiva para nossas necessidades.
4. Não precisamos de bens para ter a vida; precisamos da vida
para alcançar os bens.
5. Nosso valor e nossa dignidade pessoal derivam de quem somos,
e não do que temos.
6. Deus não nos dá coisas para nos fazer importantes, mas sim porque
somos importantes.
142

7. A questão não se concentra nos bens materiais, mas em viver a


favor do Reino.
8. O intento do Senhor é proporcionar-nos satisfação sem frustração.
9. O acesso aos bens do Rei está disponível a todos os súditos por
direito.
10. As chaves que dão acesso aos bens do Reino consistem em buscar
o Reino e a justiça de Deus.
11. O segredo para alcançarmos os bens do Reino caracteriza-se em
posição e disposição. Esta é a cidadania do Reino. Aquela é nossa
justificação.
12. Bens não são bênçãos, mas subprodutos da cidadania do Reino.
Capítulo 9

O trabalho duro pode garantir-lhe o sustento, mas a submissão


aos princípios corretos acrescenta à sua vida.

Certa vez estava entrando em um avião e vi uma das comissárias


de bordo bocejando. (Ainda bem que não era o piloto!) Então, eu
disse: "Boa tarde! Como está você?"
//Estou cansada", respondeu ela.
"Por que está cansada?"
"Tenho dois empregos".
"E por que você precisa de dois empregos?", perguntei.
Ela disse: "Tenho de pagar as contas. Gosto das coisas boas
da vida".
"Então, você está com sono?"
"Sim", disse a jovem. "Saio deste emprego e vou para o outro
logo em seguida".
"E quando você descansa?"
"De vez em quando", respondeu ela. "Sempre que consigo tempo".
Aquela jovem estava correndo em busca de bens. Por quê? Porque
gosta das boas coisas da vida.
Entre os dois empregos e a tentativa de conseguir dormir sen1pre
que possível, quando será que ela terá tempo para desfrutar essas
coisas? Aquela aeromoça era jovem, mas não parecia. Estava cansada
e desgastada. A busca incessante por bens estava fazendo com que
ela envelhecesse prematuramente.
144

E a triste contestação é que ela não está sozinha. A n1aioria das


pessoas em nossa sociedade consumista se encontra na mesma si
tuação. Por causa da obsessão constante por bens materiais muitos
vivem cansados, distraídos, deprimidos, irritadiços e, se não estive
rem doentes, são grandes candidatos a sofrer de males causados
pelo estresse e pela ansiedade. A busca por bens afeta nossa saúde.
Jesus disse que não devemos viver assim. Ele afirmou que não
temos de trabalhar em função dos bens materiais. Tudo isto virá até
nós no curso natural da vida de acordo com o desígni e a intenção
do Senhor. O motivo por que isso acontece é que muitos não com
preende1n o Reino de Deus e co1no ele opera. O propósito deste
livro é pôr fim à falta de entendimento, demonstrando como é
possível alcançar satisfação sem frustração.
Devemos compreender o Reino de Deus para evitar o erro de
buscá-lo sirnples1nente por seus benefícios. Às vezes lidamos com
a fé como se ela fosse um bilhete de loteria, achando que basta
jogar mos direito para ganhar o grande prêmio. E o abuso da
mensagem do Reino é igualmente fácil.
As bênçãos e a provisão são uma parte real, natural e fundamental
da vida no Reino de Deus, mas, se não tivermos cuidado, podemos
terminar transformando isso no objeto de nossa fé em vez de em seu
subproduto.
Ao longo deste livro, tenho falado sobre como todas as coisas
se rão acrescentadas àqueles que buscam o Reino e a justiça de Deus
em primeiro lugar. Pode1nos chamar isso de o princípio do
acréscimo. Va mos examiná-lo com mais detalhes. Fazendo isso,
poderemos com
preender melhor o plano do Rei para a provisão de seus súditos.
#

As duas prioridades de Deus


Quando Jesus apareceu em cena pregando o evangelho do
Reino dos céus, Ele reduziu todas as preocupações, as questões e os
145
desejos da humanidade a duas prioridades bastante profundas: (1)
buscar o
146

Reino de Deus e (2) buscar a justiça do Criador. Essas duas


priorida des são extremamente importantes; tudo o mais é
secundário.
Com essa simples mensagem, Jesus lançou por terra todos os
motivos que a maioria de nós tem para trabalhar todos os dias. Ele
anulou todas as coisas que nos motivam a sair da cama de manhã.
Em vez de trabalhar para viver, deven1os trabalhar a favor do Reino
e em busca da justiça. Se fizermos isso, como promete Jesus, Deus
acrescentará tudo o mais a nós. Os bens virão até nós sem que te
nhamos de esforçar-nos ou preocupar-nos con1 eles.
Essa é a maneira de pensar e viver no Reino. No entanto, esta
mos tão fortemente programados para nos preocupar todos os dias
com nossas provisões que é difícil aprendermos a pensar de outro
modo. Deus deseja suprir nossas necessidades, mas enquanto insis
tirmos em cuidar disso com nosso próprio esforço, estaremos atando
as mãos do Senhor. Em outras palavras, enquanto persistinnos em
fazer do nosso jeito, nunca poderemos abrir a porta e ter acesso
aos bens abundantes do Reino dos céus.
A auto-suficiência e o esforço são as chaves erradas. A disposição
(a cidadania no Reino) e a posição (justificação) são as chaves que
abrem essa porta. Se desejarmos fazer o princípio do acréscimo trabalhar
a nosso favor, primeiro precisamos tomar-nos súditos do Reino por
meio do novo nasciinento pela fé e1n Cristo e, em segundo lugar, estar
em conso nância com as leis do Reino. Se estes dois requisitos
estiverem presentes, o Rei acrescentará tudo o mais à nossa vida.
O princípio do acréscimo opera con1 base na obediência: a
observância fiel às leis do Reino e um viver santo. Esses são os mesmos
padrões que Deus sempre exigiu de seu povo. Vejamos as palavras
de Moisés aos israelitas:

Converter-te-ás, pois, e darás ouvidos à voz do SENHOR; farás


todos os seus mandanzentos, que hoje te ordeno. E o SENHOR,
teu Deus, te dará abundância em toda obra das tuas mãos, no
145

fruto do teu ventre, e no fruto dos teus animais, e no fruto da


tua terra para bem; porquanto o SENHOR tornará a alegrar-se
em ti para bem, como se alegrou em teus pais; quando deres
ouvidos à voz do SENHOR., teu Deus, guardando os seus
mandarnentos e os seus estatutos, escritos neste livro da Lei,
quando te con verteres ao SENHOR, teu Deus, com todo o teu
coração e com toda a tua alma.

Deuteronômio 30.8-10

Os fi1hos de Israel estavam a leste do rio Jordão, prestes a cruzá-


lo e tomar posse de Canaã, a terra que Deus havia prometido desde
os dias de Abraão. Eles passaram 40 anos como nômades no deserto,
um período no qual a geração mais antiga, que já havia chegado à
idade adulta quando deixou o Egito, morreu devido à sua rebeldia
contra Deus.
Agora o Senhor renova sua promessa para a geração seguinte.
Por isso, Moisés disse: O SENHOR tornará a alegrar-se em ti. Deus
prometeu novamente fazê-los prosperar em tudo: no traba1ho, na
vida familiar e nas colheitas. Em suma, o Senhor garantiu que supriria
as necessidades deles de todas as maneiras. A exigência era que eles
obedecessem às ordenanças do Criador, amando-o de todo o coração.
Ele faz essa mesma exigência a nós atuahnente. Não podemos
esperar que Deus acrescente qualquer bem à nossa vida se estiver-
1nos em pecado. Muitos se esforçam para pagar as contas todo
mês, porque não estão vivendo da maneira correta.
Apenas adorá-lo não é suficiente. E também não basta apenas
orar. Um viver correto implica romper deliberadamente com o peca do,
confessar nossos erros e comprometermo-nos a obedecer às leis
de Deus. Para isso, temos de deixar de lado a desonestidade, a
147

imoralidade, o linguajar chulo, a fofoca, a calúnia, o engano, a


inveja, o ciúme, o orgulho, as ambições egoístas e a mentira.

A estratégia divina para a provisão


Para liberarmos a provisão divina em nossa vida, primeiro
deve mos romper com a mentalidade tradicional que afirma que, se
não nos esforçarmos e concentrarmos todas as nossas energias em
suprir nossas necessidades diárias, elas não serão satisfeitas.
Talvez você esteja se sentindo assim. Talvez considere estranha
a idéia de buscar o Reino e a justiça de Deus em primeiro lugar e
deixar tudo o mais para Ele realizar. Isso não significa que você
não trabalhará para sustentar sua família; quer dizer apenas que não
fi cará obcecado em suprir suas necessidades. Em vez disso,
buscará obedecer ao Senhor em sua vida diária, confiando nele para
lhe for necer o que prometeu.
O Rei dos reis deseja pagar suas contas. Ele sabe que você
preci sa ter o que comer, o que beber e onde se abrigar. O Criador
deseja que você tenha uma casa agradável e adequada à sua família;
que consiga comprar um carro ou uma motocicleta; que satisfaça
todos os desejos do seu coração.
Na verdade o Todo-poderoso anseia que você realize seus
1

so nhos mais elevados, porque foi Ele quem os colocou em seu


coração. No entanto, o Rei dos céus não deseja que você ponha
seus sonhos e desejos à frente dele. Por isso, Jesus disse que
todas essas coisas nos serão acrescentadas.
Mas o que exatamente significa esse acréscimo? Quando Deus
acrescenta algo à nossa vida isso quer dizer que:
1. Iremos atrair bens. Eles nos serão acrescentados con10 se
~
fôssemos um1 ma .
I

2. Os bens virão ao nosso encontro. Não teremos de correr atrás


deles.
148

3. Os bens virão à nossa vida. Eles poderão aparecer repentinamente,


sem que estejamos aguardando, e geralmente de uma fonte ou
direção inesperadas.
4. Os bens virão sem estresse. Algumas pessoas estão tão cansadas
de trabalhar e1n busca do que desejam que, quando finalmente
alcançam, percebem estar cansadas demais para desfrutar o que
conseguiram. Isso é tolice. Devemos gozar a vida em vez de
ficarmos estressados. Quando Deus acrescentar algo a nós, fará isso
sem gerar estresse.
5. Os bens nos serão dados como favor ou recompen a, como um
presente, e não algo que conquistamos.
6. Os bens virão sem esforço. Não teremos de lutar nem competir
para manter o padrão. Quando eles chegarem, não exigirão esforço
de nós.
7. Os bens fluirão naturalmente. Quando algo for acrescentado à
nossa vida, virá naturalmente, corno se fosse inevitável.
8. Os bens nos serão dados à medida que necessitarmos. Lembremos
que Deus nos dá algo não para nosso benefício egoísta, mas para
cum prir seu propósito. Se não precisamos de determinada coisa, não
devemos ficar surpresos de não a recebermos antes de necessitarmos
dela.
9. Não teremos de perseguir os bens. Quando buscarmos o Reino
e a justiça de Deus, não teremos tempo para enfocar outras coisas como
nossa principal prioridade. Por isso, Deus dará tudo a nós.
10. Os bens não serão nossa fonte. Os bens materiais são
ferramentas, recursos para serem usados para expandir o Reino de
Deus nesta terra. Não devemos encará-los como nossa fonte de
felicidade, valor próprio ou satisfação. O Senhor é a fonte. Busque
nele.

O princípio do acréscimo
O princípio do acréscimo baseia-se em quatro verdades bastante
149
significativas, que são características singulares dos reinos. Todas as
quatro dizem respeito ao relacionamento que existe entre o Rei e os
seus súditos.
150

1. Tudo de que necessitamos para sobreviver e viver é


obrigação do rei
Em uma democracia, cada cidadão te1n de conseguir seu sus
tento e fazer isso à sua própria maneira. O governo tenta criar um
ambiente no qual todos nós possamos ser bem-sucedidos, mas não
te1n responsabilidade direta pelo cuidado e o bem-estar dos
cidadãos e1n nível pessoal. O sucesso varia de acordo com a
educação, a 1noti vação, as oportunidades e vários outros fatores.
Por isso em qualquer sociedade democrática há ricos, pobres e
pessoas de classe média.
Comparemos essa sih1ação com a de um Reino, em que o cuidado
e o bem-estar de todo súdito é responsabilidade direta e pessoal do
rei. Obviamente, isso não significa que ele visitará cada pessoa e
cui dará de cada necessidade - um rei sabe delegar
responsabilidades
- , mas significa que a responsabilidade geral é dele.
Se algum súdito tem falta de algo em sua vida, isso reflete ne
gativamente no rei e na qualidade de seu reinado. Portanto, um rei
tem grande interesse em garantir que todos os súditos prosperen1,
porque um povo próspero toma o reino próspero, trazendo, assim,
glória para o rei.
Na verdade, o rei é obrigado a cuidar de seus súditos, porque é
dono de tudo em seu reino. As pessoas não têm nada a menos que o
monarca lhes dê. Como conseqüência - de 1naneira distinta de uma
democracia - não existem pobres em um reino genuíno. Nenhuma
pessoa é pobre, porque ninguém é dono de nada. Entretanto, todos
os súditos têm igual acesso aos bens do rei.
Obviamente estamos falando de um reino idealizado, um reino
perfeito con1um rei perfeito, onipotente e benevolente, que sempre tra
balha para pron1over o bem-estar máximo de seus súditos. É claro que
não há nenhum exemplo de reino assim entre os governos terrenos.
151
Apenas o Reino dos céus e o seu Rei satisfazem esses critérios. Ele pro
mete suprir as necessidades e garantir o bem-estar de seu povo.
152

2. As necessidades da vida são responsabilidade do rei e não


dos súditos
U1na democracia é estabelecida com base nos princípios capita
listas e nas normas de livre mercado. Quem vive em um estado de-
1nocrático pode construir sua vida e desfrutá-la no nível que desejar.
Na verdade, o indivíduo é forçado a isso, porque ninguém o fará por
ele. No entanto, muita gente, inclusive vários cristãos, tem tentado
alcançar o sucesso, 1nas sem resultado.
A correria e o esforço diários realmente deixam as pes?oas abatidas.
Vivem em um esforço continuo, com o dinheiro sempre escasso, e
não vêem solução para suas circunstâncias.A sabedoria popular diz: "Vá
em busca do seu pedaço do bolo", entretanto, esse bolo é tão pequeno
que parece não haver o suficiente para todos. Como conseqüência, a
maioria das pessoas vive e morre tendo provado apenas migalhas.
Esse é o sistema em que vivemos neste mundo, mas Jesus disse:
"Está tudo errado! Vocês são súditos do Reino. Não precisam buscar
as provisões para sua vida. Isso é tarefa minha. Deixem de
preocupar se a respeito disso. Eu cuido de vocês! Sei que é difícil
romper com o sistema do mundo, porque ele foi elaborado para gerar
dependência. No entanto, larguem-no de lado. Aprendam a depender
de mim".
Alguns podem imaginar que estou aconselhando as pessoas a
serem irresponsáveis. De maneira nenhuma! Na verdade,
incentivo a todos a tornarem-se mais responsáveis por confiarem
no Rei. É ne cessário mais responsabilidade para viver no Reino
dos céus do que de acordo com o sistema do mundo.

3. A graça é a provisão não merecida concedida pelo rei


O Reino de Deus não funciona com base no sistema de
salários. Isso é bom, porque ninguém jamais poderia comprar uma
passagem para o céu. A vida eterna não está disponível a nós, está
153
totalmente fora do alcance, a menos que nos seja dada
(acrescentada) como u1n
151

presente. E foi exatamente isso que Deus fez: Porque o salário do peca
do é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus,
nosso Senhor (Rm 6.23).
A dádiva da provisão não merecida de Deus chama-se graça. Ele
nos dá porque decidiu fazê-lo, e não por que merecemos. Aquilo que
re cebemos no Reino não vem por termos trabalhado em busca disso.
Tudo pelo que batalhamos constitui um pagamento e não um
acréscnno. Os acréscimos nunca são concedidos com base no
merecimento pessoal.
No entanto, continuamos trabalhando e esforçando-nos para ga
rantir os bens de que necessitamos e desejamos, e ficamos pergun
tando por que o Reino dos céus não dá resultado para nós. A
respos ta é muito simples: o Reino de Deus não funciona com base em
obras; ele opera com base na graça. Só podemos esperar receber a
provisão do Rei se aprendermos a viver de acordo com o sistema do
Reino.

4. O ser humano não foi criado para viver em busca de


provisões, mas pela influência do céu nesta terra
Nosso propósito neste mundo como súditos e embaixadores do
Reino é difundir o conhecimento e a influência do Reino de Deus.
A busca de provisões pessoais nunca foi parte do plano do Senhor.
Foi por isso que Jesus disse: Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que
come remos ou que beberemos ou com que nos vestiremos? [...] Decerto, vosso
Pai celestial bem sabe que necessitais de todas essas coisas. Quando estamos
envolvidos com os propósitos do Reino, o Todo-poderoso nos dá o
que necessita1nos para cumprir nossa tarefa.
O Pai Nosso (ou a oração modelo) presente em Mateus 6.9-13, que
Jesus utilizou para incitar seus discípulos a orar, tem apenas uma
sentença relacionada com provisões pessoais: O pão nosso de cada
dia dá-nos hoje (Mt 6.11). Essa frase serve para orientar corretamente
nosso coração e nossa mente com relação Àquele que é nossa
152
verdadeira fonte e nosso provedor.
151
O foco de nossas orações deve ser: Pai nosso, que estás nos céus,
santificado seja o teu nonze. Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade,
tanto na terra corno no céu (Mt 6.9,10). Em outras palavras, devemos
orar (e trabalhar) em prol da influência do Reino, para expandi-lo
por toda a terra, deixando que o Rei cuide da logística. O Senhor não
deseja que vivamos en1 busca de bens1 mas em busca da influência
divina neste mundo.

A provisão divina e o propósito do Reino


A provisão divina é u1n subproduto da obediência. Ela hão é um sa
lário pago por trabalho realizado ou por serviços prestados. Jesus
prometeu que, se buscarn1os o Reino e a justiça de Deus, todas as
provisões de que necessitamos para a vida nos serão acrescentadas.
Tudo que for necessário para que vivamos de maneira justa como sú
ditos do Reino nos será fornecido. Entretanto1 nosso coração e
nossa 1nente, nossa vontade e nosso desejo devem estar submissos
ao Rei.
A obediência envolve muito mais do que u1na simples aderência
às regras e aos regulamentos ou à mera mudança de comportamen
to. Poden1os ter atitudes corretas e ainda assim possuir um
coração rebelde e desobediente. Esse é um proble1na bastante
antigo, que re monta ao jarditn do Éden.
Não é à toa que o profeta hebreu Isaías registrou a seguinte re
clamação de Deus a respeito de seu povo: Porque o Senhor disse: Pois
que este povo se aproxima de mínz e, com a boca e com os lábios, 1ne
honra, nzas o seu coraçlio se afasta para longe de rnim, e o seu temor
para conúgo consiste só ern mandamentos de honzens, em que foi
instruído (Is 29.13). No que diz respeito ao Senhor, a obediência externa
de um coração desobediente não é obediência genuína.
A obediência que libera a provisão do Reino co1neça no coração
e manifesta-se externamente. Em outras palavras, a verdadeira
obediên cia é resultado de um coração obediente. A obediência falsa,
154
meramente
153

externa, não passa de um estratagema para tentar manipular Deus a


dar-nos o que desejamos, e esse plano fracassa sempre.
Por isso1nuitos cristãos vivem perplexos. Eles vão à igreja,
lêem a Bíblia, oram, dão o dízimo e dedicam parte de seu tempo à
con gregação, porém, nada parece dar resultado. Os depósitos
celestiais parecem estar fechados. Qual o n1otivo disso? Eles não
levam uma vida correta. Seu coração não está limpo diante de
Deus. Apesar de sua demonstração externa de justiça, seu íntimo
não está em conso nância com o governo do Reino.
Na Bíblia, a provisão abundante e a prosperidade estão clara
mente ligadas à obediência a Deus. Pouco antes de os israelitas
c1u zarem o rio Jordão para chegar à Terra Prometida, Moisés lhes
trans mitiu a seguinte incumbência e promessa de Deus:

E será que, se ouvires a voz do SENHOR, teu Deus/ tendo


cuidado de guardar todos os seus mandamentos que eu te
ordeno hoje, o SENHOR, teu Deus, te exaltará sobre todas as
nações da terra. E todas estas bênçãos virão sobre ti e te
alcançarão, quando ouvires a voz do SENHOR, teu Deus: Bendito
serás tu na cidade e bendito serás !lO campo. Bendito o fruto
do teu ventre, e o fruto da tua terra, e o fruto dos teus animais, e
a criação das tuas vacas, e os re banhos das tuas ovelhas. Bendito
o teu cesto e a tua amassadeira. Bendito serás ao entrares e
bendito serás ao saíres.

Deuteronômio 28.1-6

Quando obedecern1os ao Senhor de todo coração, suas bênçãos


inundam nossa vida. Isso significa que, quando chegam até nós,
são tão numerosas que nem sabemos o que fazer com elas. Ser
154
abençoado
155

no fruto de nosso ventre e no fruto da terra significa que Deus


aben çoa e protege nossos investimentos.O aumento dos rebanhos
mostra que nossa riqueza será multiplicada. Aonde quer que
formos e tudo o que tocarmos será abençoado. Sucesso, graça e
influência crescerão a cada instante.
Além da questão da obediência ao Reino, há ta1nbém a questão
da posse. O princípio do acréscimo e da prosperidade no Reino consiste
em termos acesso aos recursos celestiais e não em termos sua posse ou
vivermos em busca deles. A riqueza no Reino de Deus é definida n o
no fato de acumularmos bens1 mas em termos acesso a bens
acumulados.
Não existe falta de nada no Reino de Deus; não há escassez
nem racionamento. Ao contrário existem quantidades ilimitadas de
1

tudo. O Rei é dono de todas as coisas; nós não so1nos donos de nada. E,
por causa disso, Ele pode dar tudo, em qualquer quantidade1 para
qual quer de seus filhos1 no momento que desejar. O princípio do
acrés cimo exige que estejamos em condição para termos acesso a
tudo de que necessitamos, independente da quantidade, para
realizannos a tarefa que Deus nos designou.
Vejamos uma metáfora. Imagine que seu pai é bilionário e diz
lhe: uo que você prefere: que eu crie uma conta no banco com um
saldo de um milhão de dólares para que retire o sustento do que é
exclusivamente seu ou, em vez de possuir sua própria conta, que
1

eu lhe dê acesso total e ilimitado a tudo que eu tenho?' O que você


1

escolheria: um milhão totalmente seu ou acesso livre a bilhões?


Não é difícil responder! No entanto1 no que diz respeito às
ques tões do Reino de Deus, muitos de nós desistem do acesso
ilimitado para alcançar e acumular uma pequena parte do bolo. Isso
faz sen tido? Não! A verdadeira riqueza não está na abundância de
posses1 mas no acesso ilimitado a recursos infinitos.
Precisamos de acesso a tais recursos, porque os seres humanos não
foram criados para trabalhar em busca de provisões, 1nas sim com um
156
propósito.
157

E qual o nosso propósito? Expandir o conhecimento e a influência


do Reino dos céus por toda esta terra. Nosso sucesso nessa tarefa
exige provisões diárias adequadas. Assim como o general sábio não
envia suas tropas ao campo de batalha sem antes garantir que
tenham todo o equipamento e as provisões de que necessitam para
cumprir a mis são, o Senhor também não n9s envia para cumprir
nosso propósito sem fornecer-nos os recursos necessários para
realizá-lo. Portanto, aonde quer que formos, devemos estar
motivados, não pela promes sa de um salário, mas pelo chamado
para expandir o Reino de Deus por este mundo, começando em
nosso local de trabalho.
Os seres humanos foram criados para realizar tarefas celestiais, e
não para trabalhar em busca de sustento. Isso não significa que
devamos lar gar o emprego; simplesmente temos de mudar o 1notivo
de traba lharmos. Viver em busca de um salário nos estimula até certo
limite e apenas por u1n período. Entretanto, trabalhar todos os dias
sabendo que vivemos para um propósito mais elevado - o
propósito eterno
- pode fazer-nos enxergar nossa ocupação por uma perspectiva to
talmente nova.
No Reino de Deus, a tarefa determina nosso acesso aos recursos celestiais.
O que isso significa? É bastante simples. Sua riqueza é determinada
pelo que yocê foi criado para realizar. Se estiver tentando enrique cer
para dizer que é mais abastado que todas as outras pessoas, essa busca
terminará matando você (ou deixando-o tão mal que desejará morrer).
Se você está compromissado com os propósitos do Reino, o Criador o
fará prosperar no nível necessário para que você obtenha sucesso. No
Reino de Deus, sua tarefa determina seu acesso às provisões do
Senhor.
É muito mais importante descobrir nossa tarefa do que irmos
em busca de bens, porque estes servem apenas para nos ajudar a
cumprir o que Deus nos designou. Se o Senhor nos dá uma tarefa
158
equivalente a dez bilhões de dólares, empenhe-se em cumprir
esse encargo
156

fielmente, e Ele lhe dará os dez bilhões. Não recebemos riqueza


para nós mesmos, mas para realizar nossa tarefa. Por isso, Jesus
nos disse para não nos preocuparmos com bens materiais.
Devemos buscar a tarefa do Reino e1n primeiro lugar e todas as
coisas nos serão acres centadas.
Portanto, no Reino de Deus, o propósito atrai a provisão. Sempre que
um rei estabelece uma tarefa, garante as provisões necessárias para
que ela se complete. Quando Neemias recebeu pennissão do rei da
Pérsia para voltar a Jen1salém e reconstruir os muros aquela cida
de, o rei lhe deu cartas autorizando-o a utilizar todos os recursos
ne cessários, fosse madeira das florestas ou pedras das jazidas, ou
ainda piche dos poços do rei. Neemias deu continuidade à sua
tarefa con fiante de que teria tudo de que necessitava para ser bem-
sucedido.
O mesmo acontece con1 o Rei dos céus. Deus nunca nos instrui a
fazer algo sem fornecer-nos as provisões necessárias. Nossa função é
a busca do fim - da tarefa; a função dele é suprir os meios. Por
isso, estabelecer prioridades é tão importante. Prioridades
determinadas com propósito geram provisão.

A provisão está ligada ao propósito

Quando Jesus quis explicar a seus seguidores a atitude correta


que deveriam ter com relação à provisão e à busca de bens
materiais, escolheu un1exemplo da natureza:

Por isso, vos digo: não andeis cuidadosos quanto à vossa vida,
pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto
ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do
que o manti1nento, e o corpo, rnais do que a vestimenta? Olhai
para as aves do céu, que não semeiam, nem segam, nem
157
ajuntam em
158

celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós


muito mais valor do que elas? E qual de vós poderá, com todos
os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?

Mateus 6.25-27

Após encorajar os discípulos a não se preocuparem com as ne


cessidades diárias, Jesus afirmou que a vida é muito mais do que
trabalhar em busca de comida e outras necessidades. Se vivermos
apenas em busca do próximo salário ou de pagar as contas, deixamos
de desfrutar a vida plenamente.
Cristo disse também que o corpo é mais do que um mero
cabide de roupas caras. Na verdade, Jesus estava dizendo a nós:
"Seu corpo não foi criado para usar roupas, mas para que Eu
pudesse vir a este mundo por intermédio de sua vida e estabelecer
meu Reino nesta terra. Quero que você seja um canal para
cumprir minha tarefa, e as roupas que você veste são totalmente
imateriais, a não ser que este jam relacionadas com essa tarefa".
Para reforçar a idéia de que é desnecessário preocuparmo-nos,
Cristo chaf!10U a atenção dos discípulos para os pássaros. As aves
não semeiam, não colhem e não armazenam em celeiros, porém,
nunca estão famintas, porque Deus as alin1enta. Em primeiro lugar,
elas não plantam. Em outras palavras, os pássaros não trabalham para
viver. Eles vivem para serem aves. Em segundo lugar, não colhem.
Pássaros não recebem salário. Eles não precisam fazê-lo, porque o
Senhor já lhes deu tudo de que necessitan1 para cumprir seu
propósito como pássaros.
Em terceiro lugar, eles não ajuntam. Aves não guardam dinheiro
nem bens. Elas não vivem obcecadas ou estressadas em garantir
que tenham o suficiente para o dia de amanhã, para a próxüna
semana
159

ou ainda para o seguinte ano. Simplesmente recebem o sustento de


cada dia e ficam totalmente satisfeitas. Você já ouviu falar de um
pássaro com problemas de coração, com pressão alta ou câncer? Eu
nunca ouvi.
Os pássaros não tentam ser um cavalo. Não se esforçam para ser
um peixe, um macaco ou um ser humano. Eles simplesmente se preo
cupam em ser aves. Não desejam ser nada mais. Estão totalmente
satisfeitos em cumprir seu propósito como pássaros.
Deus criou as aves para serem dessa maneira, dan1o-lhes tudo
de que necessitam para viver. O Senhor criou as árvores nas quais
as aves constroem o ninho e os gravetos que elas recolhem para
colocar no ninho, bem como o algodão com que fazem a forração.
Ele dá também folhas para lançar sombra sobre o ninho. E fez o
vento que capacita os pássaros a voar até o ninho e colocar seus
ovos.
Os pássaros têm tudo de que necessitam para serem aves
perfei tas, e Deus cuida deles. No entanto, se subirmos no telhado
de nossa casa e saltarmos de lá na tentativa de alçar vôo,
imediatamente nos arrependere1nos dessa decisão! Se a queda não
nos matar, o período que passarmos no hospital nos fornecerá
bastante tempo para repen sarmos nossas atitudes.
Por que não podemos voar como os pássaros? Porque voar não
é o nosso propósito. A promessa de Deus de acrescentar todas essas
coisas não incluiu tornarmo-nos como aves. A provisão está ligada
diretamente ao propósito. Assim como Deus dá às aves tudo de que
necessitam para serem aves, Ele nos fornece o que necessitamos para
cumprir nosso propósito como súditos do Reino e filhos do Rei.
Quando buscamos o Reino e a justiça de Deus, não precisamos
preocupar-nos com as provisões para a jornada, porque elas virão
juntamente com o território. O que temos de fazer é viver como em
baixadores do Reino, e tudo o mais de que precisarmos para executar
160
essa tarefa nos será fornecido.
159

1. O princípio do acréscimo opera co1n base na obediência: a obser


vância fiel às leis do Reino e um viver puro.
2. Para que Deus nos recompense, temos de viver da maneira correta.
3. Em um Reino, o cuidado e o bem-estar de todo súdito são
respon sabilidades direta e pessoal do rei.
4. Todos os súditos têm igual acesso aos bens do rei.
5. O Reino de Deus não funciona com base em obras; ele opera
com base no favor.
6. Quando estamos envolvidos com os propósitos do Reino, o Rei
nos dá o que necessitamos para cumprir nossa tarefa.
7. O Senhor não deseja que vivamos em busca de bens, mas da
influência divina neste mundo.
8. A provisão divina é um subproduto da obediência.
9. Quando obedecemos ao Senhor de todo coração, suas bênçãos
inundam nossa vida.
10. O princípio do acréscimo e da prosperidade no Reino consiste
em termos acesso aos recursos celestiais e não em termos sua posse
ou vivermos em busca deles.
11. A verdadeira riqueza não está na abundância de posses, mas no
acesso ilimitado a recursos infinitos.
12. No Reino de Deus, a tarefa determina nosso acesso aos recursos
celestiais.
13. N'ossa função é ir em busca do fi1n - da tarefa; a função de Deus
, . .
e supnr os meios.
14. A provisão está ligada ao propósito.
Capítulo 10

Um indivíduo avarento e rico é um perigo para um mundo


de pessoas pobres.

Desde o início, o propósito e o plano originais de Deus foram go


vernar este mundo a partir do céu por intennédio de Sua família de
seres humanos. Ele nos criou com este intento. O Senhor queria que
do1ninássemos esta terra pela influência do Reino. Para alcançar esse
objetivo, o Todo-poderoso decidiu estabelecer uma colônia celestial
neste planeta, a fim de que este fosse influenciado a partir dos céus,
adotando a cultura do céu. Dessa maneira, a influência do Reino celes
tial e invisível preencheria e cobriria todo este mundo físico e visível.
Um reinoé a influência de um rei sobre seu território, impactando-o
com sua vontade, sua intenção e seu propósito, criando esse
impacto pelo desenvolvimento de uma cultura que se manifesta em
seus sú ditos. Em outras palavras, todo reino se manifesta no estilo
de vida e na cultura do povo. Isso significa que todo súdito do
Reino de Deus deve adotar a natureza do Rei. É por isso que, por
exemplo, fala mos inglês britânico em Bahamas. Chamamos de inglês do
rei, porque nosso estilo de vida e nossa cultura refletem a influência
da coroa britânica.
O intento de Deus para nós como súditos do Reino é que assi
milemos a cultura do céu. Assim, tudo que fizermos ou dissermos
162

deixará evidente que pertencemos ao Reino de Deus. Por isso não


devemos usar linguajar chulo, mentir, enganar, dar lugar à inveja ou
ao ódio. Nada disso pertence à cultura do céu, por isso, é estranho a
nós. Como súditos do Reino, viemos do país de Deus e tanto nossa
linguagem como nosso estilo de vida devem refletir isso.
Lembremos que o Reino de Deus não é uma religião. É um país
verdadeiro co1n um governo, leis, cultura e cidadania. Diferente dos
reinos terrenos criados pelo homem, o Reino dos céus é eterno. O
profeta Daniel disse o seguinte a respeito de Deus: Qufto grandes são
os seus sinais, e quão poderosas, as suas maravilhas! O seu reino é um reino
sempiterno, e o seu domínio, de geração em geração (Dn 4.3).
Até mesmo as nações mais antigas deste mundo são estados
or ganizados a menos de dois mil anos. Esse pode ser um período
bas tante longo da perspectiva humana, mas é uma mera gota em
um balde se comparado à eternidade. O Reino eterno deve ser
encarado com seriedade. O Reino dos céus continuará a existir
depois que to dos os reinos humanos tenham sido reduzidos a pó.
O Reino de Deus dura por todas as gerações, o que prova que
existe um lugar no Reino dos céus não apenas para nós, mas também
para nossos filhos, netos, bisnetos e todos os nossos descendentes
até o fim dos tempos. Se o Reino morresse conosco, no que diz
respeito à nossa família, teríamos fracassado com nosso Rei. O
Senhor está sempre buscando mais súditos para seu Reino, e se
fracassarmos e1n nossa geração, quem contará aos nossos descen
dentes sobre o Reino?
O Reino dos céus é nossa herança. Mais uma vez, nas
palavras de Daniel: Mas os santos do Altíssimo receberão o reino e
possuirão o reino para todo o sempre e de eternidade em eternidade (Dn
7.18). Santos é outra palavra que descreve os súditos do Reino.
Nossa primazia deve ser possuir o Reino que Jesus veio a este
mundo anunciar e estabelecer.
163

Cristo não trouxe uma religião, mas um Reino, um governo


real. Podemos praticar uma religião, mas não a cidadania. E assim
algumas pessoas se sentem muito bem no domingo, mas ficam
abatidas na segunda-feira. Elas estão apenas praticando uma religião.
Entretanto, não é possível praticar a cidadania. Ser um súdito do
Reino é uma realidade que tem de existir 24 horas por dia, e é
exatamente isso que Deus deseja. Ele não quer membros, mas súditos.
O Criador quer pessoas que se ton1em cidadãs de um país, vindas de
outro lugar. É por isso que, como súditos do Reino, estamos neste
mundo, mas não pertencemos a ele.
Ao trazer o Reino dos céus a esta terra, Cristo estava restaurando
,.
o que os seres humanos perderam no jardim do Eden. No entanto, ao
longo do caminho, deixamos de entender esse objetivo e terminamos
substituindo o Reino por uma religião. Jesus disse: Bem-aventurados
os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos céus (Mt 5.3).
Ser pobre de espírito significa estar falido espiritualmente,
desti tuído e em grande necessidade espiritual. Jesus afirmou que o
Reino dos céus está reservado para aqueles que reconhecem sua
pobreza espiritual. Se ficarmos espiritualmente vazios, nenhuma
religião, nem mesmo o cristianismo institucionalizado, centrado
no ser humano, ppde preencher esse vazio. Nunca nos sentiremos
satisfeitos enquanto não alcançarmos o Reino.
Por isso Jesus insistiu tanto para que buscássemos em primeiro
lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e confiássemos nele para suprir
todas as necessidades de nossa vida. O inimigo deseja simplesmente
distrair-nos, levando-nos a buscar bens materiais, porque assim consegue
manter nossa atenção distante do Reino e de nossa verdadeira
trajetória.

O Reino dos céus tem urna cultura distinta


Certa vez, Jesus afirmou: O Reino dos céus é semelhante ao
164
fermento que uma mulher toma e introduz en-z três medidas de farinha,
até que tudo
163

esteja levedado (Mt 13.33). Essa parábola é uma declaração a respeito da


influência do Reino. Uma vez que o fermento seja acrescentado à massa,
não há mais como remo\.€-lo. Ele fica lá para sempre. Embora, de início,
opere lentamente, por fim o fermento se infiltrará em toda a massa.
De modo semelhante, agora que o Reino dos céus veio a este
inundo, nunca se afastará daqui. E corno o fermento, o Reino está
e continuará crescendo até que cubra e preencha totalmente esta
terra com valores e princípios divinos. Os governos humanos vêm
e vão, mas o governo de Deus dura para sempre.
A presença do Reino dos céus neste mundo divide as pessoas
em dois grupos: as que são súditos do Reino e as que não são.
Essa distinção é muito importante. Nosso propósito corno súditos
celes tiais é trabalhar com o Rei para aumentar o primeiro grupo e
reduzir o segundo. Temos u1n chamado e a responsabilidade de
influenciar a cultura terrena com a cultura do céu. Exatamente por
esse moti vo que o Senhor nos deu para que possamos cumprir
esse chamado como ministros da reconciliação.
Todo país tem uma cultura. A cultura é a manifestação da natu
reza e do governo no estilo de vida, nos costumes e nos princípios
morais do povo. Em outras palavras, toda nação tem qualidades sin
gulares de caráter, costumes, tradições e regras sociais que o distin
guem dos demais. Em termos práticos, isso significa que, quando
nasce1nos de novo em Cristo Jesus, tornamo-nos súditos do Reino.
Portanto, a cultura celestial deve manifestar-se em nossa vida, en1
nosso modo de falar e em nosso modo de agir.
Quando voltamos ao trabalho, o patrão e os nossos colegas de
vem notar essa diferença em nosso comportamento, o que os
levará a perguntar o que mudou em nós. Então poderemos
afirmar: "Sim, há algo diferente. Mudei de país, e agora sou cidadão de
um governo diferente. Estou neste mundo, mas não pertenço a ele.
Minha cidada nia está registrada em outro lugar".
165

A cultura do Reino é totalmente diferente da cultura de qual


quer nação terrena. O Reino dos céus opera com princípios
distintos dos do mundo. Por isso, produz uma cultura diferente e
que se destaca das demais, que é o fato de ser caracterizada pelo
servi ço. As culturas do mundo operam com base na idéia do cada
um por si para alcançar o sucesso na vida. Entretanto, a cultura do
Reino avalia o sucesso com base no serviço cristão e no sacrifício
pessoal.

Uma cultura de serviço


Jesus deu exemplos consistentes em suas palavras e em seus
atos sobre a qualidade do serviço cristão. E também ensinou que
esse é um princípio fundamental da vida no Reino de Deus. Um
dos ensinamentos mais explícitos sobre esse assunto surgiu por
causa do pedido da mãe de Tiago e João, dois de seus discípulos
mais chegados.

Então, se aproximou dele a mãe dos filhos de Zebedeu, com


seus filhos, adorando-o e fazendo-lhe um pedido. E ele diz-
lhe: Que queres? Ela respondeu: Dize que estes meus dois
filhos se assen tem üm à tua direita e outro à tua esquerda, no
teu Reino. Jesus, porém, respondendo, disse: Não sabeis o que
pedis; podeis vós be ber o cálice que eu hei de beber e ser batizados
com o batismo com que eu sou batizado? Dizem-lhe eles:
Podemos. E diz-lhes ele: Na verdade bebereis o meu cálice, mas
o assentar-se à minha direita ou à rninha esquerda não me
pertence dá-lo, mas é para aqueles para quem nieu Pai o tem
preparado.
166
Mateus 20.20-23
167

Aquela mulher reagiu como qualquer mãe amorosa. Ela dese


java o melhor para seus garotos. Queria que se tornassem grandes
homens com autoridade no Reino que Jesus estava estabelecendo.
Esperava persuadir Cristo a promover os filhos dela a uma posição
de grandeza e poder. O problema estava no fato de que ela abordou
a questão com base na atitude e no sistema de valores deste mun
do. Ela ainda não compreendia a dinâmica do Reino de Deus. Não
entendia que os valores, os padrões, os princípios e as prioridades
celestiais são muito diferentes das do mundo.
'
A resposta de Jesus terminou não sendo aquilo que ela (e seus
filhos) esperava ouvir. O Mestre declarou que a posição de
destaque ao lado dele no Reino de Deus não lhe pertencia para que
pudesse dar a alguém. Aquela escolha apenas o Pai podia fazer.
Compreensivelmente, os outros discípulos de Jesus ficaram
irri tados com tudo isso, o que deu a Cristo a oportunidade de
ensiná-los sobre a grandeza a partir da perspectiva do Reino:

E, quando os dez ouviram isso, indignaranz-se contra os dois


ir mãos. Então, Jesus, chamando-os para junto de si,disse: Bem
sabeis que pelos príncipes dos gentios são estes dominados e que os
grandes exercem autoridade sobre eles. Não será assim entre vós;
mas todo aquele que quiser, entre vós, fazer-se grande, que seja vosso
serviçal; e qualquer que, entre vós, quiser ser o prinzeiro, que seja
vosso servo, bem como o Filho do Homem não veio para ser
servido, mas para servir e para dar a sua vida em resgate de
muitos.

Mateus 20.24-28

Jesus disse que, no Reino, não alcançamos a grandeza buscando


títulos ou posição. A grandeza no Reino de Deus não vem por
168

superannos nossos colegas de trabalho e mostrarmo-nos


superiores a eles, mas por meio do serviço. Não é possível arrumar um
esquema para ser grande aos olhos do Senhor.
A mãe de Tiago e João buscava a grandeza para os filhos pela
associação e não pela dedicação. Ela esperava explorar o acesso
dos filhos a Jesus para a própria vantage1n deles. Afinal de
contas, é as sim que o mundo opera. Conseguimos destacar-nos
com base em quem conhecemos.
Entretanto, Jesus cortou o mal pela raiz. Ele afirmou: "No meu
Reino, não se alcança a grandeza com base nas associações pessoais,
mas sim na qualidade do serviço cristão uns para co1n os outros". A
vida de Cristo era um exemplo perfeito. Embora fosse Filho de Deus,
Ele veio para servir e não para ser servido. E o que era apropriado
para Ele com certeza também é para nós. A estrada para a grandeza
no Reino dos céus passa pelo vale do serviço humilde.
Jesus afirmou: Todo aquele que quiser, entre vós, fazer-se grande, que seja
vosso serviçal; e qualquer que, entre vós, quiser ser o primeiro, que seja vosso
servo. Neste contexto, o vocábulo primeiro indica o indivíduo que as
pes soas procuram de forma prioritária. Em outras palavras, aquele que
todos consideram mais importante, mais valoroso, aquele que todos
buscam prioritariamente é o que tem a reputação de ser mais dedicado.
Se as pessoas sempre o chamam ou se voltam a você, é u1n bom
sinal. No entanto, se é alguém que todos evitam, talvez esteja na hora
de reavaliar suas atitudes, seus hábitos e sua ética de trabalho. Nin
guém se toma grande no Reino, evitando tarefas difíceis ou decisões
complicadas. E se você não te1n um espírito servil e dedicado, não
só as pessoas irão evitá-lo; a prosperidade também ficará distante.
Ser um servo não significa que temos de agir com subserviência.
Quer dizer apenas que descobrimos o que temos e oferecemos isso
ao mundo. Servimos às pessoas com nosso dom, e isso nos torna
grandes no Reino dos céus.
168

A vida de uma ovelha


O Reino dos céus é nossa herança. É nosso passado, bem como
nosso futuro. E uma vida de serviço humilde é bastante importante
para que possamos ingressar nesse Reino. Jesus falou sobre um dia
no final dos tempos quando Ele se assentará em seu trono de glória
com as nações reunidas diante dele para o julgamento. Haverá ape
nas dois grupos de pessoas: as ovelhas, ou os justos, ao lado direito,
e os bodes, ou os ímpios, à esquerda.

Então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde,


benditos de meu Pai, possuí por herança o Reino que vos está
preparado desde a fundação do mundo; porque tive fmne, e destes-
me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e
hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-nze;
estive na prisão, e fostes ver-me.

Mateus 25.34-36

Notemos que a herança dos justos não é o céu, mas o Reino dos
céus. Lembremos que este é um país com um governo que exerce in
fluência nesta terra. É co1no um fermento que se espalha pela mente
e a cultura da humanidade. O Reino não é novo. Ele existe desde a
criação, esperando para ser povoado pelos justos. Quando chegar o
tempo, Jesus dirá a eles: Vinde[ ...] possuí por herança...
Jesus descreveu o caráter dos justos que os diferencia dos ímpios1
o caráter de serviço e de um coração servil: alimentando os famintos,
dando de beber aos sedentos, acolhendo os estrangeiros, vestindo
os que estavam nus, cuidando dos doentes e visitando os
encarcerados. Notemos também que Cristo percebeu todos esses atos
169
de compaixão
170

como se houvessem sido realizados para com Ele: Tive fome [...] tive
sede[...] era estrangeiro [...] estava nu [...]adoeci[...] estive na prisão.
De modo característico, os servos justos reagem com
humildade (e não com falsa modéstia).

Então, os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos


com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber?
E, quando te vimos estrangeiro e te hospedan-zos? Ou nu e te
vestimos? E, quando te vimos enfermo ou na prisão e fomos ver-
te?E, respon dendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que,
quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o
fizestes.

Mateus 25.37-40

O serviço humilde é tão natural para os de coração servil que


eles não consideram ter realizado algo especial ou meritório. Quan
do elogiados por seus atos, eles dizem: "Era o mínimo que eu podia
fazer". Os servos genuínos não têm motivos externos. Não
procuram ser notados nem buscam utilizar seu serviço como u1n
trampolim para chegar a uma posição mais elevada. Servos
genuínos vivem para servir e agradam-se disso.
Jesus então se identifica com os famintos, os sedentos, os doentes,
os destituídos, os abatidos e os rejeitados pelo mundo. Dessa maneira,
considera que os atos de bondade e compaixão feitos para com
essas pessoas são também dirigidos a Ele. Em outras palavras,
sempre que atendemos aos necessitados, servimos ao Rei.
Essa é a mentalidade que todos os súditos do Reino devem
desenvolver. Ninguém está abaixo de nossa dignidade. Todos merecem
nossa compaixão e nunca estão distantes de1nais do alcance de nosso
170

an1or. Temos de aprender a olhar o rosto de outras pessoas e a


enxer gar a face de nosso Rei nos contemplando.
Independente de qual seja nosso emprego, nossa carreira ou nossa
profissão, temos a tarefa de servir ao Rei pelo serviço cristão em prol
de outras pessoas. Por isso é errado enfocarmos apenas o objetivo de
ganhar um salário ou melhorar nosso padrão de vida. O salário virá, e
também a prosperidade, enquanto nos mantivermos focados e1n ampliar
a influên cia do Reino dos céus servindo outras pessoas em nome do
Senhor.
Somos embaixadores de Deus em uma missão a favor do Reino. Essa
compreensão enobrece qualquer emprego ou atividade, não
importando o quanto seja simples, inferior ou até mesmo insignificante
aos olhos dos homens. No Reino dos céus não há serviço simples, sem
importância ou se1n reconhecimento, porque é construído com base
no serviço.

A vida de um bode
Em contraste a tudo isso, vemos as ações e atitude dos ímpios, os
bodes, do lado esquerdo do trono de Jesus:

Então, dirá também aos que estivere1n à sua esquerda:


Apartai vos de nzím, rnalditos, para o fogo eterno, preparado para
o diabo e seus anjos; porque tive fome, e não me destes de
comer; tive sede, e não me destes de beber; sendo estrangeiro,
não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e estando
enfenno e na prisão, não me visitastes. Então, eles também lhe
responderão, dizendo:

Senhor, quando te vimos con1 fome, ou corn sede, ou


estrangeiro, ou nu, ou enfenno, ou na prisão e não te
servinzos? Então, lhes responderá dizendo: Enz verdade vos digo
1

que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, nãoo fizestes a


rnim. E irão estes para o tonnento eterno, 1nas os justos, para171
a vida eterna.

Mateus 25.41-46
172

A partir da perspectiva do Reino, podemos ser ovelhas ou bodes,


justos ou ímpios, súditos do Reino ou estrangeiros. É importante no
tarmos que os bodes que o Rei menciona não são necessariamente
pessoas más. Elas podem ter padrões morais e éticos bastante
eleva dos. Na verdade, podem ser indivíduos muito religiosos.
Afinal de contas, eles chamam o Rei de Senhor. E parecem
genuinamente sur presos com a declaração do Rei de que não fizeram
nada a favor dele: "Senhor, quando o vimos necessitado e não o
servimos?" Iinplícita nessa pergunta está a desculpa: "Se
soubéssemos que era o Senhor que estava ali, teríamos agido de
modo diferente". Esse é exatamente o cerne da questão - e a
diferença fundamental - entre ovelhas e bodes.
O serviço dos ímpios sempre é calculado, motivado por interesse
pessoal: "Como isso me beneficiará a longo prazo?" Será que isso
fará com que você fique bem perante seus amigos? Contribuirá
para que receba o louvor dos homens? Isso trará a você a atenção dos
ricos e poderosos que podem ajudá-lo a subir na vida?
Servos justos não se importam co1n nada disso. Eles tratam a to dos
da mesma maneira: ricos ou pobres, fortes ou fracos, agradáveis ou
desagradáveis, merecedores ou não. Demonstram o mesmo amor, a
mesma compaixão e o mesmo respeito a qualquer pessoa. Por quê?
Porque servos justos não estão em busca de ganho pessoal. Tudo que
procuram é obedecer ao Rei, a quem amam de todo coração.
Servir outros não nos garante a justificação djante de Deus. O
serviço do justo é um subproduto de sua situação correta diante do
Senhor. Essa situação correta vem em primeiro lugar, e o serviço
brota dela. O ministério do serviço é o verdadeiro trabalho do Reino.
Aparente mente nem as ovelhas nem os bodes reconhecem Jesus
quando Ele aparece disfarçado de pessoas abatidas, sofridas e
necessitadas. Isso não in1porta para os justos, pois servem de
maneira amorosa e fiel assim mesmo, como se estivessem servindo
171
ao Rei.
172

Oferecer a vida do Reino às pessoas pode ser um ato inconsciente.


Os justos perguntaram: "Senhor, quando o vimos e fizemos tudo
isso por amor de ti?". Para eles, aquilo não era serviço, mas parte de
sua vida. Deus deseja que sirvamos motivados apenas por nosso
amor por Ele e por outras pessoas. Alguns servem, porque desejam
uma promoção. Outros querem reconhecimento.
Há aqueles que servem, porque almejam receber aplausos ou obter
vantagem política, social ou econômica. Contudo, o Rei deseja que
nosso coração esteja tão voltado para o serviço que o façamos sem
nem sequer pensar a respeito. O amor inconsciente é o melhor
amor do mundo.
Se tentarmos avaliar o que lucraremos ao ajudar alguém,
estamos agindo como um bode. As ovelhas perguntam: "Corno
posso aju dar?", enquanto que os bodes pensam: "O que eu ganho
com isso?" Como súditos do Reino, devemos agradar-nos das
oportunidades para servir. Afinal de contas, servimos ao Rei que
veio a este mundo para servir e não para ser servido. Quando
agirnos com espontanei dade e satisfação em nome dele, temos urna
atitude régia.

O ato de servir reflete a natureza e o caráter do Reino de Deus


Alimente os famintos. Aplaque a sede dos sedentos. Acolha os
estrangeiros. Vista os nus. Cuide dos doentes. Visite os prisioneiros
(ou os enfermos, os acamados e os que são psicológica ou emocio
nalmente privados). Isso representa o cerne da vida do Reino neste
mundo. Noentanto, são essas mesmas necessidades pelas quais mui
tas pessoas se esforça1n e preocupam-se a vida inteira.
Você consegue perceber por que Cristo nos diz para não nos
preocuparmos com as necessidades? Tudo isso é a moeda corrente,
a língua franca do Reino. Se estivermos buscando ativamente a vida do
Reino, teremos acesso a tudo isso. O Rei nos fornece todas essas coisas
para que possamos ser instrumentos no auxílio aos outros.
173

Servir nem sempre é fácil. Algumas pessoas são irritadiças, ingratas,


pouco amáveis e desagradáveis e podem facilmente atacar-nos. Às
vezes ficam tão reclusas e voltadas para si próprias, por causa das
dificuldades da vida, que parecem só ter espaço no coração para se
importarem consigo mesmas e suas insatisfações e reclamações.
Entretanto, isso não nos exime de servi-las com o mesmo sorriso, o
mesmo amor e o mesmo espírito gentil e paciente com que
tratamos os necessitados que se mostram mais receptivos. Afinal
de contas, estes também foram criados à imagem de Deus.
Temos de estar atentos para identificar os estrangeiros ao nosso
redor. Não me refiro apenas às pessoas que não conhecemos, mas
também aos estrangeiros na sociedade: os excêntricos, os demasiada
mente tímidos ou solitários, as pessoas que sirnplesmente precisam
de um amigo. Sempre é mais fácil cuidar daqueles que
conhecemos, de que1n gostamos, dos que se parecen1 mais
conosco, que perten cem ao mesmo nível social ou ao mesmo
círculo sócio-econômico.
Entretanto, nosso chamado como súditos do Reino é para ser
vir a todos os necessitados que cruzarem nosso caminho. Temos de
aprender a considerar tais encontros não como eventos aleatórios e
desconexos, mas como oportunidades promovidas pelo Senhor que
nos permiteip. compartilhar o amor do Senhor e apresentar outras
pessoas ao Reino de Deus.
E o que dizer dos novos colegas de trabalho? Você recepciona
os estrangeiros do escritório com um aperto de mão e um sorriso?
Procura fazer com que se sintam à vontade e ajuda-os a adaptarem-se,
ou simplesmente os ignora com medo de que a chegada deles possa
colocar seu emprego e1n risco?
Alimente os famintos, sacie os sedentos, vista os nus. Essas
palavras nos fazem lembrar as pessoas que necessitam das coisas mais
básicas da vida. Jesus disse que sen1pre teremos os pobres conosco, e
podemos fa zer algo de bom para eles todas as vezes que quisermos
172
(veja Me 14.7).
174

O problema é que a maior parte do tempo escolhemos fazer


nada. E pior, os pobres são tão presentes que, mesmo que não
os desprezemos, ficamos tão acostumados com sua presença que
deixamos de percebê-los, mesn10 quando olhamos diretamente
para eles.
Como súditos do Reino elevados à posição de justificação,
temos acesso a provisões infinitas para satisfazer as necessidades
dos me nos afortunados. Não há desculpa para virarmos o rosto,
fingindo que os pobres não existe1n e continuarmos utilizando qs
recursos ce lestiais para satisfazer nossos desejos avarentos e
egoístas.
Cuide dos doentes. Essa é uma atitude natural para os
súditos do Reino que atuam na área da saúde. Apenas tenha
cuidado de não ser tão profissional a ponto de perder a
sensibilidade. Mesmo aqueles que não são especialistas desta
área podem cuidar dos doentes e agilizar a cura deles orando e
estimulando-os com visitas, telefonemas, cartões, cuidando de
seus filhos, preparando refeições.
Visite os encarcerados. Prisioneiros também precisam de
minis tração da Palavra. Eles carecem de experünentar a
compreensão e a compaixão de pessoas que realmente se importam
e que os vejam como seres humanos criados à imagem de Deus e
não apenas como os renegados da sociedade.
Existem outros tipos de prisão também. Muitas pessoas estão
encarceradas no próprio lar devido ao medo, à ansiedade ou às en
fermidades, por causa de um corpo fragilizado por uma doença ou
alguma disfunção. Geralmente, são ignorados pela sociedade: os
so litários, os atemorizados e os deprimidos.
Todos esses necessitados são o tipo de pessoa com quem Jesus
mais se identifica. Ele se associa a eles, porque os ama e porque nosso
mundo, até mesmo a porção religiosa dele, recusa-se a fazê-lo. Ele é
nosso Rei e dá o exemplo. Como o Senhor agiu, nós também devemos
175

agir. Isso é viver como súditos de Deus. Nosso serviço reflete a


ver dadeira natureza e o caráter do Reino dos céus.
O ato de servir é poderoso. Na verdade, é o maior ministério
divino para com a humanidade. Quando as pessoas vêem os
súditos do Reino em ação, servindo com humildade e satisfação,
percebem em primeira mão como é o Reino dos céus.
A cultura celestial é tão diferente da do mundo que, quando as
pessoas a vêem sendo manifestada na vida dos súditos do Reino, isso
estimula sua curiosidade e gera até mesmo um anseio em seu
cora ção e em sua mente. E é exatamente isso que Deus deseja. Esse
anseio leva à busca, que resulta em novos súditos para o Reino.
O serviço genuíno e fiel também atrai as bênçãos do Rei. Ele diz:
"Por você ter me servido bem, vou dar-lhe o Reino. Cuidarei de
toda sua vida. Vou alimentá-lo, vesti-lo, dar-lhe uma casa e um
carro, e abençoá-lo com tudo o mais de que necessitar para
continuar a servir-me fielmente. Por causa de sua fidelidade, darei
a você todo o seu país".
O serviço fiel garante a herança do Reino. O pleno acesso ao
Reino e aos seus recursos está reservado àqueles que possue1n as
prioridades corretas e colocam a justiça e o Reino de Deus acima
de seus próprios desejos, de suas ambições e do conforto pessoal.
Tudo aquilo de que desistimos a favor do Reino nos será
devolvido pelo Ret multiplicado muitas vezes.
O serviço é a mais elevada manifestação da cultura do Reino,
que tem como essência o a1nor de Deus. E o serviço é o amor do
Senhor em ação de um coração para outro. Como o Criador é
amor, o serviço também revela a natureza do Rei em ação.
Quando estamos atarefados alimentando os famintos, dando de
beber aos sedentos, acolhendo os estrangeiros, vestindo os nus,
cuidando dos doentes e visitando os prisioneiros, asse1nelhamo-
nos mais ainda com nosso Rei.
176

A motivação para o serviço do Reino


Duas coisas tornam singular a natureza de Deus. Uma é o
amor. Ele não tem amor e não dá amor. Deus é amor. O amor é
sua própria natureza. Este sentimento consiste no compromisso e
na dedicação para suprir as necessidades de outras pessoas acima
das nossas pró prias. Foi esse amor que estimulou Jesus a
entregar-se na cruz para morrer por nós enquanto ainda éramos
pecadores, vivendo em re beldia contra o Senhor.
O Messias não esperou até que pedíssemos que Ele morresse.
Fez isso antes mesn10 que soubéssemos o que pedir. O Todo-
poderoso satisfez nossas necessidades em detrimento das suas
próprias. Por fim, a natureza de Deusé cuidado. Cuidar significa prever
uma necessidade e atendê-la; planejar suprir uma necessidade antes
mesnw que ela surja. Essa é a natureza do rei.
Por causa do a1nor e do cuidado de Deus, nós, súditos do
Reino, sempre devemos servir com dedicação e não na expectativa
de re ceber uma recompensa ou qualquer outro tipo de
reconhecimento público ou particular. Precisarnos servir com
satisfação, porque ama mos o Rei cujo nome servimos.
Existe um ditado popular que afirma: "Faça aquilo que você gosta,, e
o dinheiro virá como conseqüência". Embora isso seja verdade, prin
cipalmente no Reino de Deus, a dinâmica do Reino vai muito
além: "Faça aquilo que você gosta, quer o dinheiro venha ou não".
Se você tem prazer em viver para o Rei e em cuidar das
prioridades dele, o Senhor garantirá que nunca tenha falta de nada.
Nosso serviço também deve ser motivado pelo amor e não
pelo reconhecimento humano. Todo tipo de serviço, incluindo os mais
di fíceis, acontece em segredo, longe dos olhos da mídia. Se você
está em busca de reconhecimento, terá dificuldade de viver para
servir o Reino. Se sua mentalidade estiver correta, não terá de
preocupar-se com o aplauso do homem. O Rei vê o que você faz
177
em secreto, e a
176

opinião dele é a única que importa. Portanto, sirva o Rei de todo o


coração. Não busque o reconheci1nento. Sirva ao próxitno por amor
a Deus e às pessoas.
O serviço do Reino parte de uma revelação do valor que todo
ser humano possui como uma criação singular feita à semelhança
de Deus. Se não enxergainos a imagem do Senhor no rosto de
cada pessoa que encontramos, será bem difícil sustentar um coração
servil por muito tempo. Todos merecem ser tratados com
dignidade e res peito. Lembremos que, quando servimos aos
necessitados, servimos ao Rei.
O serviço do Reino é um chamado e não uma carreira.
Carreiras são atividades especializadas com base em instrução,
preparo e talentos naturais, mas todo súdito do Reino é chamado
para ser servo. Esse é un1 encargo vitalício. Podemos aposentar-
nos da pro fissão, mas nunca do chamado. Não podemos deixar de
sermos nós mesmos.
O serviço é a manifestação dos dons que Deus nos dá. Invista em
seu dom e não o desperdice. A Bíblia diz que esta dádiva abre espaço
para nós neste mundo.

1. Ointento de Deus para nós como súditos do Reino é que


assimilemos a cultura do céu.Assim tudo que fizermos ou dissermos
deixará evidente que pertencemos ao Reino de Deus.
2. O Reino dos céus é nossa herai1ça.
3. O governo de Deus dura para sempre. Seu Reino é eterno.
4. Temos u1n chamado e a responsabilidade de influenciar a
cultura terrena com a cultura do céu.
5. A cultura do Reino está relacionada ao serviço cristão.
178

6. No Reino de Deus, alcançamos a grandeza por meio da servidão.


7. Servos genuínos vivem para servir e agradam-se disso.
8. Sempre que atendemos aos necessitados, servimos ao Rei.
9. O serviço do justo é um subproduto de sua situação correta
diante de Deus.
10. Nosso chamado como súditos do Reino é para servir todos os
necessitados que cruzarem nosso caminho.
11. Nosso serviço reflete a verdadeira natureza e o caráter do Reino
de Deus.
12. O serviço do Reino é um chamado e não uma carreira.
Capítulo 11

Quem vende frutas nunca faz propaganda da árvore.

A parte mais importante da experiência no Reino de Deus é


nos so ingresso nele. A menos que saibamos como fazer isso, tudo
o mais a respeito do Reino se torna insignificante. Então como é
possível entrar no Reino de Deus? Para responder a essa pergunta,
quero co meçar falando sobre meu país.
A principal indústria das Bahamas é o turisn10. Todos os anos,
nossa pequena ilha de 300 mil habitantes recebe mais de cinco mi
lhões de turistas. Isso significa que os visitantes superam o número
de residentes em quase 17 para um. O turismo sozinho produz mais
de um bilhão de dólares em receita todos os anos. A nossa nação é
a mais bem-sucedida na exploração do turismo em todo o Caribe.
Nenhu1n outro país da região recebe um número tão grande de
visitantes.
Por que as Baha1nas é tão be1n-sucedida nesse aspecto? Ou ainda,
por que as pessoas ao redor do n1undo não se interessam em seguir
a Jesus e ao Reino de Deus da maneira como desejam visitar as
Bahamas? E por que a Igreja de Cristo não ganha cinco milhões de novos
membros todos os anos? Por que as pessoas estão majs
entusiasmadas para ir a Bahamas do que para procurar o Senhor?
Por que estão dispostas a gastar uma média de 200 dólares por
noite em um quarto de hotel, sem incluir os impostos, somando
uma média de 1.500 dólares por
180

semana, por casal? Por que essas pessoas desejariam dar tanto di
nheiro para nós? O que as atrai a Bahamas?
O motivo de nosso sucesso como nação e de termos cinco mi
lhões de turistas chegando todos os anos aqui é porque não faze
mos propaganda ou promoção do primeiro-ministro ou governo.
Afinal, as pessoas não visita1n as Bahamas por causa de nossos lí
deres políticos.

Apresente o país!
Por que isso é tão importante? Porque está relacionado ao que
Jesus disse em Mateus 6.33. Ou seja, nosso dever de buscar em
pri meiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça. O Reino é a
principal prioridade de Deus, e Jesus afirmou que grandes
benefícios serão acrescentados livremente a todos que tiverem a
1nentalidade de bus car o Reino acima de qualquer outra coisa.
É extrema1nente significativo o fato que, antes de Jesus convidar-nos
a entrar no Reino, contou-nos sobre os benefícios dele. Ele perguntou:
"Por que se preocupam com o que co1ner, o que beber ou o que
vestir?"
Primeiramente, Ele enfocou nossos principais interesses, as
coi sas que nos estimulam na vida diariamente. E afirmou: "O Pai
celes tial sabe que vocês precisam de co1nida, de bebida, de
vestimentas e de abrigo. Ele tem conhecimento exatamente do que
vocês desejam, de todas as suas necessidades e de todos os anseios
de seu coração. Não se preocupem, porque tudo isso existe no
Reino de Deus".
Agora vou assumir um grande risco teológico, portanto peço a
você que leia cuidadosamente o que direi a seguir. Jesus nunca nos
mandou buscá-lo em primeiro lugar. Ele disse: Busquenz ern prinzeiro
lugar o Reino de Deus. Se colocarmos a fotografia de nosso
primeiro ministro, sua biografia e seu perfil pessoal em todas as
181
propagandas turísticas, ninguém visitará Bahamas.
182

Não estou querendo falar contra nosso prin1eiro-ministro, mas


não é nisso que os turistas estão interessados. Eles não querem
saber a respeito do governo ou de nossa liderança política; desejam
conhe cer o país. Se desejarmos atrair visitantes para nossa nação,
temos de contar e mostrar a eles as coisas que estimularão sua
vontade e seu desejo de conhecê-la.
Jesus nunca nos disse para buscá-lo em primeiro lugar. Entre
tanto, a igreja, em boa parte desses dois mil anos de história, te1n
feito exatamente isso. Os cristãos pregam continuamente a respeito
do Rei, ensinam sobre o Rei, gabam-se do Rei, dizem às pessoas
como amar o Rei, como entregar o coração ao Rei, con10 seguir
ao Rei, corno servir ao Rei e como viver para o Rei. Embora tudo
isso esteja correto, provavelmente não é a melhor maneira de
começar, porque com toda essa conversa e atenção destinada ao
Rei, retira-se o foco do Reino que Ele controla.
Se desejarmos atrair pessoas para nosso país, temos de demonstrar
a elas con10 e por que nossa nação é melhor do que a delas;
provando que podem desfrutar algo que não encontrarão no lugar
onde moram. A igreja fala sobre Jesus e não sobre o Reino (o que é
exatamente o que Ele nos disse para falar), e assim os cristãos ficam
se perguntando por que tão poucas pessoas estão interessadas no
evangelho.
Existem 1,2 bilhão de muçulmanos no mundo, e todos precisam
de Jesus. Contudo, eles não estão interessados. O nú1nero de hinduístas
por todo o mundo excede 600 milhões e continua crescendo, e todos
eles necessitam de Cristo. Todavia, as pessoas não estão
interessadas no chefe de estado. Devemos contar a elas a respeito do
país. Temos de fazer com que fiquem estimuladas com nossa nação
celestial e com seus benefícios. Então, quando nos perguntarem como
fazer para ingressar nesse Reino, aí sim podemos falar de Jesus.
Conte1nos a elas que o Rei é a porta de entrada para o país, e então
elas ficarão interessadas nele.
183

Não fazemos propaganda das Bahamas com imagens ou


infor mações sobre o primeiro-ministro ou outros políticos. Com
muita freqüência, nossos materiais promocionais não mostram
nenhuma pessoa, apenas sol, águas azuis, areia branca, coqueiros
verdes e be los hibiscos [arbustos com folhas exuberantes] vermelhos
no mês de dezembro!
Você pode imaginar como essas imagens são estimulantes
para canadenses ou norte-americanos presos em casa por
tempestades de
neve no fim do ano? É por isso que eles vêm aqui. Por isso a indús-
..
tria que mais tem crescido em Bahamas é a de venda de proprieda-
des para estrangeiros. Pessoas por todo mundo querem morar
aqui. Por quê? Não é por causa do primeiro-ministro, até mesmo porque
o mandato político dele pode terminar em breve.
As pessoas querem mudar-se para cá, porque aqui é melhor
do que o lugar onde estão. Em Bahamas, elas podem viver de
frente para a praia com uma temperatura média de 24ºC ao longo de
todo o ano. Oferecemos um oceano repleto de peixes frescos e sem
poluição. Fazemos propaganda sobre a hospitalidade, a beleza e o
otimismo do povo.
O segredo para atrair visitantes, investidores ou novos cidadãos
é prometer a eles o estilo de vida, os benefícios e o ambiente do país.
É por isso que muitas pessoas n_ão têm se interessado por Deus.
Con tinuamos tentando fazer propaganda do líder. Jesus nunca
pregou sobre si próprio. Ele falava e ensinava sobre o Reino dos
céus.
Cristo utilizou exemplos e imagens com as quais poderia de
monstrar às pessoas como é o Reino. Em certa ocasião, Ele
comparou o Reino dos céus a uma festa de casamento que um rei
preparou para seu filho (veja Mt 22.1-14). Tente imaginar como seria
uma festa des se tipo: um jardim projetado, belas árvores, tapetes de
ouro, paredes e colheres de prata, cálices de ouro, e toda a comida
184
que você conse guir comer: uvas, vinho, queijo e carne fresca. Se é
assim o Reino dos
185

céus, você não gostaria de ir para lá? Eu gostaria! É assim que se faz
propaganda de um país.
Jesus Cristo não é o Reino. Ele é o Rei. E também é a porta para
o Reino. Todos aqueles que desejam ingressar no Reino dos céus
têm de passar pela porta que é Jesus. Entretanto, não conseguimos
atrair pessoas para nosso país falando a respeito da entrada. Nós as
insti gamos a vir oferecendo o que está além da porta - os
benefícios e a qualidade de vida - estimulando um anseio e um
desejo pelo país de maneira que as pessoas farão qualquer coisa
para entrar.
Jesus afirmou: A Lei e os Profetas duraram até João; desde então, é
anunciado o Reino de Deus, e todo homem emprega força para entrar
nele (Lc 16.16). Por que as pessoas não estão se esforçando para entrar
no cristianismo? Elas não querem essa religião, porque está baseada em
uma porta, e não no Reino além da porta.
Os muçulmanos não desejam Jesus. Eles estão satisfeitos com
Maomé e Alá. Entretanto, se falannos a respeito do Reino dos céus
e de suas riquezas, sua abundância e prosperidade, a satisfação que
obterão, bem como um Deus pessoal que os ama, e compararmos
isso com a austeridade e aridez espiritual em que a maioria dos mu
çulmanos vive, poderemos atrair alguns ouvintes.
As pe soas não estão procurando Jesus. Ficamos dizendo a elas
que é assim, mas não é verdade. A maioria está em busca de bens
materiais. Estão querendo uma boa vida. Entretanto, se mostrarmos
a realidade do Reino, o enfoque delas mudará. Quem não gostaria
de trocar essa busca incessante por bens por um Reino que garante
todos esses recursos de graça e sem frustração?
Foi a isso que Jesus se referiu quando afirmou que as pessoas
estão se esforçando para entrar no Reino de Deus. Quando alguém
entende o que é o Reino, conhece as riquezas, os benefícios e a satis
fação que ele fornece; fará qualquer coisa para entrar, até mesmo ar
riscar a vida. Por que cada vez mais muçulmanos têm se convertido
186

a Cristo, embora saibam que isso possa custar-lhe um preço muito


elevado? Eles têm descoberto o Reino dos céus, e dão-se conta de
que não há preço alto demais para entrar nele.

A prioridade de Deus para a humanidade


De acordo com Jesus, a principal prioridade das pessoas neste
mundo deve ser o Reino dos céus. Ele é a coisa mais iinportante. É
o tesouro, a pérola, o fermento, a luz e o sal da terra. O Reino é
tudo. O Mestre deixou isso ben1 claro etn parábola:

Também o Reino dos céus é semelhan.te a um tesouro


escondido num campo que uni honzem achou e escondeu; e,
pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tern e cornpra aquele
campo. Outrossim, o Reino dos céus é semelhante ao homenz
negociante que busca boas pérolas; e, encontrando uma pérola
de grande valor, fo( vendeu tudo quanto tinha e comprou-a.

Mateus 13.44-46

Cristo afirmou que o Reino dos céus é como um tesouro tão pre
cioso que vale a pena desistir de tudo para tomar posse dele. Ao
longo das eras, as pessoas tên1 deixado casas e famílias, viajado por
todo o mundo, enfrentado dificuldades e arriscado perder a vida e
envolver se em desastres diariamente, atraídas por riquezas e
tesouros. É surpreendente ver quantos indivíduos estão dispostos a
arriscar-se até pela menor chance de tirar a sorte grande.
Jesus disse que é essa a maneira corno devemos portar-nos em
relação ao Reino. Devemos buscá-lo até o ponto de colocar nossa
vida em risco, porque, urna vez que tenhamos ingressado no
187
Reino,
185

estaremos feitos. Se estamos dispostos a assumir o risco de ir em


bus ca de tesouros terrenos que eventualmente se dissiparão, muito
mais devemos desejar arriscar tudo por causa do Reino.
De maneira semelhante, o Reino de Deus é como uma pérola
pre ciosa que um mercador encontrou, vendendo tudo que tinha
para comprá-la. Essa é a preciosidade do céu. Ele vale qualquer
esforço. Aparentemente aquele comerciante não ficou com nada
depois de comprar a pérola, exceto a própria jóia, o que lhe foi
suficiente. O mesmo acontece com o Reino dos céus. Quando o
alcançamos, isso nos basta. Tudo está incluído no Reino. Não
precisamos de nada mais.

A prioridade de Jesus
A prioridade de Cristo neste mundo era o Reino dos céus. Ele
nos ensinou que devemos seguir esse exemplo, mesmo e1n nossas
oraçoes:

Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus,
santifi cado seja o teu nome. Venha o teu Reino. Seja feita a tua
vontade, tanto na terra corno no céu.

Mateus 6.9)0

Jesus afirmou que é assim que devemos orar. Temos de pedir


que o Reino de Deus venha a esta terra. Devemos orar para que a
vontade do Senhor seja feita. Cristo nunca disse que teríamos de pedir ao
Senhor para que viesse ao mundo. Entretanto, é exatamente isso que
a igreja tem feito por muitos séculos.
O Filho de Deus retornará, e esse será um dia abençoado, mas
não foi com esse intuito que Ele nos ensinou a orar. O enfoque de
186

nossas petições deve ser para que o Reino dos céus venha, que a in
fluência do governo celestial permeie todas as nações e culturas
des te mundo como um fermento se espalhando pela massa.
No registro do livro de Lucas sobre a última ceia de Jesus com
os seus discípulos, uma noite antes de ser crucificado, o Mestre
afirmou: Assim como meu Pai me confiou um reino, eu vo-lo
confio (Lc 22.29, ARA). Essa foi uma declaração política. Todo
governo, quando designa embaixadores para uma missão, utiliza o
termo confiar.
Quando recebi minhas medalhas das mãos da rainha da Ingla
terra, fui elevado a uma posição de importância com todas as outras
pessoas que também receberiam aquela honraria. Quando chegou
1ninha vez, eu me ajoelhei. Um oficial da corte apoiou uma espada
sobre o meu ombro e disse: "Eu lhe confio o prêmio da Orde1n do
Império Britânico".
Ao colocar-me de pé, eu era uma pessoa diferente. Passei a ser
chamado de detentor da OIB (Ordem do Império Britânico). Eu
1ne ajoelhei como um simples cidadão das Bahamas e levantei-me
como um detentor da OIB. Naqueles poucos segundos, eles me
confiaram todo o império.
Pendurada na parede do meu escritório está o certificado da
OIB com meu nome escrito, a assinatura da rainha e o selo real. E
agora, por eu ser um detentor da 01B, recebo tratamento
preferencial sein pre que viajo pela Grã-Bretanha ou em qualquer
das nações que for mavam o Commonwealth [território autônomo,
mas dependente do Reino Unido]. Não é a mim que eles estão
honrando, mas o reino. Quando entro em algum lugar com minha
medalha da OIB, o reino vai junto comigo.
Quando fui nomeado detentor da 01B, na verdade todo o país
me foi confiado. Foi isso que Jesus fez por nós. Ele nos confiou o Reino.
Essa era a prioridade de Jesus e deve ser a nossa também.
187

A religião adia o Reino para urna experiência futura, motivo pelo


qual não ouvimos falar muito sobre o Reino na religião cristã. Não
podemos apropriar-nos daquilo que adiamos. Se afirmarmos que o
Reino ainda está para chegar, nunca iremos experimentá-lo agora.
Entretanto, o desejo de Deus é que entremos e desfrutemos o
Reino desde já.

Entrando no Reino
O principal objetivo de toda a humanidade deve ser entrar
no Reino de Deus. Mas o que significa isso? Esta é uma
pergunta bastante importante, porque a maioria de nós
aprendeu que en trar no Reino significa morrer e ir para o céu.
Isso é verdade. No entanto, sempre que Jesus usou a palavra
entrar com referência ao Reino de Deus não estava se referindo
a morrer e ir para algum lugar. Ele estava falando a respeito de
entrar, ou adotar, o estilo de vida do Reino.
Entrar também significa perseguir e adquirir a cidadania do Reino
dos céus. A cidadania nos possibilita receber tudo que há no Reino,
isto inclui privilégios e direitos constantes na constituição. Portanto,
faça do Reino sua prioridade e entre nele.
Para compreendermos melhor o conceito de entrada no Reino de
Deus, anàlisemos três declarações de Jesus. Primeira: Em verdade z,os
digo que, se não vos converterdes e não vos fizerdes corno crianças, de
modo algum entrareis no Reino dos céus (Mt 18.3). Ele não afirmou:
"Apenas se vocês morrerem entrarão, mas se não vos converterdes e não
vos fizer des como crianças, de modo algum entrareis".
Por que ele usou essa analogia? Porque as crianças simplesmente
se submetem ao seu entorno. Elas seguem tudo o que vêem.
Devido à sua inocência, uma criança brinca com uma cobra ou
aproxima-se do fogo, porque não conhece os riscos. Ela
simplesmente se submete ao entorno e supõe estar segura.
188

Quando Jesus afirmou que devemos tornar-nos corno crianças,


estava dizendo que, ao entrarmos no Reino de Deus, devemos viver
de acordo ele. Temos de aceitá-lo com uma fé sincera e pura, como
a de um pequenino, submetendo-nos à influência, às ordenanças,
aos valores, ao código moral, aos padrões e aos ditames do Reino.
Temos de obedecer às leis e seguir aos princípios do céu.
A diferença entre uma criança e um adulto é que aquela obede
ce e este negocia. Jesus estava dizendo: "Sejam corno crianças. Não
tentem barganhar comigo. Se eu disser para vocês parare depecar,
façam isso. É simples assim".
A segunda declaração foi a que Jesus apresentou a um jovem rico
que lhe perguntou o que deveria fazer para alcançar a vida eterna:
Por que me chamas bom? Não há bom, senão um só que é Deus. Se
queres, porbn, entrar na vida, guarda os mandamentos (Mt 19.17).
Se você deseja ir a Bahamas e desfrutar a vida em nosso país, terá
de viver de acordo com as leis ou pode terminar esfriando a cabe
ça na cadeia. De modo semelhante, se deséjãm.Q_ i_ngressar no
Reino e experimentar o estilo de vida dele, t mos de -bbedecer às leis
do Reino. Do contrário, podemos ser impedidos de receber os recursos
celestiais e sofrer o julgamento do Todo-poderoso.
Jesus fez sua terceira declaração logo depois de o jovem rico
ter se afastado, entristecido, porque não queria abrir mão de sua
riqueza para seguir a Jesus: Em verdade vos digo que é difícil entrar um
rico no Reino dos céus (Mt 19.23b). Nesse trecho, Cristo não estava
falando sobre a entrada inicial no Reino de Deus. Ele se referiu ao
fato de experimentá-lo.
Por quê? Porque no Reino, o Rei é dono de tudo. Se entramos
no Reino por meio do novo nascimento em Cristo, mas não
desistimos de nossa mentalidade de posse, seremos incapazes de
experimentar a plenitude da vida no Reino, porque estaremos
tentando acumular em vez de liberar.
189

A cidadania do Reino pode ser impedida pela religião. Na ver


dade, de acordo com Jesus, a religião é o oponente mais perigoso
da cidadania no Reino. Cristo sempre estava confrontando os
mestres da lei - os fariseus e os líderes religiosos de seus dias. Por
suas pró prias atitudes, aqueles homens impediam que as pessoas
entrassem no Reino.

Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que fechais


aos homens o Reino dos céus; e nem vós entrais, nem deixais
entrar aos que estão entrando.

Mateus 23.13

A religião pode impedir a vida no Reino, porque ela tem a


inten ção de funcionar como um substituto. Todos aqueles que
acham que o substituto é a coisa genuína irão perdê-la.
Infelizmente, existem muitas pessoas aprisionadas no cristianismo
religioso, pensando que o que tem é tudo o que podem obter,
entretanto, não conhecem o Reino de J?eus, não podendo entrar
nele.
Certa vez, eu estava liderando um congresso no sul da Flórida e
um pastor se aproximou de mim e disse: "Então você é o pregador
do Reino, não é?"
Eu respondi: /.IE você não é?"
Ele ficou quieto por um tempo e então perguntou: "O que você
quer dizer com isso?"
1
Então falei: 'Venha comigo. Vamos tomar um chá e
conversar." Peguei minha Bíblia e comecei a mostrar a ele vários
versículos a respeito do Reino de Deus. Ele começou a chorar.
Então perguntou se eu gostaria de encontrá-lo depois do culto da
190
noite. Eu concordei.
189

Às duas da manhã, aquele pastor ainda estava me fazendo


perguntas. ''Onde você aprendeu h1do isso?"
"No mesmo livro que você usa, essa Bíblia aí na sua frente".
"Então como é que ninguém nunca 1ne mostrou essas verdades?"
Eu disse: "Deus apenas nos 1nostra o que desejamos ver. A reli-
gião nos deixa cegos".
Ele se colocou de joelhos diante de mim, ali mesmo no restaurante.
"Ore por mim", disse ele. "Quero receber o perdão. Sou pastor há
37 anos e tenho pregado a mensagem errada esse tempo todo. Ore
por mim".
Coloquei as mãos sobre ele e orei. Ele se levantou, foi até meu
estande no congresso e comprou um exe1nplar de cada livro meu. Ele
disse: "Vou começar do zero".
"Não", respondi eu. "Co1neçar não. Você finalmente chegou
ao Reino".
Tenha cuidado com a religião. Ela pode impedi-lo de experiinen tar
a plenitude da vida com Deus.

O•processo para alcançar a cidadania


Jesus explicou o processo de alcançar a cidadania do Reino du
rante uma reunião tarde da noite com um líder fariseu chamado
Nicodemos. A conversa deles está registrada no Evangelho de João,
no capítulo 3. Esse é o único trecho da Bíblia em que encontramos a
expressão nascer de noz)O, e Jesus a usa para descrever como aquele
homen1 poderia tornar-se súdito do Reino.
Nicodemos havia visto Jesus pregar várias vezes, e certa1nente já
o tinha ouvido falar sobre o Reino. Embora fosse bastante culto e pe
rito na lei judajca, ele não compreendeu o ensino de Cristo. Nicodemos
ficou intrigado com a maneira de Cristo falar e com a mensagem que
Ele pregava, e quis conhecer mais sobre isso. Então, tuna noite, ele foi
secretamente perguntar a Jesus.
192

E havia entre os fariseus um homeni chamado Nicodemos, prínci


pe dos judeus. Este foi ter de noite com Jesus e disse-lhe: Rabi, bem
sabenws que és mestre vindo de Deus, porque ninguém pode
fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele. Jesus
respondeu e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que
aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus.
Disse-lhe Nicode mos: Corno pode um homem nascer, sendo
velho?

Porventura, pode tornar a entrar no ventre de sua mãe e


nascer? Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que
aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar
no Reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que
é nascido do Espírito é espírito. Não te maravilhes de te ter dito:
Necessário vos é nascer de novo. O vento assopra onde quer, e
ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai;
assim é todo aquele que é nascido do Espírito.

João 3.1-8

Lá estava Nicodemos, um respeitado líder religioso, perguntando


a Jesus, um rabino itinerante da Galiléia, como fazer para
ingressar no Reino de Deus. Ele nunca teria feito tal pergunta ou
buscado algo parecido com o Reino a menos que sentisse que suas
atitudes religiosas tão rigorosas não fossem satisfatórias.
Os ensinamentos de Jesus sobre o Reino de Deus haviam esti
mulado em Nicodemos um anseio por algo mais elevado do que
ele estava experimentando. Aquele líder estava no topo da
pirâmide religiosa judaica e percebeu que não era ali que desejava
permanecer. Ele queria entrar no país de Jesus. Ansiava saber
corno tornar-se súdito do Reino dos céus.
192

Vejamos com detalhes a resposta de Cristo, porque muitas ve


zes compreendemos erroneamente suas palavras. Ele disse: Aquele
que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus. O termo
grego para ver nesse versículo significa experirnentar ou
compreender. Jesus estava dizendo a Nicodemos: "Você não poderá
compreender nem experimentar a vida no Reino a rnenos que nasça
nele". Essa não é declaração religiosa.
Eu nasci em Bahamas. Não precisei tomar-me cidadão de lá. Isso
aconteceu por causa do meu nascimento. Todos os estra!).geiros que
desejam tornar-se cidadãos desse país têm de passar por um longo
e complicado processo. Nesse aspecto, o Reino de Deus opera de
maneira bastante diferente da dos países deste mundo, pois não há
processo de naturalização para o céu. Ou você é nascido de novo ou
não. Uma vez que tenha nascido de novo, seu processo de
naturalização ocorre instantaneamente.
Ao ouvir sobre a necessidade de nascer de novo, Nicodemos fez
uma pergunta bastante lógica: Corno pode um homem nascer, sendo
ve lho? Será que ele não compreendeu o que Jesus disse? Realmente
não entendeu!
O Mestre, literalmente, disse a Nicodemos que tinha de nascer
de novo da maneira como nasceu da primeira vez. Não existe
nenhuma confusão teológica ou espiritual nesse ensino. Jesus afirmou:
"A maneira de você tornar-se cidadão de 1neu país é a mesma p1ra
se tornar cidadão de qualquer outra nação. Você tem de nascer e,
depois, ser naturalizado".
"Tudo bem", respondeu Nicode1nos. "Mas eu já sou velho. Tenho
de voltar e tornar-me bebê novamente, e entrar no ventre de minha
mãe e nascer outra vez?" Outra pergunta lógica, porque ele havia
ouvido uma resposta lógica. Nicodemos compreendeu que Jesus es
tava falando de nascer de novo referindo-se ao nascimento natural, e
ele estava correto. No Reino de Deus não existem ünigrantes ilegais
193

nem filhos bastardos. Todo súdito do Reino é um cidadão nativo e


legalizado.
E como isso pode acontecer? Como Nicodemos, nenhum de nós
pode retroceder no tempo, tornar-se bebê outra vez e voltar para o
útero da mãe para nascer uma segunda vez. Se o nascimento no
Reino de Deus é natural, como ele se dá?
• Jesus afirmou: Aquele que não Hascer da água e do Espírito não pode
entrar no Reino de Deus. Essa é uma boa noticia para todos nós!
Não importa quen1 sejamos ou onde estejamos, Deus fez
preparativos governamentais especiais para nós, para que
literalmente nasçamos como súditos do Reino dos céus.
''A carne gera carne", disse Jesus. Da mesma maneira que nas
cemos fisican1ente, o espírito gera espírito. Ele disse também: "Fiz
alguns preparativos para que você possa nascer de novo espiritual
mente em meu país". Por isso, Ele declarou que devenws nascer de
novo. Cristo estava falando sobre direitos de cidadania.
A cidadania natural é resultado do nascimento em um país. E
o Reino dos céus é um lugar sobrenatural, por isso, a cidadania
celestial exige um nascin1ento espiritual. Jesus fez os
preparativos para que todos aqueles que nasçam de novo
espiritualmente possam alcançar a_cidadania sobrenatural no
Reino de Deus. Quando isso pode acontecer? Agora mes1no. Se você
nascer de novo, ton1a-se súdito do Reino imediatamente e todos os
direitos, benefícios e privilégios da cidadania celestial passam a
ser seus neste instante.

Recebendo o novo nascimento


Se você ainda não nasceu de novo, tem de dar esse passo, tomar-se
súdito do Reino e receber a vida eterna. Foi por isso que Jesus viveu
aqui. Ele não veio a este mundo apenas para ser aquele que
anunciaria a vinda do Reino de Deus, mas também como aquele por
n1eio de que1n pode1nos ingressar no Reino: Porque Deus amou o
194
mundo de tal
193

maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê
não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16).
Nascer de novo não é um processo difícil. Basta fazer o seguinte:
1. Reconheça que é pecador e que está em rebeldia contra Deus: Porque
todos pecaranz e destituídos estão da glória de Deus (Rm 3.23).
2. Compreenda que a punição do pecado é a 1norte eterna: Porque o
salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna1 por
Cristo Jesus, nosso Senhor (Rm 6.23).
3. Acredite que Jesus Cristo morreu por seus pecados pa_ra que você
pudesse ser perdoado: Deus prova o seu amor para conosco e1n que
Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores (Rm 5.8).
4. Confesse seus pecados a Deus: Se confessarmos os nossos pecados,
ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos pitrificar de toda
injustiça (1Jo 1.9). Confessar pecados significa concordar com o Senhor
quanto à nossa situação espiritual.
5. Arrependa-se de seus pecados: Se vos não arrependerdes, todos de
igual modo perecereis (Lc 13.3). Arrepender-se quer dizer romper total
mente con1 o pecado1 fazendo uma mudança radical de direção.
6. Confesse Cristo corno seu Salvador e Senhor, e entregue a Ele o
controle de sua vida: Se, com a tua boca, confessares ao Senhor Jesus
e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo.
Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão
para a salvação (Rm 10.9,10). t

O segredo da concepção
Quando nasci, uma das primeiras coisas que fizeram comigo
foi passar tinta em meu pé e apertá-lo contra u1na folha de papel.
Aquela impressão, juntamente com meu nome e meu registro
social, foi arquivada no hospital, e uma cópia foi enviada para o
Registro Geral, no centro da cidade, como uma prova de que meu
nascimento foi regis trado no país. Se qualquer pessoa desejar saber
196
onde nasci, tudo que
195

tem de fazer é conferir o registro. A 1naioria dos países do mundo


adota um procedimento semelhante.
A concepção é um processo secreto e invisível a olho nu.
Quando fomos concebidos, ninguém estava observando, exceto
Deus. En1 outras palavras, assim que ocorre a fecundação, ela
passa a ficar em segredo. Jesus afirmou que o novo nascimento é
como o vento: ninguém pode vê-lo. De maneira semelhante, a
cidadania não é uma r:alidade visual, mas sim uma disposição.
Em João 3.8, Jesus disse: O vento assopra onde quer, e ouves a sua
voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que
é nascido do Espírito. Quando entregamos a vida ao Rei e Ele nos
concede o novo nascimento, ninguém vê. Isso pode acontecer em um
altar, no banco de trás de um carro, em casa, na escola. Onde quer que
recebamos Cristo, esse processo ocorre de maneira invisível. O novo
nascimento envolve o ato de crer, e ninguém pode enxergar-nos
crendo.
Às vezes o novo nascimento vem acompanhado por um senti
mento, e em outros momentos não. Com cada pessoa é diferente,
portanto, a reação de cada um ao novo nascimento será distinta.
Sen tir algo não é a questão. O que importa é que a concepção
espiritual aconteceu e que, a partir daí, haja u1na mudança interna.
Quando uma mulher engravida, as roupas dela não mudam. Ela
nem sequer dá-se conta imediatamente de que isso aconteceu. São
necessários alguns dias até que descubra a gravidez.
O mesmo acontece espiritualmente. Quando nascemos de novo,
entregamo-nos a Cristo. Algumas semanas depois, começamos a
perceber que o pecado não nos agrada mais. Isso é uma mudança.
É um sinal do novo nascimento. Por isso é impossível pecarmos e
sentirmo-nos como no passado.
Na verdade, o pecado se torna algo terrível para nós. Por quê?
Porque essa não é mais nossa natureza. Nascemos de novo a partir
do céu, adquirindo, assim, nossa cidadania celestial.
196

1. A menos que saibamos como entrar no Reino, tudo o mais a


respeito dele se torna insignificante.
2. Jesus nunca nos mandou buscá-lo em przmezro lugar. Ele disse:
Busquem en-z primeiro lugar o Reino de Deus.
3. A prioridade das pessoas neste n1undo deve ser o Reino dos céus.
4. Quando alcançamos o Reino, isso nos basta.
5. O desejo de Deus é que entremos e desfrute1nos o Reino agora
mesmo.
6. Quando entramos no Reino, começamos a experimentar a vida
que é característica desse lugar.
7. A cidadania do Reino pode ser impedida pela religião.
8. Você não poderá compreender nem experimentar a vida no
Reino a menos que nasça nele.
9. Uma vez que tenha nascido de novo, seu processo de naturalização
ocorre instantaneamente.
10. Deus fez preparativos governamentais especiais para nós, para
que literalmente nasçamos como súditos do Reino dos céus.
11. O novo nascimento envolve o ato de crer, e ninguém pode
enxergar nos crendo. O ato de crer, como a concepção, é invisível.
12. Nossa cidadania no Reino tem início no momento em que
nasceiftos de novo.

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