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JULIO CESAR ROITBERG

PEDAGOGIA DA AUTONOMIA: SABERES NECESSÁRIOS À PRÁTICA EDUCATIVA. Paulo Freire

Resenha apresentada na disciplina Políticas de Formação, Identidade e Trabalho Docente, no 2º sem.


2009 - PPGEduc (UFRRJ/IM), na condição de aluno em regime especial,como avaliação final de disciplina.

Profª Drª Lílian Maria P. de S. Ramos

Nova Iguaçu – RJ

Dez - 2009
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 33ª ed., São Paulo, Paz
& Terra, 2006.

1. Apresentação

Não só em Pedagogia da autonomia, como, também, em grande parte da obra deste educador,
reconhecido internacionalmente, o autor demonstra viço e força suficiente para propor, através da
práxis, ações que devolvam ao ser humano sua dignidade e esperança, principalmente, em descrer da
imobilidade hegemônica - assim como não aceitá-la como natural -, que cisma em fomentar a
deterioração do planeta em prol da ganância da acumulação capitalista.

Com extrema originalidade, Paulo Freire efetiva uma obra à feição de um curso para formação
de educadores, não só orientando seu diálogo aos trabalhadores na educação formal como àqueles que
se esmeram nos espaços não formais.

Os três capítulos em que o livro se organiza (Não há docência sem discência – Ensinar não é
transferir conhecimentos – Ensinar é uma especificidade humana) são subdivididos em artigos,
apresentando um rol de características de um educador comprometido com a ética, com a verdade,
com os conteúdos, com o respeito, com a humildade e, acima de tudo, com a liberdade ao processo de
completude do ser em uma atitude gnosiológica e dialética.

Educação, neste sentido, é uma atitude fundante em que, não mais focada no aluno, no
professor ou nos conteúdos, tem, em seu instável movimento de desconstrução, construção e
reconstrução das realidades que se desvelam, verticalizado através do diálogo, o apoio na curiosidade
do aluno, estimulada pelo educador, que se forja no exercício do magistério.

O professor, aqui, que não se entenda aluno, professor e pesquisador, durante toda a sua vida
de p ofissio al co p o etido, pa a Paulo F ei e, ão ada .

Este ada f ei ea o a plia-se para a vida em geral que exige, cada vez mais dos educadores,
comprometimento político, na medida em que educação é uma atitude política, porque histórica,
condicionada e condicionante da existência da humanidade: sem educação não sobreviveríamos. É ela
que nos difere dos demais seres, na medida em que podemos, não só criar uma sociedade, como,
também, transformar nossas relações entre nós mesmos nesta sociedade criada por nós e o espaço de
nossa convivência, assim como todo o planeta.

1.1. Primeiras palavras


Na apresentação escrita por Paulo Freire, para a primeira edição de Pedagogia da Autonomia,
em 1996, ele já assume a necessidade de o professor, na educação progressiva, estar comprometido
co a sua co sta te eflexão e favo da auto o ia do se (p. 13), lembrando que a esta temática
central serão incorporadas outras já estudadas em obras anteriores, revigorada pelo passar do tempo e
acréscimo de experiências.

A eterna inconclusão do ser humano, em um movimento de procura de caminhos que vão da


cu iosidade i g ua à episte ologia o ue faz do ato hu a o, algo de t a sfo ado , po ue
crítico.

O auto advoga o uso da justa aiva , a edida e ue ão pode os os o iti dia te das
injustiças, além da responsabilidade que, nós, professores, temos de ter com a ética:

Na ve dade, falo da tica u ive sal do se hu a o da es a fo a co o falo de sua vocação


ontológica para o ser mais, como falo de sua natureza constituindo-se social e historicamente não como
um a priori da História. (p. 18)

além de discorrer sobre a urgência da transgressão às atitudes moralizantes e

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 36. ed. São Paulo:
Paz e Terra, 2007.

Capítulo I: “Não há docência sem discência”.

O livro dedica-se a apresentar os saberes indispensáveis à prática docente focado para educadores e
educadoras críticos progressistas e também à educadores conservadores segundo o próprio autor.
Independente da opção política do docente os saberes apresentados são essenciais à prática educativa
em si. Segundo Freire: “A reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência da relação
Teoria/Prática sem a qual a teoria pode ir virando blábláblá e a prática, ativismo” (FREIRE, 2007, p. 22).
O autor elenca o primeiro saber necessário colocando que ele deveria ser conteúdo obrigatório do
programa da formação docente. A compreensão de que ensinar não é transferir conhecimento é
extremamente necessária para o formando, para que ele compreenda que é necessário criar
possibilidades para a produção ou construção do saber e não uma mera transferência de conteúdos e
conhecimentos acumulados pelo sujeito que sabe e transfere ao outro.
Quem forma também passa por profundas transformações, aprendizados e reaprendizados enquanto
formador e quem é formado também passa pelo mesmo processo. “Não há docência sem discência”
(FREIRE, 2007, p. 23), as duas se completam, no processo do ensinar e aprender, e como coloca o
autor “ensinar inexiste sem aprender”.

Ao longo da história foram descobrindo maneiras, métodos e caminhos para se ensinar. O ensinar e
aprender quando exercido de forma autêntica possibilita uma experiência total que o autor caracteriza
como: diretiva, política, ideológica, gnosiológica, pedagógica, estética e ética. Conforme Freire a
capacidade de aprender criticamente desenvolve a curiosidade ao conhecimento. O ensino bancário não
promove a curiosidade epistemológica, pois neste tipo de ensino o professor é o sujeito e o aluno objeto,
ou seja, um receptor de informações e repetidor delas. Paulo Freire destaca que esse tipo de ensino é
prejudicial e deforma a criatividade necessária tanto do educador como do educando, porém o educando
pode recuperar e superar o autoritarismo do erro do ensino bancário, o educando de ir além dos seus
condicionantes.
É necessário ao educador que ele reforce a capacidade crítica, a curiosidade e a insubmissão nos
alunos, por meio de métodos rigorosos, para isso tanto o educador quanto o educando devem ser
criativos, questionadores, não viver no conformismo, ter uma curiosidade aguçada, ter humildade e
persistência. O educador precisa ter em mente que o saber não deve ser simplesmente transferido, mas
sim deve ser passado aos alunos de forma que se evidenciem todos os aspectos citados anteriormente.
O educando deve ser sujeito construtor e reconstrutor dos saberes a eles transmitidos. Dessa forma que
se caracteriza o verdadeiro saber ensinado, transmitido e aprendido pelos educandos.
Ensinar, aprender e pesquisar são processos importantes na formação do educando, pois se aprende o
conhecimento já existente e pode se produzir conhecimento ainda não existente ou pouco enfatizado.
Paulo Freire destaca a importância da ligação entre ensino e pesquisa na educação: “Não há ensino sem
pesquisa e pesquisa sem ensino” (p. 29). A prática docente exige a busca, a indagação que se
concretiza por meio da pesquisa.

A pesquisa visa o conhecimento do não conhecido, é uma descoberta que deve ser anunciada as outras
pessoas. Ela concretiza ou busca concretizar uma indagação e por meio da pesquisa e intervindo na
mesma o educador se educa e educa aos outros. O saber comum é resultado da pura experiência.
É necessário valorizar as experiências, ou seja, os saberes que os estudantes trazem de sua vivência
social, mas, esses saberes trazidos para a escola devem ter relação com os conteúdos a serem
estudados e valorizados de forma que levem os alunos à reflexão e crítica da realidade a qual vivem,
pois

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