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REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES

AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES – ANTT

SUPERINTENDÊNCIA DE EXPLOR. DA INFRAESTRUTURA RODOVIÁRIA – SUINF

Rodovia: BR-230/PA

Trecho: km 1117+590

Código SNV: 230APA230

ANTEPROJETO PARA IMPLANTAÇÃO DO

ANEL VIÁRIO - NOVA VIA TRANSPORTUÁRIA

VOLUME 1 – RELATÓRIO TÉCNICO DE CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICO-


GEOTÉCNICA

VBR-230PA-000-014-ANE-ANT-RT-D3-300

JUNHO/2023

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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO......................................................................................................................................... 3

2. CONTEXTUALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO..................................................................................3

2.1. LOCALIZAÇÃO................................................................................................................................... 3

2.2. ASPECTOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS......................................................................................5

3. ANÁLISES DE ESTABILIDADE............................................................................................................. 8

3.1. SOBRECARGA ADOTADA.............................................................................................................. 10

3.2. PARÂMETROS GEOTÉCNICOS ADOTADOS................................................................................10

4. SEÇÕES ANALISADAS........................................................................................................................ 10

4.1. CONDIÇÃO DE PROJETO................................................................................................................ 11

4.2. SEÇÃO CORRESPONDENTE À ESTACA 671+7,00.....................................................................11

4.3. SEÇÃO CORRESPONDENTE À ESTACA 633+15,00...................................................................12

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES............................................................................................... 13

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................................... 15
1. INTRODUÇÃO

O presente relatório apresenta o as soluções preliminares de geotecnia para a


implantação do Anel Viário - Nova Via Transportuária – Trecho Itapacura, para fins de
anteprojeto de via rodoviária.

O trecho em estudo se localiza no município de Itaituba – PA (Figura 1).

Este relatório apresenta o contexto geológico local, e a condição de estabilidade em


termos preliminares, com a apresentação de parâmetros geotécnicos estimados,
análises de estabilidade preliminares para duas seções consideradas críticas e
representativas do trecho, sendo a seção correspondente à estaca 671+7,00 para os
trechos de aterro e a seção correspondente à estaca 633+15,00 para os trechos de
corte.

2. CONTEXTUALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

Neste capítulo é apresentado a localização do projeto e o contexto geológico local.

2.1. LOCALIZAÇÃO

A figura a seguir apresenta a localização do Anel Viário - Nova Via Transportuária –


Trecho Itapacura.

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Figura 1 – Localização do projeto Anel Viário - Nova Via Transportuária – Trecho
Itapacura.

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2.2. ASPECTOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICOS

Em termos de compartimentação de domínios tectônicos, a região do trecho em


estudo está inserida nos domínios da Bacia do Amazonas, dentro da Província
Amazonas.

Figura 2 – Mapa de Domínios Tectônicos (Vasquez et al. 2008). Local do projeto


indicado pela seta vermelha: Bacia do Amazonas, dentro da Província Amazonas.

Como pode ser observado no mapa geológico a seguir, o traçado em estudo se situa
sobre 4 formações ou grupos de rochas distintos:

 Formação Itaituba: arenito, calcilutito, evaporito.


 Formação Monte Alegre: arenito, siltito.
 Membro Lontra: arenito, conglomerado.
 Grupo Curuá: arenito, folhelho, siltito.

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Figura 3 – Mapa geológico local. Mapa geológico segundo Vasquez, et al. (2008).

A seguir são listadas as principais características geotécnicas e geomecânicas


esperadas para cada tipo de rocha e material. Não se pode afirmar com certeza que
estas características irão ocorrer, mas são comuns nos tipos de rocha e solos listados.

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1) Arenitos, argilitos, siltitos, folhelhos e conglomerados: são rochas formadas,
respectivamente, por deposição de areia, argila ou seixos e fragmentos de rocha
em matriz fina de areia, silte ou argila, em camadas horizontais, resultando em
homogeneidade do terreno e do relevo.
a) O arenito, quando coeso, é uma rocha resistente, permitindo cortes com
inclinações maiores que 1:1, porém às vezes de difícil aplicação de proteção
vegetal. Sem proteção, o arenito é suscetível à erosão superficial, fato que, ao
longo dos anos pode comprometer a situação dos taludes, mas dificilmente
levando a problemas com a estabilidade global.
b) Quando pouco coeso ou já em formação de solo, resulta em material
extremamente suscetível à erosão superficial. Esta erosão pode rapidamente
evoluir para erosões profundas, como ravinas e voçorocas em casos mais
extremos. Estas feições erosivas podem comprometer a estabilidade de taludes,
os sistemas de drenagem de obras lineares e constituem passivos ambientais.
c) Argilitos tem mais coesão que os arenitos, por conta do maior conteúdo de
argila, mas podem ocorrer erosões de talude em forma de empastilhamento:
pequenos fragmentos de rocha (“pastilhas”) se soltam gradualmente da face do
talude, resultando em instabilidades locais.
d) O maior problema geológico-geotécnico para obras nesta região é a erosão
superficial dos solos. O solo exposto é o primeiro fator para que se desenvolva
erosão superficial. Esta erosão tem início com pequenas feições, como sulcos
(poucos centímetros de profundidade e largura), que com o tempo evoluem para
ravinas (metros de profundidade e largura) até que eventualmente a erosão
evolua para uma voçoroca, podendo ter centenas de metros de largura e até
quilômetros de extensão.
e) A voçoroca é caracterizada por uma erosão que atinge o nível d’água ou lençol
freático. Portanto, se juntam a dinâmica de águas superficiais com águas
subterrâneas, aumentando a velocidade e o potencial destrutivo da erosão.
Voçorocas são de difícil tratamento, e em geral são irreversíveis. Obras lineares,
como rodovias e ferrovias, podem potencializar e aumentar a velocidade das
erosões.
f) Para que se evite que uma obra linear como uma rodovia cause o
desenvolvimento ou aumente a velocidade de desenvolvimento de erosões, a
drenagem deve prever dissipadores de energia adequados em todas as obras

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de bueiros e intervenções em drenagens. Pequenos aumentos de velocidade da
água ou acúmulos, podem, ao longo de anos, resultar em surgimentos de
erosões e voçorocas que podem prejudicar a própria rodovia.
g) No caso de erosões e voçorocas já em andamento, tratamentos abrangentes
devem ser feitos, e não somente nos pontos de interceptação de drenagem
dentro da faixa de domínio. Uma vez que as erosões em geral avançam para
montante, medidas pontuais (somente dentro da faixa de domínio) não são
eficientes, pois em algum momento a erosão pode atingir as obras de drenagem.
Métodos de bioengenharia são indicados nestes casos, pois tem como princípio
revegetar áreas expostas nos entornos e tratar com pouca movimentação de
terra as cicatrizes de erosão, resultando em baixos custos e alta eficiência para
grandes áreas.

3. ANÁLISES DE ESTABILIDADE

Para a elaboração deste documento, foram realizadas as análises de estabilidade de


duas seções típicas consideradas críticas no projeto, a seção correspondente à estaca
671+7,00 com o trecho em aterro e a seção correspondente à estaca 633+15,00 em
trecho de corte. As análises foram realizadas de acordo com a geometria e dados
fornecidos, sendo um estudo inicial das possíveis soluções que deverão ser aferidos
em etapas posteriores do projeto.

A análise de estabilidade foi calculada através do Método Bishop Simplificado, com


auxílio de um programa computacional Slide® para a busca automática da superfície
crítica de ruptura.

Para os critérios de aceitação, foram considerados os valores referência segundo as


condições impostas pela ABNT-NBR11.682/09 – Estabilidade de Encostas,
combinando-se os níveis de segurança desejados para esta obra.

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Tabela 1 - Nível de segurança desejado contra a perda de vidas humanas

Tabela 2 - Nível de segurança desejado contra danos materiais e ambientais

Da combinação nos níveis de segurança, resulta-se em um fator de segurança indicada


na tabela a seguir.

Tabela 3– Fatores de segurança mínimos para a estabilidade de encosta.

Para este projeto, foi considerado como valor de fator de segurança mínimo aceitável
de 1,3, considerando a combinação de Nível de segurança Médio para perda de vidas
humanas e de Nível de segurança Baixo contra danos materiais e ambientais.

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3.1. Sobrecarga adotada

Foi considerada uma sobrecarga de 20 kPa sobre o platô terraplenado, representando


a circulação de equipamentos e veículos. O valor é similar ao exigido pela própria
norma NBR-11682/09 para o platô viário. Visto que o cenário do problema é similar em
se tratando de estabilidade global, foi adotada esta mesma sobrecarga de superfície.

3.2. PARÂMETROS GEOTÉCNICOS ADOTADOS

Para a definição dos parâmetros geotécnicos utilizados para as análises de


estabilidade preliminar, foram considerados os dados oriundos da literatura, relatório
geológico e a experiência da equipe técnica em subsolos similares. Assim, a tabela a
seguir apresenta os parâmetros preliminares adotados para este estudo.

Tabela 4 – Parâmetros Geotécnicos adotados

Peso específico Coesão Ângulo de


Nome da Camada (kN/m³) (kPa) atrito (°)

Solo Residual 18 15 30

Cabe ressaltar que estes parâmetros deverão ser aferidos em etapas posteriores de
projeto, por meio de sondagens e, caso necessário, ensaios específicos. E caso sejam
identificadas camadas de solo não previstas inicialmente, os parâmetros deverão ser
aferidos na elaboração do projeto específico.

4. SEÇÕES ANALISADAS

Neste estudo, foram realizadas as análises de estabilidade para duas seções Típicas, a
seção correspondente à estaca 671+7,00 (aterro) e à estaca 633+15,00 (corte),
conforme apresentado nas figuras a seguir.

As seções foram elaboradas de acordo com os dados do levantamento topográfico e as


informações geológicas do local.

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Seção 671+7,00 - Aterro Seção 633+15,00 - Corte

Figura 4 – Local das seções analisadas.

4.1. Condição de Projeto

A seguir, são apresentadas as seções analisadas em condição de projeto para cada


seção.

4.2. SEÇÃO CORRESPONDENTE À ESTACA 671+7,00

Para a seção em análise, foi considerado que o subsolo é composto por um solo
residual, devido à sua cota e da não proximidade com corpos d’água, não foi
considerado o lençol freático. Nesta seção, foi considerada a sobrecarga no aterro de
20 kPa.

A figura a seguir apresenta a saída gráfica da análise de estabilidade da seção


correspondente à estaca 671+7,00.

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Figura 5 – Saída Gráfica da seção referente à estaca 671+7,00, , talude do lado
esquerdo com FS = 2,09, considerado SATISFATÓRIO.

4.3. SEÇÃO CORRESPONDENTE À ESTACA 633+15,00

Para a seção em análise, foi considerado que o subsolo é composto por um solo
residual, devido à sua cota e da não proximidade com corpos d’água, não foi
considerado o lençol freático. Este trecho apresenta um corte com altura na ordem de
14,0 m.

A figura a seguir apresenta a saída gráfica da análise de estabilidade da seção


correspondente à estaca 633+15,00.

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Figura 6 – Saída Gráfica da seção referente à estaca 633+15,00, esquerdo com
FS=2,00, considerado SATISFATÓRIO.

Figura 7 – Saída Gráfica da seção referente à estaca 633+15,00, direito com FS =


1,56, considerado SATISFATÓRIO.

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Este relatório apresentou as soluções de anteprojeto para as seções consideradas


típicas para os trechos de aterro e corte.

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Para os trechos de corte, o talude deverá ter inclinação de no máximo 1,0H:1,0V,
devido às características do solo local. Foram identificados trechos com altura de corte
na ordem de 14,0 m, sendo necessário a execução de bermas a cada 8 m, com largura
mínima de 4,0 m.

Inicialmente, não foram identificados trechos com possíveis presença de solo mole,
porém caso sejam identificados durante a fase de projeto, estes deverão ser analisados
quanto às soluções a serem adotadas, retificando ou ratificando as soluções
apresentadas neste relatório.

Cabe ressaltar que será necessário a realização de sondagens e, caso necessário,


outros ensaios, para aferir as reais condições do subsolo para a realização dos projetos
específicos, tanto nos trechos de aterro quanto dos de corte.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT. NBR 11682. Estabilidade de encostas. 2009.

MASSAD, F. – Obras de Terra, Curso Básico de Geotecnia, Oficina de Textos – 2003,


São Paulo

PINTO, C. S; Curso Básico de Mecânica dos Solos, 3ª Edição; Oficina de Textos –


2006, São Paulo/SP;

ANM – Agência Nacional de Mineração. SIGMINE. http://sigmine.dnpm.gov.br,


acessado pela última vez em 28/03/2023.

VASQUEZ, M.L.; SOUSA, C.S.; CARVALHO, J.M.A. (Orgs.). 2008. Mapa Geológico e
Recursos Minerais do Estado do Pará., Escala 1:1.000.000. Belém: CPRM, 2008.

PARRY, S., BAYNES, F. J., CULSHAW, M. G., EGGERS, M., KEATON, J. F.,
LENTFER, K., NOVOTNY, J., PAUL. D., Engineering Geological Models – an
introduction: IAEG Commission 25. Bulletin of Engineering Geology and the
Environment. August 2014, Volume 73, Issue 3, pp 689-706.

VAZ, L. F. 1996. Classificação genética dos solos e dos horizontes de alteração de


rocha em regiões tropicais. Solos e Rochas, São Paulo, 19, (2): 117-136.

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